sexta-feira, 4 de maio de 2012

FIM DA FARSA


04/05/2012
 às 7:15

FIM DA FARSA! Guia espiritual da turma do “aquecimento global” confessa: “ERA ALARMISMO!” Leia, Dilma, antes de se submeter à patrulha no caso do Código Florestal!

James Lovelock, patriarca do "aquecimento global", admite: "Eu estava errado. Não há nada acontecendo ainda"!
James Lovelock, patriarca do "aquecimento global", admite: "Eu estava errado. Não há nada acontecendo ainda"!


Pois é… O que já apanhei neste blog e fora dele por causa daquele tal “aquecimento global”, que virou, depois, “mudança climática”!!! O fato de não ser um especialista na área e de ser, vá lá, um conservador, fazia de mim (faz ainda, para alguns) necessariamente um mau sujeito, um inimigo do bem, da humanidade, do planeta… Vocês sabem: aquelas coisas que a Marina Silva tão bem representa com seu ar telúrico. Há dias, o físico José Goldemberg, um aquecimentista, concedeu uma entrevista ao programa Roda Viva. Mudei de canal quando um jornalista da Folha, não lembro o nome, demonstrou seu inconformismo com o fato de a imprensa dar voz aos “céticos” (não que ele fosse contra o “outro lado”, claro…). Claro! Atenção! O aquecimento global (ou mudança climática) não chega a ser nem uma teoria. Trata-se, ou tratava-se, apenas de uma hipótese. E que foi desmoralizada faz tempo. Ocorre que agora existe uma indústria multibilionário do meio ambiente. Eu vivia reclamando, vocês se lembram, de banco que reciclava papel, mas não baixava o spread, hehe… Antes da Dilma! Adiante.
Às vésperas da tal “Rio+20″ — que leva alguns tontos a cobrar de Dilma o veto ao Código Florestal —, o tal “aquecimento global”, ora chamado de “mudança climática”, sofreu um duro golpe.
Vocês já ouviram falar de James Lovelock? Há aqui um resumo de sua biografia em português. Trata-se de uma espécie de patriarca ou decano da moderna hipótese do aquecimento global (ou da mudança climática). Lançou a chamadaHipótese de Gaia, segundo a qual a Terra seria um superorganismo. Era um verdadeiro fanático da crença — sim, crença — no aquecimento global. Desde que comecei a ler uma coisinha ou outra a respeito, pus a teoria na conta de uma bobagem por uma razão, preimariamente, de linguagem: vi que as catástrofes imaginadas eram meras cópias do Apocalipse de São João. Os relatos da Bíblia são mais interessantes. Entre uma religião sem Deus e uma com Deus, prefiro a segunda. Mas vamos ao que interessa. Lovelock caiu fora! Não é mais um apocalíptico. Tornou-se quase um cético. Admite agora: ele e os aquecimentistas erraram, exageraram. A entrevista foi concedida a Ian Johnston, no sitemsnbc.com. Foi publicada no dia 23 de abril. Foi praticamente escondida. Tivesse alguém com o seu peso anunciando o apocalipse, seria um deus-nos-acuda.
Aos 92, Lovelock admite  ter sido “alarmista” sobre as mudanças climáticas e que outros, como o bobalhão Al Gore (”bobalhão” é meu) também o foram. Sim, ele continua a acreditar que a mudança está acontecendo, mas muito mais lentamente do que se imaginava. Em 2006, para vocês terem um ideia, num artigo para o jornal inglês Independent, ele escreveu que, até 2100, bilhões de pessoas morreriam, e alguns poucos casais conseguiram sobreviver no Ártico, onde o clima seria apenas tolerável. Na entrevista, ele admite que foi longe demais.
Está escrevendo um novo livro, que comporá uma triologia com “Revenge of Gaia: Why the Earth Is Fighting Back - and How We Can Still Save Humanity” e “The Vanishing Face of Gaia: A Final Warning: Enjoy It While You Can”, publicados em protuguês, respectivamente, com os títulos “A Vingança de Gaia” e “Gaia, Alerta Final”. No novo trabalho, mais otimista, ele vai dizer como a humanidade pode ajudar a regular o planeta. O livro também registra a sua mudança de opinião: “O problema é que não sabemos o que o clima está fazendo. A gente achava que sabia há 20 anos. Isso levou a alguns livros alarmistas — o meu inclusive — porque aquilo parecia claro, mas não aconteceu”.
Que bom, né, gente?
“O clima está fazendo suas trapaças de sempre. De fato, nada está acontecendo ainda. Nós deveríamos estar a meio caminho da frigideira. O mundo não aqueceu desde o começo do milênio. A temperatura se mantém constante, quando deveria estar crescendo - o dióxido de carbono está crescendo, sobre isso não há dúvida”. Ele aponta que os filmes “Uma Verdade Inconveniente”, de Al Gore, e “The Weather Makers”, de Tim Flannery são também alarmistas.
Lovelock é um  qualquer, um daqueles que o jornalista que estava no Roda Viva acha que não podem mais ser ouvidos? Oh, não! A revista Time já o considerou um dos 13 líderes visionários, num artigo intitulado “Heróis do meio ambiente”. Vejam a sua biografia e o artigo original. Ele é considerado um  guia espiritual do mundo científico que lida com o meio ambiente. Ao menos era! Vão tentar enterrá-lo em vida.
Indagado pelo repórter se, agora, também ele é um cético, responde: “Depende do que você queria dizer com ‘cético’. Eu não sou um negacionista”. Tá bom demais, né? Nunca niguém negou alguma aquecimentozinho, um calorzinho gostoso… Ele continua a trabalhar com a hipótese de que o aumento da emissão de dióxido de carbono leva a um aumento da temperatura, mas acrescenta que o efeito do oceano ainda não foi estudado o suficiente e que aí está a chave da questão. “O mar pode fazer toda a diferença entre uma era do aquecimento e uma era do gelo”.
Mas não é isso, santo Deus, o que alguns dos chamados “céticos” vêm sustentando há muitos anos?
Como diria o poeta latino Catulo, é difícil renunciar subitamente a um grande amor, não é? Lovelock não chega a mandar para a geladeira todos os seus antigos parceiros. Diz acreditar que está em curso uma mudança climática, mas vai demorar muito tempo para que se sintam seus efeitos. “Nós ainda teremos um aquecimento global, mas ele foi adiado um pouquinho”. Bem, no que concerne à Terra, “um pouquinho” podem ser alguns milhões de anos.
“Cometi um erro”Como pesquisador independente, que trabalha sozinho, ele diz não ver problema nenhum em reconhecer: “Tudo bem, cometi um erro”. E afirma que cientistas que trabalham para governos e universidades têm medo de admitir um erro porque podem perder financiamento
Lovelock, que já trabalhou com a NASA e descobriu a presença de substâncias químicas nocivas (CFC) na atmosfera — mas não o seu efeito sobre a camada de ozônio (esse é outro mito muito influente) —, diz que a humanidade deve fazer o possível para evitar a queima de combustíveis fósseis, tentando se adaptar às mudanças que virão. Peter Stott, chefe Met Office Hadley Centre, do Reino Unido, afirma que Lovelock havia sido mesmo muito alarmista sobre a possibilidade de as pessoas terem de viver no Ártico em 2100. E concorda que o aquecimento dos últimos 12 anos não é o esperado pelos modelos climáticos. Ele só acha que é preciso esperar mais dez anos para admitir que esses modeles têm problemas. Sei…
Lovelock nem é o estudioso mais importante a ter desmoralizado os apocalípticos. Mas é o mais simbólico. Era, reitero, o guia espiritual da turma, o sacerdote. Há anos trato das maluquices desses que chamo membros da Igreja do Aquecimento Global dos Santos dos Últimos Dias… Aos poucos, vai-se recobrando a razão, mas é um processo lento. A “mudança climática” gerou uma cultura, uma doxa, virou ideologia. Mais: também envolve negócios multibilionários, especialmente das empresas voltadas para as chamadas energias alternativas. Muitas delas estão por trás de ONGs que financiam alguns de nossos patriotas, amigos da natureza…
Leitores me enviaram ontem o link de uma entrevista que o climatologista Ricardo Felício concedeu a Jô Soares. Ele é professor do Departamento de Geografia da USP. Esclarecedora e divertida. Aquele jornalista que acha que os céticos não podem ser mais ouvidos deve ter ficado triste. Não sei o que Felício pensa quando o assunto não é clima. Parece-me uma pessoa preparada. E já merece a minha simpatia por não temer a patrulha.
Num país em que a ciência, o direito e o jornalismo se submetem cada vez mais ao tribunal do politicamente correto, ter a coragem de dizer o que pensa é uma virtude.
Por Reinaldo Azevedo


CLIMATOLOGISTA DETONA OS EMBUSTEIROS ECOCHATOS. NÃO DEIXE DE VER ESTE VÍDEO!


Vale a pena ver esta entrevista com o climatologista Ricardo Augusto. É um verdadeiro libelo contra os milenaristas ecochatos, ou melhor, detona o discurso dos embusteiros do aquecimento global e bobagens correlatas. Professor da USP e profundo conhecedor do assunto, sem a afetação comum dos comunistas verdes e demais idiotas que vivem enchendo o saco e se metendo na vida privada das pessoas, este professor contribui de forma extraordinária para demolir a vigarice dos ecochatos.Por Aluizio Amorim

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Justiça com lentes coloridas

A discriminação racial no Brasil é constitucional, segundo decidiram por unanimidade os ministros do Supremo Tribunal (STF), num julgamento sobre a adoção de cotas para negros e pardos nas universidades públicas. Com base numa notável mistura de argumentos verdadeiros e falsos, eles aprovaram a reserva de vagas para estudantes selecionados com base na cor da pele ou, mais precisamente, na cor ou origem étnica declarada pelo interessado. Mesmo enfeitada com rótulos politicamente corretos e apresentada como “correção de desigualdades sociais”, essa decisão é obviamente discriminatória e converte a raça em critério de ação governamental. Para os juízes, a desigualdade mais importante é a racial, não a econômica, embora eles mal distingam uma da outra.
O ministro Cezar Peluso mencionou as diferenças de oportunidades oferecidas a diferentes grupos de estudantes. Com isso, chamou a atenção para um dos maiores obstáculos à concretização dos ideais de justiça. Todos os juízes, de alguma forma, tocaram nesse ponto ou dele se aproximaram. Estabeleceram, portanto, uma premissa relevante para o debate sobre a formação de uma sociedade justa e compatível com os valores da democracia liberal, mas perderam-se ao formular as conclusões. 
O ministro Joaquim Barbosa referiu-se à política de cotas como forma de combater “a discriminação de fato”, “absolutamente enraizada”, segundo ele, na sociedade. Mas como se manifesta a discriminação? Candidatos são reprovados no vestibular por causa da cor? E os barrados em etapas escolares anteriores? Também foram vítimas de racismo? 
A ministra Rosa Weber foi além. “A disparidade racial”, disse ela, “é flagrante na sociedade brasileira.” “A pobreza tem cor no Brasil: negra, mestiça, amarela”, acrescentou. A intrigante referência à cor amarela poderia valer uma discussão, mas o ponto essencial é outro. Só essas cores identificam a pobreza no Brasil? Não há pobres de coloração diferente? Ou a ministra tem dificuldades com a correspondência de conjuntos ou ela considera desimportante a pobreza não-negra, não-mestiça e não-amarela. 
Mas seus problemas lógicos são mais amplos. Depois de estabelecer uma correspondência entre cor e pobreza, ela mesma desqualificou a diferença econômica como fator relevante. “Se os negros não chegam à universidade, por óbvio não compartilham com igualdade das mesmas chances dos brancos.” E concluiu: “Não parece razoável reduzir a desigualdade social brasileira ao critério econômico”. A afirmação seria mais digna de consideração se fosse acompanhada de algum argumento. Mas não é. O fator não econômico e estritamente racial nunca foi esclarecido na exposição da ministra nem nos votos de seus colegas. 
Nenhum deles mostrou com suficiente clareza como se manifesta a discriminação no acesso à universidade ou, mais geralmente, no acesso à educação. O ministro Celso de Mello citou sua experiência numa escola pública americana sujeita à segregação. Lembrou também a separação racial nos ônibus escolares nos Estados Unidos. Seria um argumento esclarecedor se esse tipo de segregação – especificamente racial – fosse no Brasil tão normal e decisivo quanto o foi nos Estados Unidos. 
Talvez haja bons argumentos a favor da discriminação politicamente correta defendida pelos juízes do STF, mas nenhum desses foi apresentado. Brancos pobres também têm dificuldade de acesso à universidade, mas seu problema foi menosprezado. 
Se um negro ou pardo com nota insuficiente é considerado capaz de cursar com proveito uma escola superior, a mesma hipótese deveria valer para qualquer outro estudante. Mas não vale. Talvez esse branco pobre também deva pagar pelos “danos pretéritos perpetrados por nossos antepassados”. Justíssimo? 
Como suas excelências poderão ser envolvidas em outras questões de política educacional, talvez devam dar uma espiada nos censos. Os funis mais importantes e socialmente mais danosos não estão na universidade, mas nos níveis fundamental e médio. Países emergentes bem-sucedidos na redução de desigualdades deram atenção prioritária a esse problema. O resto é demagogia. 
Fonte: O Estado de S. Paulo, 28/04/2012 


Novos tempos


O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, em entrevista à "Folha", faz uma análise da dimensão da corrupção no Brasil que vai além da mera crítica política. Ele avalia que houve mudanças estruturais no antigo fenômeno, que já não pode ser considerado apenas como "mais do mesmo", com a agregação de "dimensões funcionais novas".
Na análise mais do sociólogo que do político, "com o capitalismo enorme no Brasil e o governo interferente, passam a existir muitas possibilidades de negócios".
O clientelismo, uma face da antiga prática, continua em vigor, mas a facilitação de negócios ganharia uma dimensão mais ampla.
De bom humor, ele diz que seu governo representa "a pré-história desse capitalismo", e que por isso acha que o grau de corrupção aumentou de lá para cá.
Fernando Henrique diz, por exemplo, que quando governou ainda havia condições de controlar as nomeações para cargos importantes, ou até mesmo ministérios, que não eram dados com "porteira fechada" para nenhum partido.
Noto que a presidente Dilma Rousseff está tentando retomar essa prática, embora ainda seja refém do loteamento partidário do Ministério.
A nomeação ontem do deputado Brizola Neto é um exemplo dessa prática, independentemente de juízos de valor sobre a capacidade do deputado de exercer o cargo.
O fato de ele estar encontrando resistências dentro de seu próprio partido mostra que Dilma está querendo nomear pessoas de sua confiança mesmo quando não pode deixar de dar o ministério para este ou aquele partido. Foi assim com o PR no Ministério dos Transportes.
O historiador Boris Fausto já havia feito uma análise na mesma direção em palestra na Academia Brasileira de Letras que registrei aqui na coluna, atribuindo a decadência que estamos vivenciando na questão ética a circunstâncias históricas do desenvolvimento do país, como o crescimento avassalador do capitalismo de Estado, fazendo surgir uma nova classe dirigente que mistura o poder sindicalista emergente, dominando os fundos de pensão das estatais, e as megaempresas multinacionais.
E a consequente possibilidade de ganhar muito dinheiro também com a prevalência, a exemplo do que ocorre no mundo globalizado, do sistema financeiro.
Talvez seja essa globalização da corrupção que torne mais frequente entre nós relatos de jatinhos particulares cruzando os céus do mundo com nossos governantes e parlamentares a bordo, por cortesia de empresários amigos, ou imagens como as que estamos vendo do governador do Rio, Sérgio Cabral, e vários de seus secretários se regalando com mordomias em Paris e outros locais luxuosos da Europa.
O restaurante francês La Tour D"Argent, por sinal, onde o secretário de Governo Wilson Carlos aparece jantando com o empreiteiro Fernando Cavendish, parece ser um dos preferidos dos burgueses do dinheiro alheio, na frase certeira de Reinaldo Azevedo.
A coluna de Ancelmo Gois no GLOBO já havia publicado uma foto do senador Demóstenes Torres jantando no Tour D"Argent antes mesmo de ele ter sido desmascarado.
Agora, o inquérito da Operação Monte Carlo revela que em agosto de 2011 um assessor de Cachoeira de nome Gleyb Ferreira da Cruz comprou cinco garrafas do vinho Cheval Blanc, safra 1947, considerada uma das melhores de todos os tempos, por até US$ 2.950 a unidade para presentear o senador.
Todo esse luxo tem evidentemente seu preço, e é isso que a CPI tem de investigar. A não ser que queiram melar a CPI desde o início - e talvez esse seja um objetivo mesmo -, não creio que seja possível aos governistas evitar a convocação de Cavendish na CPI do Cachoeira, mesmo que a disposição seja limitar as investigações às atividades da Delta no Centro-Oeste, cujo ex-diretor já está preso.
Uma vez convocado, ele terá de responder a perguntas que serão bem mais abrangentes do que gostariam os governistas, e será inevitável a convocação do governador Sérgio Cabral e dos responsáveis pelo PAC para explicarem as responsabilidades de cada um nas contratações da empreiteira, muitas vezes sem licitação.
As relações de Cachoeira com a Delta já estão plenamente demonstradas nos diálogos gravados pela Polícia Federal, a ponto de haver a suspeita de que na verdade Cachoeira era um sócio oculto da Delta, ou até mesmo seu verdadeiro proprietário, acobertado por Cavendish.
Assim como será difícil aos partidos protegerem seus filiados, sejam governadores ou deputados e senadores. As primeiras convocações devem ser as do senador Demóstenes Torres, do empreiteiro Fernando Cavendish e dos dois governadores mais envolvidos com Cachoeira, Agnelo Queiroz, de Brasília, e Marconi Perillo, de Goiás.
A partir delas, as investigações se espalharão a outros setores, e não creio que a maioria governista tenha condições de delimitar a ação da CPI para proteger alguns de seus aliados.
Não por falta de número para tal, mas por falta de ambiente político para manobra tão vergonhosa.
Creio que o país já vive um clima de exigência moral bem mais elevada do que normalmente acontece, por conta das seguidas revelações que vêm sendo feitas pelos sucessivos vazamentos de informações do processo.
O trabalho de inteligência da Polícia Federal foi feito com bastante apuro e nada ficou de fora, inclusive a ação de policiais em favor do bicheiro, tudo filmado e fotografado.
Interessante como as armas que Carlinhos Cachoeira e seus comparsas usavam para chantagear voltaram-se contra eles, com todas as conversas gravadas, apesar da tentativa de usar telefones registrados em Miami para fugir dos grampos.
E esse clima de cobrança da sociedade deve aumentar quando o Supremo Tribunal Federal começar a julgar o mensalão, com previsão para junho.
O cruzamento da CPI com o julgamento deve produzir um ambiente político no país que, em vez de conseguir melar o mensalão, deve disseminar a sensação de que a impunidade é uma das principais causas da repetição dos escândalos de corrupção na política brasileira. Por: Merval Pereira O GLOBO 01/05/2012

O básico sobre inflação



1. Inflação é um aumento na quantidade de dinheiro e de crédito criado em decorrência desta criação adicional de dinheiro.  A principal e mais visível consequência da inflação é a elevação dos preços.  Portanto, uma inflação de preços — atenção para o termo correto — é causada unicamente pelo aumento da quantidade de dinheiro na economia. 

2. A quantidade de dinheiro na economia é uma variável decorrente das políticas monetárias do governo — mais especificamente, de seu Banco Central.
3. Um dos principais motivos para a criação de mais dinheiro é a existência de um orçamento deficitário por parte do governo.  Orçamentos deficitários são gerados por gastos crescentes e extravagantes, os quais o governo é incapaz de cobrir utilizando exclusivamente suas receitas de impostos.  Gastos excessivos decorrem principalmente dos esforços do governo em redistribuir riqueza e renda para setores privilegiados — isto é, esforços para retirar recursos dos produtivos para sustentar os improdutivos de todas as classes.  Isto corrompe a ética e desestimula os incentivos trabalhistas tanto dos produtivos quanto dos improdutivos.
4. As causas da inflação de preços não são, como se diz frequentemente, "múltiplas e complexas"; elas são simplesmente a consequência inevitável de uma criação excessiva de dinheiro.  Não existe algo como "inflação gerada pelo aumento dos custos".  Se salários e outros custos trabalhistas ou de produção forem forçados para cima, mas não houver um aumento na quantidade de dinheiro na economia, e os produtores tentarem repassar estes aumentos aos consumidores elevando os preços de venda, a maioria deles irá apenas vender menos produtos.  O resultado será um menor nível de produção e a perda de empregos.  Custos maiores podem ser repassados para os preços somente quando os consumidores têm mais dinheiro para pagar por estes preços mais altos. 
5. Controles e congelamentos de preços não podem interromper ou arrefecer a inflação de preços.  Eles podem, no máximo, atrasar a sua manifestação.  Pior ainda: eles irão sempre desorganizar a economia.  Controles de preços simplesmente comprimem ou eliminam por completo as margens de lucro, desarranjam a estrutura de produção da economia, e geram gargalos e escassezes.  Todo e qualquer controle de preços e salários implantado pelo governo, ou até mesmo a sua "monitoração", é apenas uma tentativa de políticos de jogar a responsabilidade pela inflação sobre produtores e vendedores, e não em suas próprias políticas monetárias.
6. Uma prolongada inflação nunca "estimula" a economia.  Ao contrário, ela desequilibra e desorganiza a estrutura produtiva da economia, direcionando a produção e o emprego para investimentos que mais tarde revelar-se-ão insustentáveis, gerando prejuízos, desperdício de recursos escassos e maior desemprego.  O desemprego assim gerado permanecerá em níveis elevados enquanto o salário demandado estiver acima do real valor de mercado — seja por demandas sindicais, por leis de salário mínimo (que mantém adolescentes e mão-de-obra pouco qualificada fora do mercado de trabalho) ou por prolongados e generosos seguros-desemprego.
7. Para se evitar estragos irremediáveis, a noção de que expansões monetárias podem estimular permanentemente a economia deve ser irreversivelmente rejeitada.  Adicionalmente, o governo deve ser retirado por completo do controle da oferta monetária, deixando esta área a cargo das forças de mercado.  Por fim, o orçamento do governo deve ser equilibrado o mais rapidamente possível, e não de maneira gradualista e indolor.  O equilíbrio deve ser alcançado por meio de um acentuado corte de gastos, e não pelo aumento de uma carga tributária já extremamente elevada, que comprime salários e desestimula o trabalho árduo e a produção.  

Henry Hazlitt 
(1894-1993) foi um dos membros fundadores do Mises Institute. Ele foi um filósofo libertário, economista e jornalista do The Wall Street JournalThe New York TimesNewsweek e The American Mercury, entre outras publicações. Ele é mais conhecido pelo seu livro Economia em uma Única Lição.

Dilma o Os Juros dos Bancos


O Blog do Stephen Kanitz 




ImagesTive a sorte de visitar um dos primeiros computadores importados pelo Brasil, um Univac que ocupava andar inteiro na sede do Banco Moreira Salles, atual Unibanco-Itaú. Tinha 19 anos. 

Imaginei que o computador estivesse rodando um programa de análise de crédito, usando análise discriminante ou correlação múltipla, algo que na mão era virtualmente impossível.
"Estamos rodando a folha de pagamento", para a minha grande surpresa.
Aí está um dos nós deste país.
Em vez de usarmos tecnologia avançada para termos vantagens competitivas, precisamos usar tecnologia avançada para resolvermos problemas criados pelo populismo dos assessores de nossos políticos. 
Leis trabalhistas tão complexas e complicadas, que precisamos importar computadores para processá-los. Por isto os juros dos bancos são elevados. 
O trabalhador custa o dobro do que ele efetivamente ganha de salário no final do mês, e por isto os produtos, e neste caso os juros, precisam custar o dobro do que em outros países.
Devido a esta visita, percebi que Análise de Crédito tinha um futuro, e me especializei no assunto, e muitos vocês me conhecem pelo termometro de insolvência. 
Ledo engado. Foi quando tive a segunda grande lição sobre o Brasil.
Numa financeira, o primeiro modêlo de Credit Scoring que fiz, apontou que era muito arriscado emprestar para a profissão de advogados. Parece que já eles usavam a morosidade do judiciário a seu favor, e eram a profissão que mais atrasava. Recomendei não emprestar mais para advogados. 
"Você está completamente maluco?  Você quer que sejamos processados pela OAB?"
Não se pode no Brasil fazer análise prévia de crédito, e recusar sob experiencia estatística.
Seria considerado discriminação. Um insulto, uma afronta, um racismo bancário. Não seria aceito culturalmente.
Por isto Bancos emprestam para todo mundo, até para advogados, e o custo dos atrasos e inadimplência é custeado por nós todos.
Hoje 27% dos cartões de crédito não são pagos em 90 dias, é uma verdadeira farra dos caloteiros.
Na realidade são pagos sim, por você com estas taxas "solidárias".
Segundo, devido a praga do nominalismo economico, economistas, do mundo inteiro diga-se de passagem, taxam com Imposto de Renda o "juro" nominal e não o juro real.
 20% de 10% de juro nominal é 2% de imposto, e se o juro real for 4%, isto significa 50% de imposto na fonte. 
Ou seja no Brasil de hoje, com juro baixo, o Imposto de Renda é 50% do custo do dinheiro, é mais um erro brutal de política economica, causado pelo nominalismo economico, que insisto tem que ser extirpado deste país. 
Com IR sobre juros de 50%, significa que Bancos precisam cobrar o dobro de juros, só para pagar o Imposto de Renda do Governo Federal. 
Dilma não sabe disto. Ela sabe sobre Custo de Capital, e eu a elogiei por isto, mas ela não tem formação completa em Administração Financeira. E isto complica bem sua Presidência. 
Tem mais. Em 1995, Pedro Malan acabou com a Correção Monetaria dos Balanços dos Bancos. Os Patrimônios dos Bancos Brasileiros foram congelados aos preços de 1994. Por isto parecem tão rentáveis. 
Divida o Lucro de 2011, pelo Patrimônio congelado de 1994, e o número será enorme, e fictício.
Publicar balanços que não espelham a realidade foi considerado necessário para acabar com a inflação. Outro absurdo do nominalismo.
Pior, pelas regras da Basileia e do Banco Central, os bancos somente poderão emprestar 12 vezes este patrimonio de 1994, nada mais. Foram congelados a não emprestar.
Portanto reduzir juros no Brasil para poder emprestar mais, não funciona, porque é proibido. Por lei.
Por isto desde 1995 os Bancos Brasileiros mudaram seu foco para receitas de serviços, e não de empréstimos. 
Dilma e Pedro Malan não sabem disto, mas agora você sabe, e já sabia se acompanha este blog
Querem reduzir os Juros dos Bancos ?
Não é dando muros na mesa e insuflando o povo contra Wall Street ala Cristina Kirshner.
A culpa não é dos Bancos, que há muito deixaram de focar em empréstimos e sim em seguros, serviços, aplicações e outras atividades mais lucrativas. 
Pense. 

terça-feira, 1 de maio de 2012

Que tal o dólar a R$ 3,50?

Não há números exatos, mas lojistas brasileiros não têm dúvidas: estão perdendo vendas para o comércio de Miami e Nova York. Os sinais são evidentes e o primeiro deles é a atual dedicação do governo americano em facilitar a concessão de vistos para brasileiros. O outro está nas contas externas brasileiras. No primeiro trimestre deste ano, gastamos US$ 5,4 bilhões lá fora, um salto de 13% sobre o mesmo período de 2011. É verdade que o volume de gastos vem diminuindo na comparação mensal: US$ 2 bilhões em janeiro, ante US$ 1,6 bilhão em março. Isso coincide com a alta do dólar, de modo que essa pode ser uma explicação. Mas quanto precisa subir o dólar para eliminar a vantagem de comprar lá fora? Fiz algumas comparações com preços de roupas, calçados e aparelhos eletrônicos. Em todos os casos, o dólar precisaria ir muito além. Por exemplo: encontrei um modelo de tênis muito conhecido no mundo, para praticar tênis, fabricado no Vietnã, sendo oferecido no Brasil por R$ 299, na promoção. Curiosamente, o modelo também está em promoção nos Estados Unidos, onde sai por US$ 85 – ou R$ 161, com o dólar já a R$ 1,90. Ainda assim, a metade do preço brasileiro. Para que o preço local se equilibrasse como americano, seria necessário um dólar a R$ 3,50. Ora, nem os mais entusiastas defensores da desvalorização do real acreditam que seja razoável chegar a essa cotação. O dólar chegou a esse nível, perto dos R$ 4, no período pós- Real, apenas numa ocasião: em setembro de 2002, véspera da primeira vitória eleitoral de Lula, quando se imaginava que ele fosse desmontar a política econômica de FHC, pilar da estabilidade. Naquele momento, as exportações brasileiras estavam na casa dos US$ 60 bilhões/ano e as reservas internacionais nem chegavam a US$ 20 bilhões. Hoje, com a estabilidade macroeconômica completando 18 anos, as exportações passam dos US$ 250 bilhões e as reservas, dos US$ 350 bilhões. Ou seja, no preço brasileiro local tem muito mais do que um real valorizado – tem todo o custo Brasil. Com imposto? Na semana passada, a polícia deu uma batida num shopping popular em Belo Horizonte. Pegou todo mundo sem nota fiscal de venda e de compra. A Rádio CBN entrevistou um dos lojistas, quase todos ex-camelôs, para os quais, aliás, fora instalado o shopping. Ele disse o que se sabe: num mercado popular, se for pagar imposto, não dá. Para a classe média, dá para pagar bem menos imposto: nos Estados Unidos. Perderam a noção. Por falar nisso, eis um caso de custo Brasil, custo governo. O trabalhador brasileiro ganhou, em março, R$ 1.728,40. Trata-se de uma média, é claro, de todos os rendimentos do trabalho formal ou informal, no setor público ou privado. É uma medida do IBGE e revela um ganho real, descontada a inflação, de 5,6% sobre o vencimento de um ano atrás. Na verdade, trata-se do valor mais alto para um mês de março, desde 2002. Mas o Senado Federal tem coisa melhor, muito melhor. Vagas para policial da casa – segurança -, sem necessidade de curso superior, com salário de R$ 13 mil. Quem ganhaesse salário no setor privado? Todo domingo, este jornal publica, no classificado Empregos, uma tabela geral de salários. São valores médios, obtidos em pesquisa com empresas de diversos portes e setores, sem vantagens, adicionais, prêmios, etc. – como são os R$ 13 mil dos seguranças do Senado, de modo que a comparação faz sentido. Sem contar que o Senado costuma ser generoso nas vantagens pessoais. Em todas as áreas do setor privado (Administração, Recursos Humanos, Marketing/Vendas, Contabilidade, Tecnologia da Informação, Indústria de Transformação e Logística), só gerentes empatam ou passam dos R$ 13 mil. E nem todos. Em Marketing, por exemplo, um gerente de produtos ganha na média R$ 11 mil. Na categoria dos engenheiros, sem cargos de chefia, os salários mais altos chegam a R$ 12 mil. E isso para engenheiro de obras sênior, com diploma, claro, e muitos anos de experiência. No setor público, os salários são definidos pela capacidade política de influência Em toda a tabela, os salários mais altos estão na casa dos R$ 17,5 mil, remuneração de gerentes industriais e de Tecnologia da Informação. De novo, são valores médios. Logo, é claro que tem gente ganhando mais do que isso em muitas empresas. São, entretanto,os pontos altos, não definem a regra. Há advogados que ganham mais de milhão por mês, por exemplo, defendendo os “melhores” bandidos nacionais. Mas um advogado sênior “normal”, digamos assim, numa boa empresa, ganha em média R$ 10 mil por mês. Quando os servidores públicos, especialmente aqueles das carreiras mais bem remuneradas, reivindicam aumentos salariais, costumam se comparar com estrelas do setor privado. Não faz sentido. Resumindo, o setor público paga bem. Um consultor legislativo, de novo no Senado, começa ganhando R$ 23 mil, com plena estabilidade. Não arranja isso no setor privado, a menos que seja um fora de série. Alguns dirão: é o setor privado que paga mal. Errado: os salários são definidos pela capacidade, formação, pelo desempenho, entrega de resultados e pela oferta e demanda de mão de obra. E sempre considerando custos e margens. A empresa paga o que pode pagar, considerando o que vende e o que fatura. (Aliás, neste momento, salários estão em alta no Brasil justamente porque a taxa de desemprego está em baixa histórica.) Já no setor público, os salários são definidos pela capacidade política de influência. Quanto mais perto dos gabinetes de Brasília, maior o salário. Na mesma ocasião em que o Senado oferecia R$ 13 mil para seus seguranças, a prefeitura do Rio de Janeiro abria vagas para professor de matemática e espanhol. Salário: R$ 3,4 mil.Por: Carlos Alberto Sardenberg Fonte: O Estado de S. Paulo, 30/04/2012

A "minoria"de 75%

Muitos gostam de falar em nome das "minorias", incluindo aí mulheres, negros, índios e gays. A colunista de O Globo, Miriam Leitão, costuma escrever em favor das cotas para "negros" e com frequência apela para a cartada sexual, tratando as mulheres como vítimas de preconceito no mercado de trabalho (eu nunca a vi questionando se os salários médios das mulheres não são menores pelo simples fato de que elas engravidam e, portanto, buscam trabalhos mais flexíveis e com remuneração média inferior). Mas o problema com tanta minoria é que a conta não fecha! Para começo de conversa, homens e mulheres já compõem aproximadamente meio a meio da população. Logo na largada, portanto, estaríamos falando de uma "minoria" de 50%, conceito um tanto estranho. Só que ainda resta adicionar as demais minorias, evitando a dupla contagem. Como temos cerca de 40% da população que se diz negra ou parda, vamos assumir que a proporção de homens e mulheres segue o padrão geral. Assim, temos mais 20% do total da população representada por homens "negros", leia-se pardos (o suficiente para se obter privilégios neste novo Brasil com leis de segregação racial). Só que não acabou! Ainda temos os índios, os gays, os deficientes e todos os demais grupos que a esquerda seleciona como mascotes para seu "altruísmo" espalhafatoso. Vamos admitir que 10% dos homens (para evitar a dupla contagem novamente) são compostos por estes grupos (aqui no Rio eu diria que só de homossexual deve ser mais que isso, mas sejamos conservadores). Temos então outros 5% do total da população feitos de "minorias" que são os alvos da bondade (com recursos alheios) dos esquerdistas em geral. Se o leitor ou leitora acompanhou minhas contas, percebeu que já temos 75% de minorias no Brasil (50% de mulheres, 20% de homens "negros" e 5% de homens índios, gays ou deficientes). Haja poder concentrado nesta "maioria" de 25% para explorar o restante como é alegado pelos defensores das "minorias"! Como se vê, a vida do homem branco heterossexual saudável será cada vez mais dura para sustentar as vantagens criadas para as "minorias". Como escreveu o filósofo Luiz Felipe Pondé em seu novo livro, Guia Politicamente Incorreto da Filosofia, "A diferença entre a velha esquerda e a nova esquerda é que, para a velha, a classe que salvaria o mundo seria o proletariado (os pobres), enquanto, para a nova, é todo tipo de grupo de 'excluídos': mulheres, negros, gays, aborígines, índios, marcianos..." Ayn Rand estava absolutamente certa quando disse que a menor minoria de todas é o indivíduo, e que aqueles que negam direitos individuais não podem alegar ser defensores das minorias. Que minoria é essa que perfaz 75% da população, esquerdistas? Podem agredir nossos direitos e nossos bolsos, mas preservem ao menos a aritmética! Por: Rodrigo Constantino

A Ética do trabalho


Vários países celebram hoje o Dia do Trabalho. A data tem origem em uma manifestação grevista ocorrida em Chicago no final do século 19, que acabou em tragédia. Desde então, os socialistas utilizam o 1o de maio para manifestações de cunho ideológico contra o capitalismo. Mas faz sentido isso?

Quem fez mais pelos trabalhadores: o capitalismo ou o socialismo? Quem permitiu crescentes salários e melhores condições de trabalho: a concorrência de empresas em busca do lucro ou os sindicatos?

Os trabalhadores que desfrutam dos maiores salários são justamente aqueles dos países mais capitalistas. Via de regra, há menos intervenção estatal na economia desses países, assim como no próprio mercado de trabalho. Vários desses países ricos sequer contam com salário mínimo, férias remuneradas, 13o salário ou outras “conquistas” celebradas por aqui. Entretanto, isso não é impeditivo para rendimentos melhores. Qual o segredo?

Não há mágica. Esses trabalhadores recebem mais porque são mais produtivos, em boa parte pela melhor qualificação, e também porque há maior concorrência entre as empresas. Quando muitos empregadores disputam a mão de obra escassa, seu valor tende a aumentar. Faz sentido: se uma empresa pagar um salário baixo para alguém eficiente, então outra empresa poderá contratá-lo pagando mais e ainda assim lucrar com isso.

É o capitalismo liberal o maior aliado dos trabalhadores. Sim, é verdade que nos primeiros anos da revolução industrial a vida dos trabalhadores não era nada fácil. Mas é preciso comparar isso com a alternativa da época. Se na Inglaterra a vida era árdua, com longas jornadas e baixos salários, na Polônia, distante do advento capitalista, a situação era infinitamente pior.


O que hoje vemos na China ilustra bem isso. As condições de trabalho ainda são péssimas na média. Mas representam um enorme avanço frente ao passado socialista. E se engana quem pensa que para melhorar bastam decretos do governo e sindicatos fortes. Não se cria riqueza e produtividade com canetadas estatais. O que a China precisa é justamente de mais liberdade, de mais concorrência.

O país em melhor situação na Europa é a Alemanha, com desemprego muito inferior aos demais. Curiosamente, foi um governo de esquerda, de Gerhard Schroder, que fez as reformas liberalizantes no mercado de trabalho. As mudanças reduziram as restrições às demissões (o que facilita as contratações) e cortaram os benefícios para desempregados que recusavam ofertas de emprego ou participar de programas de treinamento. Os sindicatos, sob pressão, aceitaram moderar suas demandas salariais.

A Alemanha se tornou o país mais competitivo da região, enquanto vizinhos bem mais camaradas nas leis trabalhistas enfrentam enorme desemprego, especialmente entre os mais jovens. Na Itália, as máfias sindicais impedem qualquer reforma que torne seu mercado mais competitivo, e até assassinato já fez parte do rol de intimidação aos reformadores.

O Brasil, infelizmente, parece com os países periféricos da Europa nesse sentido. Para começo de conversa, o trabalho aqui nunca foi valorizado como deveria. A Corte portuguesa considerava trabalho coisa de escravo. Segundo conta Jorge Caldeira em seu livro sobre o Barão de Mauá, o Imperador D. Pedro II jamais perdoou o empresário por tê-lo feito se curvar com uma pá de prata em um gesto simbólico na cerimônia de inauguração de uma estrada de ferro em 1852.

Nossa língua fala em “ganhar” dinheiro para designar o salário, como se ele fosse um presente, enquanto em inglês se fala “fazer” dinheiro, denotando a necessidade de esforço e mérito. Muitos jovens sonham com um bom “emprego”, de preferência estável em alguma repartição pública, mas poucos enaltecem o trabalho meritocrático. Isso precisa mudar. Não é necessário ser calvinista para reconhecer a importância de uma ética do trabalho para o progresso de um povo.

Mas existem ainda inúmeros obstáculos, além do cultural, que dificultam a vida dos trabalhadores brasileiros. Eles são criados justamente pela ausência de um modelo de maior liberdade econômica. Os encargos são absurdos, a educação é precária e os sindicatos concentram muito poder. O imposto sindical representa uma afronta aos trabalhadores. Qualquer associação deveria ser facultativa. Somente assim os sindicatos terão incentivos para representar efetivamente os interesses dos trabalhadores.

Portanto, trabalhadores brasileiros, uni-vos! Não temos nada a perder além dos grilhões impostos pelo governo em conluio com as máfias sindicais. Por: Rodrigo Constantino