sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

DOM PAULO EVARISTO ARNS

Movimentos de esquerda (que Dom Paulo Evaristo Arns ajudou a organizar) queriam vê-lo Papa

O cardeal Arns, o preferido dos comunistas, defendeu Leonardo Boff, teve a gratidão manifesta de João Pedro Stédile, e nutria admiração por Fidel Castro, para quem escreveu o seguinte absurdo: "Querido Fidel (...) A fé cristã descobre nas conquistas da Revolução os sinais do Reino de Deus."

Em agosto de 1978, aluno do Pe. Rosalvino, no Instituto Dom Bosco, em São Paulo, percebi a grande torcida que houve por Dom Paulo Evaristo Arns para papa. Queriam um papa brasileiro, o papa das periferias, como já diziam. Pe. Rosalvino levava as crianças para passeios na periferia de São Paulo, também em Jandira, pegando trem na Estação da Luz. "Era a hora de Dom Paulo papa", diziam. “Pensávamos que ele (Paulo Evaristo Arns) seria (deveria ser) o Papa da realização do Concílio, a partir da Igreja da Grande Promessa que era, então, o Brasil (a mais rica e criadora de todas as Igrejas do momento). Foi uma grande oportunidade, era um momento de Evangelho.”, afirmou anos depois, o teólogo espanhol Xabier Pikaza.

A Igreja da América Latina estava pronta, as comunidades eclesiais de base estimuladas por Dom Paulo, vivendo o carisma franciscano, como o “amigo do povo”, pois assim ele queria ser chamado por todos, com seu sorriso largo (inspirado no amigo Dom Hélder Câmara), dentre tantos que lutavam por uma Igreja “dos pobres e para os pobres”. Estávamos no pátio do Instituto Dom Bosco, no Bom Retiro, quando os sinos tocaram e fomos rezar na igreja Nossa Senhora Auxiliadora. Havia sido eleito o italiano Albino Luciani, que adotou o nome composto de João Paulo I. Percebíamos as movimentações de lideranças, indo e vindo, nas dependências dos salesianos, muitas delas dizendo que era a hora de Dom Paulo. Apenas 33 dias depois, fomos todos surpreendidos pelos sinos da Igreja, anunciando a precoce morte de Albino Luciani, e novamente se voltaram para o novo conclave, e o que se ouvia pelos corredores "agora, sim, seria eleito o primeiro papa da América Latina", e dom Arns seria o primeiro papa brasileiro. Não queriam mais italianos. E então, parte do desejo deles havia sido atendido, e os cardeais elegeram, em 16 de outubro de 1978, o polonês Karol Wojtila, com o nome de João Paulo II.

Xavier Pikaza lamentou-se profundamente: “Foram 35 anos de interregno, de freio e medo. Ainda posso sentir isso na minha pele revivendo a primeira impressão que tive, quando me disseram (em 1978), retornando para casa, da janela: 'Não foi o Arns, mas Wojtyla'. Foi o que muitos me disseram agora no Brasil.” E mais: “Paulo Evaristo Arns foi marginalizado, sua linha de base eclesial foi rechaçada e seu trabalho episcopal em São Paulo foi corroído (especialmente em 1980, com a divisão da sua diocese e a nomeação de bispos de outra linha). Certamente, Paulo E. Arns seguiu exemplarmente ativo até sua renúncia (1996), mas já não representava a linha oficial da Igreja, que foi se escorando em outra direção.”

Na análise de Pikaza, o interregno de 35 anos dos reinados de São João Paulo II e Bento XVI foi longo demais, por isso agora, todos eles, tem pressa, muita pressa para que Bergoglio execute o programa sonhado por Dom Paulo Arns, mas reconhece que as condições não são as mesmas que em 1978:

“Talvez em 1978 ainda não se podia fazer em todas as partes aquilo que Paulo E. Arns queria, pois muitas Igrejas não haviam aceitado o espírito e a caminhada do Vaticano II (1962-1965), apesar de que uma parte considerável da Igreja da América Latina, a partir de Medellín (1968) e de Paulo VI (Evangelii Nuntiandi, 1975), havia assumido um caminho de libertação e de transformação eclesial que parecia impossível de ser detido, como sabia na Espanha o cardeal Tarancón. Muitos cristãos queriam então que a Igreja promovesse verdadeiramente o surgimento de espaços de libertação humana (inclusive econômica e social) para que os pobres e oprimidos do continente pudessem viver e se desenvolver; muitos queriam uma Igreja libertada, em sintonia radical com o Evangelho. Mas o conjunto da Igreja oficial sentiu medo.

— Esse medo expressou-se nos 35 longos e duros anos de João Paulo II e Bento XVI (1978-2013). Certamente, esses anos tiveram muitas coisas boas, mas, com efeito, em chave eclesial, o balanço foi negativo. Estamos pior que em 1978, com mais feridas e receios, com mais medos e descréditos; os mais idosos perdemos parte da nossa esperança e os jovens se sentem manipulados (muitos preferem ser manipulados!). Em 1978, era, talvez, muito cedo para a grande travessia. Agora (2013), com o Papa Bergoglio pode ser muito tarde, a não ser que o Espírito sopre forte, pois temos pressa”.

O próprio Dom Paulo também reconheceu o exagero das homilias politizadas dos teólogos da libertação como um dos fatores para o esvaziamento das igrejas. Mas foi incansável em ajudar os movimentos populares a se organizarem, fato esse confirmado pelas expressões de gratidão manifestadas por João Pedro Stédile:

“A maioria dos movimentos do campo que hoje existem - MST, MAB [Movimento dos Atingidos por Barragens], Movimento dos Pequenos Agricultores, Comissão Pastoral da Terra, Cimi [Conselho Indigenista Missionário] -, nascemos orientados por vossa sabedoria, que pregava: Deus só ajuda quem se organiza. Então fomos nos organizar. Queremos agradecer de coração por tudo, sobretudo porque o senhor ajudou a acabar com a ditadura militar no Brasil”

O fato é que era altamente estratégica para os movimentos de esquerda, a tática gramsciana de ocupação, por dentro da instituição, até chegar os mais elevados postos de decisão, a Arquidiocese de São Paulo. E só com a chegada de Dom Paulo Evaristo àquela importante Arquidiocese (e depois nomeado cardeal) é que as portas foram abertas para a teologia da libertação se disseminar por toda parte, nas paróquias, nos seminários, e tudo mais. Muito se lamentou dele não ter sido papa em 1978, porque, a partir de então o Vaticano se empenharia em colocar freio ao projeto de poder dos padres e bispos de esquerda.

E então o próprio Dom Paulo Evaristo Arns fez questão de acompanhar Leonardo Boff a Roma, para defende-lo, da punição recebida pelo então cardeal Joseph Ratzinger. Não apenas ficaram insatisfeitos, mas tudo fariam para viabilizar o plano de um papa latino-americano, alinhado com os ideais deles, da Igreja “dos pobres para os pobres”. O franciscano Arns foi inteiramente solidário com o franciscano Boff, e só teriam segurança garantindo que outro franciscano sucedesse Arns no comando da Arquidiocese de São Paulo e, depois, assumisse postos na própria Cúria Romana. E então o franciscano Dom Cláudio Hummes (que fez Lula emergir como líder sindical no ABC) foi nomeado sucessor de Dom Paulo Arns na Arquidiocese de São Paulo, e depois seguiu para Roma, tornando-se prefeito da Congregação para o Clero, até aparecer, em 2013, na loggia da Basílica de São Pedro, ao lado de Jorge Mário Bergoglio, que aceitou o conselho de D. Cláudio Hummes para assumir o programa da Igreja sonhada por Dom Paulo Evaristo Arns, com o nome de Francisco.

No primeiro encontro que tive com Dom Paulo Evaristo Arns, em 1993, em sua residência episcopal, para uma longa entrevista (publicada no meu livro “Encontros & Idéias – que reúne as entrevistas feitas para Jornal da Tarde, no período de 1988 a 2002), dom Paulo contou-me do período em que viveu na França (de 1947 a 1952), preparando a sua tese sobre São Jerônimo, disse que teve a oportunidade de conhecer grandes intelectuais franceses (Claudel, Mauriac, Albert Camus e o próprio Jean Paul Sartre, a quem ele assistiu suas conferências. Não só a Sorbonne o encantou, como mais tarde o ecumenismo, dizendo-me, que teve “a oportunidade de participar duas vezes na reunião das grandes religiões, num esforço de encontrar um novo caminho.” E disse: “As nações agora estão unindo suas culturas e encontrando outras expressões para criar um tempo novo”. E mais: “Lembro-me que um dos temas dessas reuniões era a paz. Lá estavam cristãos, budistas, muçulmanos e judeus. Estavam representantes de todas as grandes religiões do mundo, cada qual podia se exprimir livremente, fazer orações em comum, em grupos. Debatíamos todos os grandes problemas da Terra. (...) No caso de uma das reuniões o tema foi a paz, depois o pensamento foi em torno da fome no mundo. É assim que eu penso que as coisas funcionarão: em torno de ideias. Só um grande pensamento poderá unir a humanidade e conduzi-la ao bem comum que todos desejamos”.

Dom Paulo nutria admiração por Fidel Castro, a quem chegou a escrever uma carta publicada no jornal Granma: “ "Querido Fidel (...) A fé cristã descobre nas conquistas da Revolução os sinais do Reino de Deus (...) Tenho-o presente diariamente em minhas orações, e peço ao Pai que lhe conceda sempre a graça de conduzir o destino de sua pátria. (...) Fraternalmente, Paulo Evaristo, cardeal Arns".

Havia entre ambos muitas afinidades, também biográficas. Fidel Castro contou a Frei Betto (descrito em seu livro “Fidel e a Revolução”, Ed. Círculo do Livro, 1986, p. 132): “Através das reuniões com os futuros combatentes, com quem eu partilhava ideias e instruções, fomos criando uma organização, disciplinada e decidida, com gente jovem e saudável e com ideias patrísticas e progressistas. Organizávamo-nos para lutar contra a ditadura”. Derrubado Fulgêncio Batista, o que se viu foi a instalação de outra ditadura, que até hoje penaliza o povo cubano.

Mas as palavras de Fidel Castro poderiam ser ditas também por dom Paulo, preservando o mesmo espírito de preparar e organizar os movimentos populares. Contou-me também, nas entrevistas que tivemos, que participou em Paris (no tempo em que frequentou também a Sorbonne), de “Semana de Intelectuais Católicos", nem tanto para debater e refletir sobre o catolicismo, mas para buscar um pensamento capaz de unir a todos, um novo caminho. Seria esse “novo caminho” anunciado por Bergoglio, ao curvar-se ao povo, em sua primeira aparição como papa?

Assim como Fidel Castro, Dom Paulo Evaristo Arns teve também uma vida longeva. Poucos dias após a morte de Fidel Castro, os movimentos populares de esquerda perdem Dom Paulo, que fez questão de colocar o boné do MST nas comemorações de seus 95 anos, no teatro da PUC-SP, tendo sido saudado por João Pedro Stédile.

No encontro de 1993, Dom Paulo fez um bilhete me apresentando a Dom Geraldo Majella Agnelo, que, na época trabalhava como Secretário-Geral da Congregação do Culto Divino e dos Sacramentos. Assim que cheguei a Roma pude constatar que o preferido dos progressistas, que queriam papa, em 1978, ainda exercia influência, fazendo aqui e ali indicações, contatos, etc. E somente hoje pude compreender as palavras de Xavier Pikaza: 
“Em 1978, era, talvez, muito cedo para a grande travessia. Agora (2013), com o Papa Bergoglio pode ser muito tarde, a não ser que o Espírito sopre forte, pois temos pressa”.

A História mostrará, a longo prazo, qual o legado que deixará efetivamente a sua marca. O momento requer de nós a oração. O Espírito Santo faz os ajustes necessários. “Pelos frutos, conhecereis a árvore!”
Por: Hermes Rodrigues Nery,coordenador do Movimento Legislação e Vida. 
hrneryprovida@uol.com.br Do site: http://www.midiasemmascara.org/


terça-feira, 13 de dezembro de 2016

FRANÇA NA IMINÊNCIA DE COLAPSO TOTAL

- A França não percebeu isso naquela época, mas montou uma armadilha para si mesma e a armadilha agora está começando a disparar.


- Nos anos 1970 os palestinos começaram a usar o terrorismo internacional e a França optou por aceitar esse terrorismo desde que ela não fosse afetada. Ao mesmo tempo a França acolheu a imigração em massa do mundo árabe-muçulmano, evidentemente, como parte do desejo muçulmano de expandir o Islã. A população muçulmana desde então aumentou em número, porém não se assimilou.

- Os levantamentos mostram que um terço dos muçulmanos franceses querem a aplicação plena da Lei Islâmica (Sharia). Eles também mostram que a maioria esmagadora dos muçulmanos franceses apoia a jihad, especialmente a jihad contra Israel, um país que eles gostariam de ver varrido da face da terra.

- "É melhor sair do que fugir." -- Sammy Ghozlan, Presidente da Agência Nacional de Vigilância contra o Antissemitismo. Depois ele foi assaltado e seu carro incendiado. Ele foi embora.

- Villiers também menciona a existência de "zonas proibidas" com milhares de armas de guerra. Ele acrescenta que as armas provavelmente sequer serão utilizadas, os islamistas já venceram.

- Originalmente os sonhos franceses poderiam ter sido os de desarticular os Estados Unidos como potência mundial, distanciá-lo do acesso ao petróleo barato e aos negócios com países islâmicos ricos em petróleo, além das preces de não terem terrorismo interno.
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Na França reina a agitação descontrolada. "Migrantes" que chegam da África e do Oriente Médio semeiam desordem e insegurança em inúmeras cidades. A enorme favela, mais conhecida como a "selva de Calais", acaba de ser desmantelada, no entanto outras favelas pipocam a cada dia. Na zona leste de Paris, ruas estão cobertas de telhas onduladas, toalhas de plástico ou de outro material e placas desconjuntadas. Violência é o lugar comum. As 572 "zonas proibidas", oficialmente denominadas "áreas urbanas sensíveis", continuam crescendo e os policiais que se aproximam delas muitas vezes sofrem as consequências. Recentemente uma viatura de polícia foi emboscada, o veículo foi incendiado e os policiais foram impedidos de sair. Se forem atacados, conforme as ordens dos superiores a determinação é fugir em vez de retaliar. Muitos policiais, furiosos por terem que se comportar feito covardes, organizaram manifestações. Não houve ataques terroristas desde o assassinato de um padre em Saint-Etienne-du-Rouvray em 26 de julho de 2016, mas os serviços de inteligência sabem que os jihadistas que retornaram do Oriente Médio estão prontos para atacar e que distúrbios podem explodir em qualquer lugar, a qualquer hora, sob qualquer pretexto.

Apesar de estar sobrecarregado com uma situação interna que mal consegue controlar, ainda assim o governo francês intervém em assuntos mundiais: um "estado palestino" ainda é a principal bandeira, Israel é o seu bode expiatório favorito.

Na primavera passada, apesar da França e dos territórios palestinos estarem em péssimo estado, o Ministro das Relações Exteriores da França Jean-Marc Ayrault declarou que era "urgente" relançar o "processo de paz" e criar um estado palestino. Por conseguinte, a França convocou uma conferência internacional realizada em Paris em 3 de junho. Nem Israel nem os palestinos foram convidados. A conferência foi um fracasso. Ela terminou com uma declaração insípida sobre a "imperiosa necessidade" de "avançar".

A França não parou por aí. O governo então decidiu organizar uma nova conferência em dezembro. Desta vez juntamente com Israel e os palestinos. O Primeiro Ministro de Israel Benjamin Netanyahu observando que Israel não necessita de intermediários recusou o convite. Os líderes palestinos o aceitaram. Saeb Erekat, porta-voz da Autoridade Palestina parabenizou a França acrescentando, o que não é de se estranhar, que foi a Autoridade Palestina que "sugeriu" aos franceses a realização da conferência.

Donald Trump agora é o presidente eleito dos EUA e tudo leva a crer que Newt Gingrich desempenhará um papel-chave na Administração Trump. Gingrich ressaltou há alguns anos que não existe um povo palestino, acrescentando na semana passada que os assentamentos não são de modo algum um obstáculo à paz. Sendo assim, ao que tudo indica, a conferência será outro fracasso.

Diplomatas franceses, no entanto, estão elaborando juntamente com funcionários da Autoridade Palestina uma resolução da ONU para reconhecer um estado palestino dentro das "fronteiras de 1967" (as linhas de armistício de 1949), isso sem nenhum tratado de paz. Eles têm aparentemente a esperança de que o presidente dos EUA Barack Obama, ainda no exercício de sua função, não use o veto americano no Conselho de Segurança, permitindo a aprovação da resolução. Não é possível afirmar se Barack Obama vai querer terminar a sua presidência com um gesto tão flagrantemente traiçoeiro. É quase certo que o gesto francês não dará certo. De novo.

Por muitos anos a França dá a entender ter construído toda a sua política externa em cima do alinhamento com a Organização de Cooperação Islâmica (OIC em inglês): 56 países islâmicos mais os palestinos. Originalmente os sonhos franceses poderiam ter sido os de desarticular os Estados Unidos como potência mundial, distanciá-lo do acesso ao petróleo barato e aos negócios com países islâmicos ricos em petróleo, além das preces de não terem terrorismo interno. Todas as quatro esperanças não deram em nada. É óbvio também que a França tem problemas mais urgentes para resolver.

A França persiste porque está tentando desesperadamente impor limites aos problemas que provavelmente não podem ser resolvidos.

Nos anos 1950 a França era bem diferente do que ela é hoje. Era amiga de Israel. A "causa palestina" não existia. A guerra na Argélia estava no auge e a grande maioria dos políticos franceses sequer apertaria a mão de terroristas que não tivessem se arrependido de seus atos.

Tudo isso mudou com o fim da guerra na Argélia. Charles de Gaulle entregou a Argélia a um movimento terrorista chamado Frente de Libertação Nacional. Ele então passou a criar uma reorientação estratégica da política externa da França, inaugurando o que ele chamou de "política árabe da França. "

A França assinou acordos comerciais e militares com diversas ditaduras árabes. Para seduzir seus novos amigos ela, de maneira ávida, adotou uma política anti-Israel. Quando na década de 1970, o terrorismo na forma de sequestros de aviões foi inventado pelos palestinos e, com o assassinato dos atletas israelenses nas Olimpíadas de Munique em 1972, "os palestinos" de repente se tornaram uma "causa sagrada" e uma ferramenta útil para alavancar a posição francesa no mundo árabe, a França ao adotar a "causa", passou a ser inflexivelmente pró-palestina.

Os palestinos começaram a usar o terrorismo internacional e a França optou por aceitar esse terrorismo, desde que ela não fosse afetada. Ao mesmo tempo a França acolheu a imigração em massa do mundo árabe-muçulmano, evidentemente, como parte do desejo muçulmano de expandir o Islã. A população muçulmana desde então aumentou em número, porém não se assimilou.

A França não percebeu isso naquela época, mas montou uma armadilha para si mesma e a armadilha agora está começando a disparar.

A população muçulmana da França dá a entender que é antifrancesa em termos judaico-cristãos, valores do Iluminismo e pró-francesa apenas na medida em que a França se curva às exigências do Islã. Em que pese, os muçulmanos da França que também são pró-palestinos, teoricamente não deveria ter havido nenhum problema. Mas a França subestimou os efeitos da ascensão do Islã radical no mundo muçulmano e além dele.

Cada vez mais os muçulmanos franceses se consideram acima de tudo muçulmanos. Muitos afirmam que o Ocidente está em guerra com o Islã, eles veem a França e Israel como parte do Ocidente, assim sendo estão em guerra com os dois. Eles veem que a França é anti-Israel e pró-Palestina, mas também veem que vários políticos franceses mantêm laços com Israel, de modo que eles provavelmente acham que a França não é anti-Israel e pró-Palestina o suficiente.

Eles veem que a França tolera o terrorismo palestino e parecem não compreender porque a França combate o terrorismo islâmico em outros lugares.

Para agradar os muçulmanos que estão na França, o governo francês pode até acreditar que não há outra escolha senão ser ainda mais pró-palestina e anti-Israel o máximo possível - muito embora, conforme as pesquisas de opinião indicam, esta política é um fracasso estrondoso.

O governo francês, sem dúvida, vê que não tem condições de impedir o que cada vez mais parece ser um desastre iminente. Este desastre já está ocorrendo.

Talvez o atual governo da França ainda alimente a esperança de poder empurrar um pouco com a barriga o desastre e evitar uma guerra civil. Talvez eles possam ter a esperança de que as "zonas proibidas" não explodam - pelo menos durante o mandato desse governo.

Há hoje na França seis milhões de muçulmanos, 10% da população, e a porcentagem está aumentando. Os levantamentos mostram que um terço dos muçulmanos franceses querem a aplicação plena da Lei Islâmica (Sharia). Eles também mostram que a maioria esmagadora dos muçulmanos franceses apoia a jihad, especialmente a jihad contra Israel, um país que eles gostariam de ver varrido da face da terra.

A principal organização muçulmana francesa, a União das Organizações Islâmicas da França, é o ramo francês da Irmandade Muçulmana, um movimento que deveria ser incluído na lista das organizações terroristas pelo seu aberto desejo de derrubar governos ocidentais.

A Irmandade Muçulmana é primordialmente financiada pelo Catar, país que investe pesadamente na França - e que conta com a comodidade de ter a sua própria base aérea dos EUA.

Os judeus estão deixando a França em número recorde e a debandada não para. Sammy Ghozlan, presidente da Agência Nacional de Vigilância contra o Antissemitismo, reiterou por muitos anos que: "é melhor sair do que fugir". Ele foi assaltado. Seu carro foi incendiado. Ele saiu e agora vive em Israel.

O restante da população francesa vê claramente a extrema gravidade do que está acontecendo. Alguns estão furiosos e em estado de revolta, outros parecem resignados esperando o pior: a tomada da Europa pelos islamistas.

As próximas eleições francesas estão programadas para maio de 2017. O presidente francês François Hollande perdeu toda a credibilidade e não tem nenhuma chance de ser reeleito. Quem chegar ao poder terá uma tarefa difícil.

Ao que tudo indica os franceses perderam a confiança em Nicolas Sarkozy, de modo que provavelmente escolherão entre os candidatos Marine Le Pen, Alain Juppé ou François Fillon.

Marine Le Pen é a candidata da Frente Nacional de extrema-direita.

Alain Juppé é o prefeito de Bordeaux e muitas vezes faz campanha em companhia de Tareq Oubrou, imã da cidade. Até recentemente, Tareq Oubrou era membro da Irmandade Muçulmana. Alain Juppé parece acreditar que a presente desordem irá perder força se a França se curvar totalmente ao Islã.

François Fillon, será provavelmente o candidato da direita moderada. Ele assinalou recentemente que "o sectarismo islâmico" cria "problemas na França". Ele também ressaltou que se um estado palestino não for estabelecido em breve, Israel será "a principal ameaça à paz mundial."

Três anos atrás o filósofo francês Alain Finkielkraut publicou o livro: A Identidade Infeliz(L'identité malheureuse), no qual descreve os perigos inerentes à islamização da França e os principais distúrbios que se originam a partir dele. Juppé escolheu um lema de campanha que se destina a contradizer Finkielkraut: "A Identidade Feliz".

Desde a publicação do livro de Alain Finkielkraut, outros livros de caráter pessimista foram publicados e se tornaram best-sellers na França. Em outubro de 2014 o colunista Eric Zemmour publicou O Suicídio Francês (Le suicide français). Há poucas semanas ele publicou outro livro: Um Mandato de Cinco Anos Para Nada (Un quinquennat despeje rien). Ele descreve o que vê acontecendo com a França: "invasão, colonização, explosão."

Zemmour define a chegada de milhões de muçulmanos na França nas últimas cinco décadas como uma invasão e a recente chegada de um turbilhão de imigrantes como a continuação daquela invasão. Ele descreve a criação de "zonas proibidas" como a criação de territórios islâmicos em solo francês e parte integrante de um processo de colonização.

Ele escreve que as erupções de violência que se espalham são sinais de uma explosão iminente, que cedo ou tarde, a revolta vai ganhar terreno.

Outro livro: Os Sinos da Igreja Tocarão Amanhã? (Les cloches sonneront-elles encore demain?), foi publicado recentemente por Philippe de Villiers, ex-membro do governo francês.

Villiers chama a atenção para o desaparecimento de igrejas na França e a sua substituição por mesquitas. Ele também menciona a existência de "zonas proibidas" com milhares de armas de guerra (fuzis automáticos AK-47, pistolas Tokarev, armas antitanque M80 Zolja, etc). Ele acrescenta que as armas provavelmente sequer serão utilizadas - os islamistas já venceram.

Em seu novo livro: Os Sinos da Igreja Tocarão Amanhã?, Philippe de Villiers observa o desaparecimento de igrejas na França e a sua substituição por mesquitas. Na foto acima: em 3 de agosto a polícia francesa retirou à força um padre e sua congregação da igreja de Santa Rita em Paris antes dela ser demolida, conforme estava programado. A líder da Frente Nacional Marine Le Pen ressaltou furiosamente: "e se construíssem estacionamentos no lugar de mesquitas salafistas e não de nossas igrejas?" (imagem: captura de tela de vídeo RT)

Em 13 de Novembro de 2016 a França marcou o primeiro aniversário dos ataques de Paris. As placas foram descerradas em todos os lugares onde pessoas foram mortas. As placas diziam: "Em memória das vítimas feridas e assassinadas nos ataques". Nenhuma menção foi feita sobre a barbárie jihadista. À noite, a casa de espetáculos Bataclan foi reaberta com um concerto de Sting. A última canção do concerto foi "Insh' Allah": "se Alá quiser". A direção do Bataclan não permitiu a entrada de dois membros da banda norte-americana Eagles of Death Metal - que estavam no palco quando o ataque começou. Algumas semanas depois do ataque, Jesse Hughes, vocalista do grupo, se atreveu a criticar os muçulmanos que participaram do ataque. O diretor do Bataclan assinalou acerca de Hughes: "há coisas que não dá para perdoar".
Por: Dr. Guy Millière, professor da Universidade de Paris, é autor de 27 livros sobre a França e a Europa. 5 de Dezembro de 2016
Tradução: Joseph Skilnik Do site: https://pt.gatestoneinstitute.org

quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

IMPERIALISMO MUÇULMANO CHEGA ÀS NAÇÕES UNIDAS

A UNESCO juntou forças com o Estado Islâmico. Os fundamentalistas já contam com uma nova arma: resoluções aprovadas pelos subservientes órgãos internacionais. 


Um atraso anterior, fora a oposição da diretora-geral da UNESCO, Irina Bokova, haviam despertado esperanças que esta atitude jihadista, bárbara, injusta e francamente de um chauvinismo arrogante poderia ser rejeitada. Mas não foi. Agora uma nova mentira foi sancionada pela maior e mais irresponsável organização do planeta, cuja função é a de preservar lugares consagrados e não de distorcê-los. 

As mentiras utilizadas pela UNESCO para reescrever a história, apagando todos os vestígios do judaísmo e do cristianismo em favor de uma fantasia extravagante do jihadismo islâmico já estavam em andamento em 2015. A UNESCO, fraudulentamente, renomeou dois milenares lugares bíblicos judaicos: o Túmulo de Raquel e o Túmulo dos Patriarcas como lugares islâmicos. Historicamente, o Islã sequer existia até o século VII. 

Esta é a história do Islã, como se apodera − tanto por meio da jihad violenta quanto da jihad light (usurpando a história, a migração "Hégira", infiltração política e cultural) e intimidação (jihad light com a ameaça velada da jihad violenta). O mais triste é que muitas vezes, assim como nesta votação, isto é imposto com a cooperação e a submissão voluntária do Ocidente. 

Antes que as Nações Unidas, com seus blocos de votação autoritários, antidemocráticos, terminem de erradicar a civilização ocidental judaico-cristã, o que ela está claramente tentando fazer, vale dizer que já está mais do que na hora das democracias ocidentais saírem correndo, não simplesmente andando, antes que ela lhes cause ainda mais danos, como certamente promete fazê-lo. 

No último mês de agosto a UNESCO programou uma votação sobre o status histórico do Monte do Templo em Jerusalém e do adjacente Muro das Lamentações. Naquela época o autor deste artigo afirmou que o plano da UNESCO era negar o elo judaico ao mais importante de todos os lugares sagrados dos judeus, de jogar no lixo uma história que remonta milhares de anos e declarar que tanto o Monte quanto Muro são lugares islâmicos.

O Islã acredita que é eterno e consequentemente precedeu as outras duas grandes religiões monoteístas, o judaísmo e o cristianismo, muito embora tenha emergido para o mundo através de Maomé no século VII d.C, mas com o direito de destronar as duas religiões mais antigas.

As mentiras utilizadas pela UNESCO para reescrever a história, apagando todos os vestígios do judaísmo e do cristianismo em favor de uma fantasia extravagante do jihadismo islâmico já estavam em andamento em 2015. A UNESCO, fraudulentamente, renomeou dois milenares lugares bíblicos judaicos: o Túmulo de Raquel e o Túmulo dos Patriarcas − abracadabra − lugares islâmicos

Historicamente o Islã sequer existia até o século VII.

Esta é a história do Islã, como se apodera − tanto por meio da jihad violenta quanto da jihad light (usurpando a história, a migração "Hégira", infiltração política e cultural) e intimidação (jihad light com a ameaça velada da jihad violenta). O mais triste é que muitas vezes, assim como nesta votação, isto é imposto com a cooperação e a submissão voluntária do Ocidente.

O Túmulo dos Patriarcas em Hebron passa a ser de agora em diante, de acordo com esta organização altamente comprometida, teoricamente a "Mesquita Ibrahimi" e o Túmulo de Raquel em Belém se tornou a "Mesquita Bilal ibn Rabah", muito embora ela jamais poderia ter sido uma mesquita. Como diz o ditado, "chamar um gato de porco não o torna um porco".
A mais recente resolução da UNESCO de negar qualquer elo dos judeus ao Monte do Templo em Jerusalém, o mais central de todos os lugares sagrados judaicos, não foi a primeira que a organização tentou reescrever e falsificar, uma história que remonta milhares de anos. A UNESCO havia declarado anteriormente o Túmulo dos Patriarcas em Hebron (esquerda) como "Mesquita Ibrahimi" e o Túmulo de Raquel em Belém (direita) como a "Mesquita Bilal ibn Rabah". (imagens: Wikimedia Commons) 

Desta vez a nova mentira foi sancionada pela maior e mais irresponsável organização do planeta, cuja função é a de preservar lugares consagrados e não de distorcê-los.

Em 13 de outubro a notícia transmitida foi a de que a UNESCO havia aprovado, por maioria, esse estupro da história bíblica e arqueológica. Na terça-feira seguinte, a resolução foi aprovada pelo Conselho Executivo das Nações Unidas. Se a maioria da organização, no entanto, é formada por membros da Organização de Cooperação Islâmica (OIC, um bloco composto de 56 países islâmicos além da "Palestina", provavelmente o maior bloco da ONU), um resultado fraudulento como este não deveria causar nenhuma surpresa.

Um atraso anterior fora a oposição da diretora-geral da UNESCO, Irina Bokova, haviam despertado esperanças que esta atitude jihadista, bárbara, injusta e francamente de um chauvinismo arrogante poderia ser rejeitada. Mas não foi. Após a votação, Bokova emitiu um comunicado de grande impacto condenado-a, ressaltando entre outras coisas o seguinte:

"A herança de Jerusalém é indivisível e cada uma das suas comunidades tem o direito do reconhecimento explícito de sua história e relacionamento com a cidade. Negar, ocultar ou apagar qualquer uma das tradições, seja ela judaica, cristã ou muçulmana compromete a integridade do lugar e vai contra os desígnios que justificaram sua inscrição na lista do Patrimônio Mundial da UNESCO.

"Em nenhum lugar do mundo além de Jerusalém as heranças e tradições judaicas, cristãs e muçulmanas compartilham espaço e se entrelaçam a ponto de darem suporte umas às outras. Essas tradições culturais e espirituais têm como base de apoio textos e referências conhecidos por todos, que são parte intrínseca da identidade e história dos povos".

De agora em diante tanto o mundo dos cristãos quanto o dos judeus terão que lidar com as ramificações da resolução, a primeira delas é que todas as democracias teriam que ser racionais o suficiente para abandonarem imediatamente as Nações Unidas ou no mínimo parar de financiá-la, antes que ela lhes cause ainda mais danos, como certamente promete fazê-lo.

A resolução foi proposta inicialmente à UNESCO por sete estados muçulmanos (Argélia, Egito, Líbano, Marrocos, Omã, Qatar e Sudão em nome da Autoridade Palestina − todos macacos de auditório da OIC − em outubro de 2015. Qualquer órgão respeitável com autoridade para proteger os milenares lugares sagrados a teria rejeitado categoricamente e dado aos responsáveis uma resposta daquelas.

As Nações Unidas, pais da UNESCO, têm ao longo de muitos anos, gradativa e incessantemente se mostrado menos transparente, menos prestadora de contas e sem a mínima credibilidade − do desfalque de US$100 bilhões, jamais acionada a prestar contas em relação ao escândalo petróleo por alimentos exposto em 2004, aos "mantenedores da paz da ONU" que exigiam sexo de crianças em troca de alimentos, sua incessante, maquinada perseguição a um estado membro, no caso Israel, dando ao mesmo tempo aprovações ilimitadas aos mais suntuosos violadores de direitos humanos em outras nações.

Antes que as Nações Unidas, com seus blocos de votação autoritários, antidemocráticos, terminem de erradicar a civilização ocidental judaico-cristã, o que ela está claramente tentando fazer, vale dizer que já está mais do que na hora das democracias ocidentais saírem correndo, não simplesmente andando, da ONU.

Dos 195 Estados Membros da UNESCO, 35 nações são totalmente islâmicas, outras 21 são membros da Organização de Cooperação Islâmica e quatro são Estados Observadores da OIC. Isso significa que 60 nações representam um bloco favorável às resoluções de inspiração muçulmana e, no entanto, o Conselho da UNESCO é composto por apenas 58 membros. Esse conselho aprovou a Resolução 19 com 33 votos a favor, seis contra e 17 abstenções. Gana e Turcomenistão estavam ausentes. Apenas seis países votaram contra a resolução − EUA, Reino Unido, Alemanha, Holanda, Lituânia e Estônia. De forma reveladora, França, Espanha, Suécia, Rússia e Eslovênia estavam entre aqueles que a apoiaram. Não é difícil identificar a causa da maioria dos votos.

O Primeiro Ministro Benjamin Netanyahu rejeitou a decisão como mais uma resolução "absurda" da ONU:

"A UNESCO ignora o singular elo judaico com o Monte do Templo, o local de dois templos por 1.000 anos e o lugar para o qual os judeus oraram por milhares de anos... A ONU está reescrevendo uma parte fundamental da história humana, provando que não há profundeza de poço a que ela não possa descer".

Estão testando no limite a paciência dos judeus na Terra Santa.

A votação da UNESCO é apenas o mais recente exemplo do chauvinismo muçulmano conforme externado na demolição, redefinição e total expropriação dos lugares de culto, templos e outros edifícios ligados a outras religiões − invariavelmente religiões que precederam, e muito, o próprio Islã, incluindo o hinduísmo e budismo, bem como o judaísmo e o cristianismo. O processo começou no ano 630, dois anos antes da morte do Profeta Maomé, quando suas forças conquistaram sua cidade natal Meca. Em sua breve estadia, antes de retornar à Medina, ele ordenou que todas as 360 estátuas e imagens na Kaaba e também todas que estivessem em casas particulares fossem destruídas. A própria Kaaba, de longa data um centro de adoração pagã, foi transformada, da noite para o dia, na edificação mais importante da fé islâmica, a Quibla local para o qual os muçulmanos ainda se viram para orar cinco vezes ao dia. Ela se encontra no coração da Masjid al-Haram, a mesquita mais importante do mundo muçulmano.[1]

Os primeiros muçulmanos mais do que expropriaram a edificação para seus próprios propósitos. Eles criaram uma lenda para justificar a posse do lugar. [2]

Mas o Alcorão e a subsequente tradição muçulmana não se contentam em reescrever a história, tirando Abraão da Terra de Canaã, na longínqua Península Arábica. Eles metamorfosearam o próprio Abraão. De acordo com o Alcorão (3:67): "Abraão não era judeu (yahudian) nem cristão (nasranian) e sim um puro adorador de Deus (hanifan), em síntese, muçulmano..."

Isso faz parte de um empreendimento bem mais amplo. Na doutrina islâmica, toda religião verdadeiramente monoteísta, foi desde o início, somente o Islã. Assim, Adão foi o primeiro muçulmano e o primeiro profeta. Abraão era muçulmano e profeta. Moisés era muçulmano e profeta. Noé era muçulmano e profeta. Jesus era muçulmano e profeta. No início, todo mundo era muçulmano e todas as terras pertenciam ao Islã. No Alcorão, lê-se:

"Dize: Cremos em Deus, no que nos foi revelado, no que foi revelado a Abraão, a Ismael, a Isaac, a Jacó e às tribos, e no que, de seu Senhor, foi concedido a Moisés, a Jesus e aos profetas; não fazemos distinção alguma entre eles, porque somos, para Ele, muçulmanos".

Essa última frase diz nahnu lahu muslimun. A leitura pode ser entendida genericamente: "aqueles que se submetem a Deus", ou mais especificamente "nós somos muçulmanos."

A crença de que todas as verdadeiras religiões envolvem submissão a Deus e que, nesse sentido, toda verdadeira religião pode ser definida como "Islã" (literalmente "submissão"), pode ser entendida como uma declaração abrangente e unificadora, de uma verdade universal, sem prejuízo a ninguém, exceto "idólatras" como hindus e budistas.

Essa generalização foi logo esquecida quando os muçulmanos se viram competindo com seguidores de outras religiões: judeus em Medina, cristãos por todo o Império Bizantino e zoroastrianos no Irã. No início Maomé pregava sua religião em harmonia com os pontos de vista do "Povo do Livro", judeus e cristãos, que receberam de Deus suas próprias escrituras. Não muito tempo depois dele conquistar Medina, virou-se contra as três importantes tribos judaicas da cidade, expulsando duas e, em seguida, atacando a terceira, os Banu Qurayza, decapitando todos os homens e adolescentes do sexo masculino, tomando mulheres e crianças como escravas. Daí em diante, o Alcorão fica repleto de condenações aos judeus como povo e aos cristãos como corruptores das Escrituras Sagradas: "Ó fiéis, não tomeis por amigos os judeus nem os cristãos" (Alcorão 05:51)

Assim que os exércitos muçulmanos saíram em busca da conquista da Pérsia, Turquia, Grécia, Levante, todo o Norte da África, Bálcãs, Hungria, Polônia, seguiram logo conquistando Portugal, Andaluzia no sul da Espanha e outros territórios cristãos, toda a percepção de identidade com o povo do livro como, em certo sentido, companheiro muçulmano, foi por água abaixo, sendo substituído por um sentimento dhimmi em relação a eles, ou seja: submissão, cuja preservação das suas vidas e propriedades dependiam do pagamento de uma taxa de proteção (a jizya) e na concordância em viver como habitantes humilhados sob leis especiais de subjugação em terras governadas pelos califados islâmicos.

Uma das consequências desse relacionamento desigual foi a criação de inúmeras leis, incluindo vestimentas especiais com marcas de identificação que antecederam o compulsório uso da estrela de Davi amarela que os judeus foram obrigados a usar durante o Terceiro Reich de Hitler, isso sem falar que igrejas e sinagogas não poderiam ser fundadas, restauradas, reconstruídas ou ter algum tipo de destaque que pudesse competir com as mesquitas, também não poderia haver nenhum chamamento sonoro para as orações dos judeus ou dos cristãos.

Mais do que isso, a ocupação e transformação das terras de religiões anteriores − Pérsia, Turquia, Grécia, todo o Norte da África e grande parte da Europa Oriental − prosseguiram a todo vapor durante as irrefreáveis conquistas islâmicas. Em Jerusalém, duas estruturas foram erguidas no Monte do Templo (dando origem ao pedido de reconhecimento da UNESCO): a Mesquita de Al-Aqsa (Masjid al-Aqsa, "a Mesquita mais distante", embora ninguém tivesse a menor ideia de onde isso poderia ter sido, muito provavelmente na Arábia) e a Qubbat al-Sakhra, a Cúpula da Rocha, construída no lugar do suposto sacrifício de Abraão, não mais de Isaac mas agora de Ismael, progenitor dos árabes. Ambas foram construídas no primeiro século do Islã.

Não há nenhuma necessidade de listar todas as igrejas que foram transformadas em mesquitas durante os séculos seguintes. Mais notáveis são as igrejas de Hagia Sophia do Império Bizantino Cristão em Constantinopla, Eregli, Nicaea e Trebizond remodeladas em mesquitas após a conquista otomana em 1453.[3]

Nos dias de hoje, o Estado Islâmico destruiu ou transformou igrejas, santuários e outros monumentos (incluindo patrimônios muçulmanos) no Iraque e na Síria.

Devastação semelhante ocorreu sob diversos estados islâmicos na Índia, algo em torno de 2.000 templos hindus destruídos para dar lugar a mesquitas e outras estruturas muçulmanas, um destino parecido se abateu sobre outros.

Este extraordinário grau de fanatismo não é exclusividade do Islã (basta lembrar Oliver Cromwell e os puritanos na Inglaterra), mas no caso do Islã tem sido muito mais extenso e tem continuado por muitos séculos a mais.

É um puritanismo totalitário. A resolução de hoje contra a fé judaica deve ser colocada neste contexto.

Hoje, a Meca e a Medina do primeiro e segundo séculos da fé islâmica foram praticamente destruídas, não pelo Estado Islâmico ou por outra entidade radical mas pelo governo wahhabista saudita. Nas últimas duas décadas, os principais patrimônios históricos em Meca e Medina, todos relacionados à época do Profeta Islâmico Maomé e logo depois, foram destruídos ou desfigurados a ponto de nenhuma cidade ser mais reconhecível salvo a Kaaba, a Grande Mesquita em Meca e a Mesquita do Profeta em Medina. E as duas grandes mesquitas foram, elas próprias, ampliadas e modernizadas.[4]

A UNESCO colocou nomes muçulmanos em lugares judeus nas mãos muçulmanas no coração da capital de Israel, para tentar lentamente destruir o estado judeu. A UNESCO não engana ninguém.

Não irá demorar muito até que lugares sagrados cristãos e igrejas em Jerusalém, Belém e Nazaré também sejam entregues de bandeja para aplacar as forças do Islã, temerosos do que eles podem fazer não só no Oriente Médio mas na Europa e América do Norte, satisfeitos por ter alguém que finalmente tente eliminar aqueles judeus irritantes. Todos os países judaico-cristãos seriam racionais o suficiente se abandonassem as Nações Unidas ou no mínimo parassem de financiá-la... antes que seja tarde demais para eles também.

Denis MacEoin é Ilustre Colaborador Sênior do Gatestone Institute. Ele acaba de concluir o trabalho de um grande estudo sobre os interesses ocidentais em relação ao Islã.

[1] Consulte William Montgomery Watt, Muhammad at Medina, Oxford University Press, 1956, p. 69. Consulte também Yousef Meri, Ka'aba, Oxford Bibliographies Online Research Guide, Oxford University Press, 2011

[2] Há mais de uma versão deste conto, mas em linhas gerais é o seguinte: a Kaaba foi inicialmente construída pelo Profeta Adão com a ajuda dos anjos, em seguida, destruída no dilúvio de Noé e finalmente reconstruída pelo Profeta Abraão e seu filho Ismael. O próprio Alcorão apresenta a história sobre o papel de Abraão:


"Lembrai-vos que estabelecemos a Casa, (ou seja: a Kaaba) para o congresso e (local de peregrinação) local de segurança para a humanidade: Adotai a Estância de Abraão por oratório. E estipulamos a Abraão e a Ismael, dizendo-lhes: "Purificai Minha Casa, para os circundantes (da Kaaba), os retraídos, os que genuflectem e se prostram. E quando Abraão e Ismael levantaram os alicerces da Casa, exclamaram: Ó Senhor nosso, aceita-a de nós pois Tu és Oniouvinte, Sapientíssimo". (Alcorão 2: 125, 127)

[3] A antiga Catedral portuguesa de Tânger, agora a Grande Mesquita da cidade, a Basílica cristã de São João Batista, capturada em 634 e transformada na Grande Mesquita dos Omíadas, uma das mais antigas e considerada o quarto lugar mais sagrado do Islã, a pequena Basílica Católica de São Vicente de Lérins, após a conquista de Umayyad foi demolida para abrir caminho para a Grande Mesquita de Córdoba (restaurada como catedral, após a Reconquista em 1236). Sob os otomanos, igrejas em Chipre e na Hungria foram transformadas em mesquitas e quando colônias francesas ficaram independentes no século xx muitas igrejas foram transformadas em mesquitas, incluindo a Catedral St. Philip em Argel, a Cathédrale de Notre-Dame des Douleurs de Sept em Constantine (Argélia), a Catedral de Trípoli e a Catedral de Benghazi na Líbia.

[4] O gigantesco cemitério Jannat al-Baqi, que contém uma enorme quantidade de restos mortais da família de Maomé, companheiros mais próximos e os primeiros muçulmanos santos, foi destruído e todas as cúpulas e mausoléus viraram pó. Essa destruição seguiu as destruições anteriores perpetradas pelos wahhabis em 1906 e pelos ultra-wahhabis Ikhwanem 1925. Destas fazem parte as destruições dos túmulos dos mártires da batalha de Uhud e Hamza, tio do Profeta e defensor mais amado. Também a Mesquita de Fátima (filha de Maomé), a Mesquita de Manaratayn (as minaretes gêmeas) e a cúpula que marca o lugar onde se encontra enterrado o dente incisivo do profeta. Medina também é a casa da mulher etíope de Maomé, Mariam, onde seu filho Ibrahim nasceu, foi inteirinha pavimentada. Em Meca casa de sua primeira esposa, Cadija, primeira pessoa a quem ele divulgou sua missão, foi transformada em banheiros públicos. Em 1998, o túmulo da mãe do Profeta, Amina bint Wahb, foi destruído em Abwa e depois incendiado com gasolina.
Por: Denis MacEoin 10 de Novembro de 2016
Tradução: Joseph Skilni Do site: https://pt.gatestoneinstitute.org


domingo, 4 de dezembro de 2016

DONALD TRUMP E A VOLTA DO ANTIAMERICANISMO EUROPEU

- A desaprovação europeia em relação a Trump vai muito além de um simples descontentamento com o próximo presidente. A condenação revela um profundo desprezo para com os Estados Unidos e pelos eleitores americanos que elegeram democraticamente um candidato comprometido em restabelecer o poder econômico e militar norte-americano.


- A principal causa da desordem mundial é a falta da liderança americana tanto em casa quanto no exterior. Uma série de decisões irresponsáveis tomadas por Obama com o objetivo de reduzir a influência militar norte-americana no exterior criou um vazio de poder geopolítico que está sendo ocupado por países e ideologias inerentemente hostis aos interesses e valores do Ocidente.

- Nas últimas sete décadas os Estados Unidos gastaram centenas de milhões de dólares todos os anos para assegurar a segurança alemã, apesar da Alemanha se recusar terminantemente em honrar uma promessa feita à NATO de contribuir com um mínimo de 2% do PIB em gastos para a defesa. Os alemães agora estão ofendidos porque Trump está pedindo que contribuam com a sua cota para a sua própria defesa.

- Muito embora os tropeços da política externa do presidente Obama tivessem feito com que a Europa ficasse muito menos segura do que há oito anos, as elites europeias têm ignorado os equívocos de Obama porque ele é um "globalista" que, ao que tudo indica, favorece a recriação dos Estados Unidos na imagem europeia. Trump, pelo contrário, é um nacionalista que quer reconstruir os Estados Unidos na imagem americana, não na europeia.

- É líquido e certo que o antiamericanismo europeu irá crescer nos próximos anos, não por causa de Trump ou de suas políticas, mas porque os "globalistas" parecem estar desesperados para salvar a fracassada União Europeia, uma alternativa não-transparente, que não presta contas, anti-democrática, destituidora da soberania se comparada com o estado-nação.
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O antiamericanismo europeu - que estava em declínio durante a presidência de Barack Obama, que dirigiu os Estados Unidos em um curso priorizando o globalismo em vez do nacionalismo - está de volta e com espírito vingativo.

Os meios de comunicação europeus receberam a vitória eleitoral de Donald Trump com um amargor não observado desde a presidência de George W. Bush, quando o antiamericanismo na Europa estava no auge.

Desde a eleição americana ocorrida em 9 de novembro a televisão, o rádio e a mídia impressa europeia vêm produzido uma avalanche de notícias negativas, editoriais e comentários espumando de raiva no tocante ao resultado da votação.

A desaprovação europeia em relação a Trump vai muito além de um simples descontentamento com o próximo presidente. A condenação revela um profundo desprezo para com os Estados Unidos e pelos eleitores americanos que elegeram democraticamente um candidato comprometido em restabelecer o poder econômico e militar norte-americano.

Se o passado for um indício de como será o futuro, o antiamericanismo europeu terá o atributo de permeabilizar as relações transatlânticas durante a presidência de Trump.

A despeito dos formadores de opinião europeus terem dirigido muito o foco de sua indignação na ameaça que Trump hipoteticamente representa para a ordem mundial, o presidente eleito irá herdar um mundo significativamente mais caótico e inseguro do que quando Obama se tornou presidente em janeiro de 2009.

A principal causa da desordem mundial é a falta da liderança americana - liderar na retaguarda - em casa e no exterior.

Uma série de decisões irresponsáveis tomadas por Obama com o objetivo de reduzir a influência militar norte-americana no exterior criou um vazio de poder geopolítico que está sendo preenchido por países e ideologias inerentemente hostis aos interesses e valores do Ocidente. China, Rússia, Irã, Coreia do Norte e o Islã radical - além de muitos outros fatores - têm sido encorajados a desafiar os Estados Unidos e seus aliados impunemente.

As elites europeias têm se mantido caladas em face aos fracassos da política externa de Obama e agora estão atacando Trump por ele se comprometer em restabelecer a ordem "fazendo a América grande novamente".

Assim como ocorreu durante a administração Bush, o anti-americanismo na Europa é mais uma vez conduzido pela Alemanha, um país que foi efetivamente reconstruído pelos Estados Unidos após a Segunda Guerra Mundial. O Plano Marshall concedeu à Alemanha Ocidental cerca de US$ 1,5 bilhão (US$15 bilhões atualizados para 2016) entre 1948 e 1951 em ajuda para a reconstrução do país.

Nas últimas sete décadas os Estados Unidos gastaram centenas de milhões de dólares todos os anos para assegurar a segurança alemã, apesar da Alemanha se recusar terminantemente em honrar uma promessa feita à NATO de contribuir com um mínimo de 2% do PIB em gastos para a defesa. A Alemanha gastou apenas 1,16% do PIB para a sua própria defesa em 2015 e 1,15% em 2016. As autoridades alemãs estão ofendidas porque Trump está pedindo que a Alemanha contribua com a sua cota para a sua própria defesa.

Abaixo uma pequena amostra dos recentes comentários europeus sobre Donald Trump e sobre os Estados Unidos:

Na Alemanha a revista Der Spiegel com sede em Hamburgo, uma das publicações de maior circulação na Europa, publicou na capa a imagem de um meteoro gigante na forma da cabeça de Trump avançando contra a terra. A manchete diz: "O Fim do Mundo (Como Nós O Conhecemos). A reportagem inclui mais de 50 páginas sobre o assunto, incluindo um artigo de Dirk Kurbjuweit com o seguinte título: "Cem Anos de Medo: Os Estados Unidos Abdicaram da Liderança do Ocidente."Ele ressalta:


"Por 100 anos os Estados Unidos foram o líder do mundo livre. Com a eleição de Donald Trump a América abdicou desse papel. Chegou a vez da Europa e de Angela Merkel preencher o vazio..."

"Trump que não quer nada com a globalização, Trump que prega o nacionalismo americano, o isolamento, a retirada parcial do comércio mundial e zero de responsabilidade quanto a um problema global como a mudança climática..."

"Estamos agora diante do vazio - o medo do vazio. O que irá acontecer com o Ocidente, com a Europa, com a Alemanha sem os Estados Unidos com seu poder de liderança?"


Na Alemanha a revista Der Spiegel, uma das publicações de maior circulação na Europa, publicou na capa a imagem, após a vitória eleitoral de Donald Trump, de um meteoro gigante na forma da cabeça de Trump avançando contra a terra. A manchete diz: "O Fim do Mundo (Como Nós O Conhecemos)".




No artigo, "A Vitória de Trump Marca o Início de uma Perigosa Instabilidade", o comentarista Roland Nelles da revista Spiegel assinalou:

"Isso realmente aconteceu. Ele conseguiu. Donald Trump provou que todos os especialistas estavam errados... Um homem que... prega o ódio e despreza os parceiros mais importantes dos Estados Unidos irá dirigir o país mais poderoso da terra. É uma catástrofe política."

"O populismo grosseiro triunfou sobre a razão. O sucesso de Trump é um choque para todos aqueles que contavam com o discernimento político dos eleitores americanos..."

"O mundo e a América estão agora ameaçados por uma perigosa fase de instabilidade: Donald Trump quer fazer a América 'grande' novamente. Se acreditarmos nesses pronunciamentos, ele irá proceder de maneira implacável: ele quer expulsar do país 11 milhões de migrantes, renegociar todos os acordos comerciais mais importantes e cobrar dos maiores aliados como a Alemanha pela proteção militar americana. Isso irá desencadear conflitos significativos, incitar novas rivalidades e estimular novas crises".

No editorial "Um Presidente Absurdo e Perigoso", o cronista Klaus Brinkbäumer da revista Spiegelrealçou:

"Os Estados Unidos votaram em um homem perigosamente inexperiente e racista − alguém que foi levado para a Casa Branca por um exército de trabalhadores brancos marginalizados e americanos de classe média. É um gesto que ameaça a democracia em todo o mundo..."

"Em outras palavras 60 milhões de americanos agiram de maneira insensata. Eles votaram a favor da xenofobia, do racismo e do nacionalismo, do fim da igualdade de direitos e da consciência social, do fim de tratados sobre o clima e seguro saúde. Sessenta milhões de pessoas foram atrás de um demagogo que pouco vai fazer por eles."

"Aqueles que viveram em Nova Iorque ou estiveram presentes em conversas em jantares em Georgetown e em debates na Kennedy School of Government da Universidade de Harvard, sabem como brilhantemente inteligentes e cosmopolitas os americanos podem ser... Quando você sai desses círculos, esse modo de pensar cosmopolita não é tão difundido assim".

O jornal Süddeutsche Zeitung, de Munique publicou um artigo com o título "Política Externa de Trump: O Que Esta Eleição Significa para o Mundo", no qual afirma:

"O homem que os políticos ao redor do mundo classificam de 'assustador', 'ignorante' e 'irracional' vai se mudar para a Casa Branca. A incerteza nos quatro cantos da terra é muito grande. Se fossem acreditar nos cartunistas, a concepção de mundo de Donald Trump é deveras simplista. A África é o lugar de nascimento de Barack Obama. A Rússia é um país que ficou grande novamente. A Grã-Bretanha é uma zona proibida."

O artigo "Trump e Como Ele Vê o Mundo" no jornal Die Zeit de Hamburgo assinalou:

"Uau. O Ocidente desmorona diante de nossos olhos. O que está acontecendo aqui pode ser explicado por dados: em 9 de novembro de 1989 o muro de Berlim caiu... Em 9 de novembro de 2016 exatamente 27 anos depois um homem foi eleito para a Casa Branca, cuja principal promessa eleitoral foi a de construir um muro.

"As ideias do novo presidente não são nem contraditórias nem confusas. Suas exigências podem ser facilmente resumidas na tampa de uma garrafa de cerveja: integrar Putin, proibir a entrada de mexicanos e tratar os aliados americanos como clientes de um serviço de segurança. Só haverá proteção se ela for paga em dinheiro vivo, mesmo no caso da OTAN."

Na crônica "O fim do Iluminismo", o ensaísta Adrian Daub da revista semanal Zeit ressaltou:

"Donald Trump é um remanescente de uma América que está morrendo... Ele transformou o país de farol multicultural em uma ilha isolada de pessoas brancas que têm medo da própria sombra.

"A concepção do excepcionalismo americano, o farol, já estava presente quando da fundação da nação americana... A ideia de radiância americana é uma das ideias do Iluminismo que vieram da Europa para as colônias. Ideias como valores universais ou a do ser humano em busca da verdade.

"A eleição de Trump significa o fim deste projeto. Os Estados Unidos já não são mais um farol, mas um fogo flamejante de sombras cansadas, armadas até os dentes. Não resta nenhum vestígio de seu caráter prototípico, da sua imitabilidade. É desafiador, fechado para o mundo. O nacionalismo do isolacionismo... o tumulto do tribalismo... estão balançando as bases do Iluminismo."

"Os Estados Unidos mantiveram os valores do Iluminismo - humanismo, uma imagem otimista do ser humano, da dignidade humana e dos direitos civis - quando a Europa se desviou nos anos trinta. Usou o humanismo como arma na luta contra o fascismo, a sua universalidade como contrapartida ao nacionalismo e com a sua reimportação após a Segunda Guerra Mundial contribuiu para o restabelecimento do projeto europeu. Hoje esses valores, mais uma vez, correm perigo na Europa, mas a maneira de ver as coisas do outro lado do Atlântico não será mais tranquilizadora a partir de janeiro".


Na Grã-Bretanha o jornal Guardian publicou o seguinte editorial: "Como o Guardian vê a Política Externa de Trump: Uma Ameaça à Paz", ressaltando:

"A vitória de Donald Trump quebra a noção de que os aliados podem contar com os EUA não só no tocante às garantias de defesa e cooperação econômica, mas até como defensor da democracia liberal e não uma ameaça a ela. Ele coloca em dúvida o tradicional papel dos Estados Unidos como protetor de uma arquitetura global do multilateralismo tendo a ONU como sustentáculo..."

"Para Donald Trump, a política - assim como os negócios − gira em torno de acordos. Ele acredita que a conversa de homem para homem com ditadores pode instantaneamente resolver problemas e aborda as relações exteriores como um jogo de soma zero, no qual fazer a América grande pode significar desprestigiar seus amigos tradicionais. Sua eleição torna o mundo um lugar mais perigoso e também um lugar mais imprevisível, por ser ainda muito cedo para avaliar com precisão como esses perigos irão se materializar − ou como o próximo presidente dos EUA irá enfrentá-los."

No ensaio: "A vitória de Trump foi a Vitória da Intolerância", o colunista Owen Jones do jornal Guardian assinalou:

"Espere um pouco: que direito tenho eu como britânico de interferir nos assuntos internos de um país estrangeiro? O problema é que agora o mundo inteiro está sujeito às ordens do líder da última superpotência. Estamos todos, de certa maneira, sob o seu domínio...

"O trumpismo é, por natureza, um movimento autoritário que considera as normas democráticas desnecessárias se elas não servirem para seus fins políticos. A aspiração - factível ou não - é clara: sociedades autoritárias, como a Rússia de Putin, a Turquia de Erdoğan e a Hungria de Orbán mantêm certos adereços democráticos para servirem de fachada.

"Se o povo americano simplesmente aceitar a legitimidade desse presidente e se conformar com este futuro tirano, ele (povo) só irá encorajá-lo... A desobediência civil deve ser empregada sempre que necessário. Não basta fazê-lo só por você mesmo, América. O destino do resto do mundo será determinado por suas opções".

Mais exemplos de manchetes britânicas: "Será que Donald Trump irá destruir a América?","Por Que o Presidente Donald Trump é um Desastre Ainda Maior do que se Imaginava","A Vitória de Donald Trump é um Desastre para os Valores Liberais","A vitória de Donald Trump é um Desastre para a Masculinidade Moderna","Especialistas em Privacidade Temem pela Rede de Vigilância Global Dirigida por Donald Trump ","O Assustador Trump irá se Transformar em Trump Domesticado? Pura Ilusão","A Atração Magnética de Trump, Rei Narcisista","Será que por Causa de Donald Trump os Almoços nas Escolas Ficarão Insalubres? Médicos Alertam que a Propensão do Presidente Eleito em Comer Hambúrguer e Frango Frito Poderá Chegar às Bandejas Escolares","Na Época Trump, Para Que Ensinar os Estudantes a Argumentarem com Lógica?, "e "Acredita-se que Donald Trump Seja Descendente Direto de Rurik, o Viking que Fundou o Estado Russo".

Na Espanha, onde o antiamericanismo predominou por muitas décadas, o jornal El Paíspublicou o ensaio: "Declaração de Guerra Contra a Estupidez", que mostra o desprezo que muitos europeus têm pelos americanos comuns. O ensaísta de longa data do jornal, John Carlin, salientou:


"A vitória de Trump representa uma rebelião contra a razão e a decência É o triunfo do racismo ou da misoginia ou da estupidez − Ou todas as três coisas ao mesmo tempo. É a expressão da falta de discernimento e mau gosto de 60 milhões de americanos, cuja grande maioria, homens e mulheres de pele branca que possuem casas, carros, armas de fogo e comem mais do que os cidadãos de qualquer outro país do planeta.

"É aqui que se vê com perfeita clareza a estupidez, a futilidade e a irresponsabilidade dos que votaram em Trump. Todos os defeitos de Clinton são triviais em comparação com os de Trump, cuja ignorância, princípio zero e zero de experiência em governança vêm acompanhados de todas as formas de imoralidades pessoais que qualquer um em seu juízo perfeito, em qualquer latitude do planeta, considera deplorável.

"Conheço o tipo que votou em Trump. Eu os conheci quando fiz reportagens no Texas, Montana, Arizona, Oklahoma, Alabama e outros estados tipicamente republicanos. Eles tendem a ser pessoas gentis, religiosas e honestas, decentes em suas reduzidas órbitas sociais. Mas, depois de sentar e conversar com eles por algum tempo, eu sempre reagi com a mesma perplexidade: como é possível falarmos a mesma língua? Estou familiarizado com as palavras deles, mas os seus circuitos cerebrais funcionam de forma diferente. Eles são pessoas de fé simples, desconhecem a ironia, pessoas que escolhem as suas verdades não baseadas em fatos, mas em suas crenças ou preconceitos, pessoas que vivem longe do mar e do restante do planeta Terra, do qual eles têm medo. Eu nunca experimentei uma sensação semelhante de desconexão com a realidade na Europa, África ou na América Latina. Somente no interior dos Estados Unidos".

Na Áustria o jornal Kronen Zeitung publicou uma manchete com o título: "Maleta Nuclear: em 72 Dias Trump Poderá Aniquilar a Civilização". Também na Áustria, o Kurier publicou uma reportagem intitulada: "Vitória de Trump: Bom para Centros de Valorização da Vida. "Na França, o jornal Libération destacou Trump na capa com os dizeres: "Psicopata Americano". Outra manchete dizia: "Estados Unidos: O Império do Pior". L'Obs perguntou: "Com Trump, Será o Início da Desglobalização?" O Le Figaro assinalou: "Donald Trump: De Palhaço a Presidente, "e" Europa Paralisada pelo Choque Trump". O Le Monde escreve: "A Vitória de Donald Trump: Um Brexit para a América". Na Holanda o Telegraaf ressaltou: "Trump é um Pesadelo para a Europa".

Como interpretar o ressurgimento do sentimento antiamericano na Europa?

Muito embora os tropeços da política externa do presidente Obama, especialmente os no Oriente Médio, fizessem com que a Europa ficasse muito menos segura do que há oito anos, as elites europeias têm ignorado os equívocos de Obama porque ele é um "globalista" que ao que tudo indica, favorece a recriação dos Estados Unidos na imagem europeia. Trump, pelo contrário, é um nacionalista que quer reconstruir os Estados Unidos na imagem americana, não na europeia.

É líquido e certo que o antiamericanismo europeu irá crescer nos próximos anos, não por causa de Trump ou de suas políticas, mas porque os "globalistas" parecem estar desesperados para salvar a fracassada União Europeia, uma alternativa não-transparente, que não presta contas, anti-democrática, destituidora da soberania se comparada com o estado-nação.

Os europeus têm, recorrentemente, superestimado sua capacidade de fazer uma Europa fragmentada atuar como um único ator coeso. A bem da verdade, o antiamericanismo é uma ideologia poderosa que usufrui de enorme apelo em toda a Europa - não apenas no âmbito das elites.

No passado os federalistas europeus tentaram fazer do antiamericanismo a base de uma nova identidade pan-europeia. Esta "cidadania" pós-moderna, artificial, europeia que exige fidelidade a um super-estado burocrático sem rosto com sede em Bruxelas, tem sido apresentada como alternativa globalista ao nacionalismo dos Estados Unidos. Essencialmente, ser "europeu" significa não ser americano.

À medida que a União Europeia se transforma em uma instituição em frangalhos, espera-se que o establishment político da Europa tente explorar o antiamericanismo numa tentativa desesperada de usá-lo como elemento aglutinador, a fim de manter unida uma Europa fragmentada.

O resultado, seja ele positivo ou não, depende, ironicamente, do presidente eleito dos EUA Donald Trump. Se ele conseguir mostrar que é capaz de governar os Estados Unidos e produzir resultados tangíveis, especialmente através do crescimento da economia e contendo a imigração ilegal, Trump com certeza irá dar novas forças aos políticos anti-establishment da Europa, muitos dos quais já estão se saindo bem nas pesquisas de opinião para as próximas eleições gerais.

Ao tecer comentários sobre a vitória de Trump, o parlamentar holandês Geert Wilders ressaltou: "os Estados Unidos acabam de se libertar do politicamente correto. Os americanos expressaram o desejo de continuarem sendo um povo livre e democrático. Agora é a vez da Europa. Podemos e faremos o mesmo"!


Soeren Kern é colaborador sênior do Gatestone Institute sediado em Nova Iorque. Ele também é colaborador sênior do European Politics do Grupo de Estudios Estratégicos / Strategic Studies Group sediado em Madri. Siga-o no Facebook e no Twitter 
1 de Dezembro de 2016
Tradução: Joseph Skilnik Do site:https://pt.gatestoneinstitute.org

sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

OS TEMPOS DE HOJE, COMO NOS TEMPOS DE ROMA

É impossível não relacionar a decadência moral do Império Romano à fragilidade dos costumes apregoados pela modernidade.

Olhar para alguns capítulos mais distantes da história pode ser ocasião para grandes aprendizados: a lição dos heróis e dos gigantes de outros tempos pode indicar-nos a direção a trilhar enquanto, por outro lado, as imprevisões e erros antigos aconselham ao homem moderno qual caminho não tomar.

A história da Roma Antiga tem suas páginas memoráveis – e isto comprovam tanto os belos monumentos artísticos produzidos na época quanto as importantes obras arquitetônicas que uniam um extremo ao outro do Império. O próprio ambiente de pax romana que surgiu ao alvorecer do primeiro milênio foi o que possibilitou aos habitantes da Cidade Eterna granjear relativa estabilidade e tranquilidade, além de presenciar a expansão da religião cristã, cuja semente só caiu em terreno fértil porque aquela era, no dizer de São Paulo, "a plenitude dos tempos" (Gl 4, 4).

Ao mesmo tempo, porém, à narrativa de alguns costumes decadentes no Império Romano é impossível não relacionar a fragilidade moral dos tempos atuais. Enquanto Jesus nascia, em Belém, na Palestina, o ambiente que o circundava era repleto das mais terríveis maldades, práticas que, infelizmente, o homem contemporâneo tem descido para recuperar, precipitando a civilização em uma nova – e mais devastadora – ruína.

E as semelhanças não são poucas, a começar pela excessiva intervenção do Estado na vida dos indivíduos. O historiador francês Daniel-Rops avalia: "Em todos os tempos e países, a substituição das tendências naturais do homem pela vontade do Estado é sempre um indício de decadência. Um povo está muito doente quando, para viver honestamente e ter filhos, necessita de prêmios ou de regulamentos" [1].

Em Roma, "uma massa popular mais ou menos ociosa, formada por camponeses desenraizados, trabalhadores autônomos agora privados de trabalho, escravos libertos e estrangeiros cosmopolitas" formou um terreno fértil para o parasitismo estatal:

"O antigo romano, tão sólido no seu trabalho, torna-se o 'cliente', o parasita, a quem a 'espórtula' remunera uma fidelidade suspeita. Os imperadores têm de contar com esta plebe lamentável e por isso a rodeiam de atenções. Mas um povo não se habitua à mendicidade e à preguiça sem que a sua alma seja atingida. Em breve a covardia e a crueldade andarão de mãos dadas com o vício, e o vício, como diz a sabedoria popular, é a mãe de todos os males. Já não há quem queira combater nas fronteiras, como não há quem queira trabalhar a terra. E assim aquela imensa multidão, para se distrair, irá procurar nos jogos do circo os prazeres que acabam por degradar a sensibilidade humana." [2]

Muitos dos nossos contemporâneos têm substituído a livre iniciativa, os seus próprios sonhos e projetos, para viver à custa do Estado, granjeando benefícios sem passar pelo fardo duro do trabalho; têm preferido a medíocre política panem et circenses a uma vida de batalha diária na família, no trabalho ou nos estudos - uma vida de sacrifícios, sim, mas de muito maior e mais nobre valor moral.

Ao lado desta dependência lamentável do Estado, é crescente o drama de uma sociedade estéril. Vários países europeus, para conter o "inverno demográfico", veem-se obrigados a dar incentivos à sua população para que ela queira ter filhos. O antinatalismo hoje reinante na Europa é, pouco a pouco, exportado para os países subdesenvolvidos, fazendo com que as famílias diminuam o número de seus filhos aos limites de seu egoísmo. Há até um lobby a nível mundial comprometido com a redução em massa da população do planeta.

Este lobby, pesadamente financiado por grandes organizações internacionais, não se contenta em distribuir à população os instrumentos para a contracepção artificial, transformando o sexo em um "parque das diversões", como também procura implantar, em todo o mundo, o chamado "aborto livre e seguro". Como causa e consequência disto está o grande número de mulheres que procuram clínicas para assassinar seus próprios filhos.

Qualquer semelhança com o decadente Império Romano não é mera coincidência. "Uma inscrição do tempo de Trajano dá-nos a conhecer que, de cento e oitenta e um recém-nascidos, cento e setenta e nove são legítimos, e destes, apenas trinta e cinco são meninas, o que prova suficientemente a facilidade com que as pessoas se desembaraçavam das meninas e dos filhos naturais" [3].

Ao fundo de tudo isto, estava a cegueira de um povo que, ludibriado pelas benesses estatais, divinizava seu imperador. "O culto imperial não cessará de crescer ao longo dos dois primeiros séculos. Todos os sucessivos senhores do Império o estimularão (...) por verem nele, em última análise, uma forma de lealismo e a expressão visível da dedicação dos súditos ao seu senhor" [4].

Se é verdade que o culto a personalidades políticas é bem evidente em países que sofreram com a dominação socialista, todavia o que mais se assemelha à pretensão romana de uma religião universal é, sem dúvida, o projeto globalista new age. Em uma das conferências do Milênio promovidas pela ONU, em 2000, organizou-se uma coalizão chamada United Religions Initiative["Iniciativa das Religiões Unidas"], cujo propósito é nada menos que "superar as religiões dogmáticas" [5], rumo à ereção de uma nova religião universal.

É claro que esta pretensão internacionalista não pode conviver pacificamente com a religião cristã, essencialmente dogmática, assim como a comunidade dos primeiros seguidores de nosso Senhor representava um verdadeiro insulto ao culto ao Imperador. Novamente, o poder maligno da Besta, narrado no Apocalipse de São João, manifesta-se em toda a sua impiedade e malvadeza. Nunca se viu tanto esforço para emular a decadência de um Império.
Por Equipe Christo Nihil Praeponere Do site:https://padrepauloricardo.org