domingo, 4 de junho de 2017

MANCHESTER: A EUROPA AINDA ESTÁ "CHOCADA, CHOCADA"

- Depois de tomarem conhecimento do ataque terrorista em Manchester, os políticos mais uma vez emitiram comunicados, conforme a já antiga rotina de estarem "chocados" e "abalados" com o resultado previsível de suas próprias políticas.


- A manifestação mais assombrosa de todas foi a da chanceler alemã Angela Merkel que disse estar assistindo os acontecimentos em Manchester "com tristeza e horror" e que achava o ataque "incompreensível".

- Toda vez que um líder europeu endossa publicamente o Islã como uma grande religião, a "religião da paz" ou afirma que a violência no Islã é uma "perversão de uma grande fé", apesar de incalculáveis provas em contrário, eles sinalizam de forma claríssima que a cada ataque devastador, o Ocidente está pronto para tomar mais uma pancada.
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Quando o ISIS atacou a Casa Noturna Bataclan em Paris em novembro de 2015, segundo suas próprias palavras, foi porque "centenas de pagãos se aglomeravam em um concerto de prostituição e imoralidade". Um ano antes, o ISIS havia banido todo e qualquer tipo de música por ela ser Haram (proibida). Inúmeros estudiosos do Islã defendem a ideia segundo a qual o Islã proíbe a música pecaminosa do Ocidente.

Dito isto, não deveria ter causado nenhuma surpresa os terroristas islâmicos terem atacado um concerto da cantora pop americana Ariana Grande em Manchester em 22 de maio. Além disso, o Departamento de Segurança Nacional dos EUA já havia alertado em setembro passado, que os terroristas estavam dirigindo o foco para concertos, eventos esportivos e passeios ao ar livre, porque esses lugares "frequentemente facilitam a realização de atentados, são simples de cometer com ênfase ao impacto econômico e causam um número enorme de baixas".

O Estado Islâmico assumiu a responsabilidade pelo atentado suicida em Manchester, no qual foi detonado um dispositivo atado ao corpo do terrorista, repleto de parafusos e pregos. Vinte e duas pessoas, crianças e adultos, foram assassinadas na explosão detonada na área do concerto em Manchester. Mais de 50 pessoas ficaram feridas. A mídia descreve o uso de bombas recheadas de pregos em salas de espetáculos como uma tática nova e surpreendente, na verdade ela é bem antiga, usada durante décadas por terroristas árabes contra os israelenses.

Um policial monta guarda nos arredores da Manchester Arena em 23 de maio de 2017, após o atentado suicida perpetrado por um terrorista islâmico que matou 22 pessoas que haviam ido ao show. (Foto: Dave Thompson/Getty Images)


No entanto, depois de tomarem conhecimento do ataque terrorista em Manchester, os políticos mais uma vez emitiram comunicados, conforme a já antiga rotina de estarem "chocados" e "abalados" com o resultado previsível de suas próprias políticas. Os velhos chavões de "corações e mentes" estarem com as vítimas do ataque, vieram juntamente com as manifestações de choque.

O presidente da Comissão Europeia Donald Tusk, tuitou: "meu coração está em Manchester esta noite, nossas reflexões estão com as vítimas". O líder do partido britânico Liberal Democrats, Tim Farron condenou o ataque "chocante e horrível". A Secretária do Interior britânico Amber Rudd disse que foi um "incidente trágico", enquanto o líder do Partido Trabalhista, Jeremy Corbyn, disse que foi um "terrível incidente". O primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau disse que os cidadãos de seu país ficaram "chocados com a notícia do terrível ataque em Manchester esta noite". A manifestação mais assombrosa de todas foi a da chanceler alemã Angela Merkel que disse estar assistindo os acontecimentos em Manchester "com tristeza e horror" e que achava o ataque "incompreensível".

Após o ataque do 11 de setembro nos Estados Unidos, os atentados ao trem de Madri de 2004 que mataram cerca de 200 pessoas e feriram outras 2000, os ataques de 2005 ao sistema de transportes de Londres onde 56 pessoas foram mortas e 700 ficaram feridas, os ataques de 2015 em Paris onde o ISIS matou 130 pessoas e feriu cerca de 400, os ataques de março de 2016 ao aeroporto de Bruxelas e à estação de metro onde 31 pessoas foram mortas e 300 ficaram feridas, o atentado de julho de 2016 em Nice onde 86 pessoas, incluindo dez crianças, foram mortas e mais de 200 ficaram feridas, o ataque de dezembro de 2016 em Berlim onde 12 pessoas foram mortas e quase 50 ficaram feridas, o ataque de março de 2017 contra Westminster que matou três pessoas e feriu mais de 20, o ataque de abril de 2017 em Estocolmo onde foram mortas 5 pessoas, incluindo uma menina de 11 anos de idade, isso sem falar dos incontáveis ataques desferidos em Israel, os líderes ocidentais não têm mais desculpas cabíveis para ficarem chocados e surpresos com o terrorismo islâmico que ocorre em suas cidades, cada vez com maior frequência.

Todos os ataques acima mencionados são apenas os espetaculares. Houve inúmeros outros, às vezes à razão de vários ataques ao mês, que mal fizeram manchetes, como o muçulmano que, há pouco mais de um mês, torturou e esfaqueou uma judia de 66 anos em Paris gritando "Allahu Akbar" jogando-a pela janela, ou o carnífice do aeroporto de Paris em março, que veio "morrer por Alá" e cumpriu seu objetivo sem, milagrosamente, ter levado nenhum transeunte inocente consigo.

Após a gritante e estarrecedora atrocidade terrorista ocorrida no Reino Unido, que visava flagrantemente o coração da civilização democrática europeia, visando as Casas do Parlamento e a Ponte de Westminster, a primeira-ministra britânica Theresa May ressaltou: "é equivocado descrever isso como terrorismo islâmico. Trata-se de terrorismo islamista e a perversão de uma grande fé".

É impossível lutar contra o que você se recusa a entender ou a reconhecer, mas, de novo, os líderes europeus parecem não ter a menor intenção de lutar, pois evidentemente escolheram uma tática totalmente diferente, a do apaziguamento.

Toda vez que um líder europeu endossa publicamente o Islã como uma grande religião, uma "religião da paz" ou afirma que a violência no Islã é uma "perversão de uma grande fé", apesar de incalculáveis provas em contrário - os verdadeiros conteúdos violentos do Alcorão e dos hádices, que exortam recorrentemente a luta contra os "infiéis" - eles sinalizam de forma claríssima para organizações como o ISIS, Al Qaeda, Boko Haram, Hisbolál e Hamas, que a cada ataque devastador, o Ocidente está pronto para tomar mais uma pancada. As organizações terroristas e seus apoiadores veem o medo dos líderes europeus de causarem a mínima ofensa, apesar de protestos em contrário de líderes como Theresa May.

O medo vem acompanhado de persistente determinação de fazer de conta, a qualquer custo - ainda que seja às custas das vidas de seus cidadãos - que a Europa não está em guerra, muito embora esteja indubitavelmente claro que outros estão em guerra com ela.

Estas organizações terroristas se dão conta disso quando ministros em países como a Suécia, onde segundo boletins notícias, 150 combatentes do ISIS voltaram ao país, andam livremente, propõem a integração dos jihadistas do Estado Islâmico na sociedade sueca - como solução para o terrorismo! -- não vai requerer muito esforço para que esses líderes sucumbam completamente, como a Suécia praticamente já sucumbiu. Esta "solução" só pode funcionar para incentivar os terroristas a levarem a cabo ainda mais atos terroristas - como é contundentemente evidente pela crescente frequência de ataques terroristas em solo europeu.

Enquanto políticos europeus, inacreditavelmente, acreditam que as suas táticas estão impedindo o terrorismo, eles estão na realidade fortalecendo-os o máximo possível: os terroristas não reagem de forma positiva à genuína compreensão, ursos de pelúcia e vigílias à luz de velas. Na realidade, sem dúvida, os torna mais enojados com a sociedade ocidental, que eles querem transformar em um califado regido pela Lei Islâmica (Sharia).

Parece que os políticos negligenciam o tempo todo o objetivo islamista de instituir o califado. O terrorismo islâmico não é uma "violência insensata" e sim um terrorismo inequivocamente calculado para forçar a derradeira submissão da sociedade alvo. Até agora, com o Ocidente inerte e em estado de negação, os terroristas, ao que tudo indica, estão vencendo.Por Judith Bergman escritora, colunista, advogada e analista política.29 de Maio de 2017
Tradução: Joseph Skilnik  Do site: https://pt.gatestoneinstitute.org


sábado, 3 de junho de 2017

O Que é MATRIX ?

O que é Fascismo

O OCIDENTE OBCECADO PELO GÊNERO SE PREPARA PARA A ASCENSÃO DO ISLÃ

- Autoridades francesas impuseram aos alunos livros ridículos como Papai Usa Vestido. Seria engraçado se os anos seguintes não tivessem sido tão trágicos. O que de fato acabou com essas ilusões francesas foi o terrorismo islâmico.


- O único inimigo que essas elites francesas conheciam eram os privilégios patriarcais, uma vez que para elas o "domínio" era empreendido somente pelos homens brancos europeus.

- A obsessão com gênero é uma forma conveniente de desviar a atenção para evitar ter que enfrentar problemas mais complicados e menos agradáveis. Se o Ocidente não se comprometer em preservar as sociedades e os valores ocidentais, ele cairá. E seu progresso extraordinário será coberto pela escuridão, junto com todos os direitos de gênero.
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Bem-vindo à "próxima fronteira da libertação" progressista, onde o problema mais urgente nas democracias ocidentais é o "machismo".

A Carolina do Norte sofreu um ano de boicotes, até vetar a lei do banheiro transgênero. No mês passado, a União Nacional dos Professores da Grã-Bretanha pediu ao governo para ensinar as crianças, a partir de dois anos de idade, as novas teorias dos transgêneros. Nova York apresentou recentemente a primeira "boneca trans As universidades americanas estão atormentadas com a histeria dos pronomes neutros. Até a National Geographic, em vez de escrever sobre leões e elefantes, começou a cobrir a "Revolução do Gênero". Uma das primeiras medidas anunciadas por Emmanuel Macron, já como presidente eleito da França, foi a de que ele nomearia funcionários de uma lista para que houvesse um número "igual de homens e mulheres".


(Imagem: Sara D. Davis/Getty Images)


Qual o significado dessa mania de gênero que está permeando todos os cantos da cultura e das sociedades ocidentais? Segundo Camille Paglia, crítica ao feminismo, trata-se de um sinal do declínio da civilização ocidental. Em seu novo livro, Free Women, Free Men (Mulheres Livres, Homens Livres), ela assinala:

"As civilizações passaram por ciclos recorrentes. Experimentação extravagante de gênero às vezes precede o colapso cultural, como certamente ocorreu na República de Weimar (Alemanha). Hoje como ontem, há forças se alinhando nas fronteiras, multidões de fanáticos dispersos onde o culto da masculinidade heroica ainda tem apelo gigantesco".

Ela então pergunta:

"Como é possível que tantos dos jovens mais ousados e radicais de hoje se definem apenas segundo a sua identidade sexual? Estamos diante de um colapso de perspectiva que certamente terá consequências destoantes na nossa arte e cultura, que talvez venha minar a capacidade das sociedades ocidentais de compreenderem ou reagirem às crenças veementemente contrárias de outros que não nos querem bem. Os fenômenos transgêneros se multiplicam e se espalham em fases 'tardias' da cultura, à medida que as tradições religiosas, políticas e familiares enfraquecem e as civilizações entram em declínio".

Não é coincidência que essa obsessão com gênero tenha surgido na cultura ocidental na década de 1990, década de paz e prosperidade antes do 11 de setembro. A década estava livre de angústias existenciais, consumida pelo escândalo de Monica Lewinski e embevecida pelo "Fim da História" de Francis Fukuyama. De acordo com Rusty Reno, editor de First Things, a ideologia de gênero é um símbolo da nossa época de "enfraquecimento", apontando para um futuro globalizado "governado pelos deuses do bem-estar da saúde, riqueza e do prazer". Os sumos sacerdotes desta ideologia, no entanto, não levaram em conta a ascensão do Islã radical.

Antes das cidades francesas de Paris, Nice e Rouen serem atacadas por grupos jihadistas, o governo socialista francês tinha apenas uma prioridade cultural: o "ABC da igualdade de gênero". O nome foi tirado de um programa polêmico que a ministra dos direitos da mulher da França, Najat Vallaud-Belkacem, havia lançado em 500 escolas.

Depois de aprovar o casamento entre pessoas do mesmo sexo, o governo francês, ao que tudo indica, também achou por bem que deveria promover uma revolução cultural. De acordo com o Ministro da Educação, Benoît Hamon, que perdeu de forma humilhante as últimas eleições presidenciais, as escolas são "um campo de batalha. Metade dos alunos boicotaram as aulas de "teoria de gênero". Na sequência as autoridades francesas impuseram aos alunos livros ridículos como Papai Usa Vestido. Seria engraçado se os anos seguintes não tivessem sido tão trágicos. O que de fato acabou com essas ilusões francesas foi o terrorismo islâmico.

O efeito sobre a cultura ocidental desta ideologia de gênero é o repúdio ao espírito crítico somado a um "apelo chinfrim ao sentimento contra a razão". Essa é a cultura obcecada pelo gênero que se recusa a ver o burquíni como ferramenta islâmica e não só isso, ainda o transforma num símbolo dos direitos humanos. A consequência é que a ameaça jihadista é vista apenas como um transtorno inaceitável ao estilo de vida ocidental. A Europa corre o risco de perder todas as suas dádivas históricas: dignidade humana, livre arbítrio, liberdade de religião, liberdade de expressão e a sua colossal cultura.

As elites erotocráticas francesas não estavam preparadas para o que se mostrou ser o ataque terrorista mais violento desde o 11 de setembro. A França, obcecada com o "ABC da igualdade", pronta para se desarmar, foi pega de surpresa quando terroristas a atacaram no dia em que ela comemorava a igualdade. Na França, simplesmente não havia resistência popular à Lei Islâmica (Sharia) e à ideologia jihadista. Intoxicados pela obsolescência da identidade, o único inimigo que essas elites francesas conheciam eram os privilégios patriarcais, uma vez que para elas o "domínio" era empreendido somente pelos homens brancos europeus.

A presidência de Emmanuel Macron já foi festejada por ativistas do gênero. "Macron é um sopro de ar fresco neste país", ressaltou Natacha Henry, escritora de obras sobre o gênero, no New York Times. "Acho que ele venceu as eleições porque não fez nenhum tipo de comentário machista e é disso que precisamos".

A anestesia oriunda de uma obsessão pelos direitos de gênero parece ter se tornado uma fixação de certos países quando ocorrem ataques terroristas. Logo depois que os jihadistas atacaram a Espanha em 2004 e a obrigaram a retirar suas tropas do Iraque, o governo socialista de José Luis Zapatero abraçou o estímulo da ideologia de gênero, incluindo-a nas aulas de "diversidade" benévolas aos gays nas escolas de ensino fundamental. O "Projeto Zapatero" baseava-se no desprezo da natureza, reinvenção do que é humano, exaltação do desejo. Os anos do ex-presidente dos EUA Barack Obama também foram marcados por uma "obsessão" com os direitos dos transgêneros. A obsessão com gênero é uma forma conveniente de desviar a atenção para evitar ter que enfrentar problemas mais complicados e menos agradáveis.

Há um ditado popular que diz que as civilizações podem ser destruídas de dentro em vez de serem destruídas por exércitos de fora. Se o Ocidente não se comprometer em preservar as sociedades e os valores ocidentais, ele cairá. E seu progresso extraordinário será coberto pela escuridão, junto com todos os direitos de gênero.

Segundo Camille Paglia, "uma cultura puramente secular corre o risco de cair no vazio e, paradoxalmente, se sujeitar à ascensão de movimentos fundamentalistas que ameaçam garantir purificar e disciplinar". Tais como - digamos - o Islã radical.

Por: Giulio Meotti, Editor Cultural do diário Il Foglio, é jornalista e escritor italiano.
24 de Maio de 2017
Tradução: Joseph Skilnik Do site: https://pt.gatestoneinstitute.org

sexta-feira, 2 de junho de 2017

LÍDERES EUROPEUS ESTÃO ANDANDO COMO SONÂMBULOS PARA O DESASTRE

- Uma vez que os líderes da Europa não têm filhos, parece que eles não têm porque se preocupar com o futuro do continente.


- "Os europeus hoje têm pouca vontade de ter filhos, de lutar por si ou até mesmo de defender seu ponto de vista em uma discussão". — Douglas Murray, no jornal The Times.

- "Nos encontrarmos a nós mesmos se torna mais importante do que construir um mundo" — Joshua Mitchell.
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Nunca houve tantos políticos sem filhos governando a Europa como nos dias de hoje. Eles são modernos, de mente aberta, multiculturais e sabem que "tudo termina com eles". No curto prazo não ter filhos é um alívio, já que significa não gastar dinheiro com a família, sem sacrifícios e ninguém para se queixar sobre as consequências futuras. Conforme consta em uma pesquisa investigativa financiada pela União Europeia: "sem filhos, sem problemas!".

Ser mãe ou pai, no entanto, significa que se aposta, de forma legítima, no futuro do país que se governa. Os líderes mais importantes da Europa não estão deixando filhos.

Os líderes mais importantes da Europa não têm filhos: a chanceler alemã Angela Merkel, o primeiro-ministro holandês Mark Rutte e o candidato francês à presidência Emmanuel Macron. A lista continua com o primeiro-ministro sueco Stefan Löfven, o primeiro-ministro luxemburguês Xavier Bettel e o primeiro-ministro escocês Nicola Sturgeon.

Uma vez que os líderes da Europa não têm filhos, parece que eles não têm porque se preocupar com o futuro do continente. O filósofo alemão Rüdiger Safranski assinala:


"para aqueles que não têm filhos, pensar em termos das gerações vindouras perde a relevância. Portanto eles se comportam cada vez mais como se fossem os últimos e se consideram como se estivessem no fim da cadeia".

Viver o aqui e agora: os líderes mais importantes da Europa não têm filhos, entre eles estão a chanceler alemã Angela Merkel (à esquerda) e Mark Rutte (à direita), primeiro-ministro da Holanda. (Imagem: Ministro-presidente Rutte/Flickr)


"A Europa está cometendo suicídio ou no mínimo os líderes europeus decidiram se suicidar", ressaltou Douglas Murray no jornal The Times. "Os europeus hoje têm pouca vontade de ter filhos, de lutar por si ou até mesmo de defender seu ponto de vista em uma discussão". Em seu último livro que leva o título de A Estranha Morte da Europa, Murray chamou isso de "um cansaço civilizatório existencial".

Angela Merkel tomou a decisão fatal de abrir as portas da Alemanha para um milhão e meio de migrantes para conter o inverno demográfico de seu país. Não é nenhuma coincidência que Merkel, que não tem filhos, seja chamada de "Mãe Misericordiosa dos migrantes. Merkel evidentemente não deu a mínima se o influxo massivo desses migrantes iria mudar a sociedade alemã, provavelmente para sempre.

Dennis Sewell recentemente escreveu no Catholic Herald:

"é a tal concepção de que é a 'civilização ocidental' que aumenta enormemente o pânico demográfico. Sem ela a solução seria fácil: a Europa não precisa se preocupar em encontrar jovens para sustentar os idosos em sua decadência. Há muitos migrantes batendo na porta, tentando escalar o arame farpado ou se aventurar em embarcações precárias para chegar às nossas costas. Basta deixá-los entrar".

O status de não ter filhos de Merkel é um reflexo da sociedade alemã: de acordo com estatísticas da União Europeia 30% das alemãs não têm filhos, sendo que essa percentagem salta para 40% entre as universitárias. A ministra da defesa alemã Ursula von der Leyen salientou que, a menos que a taxa de natalidade volte a crescer, o país terá que "apagar as luzes".

Segundo um novo estudo publicado pelo Institut national d'études démographiques, um quarto das mulheres europeias nascidas na década de 1970 poderá permanecer sem ter filhos. Os líderes europeus não são diferentes. Uma em cada nove mulheres nascidas na Inglaterra e no País de Gales em 1940 não tiveram filhos ao atingirem a idade de 45 anos, em comparação com uma em cada cinco das que nasceram em 1967.

O político francês Emmanuel Macron rejeitou a afirmação do presidente francês François Hollande segundo a qual "a França tem um problema com o Islã". Ele é contra a suspensão da cidadania dos jihadistas e continua insistindo, apesar de todas as evidências em contrário, que o Estado Islâmico não é islâmico: "o que representa um problema não é o Islã, mas certos comportamentos tachados de religiosos e depois impostos àqueles que praticam aquela religião".

Macron prega uma espécie de buffet multicultural. Ele fala do colonialismo como "crime contra a humanidade". Ele é a favor de "fronteiras abertas", e para ele, novamente, apesar de todas as evidências em contrário, não existe nenhuma "cultura francesa".

Segundo o filósofo Mathieu Bock-Coté, Macron, de 39 anos, casado com sua ex-professora de 64 anos, é o símbolo da "feliz globalização, livre da memória da glória francesa perdida". Não é nenhuma coincidência que "Manif Pour Tous", um movimento que lutou contra a legalização do casamento gay na França, urgiu para que se votasse contra Macron como sendo o "candidato antifamília". O slogan de Macron, "En Marche!", (Em Marcha!) encarna as elites globalizadas que reduzem a política a um exercício, a uma performance.

É por isso que o líder turco Erdogan incentiva os muçulmanos a terem "cinco filhos" e os imãs islâmicos exortam os fiéis a"terem filhos": para conquistar a Europa. Os supremacistas islâmicos estão trabalhando incessantemente para criar um choque de civilizações no coração da Europa, e eles retratam os países anfitriões ocidentais colapsando: sem população, sem valores, abandonando sua própria cultura.

Olhando para Merkel, Rutte, Macron e outros, será que esses supremacistas islâmicos estão tão errados? Nossos líderes europeus estão andando como sonâmbulos para o desastre. Por que eles deveriam se preocupar, se no final da vida deles a Europa não será mais a Europa? Conforme esclarece Joshua Mitchell em um ensaio "nos encontrarmos a nós mesmos se torna mais importante do que construir um mundo. A longa cadeia de gerações já fez isso por nós. É hora de nos divertirmos".
Por: Giulio Meotti, Editor Cultural do diário Il Foglio, é jornalista e escritor italiano.
22 de Maio de 2017
Tradução: Joseph Skilnik Do site: https://pt.gatestoneinstitute.org

Aprenda a sair da Matrix

quarta-feira, 31 de maio de 2017

DESCOBERTA EXORCIZA PÂNICO DE FALTA DE ÁGUA DOCE


Filtro de grafeno é tão fino que deixa passar as moléculas de água mas bloqueia os sais

Felizmente, mais um pesadelo maquinado nos laboratórios do ambientalismo neocomunista parece ter-se desfeito como um pesadelo à luz do sol. E isso em virtude do talento humano aplicado, da ciência e da tecnologia bem ordenadas a seus fins.

“Verdes”, mas também alumbrados das esquerdas e Campanhas da Fraternidade, entre outros, ficavam martelando que a água doce escasseia, é rara e cara. E jogavam a culpa na civilização moderna, que a usaria inescrupulosamente.

A ficção vem acompanhada de ilustrações propagandisticamente aterradoras e projeções para um futuro que nenhum dos homens hoje vivos poderá conferir.

Porém, o bom senso e a ciência objetiva falavam outra linguagem: água há à vontade no planeta. E se ela vier a faltar, a inteligência que Deus deu ao homem aí está para resolver os problemas até nas regiões naturalmente mais secas.

Mais de 70% da superfície do planeta está coberta pela água salgada dos mares. Ela não poderia ser dessalinizada e aproveitada?

A dificuldade consistia em que as técnicas para dessalinizar em grande escala são caras.

Agora, pesquisadores da Universidade de Manchester, no Reino Unido, excogitaram uma ‘peneira’ de grafeno que remove o sal da água do mar a baixo custo. A invenção, segundo a BBC, tem o potencial de ajudar milhões de pessoas sem acesso direto à água potável.

Os resultados da pesquisa foram divulgados na renomeada publicação científica Nature Nanotechnology.

O grafeno é uma das formas cristalinas do carbono, como o diamante e o grafite, mas muito fácil e barato de produzir.

Seu derivado químico, o óxido de grafeno, é altamente eficiente na filtragem do sal, muito melhor que as membranas de dessalinização existentes.

O grafeno, descoberto em 1962, foi pouco estudado até que pesquisadores da Universidade de Manchester, analisando em 2004 sua estrutura, verificaram que consiste em uma camada fina de átomos de carbono organizada em uma espécie de treliça hexagonal.

Sua força elástica e condutividade elétrica tornaram-no um dos metais mais promissores para futuras aplicações.

Rahul Nair, que liderou a pesquisa, revelou, no entanto, que o óxido de grafeno pode ser feito facilmente em laboratório, informou “La Nación” de Buenos Aires.

Nair e seus colegas puderam ajustar as membranas de grafeno para deixar passar mais ou menos sal de modo mais eficiente e muito mais econômico que os filtros conhecidos até agora.

O grafeno já começava a ser considerado o material do futuro quando a equipe criou o filtro que resolveria a escassez de água potável e que é capaz de ser produzido em escala industrial.

“O óxido de grafeno pode ser produzido por simples oxidação em laboratório”, explicou à BBC Rahul Nair, chefe da equipe. “Para produzi-lo em grande volume e pelo custo, o óxido de grafeno tem uma vantagem potencial”.

“Nós conseguimos controlar a dimensão dos poros na membrana e efetivar a dessalinização que antes não era possível”, sublinhou Nair.

A descoberta deverá ainda passar pelo crivo da indústria de baixo custo e da resistência ao contato com a água do mar. Mas seu desenvolvimento é promissor.
17 de maio de 2017 - 6:13:55

Luis Dufaur



segunda-feira, 29 de maio de 2017

O FUTURO DA FUNÇÃO DE PAI

Hoje, os filhos não aprendem quase nada do pai, ao contrário de antigamente.

Em 1929, o filósofo Bertrand Russell fez uma previsão surpreendente que de fato ocorreu 100 anos depois.

A previsão de Bertrand Russell foi esta:


“A função de Pai de Família está sendo lentamente usurpada pelo Estado, e acredito que um dia o pai deixará de ser um ente biológico para os filhos, pelo menos entre a classe de trabalhadores. 

Se isto ocorrer, é de se esperar o fim da família, casamento, dos valores morais, uma vez que não haverá razão para uma mulher desejar que seu filho tenha um pai presente.” 

Tudo isto previsto em 1929, tempo suficiente para a Igreja, a classe média, os intelectuais, os formadores de opinião, os pais de família tomarem uma atitude e impedir o fim da família como base da sociedade.

E nossa Constituição é bem clara quanto a isto:

Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado.

Mas esta família foi sendo minada, especialmente começando pelo papel do homem.

Nos Estados Unidos, 90% das Mães Negras vivem solteiras, com uma ajuda de custo generoso do Estado.

Obama perdeu as eleições para Mitt Romney, se não computarmos os 99% de votos que ele obteve de 4% da população, que eram as mães solteiras.

Tão generoso é este subsídio, que muitos homens negros se sentem compelidos a abandonar sua família, para que estes possam melhorar seu padrão de vida.

E hoje o homem negro é visto como sendo insensível e irresponsável com relação a família. Totalmente diferente do negro escravo, que quando liberto fazia tudo para reencontrar a sua própria família.

O negro é muito mais família que o branco, mas não é isto que ocorre nos Estados Unidos de hoje.

No governo Fernando Henrique Cardoso, por inspiração de Ruth Cardoso, o PSDB implantou o Bolsa Família, que o PT ampliou com sucesso.

Até aí tudo bem. Famílias abaixo da linha de pobreza precisam de um empurrão para se tornarem autossustentáveis, objetivo de todo governo ou sociedade que procura igualdade e justiça social.

Mas notem um detalhe sutil.

O dinheiro é distribuído para a mulher, sob o pretexto de que homem é um bêbado e irá torrar tudo em mulheres e bebidas.

O detalhe pode ser bem intencionado, as mulheres de fato cuidam melhor do dinheiro, mas que recado isto traz para o marido pobre e fracassado?

Nem como provedor mais ele serve, um recado que não irá melhorar a sua autoestima, bem como suas chances de sair da miséria e da dependência do Bolsa Família.

Exatamente como previu Russell, o estado iria lentamente minar a função do pai.

Ao contrário da Idade Média, pai hoje não ensina sua profissão para o seu filho.

Ele não tem o raro prazer de mostrar “os segredos da profissão”, as inovações que o pai inventou, o prazer de ver o seu filho crescer e seguir o seu exemplo.

Hoje o ensino é terceirizado, para as Universidades públicas e privadas, e filho que segue a profissão do pai é muitas vezes ridicularizado.

Mas não são somente os pais de pobres que estão perdendo a sua função.

São pais de ricos e da classe média que estão perdendo a sua essência de provedor da família.

Hoje, um pai de classe média perde 60% de sua renda que vai direto para o Patrimonialismo de Estado, via descontos na folha e impostos sobre o consumo e renda. Hoje homem é provedor do patrimonialismo do Estado, sustentando a cidade com a maior renda per capita do Brasil, que é Brasília.

Hoje a sua mulher tem que trabalhar também, porque o homem não consegue pagar estes impostos sozinhos.

De 1914, quando os impostos eram 10% do PIB, e hoje são 40%, quase todo o rendimento trazido pela mulher casada que trabalha, vai para sustentar o patrimonialismo de estado, ela sequer está ajudando a sustentar a família, como ela acredita.

Não é à toa que a mulher brasileira está cada vez mais insatisfeita com a vida, com o trabalho e com o seu próprio marido.

Todo trabalho da mulher feminista parece ser em vão, as finanças de sua família não melhoraram, o padrão de vida de seus filhos não melhoraram, apesar do seu enorme sacrifício.

Por isto também, hoje em dia filhos e filhas acham, com razão, que nada devem aos pais e sim ao Estado generoso e protetor.

Estas ideias, devo repetir, não são minhas, mas uma previsão de Bertrand Russell, um dos grandes filósofos de seu tempo.

Algo para se pensar.Por: Stephen Kanitz  Do site: http://blog.kanitz.com.br


Bento XVI - o papa dos Illuminatis

sexta-feira, 26 de maio de 2017

PAI DA "HIPÓTESE GAIA" SE ARREPENDE DO SEU ALARMISMO

A grande mídia martela incessantemente no mito do “aquecimento global”. E agora que a nova administração americana afasta ideólogos de esquerda que defendiam esse mito na EPA (Environmental Protection Agency), espécie de Ministério de Meio Ambiente, a gritaria midiática ficou mais forte.

Mas essa mídia não informa que até o glorificado ambientalista inventor da ainda mais fantasiosa “hipótese Gaia” há alguns anos havia se afastado do “alarmismo” em matéria de “mudança climática”.

James Lovelock, criador da hipótese ambientalista segundo a qual a Terra formaria um só organismo “vivo” apelidado “Gaia”, admitiu em entrevista à MSNBC que foi “alarmista” a respeito de “mudança climática”.

À guisa de desencargo de consciência, comentou que também outros ambientalistas famosos, como Al Gore, caíram no mesmo erro.

Um dos pais fundadores do ambientalismo hodierno, Lovelock tem esperança de que a suspirada “mudança climática” ainda aconteça, mas lamentou que não virá tão rápido quanto ele anunciava.

Em 2006, em artigo no jornal inglês “The Independent”, Lovelock escreveu que “antes do fim deste século bilhões de homens terão morrido e os poucos casais que sobrevivam ficarão no Ártico, onde o clima ainda será tolerável”.

Agora, em entrevista telefônica à MSNBC, reconheceu que estava “extrapolando demais”.

Parafraseando os argumentos dos cientistas objetivos, explicou:

“O problema é que não sabemos o que é que o clima vai fazer. Há 20 anos nós achávamos que sabíamos. Isso nos levou a escrever alguns livros alarmistas – o meu inclusive – porque parecia evidente, porém não aconteceu”.

– “O clima está fazendo suas trapaças habituais. Em verdade, não há muita coisa acontecendo ainda, quando nós deveríamos estar num mundo a meio caminho da fritura”.

– “O mundo não se aqueceu muito desde o milênio. Doze anos é um tempo razoável … ela [a temperatura] manteve-se praticamente constante, quando deveria ter ido aumentando”.

Em 2007, a revista “Time” incluiu Lovelock na lista dos 13 líderes e visionários “Heróis do Meio Ambiente”, onde também figuravam Al Gore, Mikhail Gorbachev e Robert Redford.

Interrogado se agora tinha virado um “cético” do aquecimento global, Lovelock respondeu à MSNBC: “Depende do que o Sr. entende por “cético”. Eu não sou um negacionista”.

Ele explicou que ainda acredita que a mudança climática esteja acontecendo, mas que seus efeitos serão sentidos num futuro mais longínquo do que se acreditava. “Teremos o aquecimento global, mas ficou adiado um pouco”, explicou.

“Eu cometi um erro”
Lovelock esclareceu que não se importava em dizer: “Tudo bem, eu cometi um erro”.

Na entrevista, ele insistiu que não tirava uma só palavra de seu livro base “Gaia: um novo olhar dobre a vida na Terra”, publicado em 1979. Mas reconheceu que no livro “A vingança de Gaia”, de 2006, ele tinha ido longe demais falando da Terra superaquecida no fim do século.

– “Eu deveria ter sido um pouco mais cauteloso, porém, teria estragado o livro”, brincou cinicamente.

Militantes ambientalistas só puderam concordar, embora desanimados, com o mea culpa de Lovelock.

Peter Stott, chefe do monitoramento do clima no Met Office Hadley Centre, da Inglaterra, disse que o guru foi alarmista demais prevendo que os homens seriam obrigados a viver no Ártico por causa do “aquecimento global”. Também concordou que o aquecimento dos últimos anos foi menor do que o previsto pelos modelos climáticos.

Keya Chatterjee, diretor internacional de política climática do grupo ambientalista WWF-EUA, disse em comunicado que estava “difícil não se sentir esmagado e ficar derrotista”, e sublinhou que a conversa alarmista não ajuda a convencer as pessoas.

A credibilidade das hipóteses ambientalistas está efetivamente caindo cada vez mais baixo.
Por: Luis Dufaur edita o blog ‘Verde, a cor nova do comunismo’ – http://ecologia-clima-aquecimento.blogspot.com  Do site: midiasemmascara.org
 

quarta-feira, 24 de maio de 2017

HEITOR E AQUILES: DOIS CAMINHOS PARA A MASCULINIDADE


Aquiles matando Heitor, de Rafael Tejeo, 1825

Para os antigos gregos, a Ilíada de Homero era a Bíblia em Andreia – Isto é, masculinidade, principalmente coragem masculina.

Diziam que Alexandre o Grande mantinha uma edição especial do poema épico (preparado por seu tutor Aristóteles) debaixo do travesseiro durante suas conquistas, e a lia costumeiramente. Para Alexandre, Aquiles era a andreia encarnada, e desta forma o jovem rei moldou sua vida no exemplo dele.

Quando começara sua conquista na Ásia, Alexandre tomou uma rota passando pelo túmulo de Aquiles e lhe prestou homenagem. Toda vez que ele duvidava de si mesmo, rezava à mãe de Aquiles, a Deusa Tétis, por consolação. Quando seu melhor amigo e general, Heféstion, foi morto em batalha, Alexandre lamentou profundamente, tal qual Aquiles, que sofrera por seu melhor amigo, Pátroclo.

Muitos jovens desde Alexandre tem encontrado inspiração em Aquiles, o poderoso e esguio guerreiro. Por que ele encarna um ideal que eles, do fundo de suas vísceras, ardentemente desejam: coragem indomável e potência física.

Ainda que Aquiles seja a perfeita encarnação de andreia, e tenha sobre si toda atenção e adulação, há outro personagem que exemplificou a masculinidade também na Ilíada, e que na realidade provê melhor caminho de como a maioria dos homens pode alcançar tal modelo.
Aquiles: sendo viril

Nada podia parar Aquiles na batalha. Não temia a ninguém, nem mesmo o Rei Agamenon, o líder eleito dos gregos em Tróia.

Aquiles era rápido, ágil e forte. Ele fez com que proezas heroicas parecessem fáceis.

Seu thumos, ou vivacidade, era intensa, tão forte que poderia apossar-se dele enquanto massacrava o inimigo no campo de batalha.

A reputação de Aquiles devido a sua virilidade era tão grande que os troianos esconderam-se de medo quando viram Pátroclo a caminhar no campo de batalha vestido com a armadura de seu amigo, confundindo-o com o lendário guerreiro.

Aquiles era também um homem vistoso. Homero o descreveu como “bonito”. Faz sentido que Brad Pitt tenha interpretado Aquiles na adaptação cinematográfica da Ilíada.

Obviamente, Aquiles possuía algumas falhas importantes. Sua fúria desmesurada, o senso de honra exagerado, e o calcanhar vulnerável, tudo isto levou-o a ruína precoce. Contudo este era o preço que tinha que ser pago para imortalizar sua virilidade perfeita e assegurar o legado de que as pessoas continuam a falar ainda hoje sobre sua excelência na guerra e na coragem.

Ainda assim, fazer de Aquiles um exemplo impõe uma dificuldade significativa para nós meros mortais… Porque Aquiles não foi um mero mortal.

Sua mãe era uma deusa, fazendo dele um semideus guerreiro. Aquiles não teve que moldar sua andreia. Não poderia ser nada além de corajoso, viril e belo; isto já estava edificado em seu DNA divino. Aquiles saiu do útero já homem. Andreia era parte de seu ser.

Deste modo, enquanto a andreia de Aquiles pode certamente servir como um modelo, sua vida não é um modelo para a maioria dos homens imitar, a não ser, é claro, que sua mãe seja uma deusa imortal do Olimpo.

Há, todavia, um personagem da Ilíada que nos provê um prestimoso ideal para os homens no aperfeiçoamento da andreia. E este é precisamente o inimigo mortal de Aquiles: Heitor, o príncipe de Tróia.
Heitor: Aprendendo a masculinidade

Por nove longos anos, Heitor liderou os defensores da cidade de Tróia contra o assalto grego. Ele era um guerreiro forjado nas batalhas, e, tal qual Aquiles, tinha a reputação devido a sua andreia.

Porém Heitor era diferente de Aquiles. Era 100% mortal. Diferentemente de Aquiles, que nasceu com Andreia, Heitor teve que apreendê-la. Ele até admite isso na cena que talvez seja uma das mais emocionantes da literatura Ocidental.

Heitor, exausto da batalha e coberto de poeira e sangue após impedir a incursão de tropas gregas, retorna para dentro da muralha de defesa troiana para descansar. E lá ele encontra sua leal e carinhosa esposa Andrômaca que lhe implora para não voltar ao combate, temerosa que na próxima vez seu marido retorne em cima do escudo, em vez de tê-lo no braço.

Heitor, ainda com sua armadura, confessa à esposa que compartilha do mesmo medo. Quão in-Aquiliano! Aquiles teria respondido com uma risada, com vanglória, mordazmente replicaria sua esposa para não ocupar sua pequena cabecinha com isso.

Conforme ele revela para Andrômaca:

“Tudo isto pesa em minha consciência, querida.
Contudo eu morreria de vergonha ao ter que encarar os homens de Tróia e as mulheres troianas a arrastar suas longas togas se me recolher agora da batalha, como um covarde.

Nem meu espírito deseja que seja dessa forma.
Aprendi tudo muito bem. A encarar com bravura, sempre lutar junto ao soldados troianos no front, para dar glória a meu pai, e a mim mesmo.”

Você notou? Frisei em negrito para ajudar.

Heitor fala que aprendeu como ser bravo e como lutar. Ele experimenta a coragem não como a falta de medo, mas como a prática de sentir medo, e ainda assim decidir seguir em frente.

A tradução de “aprender” para o grego é didaskein, e o professor de inglês David Mikics sabiamente notou que didaskein não é citada nenhuma parte de Ilíada como um caminho para apreender bravura ou masculinidade. Somente foi usada nesse contexto. Homero está claramente criando um contraste entre Heitor e seu instintivamente feroz rival, Aquiles.

Enquanto Aquiles nasceu já homem, Heitor teve de aprender andreia. Teve que aprender como ser agressivo e forte o que nos sugere que isto não estava em sua natureza.

Em vez disso, Heitor foi por natureza um homem gentil. Não, não falo de um bonzinho palerma insuportável. Trata-se de um homem genuinamente bom, piedoso, e atencioso com os outros. Há um motivo para ele ser caracterizado assim na Ilíada; por exemplo, enquanto os outros culpavam e se ressentiam por Helena ter começado a Guerra de Tróia, Heitor foi em sua direção para mostrar-lhe compaixão.

Ademais, subsequente a confissão à esposa de que teve que aprender andreia, seu filho caçula, Astyanax, o vê com sua armadura coberta de sangue, e, não reconhecendo o pai, começa a gritar. Heitor, rindo, tira o elmo, pega o filho nos braços e o joga para cima enquanto lhe dá beijos, da forma que vemos hoje os pais fazerem.

Heitor era um bom homem. Esposo carinhoso e pai amoroso.

Todavia ele compreendeu que a bondade deve estar embasada na virilidade. Heitor reconheceu, tal qual Theodore Roosevelt fez milênios depois, que “Se não mantivermos virtudes bárbaras, será de pouco proveito obter as virtudes civilizadas”.

E ele passou sua vida inteira aprendendo aquilo que não era de sua natureza, mas que desejava para viver sustentado em andreia. Aprendeu pela observação e pela prática a ser bravo, destemido, e forte. Heitor se dedicou a educar-se em masculinidade viril.
Heitor: um companheiro na jornada pela masculinidade

Me identifico com Heitor. Eu me vejo como um “bom homem”. Sou naturalmente propenso a ser gentil e amigável com os outros. E da mesma forma que Heitor, sou um pai de família. E quanto a ser um andros? Um homem corajoso, feroz, guiado pelo Thumos, fisicamente apto e viril?

Isso é algo que tive que aprender e continuo aprendendo. Não está em minha natureza. Se eu somente seguisse minhas preferências, provavelmente ficaria muito tempo sentado em uma cadeira, jogando vídeo game e comendo nachos. Mas porque eu acredito que desenvolver a andreia é essencial para conseguir arête (excelência) e eudemonia (vigor) como homem, e porque eu valorizo a bondade e anseio que outros tenham a oportunidade de buscar arête também, a cada dia eu me esforço para desenvolver a força e a coragem para assegurar essa possibilidade.

Tenho cruzado com alguns homens que são parecidos com Aquiles. Eles nasceram com andreia. Eles eram naturalmente corajosos, de condição física perfeita, e sentiam-se confortáveis com o perigo mesmo quando eram crianças. Quando conheci esses homens, me senti atemorizado. Como Aquiles, eles encarnam um ideal de virilidade e masculinidade que não posso deixar de respeitar, ainda que sejam um pouco toscos.

No entanto, mesmo sendo inspiradores, esses homens não nos providenciam modelos de como desenvolver esse tipo de andreia. Seria como perguntar ao Usain Bolt como nos tornarmos corredores mais rápidos. Primeiro passo: seja o Usain Bolt. Não é muito útil.

Em vez disso, eu prefiro buscar por homens que são “gentis” por natureza como foi Heitor, mas que tiveram que aprender a ser ferozes. Esses homens terão algumas sugestões a dar. Theodore Roosevelt, Frederick Douglass, Winston Churchill, meu avô, e Eric Greitens são apenas alguns desses “Cavalheiros Bárbaros” em quem procuro um norte de como adquirir uma educação autodidata em andreia.

Boa parte dos homens que encontrei são parecidos com Heitor. Eram bons homens que tiveram que trabalhar para ser másculos. Pode ser muito fácil se sentir inseguro sobre o fato de que constantemente você tem que aprender e reaprender a ser homem. Os similares a Aquiles algumas vezes zombam da ideia de aprender a arte da masculinidade, e demonstram descrença ao saber que outros homens não sabem algumas técnicas desde pequenos, e não encarnam certos traços intuitivamente.

No entanto tal insegurança é inapropriada, e esse tipo de julgamento é improdutivo. Poucos homens saem do útero com pelos no peito ou simplesmente absorvem as habilidades e traços da masculinidade. Muitos grandes homens através da história tiveram que dispor-se intencionalmente a aprender a masculinidade, inclusive Heitor.

Nascer ou aprender. Esses sãos os dois caminhos para a andreia. Para a maioria de nós, aprender é o caminho a ser tomado. É o caminho em que eu estou, ao menos. O site The Art of Manliness é o lugar onde eu compartilho algumas das ideias que coletei na minha jornada. E tem sido ótimo conhecer outros Heitores – bons homens – no percurso, que também tomaram a decisão consciente de aprender a masculinidade.
Por: Brett Mckay, “Hector and Achilles: Two Paths to Manliness”, do site Art of Manliness.
Tradução: Jay Messi
Revisão: Humberto Motta
http://tradutoresdedireita.org  Do site: midiasemmascara.org


segunda-feira, 22 de maio de 2017

A FARSA SE REPETE: A "RÚSSIA CRISTÃ", DE STALIN A WLADIMIR PUTIN

A “nova Rússia” está extremando seus artifícios para tentar cativar cristãos e conservadores no Ocidente.


O curioso é que essa artimanha não é nova. Já foi tentada pelos serviços secretos soviéticos em outras circunstâncias, notadamente nos tempos de Stalin, a quem Vladimir Putin se refere como seu modelo de governante.

O procedimento foi tão desprovido de moralidade que na época não pareceu acreditável. O Pe. Robert A. Graham S.I. há mais de 30 anos lhe consagrou um alentado estudo no qual pode restaurar os inacreditáveis procedimentos da guerra da informação russa.

O trabalho apareceu na revista “La Civiltà Cattolica” nº 3186, de 19 de março de 1983 (págs. 533 a 547). Fundamentamos este artigo nessa conscienciosa matéria publicada sob o título: “A cruzada de Stalin contra «o anticristo» Hitler – A «Rádio cristã» do Komintern em 1941” (“La crociata di Stalin contro «l’anticristo» Hitler – La «Radio cristiana» del Comintern nel 1941”).

Em 1941, Hitler invadiu Rússia sem atender a aliança conhecida como pacto Ribbentrop-Molotov (23 agosto 1939) em virtude do qual Moscou e Berlim aliadas desencadearam a II Guerra Mundial.

Pouco depois, os radioamadores ficaram surpresos ouvindo uma linguagem inesperada vinda da Rússia dos sovietes.

Nas ondas da Rádio Moscou os cristãos eram exortados a se unirem pela defesa da cristandade.

Os locutores de Moscou louvavam os católicos alemães que resistiam às perseguições nazistas, citavam os sofrimentos dos católicos poloneses e de outros países ocupados pelo nazismo.

A emissora se definia como “Rádio Cristã” e reproduzia a mensagem evangélica numa media dúzia de línguas com tal fidelidade que muitos poderiam ter achado que ouviam a Rádio Vaticana.

O semanário católico londrino “The Tablet”, em 19 de julho de 1941, comentou “a denúncia diária que fazem os russos da perseguição religiosa na Alemanha”.

Naquele conflito mundial fez furor o uso de rádios clandestinas na guerra da informação por parte das potências em guerra. Mas ninguém imaginou que o cinismo de Moscou podia ir tão longe.

Stalin e a URSS precisavam desesperadamente do apoio do povo que até há pouco tinham perseguido religiosamente.

As campanhas antirreligiosas foram suspensas, os eclesiásticos ligados ao Patriarcado de Moscou foram catapultados ao primeiro plano.

A “Rádio Cristã” despertou dúvidas pelos seus arroubos em defesa da Cristandade, muitos mais intensos do que as transmissões da Santa Sé.

Em 1963 foram recuperados arquivos na Alemanha Oriental que documentavam a monstruosa operação de guerra psicológica montada no Kremlin e os nomes da equipe internacional do Komintern [Internacional Comunista] que a efetivou.

Até o início da II Guerra Mundial, a mídia socialista russa incitava à guerra contra as “superstições” religiosas, um axioma do marxismo-leninismo.

E, quando a aliança soviético-nazista invadiu a Polônia a fúria da propaganda russa visou os chefes da Igreja Católica. Eles eram acusados de cumplicidade com o capitalismo e com os “imperialistas” fabricantes de armas, responsáveis pelo conflito na ótica de Moscou.

Quando o Papa Pio XII publicou a encíclica Summi Pontificatus (20 de outubro de 1939), o jornal soviético porta-voz do regime “Izvestia” (22 de janeiro de 1940) acusou o Vaticano de “beber sangue dos caídos”.

O Communist International (1940, nº 6), escrevia que “o proletariado internacional reconhecia entre os odiosos culpados da guerra a batina padresca do Senhor do Vaticano”.

O Sputnik Agitato (fevereiro de 1941) acusava o Papa de estar a serviço dos financistas da guerra e repelia as “calúnias selvagens” contra a URSS.

O alemão Richard Gyptner e o checo Victor Stern, fiéis agentes do Komintern, foram os chefes da “Rádio Cristã”.

Eles acabariam morrendo após a guerra cobertos de honrarias pelos serviços prestados.

Gyptner escreveu que a transmissão visava os católicos e crentes para incitá-los a se aliarem contra o “anticristo Hitler” e exaltava os eclesiásticos que agiam nesse sentido.

Na doutrina do Komintern isso afinava com a “política da mão estendida” lançada no 7° Congresso mundial do PC em 1935.

Emissões dos dias 7 e 27 de julho 1941 defenderam os católicos e espalharam que “é necessário abandonar a velha fábula do catolicismo aliado com os opressores das nações”.

As emissões em italiano concluíam com a pia exortação “cristãos, católicos! perseverai na batalha contra o anticristo”!

Em polonês ressaltavam as perseguições que sofriam os sacerdotes católicos, a ocupação de dioceses, o confisco de arquivos, a expulsão de cônegos, etc.

Em húngaro sublinhavam que na Alemanha as escolas católicas foram fechadas, que em Innsbruck os bens dos capuchinhos foram roubados e que mais de 800 sacerdotes poloneses foram extraditados para o país invasor.

Na festa da Assunção em 15 de agosto de 1943, o londrino Catholic Herald reproduziu emissão da “Rádio Cristã” em polonês com programa exaltando a festa de Nossa Senhora.

Entre outras coisas dizia: “rezemos ardorosamente à protetora de nosso católico país […] a Ela que é mais forte que Satanás se deve a queda das cidades de Orel e de Biegorod nas mãos do Exército Vermelho […]. Ô Rainha da Polônia, país que é a joia da coroa da beatíssima Virgem, conduzi nossos irmãos na batalha”.

Gyptner deixou por escrito sua alegria com o sucesso de suas mentiras. Ele citou o testemunho de oficiais e soldados inimigos presos em Stalingrado.

Mas a melhor prova para ele foi que Goebbels, ministro da propaganda nazista, classificou a “Rádio Cristã” entre as 15 emissoras inimigas mais perigosas.

O metropolita Sergio de Moscou se destacou pela pregação religiosa encomendada por Stalin e pelo PC. O dia 26 de junho de 1941 celebrou uma missa para obter a vitória.

Foi na igreja da Epifania de Moscou com grande presença de membros do governo e do PC, fartamente fotografados para difundir pela imprensa estrangeira.

Na prática nenhuma lei antirreligiosa foi tocada, abolida ou modificada. Mas não faltaram em Ocidente aqueles que viam as emissões do modo mais favorável para os sovietes e acenavam com o início de uma época nova no império do ateísmo.

Até exilados russos sonharam com uma mudança operada em Stalin que estaria fazendo dele o salvador da Santa Rússia.

Os eclesiásticos ortodoxos que não acertaram o passo foram excomungados pelo metropolita Sergio de Moscou.

Fez parte da manobra um nunca achado “documento Weigang” atribuído a um ignoto lugar-tenente alemão que teria feito um plano visando “o fechamento de todas as igrejas e a substituição do cristianismo pela religião de Wotan” na Rússia.

O plano nunca foi publicado nem recuperado em arquivo algum. Jamais foi possível identificar o referido Weigang. O golpe, porém, foi comemorado pela contrainformação soviética.

Ilya Ehrenburg chefe da propaganda de Stalin denunciou o satânico “plano Weigang” em emissão do dia 19 de julho de 1942 sublinhando a “finalidade de erradicar o cristianismo na Rússia, porque era uma religião não adaptada ao povo”.

(Autor: Robert A. Graham S.I. in La Civiltà Cattolica, 19.3.1983 nº3186, págs 533 a 547)

O curso da guerra mudou em 1943. As exigências propagandísticas foram outras e a anti-cruzada de Moscou pelo cristianismo perdeu sua utilidade. A “Rádio Cristã” parou de emitir.
Mas a manobra do generalíssimo do ateísmo José Stalin ficou registrada como uma estratégia ousada de falsa cruzada para ludibriar os cristãos e pô-los na órbita da Internacional Comunista.
Hoje, Vladimir Putin e seus acólitos parecem ter recuperado a velha cartilha para aplica-la num contexto novo, mas com possantes analogias.
Por: Luis Dufaur, escritor e conferencista, edita o blog Flagelo Russo
Do site: midiasemmascara.org

quinta-feira, 18 de maio de 2017

CAPITALISMO E CRISTIANISMO

A pedidos, e com notável atraso, reproduzo aqui este artigo que, com título editorial modificado, saiu na revista República de dezembro de 1998. - O. de C.


Uma tolice notável que circula de boca em boca contra os males do capitalismo é a identificação do capitalista moderno com o usurário medieval, que enriquecia com o empobrecimento alheio.

Lugar-comum da retórica socialista, essa ideiazinha foi no entanto criação autêntica daquela entidade que, para o guru supremo Antonio Gramsci, era a inimiga número um da revolução proletária: a Igreja Católica.

Desde o século XVIII, e com freqüência obsessivamente crescente ao longo do século XIX, isto é, em plena Revolução Industrial, os papas não cessam de verberar o liberalismo econômico como um regime fundado no egoísmo de poucos que ganham com a miséria de muitos.

Mas que os ricos se tornem mais ricos à custa de empobrecer os pobres é coisa que só é possível no quadro de uma economia estática, onde uma quantidade mais ou menos fixa de bens e serviços tem de ser dividida como um bolo de aniversário que, uma vez saído do forno, não cresce mais. Numa tribo de índios pescadores do Alto Xingu, a "concentração do capital" eqüivaleria a um índio tomar para si a maior parte dos peixes, seja na intenção de consumi-los, seja na de emprestá-los a juros, um peixe em troca de dois ou três. Nessas condições, quanto menos peixes sobrassem para os outros cidadãos da taba, mais estes pobres infelizes ficariam devendo ao maldito capitalista índio — o homem de tanga que deixa os outros na tanga.

Foi com base numa analogia desse tipo que no século XIII Sto. Tomás, com razão, condenou os juros como uma tentativa de ganhar algo em troca de coisa nenhuma. Numa economia estática como a ordem feudal, ou mais ainda na sociedade escravista do tempo de Aristóteles, o dinheiro, de fato, não funciona como força produtiva, mas apenas como um atestado de direito a uma certa quantidade genérica de bens que, se vão para o bolso de um, saem do bolso de outro. Aí a concentração de dinheiro nas mãos do usurário só serve mesmo para lhe dar meios cada vez mais eficazes de sacanear o próximo.

Mas pelo menos do século XVIII em diante, e sobretudo no XIX, o mundo europeu já vivia numa economia em desenvolvimento acelerado, onde a função do dinheiro tinha mudado radicalmente sem que algum papa desse o menor sinal de percebê-lo. No novo quadro, ninguém podia acumular dinheiro embaixo da cama para acariciá-lo de madrugada entre delíquios de perversão fetichista, mas tinha de apostá-lo rapidamente no crescimento geral da economia antes que a inflação o transformasse em pó. Se cometesse a asneira de investi-lo no empobrecimento de quem quer que fosse, estaria investindo na sua própria falência.

Sto. Tomás, sempre maravilhosamente sensato, havia distinguido entre o investimento e o empréstimo, dizendo que o lucro só era lícito no primeiro caso, porque implicava participação no negócio, com risco de perda, enquanto o emprestador, que se limitava sentar-se e esperar com segurança, só deveria ter o direito à restituição da quantia emprestada, nem um tostão a mais. Na economia do século XIII, isso era o óbvio — aquele tipo de coisa que todo mundo enxerga depois que um sábio mostrou que ela existe. Mas, no quadro da economia capitalista, mesmo o puro empréstimo sem risco aparente já não funcionava como antes — só que nem mesmo os banqueiros, que viviam essa mudança no seu dia a dia e aliás viviam dela, foram capazes de explicar ao mundo em que é que ela consistia. Eles notavam, na prática, que os empréstimos a juros eram úteis e imprescindíveis ao desenvolvimento da economia, que portanto deviam ser alguma coisa de bom. Mas, não sabendo formular teoricamente a diferença entre essa prática e a do usurário medieval, só podiam enxergar-se a si próprios como usurários, condenados portanto pela moral católica. A incapacidade de conciliar o bem moral e a utilidade prática tornou-se aí o vício profissional do capitalista, contaminando de dualismo toda a ideologia liberal (até hoje todo argumento em favor do capitalismo soa como a admoestação do adulto realista e frio contra o idealismo quixotesco da juventude). Karl Marx procurou explicar o dualismo liberal pelo fato de que o capitalista ficava no escritório, entre números e abstrações, longe das máquinas e da matéria — como se fazer força física ajudasse a solucionar uma contradição lógica, e aliás como se o próprio Karl Marx houvesse um dia carregado algum instrumento de trabalho mais pesado que uma caneta ou um charuto. Mais recentemente, o nosso Roberto Mangabeira Unger, o esquerdista mais inteligente do planeta, e que só não é plenamente inteligente porque continua esquerdista, fez uma crítica arrasadora da ideologia liberal com base na análise do dualismo ético (e cognitivo, como se vê em Kant) que é a raiz da esquizofrenia contemporânea.

Mas esse dualismo não era nada de inerente ao capitalismo enquanto tal, e sim o resultado do conflito entre as exigências da nova economia e uma regra moral cristã criada para uma economia que já não existia mais. O único sujeito que entendeu e teorizou o que estava acontecendo foi um cidadão sem qualquer autoridade religiosa ou prestígio na Igreja: o economista austríaco Eugen Böhm-Bawerk. Este gênio mal reconhecido notou que, no quadro do capitalismo em crescimento, a remuneração dos empréstimos não era apenas uma conveniência prática amoral, mas uma exigência moral legítima. Ao emprestar, o banqueiro simplesmente trocava dinheiro efetivo, equivalente a uma quota calculável de bens na data do empréstimo, por um dinheiro futuro que, numa economia em mudança, podia valer mais ou valer menos na data da restituição. Do ponto de vista funcional, já não existia mais, portanto, diferença positiva entre o empréstimo e o investimento de risco. Daí que a remuneração fosse tão justa no primeiro caso como o era no segundo. Tanto mais justa na medida mesma em que o liberalismo político, banindo a velha penalidade da prisão por dívidas, deixava o banqueiro sem a máxima ferramenta de extorsão dos antigos usurários.

Um discípulo de Böhm-Bawerk, Ludwig von Mises, explicou mais detalhadamente essa diferença pela intervenção do fator tempo na relação econômica: o emprestador troca dinheiro atual por dinheiro potencial, e pode fazê-lo justamente porque, tendo concentrado capital, está capacitado a adiar o gasto desse dinheiro, que o prestamista por seu lado necessita gastar imediatamente para tocar em frente o seu negócio ou sua vida pessoal. Von Mises foi talvez o economista mais filosófico que já existiu, mas, ainda um pouco embromado por uns resíduos kantianos, nem por um instante pareceu se dar conta de que estava raciocinando em termos rigorosamente aristotélico-escolásticos: o direito à remuneração provém de que o banqueiro não troca simplesmente uma riqueza por outra, mas troca riqueza em ato por riqueza em potência, o que seria rematada loucura se o sistema bancário, no seu conjunto, não estivesse apostando no crescimento geral da economia e sim apenas no enriquecimento da classe dos banqueiros. A concentração do capital para financiar operações bancárias não é portanto um malefício que só pode produzir algo de bom se for submetido a "finalidades sociais" externas (e em nome delas policiado), mas é, em si e por si, finalidade socialmente útil e moralmente legítima. Sto. Tomás, se lesse esse argumento, não teria o que objetar e certamente veria nele um bom motivo para a reintegração plena e sem reservas do capitalismo moderno na moral católica. Mas Sto. Tomás já estava no céu e, no Vaticano terrestre, ninguém deu sinal de ter lido Böhm-Bawerk ou Von Mises até hoje. Daí a contradição grosseira das doutrinas sociais da Igreja, que, celebrando da boca para fora a livre iniciativa em matéria econômica, continuam a condenar o capitalismo liberal como um regime baseado no individualismo egoísta, e terminam por favorecer o socialismo, que agradece essa colaboração instituindo, tão logo chega ao poder, a perseguição e a matança sistemática de cristãos, isto é, aquilo que o Dr. Leonardo Boff, referido-se particularmente a Cuba, denominou "o Reino de Deus na Terra". Daí, também, que o capitalista financeiro (e mesmo, por contaminação, o industrial), se ainda tinha algo de cristão, continuasse a padecer de uma falsa consciência culpada da qual só podia encontrar alívio mediante a adesão à artificiosa ideologia protestante da "ascese mundana" (juntar dinheiro para ir para o céu), que ninguém pode levar a sério literalmente, ou mediante o expediente ainda mais postiço de fazer majestosas doações em dinheiro aos demagogos socialistas, que, embora sejam ateus ou no máximo deístas, sabem se utilizar eficazmente da moral católica como instrumento de chantagem psicológica, e ainda são ajudados nisto — porca miséria! — pela letra e pelo espírito de várias encíclicas papais.

Uma das causas que produziram o trágico erro católico na avaliação do capitalismo do século XIX foi o trauma da Revolução Francesa, que, roubando e vendendo a preço vil os bens da Igreja, enriqueceu do dia para a noite milhares de arrivistas infames e vorazes, que instauraram o império da amoralidade cínica, o capitalismo selvagem tão bem descrito na obra de Honoré de Balzac. Que isso tenha se passado logo na França, "filha dileta da Igreja", marcou profundamente a visão católica do capitalismo moderno como sinônimo de egoísmo anticristão. Mas seria o saque revolucionário o procedimento capitalista por excelência? Se o fosse, a França teria evoluído para o liberal-capitalismo e não para o regime de intervencionismo estatal paralisante que a deixou para sempre atrás da Inglaterra e dos Estados Unidos na corrida para a modernidade. Um governo autoritário que mete a pata sobre as propriedades de seus adversários para distribuí-las a seus apaniguados, é tudo, menos liberal-capitalista: é, já, o progressismo intervencionista, no qual, por suprema ironia, a Igreja busca ainda hoje enxergar um remédio contra os supostos males do liberal-capitalismo, que por seu lado, onde veio a existir — Inglaterra e Estados Unidos —, nunca fez mal algum a ela e somente a ajudou, inclusive na hora negra da perseguição e do martírio que ela sofreu nas mãos dos comunistas e de outros progressistas estatizantes, como os revolucionários do México que inauguraram nas Américas a temporada de caça aos padres. O caso francês, se algo prova, é que o "capitalismo selvagem" floresce à sombra do intervencionismo estatal, e não do regime liberal (coisa aliás arquiprovada, de novo, pelo cartorialismo brasileiro). Insistindo em dizer o contrário, movida pela aplicação extemporânea de um princípio tomista e vendo no estatismo francês o liberal-capitalismo que era o seu inverso, a Igreja fez como essas mocinhas de filmes de suspense, que, fugindo do bandido, pedem carona a um caminhão... dirigido pelo próprio. A incapacidade de discernir amigos e inimigos, o desespero que leva o pecador a buscar o auxílio espiritual de Satanás, são marcas inconfundíveis de burrice moral, intolerável na instituição que o próprio Cristo designou Mãe e Mestra da humanidade. Errare humanum est, perseverare diabolicum: a obstinação da Igreja em suas reservas contra o liberal-capitalismo e em sua conseqüente cumplicidade com o socialismo é talvez o caso mais prolongado de cegueira coletiva já notado ao longo de toda a História humana. E quando em pleno século XIX o papa já assediado de contestações dentro da Igreja mesma proclama sua própria infalibilidade em matéria de moral e doutrina, isto não deixa de ser talvez uma compensação psicológica inconsciente para a sua renitente falibilidade em matéria econômica e política. Daí até o "pacto de Metz", em que a Igreja se ajoelhou aos pés do comunismo sem nada lhe exigir em troca, foi apenas um passo. Ao confessar que, com o último Concílio, "a fumaça de Satanás entrara pelas janelas do Vaticano", o papa Paulo VI esqueceu de observar que isso só podia ter acontecido porque alguém, de dentro, deixara as janelas abertas.

Que uma falsa dúvida moral paralise e escandalize as consciências, introduzindo nelas a contradição aparentemente insolúvel entre a utilidade prática e o bem moral, e, no meio da desorientação resultante, acabe por levar enfim a própria Igreja a tornar-se cúmplice do mais assassino e anticristão dos regimes já inventados —eis aí uma prestidigitação tão inconfundivelmente diabólica, que é de espantar que ninguém, na Igreja, tenha percebido a urgência de resolver essa contradição no interior mesmo da sua equação lógica, como o fizeram Böhm-Bawerk e von Mises (cientistas alheios a toda preocupação religiosa). Mais espantoso ainda é que em vez disso todos os intelectuais católicos, papas inclusive, tenham se contentado com arranjos exteriores meramente verbais, que acabaram por deixar no ar uma sugestão satânica de que o socialismo, mesmo construído à custa do massacre de dezenas de milhões de cristãos, é no fundo mais cristão que o capitalismo.

Não há alma cristã que possa resistir a um paradoxo desse tamanho sem ter sua fé abalada. Ele foi e é a maior causa de apostasias, o maior escândalo e pedra de tropeço já colocado no caminho da salvação ao longo de toda a história da Igreja.

Arrancar da nossa alma essa sugestão hipnótica, restaurar a consciência de que o capitalismo, com todos os seus inconvenientes e fora de toda intervenção estatal pretensamente corretiva, é em si e por essência mais cristão que o mais lindinho dos socialismos, eis o dever número um dos intelectuais liberais que não queiram colaborar com o farsesco monopólio esquerdista da moralidade, trocando sua alma pelo prato de lentilhas da eficiência amoral. 
Por: Olavo de Carvalho Do site: http://www.olavodecarvalho.org