quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

OS QUATRO TIPOS DE AUSTERIDADE


Os quatro tipos de austeridade - por que o governo cortar gastos é positivo para a economia
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Quem acompanha a situação europeia exclusivamente pela mídia fica com a certeza de que o termo 'austeridade' é uma manifestação explícita do anticristo, e que se trata de uma medida que deve ser evitada de todas as formas. A ideia é que reduções nos gastos do governo tiram a sustentação da economia e a empurram para uma interminável espiral depressiva. Curiosamente, quando a imprensa fala em austeridade, ela menciona em tom crítico apenas uma parte dela, que é o corte de gasto, e nada fala sobre a outra parte, que é o aumento de impostos e seus efeitos genuinamente recessivos.

Quando o governo corta gastos, de fato há quem saia prejudicado. O exemplo mais claro seria o de funcionários públicos que tivessem seus salários reduzidos. Isso é muito raro, mas pode ocorrer. As empresas que possuem como clientes principais um grande número de funcionários públicos seriam atingidas. Pense em um restaurante chique de Brasília que tem como clientela o pessoal das agências reguladoras. Se as agências fossem abolidas (sonhemos um pouquinho), as receitas desse restaurante cairiam. Da mesma forma, se o número de deputados e senadores diminuísse, o Piantella iria à falência.

Esse foi um exemplo visualmente fácil de ser entendido. Há outros menos claros. Por exemplo, cortes de gastos do governo irão afetar as várias empresas que só sobrevivem porque possuem contratos de prestação de serviços junto ao governo. Empresas terceirizadas por estatais e empreiteiras que fazem obras para o governo são os exemplos mais claros. Há também as várias atividades econômicas que recebem subsídios e que, sem estes subsídios, teriam de se virar, cortar gastos e demitir pessoas. 

O que todas estas atividades têm em comum é que elas só sobrevivem e só são lucrativas com a muleta do governo. Isso faz com que elas sejam classificadas como atividades econômicas insustentáveis. São atividades que não dependem da demanda voluntária do consumo privado para sobreviver. Uma vez cortado o fluxo de dinheiro governamental, elas perdem sustentação e definham. Elas não necessariamente irão quebrar, pois podem se reestruturar e mudar seu enfoque de mercado. Mas estão indiscutivelmente sobredimensionadas, e a prova disso é que só mantêm seus atuais lucros com dinheiro repassado pelo governo. Elas são, portanto, atividades que absorvem recursos e capital da sociedade. Elas não produzem; elas consomem.

Uma redução nos gastos do governo, portanto, possui este efeito salutar sobre a economia. Faz com que empresas que consomem recursos e que produzem apenas de acordo com demandas políticas tenham de ser enxugadas. Empresas que só sobrevivem devido aos gastos do governo não produzem para consumidores privados; elas utilizam o dinheiro dos cidadãos mas produzem para o estado. Elas não utilizam capital de maneira produtiva, de forma a atender os genuínos anseios dos consumidores privados: ao contrário, elas utilizam capital fornecido pelos pagadores de impostos mas produzem apenas para servir a anseios políticos. Em suma, não agregam à sociedade. Por definição, subtraem dela. 

Este tipo de atividade econômica privada que só sobrevive por causa dos gastos do governo é idêntico àquelas outras atividades privadas que só são lucrativas quando está havendo uma forte expansão do crédito. Quando o crédito é farto e barato, e a demanda por imóveis é crescente, várias construtoras e várias imobiliadoras apresentam lucros estratosféricos. Porém, quando o crédito encarece — ou quando os consumidores já estão muito endividados — e a demanda cai, os lucros viram prejuízos. Um corte de gastos do governo gera idêntico efeito sobre empresas que possuem o governo ou funcionários do governo como principal cliente.

E por que isso seria bom? Porque, ao falirem, essas empresas liberam mão-de-obra e recursos escassos que poderão ser utilizados mais eficientemente por empresas mais produtivas, empresas que estão no mercado para realmente atender às demandas dos consumidores. Por isso, é essencial que, ao cortar gastos, o governo também reduza impostos. Isso não apenas irá dar mais poder de compra às pessoas, como também irá permitir que as empresas produtivas tenham mais capital e, consequentemente, possam contratar mais pessoas. 

Tendo estes conceitos em mente, há quatro maneiras de se fazer austeridade:

1) Aumentar impostos e cortar gastos;

2) Aumentar impostos e manter gastos inalterados e;

3) Manter impostos inalterados e cortar gastos;

4) Reduzir impostos e cortar gastos em uma intensidade maior do que o corte de impostos;

A primeira é a que gera uma recessão mais intensa. De um lado, o corte de gastos debilita aquelas empresas que dependem do governo, o que é bom; mas, de outro, o aumento de impostos confisca ainda mais capital da sociedade, mais especificamente do setor produtivo, que é justamente quem absorveria a mão-de-obra demitida das empresas que faliram em decorrência dos cortes de gastos do governo. Você tem, portanto, o pior dos dois mundos. Aumento do desemprego, população com menor poder de compra, e setor privado sem capital para contratar. É isso que a Europa está fazendo.

A segunda maneira, ao contrário do que se supõe, é a pior. O governo aumenta o confisco do capital do setor privado, mas continua dando sustentação às empresas ineficientes, que também consomem capital do setor produtivo. A recessão neste caso é menos intensa, mas os desequilíbrios de longo prazo não são corrigidos. A economia fica com menos capital, mas as empresas ineficientes seguem firmes, pois seu cliente é o governo, que continua gastando. No final, tal medida serviu apenas para aumentar o consumo de capital de toda a sociedade.

A terceira maneira é melhor que a primeira e a segunda. O governo continua confiscando capital, é verdade, mas ao menos liberou outros recursos por meio da falência de empresas que só sobreviviam em decorrência de seus gastos. Em termos de recessão, é mais branda que a primeira e semelhante à segunda.

A quarta maneira é a maneira correta de se fazer austeridade. A redução de gastos do governo faz com que empresas ineficientes que dependem do governo sejam enxugadas (ou quebrem) e liberam mão-de-obra e recursos escassos para empreendimentos produtivos e genuinamente demandados pelos cidadãos. E as empresas responsáveis por esses empreendimentos produtivos terão mais facilidade para contratar essa mão-de-obra demitida porque, em decorrência da redução nos impostos, elas agora têm mais capital e seus consumidores, mais poder de compra. 

Além de não provocar uma recessão profunda — haverá recessão apenas se o governo impuser medidas que retardem a realocação de mão-de-obra de um setor para o outro (por exemplo, aumentando o seguro-desemprego ou o salário mínimo, ou impondo altos encargos sociais que encareçam o processo de demissão e contratação) —, esta maneira é a única que reduz duplamente o desperdício de capital e, com isso, permite uma maior acumulação de capital. Maior acumulação de capital significa maior abundância de bens produzidos no futuro. E maior abundância de bens significa maior qualidade de vida.

Portanto, há austeridade e "austeridades". A melhor maneira é também a menos indolor e a mais propícia ao enriquecimento futuro de uma sociedade. É injustificável não adotá-la.

Leandro Roque é o editor e tradutor do site do Instituto Ludwig von Mises Brasil.

ET DE XAPURI NÃO LÊ JORNAIS






Ainda este ano, eu comentava a morte de uma das mais novas religiões, o ambientalismo. O guru da nova religião é James Lovelock, cientista inglês que trabalhou para a Nasa, que desenvolveu a Hipótese Gaia. Ou seja, nosso planetinha seria um ser com vida própria, vida esta ameaçada pelo ser humano. Em vez de ser humano, leia-se capital. Ou países ricos, como quisermos. Países africanos, por exemplo, jamais constituirão ameaça à vida de Gaia.


A teoria é fundamentalmente religiosa e remete a uma espécie de neopanteísmo. É tão ridícula quanto a cientologia de Ron Hubbard, escritor de ficção científica que percebeu ser mais lucrativo criar uma religião em vez de fazer literatura. Ridícula, mas convinha às viúvas. E fez escola nas últimas décadas. Dela derivou uma outra tese, a do aquecimento global, que previa o apocalipse para as próximas décadas. O aquecimento global decorre do efeito estufa. Que decorre por sua vez da atividade industrial... dos países desenvolvidos. País pobre não produz efeito estufa. País de negros muito menos. Efeito estufa é crime cometido por Estados Unidos, países europeus e quaisquer outros que queiram tornar-se ricos. A velha bandeira, mesmo esfarrapada, continua hasteada: morte ao capital.

Em entrevista para a Veja, em 2006, falando sobre seu livro A Vingança de Gaia, lançado naquele ano na Inglaterra, Lovelock brandia o apocalipse. O repórter, não por acaso um dos crentes no efeito estufa, queria saber quando o aquecimento global chegará a um ponto sem volta. Responde o guru, com a convicção dos profetas:

- Já passamos desse ponto há muito tempo. Os efeitos visíveis da mudança climática, no entanto, só agora estão aparecendo para a maioria das pessoas. Pelas minhas estimativas, a situação se tornará insuportável antes mesmo da metade do século, lá pelo ano 2040.

- O que o faz pensar que já não há mais volta?
- Por modelos matemáticos, descobre-se que o clima está a ponto de fazer um salto abrupto para um novo estágio de aquecimento. Mudanças geológicas normalmente levam milhares de anos para acontecer. As transformações atuais estão ocorrendo em intervalos de poucos anos. É um erro acreditar que podemos evitar o fenômeno apenas reduzindo a queima de combustíveis fósseis. O maior vilão do aquecimento é o uso de uma grande porção do planeta para produzir comida. As áreas de cultivo e de criação de gado ocupam o lugar da cobertura florestal que antes tinha a tarefa de regular o clima, mantendo a Terra em uma temperatura confortável. Essa substituição serviu para alimentar o crescimento populacional. Se houvesse 1 bilhão de pessoas no mundo, e não 6 bilhões, como temos hoje, a situação seria outra. Agora não há mais volta.

- O senhor vê o aquecimento global como a comprovação de que sua teoria está certa?
- O aquecimento global pode ser analisado com base na Hipótese Gaia, e, por isso, muitos cientistas agora estão se vendo obrigados a aceitar minha teoria. 

Em abril passado, Lovelock se viu obrigado a fazer meia-volta – quem diria? – e negar sua própria teoria. Em entrevista ao site Msnbc.com, Lovelock disse ter sido alarmista: "cometi um erro".

- O problema é que não sabemos o que o clima está fazendo. Pensávamos que sabíamos nos últimos vinte anos. Isto levou a alguns livros alarmistas – o meu inclusive – porque parecia óbvio, mas isto não aconteceu. O clima está fazendo seus truques usuais. Não há nada realmente acontecendo ainda. Já era para estarmos a meio caminho de um mundo tórrido. O mundo não aqueceu muito desde a virada do milênio. Doze anos é um tempo razoável... a temperatura permaneceu quase constante, enquanto devia ter-se elevado. O dióxido de carbono está aumentando, não há dúvida quanto a isso.

Era tudo alarme falso. Durante alguns meses, os profetas do apocalipse tiveram de bater em retirada. Mas apenas durante alguns meses. ONGs e universidades recebem rios de dinheiro para estudar o tal de aquecimento que não existe e a bicicleta não pode parar. Hoje, o aquecimento global voltou a existir, como se seu teórico sequer o houvesse negado.

Marina Silva, o ET de Xapuri, escreve hoje na Folha de São Paulo: 

- Mais um grande bloco de gelo (do tamanho de Nova York, disseram os cientistas) se desfaz na Antártida. As catástrofes do aquecimento global já não espantam os brasileiros, que ficam, porém, apreensivos com o início das chuvas.

Pelo jeito, o ET de Xapuri não lê jornais. Ou lê e faz que não lê. Sem o aquecimento global, a biografia de Marina perde o sentido. Como as bicicletas, Marina não pode parar. Se parar, morre.

Por Janer Cristaldo

O QUE NUNCA TE ENSINARAM DE POLÍTICA

A maioria dos alunos brasileiros acha que no Brasil temos duas facções políticas, a Esquerda e a Direita. 

A primeira é a ética, e a altruísta, a segunda, precisa ser combatida a ferro e fogo. 

Mal sabem que no Brasil existe um único partido. No Brasil, a extrema direita se une com a extrema esquerda para explorar a classe média. 

Isto está ocorrendo na França, Estados Unidos, Argentina e no Brasil. 

Por isto, os bancos apoiam tanto o PSDB, porque Gerdau, Abílio Diniz e Eugênio Staub contribuíram tanto para a campanha da Dilma. 

Os donos do capital, os banqueiros e as empresas familiares se unem com a extrema esquerda, os sindicalistas, e ambos assim dividem o poder. 

São incentivos fiscais, Zonas Francas, empréstimos do BNDES, Banco Central que salva um único setor da economia e não os demais, é a economia dirigida, as obras milionárias para empreiteiras gigantes de um lado e bolsa tudo, seguro desemprego, aposentadorias grátis, e assim por diante. 

Para a classe média sobra somente os impostos. 

Ambos os grupos se locupletam, e quem paga a conta é a classe média que não é mais representada em nenhum país do mundo. 

A classe média é de centro. 

Isto porque não tem como viver do capital de um pai rico, e não tem como pleitear bolsa família. 

Não é um excluído, nem mãe solteira, nem um velho aposentado que não leu a fábula da Cigarra e da Formiga. 

A classe média percebe que terá de trabalhar para viver, que tudo que ganhar será do seu próprio esforço e não do seu pai rico, ou de um Estado mais rico ainda. 

Esta classe média, composta de Profissionais Liberais, empreendedores, inventores, inovadores, escritores, advogados, arquitetos, contadores, engenheiros, médicos, enfermeiras, pilotos, taxistas, sapateiros, pipoqueiros, professores, aqueles que vivem do seu próprio trabalho e antigamente se uniam nos Partidos Liberais, que não existem mais na face da terra. 

Nos Estados Unidos só têm os Republicanos que querem redução dos ganhos de capital, e Democratas que querem Saúde Grátis, e mais 47 benesses, pelo Príncipe Obama. 

Os Liberais querem que simplesmente os deixem trabalhar, que retirem a carga tributária das costas deles, que reduzam a burocracia em tudo que eles têm que fazer. 

Nos Estados Unidos já dizimaram a classe média americana, que ficou sem partido e não sabe em quem votar. 

No Brasil fizemos pior. 

Roberto Mangabeira Unger escreve com todas as letras que o Estado precisa de cooptar a Classe Média, oferecendo Ensino Universitário grátis, empregos públicos vitalícios para os concursados, pensão para filhas solteiras de militares e outras benesses como Lucro Presumido, etc.. 

Metade da nossa classe média já foi cooptada. Inclusive eu, que dependo de uma aposentadoria pública de Professor da USP. 

Jornalistas e Professores Universitários, que ganham 10 vezes o salário mínimo deste país, deveriam a rigor serem Liberais, NeoLiberais, SocialLiberais, ou ComunitariosSociais, enfim. Ganham pelo seu trabalho intelectual. 

Eles não vivem do capital que acumularam e herdaram nem têm mil auxílios do Estado, mas mesmo assim preferem defender os interesses de seus patrões, donos de jornais, ou das outras classes que não as suas. É chique! 

Assim é que as civilizações foram lentamente desaparecendo, a Egípcia, Maia e Asteca. Os Príncipes (Empresários), Sacerdotes (Intelectuais) e os Arrecadadores de Impostos (Economistas) ficaram lentamente sozinhos, sem ter os Arquitetos, Contadores, Engenheiros, Agricultores, Administradores, Escritores, a classe média que mantinha as técnicas daquelas Civilizações. 

É um tiro no pé, mas é o tiro que já nos demos, ao criar a ditadura do Partido Único, da união da direita e esquerda, do Maluf e Sarney com Lula e José Dirceu.Por: Stephen Kanitz

VELHO TRUQUE

“Hegemonia” é isso: o domínio invisível e insensível exercido sobre as consciências pela força da repetição e do hábito impregnado na linguagem, nas rotinas, no “senso comum” (no sentido gramsciano do termo).

Um dos mais velhos truques da propaganda comunista no Brasil é esconder-se por trás de algum comunista americano desconhecido nestas plagas e cantar vitória: “Está vendo? Até os ianques dizem que...” Partindo da premissa popular de que ser americano é um atestado de anticomunismo, até a voz da KGB em inglês soa como uma potente confirmação direitista de qualquer mentira pró-comunista que se pretenda impingir ao cândido leitor brasileiro.

Sempre foi assim. Quando eu era adolescente, esfregavam-me no nariz os artigos de Drew Pearson e me esmagavam com o argumento fulminante: “Está vendo? Até os ianques dizem que...” Acabei, é lógico, acreditando, sem saber que as fontes de informações de Pearson eram dois agentes soviéticos -- coisa que só chegou ao meu conhecimento quatro décadas depois, mas ainda é totalmente ignorada pelo público maior, o qual já nem lembra quem foi Pearson e que tremenda influência teve na política americana.

O engodo tornava-se ainda mais persuasivo quando reforçado por um constante bombardeio de artigos e estudos eruditíssimos que nos provavam por a + b que a mídia americana inteira era um instrumento de propaganda imperialista. Qualquer agente comunista minimamente treinado sabe que a maneira mais eficaz de persuadir a platéia não é usar de um argumento lógico continuado, mas jogar com a tensão entre dois argumentos aparentemente opostos (em geral um implícito, o outro explícito). Quando até os imperialistas admitiam que Fidel Castro era um combatente pela democracia ou que os vietcongues eram patriotas sem um pingo de ideologia comunista nas veias, que brasileiro teria a ousadia de dizer o contrário?

Sempre foi assim. A diferença é que agora esse truque, antigamente usado apenas na imprensa comunista, se tornou norma de redação na grande mídia e multiplicou por mil o seu poder de confundir e ludibriar.

Façam uma revisão do que leram nos jornais brasileiros a respeito de Barack Hussein Obama ao longo das campanhas eleitorais de 2008 e 2012 e verão que, com exceções infinitesimais, as opiniões aí expressas foram de dois tipos e somente dois:

(a) Barack Obama é um progressista moderado, a voz da América esclarecida em luta contra o obscurantismo reacionário e racista.

(b) Barack Obama, sob a aparência de bom moço, é um imperialista ianque como qualquer outro, um “falcão” empenhado em esmagar o pobre mundo sob as patas do Império americano. A única diferença entre ele e John McCain, ou Mitt Romney, é que pelo menos ele não é um caipirão racista como eles.

Forçado a escolher entre o bem absoluto e o mal menor, nos dois casos o “idiota padrão”, que é como nas redações se denomina o leitor médio, acabava sempre ficando com Barack Obama. Se as eleições fossem no Brasil, o candidato democrata teria 99 por cento dos votos sem precisar adulterar as maquininhas como fez em Ohio e na Pensilvânia.

O benefício secundário dessa técnica é habituar o leitor a escolher entre duas opiniões esquerdistas e a acreditar que com isso está desfrutando de um dos prazeres maiores de viver numa democracia, que é o de poder tomar posição livremente nos debates públicos. Com isso, pouco a pouco a democracia vai se reduzindo ao “centralismo democrático” leninista – a livre discussão dentro do Partido --, sem que a multidão bocó perceba a diferença.

Por fim, a coisa mais maravilhosa: com o tempo, os jornalistas sem filiação ideológica explícita se adaptam ao modelo, por mera imitação dos colegas mais velhos, e acabam por se tornar os mais eficientes colaboradores da manobra comunista, justamente porque não têm nenhuma consciência de estar a serviço dela e rejeitam, com esgares de indignação ou trejeitos de sarcasmo, a hipótese de que estão servindo de idiotas úteis. Aliás é precisamente por essa razão que são chamados de idiotas úteis.

“Hegemonia” é isso: o domínio invisível e insensível exercido sobre as consciências pela força da repetição e do hábito impregnado na linguagem, nas rotinas, no “senso comum” (no sentido gramsciano do termo). Construí-la é, por definição, obra de muitas décadas, apoiada na passagem das gerações e no esquecimento coletivo. Só um conhecimento muito fino da história cultural e psicológica da sociedade em que vivemos, aliada a um rigoroso exame retrospectivo da nossa própria biografia interior e à firme disposição de encontrar a verdade para além de toda a pressão do nosso grupo de referência, pode nos libertar de uma influência grudenta e anestésica que se impregna em nossas almas como uma segunda natureza. As pessoas habilitadas a fazer esse exame contam-se nos dedos das mãos, e são ainda mais raras na classe universitária, onde a adaptação ao vocabulário e aos cacoetes mentais do ambiente são condições necessárias da sobrevivência escolar e profissional. A construção da hegemonia aposta na estupidez, na preguiça, no espírito de imitação e na covardia intelectual, qualidades que raramente faltam aos jovens universitários ávidos de reconhecimento.
Por: Olavo de Carvalho  Publicado no Diário do Comércio.

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

COMO O HAMAS ESTÁ TENTANDO ENGANAR A TODOS


Na realidade, o Hamas não mudou nem desistiu do seu sonho de substituir Israel por um estado islâmico que seja patrocinado e armado pelo Irã. A menos que o Hamas mude seu estatuto, as conversas sobre mudanças em sua estratégia servem apenas para disseminar a campanha de engano do movimento.


Será que o Hamas está mesmo caminhando em direção à moderação e ao pragmatismo, como alguns analistas políticos e diplomatas do Ocidente estão acreditando?

E o que alguns dos líderes do Hamas querem dizer quando falam que estão prontos para aceitar um estado palestino "apenas" na Margem Ocidental, na Faixa de Gaza e na parte oriental de Jerusalém?

Essas questões foram levantadas depois que a CNN colocou recentemente no ar uma entrevista[1] com Khaled Mashaal, o "líder político" do Hamas.

Mashaal disse à repórter Christiane Amanpour, da CNN: "Eu aceito um estado palestino de acordo com as fronteiras de 1967, tendo Jerusalém como capital, com o direito de retorno [de milhões de palestinos a Israel]".

Desde então a observação do líder do Hamas tem sido mal interpretada por alguns ocidentais como sendo um sinal de que o movimento radical islâmico, que foi estabelecido 25 anos atrás com o objetivo declarado de destruir Israel, teria agora abandonado sua ideologia e estaria a caminho de endossar uma abordagem mais flexível.

Mas, enquanto Mashaal estava falando à CNN, vários líderes do Hamas na Faixa de Gaza estavam falando -- em árabe --sobre a intenção deles de prosseguir na luta contra Israel até a "liberação de todas as nossas terras, desde o mar até o rio".

A observação de Mashaal não é nada além de uma tentativa de enganar a comunidade internacional, fazendo-a crer que o Hamas adotou a solução de dois estados e está disposto a viver em paz ao lado de Israel.

Na realidade, o Hamas não mudou nem desistiu do seu sonho de substituir Israel por um estado islâmico que seja patrocinado e armado pelo Irã.

Na verdade, o que Mashaal está dizendo é que, como o Hamas está consciente do fato de que não consegue atingir seu objetivo de destruir Israel agora, aceitará quaisquer terras que os israelenses lhe derem e depois continuará a lutar para "libertar" toda a Palestina, desde o rio Jordão até o mar Mediterrâneo.

Ninguém melhor do que o próprio Mashaal expressou esta visão na mesma entrevista à CNN, na qual declarou: "A Palestina, desde o rio até o mar, desde o norte até o sul, é a minha terra. E a terra dos meus pais e avós, habitada pelos palestinos desde há muito tempo. (...) Mas, por causa das circunstâncias da região, por causa da ânsia em parar o derramamento de sangue, os palestinos hoje, e o Hamas, concordaram com o programa que aceita as fronteiras de 1967".

O que Mashaal e outros líderes "moderados" do Hamas estão dizendo é o seguinte: "Deem-nos um estado palestino agora na Margem Ocidental, na Faixa de Gaza e na parte oriental de Jerusalém, para que possamos utilizá-lo como uma plataforma de lançamento para eliminar Israel".

Em uma entrevista com a Al-Jazeera na semana passada, Mashaal admitiu pela primeira vez que o Irã tem fornecido armamento e dinheiro ao Hamas. Ele também revelou que países árabes e islâmicos, bem como indivíduos e organizações, têm apoiado o Hamas militar e financeiramente.

Agora tornou-se claro para a maior parte dos palestinos que um futuro estado palestino seria governado pelo Hamas ou pelo Jihad Islâmico. A popularidade desses dois grupos tem crescido dentre os palestinos, especialmente no alvorecer de sua autodeclarada "vitória" contra Israel durante o recente conflito Israel-Hamas.

O esforço do Hamas de mostrar-se como um movimento "moderado" atingiu seu apogeu quando Mashaal telefonou para Mahmoud Abbas, o presidente da Autoridade Palestina, para expressar apoio à solicitação de elevar o status da entidade palestina como observadora na ONU.

O telefonema de Mashaal foi novamente mal interpretado como um sinal de que o Hamas está disposto a aceitar um estado apenas dentro das linhas anteriores a 1967.

Mas, como representantes do Hamas explicaram mais tarde, o fato de que Mashaal havia acolhido a solicitação de status de estado feita por Abbas não significa que o movimento está preparado para abrir mão de "um centímetro da Palestina".

O Hamas está engajado em uma campanha sutil para ganhar a simpatia da comunidade internacional ao aparecer como se estivesse pronto para abandonar seu sonho de destruir Israel. As observações de Mashaal devem ser vistas no contexto de uma nova tática do Hamas que objetiva transfornar o movimento islâmico radical em um ator legítimo e reconhecido nas arenas internacional e regional.

Aqueles que foram enganados a acreditar nas mentiras do Hamas deveriam ser apresentados ao estatuto do movimento, no qual está claramente declarado: "O Movimento de Resistência Islâmica sustenta que a Palestina é um território de Wakf, (legado hereditário) para todas as gerações de muçulmanos, até o Dia da Ressurreição. Ninguém pode negligenciar essa terra, nem mesmo uma parte dela, nem abandoná-la, ou parte dela. (...)a libertação da Palestina é uma obrigação pessoal de cada muçulmano, onde estiver (...) No dia em que o inimigo conquista alguma parte da terra muçulmana, a jihad (guerra santa) passa a ser uma obrigação de cada muçulmano".

Na próxima vez que a CNN ou qualquer outro meio de comunicação ocidental entrevistar um líder do Hamas, seria aconselhável perguntar se aquele movimento está disposto a mudar seu estatuto. A menos que o Hamas mude seu estatuto, a conversação sobre mudanças em sua estratégia serve apenas para disseminar a campanha de engano do movimento. (Khaled Abu Toameh -- www.gatestoneinstitute.org)

Notas:




Khaled Abu Toameh, um muçulmano árabe, é jornalista veterano, vencedor de prêmios, que vem dando cobertura jornalística aos problemas palestinos por aproximadamente três décadas. Estudou na Universidade Hebraica e começou sua carreira como repórter trabalhando para um jornal afiliado à Organização Para a Libertação da Palestina (OLP), em Jerusalém. Abu Toameh trabalha atualmente para a mídia internacional, servindo como “olhos e ouvidos” de jornalistas estrangeiros na Margem Ocidental e na Faixa de Gaza. Os artigos de Abu Toameh têm aparecido em inúmeros jornais em todo o mundo, inclusive no Wall Street Journal,no US News & World Report e no Sunday Times de Londres. Desde 2002, ele tem escrito sobre os problemas palestinos para o jornal Jerusalem Post. Também atua como produtor e consultor da NBC News desde 1989.

PRIVATIZE JÁ!


Milton Friedman alertava que se o governo fosse colocado para administrar o deserto do Saara, em cinco anos faltaria areia no local. O que aconteceria se o governo fosse o empresário em um país com abundância de fontes baratas de energia?

Sabemos a resposta: apagões frequentes, necessidade de importar combustível e energia cara para os consumidores. É importante notar que este resultado não depende tanto assim de qual partido está no poder, ainda que a capacidade de o PT causar estragos maiores não deva jamais ser ignorada. Mas o principal ponto é que o mecanismo de incentivos na gestão estatal é totalmente inadequado.

Quando o empresário depende do lucro para sobreviver no livre mercado, a busca por excelência passa a ser questão de vida ou morte para ele. Manter a elevada produtividade de sua empresa e atender bem à demanda de seus clientes é crucial para ele prosperar. Para tanto, ele terá de estimular seus bons funcionários, e punir os incompetentes.

Já nas estatais, os “donos” somos nós, sem poder algum de influência em sua gestão, que fica sob o controle de políticos e burocratas cujos interesses diferem dos nossos. A troca de favores políticos para a “governabilidade”, o uso da empresa como cabide de empregos para apaniguados ou instrumento de política nacionalista, o descaso com o “dinheiro da viúva”, estas são as características comuns nas estatais.

Não é coincidência a enorme quantidade de escândalos de corrupção que é divulgada na imprensa envolvendo estatais, tampouco o fato de os setores dominados pelo Estado serem os mais precários. Portos e aeroportos, os Correios, os transportes públicos, as escolas e os hospitais administrados pelo governo, o Detran, os presídios, enfim, basta o Estado intervir muito para estragar qualquer setor da economia.

Quando um partido com mentalidade mais estatizante assume o governo, a situação tende a piorar bastante. A arrogância de que o governo pode fazer melhor do que a iniciativa privada acaba levando a um nefasto modelo “desenvolvimentista”. É o caso do governo atual. A presidente Dilma acredita que é realmente capaz de administrar os importantes setores de nossa economia.

Isso explica a quantidade assustadora de intervenções arbitrárias que tanto mal têm causado ao país. A Petrobras virou símbolo de incompetência, com crescimento pífio da produção e enorme destruição de valor para seus milhões de acionistas. Seu valor de mercado já caiu pela metade desde 2010, mesmo com o preço do petróleo estável no mundo. Enquanto isso, o valor da Ambev quase dobrou no mesmo período e chegou a ultrapassar o da estatal.

Os bancos públicos se transformaram em instrumentos de populismo, fornecendo crédito barato a uma taxa de crescimento irresponsável, que vai acabar produzindo uma bolha imobiliária no Brasil, tal como vimos nos EUA, na Irlanda e na Espanha. A Caixa expandiu sua carteira em 45% nos últimos 12 meses!

O BNDES virou um megaesquema de transferência de recursos dos pagadores de impostos para grandes empresas próximas ao governo. Grupos como JBS, Marfrig e EBX, do bilionário Eike Batista, receberam bilhões em empréstimos subsidiados.

A Eletrobras já perdeu cerca de 70% de seu valor de mercado apenas este ano, pois o governo resolveu usar a estatal como centro de custo para sua meta de reduzir as tarifas de eletricidade na marra, em vez de cortar os impostos (que correspondem a 45% da tarifa final). Como o cobertor é curto, vai faltar recurso para novos investimentos, prejudicando o futuro do setor.

Existem outros exemplos, mas o ponto está claro: o governo costuma ser um péssimo empresário, e isso se deve a fatores estruturais. Quando um partido convencido de sua suposta clarividência chega ao poder, o estrago por meio das estatais tende a ser ainda pior. Estamos vendo exatamente isso na gestão Dilma. Suas medidas estancaram o crescimento econômico, mas a inflação continua elevada.

O Brasil, para usar um termo dos psicólogos, é hoje um caso borderline. O governo sofre do transtorno de personalidade limítrofe. Ele ainda não sabe se quer fazer parte do grupo dos vizinhos mais decentes, como Chile, Colômbia e Peru, ou do “eixo do mal”, com a Venezuela, Argentina, Bolívia e Equador. Pelos sinais emitidos até aqui, ele parece gostar é do fracasso socialista mesmo. Por: Rodrigo Constantino  O Globo

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

CAPITALISMO É LIBERDADE E DIGNIDADE


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Querer que a liberdade seja o princípio organizador de uma sociedade e de todo um modo de vida é um objetivo simples, porém trabalhoso. Aquele que quer esta liberdade deve continuamente batalhar pela liberdade de expor suas ideias, de expressar e discutir suas visões, de se organizar livremente em associações ou grupos não coercitivos, de arranjar sua vida econômica e social da maneira que mais lhe aprouver (desde que seja pacífica) e, principalmente, de poder escolher a forma de governo sob a qual quer viver. Para o homem, desfrutar a liberdade significa trabalhar com o que gosta e com o que lhe dá prazer, encontrar emprego ou fornecer emprego como achar mais adequado, comprar e vender livremente seus bens e serviços, e poder manter suas remunerações. Ser livre é estar desimpedido e desobstruído para buscar seus objetivos econômicos.

A ideologia e o programa político que defende a liberdade individual é o liberalismo. Pelo menos foi assim que tal programa foi rotulado durante a maior parte da história, e foi assim que Ludwig von Mises também o rotulou em suas prodigiosas obras. O liberalismo foi a ideologia dominante entre a Revolução Gloriosa (1688) e a Lei de Reforma de 1867 (que duplicava o número do eleitorado), além de ter sido uma vasta tendência política e social por todo o mundo ocidental. Suas demandas primordiais eram a tolerância e a liberdade religiosa, e o constitucionalismo e os direitos individuais — os quais, por sua vez, forneceram grande ímpeto para a teoria e a prática da liberdade econômica. Os fisiocratas franceses e os economistas liberais ingleses erigiram o postulado econômico do laissez-faire ao defenderem a propriedade privada irrestrita dos meios de produção e os mercados livres e desimpedidos, não sujeitos a nenhuma intervenção política. 

Para Ludwig von Mises, a ordem social baseada na propriedade privada, comumente chamada de capitalismo, era a única ordem econômica e social exequível e duradoura. Foi ela quem deu origem à civilização moderna e a todas as conveniências econômicas já criadas. 



Há apenas a alternativa entre propriedade comunal e propriedade privada dos meios de produção. São inúteis todas as formas alternativas de organização social, as quais na prática se mostram auto-anuladoras. Se também se conclui que o socialismo é inviável, não se pode então deixar de reconhecer que o capitalismo é o único sistema possível de organização social, baseada na divisão do trabalho. Esse resultado, vindo de investigação teórica, não será surpresa ao historiador ou ao filósofo da história. Se o capitalismo tem obtido êxito em manter sua existência apesar da inimizade que sempre encontrou quer dos governos quer das massas, se o capitalismo ainda não foi obrigado a abrir caminho para outras formas de cooperação social, as quais têm gozado, em grau muito maior, das simpatias dos teóricos e de homens de negócios de conhecimento apenas prático, isto deve ser atribuído, tão somente, ao fato de que nenhum outro sistema de organização social é factível. (Ludwig von Mises. Liberalismo — Segundo a tradição clássica)

Não importa o tanto que conheçamos sobre o funcionamento do capitalismo — se muito ou muito pouco —, o fato é que é impossível não admirar suas qualidades resilientes e duradouras. Professores e escritores o fustigam por causar exploração e desigualdades, por gerar monopólios e oligopólios, por contribuir para o desemprego e para o desperdício por sua suposta falta de mecanismos que assegurem o pleno emprego. E, ainda assim, não obstante todas essas acusações falaciosas e paradoxais (quem produz exploração, desigualdade, monopólios e oligopólios, desemprego e desperdício são justamente os sistemas intervencionistas e socialistas), o capitalismo consegue resistir e se manter indiferente a estas críticas.

Moralistas e intelectuais de araque o reprovam em termos morais e culturais, e ainda assim o capitalismo sobrevive, não obstante as censuras e condenações. Políticos falam sobre as urgentes necessidades de se dar mais poder ao setor público, e ainda assim o capitalismo perdura não obstante toda a extorsão e confisco de sua riqueza em prol do setor parasitário. As características mais básicas do capitalismo seguem intactas mesmo nos mais lúgubres e inóspitos cantos do mundo não obstante todas as leis criadas por políticos autoritários contra o capitalismo e toda a força bruta que os governos utilizam contra os cidadãos. Seria porque a propriedade privada e a ordem social baseada nela são elementos profundamente arraigados na própria natureza do ser humano?

É difícil encontrar uma ordem capitalista genuinamente livre e desobstruída em algum lugar do mundo. Governos, que nada mais são do que aparatos políticos de coerção e compulsão, interferem em praticamente todas as manifestações da vida econômica. Governos impõem tributos confiscatórios sobre a produção e a distribuição, e ainda assim empreendedores e capitalistas conseguem produzir vários bens e ofertar uma ampla gama serviços com as migalhas que os governos lhes permitem manter. Governos regulam e restringem a produção, e ainda assim a ordem social baseada na propriedade privada, embora algemada e mutilada, consegue perseverar e produzir bens e serviços. 

Governos estipulam salários e interferem continuamente no sistema de preços, e ainda assim a ordem de mercado consegue continuar respirando na economia subterrânea e nas atividades "informais". Governos inflacionam a moeda, destroem seu poder de compra, expandem o crédito de maneira populista e impõem leis de curso forçado à sua moeda, e ainda assim a produção capitalista consegue sobreviver em meio ao caos da destruição monetária. Governos concedem privilégios econômicos e imunidades legais para sindicatos e permitem que eles perturbem a produção e impeçam empreendedores de utilizar livremente seus meios de produção, e ainda assim, no final, a produção econômica consegue ser retomada, mesmo que a mão-de-obra e a divisão do trabalho parem de funcionar eficientemente. Governos praticam guerras e causam destruição em massa, e ainda assim, quando a carnificina acaba e nada mais existe para o governo planejar, racionar e distribuir à força, ainda há resquícios de capitalismo permitindo a sobrevivência dos vivos. E, no final, é o capitalismo quem produzirá os milagres da reconstrução e as maravilhas da recuperação.

Na maior parte do mundo, o capitalismo é o sistema de última instância. Em economias na qual a liberdade econômica é severamente tolhida pelo governo, é ao capitalismo que seus cidadãos recorrem quando estão na pior e finalmente percebem que sua situação tem de melhorar urgentemente por uma questão de vida ou morte. É ao capitalismo que indivíduos recorrem quando simplesmente querem viver com mais dignidade e mais liberdade. 

Quando a ordem socialista culminar em pobreza e fome, quando absolutamente todas as medidas de coerção política fracassarem abismalmente, quando a mentalidade dos políticos se mostrar incapaz de inventar alguma outra medida autoritária, quando as autoridades policiais finalmente se exaurirem de regular a produção econômica e os tribunais estiverem completamente paralisados por uma infinidade de processos por "crimes contra a economia", a era da ordem de mercado baseada na propriedade privada finalmente terá chegado. Ela não necessita de nenhum plano político, de nenhuma legislação econômica e nem de nenhuma autoridade reguladora. Para surgir e prosperar, ela necessita apenas de liberdade.

Hans F. Sennholz  (1922-2007) foi o primeiro aluno Ph.D de Mises nos Estados Unidos.  Ele lecionou economia no Grove City College, de 1956 a 1992, tendo sido contratado assim que chegou.  Após ter se aposentado, tornou-se presidente da Foundation for Economic Education, 1992-1997.  Foi um scholar adjunto do Mises Institute e, em outubro de 2004, ganhou prêmio Gary G. Schlarbaum por sua defesa vitalícia da liberdade.

Tradução de Leandro Roque

PARA O PT A HISTÓRIA SEMPRE SE REPETE

Uma nova operação da Polícia Federal atingiu o Partido dos Trabalhadores. Não é a primeira vez. Mesmo com todo o estardalhaço causado pelo julgamento do mensalão, parece que nada detém a ânsia de saquear o Erário. Agora, uma das acusadas é a chefe do escritório da Presidência da República em São Paulo, Rosemary Nóvoa de Noronha, que teria negociado pareceres técnicos fraudulentos. Os agentes da PF foram ao escritório chefiado por Rosemary para a devida busca e apreensão de documentos. Indignada, a funcionária não fez o que seria considerado plausível: entrar em contato com seu advogado. Não. Buscou algo superior: o sentenciado José Dirceu. Isto mesmo, leitor. E veja como o Brasil continua de ponta-cabeça. A funcionária petista ligou para Dirceu, com quem tinha trabalhado durante 12 anos, em busca de proteção. O amigo, que, como é sabido, está condenado a dez anos e dez meses de prisão, nada pode fazer. Em seguida, ela tentou falar com o ex-presidente Lula, de quem é amiga. Mas o antigo mandatário está fora do país. Restou Gilberto Carvalho, o onipresente para assuntos deste jaez, mas que também não pode ajudá-la. A sequência dos contatos e a naturalidade são indicativas de como os petistas pouco estão se importando com o clamor popular em defesa da moralização. Continuam se considerando acima do bem e do mal. E, principalmente, acima da lei.


Para piorar — e reafirmar o desprezo pela ética na política e na administração pública — o segundo homem na hierarquia da Advocacia Geral da União, José Weber Holanda, está sendo acusado de fazer parte deste grupo (a expressão correta, claro, deveria ser outra). Fica a impressão de que na administração petista tudo pode, que o governo está à venda.

Frente às denúncias, a presidente Dilma Rousseff vai agir da forma já sabida: exonera o acusado da função, diz que não admite malfeitos e nada vai apurar. Foi este o figurino nestes quase dois anos de governo. Isto explica a sucessão de escândalos. Se o procedimento tivesse sido o de apurar uma denúncia de corrupção, os casos não se sucederiam. Mas o governo sabe que conta com o tempo e o esquecimento. O leitor lembra da primeira denúncia de corrupção? Sabe se foi apurada? E o acusado foi processado? Alguém foi preso?

As últimas denúncias só reforçam o entendimento da lógica de poder do PT. O controle do Estado é um instrumento para se perpetuar no poder. Transformaram o exercício de uma função pública em meio de vida. Vimos no processo do mensalão como o sentenciado José Dirceu resolveu o problema de uma das suas ex-mulheres. Ela queria porque queria um apartamento maior (e quem não quer?). O então todo-poderoso ministro da Casa Civil transferiu o clamor para Marcos Valério, que, prontamente, atendeu a ordem do chefe. O ministro Marco Aurélio, do Supremo Tribunal Federal, em um dos seus votos, destacou este ponto, de como uma “sofisticada organização criminosa” resolvia também problemas pessoais dos seus membros. A história se repetiu: a senhora Rosemary queria fazer uma cirurgia. Resolveu, de acordo com a denúncia, recebendo um suborno. Queria fazer uma viagem em um cruzeiro. E fez. Como? Da mesma forma como realizou a cirurgia.

Nada indica que os detentores do poder vão mudar sua forma de agir. Farão de tudo para manter este estilo — vamos dizer — despojado de tratar a coisa pública. É como se o Estado brasileiro fosse propriedade partidária. E pobre daquele que se colocar no meio deste caminho nada luminoso. Será atacado, vilipendiado, caluniado.

Porém, não podem controlar tudo, todos os poderes da República. Ainda bem. Hoje, o maior obstáculo para a transformação completa da coisa pública em coisa petista é o Poder Judiciário. É sabido — e eu já escrevi sobre isso — que o Judiciário tem muitos problemas e defeitos. É verdade. Mas na quadra histórica que vivemos é o único poder que não é controlado plenamente pelo petismo. Daí o ódio manifestado diuturnamente pelos seus porta-vozes (e não faltam línguas de aluguel), como ainda é possível observar no julgamento do mensalão. A sucessão de derrotas — com as condenações dos réus petistas — deixou transtornados os petistas. Basta ler declarações racistas contra o ministro Joaquim Barbosa, as pressões para a nomeação de um novo ministro “companheiro” — na vaga aberta pela aposentadoria de Ayres Brito — ou simplesmente ter observado o descaso da presidente Dilma Rousseff quando da posse do novo presidente do STF.

O novo passo para sufocar o Judiciário é o projeto, com apoio do PT, que está tramitando na Câmara dos Deputados que retira do Ministério Público o poder investigativo. É uma evidente retaliação. Há uma relação direta entre o julgamento do mensalão, a brilhante denúncia apresentada pelo procurador Roberto Gurgel e a consequente condenação dos petistas e seus asseclas, e esta nova investida. É como se o Ministério Público tivesse cometido uma traição ao produzir provas que levaram a liderança petista de 2005 à cadeia.

Nada indica que o PT vai aceitar a prisão dos seus líderes, apesar do devido processo legal, do amplo direito de defesa, da transmissão de todas as sessões do julgamento pela televisão. Vai fazer de tudo para “melar o jogo”. Criar situações de desconforto político e até, se necessário, uma crise institucional. Suas principais lideranças nunca admitiram a existência de qualquer obstáculo às suas pretensões de exercer o poder sem qualquer prurido. A máxima petista é a de que o bom poder é aquele que é exercido sem qualquer limitação legal.
Marco Antonio Villa é historiador e professor da Universidade Federal de São Carlos

APARIÇÕES

A democracia promove, sem cessar, aparições. Começa a ficar complicado para quem governa domesticar fantasmas. Os espíritos surgem naquilo que Tocqueville descobriu como sendo o espírito da vida democrática: a opinião pública. Esse poder inventado pela igualdade que ele chamava de força geradora da vida liberal.


Sem opinião pública, as aparições somem ou são controladas. Hitler e sua camarilha domesticavam o fantasma do projeto de extermínio de judeus e de categorias marginais como os deficientes, os ciganos e os homossexuais. Havia suspeição do extermínio, não a prova cabal que apareceu na derrocada do nazismo, em 1945, confirmando as atrocidades. O mesmo ocorreu com as torturas da ditadura militar. As torturas eram negadas, ninguém era responsável e até hoje há quem nelas não creia ou admita e, no entanto, tal como os fantasmas, elas existiram.

O fantasma é parente do boato, do banal "ouvi dizer" que serve como alerta, aviso ou premonição. Os antigos psicólogos sociais escreveram sobre o boato como um desejo secreto (a notícia da morte de uma figura pública repudiada, por exemplo); e pelo menos um antropólogo da minha decadente tribo - Max Gluckman - revelou como a intriga e o escândalo eram elementos fundamentais de controle social. De fato, a igualdade de todos perante a lei era uma fantasia no Brasil. Hoje, graças e uma imprensa livre que honra a reportagem investigativa, pois sabe que falcatruas jamais vão ser impressas no Diário Oficial da União, começamos a assistir ao julgamento e à condenação de poderosos membros do governo do PT. Se eles vão mesmo para a prisão é uma outra história, já que pelo menos um ministro do Supremo defende multas pecuniárias em vez de cadeia para crimes de "colarinho branco", essa excrecência jurídica nacional. Ademais, com a figura da prescrição, é possível que nós, o povo - as pessoas comuns, os governados -, tenhamos que indenizar os responsáveis pela politicalha do mensalão e adjacências cujos responsáveis já teriam cumprido suas penas. Os seus ilícitos seriam fuxicos, fantasias, fantasmas e projeções.

O fuxico é a fumaça, o fato que a concretiza é o fogo. Onde há fumaça, há fogo, diz-se confirmando uma perspectiva de plausibilidade humana sem a qual a vida social seria impossível. O fuxico é a fantasia que configura um ato antes de ele ocorrer ou surgir como fato, daí o seu poder controlador. O boato tem que ser tratado com cuidado, tal como se faz com as fantasias, porque certos eventos despertam o lado nosso vingativo. Inimigos políticos tendem a fuxicar com exagero. São inventores de fantasmas porque, muitas vezes, suas fantasias são como os 40 moinhos de vento que Dom Quixote via como gigantes. Quem não se lembra da campanha contra o Plano Real e a sua "herança maldita"? Mark Twain, cuja independência de pensamento causava inveja até mesmo na América dos livres e iguais, disse uma vez que as notícias (ou boatos) sobre sua morte eram muito exagerados.

Isso é suficiente para estabelecer o elo entre a projeção que aciona o desejo e a fantasia. O desejo de morte do inimigo surge antes de sua morte. O adversário vira um fantasma antes mesmo de ser enterrado.

O Brasil da era Lula está coalhado de fantasmas e, mais do que isso, de aparições. É o que leio nos jornais com pavor e vergonha. O julgamento do mensalão deixa ver melhor o queijo suíço de falcatruas, nomeações indevidas e das roubalheiras programadas desses tempos. A todo momento uma nova aparição, como é o caso da super-Rosemary Noronha, essa prova de um aparelhamento deslavado do estado pelo partido no poder que, obviamente, quer ser o poder. O partido que eu e milhões de brasileiros supúnhamos que iria liquidar esse estado provedor, mas ao mesmo tempo canalha, que sempre foi pai dos pobres e mãe dos ricos e, hoje, é a madrinha dos correligionários que, com ele e por meio dele, mas em nome do povo pobre, se tornam milionários!

O procurador-geral da República no seu libelo contra os mensaleiros deu uma medida precisa dos atos vergonhosos que fizeram. O fantasma tornou-se aparição e a aparição virou um cadáver que - espero - tenhamos a coragem de sepultar, ao lado dos crimes cometidos contra o espírito humano nos tempos da ditadura militar. Uma coisa tem uma óbvia ligação com a outra. E uma não pode ser tratada como fantasma (o mensalão) e a outra como verdade, ou vice-versa. Cabe a todos nós rasgar esse véu de uma histórica hipocrisia, sempre justificada pela fantasia dos elos pessoais: aos amigos o heroísmo de um passado que lhes permite tudo; aos inimigos o opróbio da falsidade e dos interesses ocultos. O Supremo liquidou essa lógica, colocando-a nos seus devidos termos. Todos, inclusive e principalmente os amigos, são também sujeitos da lei.

A aparição é como os boatos e fuxicos um exemplo da operação da opinião pública. Essa figura que, numa democracia, representa o todo e a alma de um país democrático. Esse modo de existir que não é mais um fantasma, mas uma realidade de nossas vidas.
Por: Roberto da Matta Estado de SP

domingo, 2 de dezembro de 2012

MOCINHO E BANDIDO

A insegurança de que padecemos tem muito a ver com a ideologia da luta de classes e com o ressentimento da esquerda que nos governa desde 1995.

No meu tempo de infância, em Santana do Livramento, o passatempo preferido das crianças do sexo masculino, superando de longe o futebol em número de adeptos, era brincar de mocinho e bandido. Tratava-se de uma reprodução das perseguições e tiroteios típicos do gênero de filme que mais animava as platéias nas sessões dominicais - o bom e velho bangue-bangue. O resultado era sempre previsível. O sorteado para o papel de bandido enfrentava todos os outros e acabava preso.

As notícias das últimas semanas sobre a exasperação da violência em São Paulo me fez pensar naqueles folguedos infantis. Ao fim e ao cabo, também no Brasil real, todo bandido que não morre antes, um belo dia acaba preso. Mas na manhã seguinte se apresenta de novo para brincar. Prenderam e soltaram. Vamos deixar essa frase assim, na base do sujeito oculto porque, de hábito, os responsáveis pelo soltar jogam a culpa uns sobre os outros. Em novembro de 2010, quando o Rio de Janeiro iniciou a ocupação dos morros com apoio das Forças Armadas, escrevi um artigo - "O Rio espana o morro" - afirmando que a bandidagem, como o pó submetido à ação do espanador, saía dali, mas iria posar em outro lugar. Li, recentemente, no Estadão, que o Primeiro Comando da Capital (o PCC paulista) está abrigando criminosos do Rio, ligados ao Comando Vermelho (o CV). Segundo a matéria, essa interação das duas organizações começou, de fato, com a ocupação do Morro do Alemão e com a subsequente construção de quatro Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) no local.

O fato me leva a algumas certezas. Primeira, fracassará irremediavelmente toda política de segurança pública que não incluir a ampliação dos contingentes policiais e a construção de estabelecimentos prisionais em números suficientes para atender a demanda. Segunda, o mero controle de território e a simples pressão sobre tal ou qual atividade criminosa apenas fazem com que os agentes do crime migrem para outro local ou para outro ramo. Terceira, será infrutífera toda legislação que desconhecer o fato de que a cadeia é o lugar onde os bandidos devem estar. Carência absoluta de penitenciárias é o sonho sonhado por todo delinquente.

A insegurança de que padecemos tem muito a ver com a ideologia da luta de classes e com o ressentimento da esquerda que nos governa desde 1995 (FHC cabe aí dentro, sim senhor) em relação à atividade policial e de segurança pública. Para essa mentalidade, polícia civil, polícia militar, repressão ao crime é tudo aparelho direitista contra os oprimidos. Duas décadas dessa mentalidade nos levaram à situação atual. Não há presídios, os quadros policiais estão esvaziados, as leis penais e processuais têm mais furo do que queijo suíço, e o crime compensa. Sim, o crime, no Brasil, virou um negócio de escasso risco e enorme rentabilidade. E, pior de tudo, sob uma proteção legal e institucional que se impõe à vontade dos próprios agentes da lei. POR PERCIVAL PUGGINA

O IMPÉRIO DAS PURAS COINCIDÊNCIAS


“Afinal, você vai crer em mim ou nos seus próprios olhos?”(Groucho Marx)
obamaforgery

O visconde Christopher Monckton de Brenchley, matemático inglês que deu assessoria ao gabinete de Margaret Thatcher como especialista na aplicação da teoria das probabilidades à avaliação da autenticidade de documentos, firmou duas semanas atrás uma declaração juramentada a respeito da certidão de nascimento de Barack Hussein Obama tal como divulgada pela Casa Branca.

Segundo seus cálculos, a possibilidade de que as pequenas e grandes irregularidades encontradas na certidão sejam puramente acidentais é de 1 para 75 trilhões.

Tal é o grau de confiabilidade do documento. Monckton colocou os resultados da sua análise à disposição dos tribunais americanos, sob pena de perjúrio. Charles Neal Delzell, professor de Matemática da Universidade Estadual da Louisiana, fez por sua vez uma declaração juramentada de que os cálculos do visconde estão corretos.

Mas se a Presidência americana, o Partido Democrata e a grande mídia em peso podem exigir que os eleitores apostem numa probabilidade tão ínfima, ridicularizando e estigmatizando como louco quem quer veja nisso um risco excessivo, por que não poderiam também impor a crédula genuflexão ante outras tantas coincidências fortuitas com margem de erro até mais modesta, reduzida, digamos, a alguns bilhões ou milhões? Por que não poderiam exigir que, para não ser acusados de adeptos de “teorias da conspiração” todos se tornassem devotos da “teoria das puras coincidências”?

Por pura coincidência, o general David Petraeus, que estava marcado para depor no Parlamento sobre a omissão de socorro à legação americana na Líbia, foi repentinamente pego em flagrante vexame de adultério com sua biógrafa Paula Broadwell, sendo forçado a pedir demissão do cargo de chefe da CIA, e, para alívio geral do alto comando obamista, automaticamente dispensado de prestar o depoimento.

Os parlamentares não se deixaram ludibriar e decidiram convocar o general para depor assim mesmo. O que ele disse foi, em substância, que desde o primeiro momento informara à Casa Branca que o ataque em Benghazi fora um ato terrorista premeditado, e que alguém do governo convencera a embaixadora Susan Rice a modificar a história, atribuindo tudo a um protesto popular espontâneo contra um ridículo vídeo anti-islâmico amador divulgado pelo Youtube.

O testemunho do general foi tanto mais importante porque agora se sabe que o embaixador assassinado, Chris Stevens, estava distribuindo armas aos insurgentes sírios, entre os quais se encontravam muitos membros da Al-Qaeda e do Hamas que viriam a participar do ataque ao escritório da legação. Depois essas armas foram também usadas para assassinar 28 civis cristãos. O caso assume portanto as dimensões de um crime de alta traição -- que a lei americana define como “dar ajuda e conforto ao inimigo” – seguido de uma operação de acobertamento.

O FBI declarou oficialmente que teria descoberto o affair Paula Broadwell meses atrás, por acaso, por mero acaso, quando estava investigando outra coisa. Ao espalhar essa desculpa, porém, a agência dava com a língua nos dentes, confessando que decidira adiar a divulgação até depois das eleições. Isso sugeria uma premeditação duplamente maquiavélica: se o adiamento livrou Obama de um escândalo à véspera da votação, a súbita pressa de divulgar o caso antes do depoimento do chefe do seu serviço de inteligência foi um esforço desesperado para livrá-lo de um escândalo maior ainda. Na lentidão como na pressa, o controle do fluxo de informações pelo FBI correspondeu ao timing perfeito para evitar danos à imagem do presidente. Mas, evidentemente, quem pensa assim é teórico da conspiração. As pessoas sãs e equilibradas acreditam piamente que foi tudo coincidência, mera coincidência.

Mera coincidência foi também que o computador da campanha republicana, com a lista dos partidários preguiçosos e recalcitrantes a ser visitados nas últimas horas pelos cabos eleitorais e persuadidos a votar, entrasse em pane justamente no dia da eleição, deixando longe das urnas muitos votos que poderiam fazer diferença em favor de Romney. Novamente, o timing perfeito? Honni soit qui mal y pense. Tudo coincidência, mera coincidência.

Mais coincidência ainda foi que Obama saísse perdendo em todas as zonas eleitorais que exigiam carteiras de identidade com foto dos eleitores, e vencedor naquelas que aceitavam identidades sem foto ou mesmo identidade nenhuma. Coincidência, igualmente, o fato de que até agora todas as máquinas de votar apontadas como defeituosas trocassem sempre os votos de Romney para Obama, jamais deste para aquele.

E também quem, senão um paranóico reacionário, veria algo de suspeito no fato de que, em todas as zonas eleitorais das quais foram excluídos os fiscais republicanos, Obama tivesse entre 99 e 100 por cento dos votos, chegando ao prodígio de ter 108 em uma delas? Coincidência, coincidência, pura coincidência.

As autoridades e a grande mídia têm, por definição, o dom daquilo que se chama “fé pública”: expressam o que a sociedade e as pessoas de bem têm a obrigação de acreditar. Quando, porém, os detentores da fé pública desafiam reiteradamente o cálculo das probabilidades, quando o simples uso da lógica se torna uma abominação e quase um crime, é evidente que se atingiu aquele ponto em que o esquema partidário dominante já desfruta da “autoridade onipresente e invisível de um mandamento divino, de um imperativo categórico”, que Antonio Gramsci descrevia como a situação ideal para a mutação revolucionária da sociedade. Por: Olavo de Carvalho Publicado no Diário do Comércio.

SALVANDO O TRIUNVIRATO GLOBAL



Ninguém ignora que a escolha de Barack Hussein Obama como candidato do Partido Democrata em lugar de Hillary Clinton, em 2008, foi uma imposição, um diktat do Grupo Bilderberg.

A política da elite fabiana não coincide em absolutamente nada com os interesses geopolíticos da nação americana. A demolição do “Império Americano” está no seu programa tanto quanto nos do bloco russo-chinês e do Califado.

O mais óbvio dos erros a que me referi no artigo anterior é o de medir os gigantes pelo seu coeficiente de visibilidade apenas. Nessa escala, o establishment anglo-americano – para usar o termo de Carroll Quigley – fica tão mais volumoso, que os outros dois parecem pigmeus inofensivos empenhados bravamente num combate desproporcional. 

O prof. Alexandre Duguin aproveita-se dessa ilusão de ótica para dar às platéias do Terceiro Mundo a impressão de que os blocos russo-chinês e islâmico são seus companheiros de infortúnio, gemendo juntos sob o tacão do “poder unipolar”.

Ele sabe que essa visão das coisas é falsa, que os três grandes esquemas globalistas são igualmente poderosos, ricos, temíveis, ambiciosos e amorais, além de cúmplices uns dos outros. Quando os favelados mentais da USP o aplaudem, ele ri entre dentes. Imaginem com que satisfação sádica ele não vê a juventudeenragée apoiar, por puro ódio aos EUA, o regime que proíbe a propaganda gay e se apresenta ao público conservador como a nova e puríssima encarnação dos valores cristãos tradicionais, explorando, com destreza admirável, duas credulidades opostas.

Mas não é só o senso das proporções que aí sai distorcido por completo. É a trama real das relações entre os três blocos, que o duguinismo reduz à simploriedade postiça de um conflito esquemático entre dois.

Ninguém ignora que a escolha de Barack Hussein Obama como candidato do Partido Democrata em lugar de Hillary Clinton, em 2008, foi uma imposição, um diktat do Grupo Bilderberg. Também é preciso ter feito juramento de cegueira para não enxergar que, durante o seu primeiro mandato, o ungido do globalismo fez tudo para desbancar o dólar e debilitar a posição dos EUA no cenário internacional, estancou a produção nacional de petróleo, gás e carvão, atrofiou o sistema americano de defesa, pôs seu país de joelhos ante a China e a Rússia e, tanto no Oriente Médio quanto em suas políticas de segurança interna, deu mão forte aos arautos do Califado universal. Igual favorecimento à expansão islâmica tem orientado a política da União Européia e de vários governos do Velho Mundo abençoados pela internacional fabiana.

Bastam esses fatos para mostrar, acima de qualquer possibilidade de dúvida, que:

(1) A política da elite fabiana não coincide em absolutamente nada com os interesses geopolíticos da nação americana. A demolição do “Império Americano” está no seu programa tanto quanto nos do bloco russo-chinês e do Califado.

(2) O único “poder unipolar” que existe não tem um centro geopolítico, mas reside na área de interseção entre os três grandes esquemas globalistas.

(3) O futuro do mundo, a curto e médio prazo, depende de saber se a frágil unidade que ainda vigora nessa área de interseção vai predominar sobre os interesses de cada esquema globalista em particular ou se o tripé vai ceder, jogando os três esquemas um contra o outro, ou dois contra um. Na primeira dessas hipóteses, teremos uma ditadura mundial. Na segunda, a guerra mundial. Dos três blocos, o único que está preparado para a segunda hipótese, militar e ideologicamente, é o russo-chinês. O islâmico – com a exceção do Irã, que é um boi-de-piranha de Moscou -- tem mais a ganhar com a expansão pacífica e a chantagem terrorista, ao passo que o bloco Ocidental procura desarmar-se a olhos vistos, tudo apostando na unidade da ditadura mundial em que os Estados nacionais perdem autonomia na esfera internacional ao mesmo tempo que enrijecem seus controles sociais internos. A vitória de Barack Hussein Obama é mais um passo nessa direção, um indicador claríssimo de que os EUA vão prosseguir na sua política de autodesmantelamento militar e econômico aliado à expansão ilimitada dos mecanismos de controle policial da sociedade, segundo os mesmos cânones “politicamente corretos” que os organismos internacionais vêm impondo a todos os países do hemisfério Ocidental. Até onde será possível prosseguir nessa via é algo que depende de como a elite ocidental vai manejar a sua contradição constitutiva: ela tem de debilitar o poderio americano para subjugá-lo ao comando internacional, mas de outro lado continua precisando dele, por enquanto, como sua base militar. Nada poderia evidenciar mais claramente a sua natureza de parasita.

A pergunta decisiva, para os próximos anos, é: a Rússia e a China vão se contentar em prosseguir desfrutando do seu quinhão na partilha do mundo entre os três grandes blocos, ou vão tentar um golpe de mão para livrar-se dos parceiros e apossar-se de tudo de uma vez?

Obama já foi pego de calças na mão em pleno ato de prometer aos russos que, no seu segundo mandato, fará toda sorte de concessões para aplacá-los e salvar a unidade do triunvirato global. Foi sob o mesmo pretexto que ele afagou as pretensões da Fraternidade Islâmica, obtendo como únicos resultados o acréscimo da violência terrorista e o fiasco de Benghazi.

Vladimir Putin sabe que, em última instância, a unidade é inviável. Ele tira proveito dela, por enquanto, mas, entre o triunvirato global e o Império Eurasiano, sua escolha já está feita.

Por: POR OLAVO DE CARVALHO Publicado no Diário do Comércio

ENTENDA ESTE PÍFIO CRESCIMENTO DO PIB


Mantega-1


Dilma está preocupada e convocando economistas para entender porque o Brasil não cresce além do crescimento populacional. Um fiasco e tanto. 

Ela usou todos os conhecimentos da ciência econômica: estímulos fiscais, redução de juros, PAC, bolsa família e bolsa consumo, empréstimos políticos via BNDES a juros de amigo, e nada. 

Guido Mantega, outro economista no governo, além de não ter previsto o fracasso, diz que "nós economistas não sabemos ainda o que aconteceu". Assustador. 

DIlma anda perguntando como aumentar os "espíritos animais dos empresários" e como "tirá-los do armário", uma falta de tato mercadológico ainda mais assustador. 

Eliana Cardoso, economista do MIT, faz uma importante mea culpa no o Estadão de 28/11/2012. 

"Nós economistas pulamos da fase teocrática para a caótica, o que explica tantas falhas no entendimento do nosso desenvolvimento". Parabens Eliana. 

Finalmente, diz Eliana, poucos economistas ainda acreditam em Caio Prado Jr. em Formação do Brasil Contemporâneo, e Celso Furtado em Formação Econômica do Brasil, adotados por 40 anos nas melhores escolas. 

"Também desacreditada fica a hipótese de uma produção para a exportação", grande bandeira dos economistas da Cepal. 

E agora vem a nova descoberta de Eliana. 

"O desenvolvimento da economia depende dos empresários inovadores". 

Não acertam uma. Eliana mostra o seu total desconhecimento do Brasil administrativo, mais "uma falha de entendimento". 

Robert Coase, que se intitula "Prêmio Nobel De Economia", escreve um poderoso artigo Precisamos Salvar a Economia dos Economistas, que todo economista deveria ler. 

Tese que este blog vem defendendo há 40 anos e aceito de bom gardo o apoio de um Robert Coase. Obrigado, poderia ter me apoiado antes. 

Nunca tivemos no Brasil empresários inovadores, Eliana, e não foram eles que fizeram o país crescer. 

Nossos empresários foram copiadores. 

Copiavam inovações que deram certo nos Estados Unidos e introduziram estas inovações no Brasil. 

Roberto Marinho introduziu "television", Abílio Diniz o "supermarket", Walter Moreira Salles, o "retail banking", Roberto Young "franchising", Bob's introduziu o "fast food", sem falar da "internet", "email", "blog", "leasing", "credit card", etc.. 

No Brasil, esta teoria de "empresários inovadores" é furada. Basta ver as nossas patentes. 

O que é triste, Dilma, Eliana, e jornalistas como Celso Ming, estão na realidade copiando teorias econômicas de Shumpeter e Coase, e não pesquisando a realidade brasileira. 

Mais uma categoria de "copiadores", como nossos empresários. 

E nem copiar direito souberam. 

Muitos dos nossos setores foram copiados muito mais tarde do que deveriam, outros vieram muitos antes. 

A Revista Veja amargou prejuízos por 11 anos seguidos, colocando a própria Abril em risco. 

Por outro lado, a edição Melhores e Maiores, cujo lucro foi imediato, e que manteve a revista Exame por 11 anos no equilíbrio, mostra que deveria ter sido introduzido muito antes, mas não foi. 

Estes senhores supriram é "capital", não inovação, capital muitas vezes de amigos no BNDES ou Banco do Brasil, a juros subsidiados. 

Assim até eu. 

Portanto estes "empresários" brasileiros não foram assim tão necessários, não inovaram, simplesmente copiaram e supriram capital. 

Quem fez estas empresas crescer foram seus administradores que implantaram as suas ideias, copiadas. 

Tanto é que nos Estados Unidos, Bill Gates, Steve Jobs, Mark Zukerman não eram "empresários" e sim alunos e sem capital. 

As próprias Universidades os estimulavam a criarem empresas, quando aqui estimulam os alunos a nunca trabalhar numa empresa e sim ter um emprego público. 

O Brasil não cresce, porque está nas mãos de pessoas que confessadamente não entendem nada deste Brasil. 

Não foi a "visão" de Abílio Diniz, Walter Salles, que fez suas empresas crescerem. Foram os executivos destas empresas. 

Quer saber como fazer o Brasil crescer ? 

Basta seguir o conselho de Eliana Cardoso, Robert Coase, e tantos outros. 

Precisamos salvar a economia brasileira dos economistas. 

Agora não sou eu somente que digo isto. Até que enfim. Por: Stephen kanitz

sábado, 1 de dezembro de 2012

CÍMPLICE DOS MENSALEIROS ASSUME PRESIDÊNCIA DO STF

O país todo parece estar obnubilado pelo brilho da careca de Joaquim Barbosa. Por sua atuação no julgamento do mensalão, já foi lançado por ingênuos como candidato à Presidência da República. A imprensa toda, demonstrando um racismo empedernido, saúda o primeiro ministro negro do STJ. Que interessa a cor da pele? O que importa é que tenha competência, isenção, cultura jurídica. 


Outros, mais apressados, defendem que a nomeação de Barbosa evidencia o absurdo da lei de cotas: o afrodescendentão teria sido nomeado por seus próprios méritos. “O novo presidente tem origem humilde. Filho de pedreiro, aos 16 anos viajou sozinho à capital federal, onde trabalhou como faxineiro e em uma gráfica. Formou-se em Direito pela Universidade de Brasília, foi oficial de chancelaria e advogado de órgãos públicos até iniciar sua carreira como procurador”.

Devagar com o andor, gente. Como por seus próprios méritos? Barbosa pode ter chegado à magistratura por seus próprios méritos. Mas foi nomeado ministro exatamente por ser negro. Lula quis ser o primeiro presidente a colocar um negro na Suprema Corte e hoje deve estar se arrependendo amargamente de sua idéia.

Ao assumir a Presidência do STJ, Barbosa defendeu o tratamento igualitário das pessoas que apelam ao Judiciário. "É preciso ter honestidade intelectual para dizer que há um grande déficit de justiça entre nós. Nem todos os brasileiros são tratados com igual consideração quando buscam o serviço público da Justiça. O que se vê aqui e acolá, nem sempre, é claro, é o tratamento privilegiado, o by-pass (ignorar, em inglês), a preferência desprovida sem qualquer fundamentação racional", disse Barbosa durante seu discurso. 

Quem está afirmando isto é o homem que votou pela instituição das cotas raciais. Isto é, defendeu a idéia de que negro tem mais direitos que branco só por ser negro. Votou pelo tratamento privilegiado, pela preferência desprovida sem qualquer fundamentação racional. Pior ainda, rasgou a Constituição ao fazer letra morta do artigo que versa sobre a igualdade de todos perante a lei. A bem da verdade, desta decisão racista participaram todos os demais membros do egrégio sodalício - como eles, ministros, adoram definir o STF.

Não bastasse esta manifestação evidente de racismo às avessas, Barbosa criou agora uma nova categoria, a dos jornalistas brancos. Quando o jornalista Luiz Fara Monteiro, da TV Record, perguntou-lhe se estava "mais tranquilo, mais sereno", após a sua primeira sessão presidindo o STF, Barbosa reagiu com animosidade. 

"Logo você, meu brother! Ou você se acha parecido com a nossa Ana Flor [repórter da agência Reuters, que é loira]? A cor da minha pele é igual à sua. Não siga a linha de estereótipos porque isso é muito ruim. Eles [os demais jornalistas, majoritariamente brancos] foram educados e comandados para levar adiante esses estereótipos. Mas você, meu amigo?"

Fara é negro. Ou seja, há perguntas que um jornalista negro não pode fazer. Só são admissíveis em jornalistas brancos. Assim é o homem que a imprensa hoje saúda como salvador da pátria.

Os jornalistas esquecem – e parece que sou o único a lembrar – que o juiz que hoje pune a compra de votos é o mesmo que ratificou a legislação decorrente da compra de votos. O Joaquim Barbosa que hoje é visto como herói é o mesmo Joaquim Barbosa que votou pela improcedência da ADI 3104/07, sacramentando assim a compra de votos. O STF que hoje envia mensaleiros para a cadeia é o mesmo que um dia rasgou a Constituição, avalizando a tunga dos aposentados e negando o direito adquirido.

Ora, direis, o ministro não sabia. Difícil não saber, quando o mensalão foi denunciado em 2005. Mesmo que Joaquim Barbosa – aliás, como Lula – de nada soubesse, Joaquim Barbosa votou contra o direito adquirido. Será por isso que o STF faz boquinha de siri quando se fala em anular a lei comprada. Afinal seus juízes avalizaram a compra de parlamentares. 

Barbosa, caríssimos, foi cúmplice dos mensaleiros. E jornal algum fala nisso.

Por: Janer Cristaldo

DIA DA CONSCIÊNCIA INDIVIDUAL

Cada indivíduo possui diversas características que ajudam a identificá-lo, entre elas: crença religiosa, altura, classe social, sexo, visão política, nacionalidade e cor da pele. O coletivista é aquele que seleciona arbitrariamente alguma dessas características e a coloca no topo absoluto da hierarquia de valores. Para o nacionalista, a nacionalidade é a coisa mais relevante do mundo. Para o socialista, a classe é tudo que importa. Para o racialista, a “raça” define quem somos. Todos eles ignoram a menor minoria de todas: o indivíduo. 


Schopenhauer disse: “A individualidade sobrepuja em muito a nacionalidade e, num determinado homem, aquela merece mil vezes mais consideração do que esta”. De fato, parece estranho se identificar tanto com alguém somente com base no local de nascimento. O mesmo pode ser dito sobre a cor da pele. Deve um liberal negro ter mais afinidade com um marxista negro do que com um liberal branco? Fica difícil justificar isso. 

Entretanto, o “Dia da Consciência Negra” apela exatamente para este coletivismo. Consciência é algo individual; não existe uma “consciência negra”. Compreende-se a luta contra o racismo, justamente uma forma de coletivismo que deprecia um grupo de indivíduos por causa de sua cor. Mas não creio ser uma boa estratégia de combate ao racismo enaltecer exatamente aquilo que se pretende atacar: o conceito de “raça”. Um mundo onde indivíduos são julgados por seu caráter, não pela cor da pele, como sonhava Martin Luther King, não combina com um mundo que celebra a consciência de uma “raça”. 

A origem do feriado coloca mais lenha na fogueira. Zumbi dos Palmares, ao que tudo indica, tinha escravos. Era a coisa mais natural do mundo em sua época. Ele lutava, portanto, pela sua própria abolição, não da escravidão em si. A humanidade conviveu com a escravidão desde sempre. Diferentes conquistadores transformaram em escravos os conquistados. Os gregos, romanos, incas, astecas, otomanos, todos fizeram escravos. As principais religiões consideravam isso algo normal. Não havia um critério racial para esta nefasta prática. Os próprios africanos eram donos de escravos. 

Somente o foco no indivíduo, com o advento do iluminismo, possibilitou finalmente enterrar as correntes da escravidão. A Declaração da Independência Americana seria a síntese desta nova mentalidade. Os principais abolicionistas usaram suas poderosas palavras como argumento definitivo contra a escravidão. No famoso caso Amistad, em 1839, o ex-presidente John Quincy Adams fez uma defesa eloqüente dos africanos presos: “No momento em que se chega à Declaração de Independência e ao fato de que todo homem tem direito à vida e à liberdade, um direito inalienável, este caso está decidido”. 

O Brasil apresenta um agravante prático: a própria noção de “raça”. Afinal, aqui predomina a mistura, como o recém-falecido Lévi-Strauss percebeu em Tristes Trópicos. Para o antropólogo, ‘negro’ é um termo que “não tem muito sentido num país onde a grande diversidade racial, acompanhando-se de pouquíssimos preconceitos, pelo menos no passado, possibilitou misturas de todo tipo”. Como celebrar a “consciência negra” num país de mestiços, caboclos e cafuzos? Deve o mulato priorizar uma parte de sua origem, em detrimento da outra? A mãe negra é mais importante que o pai branco, ou vice-versa? 

Eu gostaria muito de viver num país onde não houvesse racismo. Infelizmente, acho que feriados que enaltecem a consciência da “raça” não ajudam. Seria melhor criar o “Dia da Consciência Individual”.
Publicado no Blog do Rodrigo Constantino 

fonte original O GLOBO