sexta-feira, 22 de julho de 2016

O ALIADO MAIS IMPORTANTE DO OCIDENTE: DISSIDENTES DO ISLÃ

- Hoje uma nova Cortina de Ferro está sendo construída pelo Islã contra o resto do mundo e os novos heróis são os dissidentes, os apóstatas, os heréticos, os rebeldes e os descrentes.


- Esse contingente de dissidentes muçulmanos, que aumenta rapidamente, é o melhor movimento de libertação para milhões de muçulmanos que aspiram praticar sua fé pacificamente, sem terem que se submeter aos ditames de fundamentalistas e fanáticos.

- Eles estão sozinhos contra todos. Contra o islamismo que usa Kalashnikovs e contra o terrorismo intelectual que os submete à intimidação da mídia. Vistos como "traidores" em suas comunidades, eles são acusados pelas elites do Ocidente de "estigmatização".

- Nós devemos apoiá-los -- a todos os dissidentes: alguns dos mais corajosos defensores da liberdade vêm dos regimes islâmicos. A Europa deveria dar apoio financeiro, moral e político a esses amigos da civilização ocidental, enquanto a nossa desonrosa elite, educada e intelectual, está ocupada difamando-os.

O Islã, alerta o autor de best sellers argelino Boualem Sansal, irá dividir a sociedade européia. Em uma entrevista concedida à mídia alemã, esse corajoso escritor árabe pintou um quadro da Europa subjugada pelo Islã radical. De acordo com Sansal, os ataques terroristas em Paris e Bruxelas estão direcionados ao modo de viver ocidental: "vocês não conseguem nem derrotar os fracos estados árabes, então eles trouxeram os quintas colunas para que o Ocidente se autodestrua. Se tiverem sucesso a sociedade cairá".

O Sr. Sansal, que vem sendo ameaçado de morte, pertence a um crescente contingente de dissidentes muçulmanos. Eles compõem o melhor movimento de libertação para milhões de muçulmanos que aspiram praticar sua fé pacificamente, sem terem que se submeter aos ditames de fundamentalistas e fanáticos. Esses muçulmanos dissidentes aspiram alcançar a liberdade de consciência, coexistência entre religiões, pluralismo na esfera política, direito de criticar o Islã e respeito à vigência do estado de direito. Para o mundo islâmico a mensagem dos muçulmanos dissidentes pode ser devastadora. É por isso que os islamistas estão à caça deles.

São sempre indivíduos que fazem a diferença, como por exemplo: Lech Walesa, que fez toda a diferença. A União Soviética foi derrotada por três pessoas apenas: Ronald Reagan, o Papa João Paulo II -- e os dissidentes. Quando o professor Robert Havemann faleceu na Alemanha Oriental, poucos ficaram sabendo. Este corajoso crítico do regime estava confinado em prisão domiciliar em Grünheide, sob os cuidados da Stasi. Mas o velho professor jamais se deixou intimidar. Ele continuou lutando pelos seus ideais.

O herói do anticomunismo tchecoslovaco, Jan Patočka, morreu sob pesado interrogatório policial. Patočka pagou com a vida o preço do silenciamento. Suas palestras brilhantes foram reduzidas a um seminário clandestino. A despeito de ser impedido de publicar, ele continuou trabalhando clandestinamente em um minúsculo apartamento.

Caçado pela KGB, Alexander Solzhenitsyn escreveu os capítulos do Arquipélago de Gulagentregando-os a amigos de confiança, de modo que nenhum deles tinha posse do manuscrito completo. Em 1973 havia apenas três cópias da obra. Quando a polícia política soviética extorquiu a datilógrafa Elizaveta Voronyanskya, para que ela delatasse um dos esconderijos, acreditando que a obra-prima estava perdida para sempre, ela se enforcou.

Hoje uma nova Cortina de Ferro está sendo construída pelo Islã contra o resto do mundo e os novos heróis são os dissidentes, os apóstatas, os heréticos, os rebeldes e os descrentes. Não é mera coincidência que a primeira vítima de uma fatwa tenha sido o escritor indiano/britânico Salman Rushdie, de família muçulmana.

Pascal Bruckner chamou-os de "os livres pensadores do mundo muçulmano". Nós devemos apoiá-los -- a todos os dissidentes. Porque se de um lado os inimigos da liberdade vêm de sociedades livres, aqueles que se ajoelham diante dos agentes de Alá, por outro alguns dos mais corajosos defensores da liberdade vêm dos regimes islâmicos. A Europa deveria dar apoio financeiro, moral e político a esses amigos da civilização ocidental, enquanto a nossa desonrosa elite, educada e intelectual, está ocupada difamando-os.

Por exemplo, o autor argelino Kamel Daoud, que chamou a Arábia Saudita de "ISIS que deu certo", recentemente causou uma confusão, sendo acusado de "islamofobia", por ter dirigido sua fúria contra um povo ingênuo, que ele diz ignora o abismo que separa o mundo muçulmano da Europa.

Outro exemplo, o jurista Afshin Ellian. exilado iraniano, atualmente na Holanda, trabalha na Universidade de Utrecht, e depois do assassinato de Theo Van Gogh, é protegido por guarda-costas. Após o massacre de Charlie Hebdo, enquanto a mídia europeia se empenhava em culpar os cartunistas "idiotas", Ellian promovia um apelo: "não deixem que os terroristas determinem os limites da liberdade de expressão".

Outra dissidente e autora corajosa Ayaan Hirsi Ali, teve que fugir da Holanda para os EUA, onde ela rapidamente se tornou uma das intelectuais mais proeminentes.

Ayaan Hirsi Ali, dissidente e autora corajosa, teve que fugir da Holanda para os EUA, onde ela rapidamente se tornou uma das intelectuais mais proeminentes. (Imagem : Gage Skidmore)


O prefeito marroquino de Roterdã Ahmed Aboutaleb, também vive sob proteção da polícia. Recentemente ele sugeriu aos seus 'companheiros' muçulmanos que protestavam contra as liberdades que encontraram no Ocidente que "fizessem as malas e se f...". Um cristão, heroico defensor dessas liberdades na Holanda, Geert Wilders, está sendo julgado sob a acusação de "discriminação". "Estou na prisão", disse ele, referindo-se aos locais seguros que ele tem que se esconder, "e eles passeiam por aí livremente".

Muitos desses dissidentes são mulheres. Shukria Barakzai, política e jornalista afegã, declarou guerra aos fundamentalistas islâmicos depois que polícia religiosa do Talibã a espancou por ela ter ousado sair sozinha sem uma escolta masculina. Um homem bomba detonou os explosivos amarrados ao seu corpo perto do carro dela, matando três pessoas. Kadra Yusuf, uma jornalista somali, se infiltrou em mesquitas de Oslo para criticar energicamente os imãs, principalmente no tocante à mutilação genital feminina, que sequer é exigida no Alcorão ou nos hádices (relatos sobre a vida de Maomé). No Paquistão, Sherry Rehman pediu "uma reforma nas leis paquistanesas que tratam da blasfêmia". Ela arrisca sua própria vida todos os dias. Ela é considerada pelos islamistas "adequada para ser morta" por ser mulher, muçulmana e ativista secular. A autora e psiquiatra síria/americana, Wafa Sultan, também foi considerada "descrente" merecendo morrer.

Recentemente o jornal Le Figaro publicou uma longa lista de personalidades muçulmano/francesas ameaçadas de "execução". "Colocadas sob permanente proteção policial, consideradas traidoras por fundamentalistas muçulmanos, vivem um inferno. Aos olhos dos islamistas, a liberdade dessas pessoas é um ato de traição à ummah (comunidade)". Elas são escritoras e jornalistas da cultura árabe/muçulmana que criticam a ameaça islamista e a violência inerente do Alcorão. Elas estão sozinhas contra o islamismo que usa o terrorismo concreto das Kalashnikovs e também contra o terrorismo intelectual que as submete à intimidação da mídia. Vistas como "traidoras" em suas comunidade, elas são acusadas pelas elites do Ocidente de "estigmatização".

A jornalista francesa Zineb El Rhazoui tem mais guarda-costas do que muitos ministros do governo de Manuel Valls e, por medida de segurança, vem mudando de casa com frequência nos últimos meses em Paris. Para esta jovem estudiosa, natural de Casablanca, que trabalha na revista semanal francesa Charlie Hebdo, caminhar pelas ruas de Paris se tornou algo inimaginável. Em 7 de janeiro de 2015 uma fatwa foi emitida que diz: "matem Zineb El Rhazoui para vingar o profeta".

Ameaças contra outra dissidente Nadia Remadna, não vêm de Raqqa na Síria, mas de sua própria cidade: Sevran, em Seine-Saint-Denis. Elas refletem a crescente influência dos islamistas nos territórios perdidos da República Francesa. Por qual "crime" ela foi considerada culpada? Ela criou a "Brigada da Mães" para combater a influência islamista sobre jovens muçulmanos.

O professor de filosofia, Sofiane Zitouni, teve que pedir demissão do emprego em uma escola muçulmana/francesa por conta do "islamismo insidioso".

O jornalista e ensaísta francês/argelino Mohamed Sifaoui, autor de diversas investigações sobre círculos islamistas, é vítima de dupla ameaça. Ele é alvo primordial tanto de fundamentalistas quanto dos "tolerantes" grandes inquisidores. Sentenciado a dois anos de prisão pelo regime argelino por ofensas à imprensa", depois assediado por islamistas, Sifaoui pediu asilo político na França em 1999, jamais voltando a por os pés na Argélia. Desde então Sifaoui tem visto sua foto e nome juntamente com as palavras "le mourtad", o apóstata em websites islamistas, o que quer dizer que ele está marcado para morrer. A proteção policial francesa em torno dele tem sido total desde 2006, quando ele defendeu a liberdade de expressão da revista satírica francesa Charlie Hebdo.

Cerca de quinze testemunhas prestaram depoimento a favor da revista Charlie Hebdo. Entre elas se encontrava o falecido ensaísta muçulmano/tunisiano Abdelwahab Meddeb, que teve a coragem de desafiar todo o establishment muçulmano/francês que tentou calar a revistaCharlie Hebdo. Meddeb queria mostrar que "não se tratava de ninguém contra o Islã e sim o Islã evoluído contra o Islã atrasado."

Também na França, Hassen Chalghoumi, o corajoso imã de Drancy, prega usando um colete a prova de bala. Quando ele sai na rua cinco policiais o acompanham armados com armas semiautomáticas. Isso não está situado fora da Linha Verde de Bagdá, está sim no centro de Paris. Chalghoumi apoiou a proibição do uso das burcas; fez uma visita sem precedentes ao memorial do Holocausto em Jerusalém; prestou homenagem às vítimas da redação da revistaCharlie Hebdo se posicionou a favor de um diálogo com os judeus franceses.

Naser Khader, muçulmano liberal com cidadania dinamarquesa, que defendeu "uma reforma muçulmana", autor do livro "Honra e Vergonha", está sendo ameaçado de morte por grupos islâmicos.

Na Itália, o escritor Magdi Cristiano Allam, natural do Egito, vive sob proteção de guarda-costas por ter criticado o Islã político. O editor adjunto do principal jornal da Itália, Corriere della Sera, Sr. Allam, publicou um livro cujo título apenas já seria o suficiente para por sua vida em perigo: "Viva Israele."

Ibn Warraq vive atrás de um pseudônimo desde que escreveu o influente livro "Porque Eu Não Sou Muçulmano".

O blogueiro palestino Walid Husayin também é uma raridade. Na prisão por ter "satirizado o Alcorão, ele publicou recentemente um livro na França sobre sua experiência nos territórios palestinos, onde seu "ateísmo" quase lhe custou a vida.

Na Tunísia há um punhado de produtores de cinema e intelectuais que lutam pela liberdade de expressão, especialmente depois que o líder secular da oposição Chokri Belaid, foi assassinado. Também Nadia El Fani, diretora de "Ni Allah ni maître" ("Nem Alá Nem Mestre"), e Nabil Karoui, diretor da TV Nessma, estão ameaçados de morte e sendo processados, acusados de "blasfêmia". A "Primavera Árabe" na Tunísia não se transformou em um inverno islamista, como em outros lugares, isso graças principalmente a esses dissidentes.

Esses heróis sabem o que aconteceu com seus antecessores em "a guerra contra os intelectuais árabes". Escritores como Tahar Djaout foram mortos em 1993 pelos islamistas na Argélia, bem como o jornalista Farag Foda, famoso pelas fortes sátiras sobre o fundamentalismo islâmico. Antes de seu assassinato, Foda foi acusado de "blasfêmia" pela grande mesquita de al-Azhar. Uma dozena de blogueiros bengaleses também foram assassinados a sangue frio pelos islamistas pelo "crime" de "secularismo".

No ano passado o Presidente do Egito Abdel Fattah al- Sisi defendeu a reforma do Islã e a maneira como é ensinado, o clérigo do Islã sunita Sheikh Ahmed al Tayeb, chefe da Universidade al-Azhar do Cairo, centro do Islã sunita, se pronunciou da mesma maneira. E ele disse isso nada menos do que em Meca. Os conservadores do Egito fizeram de tudo para abafar o caso – pelo menos por enquanto.

Há contudo cada vez mais dissidentes se manifestando com sucesso, liderando com coragem e visão de futuro. Nos EUA M. Zuhdi Jasser, autor de "A Battle for the Soul of Islam" (Uma Batalha Pela Alma do Islã) e médico, criou o American Islamic Forum for Democracy. No ano passado mais de duas dezenas de personalidades muçulmanas promoveram um apelo "para abraçar uma interpretação pluralista do Islã, rejeitar todas as formas de opressão e abusos cometidos em nome da religião".

No Canadá Raheel e Sohail Raza fundaram "Muslims Facing Tomorrow", onde se encontra o Professor Adjunto de Ciência Política da Universidade de Western Ontario, Salim Mansur que diz o que pensa.

No Reino Unido Maajid Nawaz dirige a influente Quilliam Foundation e Shiraz Maher, que deixou a organização islamista, Hizb-ut-Tahrir, agora trabalha como Senior Fellow no International Center for the Study of Radicalization no King's College em Londres.

Estes são apenas alguns dos poucos heróis de hoje. Outros tiveram que ser deixados de fora; há muitos nomes para serem incluídos.

A orgulhosa e dolorosa resistência desses "rebeldes de Alá" é um dos mais belos testamentos dos nossos tempos. Esses "rebeldes de Alá" também são a única e real esperança de reforma para o mundo islâmico -- e de preservar a liberdade para todos nós.
Por: Giulio Meotti, Editor Cultural do diário Il Foglio, é jornalista e escritor italiano.Original em inglês: The West's Most Important Ally: Islam's Dissidents
Tradução: Joseph Skilnik Do site: http://pt.gatestoneinstitute.org/

quinta-feira, 21 de julho de 2016

FGTS, INSS, E AVISO PRÉVIO - UMA ASSALTO AO TRABALHADOR, DISFARÇADO DE DIREITO


Todo político adora falar que defenderá "os direitos" dos trabalhadores custe o que custar, que jamais cederá, e que manterá os "benefícios conquistados".

A questão é: há realmente algum ganho para o trabalhador? Ou há apenas ônus?

Na prática, ao impor encargos sociais e trabalhistas — todos eles custeados pelo próprio trabalhador, como será mostrado mais abaixo —, o governo está dizendo que sabe administrar melhor o dinheiro do que o próprio trabalhador. 

Mais ainda: se o trabalhador é obrigado a pagar por seus "direitos", então ele não tem um direito, mas sim um dever.

Os tais "direitos trabalhistas" nada mais são do que deveres impostos pelo governo ao trabalhador. E, para arcar com esses deveres, a maior parte do salário do trabalhador é confiscada já na hora do pagamento.

Somente para bancar os benefícios básicos — férias, FGTS, INSS, encargos sobre aviso prévio — são confiscados R$ 927 mensais de um trabalhador que recebe em suas mãos salário mensal de R$ 1.200.

Um funcionário trabalhando em regime CLT, com um salário contratado de R$ 1.200, custará efetivamente ao seu empregador 80% a mais do que o seu salário. 

Confira a tabela abaixo:



Fonte: http://www.campesi.com.br/custofunc.htm

Ou seja, por causa dos encargos sociais e trabalhistas impostos pelo governo, o patrão tem um gasto de R$ 2.127 com o trabalhador, mas o trabalhador recebe apenas R$ 1.200. Toda a diferença vai para o governo (exceto o item férias, o qual, por sua vez, será disponibilizado apenas uma vez por ano, e que seria mais bem aproveitado pelo trabalhador caso tal quantia fosse aplicada).

E há quem acredite que isso configura uma "conquista trabalhista" e um "direito inalienável do trabalhador".

Mais ainda: esses não são os únicos custos para o patrão. Em primeiro lugar, os custos podem variar ainda mais conforme o sindicato de classe, o regime de apuração da empresa e o ramo de atividade. Há ocasiões em que os encargos sociais e trabalhistas podem chegar a quase 102% do salário. Adicionalmente, a empresa também tem de ter uma reserva para gastar em tribunais, pois sempre há funcionários saindo e acionando a empresa na Justiça do Trabalho. Há também os custos de recrutamento de funcionários, os quais aumentaram muito em decorrência da política de seguro-desemprego e bolsa- família. E quem paga todos esses custos são os trabalhadores.

Eu mesmo, na condição de empresário, preferiria pagar R$ 2.200 por mês para um funcionário em um país sem encargos e leis trabalhistas do que R$ 1.200 no Brasil. Com esse salário mais alto eu teria, no mínimo, funcionários mais motivados. Mas, como não sou uma fábrica de dinheiro, não tenho condições de fazer isso.

Mas a espoliação do trabalhador é ainda pior do que parece. Veja, por exemplo, o que acontece com o FGTS. Essa quantia, que poderia ser incorporada ao salário do trabalhador, é desviada para o governo e só pode ser reavida em casos específicos (ou após a aposentadoria). 

Na prática, o governo "pega emprestado" esse dinheiro do trabalhador e lhe paga juros anuais de míseros 3%. Dado que a caderneta de poupança rende 7% ao ano, e a inflação de preços está em 7,2% ao ano, o trabalhador não apenas deixa de auferir rendimentos maiores, como ainda perde poder de compra real com a medida. 

E para onde vai o dinheiro do FGTS? Uma parte vai para subsidiar o BNDES e a outra vai para financiar a aquisição de imóveis — algo completamente sem sentido, pois a aplicação desse dinheiro na caderneta de poupança já permitiria ao trabalhar obter o dobro do rendimento e, com isso, ter mais dinheiro para comprar imóveis.

E vamos aqui dar de barato e desconsiderar as cada vez mais frequentes notícias de uso indevido desse dinheiro. (R$ 28 bilhões de reais do FGTS foram investidos pelo BNDES em várias empresas, mas não há nenhuma informação sobre quais empresas receberam o dinheiro, quanto receberam, e quais as condições de pagamento).

No caso do INSS, R$ 398,46 são confiscados mensalmente com a promessa de que o trabalhador irá receber saúde (SUS), seguro de vida e previdência. Não irei aqui comentar sobre a qualidade e a confiabilidade destes três. Irei apenas dizer que, caso o trabalhador tivesse a opção de ficar com este dinheiro, ele poderia recorrer ao mercado privado e voluntariamente contratar um plano de saúde, um seguro de vida e previdência por R$ 300 e ainda receber um serviço melhor do que o do SUS.

(E, se o governo eliminasse os impostos sobre esses setores, bem como abolisse toda a regulamentação, o valor poderia baixar para R$ 200, e o trabalhador poderia obter um serviço de maior qualidade.)

Por fim, o aviso prévio faz com que muitas empresas demitam os funcionários sem necessidade. Por exemplo, se uma empresa está passando por uma fase difícil e não tem certeza de que poderá manter o funcionário por mais de um mês, será mais racional demitir para não correr o risco de mantê-lo por mais tempo e, consequentemente, não poder honrar suas obrigações trabalhistas depois. 

O aviso prévio também trava as empresas, que podem se ver obrigadas a demitir um funcionário produtivo, mas que ainda está no período de experiência, e ao mesmo tempo manter um funcionário improdutivo, mas que já cumpriu o período de carência. Tudo isso só para não pagar o aviso prévio.

Esse custo da improdutividade será descontado de todos os funcionários.

E tudo isso para não mencionar os outros impostos que incidem sobre as empresas e que afetam sobremaneira sua capacidade de investir, de contratar e de aumentar salários. No Brasil, a alíquota máxima do IRPJ é de 15%, mas há uma sobretaxa de 10% sobre o lucro que ultrapassa determinado valor. Adicionalmente, há também a CSLL (Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido), cuja alíquota pode chegar a 32%, o PIS, cuja alíquota chega a 1,65% e a COFINS, cuja alíquota chega a 7,6%. PIS e COFINS incidem sobre a receita bruta. Há também o ICMS, que varia de estado para estado, mas cuja média nacional beira os 20%, e o ISS municipal. Não tente fazer a conta, pois você irá se apavorar.

O custo de todo esse sistema para o trabalhador é muito maior do que as eventuais vantagens que ele possa oferecer (se é que há alguma). 

Dado o atual arranjo, seria muito mais proveitoso tanto para o trabalhador quanto para as empresas dobrar o salário-mínimo e eliminar os encargos sociais e trabalhistas. Haveria mais dinheiro nas mãos de cada trabalhador, haveria uma mão-de-obra mais motivada, e ainda atrairíamos muito mais empresas para o país, o que naturalmente forçaria ainda mais o aumento natural dos salários. Isso, por si só, tornaria obsoleta a lei do salário-mínimo, levando à sua extinção.

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Leandro Roque contribuiu para este artigo.

Renato Furtado é cristão, empresário do setor madeireiro, e líder do Movimento Revolucione-SE. 
Do site: http://www.mises.org.br/

quarta-feira, 20 de julho de 2016

DIFERENÇAS ENTRE O SÁBIO E O INGNORANTE


Após algum tempo vendo ao vivo um filósofo filosofar de verdade (i.e. Olavo de Carvalho) e logo após ver o surgimento de outras grandes mentes que descobriram o próprio potencial através dos ensinamentos do professor, algumas diferenças intelectuais entre essas pessoas e as demais foram se revelando conforme os via se desenvolver.

Porém, o símbolo que cristalizou essa percepção foi aquilo que o ensaísta Nassim Nicholas Taleb chamou em A lógica do cisne negro de “antibiblioteca” (grifos nossos):

O escritor Umberto Eco pertence àquela classe restrita de acadêmicos que são enciclopédicos, perceptivos e nada entediantes. Ele é dono de uma vasta biblioteca pessoal (que contém cerca de 30 mil livros) e divide os visitantes em duas categorias: os que reagem com: “Uau! Signore professore dottore Eco, que biblioteca o senhor tem! Quantos desses livros o senhor já leu?”, e os outros — uma minoria muito pequena — , que entendem que uma biblioteca particular não é um apêndice para elevar o próprio ego, e sim uma ferramenta de pesquisa. Livros lidos são muito menos valiosos que os não lidos. A biblioteca deve conter tanto das coisas que você não sabe quanto seus recursos financeiros, taxas hipotecárias e o atualmente restrito mercado de imóveis lhe permitam colocar nela. Você acumulará mais conhecimento e mais livros à medida que for envelhecendo, e o número crescente de livros não lidos nas prateleiras olhará para você ameaçadoramente. Na verdade, quanto mais você souber, maiores serão as pilhas de livros não lidos. Vamos chamar essa coleção de livros não lidos de antibiblioteca.

Após algum tempo ficou mais claro que a grande diferença entre um verdadeiro intelectual e um sujeito mediano que entendeu parte considerável daquilo que estudou (na melhor das hipóteses o suficiente para conseguir um emprego bom e ser um ‘bom cidadão’) é que o primeiro tem muito mais consciência do campo de coisas que ele sabe que não sabe.

Para entendermos o que isso quer dizer recorramos a Sócrates, o filósofo, quando falava justamente de um sujeito ao qual conversou (grifos nossos):

Examinando, pois, a fundo este homem — não preciso de citar o seu nome; era um dos nossos homens de Estado — , observando-o bem ao longo de uma conversa, Atenienses, fiquei com a seguinte impressão: pareceu-me que este homem passava por sábio aos olhos da maioria das pessoas e sobretudo aos seus próprios olhos, mas na realidade o não era. Tentei, por isso, demonstrar-lhe que se enganava, ao julgar que era sábio. Isto me fez incorrer na sua inimizade, bem como na da maioria dos que assistiram à nossa conversa. Ao retirar-me, ia fazendo comigo esta reflexão: “Sou, sem dúvida, mais sábio que este homem. É muito possível que qualquer um de nós nada saiba de belo nem de bom; mas ele julga que sabe alguma coisa, embora não saiba, ao passo que eu nem sei nem julgo saber. Parece-me, pois, que eu sou algo mais sábio do que ele, na precisa medida em que não julgo saber aquilo que ignoro” [Apologia de Sócrates, 21cd]

Pois bem! Sócrates acabou de dizer que a maior diferença entre ele e o outro sujeito não era tanto o nível de conhecimento de ambos, mas sim o tanto que cada um sabia o quanto não sabia. Há uma diferença entre dizer que se sabe algo e a capacidade de julgar tanto o tamanho da sua sabedoria quanto o tamanho da sua ignorância. (O princípio da honestidade intelectual também está patente na parte grifada.)

Por fim, segue um diagrama que ilustra o que foi aqui dito. Começamos com o “homem-massa” do espanhol José Ortega y Gasset (v. A Rebelião das massas) ou o “cretino fundamental” do nosso Nelson Rodrigues. Como podemos ver, o homem-massa se acha um “señorito satisfecho” e, como tal, se passa por sábio aos próprios olhos. Já um gênio como Sócrates está muito mais ciente do desconhecido que o cerca, se comparado a um dos “homens de Estado” ao qual ele confrontou seus conhecimentos.

Obs.: Obviamente as proporções não estão perfeitas, mas ilustram com considerável fidelidade o que se tentou ilustrar no texto.

(Imagem: Jesus entre os doutores, Albrecht Dürer, 1506)
Por: Leonildo Trombela Júnior é jornalista e tradutor.
https://medium.com/@ltjunior  Do site: http://www.midiasemmascara.org/

terça-feira, 19 de julho de 2016

BREXIT: A NAÇÃO ESTÁ DE VOLTA!

Na França, antes da votação britânica, o semanário JDD realizou uma pesquisa de opinião online com a seguinte pergunta: você quer a França fora da UE? 88% dos entrevistados responderam "SIM"!


Em nenhum dos países pesquisados houve muito apoio no tocante à transferência do poder para Bruxelas.

Para evitar uma possível revolta dos milhões de pouco favorecidos e desempregados, países como a França têm mantido um alto grau de gastos no tocante ao bem-estar social, via contratação de empréstimos externos no mercado internacional para pagar os benefícios do seguro desemprego, bem como pensões para os aposentados Hoje a dívida interna da França é 96,1% do PIB. Em 2008, ela era 68%.

Nos últimos anos, os pobres e idosos viram uma mudança drástica em sua vizinhança: o açougueiro se tornou halal, a cafeteria não vende mais álcool e a maioria das mulheres nas ruas usa véus. Até o McDonald's já é halal na França.

O reconfortante, é que as pessoas que eram a favor do "Sair" esperaram uma maneira legal de expressar seu protesto. Eles não pegaram em armas ou facas para matar judeus ou muçulmanos: eles votaram. Eles esperaram a oportunidade de expressar o que sentiam.

"Com que rapidez o inimaginável se tornou o irreversível", ressalta The Economist. Eles estão falando do Brexit, é claro.

A pergunta hoje é: quem poderia imaginar que os ingleses estavam tão cansados de serem membros do The Club? A pergunta para amanhã é: qual país será o próximo?

Na França, antes da votação britânica, o semanário JDD realizou uma pesquisa de opinião online com a seguinte pergunta: você quer a França fora da UE? 88% dos entrevistados responderam "SIM"! Não se trata de uma apuração com metodologia científica, no entanto é um indício. Um recente levantamento, mais específico -- encomendado pelo Pew Research constatou que na França, um dos membros fundadores da "União Europeia", somente 38% da população ainda nutre uma visão favorável da UE, seis pontos a menos do que na Grã-Bretanha. Em nenhum dos países pesquisados houve muito apoio no tocante à transferência do poder para Bruxelas.

Com o Brexit, todos estão percebendo que o projeto europeu foi implementado pela minoria da população: jovens de regiões urbanas, políticos com representação nacional de cada país e burocratas de Bruxelas.

Os demais estão com a mesma sensação: a UE fracassou.

No tocante à economia, a UE não tem conseguido manter o emprego em seus próprios países. As pessoas foram para a China e outros países aceitando baixos salários. A globalização mostrou ser mais forte do que a União Europeia. A taxa de desemprego nunca esteve tão alta como na UE, principalmente na França. Na Europa, 10,2% dos trabalhadores estão oficialmente desempregados. A taxa de desemprego é de 9,9% na França e 22% na Espanha.

E o salário líquido se manteve baixo, com exceção de algumas categorias no segmento de finanças e de alta tecnologia.

Para evitar uma possível revolta de milhões de pobres e desempregados, países como a França têm mantido um alto grau de gastos no tocante ao bem-estar social. Os desempregados continuam a ser subsidiados pelo estado. Como? Via contratação de empréstimos externos no mercado internacional para pagar os benefícios do seguro desemprego, bem como pensões para os aposentados. De modo que hoje a divida interna da França é 96,1% do PIB. Em 2008, ela era 68%.

Na zona do euro (19 países), a relação dívida pública/PIB era de 90,7% em 2015.

Além desses problemas, todos os países europeus se mantiveram abertos para a imigração em massa.

A imigração não era uma questão oficial na campanha britânica pelo "permanecer" ou "sair" da UE. Contudo, conforme já foi observado por Mudassar Ahmed, patrocinador do Faiths Forum for London e ex-assessor do governo da Grã-Bretanha, o problema da imigração e da diversidade tem se mantido latente:

"Em conversas particulares, eu descobri que os que mais são a favor de saída da União Europeia também são os mais incomodados com a diversidade -- não apenas em relação à imigração, mas também pela diversidade que já há neste país. Por outro lado, os mais ávidos, pela minha experiência, a apoiarem a permanência na União Europeia, estão muito mais abertos às diferenças em relação a religião, raça, cultura e etnia".

Na França, a questão da imigração, associada a um eventual "Frexit" não é de maneira alguma latente. A Frente Nacional (NF) apoia energicamente a saída da EU e este posicionamento está ligado à imigração. Na França tem entrado anualmente 200.000 estrangeiros, por vários anos -- de países pobres, como os do Norte de África, bem como de países subsarianos. A crescente presença de muçulmanos trouxe consigo uma crescente sensação de insegurança e as tradições culturais dos árabes e dos países africanos têm criado um mal-estar "cultural" na Europa. Isso não vale para todos, obviamente. Nas grandes cidades, as pessoas são mais abertas à diversidade. Mas nos subúrbios, é diferente. Porque aqueles que dependiam da assistência social, que eram os pobres, os idosos -- todas essas pessoas vivem exatamente nos mesmos bairros e nos mesmos edifícios que os novos imigrantes.

Marine Le Pen, líder da Frente Nacional, comemora a votação do Brexit sob os dizeres: "E Agora: A França!", 24 de junho de 2016.

Nos últimos anos, os pobres e idosos viram uma mudança drástica em sua vizinhança: o açougueiro se tornou halal, a cafeteria não vende mais álcool, o famoso sanduíche "jambon beurre" (manteiga e presunto) sumiu e a maioria das mulheres nas ruas usa véus. Até o McDonald's já é halal na França. Em Roubaix, por exemplo, todos os fast-foods seguem a orientação halal.

Uma eventual votação "Frexit" dos pobres, idosos e aqueles que dependem da assistência social significará apenas uma coisa: "devolva-me o meu país"! Hoje, ser contra a UE quer dizer recuperar a possibilidade de continuar sendo francês em uma França tradicional.

Com o Brexit, a questão da nação volta à Europa. Sem a imigração, teria sido possível criar, gradualmente, uma futura identidade europeia. Mas com o Islã e o terrorismo batendo na porta, com os políticos dizendo a cada ataque terrorista: "estes homens que gritam 'Allahu Akbar' nada têm a ver o Islã", a rejeição só pode ser alta.

Os dizeres "devolva-me o meu país" parecem assustadores. E são. Estão contaminados com chauvinismo e chauvinismo não é bom para nenhuma minoria em nenhum país. O povo judeu pagou um altíssimo preço por causa do chauvinismo na Segunda Guerra Mundial.

O reconfortante, no entanto, é que as pessoas que eram a favor do "Sair" esperaram uma maneira legal de expressar seu protesto. Eles não pegaram em armas ou facas para matar judeus ou muçulmanos: eles votaram. Eles esperaram a oportunidade de expressar o que sentiam. O "Sair" pode não parecer moderno ou elegante, mas é pacífico, legal e democrático.

Espero que as coisas permaneçam desse jeito.

Por: Yves Mamou, radicado na França, trabalhou por duas décadas como jornalista para o Le Monde.
Original em inglês: Brexit: The Nation is Back!

Tradução: Joseph Skilnik Do site: http://pt.gatestoneinstitute.org/




segunda-feira, 18 de julho de 2016

ABUSO SEXUAL DE CRIANÇAS, LAVAGEM CEREBRAL NA PRISÃO E "ALÁ SABE O QUE É MELHOR"

Um Mês de Islã na Grã-Bretanha: Maio de 2016


"Um muçulmano com demasiados vínculos extremistas, vínculos ditos como mera coincidência, é o atual Prefeito de Londres. ... Em uma questão de décadas a Grã-Bretanha poderá muito bem ter, pela primeira vez, um Primeiro Ministro muçulmano. ... Não tem como a realidade discordar da demografia, de modo que o futuro realista da Grã-Bretanha é islâmico". — Paul Weston, político britânico.

Um terço dos muçulmanos adultos na Grã-Bretanha não se sentem "parte da cultura britânica", de acordo com um novo relatório sobre o multiculturalismo britânico. Cerca de metade (47%) dos muçulmanos consideram a religião islâmica a parte mais importante da sua identidade.

O governo foi acusado de ocultar um relatório sobre o extremismo nas prisões que alerta que o staff tem sido relutante em lidar com o comportamento islamista por temer ser tachado de "racista", segundo o jornal Sunday Times. Belmarsh, uma prisão de segurança máxima em Londres, se transformou em "algo como um campo de treinamento jihadista", segundo o testemunho de um ex-presidiário. Há mais de 12.000 muçulmanos nas prisões espalhadas pela Inglaterra e País de Gales.

A Ex-parlamentar Ann Cryer foi atacada verbalmente e acusada de "demonizar" a comunidade asiática quando ela iniciou uma campanha, há mais de uma década, para que as autoridades acabassem com o abuso sexual de crianças em Keighley.

"No final do ataque, quando o Sr. Zimmerman estava deitado no chão, estático e indefeso, no hall da bilheteria, o réu se agachou e deliberadamente começou a cortar a garganta do Sr. Zimmerman com a lâmina de uma faca." — Procurador no julgamento da tentativa de assassinato de Muhiddin Mire, natural da Somália, que atacou a esmo, um desconhecido, no metrô de Londres.

1º de maio. Mubashir Jamil, um homem de 21 anos de idade de Luton, foi detido sob suspeita de procurar viajar para a Síria para participar da "jihad violenta" juntamente com o Estado Islâmico. Ele foi acusado de se "envolver em conduta de preparação para cometer atos de terrorismo".

2 de maio. Um importante jihadista britânico, que se vangloriava de ter recrutado centenas de cidadãos britânicos para o Estado Islâmico foi morto em um ataque de um drone na Síria, de acordo com o jornal Independent. Raphael Hostey, também conhecido como Abu Qaqa al-Britani, deixou Manchester para se juntar ao Estado Islâmico em 2013. O designer gráfico de 23 anos se tornou um importante recrutador de combatentes britânicos e noivas de jihadistas para o grupo e também estava envolvido até o pescoço em sua propaganda. Pelo menos 700 pessoas do Reino Unido viajaram para a Síria e Iraque para apoiar ou lutar juntamente com grupos jihadistas.

4 de maio. O "Departamento de Teologia" da Blackburn Muslim Association determinou que "não é admissível" que uma mulher viaje mais do que 77 quilômetros — considerado o equivalente a uma andança de três dias — sem seu marido ou parente próximo do sexo masculino. O grupo também determinou que os homens devem deixar crescer a barba e as mulheres devem cobrir os rostos. As determinações foram acompanhadas pela máxima: "Alá sabe o que é melhor".

7 de maio. Sadiq Khan político do Partido Trabalhista tomou posse como prefeito de Londres. Ele é o primeiro muçulmano a governar uma importante capital europeia. Durante a campanha eleitoral, Khan enfrentou uma onda de alegações em relação as suas ligações com muçulmanos extremistas e antissemitas.

O político britânico Paul Weston alertou que a ascensão de Khan é um prenúncio do que está por vir:

"O inimaginável há pouco tempo se transformou em realidade. O muçulmano com demasiados vínculos extremistas, vínculos ditos como mera coincidência, é o atual Prefeito de Londres. ... Em uma questão de décadas a Grã-Bretanha poderá bem ter, pela primeira vez, um muçulmano como Primeiro Ministro. ... Não tem como a realidade discordar da demografia, de modo que o futuro realista da Grã-Bretanha é islâmico".

7 de maio. Mohammed Shaheen, de 43 anos, pai de sete filhos, foi sentenciado a 16 anos de prisão por estuprar alunas menores de idade. Shaheen, imigrante do Paquistão, afirmou ser um muçulmano devoto que caiu em uma cilada montada pelas vítimas. O Juiz Martin Steiger QC ressaltou: "ele se fez passar por religioso quando na verdade se comportava o tempo todo dessa maneira hipócrita".

8 de maio. O jornal The Times reportou que a maior instituição beneficente muçulmana da Grã-Bretanha irá afixar cartazes com dizeres glorificando Alá durante o Ramadã em centenas de ônibus ao redor do país. A iniciativa da Islamic Relief, uma organização apoiada pelo governo, é uma tentativa para "derrubar barreiras" e retratar o Islã como uma luz positiva. A Islamic Relief pagou para que centenas de ônibus em Birmingham, Bradford Leicester, Londres e Manchester afixassem cartazes com o lema "Subhan Allah", que significa "Glória a Alá" em árabe.

8 de maio. A seis argelinos, suspeitos de terrorismo, com ligações com a al-Qaeda, foi permitido que permanecessem na Grã-Bretanha após ganharem uma batalha judicial que se arrastava há muito tempo. A Special Immigration Appeals Commission (SIAC) "Comissão Especial de Apelação de Imigração" deliberou que havia um "risco real" dos homens serem torturados pelos serviços de segurança argelinos caso fossem deportados. Isso seria a violação do Artigo 3 do Human Rights Act, que protege contra a "tortura, degradação ou tratamento desumano."

9 de maio. Um muçulmano considerado culpado por ameaçar decapitar um candidato do Partido da Independência do Reino Unido (UKIP) teve a sentença anulada em recurso. Aftab Ahmed, 45, foi considerado culpado por ameaçar de morte David Robinson-Young, mas um juiz do Tribunal da Coroa de Newcastle ressaltou que ele acreditava que Ahmed não tinha a intenção de cumprir a ameaça.

10 de maio. A Polícia da Grande Manchester (GMP) pediu desculpas por conta de um exercício de contraterrorismo no qual um ator, se passando por um homem bomba, gritou "Allahu Akbar" (Deus é grande). Oitocentos voluntários tomaram parte no exercício noturno para que ele fosse o mais realista possível. A ativista da paz de Manchester Erinma Bell criticou o uso de um "terrorista muçulmano". Ela disse que "qualquer um pode ser terrorista" e que "temos que nos afastar dos esteriótipos". O líder muçulmano local Syed Azhar Shah,ressaltou que é "chocante retratar muçulmanos como terroristas" e acusou a GMP de "racismo institucional". Em um comunicado a GMP assinala:


"O cenário para o exercício se baseia em um ataque no estilo da organização extremista Daesh; os criadores do cenário se centralizaram em circunstâncias semelhantes de ataques anteriores dessa natureza, espelhando detalhes de eventos passados para que a situação fosse a mais realista possível para todos os envolvidos. No entanto, ponderando, reconhecemos que é inaceitável fazer uso dessa frase religiosa no momento em que o ator desfecha o ataque suicida, que tão eloquentemente vincula este exercício ao Islã. Reconhecemos e pedimos desculpas pela ofensa causada".

10 de maio. Teve início o julgamento de três muçulmanos que conspiravam decapitarcidadãos britânicos após se inspirarem em uma ordem do Estado Islâmico "de matar civis onde quer que estivessem no Ocidente". O tribunal ficou sabendo que Haseeb Hamayoon, 29, Yousaf Syed, 20 e seu primo Nadir Syed, 22, planejavam cometer uma atrocidade terrorista após a emissão de uma fatwa pelo porta-voz do Estado Islâmico Abu-Mohammad al-Adnani. Hamayoon, que possui passaporte paquistanês, comprou pela Internet uma réplica da "faca usada no filme RAMBO II" usando a conta bancária de sua esposa. Nadir Syed natural da Grã-Bretanha armazenava imagens dos assassinos de Lee Rigby e os três, ao que tudo indica, trocavam imagens de decapitações

11 de maio. O Primeiro Ministro David Cameron pediu desculpas a Suliman Gani, um extremista muçulmano, por ter dito que ele era defensor do Estado Islâmico. Gani disse que as acusações segundo as quais ele apoia o Estado Islâmico são difamatórias e devem ser retiradas. Em um comunicado, Cameron ressaltou que ele estava se referindo a relatos de que Gani defende "um" estado islâmico e não "o" Estado Islâmico. O Conselho Muçulmano da Grã-Bretanha pediu a Cameron que repetisse a retratação no Parlamento e uma "urgente avaliação" da islamofobia no Partido Conservador.

15 de maio. As transmissões religiosas da BBC são cristãs demais, segundo constatou uma avaliação interna. A avaliação de Aaqil Ahmed, responsável pelo serviço religioso e assuntos éticos da BBC, sustenta que dever-se-ia dar mais espaço às religiões muçulmanas, hindus e siques. Um líder muçulmano deu a entender que a avaliação poderia resultar na transmissão das rezas de sexta-feira, a partir de uma mesquita, da mesma maneira que os serviços religiosos cristãos fazem parte atualmente da programação da BBC. A nomeação de Ahmed ao cargo na BBC em 2009 causou polêmica por conta de alegações segundo as quais ele havia evidenciado inclinações pró-islâmicas em seu cargo anterior no Channel 4, de acordo com o jornal Telegraph.

16 de maio. O governo confirmou que serão oferecidos, pela primeira vez na Grã-Bretanha, empréstimos a estudantes que respeitam a Lei Islâmica (Sharia) como parte de uma iniciativa para aumentar o número de jovens muçulmanos a se candidatarem a entrar na universidade. O novo modelo financeiro halal (permitido ou legal) obedece a Lei Islâmica (Sharia), que proíbe aos muçulmanos fazerem empréstimos em que sejam cobrados juros. Em um relatório oficial o governo informa:

"Iremos introduzir um sistema financeiro alternativo que permita a participação de estudantes que, por motivos religiosos, se sintam impossibilitados de tomarem empréstimos que cobram juros... Para assegurar que a participação e opção estejam abertas a todos, planejamos legislar em prol da criação de um modelo alternativo de financiamento para estudantes".

17 de maio. Um terço dos muçulmanos adultos na Grã-Bretanha não se sentem "parte da cultura britânica", de acordo com um novo relatório sobre o multiculturalismo britânico. Cerca de metade (47%) dos muçulmanos consideram a religião islâmica a parte mais importante da sua identidade. Somente metade (54%) dos adultos britânicos acreditam que possa haver um conjunto de valores nos quais todas as nacionalidades e religiões na Grã-Bretanha possam estar de acordo no futuro.

17 de maio. Belmarsh, uma prisão de segurança máxima em Londres se transformou em "algo como um campo de treinamento jihadista", segundo o testemunho de um ex-presidiário. O ex-presidiário, agora informante, salientou que um grupo de jihadistas que se autodenominam "os irmãos", ou "o Akhi" (irmão em árabe), já controlam a prisão, onde muitos terroristas condenados e criminosos vinculados ao terrorismo convivem livremente com presidiários comuns. "O problema é que Belmarsh também funciona como presídio, de modo que jovens passam por uma lavagem cerebral e doutrinação, são depois encaminhados para o sistema penitenciário, criando assim redes do tipo Akhi bem mais amplas". Nos cinco anos até 31 de dezembro de 2014, o número de presidiários muçulmanos em Belmarshmais mais do que dobrou chegando a 265, ou seja 30% do total de presidiários.

17 de maio. Um muçulmano convertido, preso por conspirar decapitar um soldado britânico teve a sentença reduzida. Brusthom Ziamani, 20, foi detido na região leste de Londres; ele carregava uma faca de 30cm, um martelo e uma bandeira islâmica. Durante o julgamento, o tribunal foi informado que ele havia pesquisado a localização de bases militares em Londres e que tinha mostrado armas a sua ex-namorada, e descreveu para ela o assassino de Lee Rigby, Michael Adebolajo, como "lenda" e disse a ela que iria "matar soldados". Os juízes que reavaliaram sua sentença proferiram: "dada a sua idade (muito jovem), consideramos que a parte custodial da sentença, a saber: 22 anos, era longa demais". Sentenciaram-no então a 19 anos.

18 de maio. Ofsted, a agência oficial do governo, responsável pela inspeção e regulamentação das escolas britânicas, admitiu não ter inspecionado adequadamente a escola gerida pelo Deobandis, uma seita muçulmana conservadora, porque o inspetor estava "proibido" de conversar tanto com os alunos quanto com o staff. O relatório do inspetor no tocante à segurança das crianças na Escola de Ensino Médio para Meninas Muçulmanas Zakaria em Batley revelava que durante as comemorações do festival islâmico de Eid ele só poderia conversar com a alta administração. Depois que a Sky News transmitiu uma reportagem sobre o caso, a Ofsted se pronunciou ressaltando que estava tomando as "medidas apropriadas" contra o inspetor em questão e que havia inspecionado novamente a escola, que leciona 149 meninas com idades de 11 a 16 anos. É voz corrente que muitos na Deobandis não têm a mínima consideração para com os não muçulmanos e controlam, ao que consta, cerca da metade das escolas particulares islâmicas britânicas.

18 de maio. O discurso da rainha, expondo o programa do governo para a próxima sessão do parlamento revelou um novo e polêmico projeto de lei de contra-extremismo, que inclui poderes para silenciar pessoas e banir organizações consideradas extremistas. O projeto de lei, contudo, não apresenta a definição de extremismo. Até agora o foco principal da política britânica era o de impedir o extremismo violento. Simon Cole, chefe do programa Prevent de antiradicalização do governo, salientou que as propostas que têm como alvo supostos extremistas não são passíveis de implementação, e correm o risco de criar um "policiamento ideológico" na Grã-Bretanha ao transformarem policiais em juízes para decidirem sobre o "que as pessoas podem ou não dizer".

18 de maio. Um muçulmano que foi detido após fornecer à polícia um nome falso ajuizou uma ação de discriminação contra a Polícia da Cidade de Londres. Akmal Afzal, 23, alega que foi detido durante as Olimpíadas de 2012 pelo fato de ser "asiático e ter barba". Afzal, britânico de descendência paquistanesa, foi liberado sem nenhuma acusação, mas está processando a polícia por prisão sem qualquer justificativa, agressão e discriminação. Seu advogado ressaltou: "ele alega não ter feito nada de errado e que o motivo dele ter sido tratado do jeito que foi tem a ver com a sua origem étnica e/ou sua religião".

22 de maio. O governo foi acusado de ocultar um relatório sobre o extremismo nas prisões que alerta que o staff tem sido relutante em lidar com o comportamento islamista por temer ser tachado de "racista", segundo o jornal Sunday Times. A avaliação independente, encomendada pelo Secretário de Estado da Justiça Michael Gove, realça que os presidiários islamistas exploraram a "suscetibilidade no tocante ao racismo" no staff da prisão ao fazerem falsas alegações de serem vítimas de discriminação. A avaliação recomendou a criação de "unidades especialmente concebidas" em prisões de segurança máxima para alojarem os islamistas mais "perigosos, extremistas e subversivos". Há mais de 12.000 muçulmanos nas prisões espalhadas pela Inglaterra e País de Gales, de acordo com os últimos levantamentos.

23 de maio. Os serviços de inteligência americano e britânico identificaram El Shafee Elsheikh de 27 anos de idade como o quarto membro da célula de execução do Estado Islâmico, responsável pela decapitação de 27 reféns. Os quatro guardas, liderados por "Jihadi John", foram apelidados de "Beatles" por conta do sotaque britânico. Elsheikh, a quem foi concedido asilo na Grã-Bretanha quando ele tinha sete anos, foi para a Síria em 2012 após ser radicalizado em apenas 17 dias de comparecimento em mesquitas de Londres.

23 de maio. Uma muçulmana britânica que queria educar seus filhos no Estado Islâmico na Síria foi presa por dois anos e meio. Lorna Moore, 34, que escondeu das autoridades que seu marido Sajid Aslam, 34, tinha viajado para a Síria, planejava levar seus três filhos pequenos, um deles de 11 meses, para a zona de guerra. Durante o proferimento da sentença em Old Bailey (Tribunal Penal Central da Inglaterra e País de Gales), o Juiz Charles Wide ressaltou que Moore, muçulmana convertida de Walsall, West Midlands, "sabia perfeitamente bem da dedicação de seu marido ao terrorismo".

23 de maio. Um levantamento conduzido pelo ComRes em nome da Ahmadiyya Muslim Community UK constatou que 33% dos adultos britânicos acreditam que o Islã promove a violência no Reino Unido. O estudo também constatou que 56% dos britânicos discordam da premissa de que o Islã é compatível com os valores britânicos.

24 de maio. A BBC noticiou que um médico do Serviço Nacional de Saúde (NHS), que passou sete anos trabalhando na Grã-Bretanha, deixou a esposa e dois filhos em Sheffield para se juntar ao Estado Islâmico. Issam Abuanza, 37, médico palestino com cidadania britânica, é o primeiro médico da NHS, na ativa, de que se tem notícia de ter-se juntado ao Estado Islâmico.

25 de maio. A polícia de West Yorkshire revelou que está investigando 220 supostos casos de abuso sexual de crianças em Keighley e Bradford. Os casos envolvem 261 suspeitos e 188 vítimas. A revelação veio à tona depois que a ex-parlamentar de Keighley, Ann Cryer, exigiu que os perpetradores fossem incriminados. Cryer foi atacada verbalmente e acusada de "demonizar" a comunidade asiática quando ela iniciou uma campanha, há mais de uma década, para que as autoridades acabassem com o abuso sexual de crianças em Keighley.

25 de maio. Um nigeriano entrou com um recurso de apelação contra o Home Office por cancelar sua nacionalidade britânica. O nigeriano conhecido apenas pela sigla L2, por razões legais, está diretamente associado a amigos próximos a Michael Adebolajo, que assassinou Lee Rigby em Londres em maio de 2013, e Mohammed Emwazi, ou "Jihadi John". L2 foi considerado uma ameaça tão grande à segurança nacional que a Secretária do Interior Theresa May assinou pessoalmente uma ordem para cancelar sua nacionalidade britânica em 2013.

26 de maio. A Secretária do Interior Theresa May estabeleceu uma avaliação independente quanto ao "uso indevido" da Lei Islâmica (Sharia) na Grã-Bretanha. A sindicância irá examinar se as propostas da Sharia estão sendo "indevidamente usadas ou exploradas" com o intuito de discriminar as mulheres. A avaliação não irá, contudo, examinar se a Lei Islâmica (Sharia) em si não é discriminatória em relação às mulheres. Um comunicado do Home Office ressaltou: "não será uma avaliação da totalidade da Lei Islâmica (Sharia), que é uma fonte de orientação para muitos muçulmanos no Reino Unido". Segundo May, muitos britânicos se "beneficiam muito" dos ensinamentos da Sharia.

A Baronesa Cox, que liderou uma iniciativa parlamentar para conter os tribunais não oficiais da Sharia na Grã-Bretanha ressaltou:

"Minhas reservas são de que a avaliação não irá até a raiz do problema. ... Muitas muçulmanas que eu conheço dizem que os homens em suas comunidades riem dessa proposta de investigação, que eles se esconderão subterraneamente, de modo que a investigação terá que ser muito robusta.

"Mas os aspectos que estão causando tanta preocupação — como por exemplo que um homem pode se divorciar simplesmente dizendo 'Eu me divorcio de você' três vezes — é inerente; o direito de 'castigar' mulheres é inerente; poligamia é inerente. Eu não acredito que essas coisas sejam distorções da Lei Islâmica (Sharia). São sim aspectos inaceitáveis da Lei Islâmica (Sharia)".

27 de maio. Um cidadão britânico que planejava perpetrar um ataque suicida no Aeroporto de Heathrow foi sentenciado a 40 anos de prisão. Minh Quang Pham, 33, foi sentenciado em Nova Iorque por viajar para o Iêmen para receber treinamento de membros da al-Qaeda na Península Arábica (AQAP). Pham se declarou culpado de três acusações de envolvimento em atividades relacionadas ao terrorismo com base em seu apoio ao grupo, mas negou que pretendia colocar o plano em prática e não ocorreu nenhum ataque. Pham, natural do Vietnã, com cidadania britânica, convertido ao Islã, foi preso pela primeira vez na Grã-Bretanha em junho de 2012, sendo extraditado para os EUA em fevereiro de 2015.

29 de maio. Festivais de música, instalações esportivas de grande porte e casas noturnas foram colocadas em "alerta máximo" devido ao risco em potencial de ataques jihadistas, de acordo com um agente do primeiro escalão antiterrorismo entrevistado pelo Sunday Times. Neil Basu, comissário adjunto da Polícia Metropolitana, ressaltou que grandes aglomerações — incluindo Glastonbury, considerado o maior festival de música do mundo, que atrairá 135.000 pessoas à Somerset de 22 a 26 de junho — é motivo de muita preocupação para a polícia neste verão. Basu alertou: "essa gente terá enorme satisfação de atacar civis com o máximo impacto possível. Grandes aglomerações sempre foram motivo de preocupação para nós, mas agora estão no topo da lista",

31 de maio. Teve início o julgamento de um muçulmano que tentou decapitar a esmo, um desconhecido, no metrô de Londres. Muhiddin Mire, natural da Somália, de 30 anos de idade, atacou o músico Lyle Zimmerman, 56, na estação de metrô de Leytonstone em 5 de dezembro com uma faca, gritando: "isto é pelos meus irmãos sírios; eu vou derramar seu sangue". O júri foi informado que após o ataque, a polícia encontrou imagens no celular de Mire de reféns do Estado Islâmico tendo suas gargantas cortadas. O promotor públicodeclarou:

"No final do ataque, quando o Sr. Zimmerman estava deitado no chão, estático e indefeso, no hall da bilheteria, o réu se agachou e deliberadamente começou a cortar a garganta do Sr. Zimmerman com a lâmina de uma faca. Felizmente o Sr. Zimmerman sobreviveu ao suplício porque, embora tivesse sofrido três cortes profundos na parte frontal do pescoço, nenhum deles atingiu algum vaso sanguíneo de importância vital naquela região".

Esquerda: Muhiddin Mire, muçulmano nascido na Somália, tentou decapitar o músico Lyle Zimmerman com uma faca em uma estação de metrô de Londres gritando "isto é pelos meus irmãos sírios". Direita: Belmarsh, prisão de segurança máxima em Londres se transformou em "algo como um campo de treinamento jihadista", de acordo com o testemunho de um ex-presidiário.

Soeren Kern é colaborador sênior sediado em Nova Iorque do Gatestone Institute. Ele também é colaborador sênior do European Politics do Grupo de Estudios Estratégicos / Strategic Studies Group sediado em Madri. Siga-o no Facebook e no Twitter. Seu primeiro livro, Global Fire, estará nas livrarias em 2016. Original em inglês: A Month of Islam in Britain: May 2016
Tradução: Joseph Skilnik Do site: http://pt.gatestoneinstitute.org/




quinta-feira, 14 de julho de 2016

O PROBLEMA DA INTEGRAÇÃO TURCO MUÇULMANA NA ALEMANHA

"Minha religião é mais importante para mim do que as leis do país onde eu vivo."


Sete por cento dos entrevistados concordam que se "justifica o uso da violência para difundir o Islã". Muito embora estas cifras possam parecer inócuas, 7% dos três milhões de turcos que vivem na Alemanha equivalem a 210.000 pessoas que acreditam que a jihad é um método aceitável para difundir o Islã.

O levantamento também constatou que a migração de mão de obra já não é mais a principal razão dos turcos imigrarem para a Alemanha: a razão mais importante é se casar com um(a) parceiro(a) que resida no país.

Um novo levantamento estatístico sobre a Alemanha — Datenreport 2016: Balanço Social da República Federal da Alemanha — mostra que os turcos étnicos têm menos sucesso econômico e educacional do que outros grupos de imigrantes e que mais de um terço (36%) dos turcos étnicos vivem abaixo da linha de pobreza, em comparação com 25% dos migrantes dos Bálcãs e do sudoeste da Europa.

"Em nosso volumoso estudo perguntamos aos muçulmanos o quão discriminados eles se sentem e procuramos correlações que levassem à evolução de uma visão de mundo fundamentalista. Não encontramos nenhuma correlação. O ódio muçulmano em relação aos não muçulmanos não é um fenômeno especial da imigração muçulmana, na realidade ele é pior nos países de origem. A radicalização não foi primeiramente criada aqui na Europa, melhor dizendo: ela vem do mundo muçulmano". — Sociólogo Ruud Koopmans.

De acordo com um novo estudo, cerca de três milhões de turcos étnicos residentes na Alemanha acreditam ser mais importante seguir a Lei Islâmica (Sharia) do que a lei alemã caso haja conflito entre as duas.

Um terço dos entrevistados também anseia por uma sociedade alemã que "retorne" ao modo que era nos tempos de Maomé, o fundador do Islã, na Arábia do século VII.

O levantamento — realizado com turcos que residem na Alemanha há muitos anos, não raramente por décadas — refuta as alegações das autoridades alemãs, segundo as quais os muçulmanos estão bem integrados na sociedade alemã.

O estudo de 22 páginas: "Integração e Religião do Ponto de Vista da Etnia Turca na Alemanha" (Integration und Religion aus der Sicht von Türkeistämmigen in Deutschland), foi elaborado pelo departamento de Religião e Política da Universidade de Münster. Principais revelações:

47% dos entrevistados concordaram com a seguinte premissa: "seguir os princípios da minha religião é mais importante do que respeitar as leis do país onde eu vivo". Essa é a maneira de pensar de 57% da primeira geração de imigrantes turcos e de 36% da segunda e terceira gerações de turcos. (O estudo define como primeira geração de turcos aqueles que chegaram na Alemanha como adultos; como segunda e terceira gerações aqueles que nasceram na Alemanha ou que chegaram no país ainda crianças.)

32% dos entrevistados concordaram que "os muçulmanos deveriam se empenhar em retornar a uma ordem social como a da época de Maomé". Essa visão é abraçada por 36% da primeira geração e por 27% da segunda e terceira gerações.

50% dos entrevistados concordaram que "há apenas uma religião verdadeira". Esse ponto de vista é abraçado por 54% da primeira geração e 46% da segunda e terceira gerações.
36% dos entrevistados concordaram que "somente o Islã é capaz de resolver os problemas dos nossos tempos". Esta é a maneira de pensar de 40% da primeira geração e 33% da segunda e terceira gerações.

20% dos entrevistados concordaram que "a ameaça que o Ocidente expõe ao Islã justifica a violência". Esse ponto de vista é mantido por 25% da primeira geração e 15% da segunda e terceira gerações.

7% dos entrevistados concordaram que "a violência se justifica se for para difundir o Islã". Esse ponto de vista é mantido por 7% da primeira geração e 6% da segunda e terceira gerações. Muito embora estas cifras possam parecer inócuas, 7% dos três milhões de turcos que vivem na Alemanha equivalem a 210.000 pessoas que acreditam que a jihad é um método aceitável para difundir o Islã.

23% dos entrevistados concordaram que "os muçulmanos não devem apertar a mão de alguém do sexo oposto." Esta maneira de ver as coisas é aceita por 27% da primeira geração e 18% da segunda e terceira gerações.

33% dos entrevistados concordaram que "as mulheres muçulmanas devem se cobrir com um véu". Esta maneira de pensar é abraçada por 39% da primeira geração e 27% da segunda e terceira gerações.

31% das entrevistadas disseram que usam o véu em público. Isso significa 41% da primeira geração e 21% da segunda e terceira gerações.

73% dos entrevistados concordaram que "livros e filmes que atacam a religião e ofendem as suscetibilidades de pessoas profundamente religiosas devem ser proibidos por lei."

83% dos entrevistados concordaram com a seguinte frase: "eu fico furioso quando os muçulmanos são os primeiros a serem acusados sempre que há um ataque terrorista."

61% dos entrevistados concordaram que "o Islã se encaixa perfeitamente no mundo ocidental."

51% dos entrevistados concordaram que "como turco étnico, eu me sinto como cidadão de segunda categoria."

54% dos entrevistados concordaram que "independentemente do quanto eu me esforce, não sou aceito como membro da sociedade alemã."

O estudo também constatou que os turcos e alemães autóctones veem o Islã de maneira totalmente diferente: ao passo que 57% dos alemães turcos associam o Islã aos direitos humanos, somente 6% dos alemães fazem a mesma associação.
ao passo que 56% dos alemães turcos associam o Islã à tolerância, somente 5% dos alemães fazem a mesma associação.
ao passo que 65% dos alemães turcos associam o Islã à paz, somente 7% dos alemães fazem a mesma associação.

Com base nas respostas acima, os autores da pesquisa concluíram que 13% dos entrevistados são "fundamentalistas religiosos", (18% da primeira geração e 9% da segunda e terceira gerações). Muito embora estas cifras possam parecer insignificantes, 13% dos três milhões de turcos que vivem na Alemanha equivalem a cerca de 400.000 fundamentalistas islâmicos, muitos dos quais acreditam que a violência é um meio aceitável de difundir o Islã.

As constatações do levantamento espelham as constatações de outros estudos que mostram que migrantes turcos estão pouco integrados na sociedade alemã.

Em 2012 o estudo de 103 páginas: "Vida e Valores Turco/Alemães" (Deutsch-Türkische Lebens- und Wertewelten), constatou que somente 15% dos turcos étnicos que residem na Alemanha consideram o país a sua casa. Outras revelações importantes:
praticamente a metade (46%) dos turcos concordou com a afirmação: "espero que no futuro haja mais muçulmanos do que cristãos vivendo na Alemanha"; mais da metade (55%) disseram que a Alemanha deveria construir mais mesquitas.
72% dos entrevistados disseram que o Islã é a única religião verdadeira; 18% disseram que os judeus são inferiores aos muçulmanos e 10% disseram que os cristãos são inferiores.
63% dos turcos com idades entre 15 e 29 anos disseram que aprovam a campanha salafista de distribuir o Alcorão a todos os lares da Alemanha; 36% disseram que estariam dispostos a apoiar financeiramente a campanha.
95% dos entrevistados disseram que é totalmente necessário preservar a sua identidade turca; 87% disseram que eles acreditam que os alemães deveriam se esforçar mais em ter mais consideração para com as tradições e costumes turcos.
62% dos entrevistados disseram que preferem a companhia de turcos do que de alemães; apenas 39% dos turcos disseram que os alemães eram confiáveis.

O levantamento também constatou que a migração de mão de obra já não é mais a principal razão dos turcos imigrarem para a Alemanha: a razão mais importante é se casar com um(a) parceiro(a) que resida no país.

Enquanto isso, um novo levantamento estatístico da Alemanha — Datenreport 2016: Balanço Social da República Federal da Alemanha (Datenreport 2016: Sozial-bericht für die Bundesrepublik Deutschland) — mostra que os turcos étnicos têm menos sucesso econômico e educacional do que outros grupos de imigrantes.

O relatório, produzido pela Destatis, agência de estatísticas oficiais da Alemanha, em cooperação com vários institutos interdisciplinares alemães, mostra que mais de um terço (36%) dos turcos étnicos vivem abaixo da linha de pobreza, em comparação com 25% dos migrantes dos Bálcãs e do sudoeste da Europa (Espanha e Portugal). A renda média das famílias de etnia turca é de €1.242 (US$1.400) por mês, em comparação com €1.486 (US$1.700) de migrantes não turcos e €1.730 (US$1.950) das famílias alemãs.

Apenas 5% dos turcos étnicos ganham mais de 150% da média da renda alemã, em comparação com 21% dos migrantes da Europa Oriental, 18% dos migrantes do sudoeste da Europa e 11% dos Bálcãs.
Um mercado ao ar livre no bairro Kreuzberg de maioria turca em Berlim. (Imagem: captura de tela de vídeo do Berlin Project)

O relatório também mostra que os turcos têm menos escolaridade do que outros grupos de migrantes na Alemanha. Somente 60% dos turcos étnicos completam o ensino médio (Hauptschulabschluss), em comparação com 85% dos migrantes da Europa Oriental. Além disso, apenas 8% dos turcos étnicos entre as idades de 17 e 45 anos se formam em algum tipo de bacharelado, em comparação com 30% dos migrantes da mesma distribuição etária da Europa Oriental. De acordo com o relatório a educação é um fator crucial para que a integração tenha sucesso.

Os multiculturalistas alemães culpam frequentemente a si mesmos pela falta de integração dos turcos. Ao escrever para o jornal Die Welt, o economista Thomas Straubhaar assinala que a maioria dos alemães veem os turcos como hóspedes, não como cidadãos iguais a eles, uma atitude que desestimula os turcos a se integrarem:

"Essencialmente os turcos étnicos são tratados como hóspedes — daí a polêmica se a sua lealdade é com a Alemanha ou não. A imigração deles é vista como temporária. A contribuição deles para a cultura alemã é vista sob uma ótica negativa.

"Aqueles que tratam os migrantes como hóspedes não devem ficar surpresos quando eles se comportam como se o fossem. Não se espera que hóspedes tenham uma devoção emocional em relação ao anfitrião, nem que o anfitrião sinta alguma obrigação de mostrar lealdade irrevogável para com o hóspede".

"Os hóspedes não aceitarão por todas as cartas na mesa no país que os acolheu e ainda assumir total responsabilidade pelo êxito da integração. Os hóspedes supõem que mais cedo ou mais tarde eles terão que voltar para casa. Em qualquer atividade na qual se engajem, eles sempre levarão em conta seu status de hóspede e não se engajarão com tanta garra. Isto se aplica aos investimentos na língua, cultura, amizades, contatos sociais e carreira profissional."

Outros no entanto rebatem argumentando que aqueles que agem como estrangeiros não se surpreenderão ao serem tratados como estrangeiros. O sociólogo Ruud Koopmans argumenta que um dos fatores mais determinantes no tocante à integração bem sucedida envolve o abismo cultural entre o anfitrião e o hóspede. Quanto maior o abismo maior o desafio da integração.

Em uma entrevista recente concedida à revista WirtschaftsWoche, Koopmans criticou os multiculturalistas que, por razões normativas, insistem que a cultura e religião não devem ser levadas em conta no debate sobre a integração:

"Em todos os países europeus os imigrantes muçulmanos estão na rabeira dos demais grupos de imigrantes, em quase todos os aspectos da integração. Isto se aplica ao mercado de trabalho, mas também no desempenho educacional, no contato com outras etnias, ou seja: contato com a população local e a identificação com o país no qual se reside.

"Três fatores decisivos determinam o abismo cultural: habilidades linguísticas, contato com outras etnias — especialmente aqueles que envolvem matrimônio — e valores no tocante ao papel das mulheres. Os três têm algo a ver com a religião. Isso obviamente se aplica, em especial, ao conceito quanto ao papel das mulheres, conceito que se deriva diretamente da religião islâmica. Quanto maior for o abismo cultural entre grupos — principalmente quando há tabus culturais — mais complicados se tornarão os casamentos entre as etnias. Esses tabus tornam praticamente impossível para um muçulmano, especialmente para as muçulmanas, casarem com um não muçulmano. Estatísticas de vários países europeus mostram que menos de 10% dos casamentos muçulmanos são contraídos com outras etnias."

Detlef Pollack, autor do estudo da Universidade de Münster citado acima, culpa a discriminação pela falta de integração turca: "a mensagem para a maioria da população alemã é que devemos nos sensibilizar mais com os problemas enfrentados por aqueles que são de origem turca," ressaltou ele à Deutsche Welle. "Nossa opinião é que o sentimento de não aceitação é manifestado na veemente defesa do Islã".

Koopmans rejeita a ligação entre discriminação e radicalização:

"Esta é uma afirmação comum. Mas é equivocada. Em nosso volumoso estudo perguntamos aos muçulmanos o quão discriminados eles se sentem e procuramos correlações que levassem à evolução de uma visão de mundo fundamentalista. Não encontramos nenhuma correlação. O ódio muçulmano em relação aos não muçulmanos não é um fenômeno especial da imigração muçulmana, na realidade ele é pior nos países de origem. A radicalização não foi primeiramente criada aqui na Europa, melhor dizendo: ela vem do mundo muçulmano".

Por: Soeren Kern, colaborador sênior sediado em Nova Iorque do Gatestone Institute. Ele também é colaborador sênior do European Politics do Grupo de Estudios Estratégicos / Strategic Studies Group sediado em Madri. Siga-o no Facebook e no Twitter. Seu primeiro livro, Global Fire, estará nas livrarias em 2016.

Tradução: Joseph Skilnik Do site: http://pt.gatestoneinstitute.org/