terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

A ISLAMIZAÇÃO DA ALEMANHA EM 2015

"Nós estamos importando conflitos religiosos"

Uma turba de mil vândalos de "origem árabe ou do norte da África" abusou sexualmente de mais de 100 mulheres alemãs no centro da cidade de Colônia na Véspera do Ano Novo. Ataques semelhantes também ocorreram em Hamburgo e Stuttgart. A Prefeita de Colônia Henriette Reker, salientou que "sob nenhuma circunstância" devem os crimes ser atribuídos aos candidatos a asilo. Muito pelo contrário, ela culpou as vítimas pelos abusos.

"Não há nada de errado em serem orgulhosos patriotas alemães. Não há nada de errado em querer que a Alemanha permaneça livre e democrática. Não há nada de errado em preservar nossa própria civilização judaico-cristã. Esta é a nossa obrigação". — Geert Wilders, político holandês discursando em um comício em Dresden.

"Estamos importando o extremismo islâmico, antissemitismo árabe, conflitos nacionais e étnicos de outros povos, bem como diferentes entendimentos de como funciona uma sociedade e o estado de direito. As agências de segurança da Alemanha são incapazes de lidar com esses problemas de segurança importados e as consequentes reações da população alemã. — De um documento do governo vazado, publicado pelo jornal Die Welt.

A Alemanha irá gastar pelo menos €17 bilhões (US$18,3 bilhões) com os candidatos a asilo em 2016.

A Arábia Saudita estava disposta a financiar a construção de 200 novas mesquitas na Alemanha para acomodar candidatos a asilo. — Frankfurter Allgemeine.

A população muçulmana da Alemanha disparou com a entrada de mais de 850.000 imigrantes em 2015, remetendo pela primeira vez para cerca de 6 milhões de muçulmanos no país.

Dos um milhão de migrantes e refugiados que ingressaram na Alemanha em 2015, acredita-se que pelo menos 80% (800.000) são muçulmanos, de acordo com uma estimativa realizada pelo Comitê Central de Muçulmanos na Alemanha (Zentralrat der Muslime in Deutschland, ZMD), um grupo representativo dos muçulmanos sediado em Colônia.

Além dos recém-chegados, a taxa de crescimento natural da população muçulmana que já reside na Alemanha é de aproximadamente 1,6% ao ano (77.000), de acordo com a projeção de dados de um estudo recente realizado pelo Pew Research Center sobre a população muçulmana na Europa.

Com base nas projeções do Pew, a população muçulmana da Alemanha atingiu o estimado de 5.068.000 no final de 2014. Os 800.000 migrantes muçulmanos que estão entrando na Alemanha em 2015, junto com o crescimento natural de 77.000, indicam que a população muçulmana da Alemanha saltou cerca de 877.000 pessoas, atingindo segundo estimativas 5.945.000 no final de 2015. Com isso a Alemanha esta competindo com a França pela maior população muçulmana da Europa Ocidental.

A imigração em massa de muçulmanos está acelerando a ascensão do Islã na Alemanha. Ela também é responsável por uma série de rupturas sociais, incluindo epidemia de estupros, crise na Saúde Pública e a corrida de cidadãos alemães para a compra de armas de defesa pessoal. Segue uma visão geral em ordem cronológica de uma seleção dos casos mais importantes de 2015.

JANEIRO de 2015

8 de janeiro. Um levantamento publicado pela Fundação Bertelsmann constatou que por conta do crescimento da população muçulmana: 57% dos alemães acreditam que o Islã está ameaçando a sociedade alemã, 61% acreditam que o Islã não se encaixa na sociedade ocidental, 40% se sentem como "estrangeiros em seu próprio país".

9 de janeiro. A revista Der Spiegel informou que o Departamento Federal de Polícia Criminal da Alemanha (Bundeskriminalamt, BKA) colocou em prática um plano de emergência para impedir que terroristas islâmicos realizem atentados na Alemanha. Agências de segurança estaduais e federais receberam a ordem de localizar o paradeiro de cerca de 250 islamistas alemães e de outras "pessoas relevantes". A revista também informou que o BKA tem provas "que as principais cidades européias podem ser atacadas a qualquer hora".

11 de janeiro. As redações do jornal Hamburger Morgenpost foram atacadas com bombas incendiárias depois que o jornal, em solidariedade à revista francesa Charlie Hebdo, publicou as mesmas charges na capa, em nome da liberdade de expressão.

Em uma entrevista concedida ao jornal Bild am Sonntag, o Ministro do Interior Thomas de Maizière confirmou que a inteligência alemã estava monitorando "cerca de 260 indivíduos" que podiam, potencialmente, atacar a qualquer momento. Ele disse o seguinte:

"Temos em nosso meio cerca de 260 elementos perigosos (Gefährder). Também temos cerca de 550 pessoas que viajaram para as zonas de conflito na Síria e no Iraque. Entre 150 e 180 voltaram para a Alemanha e 30 delas são fundamentalistas altamente treinados. Eles apresentam uma grave ameaça à nossa segurança. Estou muito preocupado que esses fundamentalistas estejam tão bem preparados como aqueles de Paris, Bruxelas, Austrália e Canadá. É uma situação de extrema gravidade".

De acordo com o Bild são necessários pelo menos 60 policiais para monitorar, de maneira eficiente, apenas um jihadista alemão a cada 24 horas. O jornal questionou se a Alemanha tem seguranças, o suficiente, para rastrear todos os terroristas em potencial. De Maizière reconheceu: "tivemos sorte, até agora. Infelizmente, não é sempre assim".

12 de janeiro. Mais de 25.000 pessoas apareceram na cidade de Dresden, para um encontro semanal do movimento popular conhecido pelo nome de PEGIDA, sigla de "Europeus Patriotas contra a Islamização do Ocidente". No que se tornou a maior concentração já vista até hoje, os participantes da passeata usavam tarjas pretas em volta do braço, observaram um minuto de silêncio em homenagem às "vítimas do terrorismo em Paris".

Em sua página no Facebook, o PEGIDA escreveu que o ataque contra o Charlie Hebdo em Paris confirmou seus piores pesadelos. Ela dizia o seguinte:


"Os islamistas, sobre os quais o PEGIDA vem advertindo há 12 semanas mostraram à França que são incapazes de viverem democraticamente, que preferem a violência e a morte! Nossos políticos querem que acreditemos no oposto. Será que uma tragédia tem que acontecer aqui na Alemanha primeiro???"

12 de janeiro. A Chanceler Angela Merkel repudiou o movimento PEGIDA dizendo que o Islã "pertence à Alemanha".

12 de janeiro. Khaled Idris Bahray, eritreu, muçulmano, refugiado e candidato a asilo de 20 anos de idade, foi esfaqueado até a morte em Dresden. A mídia européia foi mais do que depressa jogar a culpa no PEGIDA por incitamento ao assassinato. O jornal Guardian de Londres noticiouque o assassinato "expõe tensões raciais" e "sentimento anti-imigração" na Alemanha. Em 22 de janeiro, no entanto, os promotores alemães disseram que o companheiro de quarto de Bahray, de 26 anos de idade, também eritreu tinha confessado o esfaqueamento.

14 de janeiro. O gabinete alemão aprovou um plano para confiscar as carteiras de identidade de conhecidos islamistas, tornando mais difícil a saída deles do país para lutarem ao lado do ISIS.

15 de janeiro. A polícia na Baixa Saxônia prendeu um jihadista libanês-alemão de 26 anos de idade, identificado como Ayub B., acusando-o de participar da jihad na Síria. Também em 15 de janeiro, a polícia de Pforzheim invadiu os apartamentos de dois salafistas balcânicos.

16 de janeiro. Mais de 250 policiais vasculharam 11 dependências em Berlim. Eles detiveram cinco islamistas turcos, incluindo um turco de 41 anos identificado como Ismet D., que se refere a si mesmo como "Emir de Berlim".

20 de janeiro. Mais de 200 policiais invadiram 13 propriedades ligadas a islamistas em Berlim e nos estados orientais de Brandemburgo e Thuringia.

21 de janeiro. O fundador e líder do PEGIDA, Lutz Bachmann, renunciou de uma hora para outra, depois que a mídia alemã publicou uma foto dele com um corte de cabelo e bigode no estilo de Adolf Hitler. Em posts no Facebook, ele se referiu aos candidatos a asilo como "lixo" e "imundos". Os inimigos do PEGIDA dizem que a foto, tirada pelo menos dois anos antes da ascensão do grupo à notoriedade, prova que o movimento é movido pelo racismo. Bachmann insiste que a foto nada mais é do que uma sátira.

21 de janeiro. A Diocese Católica Romana de Münster baniu Paul Spätling, um padre Católico Romano de pregar, depois que ele discursou em um comício do PEGIDA em Duisburg. Ele deu o seguinte recado a um grupo de 500 ouvintes: "a Europa está em guerra com o Islã há 1.400 anos. É inacreditável que a Chanceler Angela Merkel tenha dito que o Islã pertence à Alemanha". Stephan Kronenburg, porta-voz da diocese salientou: "com essas declarações ele incita hostilidade contra o Islã, nós consideramos isso perigoso".

25 de janeiro. O primeiro-ministro do estado alemão oriental da Saxônia Stanislaw Tillich,discorda da declaração de Merkel de que o "Islã pertence à Alemanha". Ele disse o seguinte: "os muçulmanos são bem-vindos à Alemanha e podem praticar sua religião. Mas isso não significa que o Islã faz parte da Saxônia". A capital da Saxônia é Dresden, sede do movimento PEGIDA.

29 de janeiro. A comissão do carnaval em Colônia rejeitou planos para construir um carro alegórico com o tema Charlie Hebdo. O cancelamento foi provocado devido a temores segundo os quais o carro alegórico poderia apresentar uma ameaça à segurança. O carro alegórico seria apresentado em 16 de fevereiro como uma manifestação de apoio à França e à revista Charlie Hebdo. O design, escolhido pelo público em uma votação online, exibia um cartunista forçando um lápis em um cano de revólver de um terrorista.

Também em janeiro, a rede alemã de supermercados Aldi, retirou a marca de um sabonete líquido das prateleiras após reclamações de que a embalagem era ofensiva aos muçulmanos. Aldi disse que a embalagem do sabonete líquido Ombia 1001 Nights, que retrata uma mesquita com cúpula e minaretes, juntamente com uma lanterna e uma masbaha (rosário muçulmano), tinha como objetivo evocar um cenário do Oriente Médio.

Clientes muçulmanos publicaram posts com reclamações na página do Facebook da Aldi. "Ao ver o sabonete líquido da Ombia nas prateleiras do supermercado, fiquei um tanto chocado com a embalagem que retratava uma mesquita", escreveu um cliente. "A mesquita com a cúpula e os minaretes são símbolos de dignidade e respeito para os muçulmanos. É por esta razão que eu não acho apropriado retratar uma imagem tão significativa em um artigo de uso diário".

FEVEREIRO de 2015

8 de fevereiro. O jornal Die Welt revelou que os promotores públicos alemães estavam investigando 83 jihadistas alemães, por crimes de guerra baseados em atrocidades cometidas em nome do Estado Islâmico.

12 de fevereiro. O jornal Hamburger Morgenpost noticiou que políticos do alto escalão, que representam o Estado da Saxônia e a Cidade de Dresden, usaram secretamente mais de €100.000 (US$115.000) de dinheiro do contribuinte para financiarem uma manifestação contra o PEGIDA realizada em Dresden em 10 de janeiro. O objetivo da manifestação, que contou com a presença de mais de 35.000 pessoas, era o de retratar os partidários do PEGIDA como "intolerantes" e "preconceituosos", para contrastar com a maioria dos cidadãos de Dresden, que são considerados "cosmopolitas" e "comprometidos com a tolerância".

15 de fevereiro. A cidade de Braunschweig cancelou um programado desfile de carnaval por conta de uma "ameaça específica de um ataque terrorista".

26 de fevereiro. O Presidente do Comitê Central dos Judeus, Josef Schuster, alertou os homens judeus a não usarem a quipá (pequeno barrete circular usado por judeus religiosos) se estiverem em bairros muçulmanos de Berlim. "É um desdobramento que eu não poderia imaginar cinco anos atrás", segundo ele. "Com toda certeza é assustador".

MARÇO de 2015

6 de março. A polícia de Bremen alertou que islamistas estavam conspirando para atacar a catedral da cidade e também uma sinagoga. Dois suspeitos foram detidos em uma batida policial em uma mesquita local.

7 de março. O Xeque Abu Bilal Ismail, um imã dinamarquês que pregou a morte de judeus em um sermão na mesquita Al-Nur de Berlim, foi considerado culpado e condenado a pagar uma multa de €9.600 (US$10.300). "Ó Alá," disse Ismail", destrua os judeus sionistas. Eles não são páreo para o senhor. Enumere-os e mate-os até que não sobre nenhum. Não poupe unzinho sequer. Ó Senhor traga tormenta sobre deles". Depois ele ressaltou que suas palavras foram tiradas do contexto.

12 de março. Um tribunal de Berlim multou o pai e dois tios de Nasser El-Ahmad, um libanês muçulmano de 18 anos de idade por tentarem forçá-lo a se casar com uma mulher, apesar dele ser abertamente homossexual. El-Ahmad disse que seu pai ameaçou cortar sua garganta e seu tio jogou gasolina em cima dele porque eles se recusavam a aceitar o fato dele ser homossexual. Observadores dizem que esse caso prova que homens também podem ser vítimas de casamentos forçados.

14 de março. Hooligans, salafistas, PEGIDA e contramanifestantes de extrema-direita invadirama cidade de Wuppertal. Esta foi a primeira vez que os grupos realizaram eventos, todos ao mesmo tempo. Mais de 100 policiais foram posicionados para manter a calma.

26 de março. O Ministro do Interior Thomas de Maizière baniu o grupo salafista Tauhid, que segundo ele estava recrutando jihadistas para lutarem na Síria e no Iraque.

ABRIL de 2015

8 de abril. O Chefe da Polícia Federal Dieter Romann revelou que em 2014 mais de 57.000 pessoas tentaram entrar ilegalmente no país, um salto de 75% em comparação com 2013. Além disso, a polícia deteve 27.000 pessoas que conseguiram entrar no país e lá residirem ilegalmente, um salto de 40% também em relação ao ano passado. A maioria dos imigrantes ilegais vieram da Síria, Eritréia, Sérvia, Somália, Kosovo e Afeganistão.

13 de abril. O político holandês Geert Wilders discursou em um comício do movimento popular anti-islamização alemão conhecido como PEGIDA na cidade oriental de Dresden. Wilders ressaltou: "não há nada de errado em serem orgulhosos patriotas alemães. Não há nada de errado em querer que a Alemanha permaneça livre e democrática. Não há nada de errado em preservar nossa própria civilização judaico-cristã. Esta é a nossa obrigação".

22 de abril. A Fundação Konrad Adenauer, um instituto interdisciplinar de estudos em Berlim,anunciou o lançamento do "Muslimisches Forum Deutschland" (Fórum Muçulmano da Alemanha). O novo fórum tem como objetivo promover as vozes dos muçulmanos liberais para contrabalançar a influência de grupos muçulmanos extremistas na Alemanha.

Também em abril, Dennis Cuspert, o artista alemão do rap que virou jihadista, apareceu em um vídeo de música rap em uma propaganda do ISIS com a seguinte letra:

"Aos inimigos de Alá. Onde estão suas tropas? Não podemos esperar mais. Ó Alá, destrua-os! Conceda-nos a vitória sobre eles. Tire de nós. Faça-nos honrados. Tire de nosso sangue. Fisabilillah (aquele que luta pela causa de Alá)...

"Nós queremos seu sangue. Ele tem um sabor delicioso... Na Alemanha, células adormecidas estão esperando a hora. Os irmãos estão chegando. Aterrorizando oKafir (incrédulo).

MAIO de 2015

1º de maio. A polícia de Oberursel, um subúrbio de Frankfurt, cancelou uma corrida de bicicletas com 5.000 participantes profissionais inscritos, por recear que terroristas islâmicos estariam planejando um atentado contra o evento.

20 de maio. O Ministro do Interior da Alemanha Thomas de Maizière discursou em uma conferência em Berlim chamada "Vida Judaica na Alemanha: Ela corre perigo"? Ele disse isso em 2014, os crimes de ódio antissemita saltaram 25% e muito desse aumento se deve aos ataques perpetrados por imigrantes muçulmanos.

23 de maio. O exército alemão anunciou que irá recrutar seu primeiro imã para os 1.600 soldados muçulmanos.

JUNHO de 2015

3 de junho. Mais de 90 policiais foram convocados para separar uma briga entre 70 membros de um clã de imigrantes rivais em um playground público de Moabit, uma área mais pobre nos arredores de Berlim. A briga teve início quando duas mulheres começaram a discutir por causa de um homem, se tornando violenta quando mais e mais familiares foram se envolvendo. Dois policiais ficaram gravemente feridos.

5 de junho. Um candidato a asilo somali de 30 anos de idade chamado "Ali S" foi condenado a quatro anos e nove meses de prisão em uma penitenciária de Munique por tentar estuprar uma mulher de 20 anos. Ali já tinha cumprido uma sentença de sete anos de prisão por estupro e estava em liberdade há apenas cinco meses, antes de cometer outra vez o mesmo crime. Na esperança de proteger a identidade de Ali S, um jornal de Munique se referiu a ele pelo nome de "Joseph T., considerado mais politicamente correto "

8 de junho. Mais de 50 policiais foram chamados para separar uma briga entre imigrantes bósnios em uma festa de casamento de imigrantes bósnios em Berlim. Em uma questão de segundos mais de uma dozena de pessoas entraram na briga. Tão logo a polícia chegou, os clãs rivais pararam de se enfrentar e começaram a atacar os policiais. Um dos convidados bateu com uma cadeira na cabeça de um policial que ficou gravemente ferido. Já contra outros policiais foram arremessadas garrafas, foram cuspidos e insultados

10 de junho. Betül Ulusoy, uma muçulmana de 26 anos de idade, teve permissão de iniciar um estágio como advogada júnior na Câmara Municipal de Berlim. As autoridades locais pensaram inicialmente em não contratá-la porque ela insistia em usar o véu muçulmano. A lei da neutralidade de Berlim (Neutralitätsgesetz) estipula que qualquer um que trabalhe como servidor está proibido de exibir sinais ou símbolos de religiosidade. Contudo as autoridades municipais, ao que tudo indica, zelosos com o intuito de evitar serem acusados de islamofobia, abriram uma exceção para Ulusoy.

24 de junho. Em uma entrevista concedida ao jornal Rheinische Post, o Ministro do Interior Thomas de Maizière ressaltou que o número de jihadistas alemães que estão lutando na Síria subiu para cerca de 700. "O número nunca foi tão alto como agora", segundo ele. O número de islamistas violentos na Alemanha que estão "preparados para cometerem crimes motivados politicamente é de importância significativa" gira em torno de 330. Ele disse que havia mais de 500 operações de contraterrorismo em andamento envolvendo 800 islamistas.

26 de junho. Na cidade bávara de Pocking, os diretores da escola Wilhelm-Diess-Gymnasiumalertaram os pais a não deixarem suas filhas vestirem roupas provocantes com o intuito de evitarem "mal-entendidos" com os 200 refugiados muçulmanos abrigados em acomodações de emergência em um edifício perto daquela instituição de ensino. A carta aos pais dizia o seguinte:

"Os cidadãos sírios são em sua maioria muçulmanos e falam árabe. Os refugiados têm a sua própria cultura. Pelo fato da nossa escola estar próxima ao local onde eles estão alojados, deverão ser usadas roupas discretas para evitar problemas. Tops ou blusas decotadas, shorts curtos ou minissaias podem gerar "mal-entendidos".

29 de junho. Vândalos imigrantes libaneses atacaram dois policiais que tentavam deter dois homens que estavam fumando maconha em uma calçada pública em Duisburg. Em questão de minutos os policiais foram cercados por mais de 100 homens que tentavam impedir as detenções. Foram necessárias dez viaturas de polícia e dozenas de reforços policiais para salvar os policiais.

Também em junho surgiu um debate na Alemanha sobre a possibilidade de isentar os estudantes muçulmanos da obrigatoriedade de visitarem os ex-campos de concentração como parte dos programas de educação sobre o Holocausto. A discussão girava em torno de uma proposta que obrigaria os estudantes de todas as escolas secundárias da Bavária a visitarem memoriais do Holocausto como parte do currículo escolar. O partido governante da União Social Cristã se opunha a esta proposta, dizendo que "muitas crianças de famílias muçulmanas... não têm nenhuma ligação com o nosso passado e que... necessitarão de muito mais tempo até que possam se identificar com a nossa história. É necessário sermos cuidadosos na forma de abordarmos essa questão com essas crianças".

JULHO de 2015

17 de julho. Pela primeira vez na história da Alemanha, as estações de rádio e TV públicasBayerischer Rundfunk transmitiram orações muçulmanas que marcavam o início do feriado de Eid el-Fitr e o término do mês de jejum do Ramadã.

20 de julho. O primeiro banco na Alemanha a atuar em conformidade com a Sharia, o banco de propriedade turca Kuveyt Turk Bank, abriu suas portas em Frankfurt. O diretor do banco Kemal Ozan, ressaltou: "nossa pesquisa de mercado mostrou que 21% dos muçulmanos deste país verão com naturalidade um banco islâmico como seu banco principal".

24 de julho. Dois policiais em Gelsenkirchen, uma cidade do Reno, Norte da Westphalia, foramatacados por uma multidão de imigrantes libaneses depois que eles sinalizaram para que um motorista parasse o carro por este ter passado um sinal vermelho. O motorista saiu do carro e tentou fugir a pé. Quando os policiais finalmente o alcançaram, mais de 50 pessoas apareceram do nada para impedir que o suspeito fosse detido. Um adolescente de 15 anos de idade atacou um policial pelas costas e começou a estrangulá-lo, deixando-o inconsciente. Enormes reforços policiais e spray de pimenta foram necessários para que a situação fosse controlada.

25 de julho. Um documento confidencial da polícia vazado para o jornal Rheinischen Postrevelou que em 2014 um número recorde de 38.000 candidatos a asilo na Alemanha foi acusado de cometer crimes no país. Analistas acreditam que esse número, que se traduz em mais de 100 crimes por dia, seja apenas uma fração do número verdadeiro: muitos crimes não vêm a público.

25 de julho. A revista Der Spiegel denunciou que a escalada vertiginosa de crimes violentos cometidos por imigrantes vindos do Oriente Médio e dos Bálcãs está transformando regiões de Duisburg, uma importante cidade industrial alemã, em "bolsões de ilegalidade". Essas regiões, de acordo com um relatório policial que foi vazado, efetivamente se tornaram zonas "proibidas" para a polícia.

25 de julho. Em uma entrevista concedida à revista Focus, o chefe do sindicato de polícia no Reno, Norte da Westphalia Arnold Plickert, fez um alerta a respeito do surgimento de zonas proibidas nas cidades de Dortmund, Duisburg, Essen e Colônia. "Vários grupos de roqueiros rivais bem como clãs libaneses, turcos, romenos e búlgaros estão brigando pela supremacia das ruas", segundo ele. "Eles fazem suas próprias leis, aqui a polícia não tem vez".

AGOSTO de 2015

3 de agosto. Um documento confidencial vazado para o jornal Bild revelou que o Departamento Estadual de Transito de Hamburgo (Hamburger Verkehrsverbund, HVV) determinou que os responsáveis pela fiscalização das passagens "façam vista grossa" sempre que encontrarem migrantes fazendo uso do transporte público sem as devidas passagens. A medida tem como objetivo proteger o HVV da "má publicidade".

6 de agosto. A polícia revelou que uma menina muçulmana de 13 anos foi estuprada por outro candidato a asilo em uma dependência para refugiados em Detmold. A menina e a mãe, ao que consta, fugiram de sua terra natal por causa da cultura da violência sexual, depois ficou claro que o estuprador era do mesmo país que elas.

18 de agosto. A coalizão de quatro organizações de serviço de assistência social e de grupos de direito das mulheres, enviou uma carta aos líderes dos partidos políticos do parlamento regional em Hesse, alertando-os para a deterioração da situação das mulheres e crianças em abrigos para refugiados. A carta dizia o seguinte:

"A prática de providenciar acomodações em grandes tendas, a falta de instalações sanitárias separadas para homens e mulheres, recintos que não podem ser travados, falta de lugares seguros para mulheres e meninas, isso para falar só de alguns problemas de espaço, aumenta a vulnerabilidade das mulheres e crianças nos abrigos. Essa situação, cai como uma luva nas mãos daqueles que atribuem um papel subordinado às mulheres e as tratam como animais de caça quando elas viajam desacompanhadas.

"As consequências são inúmeros estupros e abuso sexual. Além disso, estamos recebendo cada vez mais relatos de prostituição forçada. É necessário salientar que: não se trata de casos isolados.

"As mulheres relatam que elas, assim como as crianças, foram estupradas ou expostas a abuso sexual. Em consequência disso, muitas mulheres não trocam de roupa para dormir. As mulheres normalmente contam que não vão à toalete à noite por medo de serem estupradas e assaltadas a caminho das instalações sanitárias. Mesmo durante o dia, andar pelo campo é uma experiência assustadora para muitas mulheres.

19 de agosto. Pelo menos 20 migrantes sírios alojados em um abrigo de refugiados, superlolado, na cidade oriental alemã de Suhl tentaram linchar um migrante afegão depois que ele rasgou algumas páginas do Alcorão e as jogou em um vaso sanitário. Mais de 100 policiais foram chamados para restabelecer a ordem, mas quando eles chegaram foram atacados com pedras e blocos de concreto. Dezessete pessoas ficaram feridas na confusão, inclusive 11 refugiados e 6 policiais. O presidente do estado alemão de Thuringia, Bodo Ramelow, disse que muçulmanos de nacionalidades diferentes deveriam ser abrigados separadamente para evitar tumultos dessa natureza no futuro.

21 de agosto. A Alemanha suspendeu a assim chamada Convenção de Dublin, uma lei que estipula que aqueles que procuram refúgio na UE, o façam no primeiro país europeu que aportarem, válido para os requerentes de asilo da Síria. Isso significa que os sírios que chegarem à Alemanha terão permissão de ficar no país até que a papelada seja processada. Críticos dizem que a medida irá incentivar ainda mais migrantes a se dirigirem para a Alemanha.

27 de agosto. Aiman Mazyek, diretor do Comitê Central de Muçulmanos na Alemanha (Zentralrat der Muslime in Deutschland, ZMD), um grupo representativo dos muçulmanos com base em Colônia, fez uma estimativa segundo a qual pelo menos 80% dos migrantes e refugiados que ingressaram na Alemanha em 2015 são muçulmanos.

30 de agosto. O sociólogo alemão Hans Georg Soeffner alertou que a Alemanha estava importando conflitos religiosos:


"A imigração trás consigo conflitos religiosos, como aqueles entre os próprios muçulmanos. Somos obrigados a partir do princípio de que esses conflitos irão se alastrar. Os refugiados trazem de seus países de origem para a Alemanha conflitos políticos e religiosos, como por exemplo os conflitos entre sunitas e xiitas ou entre muçulmanos liberais e salafistas. Nós estamos acostumados com os conflitos entre turcos, curdos, alevitas e os demais muçulmanos, de modo que nós já vimos esses conflitos. Mas em vista do esperado número de novos imigrantes, os conflitos irão se alastrar. E esta é a razão pela qual nós temos que correr contra o tempo e começar a promover os valores alemães, ou seja, a constituição. Somente então os imigrantes saberão quais regras terão que obedecer".

Também na Alemanha o número de candidatos a asilo que ingressaram no país em um único mês ultrapassou a casa dos 100.000 pela primeira vez na história. Um recorde de 104.460 candidatos a asilo ingressaram na Alemanha em agosto de 2015, totalizando 413.535 pessoas nos primeiros oito meses de 2015.

SETEMBRO de 2015

3 de setembro. Em uma entrevista concedida ao jornal Die Zeit, o Ministro do Interior Thomas de Maizière ressaltou que a integração de migrantes muçulmanos do mundo árabe será mais difícil do que a integração dos muçulmanos turcos, pelo menos 20% dos migrantes que ingressaram no país este ano eram analfabetos.

7 de setembro. Aiman Mazyek, diretor do Comitê Central de Muçulmanos na Alemanharessaltou que a migração em massa de muçulmanos irá alterar, de maneira significativa, a natureza do Islã na Alemanha. Até agora, o Islã alemão tem sido de natureza predominantemente turca, no futuro ele será de longe muito mais árabe.

8 de setembro. O jornal Frankfurter Allgemeine noticiou que a Arábia Saudita estava disposta a financiar a construção de 200 novas mesquitas na Alemanha para acomodar candidatos a asilo.

17 de setembro. Em uma entrevista concedida ao jornal Rheinische Post Hans-Georg Maassen, diretor da Agência de Inteligência Interna da Alemanha (Bundesamt für Verfassungsschutz, BfV), disse que os salafistas alemães estavam se passando por voluntários, fazendo doações em dinheiro e roupas com o objetivo de recrutar candidatos a asilo. Outros ofereciam serviços de tradução, convidando os migrantes a tomarem chá na casa deles. Outros ainda distribuíam panfletos com informações sobre as mesquitas salafistas locais. Maassen ressaltou:

"Muitos dos candidatos a asilo têm um background religioso sunita. Na Alemanha há um ambiente salafista que vê isso como solo fértil. Estamos observando que salafistas estão aparecendo nos abrigos, disfarçados de voluntários e ajudantes, deliberadamente procurando fazer contato com refugiados com o objetivo de convidá-los a visitarem suas mesquitas com o intuito de recrutá-los para a causa deles".

19 de setembro. Em Bielefeld, salafistas estavam se infiltrando em centros para refugiados trazendo brinquedos, frutas e legumes para os migrantes.

23 de setembro. Autoridades municipais em Hamburgo, apresentaram um projeto de lei audacioso no parlamento local que, se sancionado, permitirá ao município confiscar terras e edifícios comerciais vagos e utilizá-los para abrigar imigrantes.

25 de setembro. Asadullah e Shazia Khan, migrantes do Paquistão residentes em Darmstadt, foram a julgamento pelo crime de "assassinato em nome da honra" de Lareeb, filha deles de 19 anos de idade. Asadullah confessou ter estrangulado a filha com suas próprias mãos porque ele não aprovava o namorado dela.

28 de setembro. Em Hamburgo, mais de 70 candidatos a asilo iniciaram uma greve de fome para pressionarem as autoridades locais a lhes fornecerem melhores moradias. "Estamos em greve de fome", declarou o refugiado sírio Awad Arbaakeat. "A cidade mentiu para nós. Ficamos chocados quando aqui chegamos". Os migrantes dizem que estavam furiosos porque tiveram que dormir em um grande armazém em vez de apartamentos privativos. Em Hamburgo, a segunda maior cidade da Alemanha, as autoridades afirmam que não há mais apartamentos desabitados.

Também em setembro ficou se sabendo que centenas de refugiados muçulmanos estão se convertendo ao cristianismo, ao que tudo indica, na esperança de melhorarem suas chances de seu pedido de asilo ser aprovado. De acordo com o Islã, os muçulmanos que se converterem ao cristianismo são considerados culpados de apostasia, um crime que merece ser punido com a morte. Os "convertidos", ao que parece, acreditam que os oficiais da imigração alemã permitirão que eles permaneçam na Alemanha se eles conseguirem convencê-los que serão mortos caso sejam enviados de volta aos seus países de origem.

OUTUBRO de 2015

1º de outubro. Em Bad Kreuznach, uma família de candidatos a asilo da Síria marcou um encontro para avaliar um imóvel de quatro quartos para alugar, mas a dita família se recusou a visitar a casa porque a corretora era do sexo feminino. Aline Kern a corretora conta que:

"Um dos homens que falava um alemão macarrônico, disse que eles não estavam interessados em ver o imóvel porque eu era uma mulher, loira e também porque eu olhava nos olhos deles. Que era um despropósito terem enviado uma mulher. Minha empresa deveria ter enviado um homem para mostrar o imóvel. Fiquei perplexa. Queremos ajudar e somos desprezados, indesejados em nosso próprio país".

2 de outubro. Em uma entrevista concedida à rádio Deutschlandfunk radio, Tania Kambouri, uma policial alemã e autora de um novo best-seller sobre o fracasso do multiculturalismo alemão, descreve a deterioração da segurança na Alemanha por causa dos migrantes que não respeitam nem a lei nem a ordem. Ela ressaltou:


"Durante semanas, meses e anos venho observando que muçulmanos, em sua maioria jovens do sexo masculino, não têm o menor respeito pela polícia. Quando estamos rondando as ruas da cidade, somos insultados por jovens muçulmanos. Com gestos e insultos como vá a m... ao passarmos por eles. Quando fazemos batidas policiais, o comportamento piora ainda mais, e isso acontece na maioria das vezes quando se trata de migrantes.

"Espero que esses problemas sejam reconhecidos e abordados de maneira clara e inequívoca. Caso necessário, a leis precisam ser endurecidas. Além disso, também é muito importante que o judiciário, que os juízes emitam sentenças eficazes. Não é possível que criminosos continuem a preencher registros policiais, nos agridam fisicamente, nos insultem, seja o que for, sem que haja nenhuma consequência. Muitos casos são arquivados ou os criminosos são postos em liberdade condicional ou coisas do gênero. O que está acontecendo hoje em dia nos tribunais é uma piada.

"O crescente desrespeito, a crescente violência contra policiais... Estamos perdendo o controle das ruas".

5 de outubro. O canal da TV pública ARD negou que estava transmitindo "propaganda anti-islâmica" depois que colocou no ar uma fotomontagem da Chanceler Angela Merkel usando um véu islâmico. A imagem foi mostrada no segundo plano de um bloco sobre cotas de refugiados no programa "Boletim sobre Berlim", enquanto o moderador Rainald Becker ressaltava:

"Temos condições de gerir tudo isso? Ou estamos sobrecarregados"? Se dermos conta (administrar a crise migratória), o que acontecerá com os nossos valores? Em que medida nossas vidas irão mudar? Como iremos reagir caso os refugiados apresentem querelas em relação à igualdade, direitos das mulheres, liberdade de imprensa e liberdade de expressão"?

A ARD depois ressaltou: "lamentamos o fato de que alguns telespectadores discordam ou até interpretam mal a maneira pela qual retratamos a nossa chanceler".



Esquerda: Um grupo das centenas de milhares de migrantes chegando em Munique em 2015. Direita: O canal da TV pública alemã ARD negou que estava transmitindo "propaganda anti-islâmica" depois que colocou no ar uma fotomontagem da Chanceler Angela Merkel usando um véu islâmico.

14 de outubro. Em Osnabrück, um candidato a asilo da Somália venceu uma ação judicialcontra a Agência Alemã para Migrantes e Refugiados (Bundesamt für Migration und Flüchtlinge, BAMF) por demorar muito para processar seu pedido de asilo. O juiz determinou que a BAMF tome uma decisão sobre seu pedido de asilo no máximo em três meses ou então lhe forneça uma compensação financeira.

14 de outubro. Sumte, um pequeno vilarejo de 100 habitantes na Baixa Saxônia, foi escolhidapelo governo federal a abrigar 1.000 candidatos a asilo.

15 de outubro. As autoridades de Hamburgo revelaram que 35.021 migrantes ingressaram na cidade nos primeiros nove meses de 2015. Nesse mesmo período, a polícia de Hamburgo foi enviada para os abrigos para refugiados mais de 1.000 vezes, incluindo 81 vezes para controlar tumultos, 93 vezes para investigar agressões físicas e assédio sexual e 28 vezes para impedir que migrantes cometessem suicídio.

14 de outubro. O presidente da Associação das Municipalidades Bávaras (Bayerische Gemeindetag) Uwe Brandl, alertou que a Alemanha está a caminho de contar com "20 milhões de muçulmanos até 2020 em uma população de 81,1 milhões de habitantes em 2014". Ele chegou a esses números após fazer os cálculos sobre a reunificação de familiares, com base na suposição de que os indivíduos cujos pedidos de asilo serão aprovados irão subsequentemente trazer em média quatro membros da família para a Alemanha.

20 de outubro. Oito islamistas foram a julgamento na cidade de Colônia. Eles foram acusadosde furtar €19.000 (US$20.500) de caixas de coleta de igrejas e escolas em Siegen e depois enviar o dinheiro para o ISIS.

21 de outubro. Mais de 200 prefeitos da região do Reno, Norte da Westphalia assinaram uma carta aberta à Chanceler Angela Merkel, na qual eles alertam que não há mais condições deles abrigarem mais migrantes.

25 de outubro. O conteúdo de um documento vazado publicado no jornal Die Welt, revelou o crescente alarme, nos mais altos escalões do sistema de segurança e inteligência da Alemanha, sobre as consequências da política de portas abertas da Chanceler Angela Merkel para a imigração.

O documento alertava que a "integração de centenas de milhares de migrantes ilegais será impossível, dado o enorme número de pessoas envolvidas e as já existentes sociedades paralelas de muçulmanos na Alemanha". O documento acrescenta:

"Estamos importando o extremismo islâmico, antissemitismo árabe, conflitos nacionais e étnicos de outros povos, bem como diferentes entendimentos de como funciona uma sociedade e o estado de direito. As agências de segurança da Alemanha são incapazes de lidar com esses problemas de segurança importados e as consequentes reações da população alemã.

Também em outubro a Igreja Cristã Evangélica na Renânia foi criticada por cristãos de outras denominações por ela ter recomendado não tentar evangelizar migrantes muçulmanos. Em um relatório de intenções, a igreja argumentou que a passagem no 28º capítulo do Evangelho segundo São Mateus conhecido como a Grande Comissão: "Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo", não significa que cristãos devam converter outros. O relatório sustentava: "a missão estratégica quanto ao Islã ou quanto a encontros com muçulmanos com o objetivo de evangelizá-los ameaça a paz social e contradiz o espírito e a missão de Jesus Cristo e, portanto devem ser rigorosamente rejeitadas".

NOVEMBRO de 2015

6 de novembro. A revista Focus, noticiou que as vendas de spray de pimenta saltaram 600% desde o início da explosão da crise migratória na Alemanha em agosto de 2015. O fornecimento do produto está em falta em muitas regiões do país e as reposições estarão disponíveis somente em 2016. "Fabricantes e distribuidores dizem que a entrada em massa de estrangeiros nas últimas semanas, ao que parece, amedrontou muita gente", de acordo com a revista Focus.

7 de novembro. Jürgen Mannke, diretor da Associação de Professores da Saxônia-Anhalt (Philologenverbandes Sachsen-Anhalt, PhVSA), foi demitido depois que aconselhou estudantes menores de idade do sexo feminino a tomarem cuidado com "aventuras sexuais superficiais" com candidatos muçulmanos a asilo. Na revista trimestral dos membros do grupo, Mannkeassinala:

"Uma invasão de imigrantes está inundando a Alemanha. Muitos cidadãos têm reservas em relação a isso. Não há dúvida que é nossa obrigação como seres humanos ajudarmos aqueles que estão diante da aflição existencial devido à guerra ou perseguição política. Mas é extremamente difícil distinguir essas pessoas daquelas que se dirigem ao nosso país por motivos puramente econômicos ou até com intenções criminosas...

"Essas coisas já aconteceram diversas vezes, ouvimos de conhecidos em muitos lugares sobre assédio sexual no dia a dia dessas pessoas, principalmente no transporte público e em supermercados. Como educadores responsáveis, nós nos perguntamos: de que maneira podemos ensinar nossas meninas de 12 anos ou mais para não se envolverem em aventuras sexuais superficiais com esses homens muçulmanos, muitas vezes bem atraentes"?

10 de novembro. Gabriel Felbermayr, diretor do Centro de Economia Internacional com sede em Munique (Ifo Zentrum für Außenwirtschaft), estimou em uma entrevista concedida à revistaDer Spiegel que a crise migratória irá custar aos contribuintes alemães 21,1 bilhões de euros somente no ano de 2015. "Isso inclui custos de moradia, alimentação, creches, escolas, cursos do idioma alemão, treinamento e administração", segundo ele.

12 de novembro. Discursando em um encontro do Partido Social Democrata (SPD) em Berlim, o Vice-Chanceler da Alemanha Sigmar Gabriel ressaltou que a Alemanha deveria organizar uma ponte aérea e trazer um "grande contingente" de migrantes para a Alemanha para evitar que os traficantes de pessoas lucrem com a crise migratória. "Ninguém deve morrer a caminho da Europa, esse deve ser o nosso objetivo", disse ele. Segundo Gabriel, "o que interessa não é o número de pessoas que vem para a Alemanha e sim a velocidade que elas vêm".

13 de novembro. Segundo relata o canal de notícias N24 chega a 50% o total de candidatos a asilo que ingressam na Alemanha e desaparecem sem que ninguém saiba seu paradeiro. Provavelmente trata-se de migrantes econômicos e de outra natureza que procuram fugir da deportação, se ou quando seus pedidos de asilo forem rejeitados.

13 de novembro. Em uma entrevista concedida ao canal da TV pública ZDF, a Chanceler Angela Merkel disse que continua apostando fortemente em sua política de portas abertas quanto aos asilados: "a chanceler tem a situação sob controle. Eu tenho a minha visão. Lutarei por ela".

17 de novembro. Autoridades em Hanover cancelaram um amistoso entre a Alemanha e a Holanda cerca de 90 minutos antes do início da partida de futebol devido a uma "crível" ameaça de bomba. A Chanceler Angela Merkel tinha planejado comparecer ao estádio em solidariedade às vítimas dos ataques jihadistas em Paris, nos quais 130 pessoas perderam a vida e mais de 350 ficaram gravemente feridas.

20 de novembro. A União Social Cristã (CSU), parceira bávara da União Democrata Cristã (CDU) da Chanceler Angela Merkel, pediu que a Alemanha banisse o uso da burca em lugares públicos.

22 de novembro. O chefe do Departamento Federal de Polícia Criminal (Bundeskriminalamt, BKA) Holger Münch, reconheceu que a inteligência alemã carece dos recursos humanos necessários para monitorar todos islamistas mais perigosos do país. "Dado o número de algozes em potencial, temos que escolher as prioridades," segundo ele.

23 de novembro. Em uma entrevista concedida ao jornal Die Welt, Ahmad Mansour, um árabe-israelense especialista em Islã que morou na Alemanha por mais de uma década, ressaltou que o governo alemão não está fazendo o mínimo necessário para combater o extremismo islâmico. Mansour, membro da Irmandade Muçulmana por mais de uma década até que abandonou o extremismo islâmico no final dos anos 1990, salientou que muitos muçulmanos jovens na Alemanha "acreditam em teorias da conspiração, cultivam ideias antissemitas e não raciocinam de maneira democrática". Para essas pessoas, segundo ele, "o Islã é a sua única identidade".

Mansour disse que o governo alemão "carece de um plano" para tratar do problema do extremismo islâmico. Ele acrescentou que em grande parte a culpa recai sobre os professores do Islã "profundamente problemáticos" que estão radicalizando a juventude alemã. Comentando sobre o porquê dos jihadistas ainda não terem desfechado um ataque de vulto na Alemanha, Mansour ressaltou: "a Alemanha teve sorte, até agora.

29 de novembro. Centenas de migrantes do Afeganistão, do Iraque e da Síria alojados em um abrigo para refugiados superlotado no antigo aeroporto de Tempelhof em Berlim, atacaram uns aos outros enquanto aguardavam na fila do almoço. Mais de 150 policiais foram posicionados para controlar a situação. Outros confrontos de grandes proporções ocorreram nos bairros de Kreuzberg e Spandau em Berlim.

DEZEMBRO de 2015

1º de dezembro. Salafistas no estado de Schleswig-Holstein no norte da Alemanha distribuirampanfletos de recrutamento com a seguinte mensagem: "venha até nós. Nós lhe mostraremos o Paraíso".

1º de dezembro. Autoridades municipais em Frankfurt enviaram equipes de policiais, intérpretes e assistentes sociais a abrigos para refugiados para alertá-los sobre o perigo do extremismo islâmico. As equipes também instruíram os migrantes sobre o sistema jurídico alemão, a liberdade religiosa e os direitos iguais para homens e mulheres.

3 de dezembro. Em uma entrevista concedida ao jornal berlinense Der Tagesspiegel, Hans-Georg Maassen, diretor da Agência de Inteligência Interna da Alemanha (Bundesamt für Verfassungsschutz, BfV), disse que o número de salafistas na Alemanha já chegou a 7.900, um avanço se comparado aos 7.000 em 2014, 5.500 em 2013, 4.500 em 2012 e 3.800 em 2011. Muito embora os salafistas compreendam apenas uma fração dos estimados seis milhões de muçulmanos que estão na Alemanha, funcionários da inteligência dizem que a maioria dos que são atraídos pela ideologia salafista são jovens muçulmanos, facilmente impressionáveis, dispostos a desfechar atos terroristas em um espaço mínimo de tempo em nome do Islã.

3 de dezembro. Uma pesquisa realizada pela revista Stern constatou que 61% dos alemães acreditam que os jihadistas atacarão o país em um futuro próximo. A pesquisa mostra que 58% consideraram que as forças armadas alemãs deveriam atacar o Estado Islâmico, embora 63% acreditem que isso levaria a uma represália na forma de ataques terroristas dentro da Alemanha. Em termos gerais, cerca de 75% dos alemães acreditam que o governo precisa se esforçar mais para impedir que haja atos terroristas no país.

7 de dezembro. O Ministério do Interior revelou que 206.101 migrantes ingressaram na Alemanha somente em novembro.

8 de dezembro. A Ministra do Bem Estar Social da Baviera Emilia Müller destacou que o número de migrantes que entraram na Alemanha em 2015 passou oficialmente a marca de um milhão de pessoas. "Nós necessitamos urgentemente estabelecer um teto para a absorção de migrantes, porque a Alemanha não pode continuar arcando com tantos ingressos no longo prazo", segundo ela.

10 de dezembro. Um tribunal de Wuppertal deliberou que islamistas que patrulham as ruas da cidade como "policiais da Sharia" não estão infringindo a lei e não serão processados. Nove homens usando jaquetas brilhantes, cor laranja, com as inscrições "polícia da Sharia", foram detidos em setembro de 2014. Os homens diziam aos transeuntes para não entrarem em bares, cassinos ou discotecas. O grupo também exibia cartazes escritos em inglês nos quais se lia"Zona Controlada pela Sharia", onde era proibido o consumo de álcool e drogas, jogos de azar, música, pornografia e prostituição. O tribunal proferiu que os homens não violaram nenhuma lei no que tange ao uso de fardas ou reuniões públicas. Os promotores apelaram da sentença.

17 de dezembro. A polícia de Stuttgart efetuou uma batida policial e fechou uma mesquita e uma associação muçulmana que, segundo consta, estavam oferecendo suporte financeiro, além de efetuar recrutamento em nome do ISIS. O Ministro do Interior de Baden-Württemberg Reinhold Gall, ressaltou que o Centro Educacional e Cultural Islâmico Mesdschid Sahabe era muito frequentado por pregadores salafistas e fundamentalistas islamistas dos Bálcãs Ocidentais.

21 de dezembro. O jornal Die Welt, citando fontes policiais revelou que apenas 10% de um milhão de migrantes que ingressaram na Alemanha em 2015 foram submetidos a checagem de antecedentes.

28 de dezembro. Autoridades locais em Arnsberg proibiram o uso de fogos de artifício na comemoração do Ano Novo nas vizinhanças de abrigos para refugiados para evitar que o barulho despertasse o estresse pós traumático nos candidatos a asilo. "Aqueles que vieram de uma zona de guerra associam explosões com tiros de armas de fogo e com bombas e não com fogos de artifício", segundo disse o porta-voz da câmara municipal Christoph Söbbeler. "Isso poderia causar novos traumas".

29 de dezembro. O jornal Die Welt, revelações que a Alemanha irá gastar pelo menos €17 bilhões (US$18,3 bilhões) com os candidatos a asilo em 2016.

31 de dezembro.A polícia de Munique evacuou duas importantes estações de trens e cancelou as comemorações da Passagem para o Ano Novo depois que uma "agência de inteligência amiga" fez um alerta sobre um ataque iminente. O Ministro do Interior da Baviera Joachim Herrmann ressaltou que as autoridades receberam informações segundo as quais homens bomba do ISIS poderiam estar de olho na estação central.

31 de dezembro. a emissora pública de rádio e TV ZDF transmitiu a mensagem de Ano Novo da Chanceler Angela Merkel à nação com legendas em árabe. Ela repetiu a ladainha: "nós somos capazes", referindo-se ao desafio de integrar um milhão de migrantes que ingressaram na Alemanha em 2015. "O importante é não permitirmos que nos dividam entre gerações ou classes sociais, nem entre aqueles que estão aqui há muito tempo e os recém-chegados", disse ela.

31 de dezembro. Logo depois da mensagem de Ano Novo de Merkel, uma turba de mil vândalos de "origem árabe ou do norte da África" abusou sexualmente de mais de 100 mulheres alemãs no centro da cidade de Colônia na Passagem para o Ano Novo. Ataques semelhantes também ocorreram em Hamburgo e Stuttgart. O Chefe da Polícia de Colônia Wolfgang Albers chamou os ataques de "uma dimensão totalmente nova de criminalidade".

A Prefeita de Colônia Henriette Reker, salientou que "sob nenhuma circunstância" devem os crimes ser atribuídos aos candidatos a asilo. Muito pelo contrário, ela culpou as vítimas pelos abusos: "é necessário se comportar de maneira inteligente quando se está em grupo. Comportamento inteligente é não demonstrar euforia exuberante a qualquer um que você encontrar e que sorri para você. Esse tipo de postura pode ser mal interpretada". Reker disse que seu gabinete irá publicar linhas de orientação, provavelmente incluindo normas de vestuário para mulheres e meninas alemãs para evitar incidentes semelhantes no futuro.

Por Soeren Kern 19 de Janeiro de 2016
Tradução: Joseph Skilnik  Do site: http://pt.gatestoneinstitute.org/7263/alemanha-islamizacao

Soeren Kern é colaborador sênior do Gatestone Institute sediado em Nova Iorque. Ele também é colaborador sênior do European Politics do Grupo de Estudios Estratégicos / Strategic Studies Group sediado em Madri. Siga-o no Facebook e noTwitter. Seu primeiro livro, Global Fire, estará nas livrarias no início de 2016.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

O CLIMA NO DIVÃ

Um amigo paulistano dizia-me em tempos que só existia um assunto tabu no Brasil. Ou, pelo menos, em São Paulo. Psicanálise. Criticar a psicanálise seria um "hara-kiri" intelectual porque não se critica a deusa suprema da cidade.


Anotei o conselho e não me atrevo a tanto. O satirista Karl Kraus dizia que a psicanálise era a doença mental para a qual oferecia uma cura? Fogueira com ele!

Mas talvez exista uma divindade que está acima da psicanálise. Falo do aquecimento global e das alterações climatéricas. Levantar uma dúvida a respeito –pequena, modesta, até amadora– significa ostracismo social imediato.

Falo por experiência própria. Nas festividades natalinas, com a família reunida, um membro do clã dissertava sobre o caso com ar sério e desesperado. "Se a temperatura subir 1,5ºC no futuro", dizia ele, "a humanidade desaparece."

Os presentes ficaram compreensivelmente assustados e eu, que tenho fama de pessimista incurável, também deveria embarcar no apocalipse. Mas a minha fama é obviamente imerecida. Não acredito muito no progresso moral da espécie, é um fato. Só acredito em progressos materiais, científicos, tecnológicos.

Nessas matérias, sou o mais otimista dos otimistas. E por isso respondi: "É sempre perigoso fazer previsões sobre o futuro. Até porque o futuro é uma busca interminável, como dizia o filósofo".

Blasfêmia! Futuro? Qual futuro? Com os glaciares a derreterem (no polo norte, não no polo sul; mas divago) e as águas a devorarem a terra, não haverá futuro para ninguém.

Tentei –precisamente– arrefecer a discussão. E, no mesmo espírito popperiano, procurei um consenso. Não, eu não nego que o mundo aqueceu no século 20 (embora no século 21 as coisas estejam um pouco paradas, certo?). E, não, eu não gosto de viver no meio da poluição, respirando alegremente o lixo dos outros.

Além disso, sou o primeiro a marchar pelas energias alternativas: nada me daria mais prazer do que deixar os déspotas do Oriente Médio afogados no seu petróleo inútil.

Mas se a história da humanidade ensina alguma coisa é que a nossa sobrevivência dependeu sempre da inovação técnica não prevista. Olhando para trás, tenho pena dos homens primitivos que viveram antes do fogo ou da roda. Tenho pena dos grandes navegadores portugueses que desconheciam o telefone ou a internet. E, hipocondríaco confesso, lamento todos os desgraçados que não souberem o que era uma anestesia.

Por outras palavras: o que hoje pode ser catastrófico, amanhã será uma contrariedade da vida que o engenho humano acabará por domar e controlar. Isso, claro, se estivermos mesmo na presença de um apocalipse.
Nesse momento da conversa, a indignação cedeu lugar ao desprezo. Mas quem era eu para dar palpites sobre o clima? Um especialista na matéria? Com produção científica digna de nota?

Humilhado e ofendido, declarei que não. E, sentindo o aquecimento como fenômeno real (na sala de jantar, digo), afirmei tristonho que era um reles diplomado em história. E que a história, desde o começo dos tempos, me tinha ensinado apenas que nada existe de novo debaixo do sol. Brutais alterações climatéricas? Existiram antes do homem existir. E, claro, muito antes de a Revolução Industrial fazer o mesmo que a natureza faz: emissões de CO2 para a atmosfera.

Na chamada Idade Média "clássica" (a partir do século 11, digamos), a Europa aqueceu e a civilização inaugurou um dos períodos mais florescentes –na agricultura, nos transportes, no comércio, na urbanização– de que há registro. O brutal arrefecimento verificado a partir do século 17 foi um dos fenômenos mais glosados pelos diaristas ingleses.

Hipótese minha: as alterações mais profundas no termostato da Terra não serão anteriores, e até superiores, a qualquer ação humana? Exatamente como a história –humana, geológica, natural– demonstra?

Por essa altura, já não havia conversa. Apenas o sorriso complacente que se concede aos débeis que vagueiam pelo erro.

Eu, cansado e só, ainda tentei uma fuga para a frente ("E que tal falarmos de psicanálise?"). Mas já era meia-noite e as crianças invadiram o espaço para abrir os presentes. Por: João pereira Coutinho Publicado na Folha de SP.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

A DESIGUALDADE NÃO É IMORAL

Fato: Cristiano Ronaldo tem mais dinheiro do que eu. Tem mais casas. Tem mais carros. Tem mais roupas. E, quando ele se despedir do futebol, é provável que Ronaldo tenha uma aposentadoria mais confortável do que a minha (digo "é provável" porque o futuro é sempre incerto por definição).


Pergunto: existe entre mim e Ronaldo um problema de "desigualdade econômica"? E, já agora, devemos combatê-la porque todas as desigualdades são imorais?

Calma, leitor, não responda já. Afinal de contas, eu tenho um casa. Tenho um carro. Tenho um salário. Os meus vizinhos não têm nada. Metade do meu país também não. Em nome de uma sociedade verdadeiramente igualitária, será que eu e os meus compatriotas devemos viver no mesmo patamar de pobreza?

Essas são algumas questões que Harry G. Frankfurt analisa em "On Inequality" (sobre a igualdade), um dos livros do ano que quase passou ao lado do meu radar (obrigado, "L.A. Review of Books").

Neste pequeno grande livro, Frankfurt vira o debate do avesso. Os políticos gostam de combater as "desigualdades" porque acreditam que a desigualdade é sempre imoral. Mas, como vimos nos dois primeiros exemplos, nem sempre a desigualdade é imoral (Ronaldo tem muito; eu tenho o suficiente) e nem sempre a igualdade é invejável (uma sociedade onde todos são igualmente pobres não é uma sociedade decente).

A principal conclusão de Frankfurt é que aquilo que devemos considerar "imoral" não é a desigualdade "per se". O que é relevante é a existência de pobreza. Ninguém se comove com a desproporção entre a fortuna de Ronaldo e o meu conforto tipicamente "burguês". Coisa diferente é saber que o meu vizinho não tem o que comer ou vestir.

Consequentemente, Frankfurt afirma —e bem— que a política deve abandonar as suas fantasias igualitaristas e concentrar-se numa "doutrina da suficiência", um conceito muito mais complexo de realizar do que simplesmente dividir o bolo em fatias rigorosamente iguais.

O objetivo não é todos terem o mesmo —uma "engenharia social" que leva ao desastre porque os recursos são limitados. O objetivo é todos terem o suficiente. E o que é "suficiente"?

A resposta a essa pergunta leva-nos à segunda crítica que Frankfurt dispara contra o igualitarismo. Porque o problema do igualitarismo é pensar a situação dos mais pobres sempre em relação aos mais ricos. Uma "doutrina da suficiência" prefere olhar para as pessoas a partir das suas circunstâncias e necessidades pessoais.

Para regressar à metáfora do bolo: eu posso dividi-lo em dez fatias iguais para alimentar as dez pessoas sentadas à mesa. Mas esse igualitarismo cego pode ser uma forma perversa de desigualdade se eu não souber primeiro quem é o faminto; quem é o guloso; e quem já almoçou antes de chegar para a sobremesa. Uma "doutrina da suficiência" não desperdiça recursos com o guloso e prefere reforçar a dose do faminto.

O breve ensaio de Frankfurt é um pequeno prodígio de inteligência e elegância literária - qualidades raríssimas na reflexão filosófica. Pena que alguns pontos do livro não estejam suficientemente desenvolvidos.

O autor condena a pobreza; mas condena igualmente os excessos de riqueza por ver neles uma ameaça política e social para a "saúde" das democracias.

Conheço o argumento - desde Aristóteles. Duas observações. A primeira é que Frankfurt não mostra como funciona essa ameaça. Admito que ela exista. Mas gostaria de ler um pouco mais sobre o bicho.

Pessoalmente, não creio que o problema esteja na existência de riqueza excessiva; mas antes na riqueza ilegalmente obtida —por exemplo, à custa dos mais pobres. A ideia de que "toda a propriedade é um roubo" não passa de uma proclamação ideológica, sem qualquer validade empírica. A minha casa não foi roubada a ninguém. E a sua?

Por outro lado, concordo com Frankfurt sobre a importância de discriminar na hora de distribuir o bolo. Mas essa discriminação não deve ser apenas material (dar mais bolo ao faminto, por exemplo). Deve ser também moral. Existe uma diferença entre o faminto que não consegue encontrar emprego; e o faminto que simplesmente não quer trabalhar.

A minha fatia extra de bolo só iria para o primeiro, não para o segundo. 
Por: João Pereira Coutinho Publicado na Folha de SP.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

OS ESCRAVOS SOMOS NÓS

A TV está ligada. Um sábio fala sobre a ausência de "cultura" no nosso tempo. Explico melhor: o sábio pergunta por que motivo "as massas" não leem mais Tolstói, Dickens, até Joyce. "Vivemos um tempo de desinteresse total pela cultura", diz ele, com repugnância. E conclui: "É o triunfo dos ignorantes!"


Assisto ao espetáculo e penso várias coisas. A primeira, óbvia, é a quantidade de charlatões que hoje falam na TV com ar sério e erudito. Mas a segunda, menos óbvia, resume-se no meu pasmo: "Em que mundo vive essa criatura?" Não, com certeza, no mundo que vejo em volta: um mundo de "escravidão voluntária" sob o chicote metafórico do trabalho. "Escravidão voluntária" não é expressão minha, aviso já. Pertence a Madeleine Bunting, escritora inglesa que editou um livro a respeito. O título é, precisamente, "Willing Slaves" (escravos voluntários) e o objetivo de Bunting é analisar como foi que o excesso de trabalho invadiu e dominou as nossas vidas.

Atenção: Bunting não escreve uma diatribe contra o trabalho, o que seria irracional e infantil. E, para sermos rigorosos, ela não se ocupa daqueles que precisam de trabalhar por motivos de sobrevivência.

O alvo é outro: as classes médias e médias altas que, nas sociedades ocidentais, fizeram do "excesso de trabalho" uma estranha forma de vida –e de estatuto.

Conta Bunting que, nas últimas duas décadas, o declínio histórico nas horas de labuta sofreram uma reversão. Trabalhamos mais do que nossos antepassados próximos. Mas também trabalhamos mais do que nossos antepassados remotos: sim, na Revolução Industrial era possível estar 14 ou 15 horas enfiado numa fábrica insalubre de Manchester ou Liverpool.

Mas essas 14 ou 15 horas são hoje mimetizadas pela incapacidade de separar o trabalho da vida pessoal –uma incapacidade que os mil brinquedos eletrônicos trouxeram às nossas vidas. Estamos sempre ligados, 24 horas sobre 24 horas. Em teoria, um certo nível de bem-estar deveria trazer mais lazer, não menos. Na prática, é o inverso.

E é o inverso porque existe uma segunda observação de Bunting que me parece a mais luminosa de todo o livro: se é verdade que todos os seres humanos precisam de um "sentido" para as suas vidas (obrigado, Viktor Frankl), então o trabalho assume-se hoje como a principal fonte de "sentido" e até de "identidade".

Os nossos antepassados eram capazes de encontrar esse "sentido" na partilha comunitária, na família, na religião, até na política. O trabalho era apenas mais uma cesta onde colocar os ovos da existência.

Hoje, com a atomização crescente dos indivíduos; com a desagregação da família; com o recuo da religião; e com o crescente desinteresse pela política, só resta o trabalho como bússola da nossa patética travessia terrena. Somos o que fazemos. Não somos mais o que somos.

Quais as consequências disso?

Deixo de lado as consequências físicas e psicológicas, embora seja hilariante, tragicamente hilariante, saber que as doenças mentais cavalgam a galope porque, na maioria dos casos, nos estamos simplesmente a matar em prestações. Quando o trabalho é a última boia de salvação, nadamos como desesperados e tememos o naufrágio como nunca.

Também não vou elaborar sobre as consequências políticas que a nossa escravidão representa. Tocqueville já disse o essencial: o desinteresse pela "coisa pública" sempre foi o território preferido de populistas e autoritários.

Fico-me pelo sábio da TV e o seu desprezo pelos "ignorantes". Por que motivo "as massas" não consomem cultura?

De Aristóteles a Josef Pieper, a resposta já foi dada: não existe cultura sem ócio. Isso é válido para os consumidores de cultura; mas é sobretudo válido para os produtores. Com um pedantismo ridículo, podemos perguntar por que motivo ninguém lê mais "Guerra e Paz". Simples: pelo mesmo motivo que ninguém escreve mais "Guerra e Paz".

No século 19, Paul Lafargue, no seu delicioso "O Direito à Preguiça", escrevia que as sociedades antigas tinham ócio porque existiam escravos para todo o serviço. Mas, com intocável otimismo, Lafargue garantia que no futuro os escravos não seriam necessários. A evolução da técnica permitiria libertar os homens para o ócio.

Pobre Lafargue. Mal ele sabia que, nesse futuro, os escravos seriamos nós. 
Por: João Pereira Coutinho Publicado na Folha de SP.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

A VIRTUDE DE SER UM COMERCIANTE E UM HERÓI DA ECONOMIA


Há heróis anônimos que passam por nossas vidas. Nós nem sempre notamos, mas eles estão lá. São pessoas dispostas a mudar o mundo, são pessoas que se arriscam dia após dia buscando seus sonhos na incerteza no mercado: são os comerciantes “informais”.

Todos os dias esses heróis estão ao nosso redor. Pare por um segundo no meio de um ponto central de sua cidade, o que você vê? Na esquina está uma senhora que vende vegetais, ao lado está um jovem vendedor de jornais que se levanta às quatro horas da manhã para distribuir as notícias do dia. Abaixo do edifício à frente está um engraxate tentando ganhar alguns centavos. Na nossa frente passa uma senhora idosa vendendo bilhetes de loteria. Lembremos também do homem que nos vende bebidas e do que sai com sua bicicleta vendendo alimentos que levou toda a madrugada para apanhar. Eles são muitos, certo? É maravilhoso que sejam muitos porque nossa vida não seria a mesma sem eles.

São heróis da economia, porque estão sempre lutando para chegar à frente e dormem com a esperança de que o amanhã seja melhor que hoje. Eles estão sempre buscando melhorar a sua situação, e tentam entender e atender às necessidades dos outros.

Qualidades e Habilidades

Mas o que têm em comum todas essas pessoas? Para começar, devemos dizer que são diferentes e cada uma traz algo único, são milhões de pessoas que têm ideias, esperanças e sonhos diferentes para construir um futuro melhor!

Em seguida, temos a conexão que une todos esses indivíduos. Todos diferentes, mas unidos pelo mesmo desejo e coragem de continuar lutando todos os dias. Todos eles são pessoas determinadas a empreender. A coragem os chama para deixar de ser apenas mais um na multidão, e lhes dá a força para serem líderes de uma família, uma casa, uma nação.

Eles não têm medo de cometer erros, porque sabem que isso é parte do caminho, e quando essa hora chega, levantam-se e avançam mais decisivamente que antes. O fracasso não destrói esses empreendedores, porque eles já decidiram o caminho de suas vidas. Permanecem sendo heróis porque as derrotas – como os triunfos- são parte desta vida heroica.

Os heróis na economia de um país

Voltemos à imagem do parque que estava em nossas mentes. São pessoas humildes e dispostas a lutar que encontramos ali, e um país não poderia funcionar sem elas.

A vida diária é baseada em pequenos e grandes empreendedores que querem um nascer do sol melhor todas as manhãs. Eles almejam dar a si mesmos e às suas famílias um futuro melhor e um lugar digno para viver. São pessoas que se levantam muito cedo e vão trabalhar para alimentar seus filhos, para abrigá-los, dar-lhes uma boa educação e uma casa que os faça sentir segurança. Todos estes indivíduos têm uma inspiração que os motiva a ser melhores a cada dia, para trabalhar ou ir buscar um emprego, fazendo-os sentir orgulho de quem são e do que fazem.

Nós não poderíamos realizar muitas de nossas atividades sem essas pessoas que são fonte de inspiração para ir mais longe. São indivíduos anônimos que trabalham para promover seu bem-estar e que contribuem para a riqueza econômica e moral de um país. Todos contribuem para gerar a ordem espontânea do mercado, aumentar o comércio e expandir a divisão do trabalho que faz muito bem a todos os indivíduos.

Menos burocracia e mais liberdade

Essas pessoas ganham a vida pacificamente e são chave muito importante para o bem-estar das nações. Então por que atrapalhá-los? Por que querer destruir os sonhos de milhões de pessoas que só querem despontar? As pessoas têm o direito de ser livres para escolher o caminho que bem entenderem para a felicidade, e as decisões que tomam fazem parte de seu caráter empreendedor e independente. Não é correto que algo ou alguém seja empecilho para a realização de sonhos e esperanças.

Os comerciantes “informais” não precisam que regulamentação excessiva e procedimentos onerosos[*] sejam jogados sobre eles dia após dia; necessitam é de liberdade para levar a cabo os seus projetos de vida. Assim se verá como progridem, uma vez que o desejo de melhorar os impulsionará. E todos esses bons desejos e a coragem desses heróis de lutar por aquilo em que acreditam fará a economia de seus países crescer junto com eles.

Por exemplo, de acordo com o Banco Mundial, no Equador são necessários cerca de 51 dias para abrir um negócio, na Bolívia são necessários 50 e 35 no Paraguai.

Por: Victor Pegoraro
Traduzido por Ana Rachel Gondim  Do site: http://eslibertad.org/2015/11/17/la-virtud-de-ser-un-comerciante/

terça-feira, 12 de janeiro de 2016

O CAPITALISMO PODE DESTRUIR A SI PRÓPRIO?


Joseph Schumpeter memoravelmente previu que as sociedades capitalistas seriam destruídas pelo seu próprio sucesso. Para Schumpeter, o capitalismo "inevitavelmente" se transforma em socialismo.

Seu argumento, de maneira resumida, é o seguinte: uma economia de mercado, com indivíduos fortemente empreendedores, gera um grande crescimento econômico e aumenta acentuadamente o padrão de vida das pessoas. Ironicamente, no entanto, a sociedade se torna tão próspera e tão inovadora, que passa a ignorar a fonte de toda a sua riqueza, dando-a como natural, corriqueira e automática. Pior ainda: torna-se abertamente hostil a ela.

O empreendedorismo e o mercado enriquecem tanto a sociedade, que as pessoas se esquecem do quão necessária e do quão frágil a economia de mercado realmente é. Elas até mesmo começam a acreditar que os mercados — e a ordem social e cultural que mantém os mercados funcionando — são inferiores à burocracia estatal e ao planejamento centralizado. 

Com o tempo, a sociedade acaba abraçando o socialismo.

Nas palavras de Schumpeter:

Os padrões crescentes de vida e, sobretudo, o lazer que o capitalismo moderno põe à disposição das pessoas que têm emprego e renda. . . bem, não há necessidade de terminar esta sentença e nem de elaborar aquele que é um dos argumentos mais verdadeiros, antigos e enfadonhos. O progresso secular, o qual é visto como algo natural e automático, em conjunto com a insegurança individual, que alimenta a inveja, é naturalmente a melhor receita para alimentar a inquietação social.

Entretanto, todo esse processo de transformação requer mais do que apenas a acumulação de riqueza: alguém tem de ativamente insuflar hostilidade às instituições da economia de mercado. Esse papel é desempenhado pelas classes intelectuais, que frequentemente abrigam um profundo ressentimento em relação às instituições empreendedoriais.

Os intelectuais incitam descontentamento entre um crescente número de pessoas cuja riqueza, em última instância, depende da produtividade do empreendedorismo, mas que, na prática, vivem majoritariamente fora da concorrência do mercado. Pessoas mais jovens são particularmente mais vulneráveis a esse preconceito anti-mercado, o qual é normalmente instilado por meio de escolas e faculdades. Entretanto, embora seja verdade que há uma ideologia explicitamente anti-mercado na educação superior, há também outras e mais sutis maneiras de fazer com que as mentes mais jovens, ao longo de todo o período escolar, se voltem contra os ideais de uma sociedade livre.

Quando o ensino superior se mostra incapaz de transmitir o conhecimento e as habilidades necessários para que uma pessoa seja bem-sucedida no mercado, isso acaba fazendo com que os estudantes adquiram uma forte desconfiança em relação a todo o sistema econômico, o qual eles acreditam estar subestimando seus talentos e no qual eles não conseguem se inserir.

[N. do E.: Eis como funciona: o estado determina que você tem de ter um diploma caso queira seguir uma determinada carreira. Você, então, passa a ser obrigado a perseguir um curso superior. Uma vez na faculdade, sua esperança é que, dali pra frente, o futuro será promissor, uma vez que sua reserva de mercado estará garantida. 

E então o futuro chega e, decepção, a coisa não é nada auspiciosa. 

As regulamentações e burocracias governamentais criaram um mercado de trabalho fechado e rígido. A alta carga tributária e todos os encargos sociais e trabalhistas não permitem que os salários sejam altos. Você, no máximo, encontra um emprego que paga um pouco melhor que um estágio, porém que exige muito mais; e, na maioria das vezes, você descobre que não é bem aquilo que queria. Você se sente enganado. 

Começa então a gritar por "direitos". Começa a pensar que, só porque cursou faculdade e tem um diploma, tem "direito" a emprego e salário bons. Porém, assim como você, há vários outros na mesma situação. E o mercado de trabalho é regulado demais para conseguir absorver toda essa mão-de-obra.]


O indivíduo que passou por uma faculdade ou universidade torna-se, com muita facilidade, intelectualmente inempregável em ocupações manuais. Para conseguir emprego em ocupações manuais, ele tem antes de adquirir experiência prática nesse setor. Sua incapacidade de obter esse emprego pode ser devida à falta de habilidade natural — perfeitamente compatível com a aprovação nas universidades — ou a um ensino deficiente. 

E ambos os casos ocorrerão, de maneira absoluta ou relativa, com mais frequência à medida que um número cada vez maior de pessoas tiver acesso à educação superior e à medida que volume de coisas a serem ensinadas aumentar sem levar em conta o número de verdadeiros eruditos que a natureza pode produzir.

Se a educação superior não levar em conta a oferta de e a demanda por habilidades práticas e úteis, ela irá produzir formandos que naturalmente irão engrossar o coro da classe intelectual, trazendo consigo sentimentos de alienação e insatisfação:

Todos aqueles que estiverem desempregados, ou que estiverem insatisfatoriamente empregados, ou que forem inempregáveis tenderão a buscar emprego naqueles ofícios em que os padrões são menos definidos ou em que aptidões e conhecimentos de outro tipo têm mais valor. 

Estes frustrados irão engrossar as fileiras de intelectuais, no exato sentido do termo, cujos números crescem desproporcionalmente. Eles entram nessas fileiras com um estado de espírito absolutamente antagonístico. O descontentamento dá origem ao ressentimento, o qual, muitas vezes, racionaliza-se e transforma-se em crítica social. Essa crítica, como vimos acima, é uma demonstração da atitude típica do intelectual (que se transforma em um mero expectador) em relação a pessoas, classes e instituições, especialmente em uma civilização racionalista e utilitarista.

Com efeito, o argumento de Schumpeter faz ainda mais sentido em um contexto de intervencionismo do que em uma sociedade genuinamente livre. Quando o setor público se expande, empreendedores são, ao mesmo tempo, expulsos do mercado e culpados pelos problemas econômicos criados pelo estado. 

[N. do E.: quanto maior for o governo, maiores serão seus gastos. Quanto maiores forem seus gastos, maiores terão de ser os impostos e o endividamento do governo. Quanto maiores forem os impostos, menores serão os incentivos ao investimento e à produção. Quanto maior for o endividamento do governo, maiores serão as oportunidades perdidas em investimentos que não puderam ser feitos (porque o governo se apropriou desse dinheiro que poderia ter sido emprestado para o setor privado), maiores serão os gastos com juros, e maior terá de ser a carga tributária para arcar com esses gastos com juros. Veja detalhes neste artigo].

Ainda mais importante, à medida que o intervencionismo e o escopo do estado se expandem, as "virtudes burguesas" que sustentam uma sociedade livre desaparecem. Por que você vai abrir uma padaria, um restaurante, um comércio ou uma atividade de serviços se você pode se tornar um burocrata bem pago trabalhando em uma repartição pública? Por que uma pessoa qualificada vai querer fazer algum estágio em uma firma de engenharia se o governo abriu vários concursos públicos que prometem salários nababescos e estabilidade no emprego? Enfim, por que se arriscar no setor privado, sofrendo cobranças e tendo de apresentar eficiência, se você pode simplesmente ganhar muito no setor público, tendo estabilidade no emprego e sem ter de apresentar resultados?

Com um estado inchado, a acumulação de riqueza passa a ocorrer por meio de privilégios legais (rent-seeking, na linguagem da Escola da Escolha Pública), de parasitismo e de redistribuição, e não por meio da genuína satisfação dos consumidores. Empreendedores, agora protegidos pelo estado das vicissitudes do mercado, blindados contra o sistema de lucros e prejuízos imposto pelo mercado, perdem contato com a divisão do trabalho e sua filosofia de inovação e criação de riqueza.

Esse caminho leva ao desastre.

No entanto, ao contrário do que diz Schumpeter, o socialismo não é inevitável. Como Mises nunca se cansou de argumentar, a liberdade pode triunfar, mas, para isso, é necessário vencermos a batalha das idéias. Porém, essa batalha só pode ser vencida por meio da lógica cuidadosa, da exposição clara do pensamento e de um firme compromisso para com a difusão pacífica da verdade, mesmo que outros sejam hostis a ela. Isso significa conceder aos opositores da liberdade a mesma tolerância que eles frequentemente negam aos defensores da liberdade. 


Contra tudo o que é estúpido, absurdo, errôneo e mau, o liberalismo luta com as armas do pensamento, não com a força bruta e a repressão.
Por: Matt McCaffrey é professor de economia na Auburn University e editor do Libertarian Papers.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

'ALERTA DE ANO-NOVO'

O senhor Custódio está preocupado. Ele é um veterano de inflações. Quando jovem, viveu os 81,99% de 1963 e os 86,46% de 1964. Já maduro, tendo de arcar com as próprias contas, lembra dos 220,6% de 1984 e dos 235,13% de 1985. E os primeiros anos 1990 então? Lá foi o índice para taxas astronômicas. Em 1990 foi de 1 475,71%; em 1992, de 1 158%; em 1993, de 2 780,6%. Em corrida desenfreada, o Brasil passou, nessas três décadas, das dezenas para as centenas, e das centenas para os milhares. O sr. Custódio está preocupado com a inflação de dois dígitos e as notícias de suspeitas reorientações da política econômica do governo e, como teme que muitos brasileiros, especialmente os 40% nascidos depois de 1990, não tenham ideia do que é viver com altas taxas, franqueou ao colunista seus registros de despesas dos anos 1993-1994, vésperas do Plano Real.

Custódio é uma pessoa prudente e metódica. Anota e guarda tudo direitinho. É assim que ficamos sabendo que o aluguel do apartamento em que morava, em janeiro de 1993, era de 2 350 000 cruzeiros (sim, milhões ─ era nessa esfera que se trabalhava); em fevereiro já passara para 3 127 530 e, em julho, atingira 14 540 000. Foi da casa dos 2 milhões para a casa dos 14 milhões em sete meses! A conta de luz, que em janeiro era de 367 760 cruzeiros, em julho chegara a 1 953 422.

A preciosa caderneta do sr. Custódio tem registros ainda mais singelos do que era a vida contabilizada em milhões. Em junho de 1993, a compra de mês num supermercado custou-lhe 3,4 milhões de cruzeiros. Nesse mesmo mês, acometido pela suspeita de doença grave, pagou 3,8 milhões por uma consulta com um especialista. Não se pense que eram cobranças fora da realidade. Os 3,4 milhões da compra do mês equivalem a 440 reais de hoje, e a consulta de 3,8 milhões, a 490 reais ─ preço de um especialista renomado, então como agora. O que era fora da realidade de uma sociedade organizada, e tão fora que atingia níveis surreais, era, primeiro, ter de trabalhar com tantos algarismos, e, segundo e mais importante, algarismos que não paravam quietos, tomados pela loucura de subir. Em março-abril, o sr. Custódio fez um tratamento dentário. O esperto dentista não quis perder tempo fazendo cálculos de milhões. Tomou logo como referência a moeda americana e cobrou 400 dólares pelo serviço, a ser quitados em duas vezes.

Em agosto de 1993 houve uma mudança de moeda. Saiu de cena o cruzeiro e, em seu lugar, entrou o “cruzeiro real”. Já se articulava o Plano Real, daí o nome da nova moeda, mas a medida, ao cortar três zeros da moeda anterior, tinha por único objetivo facilitar os cálculos. A inflação continuaria em sua marcha indômita. O sr. Custódio, nesse período, tinha o azar de ter um filho cursando uma cara faculdade, que pagava às vezes recorrendo a empréstimos de parentes. A mensalidade foi de 12 700,98 cruzeiros reais, em agosto, para 46 470, em dezembro. No ano seguinte a marcha continuou, e a mesma mensalidade, em junho de 1994, o último mês antes do início da era do real, atingira 389 179.

Ao rever suas anotações, o sr. Custó­dio é tomado de alucinações como pensar que até o fim da década, do jeito que vão as coisas, retomaremos o velho truque de cortar os zeros da moeda ─ e o real (R$), já impossível de caber no normal das calculadoras, será substituído pelo novo real (NR$). São só alucinações, claro. Custódio, além de prudente e metódico, é assustadiço como costumam ser as pessoas prudentes e metódicas. Em todo caso, consultando seus alfarrábios, ele verifica como foi fácil, poucas décadas atrás, escalar dos 19,47% de inflação em 1970 aos 79,42% em 1979, e daí aos 235,13% em 1985. Com a inflação, vão-se os ministros da Fazenda. O governo Sarney teve quatro. Itamar Franco, em sete meses, testou e descartou três, antes de nomear Fernando Henrique Cardoso. Dilma Rousseff, em onze meses do segundo mandato, já partiu para o segundo.

O sr. Custódio é assaltado pela sensação de um conhecido filme que recomeça. Ele gostaria que a excelentíssima senhora presidente da República e o excelentíssimo senhor Nelson Barbosa, o novo ministro da Fazenda (o sr. Custó­dio, além de prudente, metódico e assustadiço, é formal como costumam ser as pessoas prudentes, metódicas e assustadiças), dedicassem um minuto de seu precioso tempo para considerar os dados de sua caderneta. O desânimo o impede de sair por aí desejando às pessoas um feliz ano-novo. Prefere distribuir alertas de ano-novo. O colunista pensa que ele talvez tenha razão. Por: Roberto Pompeu de Toledo Publicado na versão impressa da Veja

sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

PARAGUAI É O PAÍS QUE FREOU EXPANSÃO BOLIVARIANA, DIZ FRANCO

Franco: ele assumiu o poder após um controvertido julgamento político parlamentar no qual o presidente Fernando Lugo foi destituído

Da EFE

Madri - O presidente do Paraguai, Federico Franco, afirmou nesta terça-feira que seu país deverá ser reconhecido como o que freou a expansão na América Latina do eixo bolivariano, liderado pela Venezuela, embora tenha expressado a esperança de que as relações com Caracas melhorem após as eleições que serão realizadas em abril em ambos os países.

"Algum dia a história vai reconhecer o Paraguai como o país que pôde conter e derrotar o eixo bolivariano em sua expansão latino-americana", afirmou Franco, em entrevista à Agência Efe em Madrid, onde nesta terça-feira se reúne com o chefe do Governo espanhol, Mariano Rajoy.

Esta é a primeira visita de Franco à Espanha desde que, em junho de 2012, assumiu o poder após um controvertido julgamento político parlamentar no qual o presidente Fernando Lugo foi destituído, uma crise que provocou o isolamento regional do Paraguai.

"O isolamento ao qual meu país foi submetido é absolutamente injusto. O Paraguai é um país livre, soberano e independente, para sempre, como reza a nota de emancipação da Espanha", afirmou Franco, que espera que as próximas eleições de 21 de abril terminem com essa situação.

"Nós não aceitamos ingerências, nem ideologias e nem decisões de países estrangeiros. E não será o bolivarianismo que fará imposições sobre o que temos que fazer no país", ressaltou o presidente do Paraguai.

Franco reiterou que o procedimento parlamentar pelo qual Lugo foi destituído foi totalmente ajustado à Constituição, e que a suspensão do Paraguai dos blocos regionais Mercosul e Unasul, sete dias depois, "foram totalmente injustas e prejudiciais para os interesses do país".

O líder destacou que o atual presidente encarregado da Venezuela, Nicolás Maduro - que foi declarado "persona non grata" no Paraguai por ingerências nos assuntos internos durante a crise de destituição de Lugo - "foi designado por vontade de Hugo Chávez" e "não tem nenhum respaldo e nenhuma legitimidade".

No entanto, desejou que após as eleições da Venezuela de 14 de abril, "com o presidente, as relações voltem a existir".

Com respeito às eleições gerais que acontecerão no Paraguai em 21 de abril, cumprindo assim o prazo em que deveria acabar o mandato de Lugo, Franco prometeu que com o novo eleito, "seja quem for", "iniciará até 15 de agosto - quando o novo presidente assumir - um período de relação harmônica para que a transição seja a menos traumática, a mais previsível e a mais segura para os interesses do país".

"Seja quem for o ganhador, vamos acompanhá-lo. Meu coração é previsível, sou de um partido político e espero que ganhe o candidato de meu partido", afirmou, em referência ao liberal Efraín Alegre, embora as enquetes apontem uma vantagem ao colorado Horacio Cartes.

Com relação ao relatório no qual o Comitê de Direitos Humanos da ONU pediu na semana passada uma investigação independente sobre o massacre de 17 pessoas em Curuguaty, o que culminou uma semana depois na destituição de Lugo, Franco afirmou que "não passa de ser uma recomendação".

"Eu não fui o presidente quando aconteceu a massacre, isto ocorreu durante o Governo de Lugo. O assassinato de seis membros da Polícia e 11 camponeses é responsabilidade única e exclusiva do Governo de Fernando Lugo. Nossa participação é zero", insistiu.

O presidente do Paraguai destacou que sua visita oficial à Espanha para se reunir com Rajoy procura "ratificar o compromisso de boas relações com a mãe pátria e seduzir os empresários".

Franco considerou que "as relações com a Espanha nunca estiveram deterioradas" apesar do Paraguai não ter sido convidado para Cúpula Ibero-Americana de Cádiz de novembro, precisamente para evitar outros líderes se ausentassem.

"Nossas relações sempre foram absolutamente harmônicas e proporcionais. O Paraguai é um lugar seguro, previsível, há estabilidade jurídica, política e tributária, e nunca recorreu a nenhum Governo para nacionalizar empresa de ninguém e muito menos espanhola", ressaltou.

Por isso, defendeu que o Paraguai pode ser "o trampolim para que a Espanha possa chegar a outros países do Mercosul", já que existe a "grande capacidade de poder investir nos produtos gerados no Paraguai dentro da região, com um potencial de 300 milhões de habitantes, entre Argentina, Brasil, Uruguai, Paraguai e Bolívia".
Por: Norberto Duarte Agência EFE de Madrid.   Por: Frederico Franco, presidente do Paraguai

segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

JAMAIS PAGUE ALGO ADIANTADO

Uma das maiores vantagens do Capitalismo com relação ao Socialismo é esta:


No Socialismo você paga por Saúde e Educação para seus filhos, linhas de telefone, sempre adiantado.

Estes serviços são cobrados do pobre, pelos Ministros da Fazenda, nos impostos que eles são obrigados a pagar apesar de pobres, sempre adiantado.

No Capitalismo você só paga por Saúde, Educação, linhas de telefone, no ato de consumi-los.

Vendo o produto de antemão, o médico em questão, a linha de telefone instalada.

Na falta de dinheiro, o Capitalismo lhe empresta em 24 meses ou mais. 

Você é que poderá dar o calote, não o Capitalista.

No Socialismo quem dá o calote é sempre o Estado Socialista.

Que já está com seu dinheiro, mas arruma desculpas para não prestar o serviço prometido.

“Seu filho é muito burro, não entrou no vestibular.”

Você é mais burro ainda por ter votado no Lula, FHC e Dilma, que lhe prometeram Educação com Qualidade. 

Em vez de tentar ensinar todo mundo a ser Liberal ou de Direita, por que vocês não ensinam as pessoas a nunca pagarem por serviço incerto, médico incerto, hospital incerto, professor incerto, a nunca pagar adiantado? 

Por: Stephen Kanitz 
Do site: http://blog.kanitz.com.br/pague-adiantado/?utm_source=feedburner&utm_medium=twitter&utm_campaign=Feed%3A+stephen_kanitz+%28Artigos+Para+Se+Pensar+-+Stephen+Kanitz%29