quinta-feira, 20 de outubro de 2016

FRANÇA: O QUE ESTÁ POR TRÁS DA "PROIBIÇÃO DO BURQUINI"

- Em trinta anos a França passou por um processo acelerado de islamização.


- Yusuf al-Qaradawi, líder espiritual do principal movimento islâmico da França, explicou como os muçulmanos que vivem no Ocidente devem proceder: eles podem apelar para o terrorismo, eles podem fazer uso da sedução, explorar o sentimento de culpa dos cidadãos do Ocidente, ocupar espaços públicos, mudar as leis e criar sua própria sociedade dentro das sociedades ocidentais até que estas se tornem sociedades muçulmanas.

- A França costumava ser um país onde a neutralidade religiosa no espaço público era vista como ponto nevrálgico. Ao que tudo indica, os extremistas muçulmanos estão usando as vestimentas islâmicas e os véus islâmicos que cobrem a cabeça como símbolos ostensivos para criar a impressão de que o Islã é onipresente.

- Os políticos afirmam que respeitam os direitos humanos, mas parece que esqueceram os direitos humanos das mulheres que não usam o véu -- daqueles que sofrem com a islamização, que já não estão livres para escrever, pensar ou simplesmente dar uma volta pela rua.

- Os políticos se recusam a "estigmatizar" o Islã e não querem ver as consequências: assédio, estupros, desmantelamento da liberdade.

- Os jornalistas franceses escrevem sob a ameaça de ações na justiça ou ataques e quase nunca usam a frase "terrorismo islâmico". Praticamente todos os livros que tratam do Islã à venda nas livrarias francesas foram escritos por islamistas ou por autores que elogiam o Islã.

- Será que os não muçulmanos perderam a vontade de lutar?

Na cidade de Sisco na Córsega, em 13 de agosto um grupo muçulmano chegou a uma praia acompanhado de mulheres usando "burquínis" (trajes de banho que cobrem todo o corpo). Os muçulmanos pediram grosseiramente aos banhistas que lá se encontravam que saíssem da praia e ainda afixaram cartazes com os dizeres: "Entrada Proibida". Assim que alguns adolescentes se opuseram, os muçulmanos reagiram com um arpão e tacos de beisebol. A polícia interveio -- mas isso era apenas o começo.

Nos dias que se seguiram, nas praias ao redor da França, muçulmanos foram aparecendo acompanhados de mulheres usando burquínis, pedindo aos banhistas para saírem das praias. Os turistas arrumaram seus pertences e fugiram. Inúmeros prefeitos dos resorts à beira-mar resolveram proibir o traje de banho, foi assim que começou o escândalo da "proibição do burquíni".

Alguns políticos salientaram que proibir o burquíni "estigmatizava" os muçulmanos e violava os "direitos humanos" deles de usarem o que bem entendessem. Outros políticos, incluindo o primeiro-ministro Manuel Valls e o ex-presidente Nicolas Sarkozy, classificaram o burquíni como "provocação", pedindo a elaboração de uma lei proibindo seu uso. O Conselho de Estado, a mais alta instituição jurídica do país, proferiu que a proibição do burquíni era ilegal, assim sendo a proibição foi suspensa.

O importante aqui é explicar o que está por trás da "proibição do burquíni".

Há trinta anos o Islã já estava presente na França mas as exigências islâmicas eram, a grosso modo, ausentes e os véus islâmicos eram raros.

Em setembro de 1989, em um subúrbio ao norte de Paris, três estudantes do sexo feminino resolveram participar das aulas do ensino médio com as cabeças cobertas com véu. Quando o reitor da escola se negou a aceitar a prática, os pais, com o apoio das recém formadas associações muçulmanas, entraram com uma representação contra a medida. Os pais venceram.

De repente os véus se multiplicaram nas escolas de ensino médio e também nas ruas, logo sendo substituídos por longos véus pretos. Associações muçulmanas exigiram o "fim da discriminação", pleitearam comida halal nas cantinas das escolas e reclamaram contra o "conteúdo islamofóbico" nos livros de história. Mulheres que não usavam o véu nos bairros muçulmanos eram atacadas ou estupradas.

Depois que o governo francês criou uma Comissão de inquérito, foi aprovada em 2003 uma lei proibindo "símbolos religiosos nas escolas públicas". Em nome da recusa de "estigmatizar" o Islã e por "respeito aos direitos humanos", cruzes e quipás judaicas também foram banidas, além do véu islâmico.

Fora das escolas, véus pretos continuam a proliferar, nicabes e burcas que também cobrem o rosto começaram a aparecer e as exigências das organizações muçulmanas aumentaram.

De repente, menus halal começaram a aparecer nas cantinas das escolas. Estudantes muçulmanos começaram a comer em mesas separadas e se recusaram a sentar ao lado de não muçulmanos. Livros didáticos de história foram reescritos para mostrar um ângulo mais positivo do Islã. Em escolas de ensino médio onde também havia estudantes muçulmanos, os professores pararam de lecionar determinados tópicos, como por exemplo o Holocausto. Em bairros muçulmanos, ataques a mulheres sem véu são constantes. Em um subúrbio de Paris, uma menina muçulmana sem véu foi queimada viva. Bairros muçulmanos se transformaram em "zonas proibidas".

O governo francês criou uma nova Comissão de inquérito. Em 2011, oito anos após a promulgação da lei que proíbe símbolos religiosos nas escolas, uma nova lei foi aprovada: passou a ser ilegal usar vestimentas que cobrem o rosto em lugares públicos. Em nome da recusa de "estigmatizar" o Islã e por "respeito aos direitos humanos", a lei não mencionou a burca nem a nicabe pelo nome.

Desde então, véus pretos proliferaram ainda mais, e as nicabes que cobrem o rosto, apesar da proibição, não desapareceram. Menus Halal estão presentes em praticamente todas as escolas, os estudantes que não comem comida halal são assediados. Livros de históriaexaltam a civilização islâmica e na maioria das escolas, está subentendido que é proibido falar sobre o Holocausto ou mencionar o judaísmo. Em bairros muçulmanos, cada vez menos mulheres saem sem o véu e regiões muçulmanas se transformaram em "zonas da sharia".

Em trinta anos a França passou por um processo acelerado de islamização.

A França costumava ser um país onde a neutralidade religiosa no espaço público era vista como ponto nevrálgico da República. Hoje, ao que tudo indica, os extremistas muçulmanos estão usando as vestimentas islâmicas que cobrem a cabeça como símbolos ostensivos para criar a impressão de que o Islã é onipresente. O ato de cobrir a cabeça parece ser uma forma de demarcar território, uma maneira de estabelecer a visibilidade do Islã.

O desejo, no sentido mais amplo da palavra, utilizado pelos extremistas muçulmanos parece ser o de usar a visibilidade do Islã para impor uma visão de mundo islâmica em domínios cada vez mais extensos.

A influência do Islã já ultrapassou a fase da transformação de cantinas nas escolas, salas de aula e bairros. Seus efeitos estão na mídia, na cultura, em todos os lugares. É mais difícil ainda, isso para não dizer perigoso, publicar qualquer coisa que questione o Islã. O assassinato dos cartunistas na redação da revista Charlie Hebdo mostrou que a "blasfêmia" pode levar a uma morte violenta.

O cotidiano já não é mais o mesmo. Muitas mulheres não saem de casa sozinhas à noite, os judeus sabem que eles estão sendo vigiados.

Quando os véus islâmicos apareceram pela primeira vez, a classe política francesa não se manifestou -- para não, segundo ela, "estigmatizar" o Islã. Os políticos permanecem cegos quando se trata da estigmatização das mulheres que não cobrem a cabeça. Eles se recusam a ver o assédio, os ataques sexuais, o desmantelamento da liberdade.

A classe política francesa que afirmou que o burquíni é uma provocação estava certa. As mulheres que se encontravam na praia na Córsega estavam acompanhadas de homens armados com um arpão e tacos de beisebol -- o encontro não aconteceu por acaso. A chegada repentina de outras mulheres com vestimentas islâmicas de cima até em baixo ou de burquínis em outras praias parece ter sido algo planejado com antecedência. Homens com câmeras estavam presentes, esperando, e os lugares são conhecidos por serem monitorados pela polícia.

Os políticos afirmam que respeitam os direitos humanos, mas eles parecem ter esquecido os direitos humanos das mulheres que não usam véu. Eles não estão preocupados com os direitos humanos daqueles que sofrem com a islamização, que já não são livres para escrever, pensar ou simplesmente dar uma volta pela rua.

Ao que tudo indica, os extremistas muçulmanos declararam uma guerra multifacetada na França. Alguns usam a violência para criar medo, outros usam meios menos violentos para criar medo. O objetivo é o mesmo: extremistas muçulmanos já transformaram a França, em grande medida, e eles querem ainda mais.

Eles sabem o que os políticos franceses fazem questão de não saber: que o Islã é não somente uma religião e sim um estilo de vida em sua plenitude, uma doutrina de conquista de um e submissão de outro.

Os extremistas muçulmanos nem tentam esconder o que estão fazendo. Em seu livro Priorities of the Islamic Movement in the Coming Phase, Yusuf al-Qaradawi, presidente da União Internacional de Sábios Muçulmanos e líder espiritual da União das Organizações da França (UOIF), principal movimento islâmico da França, explicou como os muçulmanos que vivem no Ocidente devem proceder: eles podem apelar para o terrorismo, eles podem fazer uso da sedução, explorar o sentimento de culpa dos cidadãos do Ocidente, ocupar espaços públicos, mudar as leis e criar sua própria sociedade dentro das sociedades ocidentais até que estas se tornem sociedades muçulmanas.



Yusuf al-Qaradawi (à esquerda), líder espiritual do principal movimento islâmico da França, explicando que os muçulmanos no Ocidente podem apelar para o terrorismo, eles podem fazer uso da sedução, explorar o sentimento de culpa dos cidadãos do Ocidente, ocupar espaços públicos, mudar as leis e criar sua própria sociedade dentro das sociedades ocidentais até que estas se tornem sociedades muçulmanas. Direita: extremistas muçulmanos na França estão usando as vestimentas islâmicas e os véus islâmicos que cobrem a cabeça como símbolos ostensivos para criar a impressão de que o Islã é onipresente.

Os islamistas na França usam a estratégia de Qaradawi. E dá certo.

Eles não irão parar. Por que deveriam? Ninguém os está pressionando.

Parece que eles acreditam que o futuro lhes pertence. A Taxa de Natalidade também lhes dá esperança. A transformação da França mostra que eles estão certos.

Eles sabem muito bem que a população muçulmana está crescendo, que a maioria dos muçulmanos franceses com trinta anos ou menos se considera antes de mais nada muçulmana e que quer uma França islâmica.

Eles estão vendo que praticamente nenhum político francês, nem mesmo os mais corajosos, se atreve a dizer que o Islã cria problemas e que os jornalistas franceses escrevem sob a ameaça de ações na justiça ou ataques e quase nunca usam a frase "terrorismo islâmico".

Eles estão vendo que praticamente todos os livros que tratam do Islã à venda nas livrarias francesas foram escritos por islamistas ou por autores que elogiam o Islã.

E eles também veem que a população francesa não muçulmana está cada vez maispessimista em relação ao futuro do país.

As pesquisas de opinião mostram que os não muçulmanos irão votar na candidata populista de "direita" nas eleições presidenciais de 2017. As pesquisas também mostram que os não muçulmanos na França, independentemente de quem seja o vencedor, não esperam grandes melhorias.

Após cada atentado na França, o rancor dos não muçulmanos contra os muçulmanos envenena o clima. Mas, de maneira geral, os não muçulmanos são mais velhos do que os muçulmanos e décadas de correção política tiveram uma consequência. Será que os não muçulmanos perderam a vontade de lutar?
Por: Dr. Guy Millière, professor da Universidade de Paris, é autor de 27 livros sobre a França e a Europa. 30 de Setembro de 2016
Tradução: Joseph Skilnik  Do site: https://pt.gatestoneinstitute.org


terça-feira, 18 de outubro de 2016

UMA NOVA GUERRA FRIA

Nota do editor: o general Ion Mihai Pacepa (foto) é o oficial de mais alta patente que desertou do Bloco Soviético para o Ocidente. Em dezembro de 1989, o presidente romeno Nicolae Ceauscescu foi executado após um julgamento no qual as acusações foram, quase palavra por palavra, tiradas do livro Red Horizons, de Pacepa, subsequentemente publicado em 27 países. Após o presidente Carter ter aprovado o seu pedido de asilo político, Pacepa se tornou cidadão americano e trabalhou com agências de inteligência americanas contra o Bloco Oriental. A CIA elogiou a colaboração de Pacepa por ter proporcionado “uma contribuição importante e única para os Estados Unidos”. O seu livro mais recente, Disinformation, em coautoria com Ronald Rychlak, foi publicado pela WND Books em 2013.


A análise de que a mais recente onda de violência islâmica mundial – incluindo o ataque mortal à embaixada americana na Líbia e as novas ameaças do Irã – seja, de alguma forma, uma reação “espontânea” ao filme de baixo orçamento A Inocência dos Muçulmanos tem se revelado, na melhor das hipóteses, ingenuidade política e, na pior, um uso do episódio como bode expiatório, por ignorância ou intencionalmente.

Afinal de contas, até mesmo o presidente da Líbia, Yousef El-Magariaf, afirmou que, “sem dúvida”, o ataque havia sido “planejado”, enfatizando que os terroristas haviam escolhido uma “data específica para essa auto-denominada demonstração”.

Como quer que seja, o dia do assassinato do nosso embaixador, 11 de setembro de 2012, coincidiu com o exato dia em que o Kremlin comemorou um aniversário importante – 125 anos do nascimento de Feliks Dzerzhinsky, fundador da KGB, agora rebatizada FSB.

A minha experiência no topo da comunidade de inteligência do Bloco Soviético me dá uma sólida base para garantir que os ataques islâmicos às embaixadas americanas e o assassinato do nosso embaixador na Líbia, levados a cabo por lança-granadas, Kalashnikovs e coquetéis Molotov, foram tão “espontâneos” quanto os desfiles de Dia das Mães em Moscow – e também garanto que eles tẽm os mesmos organizadores.

Em 1972, tomei café da manhã com o então chefe da KGB, Yuri Andropov, em Moscow. O Kremlin, ele me disse, havia decidido converter o anti-semintismo árabe em credo anti-americano para todo o mundo muçulmano. A idéia era retratar os EUA como um país sionísta bélico financiado pelo dinheiro dos judeus e governado por um voraz “Conselho dos Sábios de Sião” (epíteto irônico da KGB para o Congresso americano) empenhado em fazer do resto do mundo um feudo judeu. Andropov salietou que um bilhão de inimigos poderia causar um dano muito maior do que apenas 150 milhões. Mesmo Maomé, disse ele, não havia restringido a sua religião aos países árabes.

O chefe da KGB descreveu o mundo muçulmano como uma placa de petri pronta para que nela cultivássemos o ódio contra os americanos, gerado a partir da bactéria do pensamento marxista-leninista. O anti-semitismo islâmico era profundo, disse ele. Os muçulmanos tinham uma tendência para o nacionalismo, jacobinismo e vitimologia, e as suas multidões iletradas e oprimidas poderiam ser facilmente insufladas até um ponto de ebulição. Tínhamos apenas de continuar repetindo, dia após dia, que os Estados Unidos eram um país sionísta bélico ávido por se apropriar do mundo inteiro.

A comunidade da KGB enfiou milhões de dólares e milhares de pessoas naquele projeto gigantesco. Até 1978, quando eu deixei a Romênia para sempre, apenas o meu serviço de espionagem romeno havia enviado cerca de 500 agentes infiltrados para diversos países islâmicos. Muitos deles eram religiosos, engenheiros, médicos, professores e instrutores de arte. De acordo com uma estimativa grosseira recebida de Moscow, até 1978 a comunidade de inteligência do Bloco Soviético como um todo havia enviado cerca de quatro mil agentes de influência para o mundo islâmico.

Até onde chegou a influência de todo esse esforço? Ninguém pode saber ao certo, mas mais de 20 anos de efeito cumulativo da disseminação de milhões de traduções árabes dos “Protocolos dos Sãbios de Sião” em todo o mundo islâmico retratando os Estados Unidos como um criminoso sionista deve ter deixado alguma marca. Veja a invasão à embaixada americana em Teerã em 1979, o atentado ao quartel dos marinesamericanos em Beirute em 1983, o atentado ao World Trade Center em Nova Iorque em 1993, a destruição das embaixadas americanas no Quênia e na Tanzânia em 1998 e os abomináveis ataques terroristas ao próprio EUA em setembro de 2001 que mataram quase três mil americanos.

Até 1978, quando eu finalmente criei coragem para romper com o maligno império soviético, fui testemunha dos esforços da inteligência do Kremlin para transformar o mundo muçulmano. Em 2006, relatei esses esforços à colunista americana Kathryn Jean Lopez e, dias depois, os descrevi em um artigo publicado por ela no National Review sob o título Russian Footprints (Pegadas Russas). No último mês de março, o artigo foi publicado novamente no site do historiador Daniel Pipes, diretor do Middle East Forum e editor da revista Middle East Quarterly, sob o título “Why has Pacepa been ignored on the cause of global terrorism and on the cause of the Arab Israeli conflict?”

Como repetitio est mater studiorum, permita-me tomar a liberdade de repetir, aqui e agora, alguns dos assuntos de que tratei naquele artigo. Hoje, eles realmente parecem fazer pleno sentido. Esses assuntos estão mais aprofundados e melhor documentados no meu livro “Disinformation”, escrito em co-autoria com o professor Ronald Rychlak, a ser lançado pela WND Books no início de 2013.

Sequestro de aviões comerciais: a arma escolhida pela KGB
De volta a 1969, Andropov me apresentou a uma nova arma no arsenal da KGB: o sequestro de aviões da companhia aérea nacional de Israel, a El Al. Andropov havia começado os seus imprecedentes 15 anos como chefe da KGB poucos meses antes da Guerra de Seis Dias em 1967 entre árabes e israelenses na qual Israel humilhou os mais importantes aliados da União Soviética no mundo árabe na época – Egito e Síria. Naqueles dias, esses dois países eram, na verdade, governados por conselheiros soviéticos. Como novo chefe da KGB, Andropov decidiu restabelecer o prestígio da KGB humilhando internacionalmente Israel.

Antes de 1969 terminar, terroristas palestinos, treinados na escola de operações especiais da KGB na cidade de Balashikha, a leste de Moscow, haviam sequestrado o primeiro avião da El Al e pousado na Argélia, onde 32 passageiros judeus foram mantidos reféns por cinco semanas. O sequestro havia sido planejado e coordenado pelo 13° Departamento da KGB conhecido no jargão de inteligência do Bloco Soviético comoDepartment for Wet Affairs (wet – úmido – era um eufemismo da KGB para sangrento). Para esconder a mão da KGB, Andropov fez a Frente Popular para a Libertação da Palestina (criada e financiada pela KGB) assumir o crédito pelo sequestro. Nos dois anos seguintes, vários terroristas palestinos (treinados pela KGB) assumiram o crédito pelo sequestro de 13 aviões de passageiros israelenses e ocidentais e pela explosão de um avião da Swissair em pleno vôo, matando 47 passageiros e a tripulação. Todos esses sequestros foram arquitetados pela KGB.

Certamente, não foi por acaso que os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001 foram cometidos por terroristas islâmicos usando aviões sequestrados.

Terrorismo – a principal arma do Kremlin contra o seu “Principal Inimigo”
“No mundo atual, em que as armas atômicas tornaram obsoleta a força militar, o terrorismo deveria ser a nossa principal arma contra contra o sionismo americano”. Isso era o que Andropov começou a pregar no início dos anos 1970. O enorme “sucesso” político granjeado pelo sequestro de aviões o encorajou a expandir o terrorismo internacional e mirar diretamente os Estados Unidos, durante anos chamado pela KGB de “Principal Inimigo” (glavnyy protivnik em Russo).

Em 1971, Andropov lançou a operação “Tayfun” (Tufão, em Russo), destinada a expandir o terrorismo anti-americano na direção da Europa Ocidental. Ele até estabeleceu uma “divisão socialista do trabalho” para mobilizar todo o bloco soviético em apoio ao seu novo terrorismo internacional. O serviço de inteligência tchecoslovaco foi encarregado de fornecer explosivo plástico inodoro (Semtex-H), indetectável por cães farejadores nos aeroportos. Em 1990, Vaclav Havel, presidente tchecoslovaco, reconheceu que o antigo regime comunista do seu país enviou secretamente cerca de mil toneladas desse explosivo para terroristas palestinos e líbios. Segundo Havel, apenas 200 gramas são o suficiente para explodir um avião comercial durante o vôo.

“O terrorismo mundial tem um estoque de Semtex para 150 anos” estimou Havel.

Por seu lado, os alemães orientais tinham de prover os terroristas com armas e munição. De acordo com documentos secretos descobertos nos arquivos da Stasi (clone da KGB na Alemanha Oriental) após a queda do Muro de Berlim, apenas em 1983 a Stasi abasteceu organizações terroristas secretas na Alemanha Ocidental com o equivalente a US$ 1.877.600 em munição para AK-47.

Os cubanos ficaram encarregados da produção em massa de dispositivos de disfarce para contrabandear os explosivos plásticos para os países-alvo. Em 1972, eu passei um “feriado de trabalho” em Havana como hóspede de Raul Castro, na época comandante das forças militares e das forças de segurança, e visitei o que se mostrou ser a maior fábrica do bloco soviético para a manufatura de malas de parede dupla e outros dispositivos de disfarce para infiltração secreta de armas em diversos países não comunistas. Sergio del Valle, chefe das forças de segurança de Cuba, me disse que o contrabando de armas para organizações terroristas era uma das suas principais tarefas na época.

O pedaço de pizza da Romênia nessa joint venture era produzir passaportes ocidentais falsos para os “guerreiros da liberdade” de Andropov. Durante os meus últimos seis anos na Romênia, a Securitate, polícia política do país, tornou-se o principal fabricante de passaportes falsos – alemão-ocidentais, austríacos, franceses, britânicos, italianos e espanhóis – do Bloco Soviético, os quais eram regularmente entregues a diversos grupos e organizações terroristas internacionais.

Em meados dos anos 1970, uma onda de terrorismo varreu a Europa Ocidental. A primeira maior realização da operação Tayfun foi o assassinato de Richard Welsh, chefe da representação da CIA em Atenas em 23 de dezembro de 1975. Seguiu-se um atentado a bomba ao general Alexander Haig, comandante da OTAN, em Bruxelas que, felizmente, não foi ferido, embora a sua Mercedez blindada tenha sido destruída. Depois, em rápida sucessão, vieram o ataque a míssil contra o general Frederick J. Kroesen, comandante das forças armadas americanas na Europa, que também escapou com vida; o ataque a granada contra Alfred Herrhausen, um dos principais presidentes do Deutsche Bank favoráveis aos americanos, que foi morto; e a tentativa de assassinato de Hans Neusel, secretário de estado pró-americano no Ministério do Interior da Alemanha Ocidental responsável pelos assuntos de segurança interna, que foi ferido.

Quando a União Soviética ruiu, aquelas operações terroristas felizmente acabaram e inúmeros terroristas patrocinados pela KGB foram presos na antiga Alemnha Oriental. Peter-Michael Diestel, que se tornou Ministro do Interior na Alemanha Oriental após a queda do governo comunista, reconheceu em 1990 que o Aeroporto Schõnefeld em Berlim Oriental havia sido durante anos um “trampolim da KGB para terroristas de todos os tipos”. Christian Lochte, oficial sênior do serviço de contra-inteligência da Alemanha Ocidental, afirmou que a KGB e o seu clone na Alemanha Oriental, a Stasi, fizeram “todo o possível para desestabilizar esse país e também o resto da Europa Ocidental”

Andropov: pai do anti-semitismo e do terrorismo internacional atuais
Na discussão do legado de Andropov, sovietologistas ocidentais normalmente se limitam a recordar a brutal supressão dos dissidentes políticos, o seu papel no planejamento da invasão da Tchecoslováquia em 1968 e sua pressão sobre o regime polonês para impôr a lei marcial. Por contraste, os líderes da comunidade de inteligência do Pacto de Varsóvia, quando eu era um deles, olharam para Andropov como o pai da nova era de influência política internacional concebida para ressuscitar o anti-semitismo em todo o mundo e converter o mundo islâmico no mortal inimigo do sionismo americano.

Em agosto de 1998, dois meses após o pupilo de Andropov e ex-general da KGB, Yevgeny Primakov, ter se tornado primeiro ministro da Rússia, o general Albert Makashov, um membro da Duma, alegou que os judeus estavam sendo pagos pelo sionismo americano para arruinar a pátria russa e clamou pelo “extermínio de todos os judeus da Rússia”. Dia após dia, as telas dos televisores russos mostraram-no gritando na Duma: “Vou capturar todos os Yids (denominação pejorativa para judeus) e mandá-los para o outro mundo”. No dia 4 de novembro de 1998, a Duma apoiou o pogrom de Makashov votando contra uma moção parlamentar (121 a 107) que censurava o seu discurso de ódio. No dia 7 de novembro de 1998, numa marcante demonstração do 81° aniversário da Revolução de Outubro, multidões de antigos oficiais da KGB mostraram o seu apoio ao general, cantando “hands off Makashov” e carregando cartazes com slogans anti-semitas.

A terrível decapitação do repórter do Wall Street Journal, Daniel Pearl, em 2002, resume o legado de Andropov. Khalid Sheikh Mohammed, mentor dos ataques de 11 de setembro de 2001, cometeu o repulsivo assassinato de Pearl somente porque ele era um judeu americano.

Não é de admirar que, por ser profundamente anti-semita e anti-americano, Andropov tenha se tornado o primeiro chefe da KGB a galgar o trono do Kremlin. Em 1989, Andropov também se tornou o único chefe da KGB a ter o seu escritório transformado em santuário. Jornalistas ocidentais foram convidados a visitar Lubianka e devotamente conduzidos para ver a sala de conferências com a sua lareira de mármore, o seu escritório particular com outra lareira e o dormitório contíguo mobiliado de modo espartano com cama, refrigerador e mesa. Pelas descrições dos jornalistas, todos os ambientes se parecem exatamente com o que me lembro de ter visto da última vez que estive lá. Ainda mais admirável é o relato de que o santuário de Andropov tenha sobrevivido à queda da União Soviética.

A Rússia de hoje: a primeira ditadura de inteligência da história
A Rússia pós-comunismo realmente tem se transformado de forma imprecedente e positiva e uma jovem geração de intelectuais tem lutado para desenvolver uma nova identidade nacional para o país. Não obstante, independentemente do que lemos nos jornais, vemos na tv ou é dito pelo Departamento de Estado, a Rússia ainda não é uma democracia. Na verdade, a Rússia se tornou a primeira ditadura de inteliência da história e assim deve ser tratada.

Em 31 de dezembro de 1999, Vladimir Putin – outrora meu colega na KGB em minha outra vida – que meses antes havia manobrado para se tornar o primeiro ministro da Rússia, se entronizou no Kremlin como líder supremo, após um golpe no palácio da KGB. Em seguida, Boris Yeltsin, o primeiro presidente livremente eleito da Rússia, abandonou o campo de batalha e em rede nacional de TV anunciou a sua aposentadoria: “Entendo que é meu dever fazer isso” disse ele “e a Rússia deve entrar no novo milênio com novos políticos, com novas faces, com novas pessoas inteligentes, fortes e enérgicas. Em seguida, Yeltsin assinou um decreto transferindo o seu poder a Putin. Por seu lado, Putin assinou um decreto perdoando Yeltsin – que, diziam, estava envolvido em gigantescos escândalos de suborno – “quanto a quaisquer possíveis crimes” e garantindo a ele “imunidade total” contra ser processado (ou mesmo investigado) por “toda e qualquer” ação cometida durante o exercício do cargo. Putin também deu a Yeltsin uma pensão vitalícia e uma dacha do governo. Quid pro quo, diríamos.

Durante a Guerra Fria, a KGB era um estado dentro do estado. Sob o presidente Putin, a KGB, rebatizada FSB, é o estado. Três anos após Putin ter se sentado com estrondo no trono do Kremlin, cerca de seis mil antigos oficiais da KGB – a organização responsável por, sozinha, ter massacrado pelo menos 20 milhões de pessoas na União Soviética – estavam tocando o governo federal e os governos locais. Cerca da metade detodos os outros altos postos governamentais eram ocupados por antigos oficiais da KGB. Após ter cuidado disso, o recentemente nomeado presidente Putin trouxe de volta o velho e bom hino de Stalin, proibido desde a queda da União Soviética. Apesar do “novo” hino ter letra nova, ela fora escrita pelo mesmo velho poeta, Sergey Mikhalkov, autor da letra original louvando Stalin, Lênin, o Partido Comunista e a “indestrutível” União Soviética. Yelena Bonner, viúva de Andrey Sakharov, ganhador do Prêmio Nobel da Paz, chamou o ressuscitado hino soviético de uma “profanação da história”. Putin discordou e disse: “Ultrapassamos as diferenças entre passado e presente”.

Em 12 de fevereiro de 2004, Putin afirmou que a fim da União Soviética foi uma “tragédia nacional em escala enorme” e, em julho de 2007, ele previu uma nova Guerra Fria contra o Ocidente.

“A guerra começou” anunciou Putin no dia 8 de agosto de 2008, minutos após o presidente George W. Bush e outros líderes mundiais, reunidos em Pequim para assistir a cerimônia de abertura das Olimpíadas, terem ficado chocados ao saberem que tanques russos haviam invadido a Geórgia.

Seria muito irreal sugerir que essa nova Rússia lembra a imagem hipotética de uma Alemanha pós-guerra governada por antigos oficiais da Gestapo, que restabelecessem o “Deutschland Über Alles” de Hitler como hino nacional, qualificassem o fim da Alemanha Nazista como uma “tragédia nacional em escala enorme” e invadissem um país vizinho, talvez a Polônia, do mesmo modo como Hitler ocasionou a Segunda Guerra Mundial?

Na Rússia, quanto mais as coisas mudam, mais parecem ficar na mesma
Durante aqueles dias em que Andropov era o chefe da KGB e eu estava no topo da comunidade de inteligência exterior do Bloco Soviético, havia uma faixa em meu escritório dizendo, em letras maiúsculas: A ESPIONAGEM CAPITALISTA RELATA A HISTÓRIA. NÓS A FAZEMOS. No bloco soviético, os nossos oniscientes ditadores não queriam que lhes mandássemos informações. Eles sempre sabiam mais e, na verdade, eles se sentiam ofendidos quando nós, chefes da inteligência, tentávamos contar a eles algo novo. Como exemplo clássico desse tipo de mentalidade, ainda se conserva um relatório de inteligência enviado a Stalin em maio de 1941 prevendo que Hitler poderia atacar a União Soviética em junho daquele ano. Nesse relatório, Stalin rabiscou uma nota dizendo: “Pode mandar a sua ‘fonte’ para a pqp. Ele é um dezinformator.” Em 22 de junho de 1941, Hitler realmente invadiu a União Soviética, que pagou um alto preço por Stalin ter usado mal o serviço de inteligência dando a ele apenas a função de dizer ao mundo o quão grande ele – Stalin – era. Dez milhões de militares e 14 milhões de civis foram mortos. Mais 5 milhões foram feitos prisioneiros pelos nazistas.

Stalin e os seus sucessores no Kremlin continuaram usando os seus aparatos de inteligência para engrandecer as suas próprias regras e a sua própria estatura, por meio, simplesmente, da estratégia de alterar o passado histórico e o presente visível para que se acomodassem aos seus planos para o futuro. Dentro da nossa comunidade de inteligência do Bloco Soviético, isso era chamado de dezinformatsiya, e era apresentada como uma ciência eminentemente russa e extraordinariamente efetiva. Durante a Guerra Fria, mais gente trabalhou para a dezinformatsiya do que para todo o exército soviético e indústria de defesa somados. Poucos outsiders sabiam disso, porque o assunto ficava imerso em segredo.

Essa prática secreta e esse exército de desinformação invisível foram ressuscitados sob a presidência de Putin, conforme descrito com riqueza de detalhes no livro sobre desinformação, a ser lançado em breve, cuja autoria dividi com o professor Rychlak. O totalitarismo precisa sempre de um inimigo tangível, e os Estados Unidos, retratado pela KGB durante os 47 anos da Guerra Fria como o seu “Principal Inimigo”, continua a ser pintado pela administração de Putin como o principal inimigo do país.

Tão logo o presidente Putin e os seus antigos oficiais da KGB começaram a governar a Rússia, eles levaram o país de volta ao acampamento dos tradicionais clientes da União Soviética – os quais haviam sido os mais mortais inimigos dos EUA. Putin já começou favorecendo precisamente os três governos classificados pelos EUA como o “eixo do mal” – Irã, Iraque e Coréia do Norte.

Em março de 2002, Putin silenciosamente retomou a venda de armas para o ditador do Irã, Aiatolá Khamenei, e, secretamente, começou a ajudar o governo terrorista daquela nação a alcançar a produção de armas nucleares e a desenvolver mísseis balísticos capazes de transportar ogivas nucleares ou armas químicas até qualquer alvo no Oriente Médio ou na Europa. Em agosto de 2002, Putin concluiu um acordo comercial de 40 bilhões de dólares com o tirânico regime iraquiano de Saddam Hussein. Em seguida, pouco antes de setembro de 2002, quando os EUA se preparavam para chorar as vítimas do ataque terrorista do ano anterior, Putin recebeu em Moscow, com grandes honras, o desprezível ditador da Coréia do Norte, Kim Jong II.

Em seguida, os antigos oficiais da KGB instalados no Kremlin começaram a armar os terroristas árabes anti-americanos, exatamente como haviam feito no tempo da União Soviética. Em 12 de julho de 2006, militantes do Hezbollah (“Partido de Deus”), uma organização fundamentalista muçulmana anti-semita, lançou um grande ataque de foguetes contra Israel, que foi seguido por uma contra-ofensiva israelense de 34 dias de duração. Muitas das caixas de armas do Hezbollah capturadas pelas forças de Israel durante o episódio traziam a identificação: “Cliente: Ministério da Defesa da Síria. Fornecedor: KBP, Tula, Rússia.”

Em outubro de 2010, o mesmo Hezbollah apoiado pela Rússia realizou um treinamento simulando a invasão de Israel. O Gulf Research Centre, financiado pela União Européia, que fornece a jornalistas uma vista interna da área do Oriente Médio, descobriu que as forças militares do Hezbollah estavam armadas com uma grande quantidade de “foguetes Katyusha-122 de fabricação soviética, que carregam uma ogiva de 15 kg.” O Hezbollah também estava armado com fogutetes Fajr-5, projetados pela Rússia e fabricados pelo Irã, capazes de alcançar o porto israelense de Haifa, e com foguetes Zelzal-1 projetados pela Rússia, com capacidade de alcançar Tel Aviv. O Hezbollah também possuía os infames mísseis russos Scud, bem como os mísseis russos anti-tanques AT-3 Sagger, AT-4 Spigot, AT-5 Spandrel, AT-13 Saxhorn-2 e AT-14 Spriggan Kornet.

Em março passado, o candidato presidencial americano Mitt Romney classificou a Rússia como inimigo geopolítico número 1 dos EUA. Enquanto dizia que a maior ameaça atual ao mundo é um “Irã nuclear”, o presidenciável falou dura e esperançosamente contra o Kremlin por ele, consistentemente, “apoiar os piores atores mundiais”, referindo-se ao veto da Rússia à resolução do Conselho de Segurança da ONU sobre a Síria.

O expansivo presidente russo da época, Dmitry Medvedev, afirmou que as observações de Romney tinham um quê hollywoodiano e mandou o americano olhar o relógio. “Estamos em 2012, não na década de 1970” disse Medvedev.

Os EUA precisam de uma política externa realista
A política americana atual em relação à Rússia de Putin é denominada “Reset”, erroneamente traduzida pelo Departamento de Estado como peregruzka, cujo significado é “overcharged”. Há alguns poucos significados para “reset” nos dicionários, mas todos tendem a significar “restore” (exceto na Escócia, onde “reset” é o termo legal para receptação).

A ditadura de inteligência da Rússia é, não obstante, um fenômeno político totalmente novo e precisamos de uma política externa totalmente nova para lidar com ele. Caso contrário, podemos enfrentar uma nova Guerra Fria, uma guerra que ameaça ser não apenas fria mas também sangrenta.

Não sei qual deve ser a nossa nova política externa em relação à Rússia. Não tenho acesso a informações confidenciais e não tenho vontade de representar o papel de general de poltrona. Os tagarelas sabe-tudo da mídia americana não são mais espertos do que eu. Eu tenho, entretanto, boas razões para sugerir que a nossa administração e o Congresso dêem uma boa olhada no documento NSC 68/1950 do presidente Truman.

O relatório NSC 68/1950 do National Security Council não culpa filmes ou livros pela Guerra Fria e pelos ataques terroristas contra os Estados Unidos. Aquele documento “pé-no-chão” de 58 páginas descrevia os desafios que os Estados Unidos enfrentavam em termos realistas.

“As questões que enfrentamos são graves” afirmou NSC 68/1950 “envolvendo a sobrevivência ou a destruição não apenas dessa República mas da própria civilização.”

Por isso, o NSC 68/1950 focou na criação de uma “nova ordem mundial” centrada nos valores americanos liberal-capitalistas e continha uma estratégia política dupla: poder militar superior e uma “Campanha da Verdade”, definida como uma “luta, acima de tudo, pelas mentes dos homens.” Truman argumentou que a propaganda usada pelas “forças do comunismo imperialista” somente podia ser vencida pela “verdade nua e crua”. A Voice of America, Radio Free Europe e Radio Liberation (depois Radio Liberty) se tornaram parte da “Campanha da Verdade” de Truman.

Se você ainda quer saber como os Estados Unidos foi capaz de vencer a Guerra Fria sem disparar um único tiro, eis uma explicação do segundo presidente romeno pós-comunista, Emil Constantinescu:

A Radio Free Europe tem sido muito mais importante do que os exércitos e os mais sofisticados mísseis. Os “mísseis” que destruíram o comunismo foram lançados pela Radio Free Europe e esse foi o mais importante investimento de Washington durante a Guerra Fria. Não sei se os americanos percebem isso hoje, sete anos após a queda do comunismo, mas nós entendemos isso perfeitamente bem.

A metáfora do presidente Constantinescu não é exagerada. De acordo com a mídia romena pós-comunista, em 1988 e 1989, quando a Radio Free Europe estava serializando o meu livro Red Horizons, as ruas de Bucareste estavam vazias. Os romenos estavam ansiosos para ver o seu glorificado tirano nu, como ele realmente era – um iletrado traficante de drogas e terrorista internacional que amealhou uma fortuna pessoal vendendo secretamente armas e o povo romeno em troca da moeda ocidental. No Natal de 1989, Ceausescu foi executado pelo seu próprio povo, ao fim de um julgamento no qual as principais acusações haviam sido tiradas do meu livro. Hoje, a Romênia é um membro da União Européia e da OTAN.
Artigo de Ion Mihai Pacepa publicado no World Net Daily em 23 de setembro de 2012.
Tradução: Ricardo Hashimoto  Do site: http://www.midiasemmascara.org/

segunda-feira, 17 de outubro de 2016

BUFÃO ACINTOSO


O “Comandante Máximo”, que se acha um sujeito “safo” na sua eterna permissividade, é um péssimo exemplo que nos leva à desídia e à dissolução.

No clássico romance “Os Irmãos Karamazov”, Dostoievski nos fala de um personagem abjeto, Fiodor Pavlovitch, o Karamazov pai, sujeito que embute na alma corrompida a “volúpia de mentir”. O gigante russo, abarcando como nenhum outro os abismos da alma humana, considera, com agudo senso psicológico, que o sujeito que mente a si próprio e que mergulha na própria mentira, acaba por não poder mais discernir a verdade, nem em si mesmo, nem em torno de si, deixando, portanto, de respeitar a si próprio e aos outros.

Dostoievski tem o velho Karamazov, assassinado pelo próprio filho (Smerdiakov), na conta de um debochado contumaz e lança suas luzes sobre o tipo: “Os embusteiros calejados, que passam a vida inteira mentindo, têm momentos que tomam o seu papel tão a sério que chegam a chorar e a tremer de emoção, embora nesse mesmo instante (ou um segundo depois) possam dizer a si próprios: - Mentes, velho sem-vergonha; não passas de um palhaço, apesar de toda tua ‘santa’ ira e do teu ‘santo’ minuto de cólera”.

Tudo bem medido e pesado, não há diferença básica entre o tragicômico personagem do romancista russo e a figura farsesca de Lula. No caso do vosso velho sindicalista, o exercício diuturno da mentira, para além de manifesta degeneração de caráter, revela uma forma voluptuosa de prazer: no frigir dos ovos, Lula da Silva goza mentindo – e eis a explicação pertinente encontrada pelo escritor russo, que, ademais, no romance, associa o vício incontrolável de mentir à histeria compulsiva do Karamazov pai.

Muito bem. Desde o episódio em que o Ministério Público Federal, baseado em fatos, denunciou o líder do PT como “comandante máximo” do esquema de corrupção montado para saquear a nação, armou-se, em pífia resposta, a encenação de lastimável ópera-bufa. Nela, como émulo do Karamazov pai, saracoteia a figura de Lula da Silva, a um só tempo, patética e burlesca.

Com efeito, sem argumentos válidos para contestar a denúncia sobre os milhões subtraídos dos cofres públicos, o milionário do ABC, no centro do picadeiro habitual, depois de beijar a camisa vermelha, chorar, bufar, esganiçar e se comparar a Getúlio Vargas, JK, Jango e ainda, num ato de estúpida bravata, ao próprio Jesus Cristo - terminou por jurar que, uma vez comprovada sua culpa, “ia a pé”, de São Bernardo a Curitiba, “para ser preso” .

Pior: mais tarde – mesmo sabendo que a mulher de Guido Mantega fazia simples exame de colonoscopia, considerado procedimento de rotina pela filha do ex-ministro preso – Lula vociferou, roufenho de tanto mentir, que a prisão do encalacrado petista era uma falta de “humanitarismo” da PF, silenciando, no entanto, quanto ao achaque de Mantega ao trêfego Eike Batista, o empresário “forte” do governo petista cevado na grana manipulável do BNDES.

Como todos sabem, os comunistas vivem da e para a mentira. Fidel Castro, o Vampiro do Caribe, por exemplo, se jactava de mentir em discursos enfadonhos nos quais castigava o povo cubano (a ouvi-lo de pé) por mais de 12 horas; Stalin, genocida por vocação, mentia sem pestanejar, em especial quando promovia jantares para homenagear camaradas do PC que mandava fuzilar no dia seguinte; por sua vez Lenin, carniceiro-mor, mentia de forma consciente quando iludia o povo com promessas de fortuna igualitária nunca estabelecida na malfada Rússia dos Sovietes; e Mao, o grande pedófilo, sacrificou literalmente 75 milhões de chineses com a campanha do “Grande Salto Para Frente”, mentindo que iria melhorar a vida da população em tempo recorde.

E Lula? Bem, este mente por convicção. Certa vez escrevi que Lula mente até quando diz a verdade – se isto é possível. Mário Morel, autor da biografia “Lula, o Metalúrgico”, narra episódio em que um jovem aprendiz de torneiro mecânico pede ao patrão para fazer hora extra, aos sábados, pois precisa de dinheiro. O dono da fábrica de autopeças resiste, depois cede e avança algum dinheiro ao aprendiz, que não cumpre o trabalho. Cobrado pela falta, Lula, em resposta, diz que estava mentindo e, no deboche, pelas costas, manda o patrão “vtnc”.

O “Comandante Máximo”, que se acha um sujeito “safo” na sua eterna permissividade, é um péssimo exemplo que nos leva à desídia e à dissolução. Nunca se matou tanto, nunca se roubou tanto, nunca se mentiu tanto no Brasil.

Chegou a hora de trancafiá-lo.
Publicado na coluna do jornalista Claudio Humberto.
Foto: Dida Sampaio
Por: Ipojuca Pontes, cineasta, jornalista, e autor de livros como 'A Era Lula', 'Cultura e Desenvolvimento' e 'Politicamente Corretíssimos', é um dos mais antigos colunistas do Mídia Sem Máscara. Também é conferencista e foi Secretário Nacional da Cultura.
Do site: http://www.midiasemmascara.org/

A IMPORTÂNCIA DO PH NO VINHO

Enófilos iniciantes adoram conversar sobre o perfil aromático de um determinado vinho. Assim que seu conhecimento se aprofunda, a atenção se volta para discussões sobre a estrutura dos taninos, textura e harmonia entre açúcares e ácidos, complexidade, e assim por diante. O elemento pH raramente é mencionado, apesar de ser um dos fatores mais importantes, pois afeta o aspecto visual, o aroma, o paladar, assim como a longevidade de um vinho.


O conceito de pH pode ser difícil de entender para quem não é cientista, mas o objetivo é explicá- lo usando uma terminologia cotidiana. Sofra comigo nos próximos 30 segundos e, depois, será mais fácil entender o impacto disso no vinho.

O conceito de pH teve origem com o bioquímico dinamarquês Soreson (1868-1939). O termo é francês, “pouvoir hydrogène”, significando o poder do hidrogênio. Ele mede a concentração de hidrogênio presente numa solução usando um medidor de pH, numa leitura direta. Em termos simples, ele mede a força da acidez. A escala vai de 0 a 14, com 0 sendo muito ácido e 14 alcalino (soda cáustica). Com pH 7, a solução é neutra, como é o caso da água pura destilada.

Vinhos são naturalmente ácidos, com a maioria indo de 2,8 a 4,0. Por exemplo, um Riesling alemão pode alcançar um pH de 2,9. Em uma primeira impressão, a variação de pH é pequena, no entanto, mesmo mínimas diferenças, de 0,1, possuem impacto no aspecto visual, no perfil aromático, nas características organolépticas e na capacidade de envelhecimento dos vinhos.

Este tópico é extremamente complexo. Para torná-lo mais simples e relevante para o consumidor, diversas questões-chave como a relação entre pH e acidez, dióxido de enxofre, fermentação malolática, proteínas e tartaratos não serão discutidas. Ainda, deve-se dizer que o nível de pH pode ser manipulado tanto no vinhedo quanto na vinícola, mas é melhor deixar isso para os enólogos. Nossa meta é entender como o pH afeta o que vemos e o que sentimos no nariz e na boca, assim como o impacto na capacidade de envelhecimento a partir do ponto de vista do consumidor.

pH e a cor do vinho

Mesmo para um degustador experiente é complicado aferir os níveis de pH. Contudo, os elementos visuais podem dar algumas pistas. Nos vinhos tintos, níveis de pH muito baixos estão acompanhados por uma cor roxa brilhante. Assim que o pH vai aumentando, sombras azuladas aparecerão. Em níveis altos de pH, reflexos marrons ficam evidentes.

Usando a Itália como exemplo, somos capazes de comparar a Negroamaro do clima quente do sul – que tende a apresentar notas amarronzadas muito prontamente, indicando altos níveis de pH – contrastando com o Valpolicella, proveniente do norte, que é frequentemente dominado pela uva Corvina e tende a apresentar notas jovens roxas, indicando um vinho com baixo nível de pH.

Nos vinhos tintos, níveis de pH muito baixos estão acompanhados por uma cor roxa brilhante. Assim que o pH vai aumentando, sombras azuladas aparecerão. Em níveis altos de pH, reflexos marrons ficam evidentes

Aroma

Além de como ele se mostra, o pH também afeta os aromas. Até a mesma variedade de uva pode ter diferentes tipos de aroma dependendo de onde são cultivadas. Claro que isso pode ocorrer devido a vários fatores, incluindo clima, tipo do solo, práticas vinícolas e escolhas feitas durante o processo de vinificação.

Deixando tudo isso de lado, uma Cabernet Sauvignon com baixos níveis de pH apresentará notas jovens de frutas vermelhas frescas. Por contraste, a mesma variedade, com níveis mais altos de pH, tende a apresentar notas de frutas negras e chocolate. Isso também fica evidente na hora da degustação. Muitos produtores concordam que, em níveis baixos de pH, a fermentação ficará mais lenta, resultando em um sabor melhor. Com pH 3,6, o que é relativamente alto para uma uva como a Sauvignon Blanc, o sabor será áspero, embotado e fraco. Com um pH menor, por volta de 3, um vinho pode se tornar muito azedo.

Como todo o resto, o nível ideal é algo mediano. Em termos gerais, o nível perfeito de pH para brancos deve estar entre 3,1 e 3,4. Para tintos, a maioria dos produtores prefere atingir níveis ao redor de 3,3 e 3,6. O Katnook Estate, na Austrália, foca em níveis em torno de 3,3 e 3,4.

Envelhecimento

O nível de pH tem impacto direto na capacidade de envelhecimento de uma garrafa. Geralmente, um vinho com níveis de pH mais baixos terá maior longevidade. Vinhos de regiões mais frias, onde bate menos sol, tendem a ter maior acidez e pH mais baixo. Estes, por sua vez, tendem a durar mais. Se alguém tem em sua adega uma garrafa de Chablis Premier Cru e uma de um Chardonnay australiano do sudeste da Austrália, é fácil adivinhar qual delas vai envelhecer com mais elegância.

O nível de pH varia de acordo com as condições da safra. Segundo Frederic Magnien, um qualificado produtor da cidade de Morey St. Dennis na Borgonha, o nível de pH dos vinhos de 2003 ficou ao redor de 3,8, em contraste com os 3,4 normais. Com essa informação, acreditamos que os vinhos de 2003 podem não envelhecer tanto quanto uma safra típica na Borgonha, cujo pH foi mais baixo.

O nível de pH tem impacto direto na capacidade de envelhecimento de uma garrafa. Geralmente, um vinho com níveis de pH mais baixos terá maior longevidade. Vinhos de regiões mais frias, onde bate menos sol, tendem a ter maior acidez e pH mais baixo. Estes, por sua vez, tendem a durar mais.

pH interfere em estilo e qualidade

A questão é: quão importante é o pH para o vinho? A resposta: os níveis de pH estão intrinsecamente ligados ao estilo e qualidade dos vinhos. O pH relativamente baixo, na faixa de 3,1 a 3,4, parece ser pré-requisito para a produção de vinhos de alta qualidade com solidez. Este é um aspecto essencial, mas dificilmente mencionado pelos connoisseurs.

Não precisamos ser cientistas ou enólogos para entender o básico, porém agora sabemos. Entretanto, da próxima vez que alguém ao seu lado estiver com uma taça de vinho, sugiro que você resista à tentação de conversar sobre a importância do pH. Não é um tópico apropriado se você quiser começar uma conversa alegre para fazer novos amigos ou impressionar alguém do sexo oposto. É legal saber, porém talvez seja melhor resistir à tentação.
Por: DOUGLAS WURZ  14 de maio de 2016

sexta-feira, 14 de outubro de 2016

OS "VIRTUOSOS" NOVOS NAZISTAS

Em vez de se preocuparem com o terrorismo islamista e o ninho de jihadistas acantonados em Molenbeek em Bruxelas, há racistas na Europa que querem destruir Israel, a única democracia no Oriente Médio.


Todos eles afirmam falsamente serem "pacíficos", usando meios "econômicos" para corrigir "injustiças" nos territórios palestinos. No entanto eles nunca tentaram corrigir injustiças cometidas pelos governos corruptos, repressivos da Autoridade Palestina e do Hamas em Gaza, nem mesmo protagonizar a imprensa livre, o estado de direito ou a edificação de uma economia estável. Suas verdadeiras motivações racistas estão desmascaradas.

As linhas pré ou pós-1967 são apenas um álibi para esses novos nazistas. Muitos consideram Israel em sua totalidade, ilegal, imoral, ou as duas coisas juntas -- ainda que os judeus tenham estado nesta terra há 3.000 anos -- parte dela ainda é chamada de Judeia. Sua ânsia em acusar os judeus de terem a audácia de "ocupar" a sua própria terra histórica, bíblica, só revela a conivência com as mentiras mais obscuras dos extremistas islâmicos, os quais estão tentando destruir os cristãos coptas autóctones em sua terra nativa do Egito e os cristãos assírios autóctones que estão sendo massacrados no Oriente Médio. Será que os franceses também deveriam ser acusados de estarem "ocupando" a Gália? Basta olhar para qualquer mapa da "Palestina", que será possível ver o Estado de Israel coberto por inteiro: para muitos palestinos toda a terra de Israel é uma única colônia gigante que tem que ser desmontada.

Conheça os bandos dos novos nazistas, posando como defensores da Justiça e da Virtude, em busca de novas políticas de extermínio de Israel e, logo em seguida, dos judeus.

"Na Alemanha nazista", conforme observa Brendan O'Neill no Wall Street Journal, "era a fúria total para tornar a cidade Judenfrei (sem nenhum judeu)".

"Agora uma nova moda está assolando a Europa: tornar a cidade ou o município naquilo que poderíamos chamar de Zionistfrei -- livre de produtos e da cultura do estado judeu. Por todo o continente, cidades estão se declarando zonas livres de Israel, afastando seus cidadãos de produtos e da cultura israelenses. Ecos monstruosos do que aconteceu há 70 anos".

Os nazistas diziam "kauft nicht bei Juden": não compre de judeus. O slogan destes novos racistas é "kauft nicht beim Judenstaat": não compre nada do estado judeu. Os nazistas entoavam palavras de ordem: "Geh nach Palästina, du Jud": vá para a Palestina, judeu. Os racistas na Europa gritam "Judeus fora da Palestina"!

Vamos olhar mais de perto e ver quem são eles. A Câmara Municipal de Leicester, por exemplo, aprovou recentemente a proibição da venda de produtos "made in Israel". Pense no seguinte: uma cidade sem produtos israelenses. Não estamos falando da Alemanha nazista de 1933, trata-se de uma cidade britânica administrada pelos trabalhistas em 2016. Dois conselhos galeses, de Swansea e Gwynedd, bloquearam parcerias comerciais com empresas israelenses. Em Dublin, o famoso restaurante Exchequer, decidiu não usar produtos israelenses. A cidade irlandesa de Kinvara tornou-se "livre de Israel". Na Espanha a cidade deVillanueva de Duero já não distribui água israelense em seus edifícios públicos. A cidade francesa de Lille congelou um acordo com a cidade israelense de Safed.

Boicote aos produtos produzidos por judeus, naquela época e agora.

Sob pressão racista a empresa aérea Brussels Airlines, da qual a Lufthansa participa parcialmente, decidiu que não servirá mais na sobremesa a halva da marca israelense Achva. Um ativista do Movimento de Solidariedade Palestino, saindo do Aeroporto Ben Gurion em Tel-aviv para Bruxelas se viu servido com a sobremesa produzida em Israel. Este nazista light se queixou à companhia aérea, que rapidamente retirou a iguaria do cardápio (após manifestações de indignação, a empresa aérea voltou atrás). Em vez de se preocuparem com o terrorismo islamista e com o ninho de jihadistas acantonado em Molenbeek em Bruxelas, há racistas na Europa que querem destruir Israel, a única democracia no Oriente Médio.

Um caso embrionário na tentativa de destruir Israel por meios econômicos ocorreu em 1980, quando a L'Oreal comprou a empresa de cosméticos Helena Rubinstein. Os regimes árabes ameaçaram cortar os lucrativos relacionamentos com a empresa multinacional caso ela não cortasse os laços com Israel. Em vez de rejeitar a chantagem, a L'Oreal cedeu à chantagem. Hoje, este antissemitismo não é liderado por países árabes nem por países ocidentais. Por exemplo, a França recentemente proibiu chamamentos em casos de boicote, se for apenas e tão somente em relação ao Estado de Israel. As campanhas de ódio e as políticas nazistas de hoje estão sendo lideradas em grande parte por empresas, universidades, sindicatos e grupos hipócritas assim chamados de "direitos humanos", bem como outras ONGs.

E, vergonhosamente, igrejas. Em 11 de agosto de 2016 a Igreja Evangélica Luterana dos Estados Unidos (ELCA), pediu ao governo dos EUA para acabar com toda e qualquer ajuda a Israel e abraçar as táticas para destruir o país pela via econômica. No inverno passado, aIgreja Metodista dos Estados Unidos também de maneira anticristã deixou de trabalhar com cinco bancos israelenses.

Todos eles afirmam falsamente serem "pacíficos", usando meios "econômicos" para corrigir "injustiças" nos territórios palestinos. No entanto, eles nunca tentaram corrigir injustiças cometidas pelos governos corruptos, repressivos da Autoridade Palestina e do Hamas em Gaza, nem mesmo protagonizar a imprensa livre, o estado de direito ou a edificação de uma economia estável. Suas verdadeiras motivações racistas estão desmascaradas. Eles simplesmente estão alinhados e coordenados com a estratégia violenta dos palestinos e muçulmanos fundamentalistas do Ocidente -- aqueles mesmos que permanentemente se recusaram a fazer a paz com Israel, isto por sete décadas, colocando em primeiro plano o terrorismo.

Esta guerra assimétrica, empreendida pela primeira vez desde o Holocausto de 6 milhões de judeus, recentemente também quebrou um tabu alemão. Ao que tudo indica, para certos alemães, a velha sede de sangue nunca terminou -- ela simplesmente estava em estado latente. O sindicato dos professores da cidade de Oldenburg acaba de publicar um artigo em sua revista, na edição de setembro, conclamando "um boicote total ao estado judeu", segundo o jornal Jerusalem Post trata-se "da primeira conclamação para boicotar Israel ou os judeus por um sindicato alemão desde o Holocausto". Fazendo jus à sua retratação, embora tardia, em 5 de setembro o sindicato dos professores de Oldenburg se desculpou, rotulando o boicote de "grande equívoco" além de "antissemita".

A União Europeia assinou um acordo com o Marrocos, que está em litígio territorial com a Argélia, mas, apesar disso, se reservou o direito de explorar os recursos do Saara Ocidental; não foi lançada nenhuma campanha em sinal de protesto. Também não se ouviu falar de nenhum protesto contra a Turquia no tocante à ocupação do Norte do Chipre ou quanto à prisão em massa de dissidentes, jornalistas e acadêmicos. Não, a política de boicote é direcionada exclusivamente contra o estado judeu, que ostenta um dos mais altos níveis de liberdade acadêmica, liberdade de imprensa e de igualdade perante a lei do planeta. A política de boicote é feita em "3-D", conforme observa o verdadeiro defensor dos direitos do homem, o dissidente soviético, Natan Sharansky, em seu livro The Case For Democracy:
dois pesos e duas medidas: visar apenas e tão somente Israel entre os 200 litígios territoriais, do Tibete à Ucrânia.
Demonização: comparação das atitudes de Israel a dos nazistas quando na realidade as pessoas que fazem a comparação é que deveriam ser comparadas aos nazistas.
Deslegitimação: negar o direito de Israel à existência.

A hipocrisia racista é tão transparente quanto pérfida.

Eles também estão sujeitando as universidades de Israel a uma campanha neonazista "silenciosa" vinda de universidades sem princípios: enviar menos convites, rejeitar mais artigos e usar os padrões das Leis de Nuremberg do Terceiro Reich para excluir a participação de judeus. A Universidade de Syracuse acaba de desconvidar para uma conferência Simon Dotan, um professor judeu da New York University e cineasta premiado, natural da Romênia, criado em Israel e atualmente residente nos Estados Unidos. A comentarista Caroline Glick observa:

"A decisão de Hamner não teve nada a ver com a qualidade do trabalho de Dotan. Ela admitiu até certo ponto que... Dotan foi desconvidado porque ele é israelense e também porque o título de seu filme The Settlers (Os Colonos), não deixa claro de imediato se ele vilipendia o suficiente o meio milhão de judeus israelenses que vivem na Judeia e Samaria".

Entre outros no mundo acadêmico que aprovaram estas medidas neonazistas encontra-se a historiadora britânica Catherine Hall e, vergonhosamente, o gravemente enfermo Stephen Hawking, que é capaz de falar graças apenas a um dispositivo de voz israelense.

Esta campanha de boicote acadêmico teve início quando Oren Yiftachel, um estudioso da Universidade Ben Gurion teve um trabalho acadêmico rejeitado pelo periódico Political Geography. A rejeição veio com uma nota informando-o que a revista não poderia aceitar o envio do trabalho de "Israel", seu trabalho foi enviado de volta sem ser aberto. A editora St. Jerome Manchester, especializada em traduções, recusou-se a enviar obras acadêmicas para a Universidade Bar Ilan em Israel. A revista britânica Dance Europe se recusou a publicar um artigo sobre a coreógrafa israelense Sally Anne Friedland; Richard Seaford se recusou a fazer uma avaliação crítica de um livro para a revista israelense Antiquity Scripta Classica Israelica. O professor de patologia da Universidade de Oxford Andrew Wilkie, rejeitou aceitar a papelada de inscrição para doutorado de Amit Duvshani da Universidade de Tel Aviv. Wilkie assinalou na rejeição: "de jeito nenhum eu aceitarei alguém que serviu no exército de Israel".

Estes neonazistas disseminam sua mensagem em universidades, igrejas, empresas e municípios. Adotam medidas tais como petições aos professores, perseguições em público, ameaças de ações na justiça (guerra assimétrica), manifestações em frente a lojas e muitas vezes apenas gritaria, intimidação, ameaças e concentração de pessoas.

Eles são, obviamente, incapazes de abalar a florescente economia israelense, mas estão indubitavelmente tentando botar mais lenha na fogueira do clima racista de desconfiança e hostilidade contra Israel e os judeus nos quatro cantos da terra. A Swedish Coop parou de vender bombas de gaseificação produzidas pela SodaStream de Israel, o maior fundo de pensão holandês, o PGGM, retirou os investimentos de cinco instituições financeiras israelenses. A Vitens, a maior fornecedora de água potável da Holanda cortou os laços com a sua homóloga israelense Mekorot. A loja de departamentos KaDeWe, a maior da Europa localizada em Berlim suspendeu as vendas de vinho israelense (depois voltou atrás). A maior cooperativa da Europa, a Co-operative Group no Reino Unido, introduziu uma política discriminatória em relação a produtos israelenses. O McDonald's se recusou a abrir uma lanchonete na cidade israelense de Ariel, em Samaria. A Universidade de Johannesburgcortou relações com a Universidade Ben-Gurion de Israel. Sindicatos acadêmicos de médicos a arquitetos, do Reino Unido e do Canadá, também apoiaram as novas Leis de Nuremberg contra Israel. Dezenas de artistas, principalmente músicos e cineastas, têm, assim como os nazistas originais, se recusado a realizar suas performances em Israel ou cancelaram suas apresentações. Muitos fundos de pensão deixaram de trabalhar com Israel. O Deutsche Bank, o maior banco da Alemanha, levantou "questões éticas", polêmicas, incluindo o Banco Hapoalim de Israel na lista negra de empresas.

As linhas pré ou pós-1967 são apenas um álibi para esses novos nazistas. Muitos consideram Israel em sua totalidade, ilegal, imoral, ou as duas coisas juntas -- ainda que os judeus tenham estado nesta terra há 3.000 anos -- parte dela ainda é chamada de Judeia. Sua ânsia em acusar os judeus de terem a audácia de "ocupar" a sua própria terra histórica, bíblica, só revela a conivência com as mentiras mais obscuras dos extremistas islâmicos, os quais estão tentando destruir os cristãos coptas autóctones em sua terra nativa do Egito e os cristãos assírios autóctones que estão sendo massacrados no Oriente Médio. Será que os franceses também deveriam ser acusados de estarem "ocupando" a Gália? Basta olhar para qualquer mapa da "Palestina", que será possível ver o Estado de Israel coberto por inteiro: para muitos palestinos toda a terra de Israel é uma única colônia gigante que tem que ser desmontada.

No lugar de Israel, eles facilitariam a criação de mais um estado árabe-islâmico que irá suprimir a liberdade de expressão de artistas, jornalistas e escritores; que irá expulsar os cristãos de suas casas; que irá apedrejar homossexuais até a morte; que torturará os detidos nas prisões, que condenará à morte inocentes simplesmente por desejarem se converter ao cristianismo; que irá condenar alguém a flagelação, prisão ou morte pela simples alegação de que tenha dito alguma coisa a alguém que pudesse considerar ofensivo ao Islã; que obrigará as mulheres a usarem véus e viverem alienadas; que glorificará terroristas; que proibirá bebidas alcoólicas; que encarcerará pessoas por expressarem opiniões divergentes; que incentivará a criação de uma nova categoria de refugiados muçulmanos: aqueles que fugiriam alegremente de um regime opressivo e assassino.

Esses novos nazistas se valem, ao invés vez de uma argumentação, de slogans falsos e enganosos como "estado apartheid", "ocupação", "repressão", "infrator do direito internacional" (que Israel meticulosamente não o é). O objetivo deles, assim como o foi dos nazistas originais, é manipular as pessoas e incutir nelas preconceito e ódio contra Israel e por trás deste subterfúgio, contra os judeus.
Por: Giulio Meotti, Editor Cultural do diário Il Foglio, é jornalista e escritor italiano.
27 de Setembro de 2016 Original em inglês: The "Virtuous" New Nazis
Tradução: Joseph Skilnik

quinta-feira, 13 de outubro de 2016

FREUD: "PACIENTES SÃO LIXO"

No dia 23 de setembro de 1939, Sigmund Freud prestou contas a Deus. A julgar pelos seus detratores, a conversa foi longa.

Quando o assunto é Freud, a conversa logo pega fogo. Louvado por seus admiradores como gênio e demonizado por quem dele discorda, o criador da psicanálise tem como maior mérito despertar paixões e confusões. "Falem mal mas falem de mim".

O mais famoso vídeo do mais famoso intelectual brasileiro – Gilberto Freyre – foi gravado no Colégio Freudiano do Rio de Janeiro durante o 2o. Congresso Brasileiro da Psicanálise d’A Causa Freudiana do Brasil, em 1985. Palavras iniciais de Freyre: “Creio poder considerar-me um dos veteranos da aplicação da perspectiva psicanalítica a uma reinterpretação da formação social do Brasil.”

Por outro lado, escreveu Olavo de Carvalho no artigo Pior para os fatos: “Marxismo, pragmatismo, nietzscheanismo e freudismo nada nos dizem a respeito da realidade, mas tudo a respeito da mentalidade de seus adeptos. São os quatro pilares do barbarismo contemporâneo.”

Face à divergência mostrada por esses monstros da intelectualidade brasileira – e, para o nosso orgulho, mundial – eu logo me coloquei no meu cantinho e, desistido de tão altos assuntos, continuei buscando a compreensão do nosso tempo nos livros de História. E eis que o homem veio, sozinho, até mim.

Estava lendo Libido Dominandi – expressão de Santo Agostinho -, livro de E. Michael Jones, quando Freud apareceu no capítulo Zürich, 1914. O livro mostra como sexo e controle social estão profundamente unidos. No citado capítulo, Freud, Jung e a família Rockefeller aparecem num verdadeiro barraco ocasionado por grana. Escreve E. Michael Jones:

Freud havia dito várias vezes que os americanos só eram bons para uma coisa: dinheiro; e agora o discípulo se mostrava superior ao mestre na exploração de americanos ricos para ganho financeiro. Freud não era estranho à idéia de explorar seus pacientes visando ganho financeiro. “Freud,” de acordo com Peter Swales,

tinha na psicoterapia algumas das mulheres mais ricas do mundo. No dia 1 de agosto de 1890, ele escreveu para Wilhelm Fliess, declinando um convite para visitá-lo em Berlim e certamente ele estava aludindo a Anna von Leiben, a quem apelidou de “prima-dona” ao explicar “Minha principal cliente está passando agora por um tipo de crise nervosa e durante a minha ausência pode ser que ela fique boa.” [ênfase minha]

Freud tinha medo que a sua paciente “pudesse ficar boa” durante a ausência dele. Uma atitude curiosa para um médico. A atitude, entretanto, não é curiosa se a psicanálise nada mais é do que controle psíquico cripto-iluminista. Dizer que Freud estava envolvido com a medicina mascara a sua real intenção. Pacientes, disse Freud a Ferenczi no fim da vida, eram “lixo”, “bons apenas para tirar dinheiro deles e para matéria de estudo, certamente, nós não podemos ajudá-los”; a psicanálise como terapia, concluiu Freud, “pode ser inútil”.

Fim da citação.

Compre o livro, leia com os seus próprios olhos e vá às fontes. Está tudo documentado lá.

Isso põe fim à confusão. Ou, como diria o já citado Santo Agostinho:

– Causa finita est.
https://13maio1917.wordpress.com
ESCRITO POR RICARDO HASHIMOTO | 23 SETEMBRO 2016

ARTIGOS - CULTURA dO SITE: http://www.midiasemmascara.org/

domingo, 9 de outubro de 2016

11 ERROS QUE FARIAM DILMA SER DEMITIDA EM QUALQUER EMPRESA DO MUNDO

Dilma Rousseff sobreviveria ao mercado corporativo apenas sendo... Dilma Rousseff? A resposta é: jamais


Demitir um CEO parece improvável, mas acontece com mais frequência do que supõe nossa vã filosofia de rede social. CEOs ou presidentes, o topo da cadeia – ou da cadeira – sofrem, sim, sanções pesadas por terem a língua solta demais, serem arrogantes demais, tranquilos demais ou até ousados demais.

Neste milênio mesmo, vieram à tona casos bizarros de demissão, como a do CEO histórico do Yahoo!, Scott Thompson, acusado de maquiar o próprio currículo com uma faculdade de Ciências da Computação quando, na verdade, só tinha um curso de contabilidade.

O desligamento de Andrew Mason, fundador e CEO do Groupon, foi ainda mais estranho: saiu por excesso de otimismo – ele acreditava tanto na plataforma do Groupon, que ignorava a queda do número de cupons vendidos.

Já a demissão do CEO da HP, Mark Hurd, teve ares cinematográficos: Jodie Fisher, ex-atriz de filmes eróticos nos anos 1990, foi o pivô de um escândalo de assédio sexual e falsificação de relatórios de despesas por parte dele.

Estar no topo da cadeia não é fácil e isso só explica os altos salários e benefícios compatíveis com tantas responsabilidades. Cabe ao presidente, líder ou CEO colocar todos acomodados confortavelmente em seus assentos e pilotar esse Boeing sem solavancos e acima de nuvens e tempestades.

E se?

Governo não é empresa e o Brasil não é a Coca-Cola, Ambev ou Johnson & Johnson. Mesmo assim, muitos governantes valem-se de sua “experiência de mercado” na hora de se candidatar a esse ou aquele cargo.

E se o exercício fosse o contrário? Se o governante se candidatasse ao cargo de CEO de uma grande empresa, seus skills e estilo de liderança fariam a diferença? E se esse governante em questão fosse Dilma Rousseff, presidente cujo destino político será traçado nessa semana pelo Senado federal?

Sobreviveria ela ao mercado corporativo apenas sendo... ela mesma?

A resposta é não. A presidente da República, eleita em 2010 e reeleita em 2014, peca em 11 posturas essenciais que, juntas ou em separado, jamais seriam toleradas em nenhuma organização séria do Brasil ou do mundo. A elas:

1. Não delegar

Marca dos dois governos Dilma Rousseff, a centralização de poder não apenas afastou a presidente de ministros e aliados, como a isolou em momentos-chave de sua caminhada no Palácio do Planalto, fosse em votações importantes no Congresso, nas disputas com a oposição e, na reta final de seu segundo mandato, durante os pedidos de apoio dentro e fora do PT.

2. Não dialogar

Dilma sempre deixou claro sua abordagem top-down, isto é, de cima para baixo, no pior estilo “eu mando, vocês obedecem”. Um estilo de liderança ultrapassado, isolacionista e comprovadamente ineficaz. Além disso, vai de encontro ao ideal de diálogo democrático pregado por ela. A presidente ignorou parlamentares pró e contra o governo e todos aqueles se se mostravam contra sua gestão. Chegou ao cúmulo de isolar (com grades) os opositores em comícios e contar com barulhentas claques para seus discursos e inaugurações. 

3. Não admitir erros

Demorou alguns anos para ver a presidente reconhecer alguma falha em seus fraquíssimos governos. Quando o fez, e dá para contar esses episódios nos dedos de uma mão, as lambanças creditadas à “contabilidade criativa” e dezenas de benesses a correligionários nunca vieram acompanhadas de um pedido sincero de desculpas. Nenhum ao menos que convencesse a população. Será lembrada por não saber ganhar sem tripudiar nem saber perder.

4. Descumprir promessas públicas

Apenas para citar duas delas: a volta da CPMF e o aumento descontrolado da tarifa de energia elétrica. Menos de um ano depois de ser reeleita, Dilma acenou com a volta de um imposto detestado pelos brasileiros. E até com possíveis outros impostos – algo amplamente combatido por ela em seus discursos pró-reeleição de 2013 e 2014. A decepção generalizada também ficou evidente durante o aumento vertiginoso da conta de luz – que baixou meses antes, pré-eleição – para depois ressurgir cara como nunca.

5. Expor-se voluntariamente ao ridículo

Por que seguir roteiros? Para quê ouvir assessores? São tantos os exemplos de discursos desconexos, respostas atravessadas a jornalistas, fotos sem contexto e outros comportamentos bizarros, que não caberiam nesse texto. Mas fiquemos com uma frase, apenas: “Temos a mandioca e aqui nós estamos e, certamente, nós teremos uma série de outros produtos que foram essenciais para o desenvolvimento de toda a civilização humana ao longo dos séculos. Então, aqui, hoje, eu tô saudando a mandioca, uma das maiores conquistas do Brasil”.

6. Faltar com transparência

Controladora, centralizadora e pouco afeita a ser contrariada, Dilma sempre alegou que a incompetência administrativa, corrupção e a formação e organização criminosa em tantos setores ocorreram sob seu nariz sem que ela jamais se desse conta. Quando identificou, bilhões e bilhões de reais desviados depois, perseguiu os envolvidos – ou quase isso. Pergunta: teria sido Dilma, a primeira presidente mulher do Brasil, mãe do PAC, brava lutadora contra a ditadura, enganada por tantos e por tanto tempo? Para refletir.

7. Faltar com ética

Dilma é produto de Lula e, apesar do discurso contrário, ela nunca negou nem escondeu isso. Reuniões secretas e, com o tempo, escancaradas, foram realizadas para salvaguardar o pouco crédito que ainda restava à presidente no primeiro e segundo mandatos. Quando, a pedido do juiz paranaense Sergio Moro, Lula foi levado para depor coercitivamente, em março, após suspeita de envolvimento em crimes da Operação Lava Jato, Dilma não só foi a São Bernardo prestar solidariedade (??), como ainda o reconduziu à Casa Civil. A manobra quase circense, negada pela Justiça, custou caro aos dois.

8. Tomar decisões equivocadas em série

A condução equivocada da política econômica brasileira já havia sido evidenciada no primeiro mandato pelo empresariado – uma classe que, incrivelmente, não era considerada por Dilma. E mesmo com as portas fechadas para o comércio exterior, a perda de graus de investimento sucessivas, a indústria nacional ruindo e todas as tendências econômicas em queda, Dilma preferiu seguir culpando, literalmente, o mundo. Quando acordou para a realidade, sem apoio algum, era tarde.

9. Comunicar-se mal e menosprezar as vozes contrárias

Dilma será lembrada como uma oradora ruim. Mais ainda: uma oradora ruim e prepotente. Desprezava opositores, em vez de combate-los com argumentos, e rebatia críticas com ironias e frases grosseiras. Também foram necessárias algumas manifestações, black blocs e panelaços para que ela se posicionasse ante a voz das ruas. No início, a presidente simplesmente ignorou os protestos. Em junho de 2013, ainda em seu primeiro mandato, limitou-se a enviar ministros como mensageiros para acalmar os ânimos e a imprensa, em vez de assumir aquilo para que foi eleita: as rédeas da nação. A Dilma forte, que pegou em armas para encarar os militares na ditadura, estava acuada, para decepção inclusive dos eleitores dela. Postura semelhante aos últimos meses, quando elegeu o advogado José Eduardo Martins Cardozo como sua segunda voz.

10. Atacar os inimigos certos de forma errada

A última briga de Dilma foi também aquela que sepultou o seu mandato. A pá de cal foi justamente contra uma das biografias mais sujas da política nacional: Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Sem apoio dos congressistas, traquejo político e estratégias acertadas, Dilma, ao se posicionar contra a candidatura de Cunha para a presidência da Câmara dos Deputados, em fevereiro do ano passado, assumiu um embate mortal, afinal, o nefasto Cunha era estratégico no encaminhamento das pautas do governo federal no Congresso. O peemedebista anunciou o rompimento com o governo, contaminou a base, aliou-se ao vice Michel Temer – velha raposa do Congresso, um verdadeiro animal político – e, como acompanhamos, o resto é história viva – gostemos ou não.

11. Mentir

Não foi apenas a contabilidade destrutiva e as fraudes fiscais que pairam sobre a figura da presidente. Basta dar um rasante pela imprensa para verificar que as acusações contra ela, baseadas em fatos e datas, estão na boca de jornalistas, delatores e até, pasme, do mentor maior Luiz Inácio Lula da Silva.

Dilma mentiu no currículo

Dilma mentiu sobre encontros com Odebrecht

Dilma mentiu sobre compra da refinaria de Pasadena

Dilma mentiu na campanha de 2014

A herança dos anos Dilma, em números

Quando Dilma Rousseff tomou posse, em janeiro de 2011, o Brasil crescia 7,5%, a maior taxa desde 1986.

Passados cinco anos, o País amarga queda de 3,8% no PIB, contas públicas deterioradas, desemprego em 8,5% (já são 11,5 milhões de desocupados) e uma inflação de dois dígitos, que penaliza os mais pobres.

O governo caminha oficialmente para fechar 2016 com o terceiro rombo anual seguido em suas contas e um deficit primário recorde, de R$ 170,5 bilhões.

As expectativas indicam que, no final deste ano, a economia terá encolhido quase 8% desde 2014. A última vez que isso aconteceu foi em 1931, em meio à Grande Depressão. A dívida pública pode chegar a 80% do PIB em 2018.

E você, contrataria Dilma Rousseff para comandar a sua empresa?