quarta-feira, 1 de junho de 2016

ALEMANHA: "PRECISAMOS DE UMA LAI ISLÂMICA"

A proposta visa proibir o financiamento externo de mesquitas na Alemanha


"Todos os imãs devem ser formados na Alemanha e compartilhar os nossos valores fundamentais. ... Não é possível aceitarmos a importação de valores diferentes, parcialmente radicais de outros países. O alemão deve ser a língua falada nas mesquitas. A Europa evoluída deve cultivar seu próprio Islã". – Andreas Scheuer, Secretário Geral do partido da União Social Cristã (CSU).

O governo turco enviou 970 clérigos — cuja maioria não fala alemão — para conduzir 900 mesquitas na Alemanha controladas por um ramo da Superintendência para Assuntos Religiosos do governo turco. Os clérigos turcos na Alemanha são efetivamente servidores públicos a serviço do governo turco.

Erdogan alertou, repetidamente, os imigrantes turcos a não se assimilarem à sociedade alemã. Durante uma visita a Berlim em novembro de 2011, Erdogan declarou: "assimilação é uma violação dos direitos humanos".

Um político alemão do primeiro escalão defendeu a introdução de uma "lei islâmica" que limitaria a influência de imãs estrangeiros e proibiria o financiamento externo de mesquitas na Alemanha.

A proposta — baseada na Lei Islâmica promulgada na Áustria em fevereiro de 2015 — tem como objetivo manter distância do extremismo e promover a integração muçulmana através da criação de um "Islã europeu" moderado.

A iniciativa ocorre em meio a revelações de que o governo turco está pagando os salários de cerca de 1.000 imãs conservadores, dentro da Alemanha, que conduzem mesquitas ao redor do país. Além disso, a Arábia Saudita recentemente se comprometeu em financiar a construção de 200 mesquitas na Alemanha para dar assistência aos candidatos a asilo.

Em uma entrevista concedida ao jornal Die Welt, Andreas Scheuer, Secretário Geral da União Social Cristã (CSU), partido bávaro irmão da União Democrata Cristã (CDU) da Chanceler Alemã Angela, assinalou que Berlim deveria restringir o financiamento turco de mesquitas na Alemanha e começar a formar e certificar seus próprios imãs. Senão, argumenta ele, a integração muçulmana será difícil ou até impossível de se concretizar. Ele ressaltou o seguinte:


"Precisamos ser mais críticos ao lidarmos com o Islã político, porque ele obstaculiza a integração muçulmana em nosso país. Precisamos de uma Lei Islâmica. O financiamento de mesquitas e jardins de infância que vem do exterior, por exemplo da Turquia ou Arábia Saudita, deveria ser proibido. Todos os imãs devem ser formados na Alemanha e compartilhar nossos valores fundamentais.

"Não é possível aceitarmos a importação de valores diferentes, alguns deles radicais, de outros países. O alemão deve ser a língua falada nas mesquitas. A Europa evoluída deve cultivar seu próprio Islã.

"Ainda estamos no início da nossa jornada. Temos que começar agora. Não podemos de um lado promulgar uma Lei de Integração e de outro fechar os olhos em relação ao discurso religioso pregado nas mesquitas e por quem ele é pregado".

As observações de Scheuer vêm em meio a denúncias de que o governo turco enviou 970 clérigos — cuja maioria não fala alemão — para conduzir 900 mesquitas na Alemanha controladas pela União Turco-Islâmica para Assuntos Religiosos (DITIB), ramo da Superintendência para Assuntos Religiosos do governo turco, conhecido em turco comoDiyanet.

Os sucessivos governos alemães são os responsáveis por este estado de coisas. Em um artigo o jornal Der Tagesspiegel observa: "nas últimas décadas, o governo federal comemorou o fato da autoridade religiosa turca exercer forte influência sobre as mesquitas alemãs. A Turquia era considerada um estado secular e a sua influência era vista como escudo contra o extremismo religioso".

Isso foi antes do Presidente da Turquia Recep Tayyip Erdogan embarcar em uma missão para transformar a antiga nação secular em um país islâmico.

De acordo com o jornal Die Welt, Erdogan aumentou o tamanho, alcance e poder do Diyanet, que atualmente conta com um orçamento de 6,4 Liras turcas (US$2,3 bilhões; €1,8 bilhões), que representa mais do que 12 ministérios turcos, incluindo o ministério do interior e o ministério das relações exteriores. O Diyanet conta com um quadro de 120.000 funcionários, um salto dos 72.000 em 2004.

Os clérigos turcos na Alemanha são efetivamente servidores públicos a serviço do governo turco. Críticos de Erdogan o acusam de usar as mesquitas da DITIB para impedir que os migrantes turcos se integrem à sociedade alemã.

O político alemão Cem Özdemir, co-presidente do Partido Verde, ressaltou que a DITIB "nada mais é do que a extensão do braço do estado turco". Ele acrescenta: "em vez de ser uma organização religiosa legítima, o governo turco transformou a DITIB em uma organização política de fachada do partido AKP de Erdogan. A Turquia precisa abrir mão dos muçulmanos na Alemanha".

Erdogan alertou repetidamente os imigrantes turcos a não se assimilarem à sociedade alemã.

A Mesquita Central de Colônia, dirigida pela DITIB é usada como base central na Alemanha da agência de inteligência turca, de onde é dirigido o "esquadrão de criminosos" cuja tarefa é aplicar "severas punições" aos dissidentes turcos na Alemanha. (imagem: © Raimond Spekking/CC BY-SA 4.0, via Wikimedia Commons)



Durante uma visita a Berlim em novembro de 2011, Erdogan declarou: "assimilação é uma violação dos direitos humanos". Em fevereiro de 2011, Erdogan disse a uma multidão de mais de 10.000 imigrantes turcos em Düsseldorf: "somos contra a assimilação. Ninguém deve ter condições de arrancar de nós nossa cultura e civilização". Em fevereiro de 2008, Erdogan dissea 16.000 imigrantes turcos em Colônia que a "assimilação é um crime contra a humanidade".

Por seu lado, o Rei Salman da Arábia Saudita anunciou recentemente um plano para financiar a construção de 200 mesquitas na Alemanha a fim de prover as necessidades espirituais aos migrantes e refugiados que aportaram em 2015. As mesquitas irão, presumivelmente, professar o wahhabismo, a forma oficial e dominante do Islã sunita da Arábia Saudita. O wahhabismo é uma forma rigorosa do Islã que insiste na interpretação literal do Alcorão.

Em 11 de abril, Hans-Georg Maassen, chefe da Agência de Inteligência Interna da Alemanha (BfV), soou o alarme diante do crescente número de mesquitas radicais de língua árabe na Alemanha. "Muitas mesquitas são controladas por fundamentalistas e estão sendo monitoradas por conta da sua orientação salafista", ressaltou Maassen em uma entrevista concedida ao jornal Welt am Sonntag. Ele acrescentou que muitas dessas mesquitas estavam sendo mantidas por doadores da Arábia Saudita.

Ainda é incerto, contudo, se Merkel irá apoiar a "Lei Islâmica", que certamente irá contrariar Erdogan, visto que ele efetivamente controla as comportas da imigração em massa de muçulmanos para a Europa. Se Merkel apoiar abertamente a proibição de financiamento externo de mesquitas na Alemanha, Erdogan provavelmente irá rescindir o acordo EU/Turquia no tocante aos migrantes, acordo este que Merkel necessita desesperadamente para conter o fluxo da migração em massa para a Alemanha. Este é mais um indício do tremendo poder acumulado por Erdogan frente à estratégia política de Merkel e da Alemanha.

O governo de coalizão da Alemanha, entretanto, fechou um acordo quanto à nova "Lei de Integração".

Em 14 de abril Merkel anunciou as linhas gerais da nova legislação, que irá explicar claramente os direitos e as responsabilidades dos migrantes na Alemanha. Segundo a lei, cujo texto será concluído até 24 de maio, os candidatos a asilo serão obrigados a comparecerem às aulas da língua alemã e participarem de treinamento para a integração, caso contrário seus benefícios serão cortados.

O governo se comprometeu a facilitar aos candidatos a asilo o acesso ao mercado de trabalho alemão com a promessa de criar 100.000 novas "oportunidades de trabalho". O governo também irá suspender uma lei que determina aos empregadores que deem preferência aos candidatos alemães ou da União Européia em relação aos candidatos a asilo.

No afã de evitar a disseminação de guetos de imigrantes na Alemanha, a nova lei, cuja expectativa é que entre em vigor ainda neste verão, irá proibir aos refugiados que escolham onde irão morar até a concessão do asilo. Os migrantes que abandonarem as moradias designadas pelo estado sofrerão sanções ainda não especificadas.

A nova lei também incluirá cláusulas contra o terrorismo, que permitirão às agências de inteligência alemã trabalharem em estreita colaboração com seus colegas europeus, da OTAN e israelenses.

"Nós teremos uma lei alemã no tocante à integração", assinalou Merkel. "Esta é a primeira vez desde a Alemanha do pós guerra que isso acontece. É um passo importante e qualitativo".

Os críticos porém dizem que a lei proposta não vai longe o suficiente porque ela não ameaça com deportação os imigrantes que se recusarem a se integrar. Na entrevista ao Die Welt, Scheuer insistiu que os imigrantes muçulmanos terão que se integrar ou serão deportados:

"Qualquer um que não comparecer aos cursos de integração e de língua alemã atesta que não está disposto a se integrar ou a aceitar nossos valores. Além disso, é importante que as pessoas que queiram ficar na Alemanha se registrem na Agência Federal de Emprego (Bundesagentur für Arbeit) e cuidem da sua própria subsistência. A mensagem é clara: aqueles que não se integrarem não poderão ficar aqui. Temos que acabar com as visões românticas da integração. O multiculturalismo não deu certo. Aqueles que não se integrarem devem contar com a deportação".

Por: Soeren Kern, colaborador sênior do Gatestone Institute sediado em Nova Iorque. Ele também é colaborador sênior do European Politics do Grupo de Estudios Estratégicos / Strategic Studies Group sediado em Madri. Siga-o no Facebook e no Twitter. Seu primeiro livro, Global Fire, estará nas livrarias em 2016.  24 de Maio de 2016
Original em inglês: Germany: "We Need an Islam Law"
Tradução: Joseph Skilnik
Do site: http://pt.gatestoneinstitute.org/8119/alemanha-lei-islamica

sexta-feira, 27 de maio de 2016

A ÁGUA DOCE É UM RECURSO ESCASSO?


Eis o primeiro mapa mundi das águas subterrâneas.

Se fosse possível retirar essa água e depositá-la sobre a parte seca da Terra, ela poderia produzir um dilúvio que cobriria todos os continentes com uma profundidade de 180 metros.

Certa feita, visitando a catedral católica de uma cidade do oeste do Paraná, chamou-me a atenção o esmero com o qual duas senhoras tentavam arrumar uma montagem com papéis coloridos no fundo do templo.

Quando cheguei perto, fiquei pasmo. O tema era a Campanha da Fraternidade falando que a água doce é um recurso cada vez mais raro, escasso e caro. 

Não preciso dizer o quanto chove no Paraná. Nem toda a água doce do rio do mesmo nome. Nem tampouco toda a água do Iguaçu que cai na foz desse rio, tão visitado por pessoas do mundo inteiro pela sua grandiosidade.

O disparate era tamanho que custei a reagir. Também percebi que essas boas senhoras, pertencentes a algum movimento de sacristia, nada entendiam do que estavam fazendo. Apenas o pároco e o bispo mandaram-nas fazer. 

E elas montavam com boa fé um painel segundo o que entendiam do tema na sua fantasia. E manifestamente nada entendiam da proposta dessa Campanha da CNBB.

Tempos depois, em São Paulo, um velho amigo me contou ter ouvido do ex-frei Leonardo Boff que a luta do futuro seria pela água doce. Achei um perfeito disparate, mas aqueles meses eram de seca e a Cantareira batia recordes negativos...

Lembrei-me dessas boas pessoas logradas quando recebi um artigo do site Inovação Tecnológica com o título “Um mapa-múndi das águas subterrâneas”. 

Já tive ocasião de difundir em meu blog algumas valiosas informações sobre os imensos lagos subterrâneos de água doce existentes em todo o planeta.

A começar pelos aquíferos do Brasil: o Guaraní (o maior em extensão de água) e o Alter do Chão (o maior em volume de água) nas bacias dos rios Prata e do Amazonas, para só falar deles e deixar de lado gigantes como o Cabeças, o Urucuia-Areado ou Furnas.

Mas também o colossal lago Vostok, na Antártica, ou aquele que permitiria irrigar boa parte do Saara e atender às necessidades de grande parte da população que vive em seu entorno, além das áreas futuramente irrigáveis.

Nunca, porém, vi uma visão de conjunto dessas águas doces que Deus colocou em quantidades desmesuradamente grandes debaixo de nossos pés.

O referido artigo pôs-me diante de um panorama de cair de costas. 

Ele informa que, pela primeira vez desde que um cálculo do volume mundial das águas subterrâneas foi tentado, na década de 1970, um grupo internacional de hidrólogos produziu a primeira estimativa das reservas totais de águas subterrâneas da Terra.

O estudo fornece dados importantes para os gestores de recursos hídricos e desenvolvedores de políticas, bem como para pesquisas de campo na hidrologia, ciência atmosférica, geoquímica e oceanografia.
Para a nova medição, a equipe, liderada por Tom Gleeson, da Universidade de Vitória, no Canadá, usou vários conjuntos de informações (incluindo dados de perto de um milhão de bacias hidrográficas) e mais de 40.000 modelos de águas subterrâneas para compor o mapa-múndi das águas subterrâneas.

Os cálculos estimam um volume total de cerca de 23 milhões de quilômetros cúbicos de água subterrânea, algo muito próximo da estimativa feita há 40 anos. (Um quilômetro cúbico de água = 1.000.000.000.000 de litros (um trilhão).

Para efeito de comparação, se fosse possível retirar essa água e depositá-la sobre a parte seca da Terra, ela poderia produzir um dilúvio que cobriria todos os continentes com uma profundidade de 180 metros. Talvez nem Noé visse tanta água!

Ou poderia elevar os níveis do mar em 52 metros, caso fosse espalhada sobre o globo inteiro.

Do total das águas subterrâneas da Terra, apenas cerca de 0,35 milhão de quilômetros cúbicos de “água jovem” é inferior a 50 anos de idade.

Essa fração de “água jovem” recarrega-se através das chuvas e dos cursos d'água em uma escala temporal de algumas décadas, representando assim a parte potencialmente renovável das águas subterrâneas. 

Segundo Gleeson, as águas mais profundas são demasiadamente salgadas, isoladas e estagnadas, e deveriam ser vistas como recursos não renováveis.

O volume da "água jovem" subterrânea doce supera todos os outros componentes do ciclo hidrológico ativo e é um recurso renovável. 

Lembrei-me das sacrificadas senhoras católicas enganadas daquela catedral do oeste do Paraná, bem como do bom amigo que caíra no papo do ex-frei agora "teólogo da libertação da Terra".

E pensei: vermelhos ou verdes, eles são sempre os mesmos! Eles obedecem à risca o péssimo conselho de Voltaire: “Menti, menti, algo sempre ficará!”
Por"Luis Dufaur, escritor, jornalista, conferencista de política internacional, sócio do IPCO e webmaster de diversos blogs.
Do site: http://www.midiasemmascara.org/


Humildade

quarta-feira, 25 de maio de 2016

O BARBARISMO CULTURAL


Mário Ferreira dos Santos (1907-1968) foi um dos maiores pensadores desse país, criador de uma nova maneira de se pensar e estudar a filosofia chamada de “filosofia concreta”, em que a filosofia seria baseada na lógica, não havendo possibilidade de discordância de seus pressupostos, a que chamou “Teses”, denominando-se tal característica como apoditicidade lógica. A primeira tese é a fundamentação de toda a sua filosofia: “Alguma coisa há, e o nada absoluto não há”, da qual extrai outras teses, passando pelos principais tópicos da filosofia através dos métodos da filosofia matemática.

Em uma das suas obras principais, “Invasão Vertical dos Bárbaros”, Mário mostra o barbarismo cultural e como grupos políticos o utilizam. No livro, o filósofo mostra que as invasões territoriais na maioria das vezes não se dão de forma horizontal, mas principalmente de forma vertical, que é a invasão que penetra pelo âmbito cultural, solapando os fundamentos, e preparando o caminho para a corrupção mais fácil do ciclo cultural. Um exemplo é a tomada do Império Romano pelos Bárbaros, que serve como base para o desenvolvimento de teorias como o marxismo cultural, do italiano Antonio Gramsci, o relativismo dos membros da chamada Escola de Frankfurt e para o sócio-construtivismo francês dos anos 1960.

Já nos anos 1960, Mário percebia que a cultura tinha começado a ser tomada de assalto pela esquerda. Na introdução do livro o paulista, radicado no Rio Grande do Sul, diz que a obra é uma denúncia a essa tomada cultural feita de maneira vertical, desenvolvida em quatro séculos, e que Mário achava que já tinha chegado em um estado intolerável e ameaça a todos nós de maneira definitiva.

A primeira parte da obra trata da afetividade e da sensibilidade do homem. São tratados assuntos como a exaltação da força física em detrimento do intelecto, a valorização exagerada do corpo, a supervalorização romântica, a superioridade da truculência contra o Direito, a propaganda tendenciosa e desenfreada dos ideologismos, a valorização da memória mecânica, a exploração precoce da sexualidade e a disseminação da chamada “cultura de mal gosto”, que no contexto utilizado pelo pensador, seria a mãe de todos os males pois contribuiria para a disseminação dos outros males anteriores.

Na segunda parte do livro, Ferreira dos Santos trata sobre as questões da intelectualidade, tais como a luta contra a universalização do conhecimento (com o consequente desaparecimento dos princípios comuns a várias ciências humanas, corrupção da linguagem (detrimento da norma culta da língua pela valorização da variedade padrão e atomização do conhecimento), o desvirtuamento da Universidade, a separação maldosa feita entre Religião, Filosofia e Ciência para que as três áreas entrem em constante conflito, a incompreensão entre Ética e Moral, o Proletário e a exploração ideológica, juventude transviada e o uso dela como massa de manobra por movimentos revolucionários, nominalismo e realismo e desenvolvendo o conceito de autoridade divina no decorrer da segunda parte.

A obra é de atualidade desconcertante e constitui um diagnóstico preciso das doenças espirituais e culturais que podem levar uma civilização a um estado de barbárie e morte. Portanto, é de leitura fundamental, pois, como se sabe, o diagnóstico é também o primeiro passo para a cura da doença. Demais, a leitura desse livro ajudará a todos que buscam responder às perguntas que fiz acima a encontrar as respostas que procuram.

Contudo, o que quero destacar aqui é que o filósofo escreveu essa obra num momento histórico, cultural e político muito mais tumultuado que o nosso. Era o último ano de governo do primeiro presidente militar, Humberto de Alencar Castello Branco, auge das guerrilhas socialistas no Brasil e também o auge da Guerra Fria, além do nascimento de movimentos como o sócio-construtivismo e a contracultura. E, sabendo que há muito as universidades brasileiras, monopolizada por intelectuais de esquerda e sindicatos, jamais seria o lugar de onde partiria a luta para salvar o ciclo cultural em que vivemos, pôs-se a escrever durante a sua vida toda, às vezes até mimeografando as suas obras e, assim, cumprindo a sua parte na luta, já nas décadas de 1950 e 1960.

A vida e a obra de Mário Ferreira dos Santos são mais que um exemplo a seguir, mas sim um poderoso testemunho de que, para evitar a completa barbarização de toda uma cultura, basta que existam algumas pessoas cujas vidas estejam integralmente a serviço das boas ideias, seguindo a velha frase do economista austríaco Ludwig Von Mises, “Ideias e somente ideias podem iluminar a escuridão”.



Diante dessa afirmação, os pessimistas de hoje talvez dirão que é impossível deter a revolução cultural socialista que já está em estágio bem avançado. Ao que eu responderia a tal questão: contemplar a realidade dessa ótica é cair naquele velho erro de ficar vendo o corpo através da sombra, atitude que, ao final, só nos levará a tomar a sombra pelo corpo e, no final das contas, “a conhecer o bem pelo seu reflexo no mal”, como já disse Olavo de Carvalho, pensador brasileiro autor do livro “O Jardim das Aflições”. Com efeito, se os que podem ver a luz da verdade preferem ficar olhando somente para as trevas, logo tudo para eles será choro, ranger de dentes e falta de esperança.

Mesmo num momento em que grande parte das pessoas parecem querer dirigir seus olhares somente para as sombras, mesmo com um cenário político e cultural que começa a nos favorecer, todas as pessoas que buscam a verdade têm o dever de continuar a olhar para o corpo. E o que isso significa? Deixo a resposta para o próprio Mário Ferreira dos Santos, que diz no final do livro:

“Se temos em nossa estrutura cultural, no âmbito das ideias superiores, tudo quanto de maior a humanidade ardentemente sonhou e desejou, como admitir que se destruiu o que é fundamento para uma caminhada mais promissora?

Que afastemos o que obstaculiza, que lutemos contra o que desvirtua, que fortaleçamos o que nos auxilia a marchar para frente, está bem! Mas renunciar, demitirmo-nos do conquistado, para volver atrás, isso nunca!

Lutar pelo nosso ciclo cultural, fortalecer os aspectos positivos para impedir o desenvolvimento do que é negativo, eis o nosso dever.”
Por Jefferson Viana, publicado pelo Instituto Liberal 
Do site: http://www.institutoliberal.org.br/

terça-feira, 24 de maio de 2016

Percepção e Realidade

A CENOURA DO IMPEACHMENT


Por volta de 2007, Reinaldo Azevedo publicou um artigo na revista "Veja" sobre a revolução gramsciana que levara o PT ao poder. De onde você acha que veio aquilo? Você acha que um jornalista sem maior formação filosófica foi capaz de formulá-lo?

Há um erro grotesco circulando por aí que precisa ser corrigido, pelo bem dos contemporâneos e dos pósteros. É um erro sobre cenouras. Qual é a causa das cenouras? As cenouras aparecem para nós como um produto no supermercado, mas serão os supermercados a causa das cenouras? Não. Para produzir cenouras, é necessário primeiro selecionar solos drenados, com boa capacidade de absorção de nutrientes e PH entre 6.0 e 6.5. Depois é preciso selecionar boas sementes e, uma semana antes de plantá-las, preparar e fertilizar o solo. A seguir é necessário plantar as sementes, hidratá-las diariamente com cuidado para que não haja água em excesso nem com pressão demais, cobrir sempre com terra as cenouras germinantes para que não azedem, podá-las constantemente e, depois de cerca de três meses, colhê-las. Por último é preciso transportá-las para uma ceasa, de onde serão levadas para um supermercado, local onde finalmente adquirem existência física para nós. Mas teriam os supermercados criado as cenouras?

Há pessoas que estão convencidas de que sim. São aquelas que veem um pedaço de gelo no mar e acreditam tratar-se antes de uma pedrinha flutuante que da pontinha de um iceberg de dez metros; aquela para as quais a Revolução Russa poderia ter existido sem que antes tivesse existido Karl Marx ou a Revolução Francesa poderia ter existido sem que, antes, tivesse existido Jean-Jacques Rousseau. São pessoas, enfim, que enxergam a parte mais exterior de um fenômeno e acreditam tratar-se de todo o fenômeno. São as pessoas que acreditam que a principal, ou até a única, causa do impeachment de Dilma Rousseff foi a atividade do Movimento Brasil Livre, as manifestações ou, santo Deus!, o deputado Eduardo Cunha.

Considere: quando Kim Kataguiri começou a convocar pessoas para manifestações anti-PT, essa convocação, pelas graças do carisma e do talento retórico de Kim, produziu na população o sentimento antipetista? Deu ciência aos brasileiros dos planos totalitários e revolucionários do PT? Ensinou ao povo que o PT era corrupto? Instruiu o cidadão ignaro quanto às ligações entre os petistas e as ditaduras de Cuba e da Venezuela?

A atividade do MBL foi a face mais exterior e visível de uma cadeia causal que tem pelo menos 20 anos. Foi o transporte da cenoura ao supermercado. É uma ação importante, sem dúvida, imprescindível para a conclusão do processo, mas está muito longe de ser a principal, muito menos a única, causa da cenoura.

A causa do impeachment de Dilma Rousseff remonta ao ano de 1994. Sim, 1994. Foi quando foi publicado no Brasil o livro "A nova era e a revolução cultural", o primeiro a denunciar os planos totalitários do PT, seus métodos corruptos e a revolução gramsciana em curso. Nessa época, Diogo Mainardi era um romancista, Mário Sabino era um repórter desconhecido, Reinaldo Azevedo escrevia ensaios sobre Graciliano Ramos e Kim Kataguiri, bem... Kim Kataguiri não havia nascido. No livro se lê, por exemplo, o seguinte:

"Pela sucessão de acontecimentos desde a campanha do impeachment [de Collor], o PT mostrou sua vocação, para mim surpreendente, de partido manipulador e golpista, capaz de conduzir o país às vias fraudulentas da "revolução passiva" gramsciana, usando para isso dos meios mais covardes e ilícitos - a espionagem política, a chantagem psicológica, a prostituição da cultura, o boicote a medidas saneadoras, a agitação histérica que apela aos sentimentos mais baixos da população -, e de adornar esse pacote de sujidades com um discurso moralista que recende a sacristia. O partido que, para sabotar um candidato, promove no lançamento da nova moeda algo como uma 'greve preventiva' sob a espantosa alegação de uma possibilidade teórica de danos salariais futuros, sabendo que essa greve resultará em aumento do preço dos combustíveis e em retomada do ciclo inflacionário, dando facticiamente confirmação retroativa aos danos anunciados, é que, francamente, decidiu imitar o capeta: produz o mal para no ventre dele gerar o ódio, e no ventre do ódio o discurso de acusação."

Em 1995 e 1996 seriam publicados, respectivamente, "O jardim das aflições" e "O imbecil coletivo", mais duas monstruosas cacetadas no PT em particular e na esquerda em geral. Desde então, Olavo de Carvalho expõe essas ideias, de maneira muito mais aprofundada, em cursos particulares para milhares de alunos, que depois as expõem a outros. Ainda em 1996, ele explicou o que o PT viria a se tornar em uma entrevista a Pedro Bial (está disponível no YouTube). Tudo isso, naturalmente, foi considerado delirante, paranoico e conspiracionista, como de costume. Apenas "O imbecil coletivo", o menos substancial dos três livros, fez barulho, mas não exerceu influência maior, tanto que Lula foi eleito em 2002.

Ora, quem tem um pouquinho de conhecimento histórico sabe como as ideias filosóficas chegam a exercer influência na cultura. Quando aparecem, elas são conhecidas por dez, que as ensinam a 100, que as ensinam a 1000 e assim por diante, sempre na moita, sempre longe dos olhos do público em geral. Quando elas chegam a ter alguma influência em escala cultural, estão tão diluídas que muitas vezes ninguém sabe de onde vieram.

Por volta de 2007, Reinaldo Azevedo publicou um artigo na revista "Veja" sobre a revolução gramsciana que levara o PT ao poder. De onde você acha que veio aquilo? Você acha que um jornalista sem maior formação filosófica foi capaz de formulá-lo? Anos depois, Merval Pereira publicou em "O Globo" uma coluna sobre o Foro de Sao Paulo. De onde você acha que veio aquilo? Acha que Merval foi lá olhar os documentos do Foro? Essas coisas foram acontecendo e se espalhando, lentamente, até chegar a um ponto em que muitas pessoas expunham as ideias do maluco, do paranoico, do conspiracionista sem ter a menor ideia de onde elas haviam vindo.

Quando surgiu o Orkut e depois o Facebook, começou o Curso Online de Filosofia (2009) e foi publicado "O mínimo que você precisa saber para não ser um idiota" (2013), o homem se tornou um fenômeno de massas, mas as ideais dele, sem ninguém saber de onde elas vinham, já estavam em circulação há algum tempo. Além de seu conteúdo, elas exerciam influência, pela atividade do próprio Olavo de Carvalho e de centenas de seus alunos, ao criar aos poucos na opinião público o espaço, até então exíguo, para a crítica ao PT. Sem a criação desse espaço, pessoas que hoje ridicularizam o homem jamais teriam aberto a boca.

Houve também, sem dúvida, muitos desenvolvimentos paralelos menores, como a crítica não ideológica ao PT de jornalistas como Diogo Mainardi, a própria revelação dos fatos: mensalão, conexão PT-Farc etc., além da atividade de movimentos e personalidades liberais. Nada disso, no entanto, se equiparava em unidade e amplitude às ideias do filósofo.

Entre o meio de 2014 e o de 2015, a sucessão de eventos se avolumou: houve a coleção de iniquidades da campanha eleitoral, o ultraje da Copa do Mundo e o avanço da Operação Lava Jato, revelando o grau de perfídia do PT e enfurecendo o povo. Surgiu O Antagonista, denunciando os crimes do partido implacavelmente de minuto a minuto, pressionando políticos e imprensa, ridicularizando e dessecralizando o poder; avolumou-se a crise, os escândalos tornaram-se diários, foram reveladas as pedaladas fiscais e, enfim, Eduardo Cunha foi para a oposição. Só por essa época é que começaram as manifestações e apareceu o Movimento Brasil Livre, cuja atividade seria impensável sem tudo o que veio antes. Os movimentos foram a cereja do bolo, a maizena que se acrescenta ao molho já pronto para dar consistência.

Quando explodiu o ódio ao PT catalizado pela crise econômica, pela deterioração do ambiente político, pelos escândalos de corrupção diários e pelo clima de guerra instaurado pela atividade tanto de site como O Antagonista quanto de movimentos como, sim, o MBL, o discurso antipetista estava pronto. Sem esse discurso, nenhuma unidade de propósitos e ação seria possível; aconteceria antes um ódio difuso. E a fonte principal e última desse discurso é, sim, a atividade jornalística e filosófica de Olavo de Carvalho.

Não é, pois, nenhum absurdo o filósofo dizer, como disse recentemente, para a gargalhada das hordas obtusas, que criou toda esta confusão que está acontecendo no Brasil. Certamente não criou sozinho, mas não é possível duvidar que foi um dos principais criadores. Você pode rir e crê-lo um louco delirante, por que não? Riram até de Sócrates, afinal, antes de o matar. Mas fazê-lo é apenas ignorar onde estão as raízes da sua própria ação, é apenas tomar sua própria ignorância como padrão do mundo, é apenas, enfim, crer que os supermercados são a causa das cenouras.
Por: Eduardo Levy  | 18 maio 2016  Do site: http://www.midiasemmascara.org/ 


segunda-feira, 23 de maio de 2016

NARRATIVA COMUNISTA

Diário do Olavo: o governo Temer e a urgência em desmascarar a narrativa comunista

(Seleção e organização: Edson Camargo, editor-executivo do MSM)

O problema essencial continua: o brasileiro é um povo cristão e conservador PROIBIDO de ter um governo cristão e conservador.
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Conservadorismo consiste em economia liberal MAIS cultura cristã. Até hoje, o pouco de liberalismo que se consegue introduzir na economia de vez em quando vem às custas de concessões cada vez maiores ao programa cultural da esquerda. Não creio que isso possa mudar muito no governo Temer.
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Uma democracia de verdade, com ordem constitucional e transparência, o Brasil NUNCA MAIS TERÁ. Desistiu dela para sempre ao optar pelo "impeachment" da Dilma em vez da anulação da eleição fraudulenta. Terá no máximo uma gambiarra econômica relativamente eficiente.
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O governo Dilma levou o povo a um tal nível de desespero, que para livrar-se dela ele consentiu em abdicar da própria honra e aceitar, sorrindo, a troca de um governante ilegítimo por outro igualmente ilegítimo.
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Não tenham ilusões: a Dilma não caiu porque "roubou", mas porque o roubo deu prejuízo aos banqueiros internacionais. Michel Temer é o gerente da massa falida, nomeado pelos globalistas para colocar a casa um pouquinho em ordem. Não esperem dele nada mais do que isso.
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A desgraça brasileira chegou a tal nível de gravidade, que um presidente tão ilegítimo quanto a Dilma, tanto quanto ela produto falsificado da apuração secreta, subiu ao poder nos braços de uma esperança nacional que o legitima "ex post facto". Para um cu repetidamente estuprado, a máxima felicidade concebível consiste em ganhar de presente uma pomada de hemorróida.
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Por melhor que venha a ser o governo Temer, ele só poderá significar duas coisas: (a) uma recuperação econômica POSSÍVEL; (b) a legitimação INEVITÁVEL E DEFINITIVA da maior fraude eleitoral de todos os tempos. O Brasil está tão empobrecido e endividado, que, por uma melhorazinha de nada no estado da economia, ele sacrificará TUDO.
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O Michel Temer vai tentar TUDO para fazer sucesso rápido. Não é difícil, com uma antecessora como a Dilma. Deus queira que ele entenda que o Brasil não precisa de conciliação, mas de coragem e severidade.
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O tom modesto e sensato do discurso do Temer é um bom sinal. A citação do presidente Dutra, a apologia do federalismo e o elogio à Lava-Jato denotam saúde mental. Tirando os rapapés de praxe e as omissões mais que explicáveis num presidente que já assume o cargo pisando em ovos, o homem não disse nenhuma tolice.
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É melhor dar um crédito de confiança ao novo governo, para que, se tivermos de descer o cacete nele amanhã ou depois, não seja por preconceito.
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Só o fato de que o ministro da Defesa NÃO pertence ao Foro de São Paulo já é uma boa notícia.
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Riam o quanto quiserem, mas medidas econômicas de QUALQUER natureza ou dimensão deixarão menos marcas na História do que os banheiros unissex. O Obama concorda:

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Meu artigo "A Igreja Humilhada", em tradução do Igor Novelli, acaba de sair no site italiano Effedieffe. Adoro ler as minhas coisas em italiano:


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A pergunta que não quer calar...


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Raffaela Gappo, Mauro Ventura e Paulo Lopes, respectivamente produtora, diretor e ator do filme urgente e necessário, "Bonifácio, o Fundador do Brasil", são todos meus alunos. O Paulo, há mais de vinte anos.
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E falando em alunos que nos enchem de orgulho...
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Começam hoje (12) as inscrições para a 5a edição do curso Bases da Criação Literária, do Rodrigo Gurgel, que recomendo a todos meus alunos. 

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Meu professor de artes marciais, Michel Veber, ensinava: "Quando você começar a bater, não pare mais, senão você vai começar a apanhar." A suspensão da Dilma é a PRIMEIRA pancada séria que a comunistada brasileira leva em mais de trinta anos. Parar de bater agora é suicídio.
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“No meu estudo das sociedades comunistas, cheguei à conclusão de que o propósito da propaganda comunista não era persuadir, nem convencer, mas humilhar – e, para isso, quanto menos ela correspondesse à realidade, melhor. Quando as pessoas são forçadas a ficar em silêncio enquanto ouvem as mais óbvias mentiras, ou, pior ainda, quando elas próprias são forçadas a repetir as mentiras, elas perdem de uma vez para sempre todo o seu senso de probidade... Uma sociedade de mentirosos castrados é fácil de controlar."
Theodore Dalrymple
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CADA comunista e colaboracionista na mídia tem de ser desmascarado como o vigarista que é. Sem isso, nunca estaremos livres de ser um dia governados pelo fantasma do Lula.
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Enquanto a intervenção brutal, avassaladora e assassina da KGB no Brasil não for contada em todas as escolas, o controle esquerdista da cultura nacional continuará em vigor. Mas por enquanto essa história não pode ser contada nem mesmo na Wikipedia.
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Tomar dos demagogos esquerdistas o monopólio da narrativa histórica é urgente, antes que eles contem a história do governo Dilma ao seu modo.
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TODA a narrativa histórica vigente, dos anos 60 para cá, tem de ser reduzida a pó mediante uma crítica exigente e meticulosa. Só assim impediremos que a Dilma Rousseff entre para a História como vítima inocente de um golpe imperialista.
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É melhor viver sob leis ostensivamente injustas, desde que sejam poucas, do que sob uma quantidade inabarcável de leis pretensamente justas cujo número já basta para torná-las injustas.
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O que os bandidos dizem uns contra os outros é geralmente verdadeiro. Nesse sentido, o Senado chega quase a ser um templo da verdade.
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Por que neste país tanta gente acha que me fazer meia dúzia de elogios introdutórios lhe dá o direito de mentir a meu respeito em seguida? Agora é o tal do "Albertinho", que até dez minutos atrás eu desconhecia por completo mas dizem que é famoso. Esse cara está inventando coisas. Eu NUNCA disse que o Obama não é americano. Disse que os documentos dele são falsos, e são mesmo. Quanto à história do chip, saiu na NBC, caraio: 
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Para que tanta insistência em informar à humanidade que eu não sou Deus se ninguém jamais disse que eu sou?
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Há mais contestadores da infalibilidade do Olavo que da infalibilidade papal. A diferença é que a primeira jamais foi proclamada.
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Acho que é o seguinte: No Brasil, qualquer elogio mais enfático do que um tapinha paternal nas costas já é divinização.
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Noventa e nove por cento das discussões idiotas desapareceriam se as pessoas seguissem esta regra: Seu direito de que a platéia dê atenção às suas opiniões é proporcional ao tempo que você gastou para criá-las.
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Ou você se torna filósofo, buscando a coerência na totalidade das suas idéias antes de se meter em discussões, ou INEVITAVELMENTE qualquer opinião solta que você tenha sobre assuntos isolados só poderá ser certa pela força do acaso.
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Aristóteles ensinava que perceber a verdade é o NORMAL em todo ser humano. Hoje em dia, no Brasil, basta você exercer essa capacidade para que achem que você pretende ser um guru infalível, um profeta, a voz de Deus. Inverteram a norma de Aristóteles e acham que o erro é obrigatório como prova de humanidade. 

Medem a espécie humana pela sua própria incapacidade, elevada a norma e padrão. 

"Errar é humano" significa apenas que, ao contrário de Deus, o homem PODE errar, não que deva fazê-lo para mostrar que não pretende ser Deus.
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Quem sente que precisa discordar de mim em algum ponto só para não dar a impressão de que vê em mim um guru infalível padece de "ignoratio elenchi" no mais alto grau. Nunca escrevi uma linha sobre a minha falibilidade ou infalibilidade, não estou interessado nessa merda nem acho que ela seja assunto para um cérebro normal. Portanto isso NUNCA esteve em discussão nesta página nem estará jamais. O que quer que eu diga sobre o que quer que seja não será nunca sobre isso. Se você quer discutir alguma coisa comigo, atenha-se ao ponto em discussão e não desvie a atenção para essa bobagem.
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Todo mundo tem alguma opinião, mas cada um quer que os outros a levem a sério mais do que ele próprio. No mínimo, quer que dêem a ela mais atenção do que ele jamais deu.

Por: Olavo de Carvalho



sexta-feira, 20 de maio de 2016

O IMPEACHMENT E A "TEORIA DA NARRATIVA"


Um dos expedientes mais abusados pelos revolucionários é o da "teoria da narrativa", que parte da ideia central de que, na história, o que vence não são os fatos, mas a narrativa dos mesmos.

Essa ideia é parcialmente verdadeira. Parcialmente porque a narrativa não é um princípio. Princípio são os fatos. Ou seja, construí-la a despeito destes é excogitar um artifício fantasioso, incapaz de convencer pessoas com sua faculdade cognitiva em ordem, e são justamente essas que dão solidez à história, mesmo que a não protagonizem.

Mas os revolucionários sabem disso. Mentem em coro para inibirem a apreensão dos fatos pela imposição coletiva de factóides. Nem eles o creem! Fingem e, do fingimento, passam para a repetição de refrões que, desconectados da realidade, passam a se tornar a única realidade que admitem. É a histeria em gestação. O verbal substitui o real, e a realidade torna-se um "em si" inacessível.

Agora, no Brasil, é exatamente este o processo da "narrativa do golpe". A realidade é simples:

- No Brasil, o impeachment é um julgamento simultaneamente político e jurídico.

- Do ponto de vista jurídico, a presidente cometeu um presumível crime de responsabilidade, por causa das pedaladas, que ela mesma confessou (os outros governos também o fizeram, mas em quantidade muitíssimo menor, o que não é juridicamente irrelevante -- pelo princípio da relevância, um roubo de milhares não se pode comparar a um roubo de milhões);

- Do ponto de vista político, porém, a presidente não tem mais credibilidade (o que os outros presidentes possuíam e, por isso, não foram impedidos).

Contudo, com as denúncias provenientes da própria esquerda, as investigações da Polícia Federal, os crimes constatados, as flagrantes obstruções da justiça, os favorecimentos ilícitos, os julgamentos, e tudo aliado a uma crise econômica sem precedentes, à queda livre do país, simplesmente não há clima de confiabilidade, nacional e internacional. Politicamente, a presidente não governava mais os fatos, era governada pelos mesmos. E, por causa disso, foi afastada.

Essa é a diferença básica. Apenas o eventual crime não basta; é necessário que haja ausência de respaldo político para que a presidente caia, e, numa democracia, esse respaldo emana também do povo.

Note-se, porém, a inversão da realidade. Nega-se que sejam crime as confessadas pedaladas, que são o mais patente de todos os fatos, e ignora-se a ausência absoluta de apoio político, como se esse houvesse. Dos 54 milhões que votaram, a quase totalidade se arrependeu, pois as promessas foram desmentidas pelos atos governamentais, e as mentiras de campanha foram desmascaradas pelos números.

A narrativa não pode vencer, nesse caso. Ela não é crível. Passará para a história como piada, e será afogada pelos julgamentos que virão, e as condenações, e as prisões.

De tudo isso, a ironia mais desconcertante está no fato de que nós, que não votamos em Temer (porque não votamos em Dilma), estamos torcendo para que faça um bom governo, pelo bem do país; e eles, que nele votaram, torcem por seu desgoverno, em favor do partido. De fato, essa é a prova cabal de que não tinham um projeto de nação, mas, sim, um projeto para devorá-la, projeto que começou a ser derrotado, mas que ainda dista de ser totalmente sepultado, pois para sê-lo necessita-se, antes, da cura da nação, que seja sarada da histeria e volte a gozar de bom senso, para que retorne definitivamente ao caminho da sabedoria.
POR PE. JOSÉ EDUARDO | 15 MAIO 2016 
Do site: http://www.midiasemmascara.org

segunda-feira, 16 de maio de 2016

O NASCIMENTO DO SOCIOCONSTRUTIVISMO

“Tínhamos duas grandes utopias, a pátria e a revolução, e eu sou daqueles que acordam todos os dias e se alegram quando lembram que essas coisas acabaram. O maoismo matou milhões de pessoas. Qual é a nostalgia que se pode ter por isso? O que admirávamos era lixo.” – Luc Ferry, ex-ministro da Educação da França


O historiador holandês Luuk Van Middelaar faz uma narração do nascimento daquele que seria considerado um dos males dos nossos tempos: o socioconstrutivismo. Em seu livro “Politicídio – O assassinato da política na filosofia francesa”, Middelaar ilustra como autores como Simone de Bevoir, Jean Paul-Sartre e Maurice Merleau-Ponty deixaram influências na cultura, na educação e na política internacional, tendo como nascimento o período conhecido como Maio de 68, período em que estabelecem greves gerais na França lideradas por estudantes de orientação maoísta e que foi se alastrando por todo o país gaulês.

Middelaar tem sido considerado um dos melhores pensadores europeus da nova geração, contribuindo de maneira decisiva para a difusão de ideias liberais-conservadoras por todo o Velho Continente. O livro faz uma tenaz análise da gênese socioconstrutivismo suas relações com o filósofo alemão Friderich Hegel, interpretações do influente Alexandre Kojève e incluindo doses do pensamento maoista, culminando com a geração de pesadores ligados ao existencialismo e a autora Simone de Bevoir. Pensadores como Kojève, Sartre e Merleau-Ponty eram devotos das teorias de outros autores além de Hegel, como Karl Marx e Martin Heidegger, outros como os filósofos Gilles Deleuze e Michel Foucault, conhecidos como “filósofos da suspeita”, decidiram aprofundar-se nas obras associando Marx, Friderich Nietzsche e Sigmund Freud.

Uma das grandes virtudes do holandês na obra é o fato é explicar as ideias hegelianas sob a observação de Kojève e as interpretações realizadas por Sartre e Deleuze sem recorrer a jargões, sempre apoiando-se nos textos dos autores e não se deixando levar por preferências políticas. Tal obra por essa característica se torna indispensável para a atualidade de nosso país, pois se é recorrente a onda de interesse pela desmistificação do pensamento de esquerda, porém com pouco material para estudo e com alguns panfletários que fazem um trabalho ruim, com níveis intelectuais que não são piores quanto o seu manejo do português.

O historiador mostra com exímia precisão o modo que os badalados pensadores franceses do século XX dedicaram-se a defesa da tirania maoista, justificando os campos de concentração e a celebração da violência como forma genuína de fazer política. De certo modo o debate político na França é influenciado pelo uso do terror desde os desdobramentos da Revolução Francesa, em 1789, entretanto, ao se introduzir de forma maciça o pensamento de Hegel pelas lentes de Kojève nessa equação, o resultado torna-se surpreendente. Se o alemão Hegel achava que a história se concretizara com a figura nababesca de Napoleão Bonaparte, coube ao franco-russo divergir e propor a seus discípulos que o verdadeiro realizador máximo da história não seria Napoeão, mas, sim, o açougueiro soviético Josef Stálin. Ensinados com a fonte inspiradora de Robespierre, apreenderam que a verdadeira liberdade deveria se propagar pelo terror e que o verdadeiro Estado deveria assegurar o direito político à morte aos cidadãos. Sartre, que não escondia de ninguém seu fascínio a Stálin e a Mao Tsé-Tung, escreveu que os expurgos e as execuções na União Soviética e na China eram apenas uma fase na luta política.

Novamente, não dá para se pensar no atual estágio de nosso país, ainda refém de intelectuais que ainda se fazem de arautos da chamada “violência emancipadora”, como no livro “A esquerda que não teme dizer seu nome”. A obra do holandês Middelaar é uma armadura de sapiência e bom-senso a proteger-nos das imposturas intelectuais e das fantasias políticas que as seguem.
Por Jefferson Viana, publicado pelo Instituto Liberal Do site: http://www.institutoliberal.org.br/blog/o-nascimento-do-socioconstrutivismo/

quarta-feira, 11 de maio de 2016

ACABAR EM PIZZA

Tenho um amigo de infância que ainda vive na casa dos pais. Estranho? Talvez, se tivermos em conta que ele tem 40 anos.


E, antes que o leitor imagine o personagem como uma triste figura –um nerd coberto de acne, com tendência para o onanismo e para o merchandising de "Star Wars" (uma redundância, eu sei)–, por favor, não se iluda.

O rapaz está em excelente forma. A vida sentimental sempre foi como a cabeça de Carmen Miranda –colorida e suculenta. E, economicamente falando, o desgraçado é mais rico do que eu.

Mas o pior não são estas evidências. É escutá-lo sobre a situação doméstica, que ele relata com uma serenidade oriental. A questão é perfeitamente simples –e razoável. Os pais sempre insistiram para que ele "voasse para fora do ninho". Mas ele, mais inteligente que os pais, começou a fazer contas. E ficou no ninho.

Um apartamento custa dinheiro. Uma empregada para tratar da roupa e da limpeza da casa também não é grátis. Os cozinhados da mãe suplantam qualquer produto congelado. E, quando existem encontros românticos, nada se compara a um bom hotel –com um bom room service. Além disso, as poupanças de viver com os pais permitem-lhe trabalhar a meio-termo.

"E se um dia surgir uma mulher permanente?", pergunto eu, desesperado. A resposta é lógica: "A casa é suficientemente grande para todos".

Escuto tudo com uma mistura de pasmo e inveja. E depois penso: a sorte dele é não viver na Itália.

Alguns números: na pátria do "dolce far niente", 65% dos italianos entre os 18 e os 34 anos ainda vivem na casa dos pais (uma enormidade em termos europeus). São os chamados "mammone" –uma palavra que expressa a ligação umbilical dos filhos adultos às respectivas mães.

E esses meninos da mamãe não são diferentes do meu amigo. Com uma diferença: no caso dos italianos, a trilogia cama-mesa-roupa lavada não chega. É preciso acrescentar também uma mesada.

Felizmente, os pais italianos começam a reagir contra os abusos da descendência. E todos os anos há milhares –repito: milhares– de processos em tribunal com os pais a implorar ao juiz para que o filho seja expulso de casa.

Nem sempre conseguem: relata o "Daily Telegraph" que em Modena (uma simpática cidade da Emília-Romanha) um pai foi judicialmente obrigado pelo filho a continuar a sustentar os seus "estudos". O filho tem 28 anos. E só em Modena há 8.000 processos anuais de filhos contra pais por motivos de mesadas.

É nesses momentos que penso na minha incorrigível estupidez. Quando cheguei aos 22 anos, depois do curso universitário, comuniquei aos meus pais que era hora de abandonar o lar.

Minto, minto. Não foi bem assim. Foram eles que sempre me estimularam a "voar para fora do ninho" (um clássico).

E eu voei. Mudei de cidade. Arranjei um apartamento. E, iludido pela liberdade da idade adulta, comecei uma vida de empregada doméstica.

Aprendi a engomar. Decorei o nome dos melhores detergentes. E passei fome, genuína fome, quando contemplava os meus jantares transformados em pedaços de carvão. Cresci como homem? Cresci como ser humano?

Não. Emagreci. E desconfio que comecei a ter problemas de coluna e alguns surtos alérgicos devido a minha luta semanal contra os ácaros.

Em matéria financeira, prefiro nem falar: hoje, com quase 40 anos, poderia ser um pequeno magnata a caminho da aposentadoria. Tragicamente, esbanjei o patrimônio em pizzas congeladas e exércitos de aspiradores.

Sim, eu sei: como no fado lusitano, o tempo não volta para trás. E regressar à casa paterna não tem o mesmo sabor do que nunca ter saído dela. Sem falar da impossibilidade do ato: os meus pais já mudaram as fechaduras entretanto.

Mas confrontado com a vida do meu amigo, e inspirado pela litigância italiana, pondero processar a família por publicidade enganosa. É importante "voar para fora do ninho"?

Querido e jovem leitor: não se iluda. A emancipação dos filhos é um dos grandes mitos promovidos pelos pais.

Se o meu processo fizer doutrina, haverá esperança para todos: quem não mamou os cozinhados da mãe poderá mamar uma indenização filial. 
Por: João Pereira Coutinho Publicado na Folha de SP.

segunda-feira, 9 de maio de 2016

O QUE A ESQUERDA ESTÁ QUERENDO AINDA FAZER COM O BRASIL?

Dei aula de Análise de Demonstrativos Financeiros por vinte anos na USP, e nas primeiras aulas, sempre práticas, eu distribuía os demonstrativos da Empresa do Ano.

Depois de meia hora eu perguntava aos alunos, a maioria esquerdista já devidamente endoutrinada no primeiro ano, o significado da conta “Capital Social” da empresa.

Espero que você já tenha visto isto também na sua vida.

Lembre-se que Social é o termo politicamente correto para Socialista.

“Por que existe o termo Capital Socialista, num demonstrativo capitalista?”

Nenhum soube responder.

Nenhum Petista ou Marxista sabe responder. 

O idiota do Marx se tivesse estudado administração e não economia, jamais teria escrito a bobagem que escreveu – “Das Capital”.

E levado 100 milhões de pessoas à morte devido ao ódio que ele gerou nos “capitalistas socialistas”.

Dilma e seus Boulos, Stédiles, Wagners e Lulas estão querendo incendiar este país pelo seu ódio ao capitalista, sem saber que todo capital é socialista.

O Capital Socialista é o dinheiro que nós capitalistas oferecemos para a sociedade, trabalhadores, fornecedores e clientes para lhes dar conforto em aceitar nossas ideias malucas.

“Sabemos que esta ideia é maluca e podemos errar.”

Ford dizia que na época todos queriam cavalos mais rápidos e não um carro a motor.

“Por isto estamos oferecendo R$ 100.000.000,00 como garantia. Se não der certo, este dinheiro garante vocês em primeiro lugar.”

O capital do capitalismo não pertence ao capitalista, enquanto empresa.

Pertence à sociedade.

É contra isto que vocês petistas e marxistas estão ameaçando incendiar o país?

E 90% das vezes este capital nunca volta ao capitalista.

Ou porque a empresa quebrou, ou porque ela continua sólida.

Por isto privatizar é uma bandeira furada, porque o capital sempre será socialista, da sociedade, nem do governo nem do setor privado.

Uma empresa estatal gerida por administradores profissionais não me causaria repulsa.

Incendiar este país por não ter tido uma aula elementar de administração é o cúmulo da ignorância.

Mandar 100 milhões de pessoas à morte, subjugar um bilhão de pessoas na Rússia e China por nunca ter lido um livro de Contabilidade é arrogância.

Acreditar num único livro, o “Das Capital”, de um professor maluco de economia, é a tragédia monumental dos últimos 200 anos.

Como podem tantos intelectuais marxistas serem tão arrogantes e ignorantes ao mesmo tempo? Por: Stephen Kanitz  Do site: http://blog.kanitz.com.br/

sexta-feira, 6 de maio de 2016

UM DIÁLOGO SOCRÁTICO SOBRE AS CAUSAS DA CORRUPÇÃO


Certo dia, um conhecido me revelou, com um ar de superioridade, que a solução para acabar com a corrupção era "criar novas leis". 

Imediatamente espantei-me com seu desconhecimento da máxima de Tácito, que já dizia que "quanto mais corrupto o estado, maior o número de leis". Mas decidi entender melhor seu raciocínio.

Perguntei a ele onde ocorria a corrupção, se na esfera estatal ou na iniciativa privada? Triunfantemente, ele soltou a resposta que julgava definitiva: "acontece dentro da esfera estatal, mas quem corrompe é sempre a iniciativa privada".

Foi então que decidi vestir uma daquelas ridículas roupas gregas da época, colocar uma barba postiça, pegar no braço de meu interlocutor, e levá-lo para uma caminhada regada por um diálogo baseado no método socrático.

E comecei as perguntas:

— Qual origem da corrupção?

— O capitalismo.

— Quem corrompe?

— Os empresários que querem assaltar o dinheiro público.

— Quem são os corrompidos?

— Os corruptos que trabalham para ou dentro do estado.

— Quem são esses corruptos passivos?

— Políticos, membros do governo, servidores, membros do partido no poder nomeados para cargos comissionados, integrantes do judiciário etc.

— Quer dizer então que os corruptos passivos estão entranhados na estrutura do estado, dificultando a sua identificação individual, ao passo que os corruptores são perfeitamente identificáveis?

— Sim.

— E quer dizer que os corruptos entranhados na estrutura do estado, além da dificuldade de serem identificados, ainda contam com a estrutura do próprio estado para não serem identificados? E, caso sejam identificados, provavelmente conseguirão a proteção daqueles a que estão vinculados?

— Sim, mas, veja bem ...

— Então quer dizer que você considera mais perniciosos os corruptores ativos, os quais podem ser facilmente identificados, e que só conseguem agir assim por causa dos incentivos formais e informais decorrentes da ação daqueles corruptos passivos entranhados na estrutura do estado, os quais são responsáveis diretos por construir esse ambiente que estimula e potencializa a corrupção e do qual são beneficiários?

— Sim, mas, veja bem...

— Então quer dizer que, sob o aspecto moral, você hierarquiza aqueles que criam o ambiente institucional e legal para dele se beneficiarem e coloca no topo da sordidez aqueles que agem como corruptos ativos porque se aproveitam desse ambiente criado pelos corruptores?

— O assunto é bem mais complexo do que você quer fazer parecer...

— Diga-me como é possível, se é possível, você defender o combate à corrupção ao mesmo tempo em que defende mais poderes para aqueles mesmos agentes que operam dentro do estado e que constroem todo um ambiente legal e institucional que os beneficia e que os permite transferir a responsabilidade da corrupção aos agentes artificialmente ativos da corrupção?

— É tudo uma questão de elegermos as pessoas certas...

— Volto a perguntar: por que há corrupção?

— Por causa da ganância dos empresários e dos maus agentes políticos.

— Bom, agora, além dos empresários, você responsabiliza os agentes políticos qualificados de forma negativa?

— Sim. Eles também são culpados.

— Vamos então partir para um exemplo prático: o que foi o Petrolão?

— Um grupo de empreiteiros pagou propina para políticos para serem eles, os empreiteiros, os escolhidos para fazer obras superfaturadas para a Petrobras.

— E de onde veio o dinheiro da propina paga pelos empreiteiros aos políticos?

— Da própria Petrobras, que, ao pagar pelas obras superfaturadas, garantiu um trocado extra para os empreiteiros, os quais então utilizaram esse trocado extra para "agradecer" aos políticos, que são conhecidos como seus "operadores".

— Ou seja, na prática, todo o dinheiro era da estatal, por isso a Petrobras ficou descapitalizada.

— É...

— Então você próprio admite que o que está dando sustento à corrupção é o dinheiro de uma estatal.

— Sim, mas, veja bem...

— Permita-me outra pergunta: você concorda que só há corrupção porque há uma entidade com o poder de decidir e de escolher ganhadores e perdedores, e que essa entidade, por ter dinheiro em abundância (dinheiro esse expropriado das riquezas produzidas por essa sociedade), se torna um verdadeiro pote de ouro?

— Sim, mas, veja bem...

— Permita-me interrompê-lo para seguirmos adiante. Você diria que uma entidade que concentra o poder de escolher ganhadores e perdedores, que possui o poder final de decisão sobre aquilo que se pode ou não fazer, e que obtém uma fonte intermitente de dinheiro porque expropria riquezas da sociedade, é uma entidade extremamente visada?

— Sim, mas é possível limitar o acesso a essa entidade.

— Como?

— Votando nas pessoas certas.

— Tá, permita-me prosseguir: você diria que aqueles agentes privados que são, de uma forma ou de outra, seduzidos por esse poder descomunal e se tornam agentes ativos da corrupção, são mais ou menos nefastos do que os próprios políticos corruptos?

— Mais nefastos.

— Como é possível estabelecer uma hierarquia que determine que estes entes são mais nefastos do que aqueles que estão dentro do estado?

— É possível sim porque o estado nos representa! E aqueles que trabalham para o estado defendem a sociedade, a coisa pública!

— Mas se o estado nos representa e aqueles que trabalham para o estado defendem a sociedade e a coisa pública, como é que podem estimular a corrupção, serem dela beneficiários e assim serem menos nefastos?

— Ah, estou sacando o seu jogo. Você está querendo me confundir e fazer sua propaganda anti-estado!

— Não quero lhe confundir nem nada. Quero entender como funciona uma mentalidade estatista.

— Você está me ofendendo...

— Imagina!

— Afinal, qual é o seu ponto?

— Meu ponto é que, quanto maior e mais poderoso um governo, quanto mais leis e regulamentações ele cria e quanto mais obras públicas ele faz, mais os empresários poderosos e com boas conexões políticas irão se aglomerar em torno dele para obter privilégios à custa dos concorrentes e da população como um todo. 

Por meio de favores pessoais ou de propinas, estes empresários não apenas conseguirão licitações favoráveis (sendo pagos com dinheiro público), como também conseguirão se isentar de seguir as leis e regulamentações criadas pelo estado ao mesmo tempo em que defenderão a imposição destas leis e regulamentações sobre seus concorrentes. 

— Sim, mas esse jogo sujo é a essência do capitalismo!

— Não, esse arranjo é a essência do mercantilismo, do "privilegismo", do compadrio. Aliás, esta é exatamente a característica precípua de um regime fascista, no qual tudo deve estar dentro do estado e nada deve estar fora do estado. Desnecessário dizer que essa é a antítese do livre mercado.

— Bruno, afinal, o que você defende?— A redução máxima do estado, deixando de lhe reconhecer autoridade política sobre várias atividades que hoje ele exerce. Esse é o caminho para se lutar contra a corrupção, contra os grupos de interesse e contra os lobbies empresariais. Por outro lado, com estado grande, intervencionista e ultra-regulador como esse que temos, lobbies, grupos de interesse e subornos empresariais sempre serão a regra. E isso não será mudado apenas "elegendo as pessoas certas".

— Bruno, você é um reacionário neoliberal fascista!



Bruno Garschagen é autor do best seller "Pare de Acreditar no Governo - Por que os Brasileiros não Confiam nos Políticos e Amam o Estado" (Editora Record). É graduado em Direito, Mestre em Ciência Política e Relações Internacionais pelo Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica Portuguesa e Universidade de Oxford (visiting student), professor de Ciência Política, tradutor, blogger (www.brunogarschagen.com), podcaster do Instituto Mises Brasil e membro do conselho editorial da MISES: Revista Interdisciplinar de Filosofia, Direito e Economia.Do site: http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=2400

segunda-feira, 2 de maio de 2016

COBRIR AS MULHERES: A ARMA PODEROSA DOS ISLAMITAS

A primeira vítima da guerra islamista na Argélia foi Katia Bengana, uma menina que se recusou a usar o véu, que mesmo quando diante dos carrascos que apontavam as armas para a sua cabeça permaneceu fiel aos seus princípios. Em 1994, Argel acordou, literalmente, com pôsteres colados nos muros anunciando a execução de mulheres sem véus.


Em abril de 1947 a Princesa Lalla Aisha fez um pronunciamento em Tânger, as pessoas ficaram estupefatas com aquela menina sem véu. Em questão de semanas, mulheres por todo o país se recusaram a usar o véu. Hoje o Marrocos é um dos países mais liberais do mundo árabe.

Em meados dos anos 1980 a Lei Islâmica (Sharia) foi introduzida em diversos países, as mulheres no Oriente Médio foram colocadas em uma prisão portátil e na Europa voltaram a usar o véu para recuperar sua "identidade", vale dizer, a recusa em assimilar valores ocidentais e a islamização de muitas cidades européias.

Em primeiro lugar as mulheres foram obrigadas a usar véus, feito isso, os islamistas iniciaram a jihad contra o Ocidente.

Laurence Rossignol, Ministra da Família, Juventude e Direitos das Mulheres da França, incitou a ira no tocante à proliferação do véu islâmico em seu país ao comparar as mulheres que usam lenços de cabeça com os "negros americanos que aceitaram a escravidão". Concomitantemente, Elisabeth Badinter, uma das feministas mais famosas da França, chegou a defender o boicote contra as empresas européias ligadas à moda, como a Uniqlo e a Dolce & Gabbana, que estão desenvolvendo vestuário islamicamente correto (em 2013, os muçulmanos gastaram US$266 bilhões com vestuário e a cifra poderá atingir US$484 bilhões até 2019).

Uma nova tendência também está emergindo na cultura popular ocidental, cultura esta praticamente desconhecida da mídia há uma década: mulheres usando lenços de cabeça também estão presentes em programas de TV como o MasterChef.

A cultura predominante já considera "normal" as mulheres com lenços de cabeça. Recentemente a companhia aérea Air France solicitou às funcionárias que usassem véus enquanto estiverem no Irã. Recentemente o governo italiano cobriu as esculturas de nus no Museu Capitolino de Roma durante a visita do Presidente do Irã Hassan Rouhani, em sinal de "respeito" no tocante às suas suscetibilidades.

No mundo árabe/islâmico, no entanto, durante um longo período, as mulheres que se cobriam eram a exceção.

É difícil de acreditar que até o início dos anos 1990, a maioria das mulheres na Argélia não usavam véus. Em 13 de maio de 1958 na Place du Gouvernement em Argel, dezenas de mulheres arrancaram seus véus. Minissaias inundaram as ruas.

A revolução iraniana reverteu essa tendência: o primeiro véu apareceu no início dos anos 1980 juntamente com a ascensão dos movimentos islâmicos nas universidades argelinas e nos bairros pobres. A hijab foi distribuída pela embaixada iraniana em Argel.

Em 1990, a Argélia estava à beira de um longo período de medo e morte: a guerra civil, com o fantasma da invasão islâmica (100.000 mortos). As pessoas sabiam que algo terrível estava para acontecer, bastava ver o número de véus nas ruas.

A primeira vítima da guerra islamista na Argélia foi Katia Bengana, uma menina que se recusou a usar o véu. Mesmo com os carrascos apontando as armas para a sua cabeça ela permaneceu fiel aos seus princípios. Em 1994, Argel acordou, literalmente, com pôsteres islamistas colados nos muros anunciando a execução de mulheres sem véus. Nos dias de hoje pouquíssimas mulheres ousam sair de casa sem a hijab ou o xador.

Veja as fotografias de Cabul dos anos de 1960, 1970 e 1980 e você verá muitas mulheres sem véus. Aí veio o Talibã e fez com que elas se cobrissem por inteiro. A emancipação no Marrocos foi desencadeada pela Princesa Lalla Aisha, filha do Sultão Mohamed Ben Youssef, que se autodenominou rei tão logo o país proclamou a independência. Em abril de 1947, Lalla fez um pronunciamento em Tânger, as pessoas ficaram estupefatas com aquela menina sem véu. Em questão de semanas, mulheres por todo o país se recusaram a usar o véu. Hoje o Marrocos é um dos países mais liberais do mundo árabe.

Veja as fotografias de Cabul dos anos de 1960, 1970 e 1980 e você verá muitas mulheres sem véus. Aí veio o Talibã e fez com que elas se cobrissem por inteiro.

No Egito, nos idos dos anos de 1950, o Presidente Gamal Abdel Nasser foi à TV para zombar do pedido da Irmandade Muçulmana para cobrir as mulheres. Tahia, sua esposa, não usava véu, nem nas fotos oficiais. Hoje, de acordo com a estudiosa Mona Abaza, 80% das mulheres egípcias já usam véus. Somente nos anos 1990 foi que a rígida versão wahhabista do Islã chegou ao Egito, trazida por milhões de egípcios que foram trabalhar na Arábia Saudita e nos demais países do Golfo. Enquanto isso, os movimentos políticos islamistas foram ganhando terreno. Logo as mulheres egípcias começaram a ostentar o véu.

No Irã, a tradicional manta preta que cobre as mulheres iranianas da cabeça aos tornozelos inundou o país, comandado pelo Aiatolá Khomeini. Ele afirmou categoricamente que o xador é a "bandeira da revolução" e a impôs a todas as mulheres.

Em 1926, portanto cinquenta anos antes, o Xá Reza providenciou proteção policial às mulheres que optassem por não usar o véu. Em 7 de janeiro de 1936, o Xá ordenou a todas as professoras, esposas de ministros e funcionários do governo que "aparecessem com roupas européias". O Xá pediu a sua mulher e filhas que não usassem o véu em público. Estas e outras reformas no estilo ocidental foram apoiadas pelo Xá Muhammad Reza Pahlavi, que sucedeu seu pai em setembro de 1941, instituindo o banimento de mulheres cobertas em público.

Na Turquia, Mustafa Kemal Ataturk discursava entusiasticamente para as multidões femininas, estimulando-as a darem o exemplo: tirar o véu significa agilizar a necessária reaproximação entre a Turquia e a civilização ocidental. Durante cinquenta anos, a Turquia recusou o véu, até 1997, quando o governo encabeçado pelo islamista Necmettin Erbakan revogou o banimento do uso do véu em lugares públicos.

Erdogan, atual presidente da Turquia, usou a bandeira do véu para impulsionar a desenfreada islamização da sociedade turca.

Por outro lado, o Presidente da Tunísia Habib Bourguiba, emitiu uma circular banindo o uso da hijab em escolas e repartições públicas. Ele chamou o véu de "detestável farrapo", promovendo seu país a um dos mais evoluídos das nações árabes.

Não foi apenas o mundo muçulmano que, por um longo período, recusou esse símbolo. Antes do alastramento do Islã radical, a minissaia, um dos símbolos da cultura ocidental, também podia ser vista em todo o Oriente Médio. Há muitas fotografias que nos lembram deste longo período: aeromoças da companhia aérea afegã usando saias, sem véus (que ironia a Air France de hoje querer que elas usem o véu); o concurso de beleza que o Rei Hussein da Jordânia organizou no Hotel Philadelphia; o time de futebol feminino iraniano; a atleta síria Silvana Shaheen; as mulheres líbias, sem véus, marchando pelas ruas; as estudantes da Universidade Palestina Birzeit e as jovens egípcias na praia (naquela época, o burkini seria rejeitado como se fosse uma gaiola).

Então em meados dos anos 1980, de repente, tudo mudou. A Lei Islâmica (Sharia) foi introduzida em diversos países, as mulheres no Oriente Médio foram colocadas em uma prisão portátil e na Europa voltaram a usar o véu para recuperar sua "identidade", vale dizer, a recusa em assimilar valores ocidentais e a islamização de muitas cidades européias.

Em primeiro lugar as mulheres foram obrigadas a usar véus, feito isso, os islamistas iniciaram a jihad contra o Ocidente.

Primeiramente nós traímos essas mulheres ao aceitarmos sua escravidão como uma "liberação", aí a Air France começou a vestir as mulheres com véus enquanto estivessem no Irã em sinal de "respeito". Fora tudo isso, também é bastante revelador a hipocrisia da maioria das feministas ocidentais, sempre de prontidão em repudiar os cristãos homofóbicos e o machismo nos EUA, mas permanecem caladas no tocante aos crimes sexuais do Islã radical. Nas palavras da feminista Rebecca Brink Vipond: "eu não vou morder a isca de defender um chamamento para que as feministas deixem de lado seus objetivos nos Estados Unidos para abordarem problemas nas teocracias muçulmanas". São as mesmas feministas que abandonaram Ayaan Hirsi Ali, a corajosa dissidente do Islã, holandesa/somali, a sua própria sorte mesmo depois que ela conseguiu se refugiar nos EUA: elas impediram que ela discursasse na Universidade de Brandeis.

Por quanto tempo mais iremos manter o banimento à mutilação genital feminina (FGM)? Um estudo que acaba de ser publicado nos Estados Unidos indica que permitir certas formas mais "leves" de mutilação feminina, que afeta 200 milhões de mulheres ao redor do mundo, é mais "culturalmente sensitivo" do que a proibição da prática e que um ritual de um "cortezinho" nas vaginas das meninas poderia evitar a prática de uma mutilação mais radical. A proposta não foi apresentada por Tariq Ramadan ou algum tribunal islâmico do Sudão e sim por dois ginecologistas americanos Kavita Shah Arora e Allan J. Jacobs, que publicaram o estudo em uma das mais importantes revistas científicas, o Journal of Medical Ethics.

O estudo é um testemunho que vai às profundezas, assinalando até que ponto se pode chegar, de acordo com o que o "novo filósofo" francês Pascal Bruckner, chamou de "as lágrimas de homens Brancos", com seu masoquismo, covardia e relativismo cínico. Então por que também não justificar o apedrejamento islâmico de mulheres acusadas de adultério? É como se nós não conseguíssemos capitular rápido o suficiente.
Por: Giulio Meotti, Editor Cultural do diário Il Foglio, é jornalista e escritor italiano.
27 de Abril de 2016
Original em inglês: Veiling Women: Islamists' Most Powerful Weapon
Tradução: Joseph Skilnik
Do site: http://pt.gatestoneinstitute.org/7928/cobrir-mulheres