segunda-feira, 31 de julho de 2017

A IGREJA ANGLICANA "SAI DO ARMÁRIO" E CAMINHA PARA A EXTINÇÃO


Quanto mais se esforça para adaptar-se ao mundo e ao politicamente correto, mais fiéis perde a Igreja Anglicana. Quanto mais relativismo, menos adeptos.

O relativismo moral foi o solvente mais corrosivo para a Igreja Anglicana, que perdeu nas últimas décadas a metade de seus fiéis. A gota d'água tem sido a ideologia de gênero: quanto mais ela "sai do armário", menor é o número de seus fiéis. E é chamativo o fato de que muitos deles se convertam ao catolicismo. O que ocorre é que, quanto mais o anglicanismo se esforça por adaptar-se ao mundo e ao politicamente correto, mais fiéis o abandonam. Quanto mais relativismo, menos adeptos. E o coroamento deste processo é a ideologia de gênero.

A única serventia da ordenação de "bispas" ou de serviços religiosos para transsexuais tem sido afugentar muitos fiéis. Em 30 anos, a comunidade fundada no século XVI pelo impudico Henrique VIII perdeu a metade de seus fiéis. E o vazamento continua…

A hierarquia anglicana, em todo o caso, exigiu que Governo do Reino Unido proibisse as terapias para quem deseja modificar uma atração homossexual indesejada.

Os líderes anglicanos consideram que "não há espaço no mundo moderno" para que uma pessoa procure voluntariamente ajuda profissional para deixar de ser homossexual. O arcebispo anglicano de York, John Sentamu, manifestou-se de maneira clara a favor da proibição: "Só poderei dormir tranquilamente quando proibirem esta prática." O bispo de Liverpool, Paul Bayes, afirmou que a orientação LGBTI não é nem crime nem pecado: "Não precisamos levar as pessoas para terapia se elas não estão doentes."

A proposta foi finalmente aprovada por 298 votos a favor, 74 contra e 26 abstenções provenientes dos três "estados", formados por bispos, clérigos e leigos, do sínodo da Igreja da Inglaterra.
Serviços religiosos especiais para transsexuais

O sínodo geral da Igreja Anglicana exigiu ainda, por uma ampla maioria de 285 votos a 78, que os bispos proporcionem serviços religiosos específicos para as pessoas transsexuais.

A proposta consiste em elaborar "materiais litúrgicos" que possam ser utilizados com o propósito de "reafirmar o seu longo, angustiante e muitas vezes complexo processo de transição".

De acordo com o jornal The Guardian, ao longo dos 75 minutos em que foi debatida a questão, nenhum dos presente expressou a ideia de que o sexo é determinado biologicamente.
Antecedentes

Longe, porém, de atenuar o êxodo de fiéis, o que a ideologia de gênero faz é acentuá-lo. Com efeito, a Igreja Anglicana vem tomando há várias décadas uma série de decisões que, além chocar-se com a tradição cristã em geral, parecem cada vez mais alinhadas aos preceitos do relativismo.

Por isso, os anglicanos permitem desde 1995 que as mulheres exerçam a função de "sacerdotisas"; desde 2000, que os divorciados celebrem novas núpcias religiosas; e desde 2004 que as sacerdotisas ocupem o cargo de "bispas". Em 2003, seus irmãos episcopais dos Estados Unidos ordenaram o primeiro bispo abertamente homossexual da comunidade anglicana.
Êxodo para o catolicismo

Não deixa de ser significativo que uma parte expressiva dos anglicanos que abandonam essa religião volte para Roma. O número de comunidades anglicanas que solicitaram em 2005 plena comunhão com a Igreja Católica Romana não foi pequeno: representava por volta de 400.000 fiéis.

O pedido foi feito por meio dos chamados Ordinariatos Anglocatólicos, que se formalizaram com a Constituição Apostólica " Anglicanorum Cœtibus", de Bento XVI.
A uma geração da extinção

Lorde Carey, arcebispo de Canterbury entre 1991 e 2002, já tinha advertido em 2015 que "a Igreja da Inglaterra encontra-se a uma geração da extinção".

Em 1983, havia no Reino Unido 16,5 milhões de anglicanos. Esta cifra reduziu-se à metade em apenas 30 anos e a assistência semanal aos serviços religiosos caiu para menos de um milhão de pessoas, ou seja, por volta de 1,4% da população.
Por Nicolás de Cárdenas | Fonte: Actuall | Tradução: Equipe CNP
Tags: Protestantismo, Liberalismo Do site: https://padrepauloricardo.org

domingo, 30 de julho de 2017

DONA IZAURA, SEU PAPAGAIO E O ECO-FASCISMO

Não há sustentabilidade onde impera a arrogância covarde...


Dona Izaura e seu papagaio. O que dizer de um ente público que encara afeto como crime?...

Dona Izaura Dantas é uma senhora de 94 anos. Ela vive só, em companhia de um cãozinho e de seu papagaio, que lhe faz companhia há 22 anos na cidade de Cajazeiras, na Paraíba.

Em qualquer lugar do mundo, Dna. Izaura seria objeto de admiração pela longevidade e de respeito pelo carinho dedicado aos seus dois animais de estimação, que lhe fazem companhia.

O Papagaio de Dona Izaura tem nome, Leozinho.

Leozinho é um papagaio verdadeiro - não se trata de uma afirmação e sim do nome da espécie.

O papagaio verdadeiro é uma ave muito divertida e alegre. É também temperamental e carente emocionalmente. Essa carência afeta seu humor, mas também é componente importante no seu histórico de aproximação e convivência social com o ser humano, ao longo dos séculos. Há casos de papagaios que conviveram muitas décadas com o seu dono - afinal, um papagaio vive em torno de 80 anos.

Papagaios, uma vez domesticados, precisam ter alguém por perto quase sempre, caso contrário podem desenvolver problemas de saúde como a depressão. Desenvolvem simbiose relacional com os humanos e mimetizam comportamentos. São capazes de aprender a falar, identificam ritmos e gostam de dançar quando uma música toca. Nem todos os papagaios, obviamente, chegam a tamanho nível de socialização ou mimetismo - há uma grande porcentagem que não se sociabiliza. No entanto, o Leozinho de Dona Izaura está entre os perfeitamente sociáveis e integrados ao convívio com humanos.

Porém, se essa relação é festejada há séculos, inclusive nos grandes clássicos da literatura juvenil, no Brasil ela foi criminalizada.

Por aqui, a pretexto de combater um grande mal - o contrabando de animais silvestres - nossos iluminados legisladores optaram não apenas por "tirar o sofá da sala" - criminalizando a posse do animal, como também trataram de empoderar nossa cartorial, desumana e obtusa burocracia, com instrumentos administrativos capazes de torturar culpados, incautos e inocentes.

Assim, em 2010, a agência ambiental do governo federal, o IBAMA, após receber "uma denúncia anônima", invadiu a casa de Dona Izaura com seus bravos fiscais fardados, para apreender o pássaro Leozinho. Chamaram o circo armado de... "resgate" (?).

Tratada como se fosse uma marginal criminosa, Dona Izaura teve uma forte crise de hipertensão - não falecendo por conta da assistência médica e dos sobrinhos, que trataram de recorrer à Justiça.

Uma medida cautelar, emitida por um juiz federal não contaminado pela sanha biocentrista, sustou a apreensão, salvando a vida de Dona Izaura e de Leozinho - que obviamente havia entrado em depressão.

Apesar da insistência dos "bravos" burocratas ambientalistas, a sentença foi mantida pelo Tribunal Regional Federal, no Recife, e, surpreendentemente, pelo Superior Tribunal de Justiça, em Brasília.

É certo que pela lei, a posse de animais silvestres em cativeiro, sem autorização do IBAMA, é crime e infração administrativa. Porém, desde o nascedouro desta norma jurídica, todos os operadores do direito com um mínimo de humanidade têm se debruçado sobre a questão para ponderar que a norma há de ter aplicação criteriosa, examinando-se cada caso como se único fosse - tamanhas as peculiaridades da simbiose cultivada entre os animais domesticados e seus donos - que transcende para muito além da letra fria da lei.

"Mesmo sendo crime a posse do animal, a melhor interpretação da lei deve evitar um dano ainda maior: o animal não vai se adaptar e dona Izaura pode ter um pico de pressão", disse o advogado João de Deus Quirino Filho, que representa a família de Dona Izaura, reproduzindo o entendimento assente na Justiça.

Mas os próceres do biocentrismo fascista não descansam. O IBAMA, como se nada mais tivesse a fazer que não perseguir a velhinha do papagaio, apresentou recurso ao Ministro Og Fernandes, relator do processo no STJ, para que este reconsidere sua decisão provisória e submeta o caso ao plenário. A pressurosa ecoburocracia entende que no plenário do STJ, o aparato biocentrista (que tem raízes fincadas no colegiado) se apresente, para consolidar a desumanidade praticada. 

Como em todo fascismo, o aparato burocrático engajado pretende informar didaticamente ao País que, de agora em diante, seres humanos e animais silvestres estão condenados à segregação social e afetiva.

O tribunal regional constatou que o papagaio "está totalmente adaptado ao ambiente doméstico e não há indícios de maus-tratos". Falta, porém, o STJ analisar as mesmas circunstâncias.

Por trás dessa verdadeira demonstração de desumanidade, há o espectro sinistro do biocentrismo fascista, verdadeira praga ideológica que contamina hostes ambientalistas dentro e fora do Poder Público.

Biocentristas ou eco-fascistas são capazes de, em nome de uma posição idealizada do que seja "proteger o meio ambiente", afastar um animal domesticado do ambiente em que vive há décadas, para "devolvê-lo a seu habitat" ou entregá-lo a um zoológico, ainda que saibam que isso poderá provocar a morte da ave ou agravar os problemas de saúde de sua dona.

De fato, a lei ambiental não foi feita para permitir desumanidades ou premiar gente que usa o desamor como forma de conduta administrativa ou judicial...

Nota ZERO para o IBAMA.

Vida longa à união de Dona Izaura e Leozinho.

Morte ao biocentrismo fascista!
Por: Antonio Fernando Pinheiro Pedro,advogado (USP), jornalista e consultor ambiental. Sócio diretor do escritório Pinheiro Pedro Advogados. Integrante do Green Economy Task Force da Câmara de Comércio Internacional, membro do Instituto dos Advogados Brasileiros – IAB e das Comissões de Política Criminal e Infraestrutura da Ordem dos Advogados do Brasil – OAB/SP. É Vice-Presidente da Associação Paulista de imprensa - API, Editor-Chefe do Portal Ambiente Legal e responsável pelo blog The Eagle View.
Do site: http://www.theeagleview.com.br/

sábado, 29 de julho de 2017

A EUROPA ORIENTAL OPTA PELA CIVILIZAÇÃO OCIDENTAL

- "A maior diferença é que na Europa, política e religião estão separadas uma da outra, mas no caso do Islã é a religião que rege a política" — Zoltan Balog, Ministro de Recursos Humanos da Hungria.


- Não é por acaso que o presidente Trump escolheu a Polônia, um país que lutou contra o nazismo e o comunismo, para conclamar o Ocidente a mostrar um tantinho de disposição em sua luta existencial contra o novo totalitarismo: o Islã radical.

- "Possuir armas é uma coisa, estar disposto a usá-las é outra coisa totalmente diferente". — Professor William Kilpatrick, Boston College.
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Em um discurso histórico diante de uma exultante multidão polonesa, precedendo o início da reunião dos líderes da Cúpula do G20, o presidente dos EUA, Donald Trump descreveu a luta do Ocidente contra o "terrorismo islâmico radical" como forma de proteger "nossa civilização e nosso modo de vida". Trump perguntou se o Ocidente tinha a determinação de sobreviver:

"Temos a necessária convicção de nossos valores a ponto de defendê-los a qualquer custo? Temos o devido respeito pelos nossos cidadãos a ponto de proteger nossas fronteiras? Temos o desejo e a coragem suficientes de defender a nossa civilização diante dos que querem subvertê-la e destruí-la?"

A pergunta de Trump poderá ressoar na Europa Oriental, lugar escolhido por ele para proferir seu eloquente discurso.
Presidente Donald Trump discursando em Varsóvia, Polônia, de fronte do monumento em homenagem ao Levante de Varsóvia de 1944 contra os alemães, em 6 de julho de 2017. (Imagem: Casa Branca)

Depois que um homem-bomba assassinou 22 pessoas na saída de um show em Manchester, incluindo dois poloneses, a primeira-ministra da Polônia, Beata Szydło, destacou que a Polônia não seria "chantageada" a aceitar milhares de refugiados segundo as diretrizes do sistema de quotas da União Europeia. Ela urgiu os legisladores poloneses no sentido de protegerem o país e a Europa dos flagelos do terrorismo islâmico e do suicídio cultural:

"Europa, para onde você está indo? Levantem-se dos joelhos e da letargia ou vocês irão chorar todos os dias a morte de seus filhos.

Dias mais tarde, a União Europeia anunciou que começaria os procedimentos com o intuito de punir a Polônia, Hungria e República Checa por se recusarem a aceitar migrantes conforme a determinação de um programa criado pela Comissão Europeia em 2015.

Após o discurso de Szydło, Zoltan Balog, Ministro de Recursos Humanos da Hungria, declarou:

"O Islã é uma cultura e uma religião de grande importância, que devemos respeitar, mas a Europa tem uma identidade diferente e é indubitável que as duas culturas não têm condições de coexistir sem conflitos... A maior diferença é que na Europa, política e religião são separadas uma da outra, mas no caso do Islã é a religião que rege a política".

É por esta razão que Viktor Orban foi tachado de "inimigo interno da Europa" -- porque ele disse com todas as letras, para não deixar dúvidas, o que o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, jamais dirá: "devemos manter a Europa cristã".

Os discursos proferidos pelas autoridades de Visegrad - grupo europeu formado pela República Tcheca, Polônia, Hungria e Eslováquia - são apenas dois exemplos das profundas divisões ideológicas entre os países da Europa Ocidental e os da Europa Central e Oriental.

Há uma acentuada propensão dos líderes de Visegrad em retratar o Islã como uma ameaça civilizacional à Europa cristã. Se de um lado a Europa Ocidental tem se distanciado drasticamente pela opinião pública e severamente restringida pelas leis da UE, na Europa Oriental as mais recentes pesquisas de opinião revelam que o cristianismo continua tão robusto e patriótico como sempre. É por isso que Trump chamou a Polônia de "nação devota". É por isso que as revistas católicas dos EUA perguntam abertamente se há um "despertar cristão" na Europa Oriental. A Eslováquia aprovou uma lei para evitar que o Islã se torne uma religião estatal oficial.

Para começar, esses países da Europa Central e Europa Oriental estão cônscios que o multiculturalismo da Europa Ocidental tem sido a receita para os ataques terroristas. Conforme observa Ed West do The Spectator:

"Não são todos os países da Europa. A Europa Central, principalmente a Polônia, Hungria e a República Checa, permanecem em grande medida salvos da ameaça terrorista, apesar da Polônia, mais especificamente, ser um ator da OTAN no Oriente Médio. É precisamente pelo fato das razões para isso serem tão óbvias, é que não se pode mencioná-las. A percentagem muçulmana da Polônia representa 0,1% da população, cujo maioria pertence a uma comunidade tártara estabelecida há muito tempo, a da Grã-Bretanha é 5%, da França 9% e de Bruxelas 25%, sendo que essas cifras estão em franco crescimento".

O que é, supostamente, "óbvio" é que a Polônia e a Hungria não são atingidas por ataques terroristas islâmicos porque estes países têm pouquíssimos muçulmanos, ao passo que na Bélgica e no Reino Unido acontece o inverso. Provavelmente a Europa estaria mais segura se tivesse seguido o exemplo da Europa Oriental.

A Europa Oriental mostra maior entendimento da cultura ocidental do que a própria Europa Ocidental. Esses países do leste também têm sido bem mais generosos à OTAN, baluarte de sua independência e segurança. A cultura e a segurança andam de mãos dadas: se você levar a sério a sua própria cultura e civilização, você estará disposto a defendê-las.

Um breve olhar para os dispêndios militares dos membros da OTAN em relação ao PIB mostra que a Polônia cumpre com sua obrigação de pagar 2% do Produto Interno Bruto, diferentemente de todos os países da Europa Ocidental. Apenas cinco dos 28 membros da OTAN - os EUA, Grécia, Polônia, Estônia e Reino Unido - contribuem com os 2%. E a França? E a Bélgica? E a Alemanha? E a Holanda?

"Ao contrário da maioria de seus pares da OTAN e da Europa", Agnia Grigas, membro sênior do Atlantic Council, esclareceu: "a Polônia tem ao longo das duas últimas décadas visto a defesa como uma questão prioritária e, como resultado, emerge lenta e de forma contínua como bastião da segurança europeia". A Polônia - diferentemente da Bélgica, Itália e outros países europeus - não é um "penetra" e sim um parceiro confiável, aliado dos EUA. A Polônia mostrou lealdade aos Estados Unidos, tanto no Afeganistão como no Iraque, onde suas tropas lutaram contra os talibãs, além de ajudarem a derrubar Saddam Hussein.

Não é por acaso que o presidente Trump escolheu a Polônia, um país que lutou contra o nazismo e o comunismo, para conclamar o Ocidente a mostrar um tantinho de disposição em sua luta existencial contra o novo totalitarismo: o Islã radical.

"O Ocidente continuará desfrutando da vantagem militar por um bom tempo ainda, mas possuir armas é uma coisa, estar disposto a usá-las é outra coisa totalmente diferente", assinalou William Kilpatrick, professor do Boston College. "O Ocidente é forte militarmente, mas fraco ideologicamente. Falta-lhe confiança civilizacional".

É por esta razão que é crucial que a Europa Oriental continue a ser uma voz forte de dissidência ao projeto da UE. Ela poderia prover a confiança cultural que falta, tão acentuadamente, aos burocratas europeus - falta esta cujo custo é a própria Europa.
Por: Giulio Meotti, Editor Cultural do diário Il Foglio, é jornalista e escritor italiano.Original em inglês: Eastern Europe Chooses to Keep Western Civilization
Tradução: Joseph Skilnik  Do site: https://pt.gatestoneinstitute.org

sexta-feira, 28 de julho de 2017

A ALMA CHINESA ASPIRA À HIERARQUIA SOCIAL, À TRADIÇÃO E AO REQUINTE


Refeição chinesa tradicional.

Mao Tsé-Tung, fundador do comunismo chinês, disse outrora que uma revolução não é um banquete: todas as formas de feiura e de crime estavam legitimadas na revolução niveladora do comunismo.

Ele agiu em consequência, arrasando o passado cultural chinês, sua hierarquia social, os requintes de sua arte e as “superstições” das religiões, com ódio especial ao catolicismo, apesar de Mao ter sido formado em escola de jesuítas.

Mas sendo “a alma humana naturalmente cristã”, como disse Tertuliano, todo ser humano aspira no fundo à beleza, à perfeição e, em suma, ao catolicismo.

As conveniências de expansão da revolução comunista chinesa exigiram um abrandamento da ditadura miserabilista. 

Então a China virou potência industrial e comercial. Com uma consequência indesejada pelo marxismo: setores dela passaram a usufruir de algumas vantagens da civilização ocidental, outrora cristã.

E o fundo da alma chinesa voltou a se manifestar: ela quer a beleza, a boa ordem, o requinte e o luxo, inclusive no lar. Quer um serviço de mesa impecável para os dias de festa e o vinho servido em taças.

Quaisquer que sejam as restrições que se lhe possam fazer, a série televisiva “Downton Abbey” foi um detonante desses anelos profundos da alma chinesa.

E os “novos ricos” da China, rudes e pouco refinados, foram tomados pela saudade da velha escola de educação e requinte. Enquanto os estilos comunistas estão associados à morte, os modelos ocidentais fazem furor.

Já tivemos ocasião de falar dos bons modos no relacionamento público.

Escola para mordomos em Chengdu. 

Estudantes Liu Janmin e Zhang Ling acertam a boa disposição dos copos.

Agora o jornal “The New York Times”,sempre associado às causas degradantes da Revolução Cultural, teve de tratar da demanda na China, de serviços de mordomos locais formados na escola das mansões britânicas, popularizados por “Downton Abbey”.

As agências e escolas de formação de mordomos vêm operando na China há mais de uma década. E o número de candidatos cresceu marcadamente nos anos recentes. A maioria é chinesa e muitos são mulheres.

A Academia Internacional de Mordomos da China, por exemplo, foi inaugurada em 2014, em Chengdu, cidade do sudoeste habitualmente coberta pela neblina. Talvez essa seja uma analogia com Londres, mas é secundário.

O presidente chinês, Xi Jinping, está engajado numa campanha radical contra a desigualdade social e cultural e o abandono da filosofia marxista, niveladora das categorias sociais.

Ele vocifera contra a corrupção e o esbanjamento que, por certo, abundam em proporções descomunais no socialismo de Estado.

Mas os mordomos encontram cada vez mais empregos, como símbolos do bom gosto e do requinte a que aspiram inúmeros chineses enriquecidos recentemente. 

Muitos dos formados na academia vão trabalhar em restaurantes, hotéis e centros de negócios luxuosos, onde os que não podem pagar um mordomo particular vão sonhar um momento com algo assim.

Luo Jinhuan, por exemplo, trabalhou de mordomo em Xangai e Pequim, após aprender o ofício na Holanda.

Os promotores da nova onda afirmam que “Downton Abbey” ajudou a reavivar um novo interesse pelo serviço requintado, restabelecendo as pontes com o serviço da velha escolha da China.

“Comecei a entender a profissão depois de ver ‘Downton Abbey’”, disse Xu Shitao, nascida em Pequim há 34 anos, que toma aulas na academia de Chengdu.

Ela e seus companheiros de aula perceberam que ser mordomo na vida real é árduo, mas nem por isso pensam desistir. 

Aprendendo a servir a champagne na Academia Internacional de Chengdu

Levaram uma manhã inteira praticando servir o vinho e a água.

“Estica-te, serve, para cima, gira, para trás, limpa. Tenta esticar mais o braço”, ordenava Christopher Noble, instrutor americano auxiliado por seu indispensável tradutor. “Tu tens que entender que estás fazendo um balé”.

Os patrões chineses esquecem com frequência o que é um verdadeiro dono de casa. E tratam seus mordomos como lacaios para qualquer coisa.

Mas isso é contra a ideia tradicional do mordomo, que é a de um respeitado administrador do lar. 

As dificuldades não tiram a vontade de adotar uma função serviçal, rodeada intrinsecamente de dignidade e respeito.

“Muitos de nossos milionários são ricos de primeira geração – outrora se dizia ‘parvenus’ou ‘nouveaux riches’ – e não têm acumulada uma longa historia familiar”, explicou Yang Linjun, 22 anos, aluno na academia de mordomos de Chengdu.

Yang Linjun gostaria servir nobres tradicionais, de famílias afidalgadas, após séculos de cultura transmitida de pai para filho. A nobreza dos patrões dignifica e eleva seus servidores e Yang sente isso na própria pele.
Por Luis Dufaur Escritor, jornalista,conferencista depolítica internacional,sócio do IPCO,

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Do site:http://pesadelochines.blogspot.com.br

quarta-feira, 26 de julho de 2017

O OCASO DO EMPREGO DOMÉSTICO E A BUROCRACIA IMBECIL


Com a crise, as empregadas domésticas estão sendo demitidas em massa, graças às medidas implementadas pela burocracia para a proteção delas...

Debret revisitado pelo Le Mond Diplomatique, quando da edição das normas sobre trabalho doméstico

"Fizeram-nos acreditar que sem Estado somos incapazes de criar arte, que qualquer coisa que carregue o nome “social” é bom, ignorando os mais de sete milhões de famintos, os mais de 12 milhões de desempregados e que apenas 8% da faixa etária trabalhadora compreendem e se expressam plenamente através das letras e dos números.
Achamos lucro pecaminoso e a estabilidade de um emprego público ideal e atraente porque, afinal, o Estado, essa entidade grandiosa e onipresente e potente, é responsável por todos os nossos sucessos e fracassos — pessoais e sociais."
(Herança Imbecil - Thiago Mourão - O Globo)

Por décadas, fetichistas da unanimidade fizeram hordas de mentes frágeis acreditarem, piamente, que a relação de trabalho privada representava a luta de classes e o "patrão" personificava a figura do inimigo da sociedade. 

Imbuídas, então, das "melhores intenções", as frágeis mentes incrustadas na burocracia do Estado implementaram normas legais visando "proteger" os empregados indefesos dos horríveis patrões. Visando, também, prevenir a exploração do homem pelo homem, os paladinos da justiça social também editaram regras que, praticamente, inviabilizaram a figura do empregador, com exceção óbvia do Estado (afinal, os imbecis precisavam ser remunerados...). 

O resultado é o que aí está: um país que detém, sozinho, 98% das ações trabalhistas em curso no mundo, um funcionalismo público responsável por dez por cento do número de aposentados e dois terços do déficit público da previdência, milhões de desempregados e parte do restante "subempregado", um judiciário que custa ao cidadão mais do que aufere em prol de quem alega proteger, e um serviço público com os maiores salários do planeta e uma das menores taxas de eficiência do mundo. 

Embora o quadro revelado seja óbvio, é preciso, ainda, desenhá-lo, porque não basta explicar tamanha a estultice cultivada no seio da sociedade dita "pensante" brasileira. 

Vamos começar pela mãe de todas as idiotias tupiniquins: a academia. 

Outro dia, me deparei com uma tese respeitável cujo resumo se presta a introduzir o nosso assunto neste artigo. Vejamos: 

"O trabalho doméstico é imprescindível para a manutenção da vida humana. Entretanto, o histórico de desempenho desse ofício vem acompanhado por complexos processos de discriminações negativas, motivadas, sobretudo, pelos sistemas de classificação de classe, raça e gênero. A presente pesquisa analisa os debates desenvolvidos nas cinco audiências públicas de discussão da Proposta de Emenda à Constituição nº 478-A, realizadas entre outubro de 2011 e maio de 2012. A referida proposta versou sobre a equiparação das trabalhadoras domésticas às demais categorias urbanas e rurais e foi aprovada dia 02 de abril de 2013, dando corpo à Emenda Constitucional 72, que estabeleceu a alteração do parágrafo único do artigo 7º da Carta Magna e ampliou os direitos das trabalhadoras domésticas. Vale ressaltar que esse processo de extensão de direitos foi denominado, por muitos, de segunda abolição. Diante ao exposto e à observação da importância do trabalho doméstico para a reprodução da sociedade e dos sistemas econômicos e políticos e de sua tardia regulamentação, este estudo propõe considerar como a imagem social da trabalhadora doméstica é constituída por diferentes grupos presentes nos debates analisados. Buscando, ainda, desvendar o que as discussões acerca do trabalho doméstico podem dizer sobre as estruturas de conformação da sociedade, de um modo geral. Verifica-se que a fixação de quadros construídos sob a égide do eurocentrismo colonial/moderno continua a influir nos direcionamentos políticos do Estado e no arcabouço jurídico brasileiro, e, consequentemente nos desenhos sociais das trabalhadoras domésticas e na atribuição de não valor às atividades por elas desempenhadas. (PALAVRAS-CHAVE: trabalhadoras domésticas; PEC 478-A; EC 72; segunda abolição; colonialismo)." (sic...)

O original de Debret - assim a burocracia ainda enxerga as relações de trabalho no Brasil

Pois bem, o mesmo sistema de conceitos ideológicos que inspirou a pesquisa acadêmica introduzida em causa, também fez o regime econômico brasileiro retroagir aos tempos da pré-revolução industrial, reduzindo o Brasil a mero exportador de commodities. 

Não podia ser diferente. Embora as relações sociais e econômicas tenham evoluído no Brasil urbano, a visão esquerdizóide, rural, e cartorial ainda contamina academia, governo e justiça, como se o quadro pintado por Debret retratasse a realidade contemporânea sem qualquer retoque. Foi sob essa visão primária da sociedade que o quadro econômico involuiu, especialmente no governo de Dilma Rousseff. 

A taxa de desemprego atingiu níveis catastróficos de dois dígitos, levando autoridades como o ex-diretor do Departamento de Emprego do Ministério do Trabalho e Previdência, Rodolfo Peres Torelly, em 2015, informar à imprensa que "o emprego formal está desabando". 

De fato, a taxa de desocupação continua em alta e o Brasil tem agora, oficialmente, 14,2 milhões de desempregados - segundo dados do trimestre encerrado em março de 2017, número 14,9% superior ao trimestre imediatamente anterior (outubro, novembro e dezembro de 2016) – o equivalente a 1,8 milhão de pessoas a mais desocupadas.

Um dado, no entanto, chamava a atenção quando a crise econômica começava a se abater sobre o já desgastado governo Dilma, em 2015 : “O que tem segurado a taxa de ocupação nesse patamar é o setor de serviços domésticos e a pessoa que vai trabalhar por conta própria, com recolhimento para a Previdência ou não”, avaliava o ex-diretor Torelly. 

No ano de 2015, só o trabalho doméstico, no período, havia criado 200 mil novas vagas. 

No entanto, como anotara Flavia Vinhaes, economista da coordenadoria de Trabalho e Emprego do IBGE, o fenômeno se tratava de "uma nova reorganização da mão de obra, com substancial perda de carteira assinada, que obriga as pessoas a migrarem para outras ocupações mais instáveis”.

Para a burocracia de Estado, portanto, o emprego doméstico era sinônimo de "perda" de mão de obra em relação à produtividade. 

Nem tudo estava perdido para a burocracia. Em junho de 2015, entrou em vigor a lei complementar 150, que regulamentou a ampliação dos direitos trabalhistas das empregadas domésticas discutidos durante a tramitação da emenda constitucional 72, a chamada PEC das Domésticas. As trabalhadoras passaram a ter direito a hora-extra, FGTS, INSS, adicional noturno, seguro por acidente de trabalho, além dos benefícios do INSS, como aposentadoria e salário-maternidade.

De fato, logo após a lei entrar em vigor, o governo registrou um aumento na formalização das domésticas - motivado em grande parte pelo temor da fiscalização, estimulada pela mídia agressiva que estigmatizava a figura das patroas como as inimigas do novo Brasil desenhado pela propaganda do governo Dilma. 

Porém, com o agravamento da crise econômica, e a crise de transição do governo, a propaganda deu lugar á triste realidade dos fatos e o volume de trabalhadoras com carteira assinada começou a cair.

O equívoco na raiz da questão é evidente pois, para o famigerado "patrão", serviço doméstico é despesa e não lucro, porquanto não integra regime produtivo, e sim a manutenção do lar. Aliás, por isso, é um trabalho "doméstico"... 

Com a desaceleração da economia, as despesas de manutenção sofrem o inevitável corte. Não por outro motivo, no primeiro semestre de 2017, o total de empregadas domésticas com carteira assinada diminuiu de 1,57 milhão para 1,2 milhão, segundo os registros do e-social da Receita Federal, que faz o controle da arrecadação do FGTS e do INSS, entre outros tributos, do empregador e da trabalhadora.

Foram encerrados 379 mil registros, ou seja, uma queda de 24% no volume de empregos domésticos. 

De acordo com o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), a taxa geral de desemprego no país está em 10,7%. Isso significa dizer que, o que antes era o bastião da estabilidade nos períodos de crise - o emprego doméstico - atingiu O DOBRO da taxa de desemprego geral do Brasil.

"Quando o trabalhador de um outro setor é demitido uma das primeiras providências para conter os custos da casa é demitir a empregada. Então é um setor muito suscetível à crise. Mas a avaliação é que a lei foi muito positiva e trouxe dignidade e garantia de direitos para as trabalhadoras", disse Mario Avelino, presidente do Instituto Doméstica Legal.

A frase de Avelino reproduz o mantra da mitologia burocrática brasileira: "todos devemos reconhecer as benesses pretendidas, embora saibamos que o resultado concreto foi um desastre..."

A horda de "refugiadas laborais", em busca de sobrevivência, partiu para a atividade de diarista - dessa forma, buscam manter direitos previdenciários garantidos com a adesão ao MEI, programa de formalização do microempreendedor individual. Porém, em relação à massa de desempregados domésticos, o volume é ridículo, somente 27.610 diaristas encontram-se inscritas no MEI. 

Nos últimos seis meses, o volume de empreendedores autônomos no MEI cresceu 8,05%, passando de 5,8 milhões (em dezembro de 2015) para 6,1 milhões agora em junho de 2017. "Quem era doméstica agora está virando diarista até a crise passar e o mercado de trabalho melhorar", disse o pressuroso sindicalista Avelino.

Enquanto a liderança sindical procura extrair pelos do ovo da crise econômica para sustentar um discurso sem qualquer emprego prático, a horda de desempregados engorda com a nova safra de vítimas da regulamentação irresponsável - tudo em prol de uma burocracia que massacra o que resta da economia do país e, agora, avança para dentro das casas dos cidadãos. 

No "hall da Justiça" dos grandes operadores do organismo social brasileiro, mais uma vez, haverá aquela típica declaração: "A operação foi um sucesso. Porém, devido às circunstâncias, o paciente morreu..."

O quadro de Debret, revisitado pelo Le Mond Diplomatique, revela mais que o que pretendia a reportagem. As relações de trabalho se modernizaram, inclusive no ambiente doméstico. Porém, a visão preconceituosa, cartorialista e colonial sobre essas relações, permaneceram iguais no paquidérmico Poder Público brasileiro. 

Triste ocaso do emprego doméstico. Mais uma herança lamentável da nossa burocracia imbecil. 
Fontes: 
http://noticias.r7.com/economia/uma-em-cada-cinco-domesticas-com-carteira-assinada-perdeu-o-emprego-em-2016-20062016
http://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2017-04/ibge-total-de-desempregados-cresce-e-atinge-142-milhoes

Por: Antonio Fernando Pinheiro Pedro, advogado (USP), jornalista e consultor ambiental. Sócio diretor do escritório Pinheiro Pedro Advogados. Integrante do Green Economy Task Force da Câmara de Comércio Internacional, membro do Instituto dos Advogados Brasileiros – IAB e das Comissões de Política Criminal e Infraestrutura da Ordem dos Advogados do Brasil – OAB/SP. É Vice-Presidente da Associação Paulista de imprensa - API, Editor-Chefe do Portal Ambiente Legal e responsável pelo blog The Eagle View.
Do site: http://www.theeagleview.com.br


segunda-feira, 24 de julho de 2017

UM PAÍS CHAMADO MORTE


O Brasil vive momentos agonizantes. Um país dominado pelo crime, por bandidos de toda ordem e de norte a sul. Um país sem lei, ou de leis absurdas a serviço do crime e da impunidade. Um país praticamente sem justiça. Um país sem rumo. Um país sem moral. Um país desprovido da dignidade humana, tomado por uma mentalidade imbecilizada e genocida que não poupa seus filhos, poupando apenas seus bandidos.

Mais uma vez, em rede nacional assistimos de forma silente o abate covarde de um Policial Militar. Um homem jovem, um pai de família e anônimo brasileiro. Um herói que apenas escolheu o lado “errado“. Estivesse ele do lado do crime, no dia de hoje, entidades de vários segmentos da sociedade estariam protestando contra a violência do Estado por intermédio de sua polícia. Entretanto, como foi a desnecessária vida de um reles policial não haverá nota oficial, protestos, mesas redondas, opiniões de “especialistas“ em Segurança Pública ou congêneres.

A vida no Brasil, na verdade, se tornou um pormenor banal. Um país que assiste absolutamente inerte à execução de mais de 60 mil pessoas por ano. Um país que já se acostumou aos massacres inescrupulosos da imprensa contra policiais. Um país que não sabe mais distinguir o crime e o lícito. Um país onde a barbárie impera e os executores

desta barbárie são eleitos, votados, ou privilegiados em todos os Poderes da República.


O policial militar morto em Minas Gerais, Cabo Marcos Silva (foto à dir.) é apenas uma pontinha mínima do iceberg. Ele é apenas mais um a perder sua preciosa vida para um sistema de burocratas assassinos e moralmente repulsivos. Burocratas que inverteram os valores no país. Foram estas pessoas que mataram o Cabo Marcos. Disparar o fuzil foi um mero detalhe revolucionário que qualquer bandidinho de quinta categoria – devidamente armado pelo Estatuto do Desarmamento – poderia fazê-lo. No país da hipocrisia máxima, a arma pertence ao crime e nem mesmo os policiais têm liberdade para usá-la.

A execração pública a que é submetida a brava Polícia do Brasil só encontra tradução nos dicionários dos canalhas. O Brasil da vida pública odeia seus heróis e glorifica sua escumalha. Aquela malta que veste terno e senta-se confortavelmente em seu escritório refrigerado com uma caneta na mão para decidir os rumos do fracasso brasileiro e sua desorientada trilha.

Nós também ajudamos a matar este Policial Militar. Nós, que outorgamos poderes para esta súcia ordinária agir, ou que aceitamos suas esdrúxulas imposições nas mais variadas repartições da estrutura pública e cartorária nacional. Nós, que nos resignamos diante de cada assassinato de um policial, ou de um brasileiro impotente diante das garras do Estado – que nem ao menos o sagrado direito à legítima defesa possui. Nós, que aceitamos calados a mídia difamar incessantemente nossos policiais.

O Brasil não é uma nação. O país se tornou um amontoado de terra povoado por ovelhas dóceis que são perseguidas por lobos 24 horas por dia. Lobos oficiais com carteiras funcionais e outros lobos com permissão estatal para agir – os bandidos.

O Brasil só será uma nação se houver uma moralização completa no país e a inversão de valores der lugar ao correto e ao justo. A justiça brasileira apenas referenda aquilo que abraçou como causa e objetivo: tornar este aglomerado de terra um povoado de ninguém e do nada; desde que os bolsos estejam recheados do vil metal e que a arrogância seja recompensada pelo Poder – soberana e mediocremente concedido pelo Estado em falso nome da Lei e da ordem.
O Brasil se tornou uma farsa medonha.
Por: Claudia Wild apresenta o programa A Hora de Europa, na Rádio Vox.
Do site: http://midiasemmascara.org


domingo, 23 de julho de 2017

O BRASIL PÓS LULA


A sentença prolatada pelo juiz Sérgio Moro do Lula, condenando Lula a 9 anos e seis meses de prisão, praticamente decretou a sua morte política. O período que se abre agora até a confirmação da sentença em segunda instância será apenas um prolongado velório e, como todo velório, terminará no sepultamento político do ex-presidente. A pergunta que se coloca é o que será do PT sem Lula candidato e como ficará a política partidária do Brasil sem a figura do ex-presidente.

Não há dúvida de que a mais singular criatura a aparecer no cenário político nacional no último quartel do século passado foi o PT, capitaneado pelo carrancudo Lula. A esquerda mais revolucionária alinhou-se com ele e acabou chegando à Presidência da República em 2002, tendo ficando por 14 anos no poder, oito anos sob a presidência de Lula e os demais sob Dilma Rousseff, cujo mandato foi interrompido pelo impeachment. O PT singularizou-se pelo discurso “ético”, mas, como demonstrou Olavo de Carvalho, essa ética revolucionária é o oposto da ética do senso comum cristão, é a própria cartilha de intenção de crimes revolucionários. Ademais, a intenção de “mudar tudo que está aí” nunca foi escondida, algo que só poderia ser feito mediante ou golpe de Estado ou passando por cima do ordenamento jurídico. Foi o que foi feito com o mensalão e com o petrolão e toda a prática criminosa resultante da tentativa de perpetuação no poder.

O problema é que o PT jamais teve maioria parlamentar e foi obrigado a se aliar ao PMDB que, nesses anos todos, serviu de freio aos anseios revolucionários do PT. As falcatruas derivaram da tentativa de alugar uma base aliada obediente, disposta a aprovar tudo. Houve erro de cálculo, pois a tal base nunca votou incondicional. As três grandes derrotas parlamentares sofridas foram justamente de autoria desse partido: a recusa da CPMF, a negação do terceiro mandato a Lula e o impeachment de Dilma Rousseff. A única força de oposição eficaz que o PT teve foi o PMDB.

A contradição óbvia vivida pelo PT é ter uma plataforma revolucionária sendo implantada dentro da ordem democrática, numa sociedade aberta com imprensa livre. O PT colocou foco na nomeação dos juízes das cortes superiores, que passaram a interpretar a Constituição contra a letra do que nela estava escrito. Mesmo assim, vieram as condenações do mensalão no STF, pois no campo penal não há muito o que interpretar diante das provas. Seus líderes foram condenados, exceto Lula, protegido que foi pela Procuradoria Geral, fato que lhe permitiu escapar do impeachment.

Ao PT agora resta ou assumir de vez sua face revolucionária e, ato contínuo, eleger a violência como instrumento de chegada ao poder, ou se enquadrar na legalidade e se tornar um partido nanico, sem bandeiras e sem recursos. O ajuntamento de revolucionários que se tornou a sigla poderia então se dissolver, pois já não teria serventia para os propósitos revolucionários.

Em face da idade, Lula deve encerrar sua carreira política lutando pela liberdade pessoal nas barras dos tribunais. Deixou de ser líder político relevante, na verdade já está fora da política eleitoral, fonte que foi de seu poder durante toda vida. Sem votos, Lula não é nada e ele agora não pode mais pleitear cargos eletivos, a se confirmar a sentença de Sérgio Moro em segunda instância. O vácuo político deixado por Lula e pelo PT parece estar sendo preenchido pela emergência de forças de centro-direita. O partido mostrou-se frágil demais sem a figura demagógica do seu líder máximo, Lula.

A eleição de 2018 promete uma renovação radical dos nomes propostos pelas agremiações políticas. Não se sabe quem sairá vencedor, mas sabemos quem será o grande perdedor: o PT. Já foi assim em 2016. O partido vai desidratar de vez, dando lugar a novas forças que deverão emergir.
Quem viver verá.
Por: Nivaldo Cordeiro  www.nivaldocordeiro.net

quarta-feira, 19 de julho de 2017

UNIVERSIDADES BRASILEIRAS: INCUBADORAS DA NEFASTA IDEOLOGIA DE GÊNERO

Beijaço gay de alunos integrantes da militância LGBT da UFMG ocorrido em abril: não há ativismo gayzista sem auto-vitimização e criminalização de qualquer opinião discordante, por moderada que seja.


A Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) sediou uma palestra da pesquisadora britânica Zowie Davy, no auditório do Centro de Ciências da Saúde (CCS) no último dia 26. O evento marca o início de uma parceria com a universidade no projeto chamado “Lesbian, Gay, Bisexual and Transgender (LGBT) Sex-Work Migration and Health Implications”, junto com o movimento Epicenes: Núcleo de estudos em gênero da UFSC, coordenado pelo professor Rodrigo Moretti.

Eventos como esse têm sido realizados em todas as universidades do Brasil, desde a década de 1990, quando o movimento LGBT, financiado internacionalmente e apoiado pelas conferências da International Lesbianand Gay Association (ILGA). O ILGA abriga em sua estrutura, desde a década de 1980, o grupo em defesa dos direitos à pedofilia, o NAMBLA (North-American Boy-Lovers Association). Há décadas que as universidade do mundo todo fornecem um ambiente propício e amistoso para o desenvolvimento das agendas que têm como objetivo a diluição e finalmente destruição de conceitos jurídicos que possibilitam o entendimento da própria noção de liberdade e democracia, o que não pode prescindir da moldura enganosa da defesa de direitos. Entidades internacionais como a Open Society, de George Soros, investem milhões todos os anos para esta “nobre” causa.

Nas últimas semanas, as redes sociais viram imagens chocantes de uma aula de sexo oral sendo ministrada em uma sala da Universidade de Maringá (PR), diante de atenta plateia. Quem se escandaliza com aquelas imagens certamente não conhece do que é feito o meio universitário brasileiro, há décadas refém de uma miscelânea de delírios ideológicos que remete a comportamentos aparentemente insanos. De fato, a doença mental parece ter se apossado das consciências (se é que ainda existem) de estudantes e professores que mais parecem zumbis de algum filme de horror futurista. Mas quem está por trás dessa estrutura de poder e influência que domina as mentes e almas dos jovens no Brasil e no mundo? A verdade é que uma estratégia de longo prazo dificilmente se deixa perceber tão facilmente.

Na capital catarinense, o projeto Epicenes, que funciona na UFSC, é responsável por realizar, desde 2015, o evento Semana de Combate às Fobias de Gênero na Saúde, realizado em parcerias com grupos de ativistas da UFSC e o Centro de Ciências da Saúde, entre eles o Grupo Acontece (arte e política LGBT), espécie de QG de atividades culturais para a promoção do movimento LGBT. Todas essas iniciativas estão vinculadas ao ativismo gay e o seu afiliado, o ativismo pedófilo. E estes são apenas uma parcela muito pequena de movimentos dessa natureza abrigados na UFSC, assim como em muitas universidades brasileiras. Obviamente, o Brasil apenas repete comportamentos já bem crescidinhos no exterior. Universidades norte-americanas já oferecem bolsas para quem estudar o movimento LGBT e questões de gênero.

Breve histórico dos movimentos

De acordo com pesquisa de Alves Calixto:

Na década de 90, foram criadas ONGs voltadas para a causa LGBT com financiamentos de organismos internacionais, criação de parcerias do movimento com partidos políticos e o poder público. Em 1995 foi realizada a primeira parada do Orgulho LGBT no Brasil a partir da 17ª Conferência Internacional da International Lesbianand Gay Association (ILGA), no Rio de Janeiro. No mesmo ano, foi criada a Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais – ABGLT, com 31 grupos fundadores. Atualmente, a ABGLT é uma rede nacional de 308 organizações afiliadas. Fortaleceu-se também a presença na mídia, a participação em movimentos de direitos humanos, a articulação com redes internacional de promoção de direitos humanos e proposituras perante parlamentares em nível federal, estadual e municipal.(SIMÕES E FACHINNI, 2009).

Datam da mesma década, o aparecimento da chamada “teoria queer“, já existente nos EUA desde a década de 1980, iniciada pela teórica feminista Judith Butler. O significado de queer bem serve para que se compreenda o objetivo dos movimentos dentro da revolução linguística com a qual pretendem desconstruir e, assim, desestruturar a sociedade. Ainda com base nas citações de Alves Calixto:

Queer pode ser traduzido por estranho, talvez ridículo, excêntrico, raro, extraordinário (…). A ideia dos teóricos foi a de positivar esta conhecida forma pejorativa de insultar os homossexuais. Segundo Butler, apontada como uma das precursoras de teoria queer, o termo tem operado uma prática linguística com o propósito de degradar os sujeitos aos quais se refere. “Queer adquire todo o seu poder precisamente através da invocação reiterada que o relaciona com acusações, patologias e insultos” […] Por isso, a proposta é dar um novo significado ao termo, passando a entender queer como uma prática de vida que se coloca contra as normas socialmente aceitas (COLLING, 2011, p. 3).

O ataque ao que se entende como “normas socialmente aceitas” confunde-se facilmente com um golpe não aos valores, mas às realidades das quais eles falam. A revolução linguística vem resolver o problema de Marx, para quem os valores capitalistas estariam lastreados pela moral familiar, religiosa e, consequentemente, pelas verdades admitidas sobre a biologia. A diferença é que Marx acreditava que o socialismo poderia destruir a família naturalmente, o que não ocorreu. A alternativa agora é destruir primeiro a família, já que esta se recusou a morrer nos países em que o socialismo se impôs. É a alternativa cultural do marxismo ortodoxo.

Por que é necessária a destruição da família e perversão das crianças?

Segundo a noção já consagrada pelo que podemos chamar de Ideologia de Gênero (ou teoria da identidade de gênero) mais em voga, “a sexualidade não é compreendida como uma questão pessoal, algo ‘dado pela natureza’, mas é social, política, histórica aprendida no decorrer da vida de todos os sujeitos sociais”. Esta noção questiona o poder da biologia (ou de fatores externos) na construção da identidade humana. Essa identidade poderia ser puramente “inventada”, com base não numa realidade, mas em desejos retirados da própria cultura. Se a normatividade familiar, referida por eles, é artificial (e má) por ser baseada em uma construção social, muito pior seria a teoria queer, que necessita de um aparato de construção social muito mais agressivo para contrariar a biologia. Mas o argumento de construção social é apenas uma fachada. As “normas socialmente aceitas” não são vistas como más por causa da sua suposta artificialidade, mas por representarem, segundo Marx e Engels, o lastro inicial de toda forma de exploração: a família.

Assim, o pai explora a esposa e, juntos, exploram os filhos. O motor de toda a exploração é sexo, como domínio físico do corpo, segundo as ideias feministas que foram sintetizadas nas teorias de Freud. É por este motivo que feministas como Shulamith Firestone defendem clara e expressamente a liberação sexual das crianças. A destruição não é a única condição para a nova sociedade da liberdade total. O anticoncepcional, a educação estatal para todos, assim como as escolas mistas, tiveram como inspiração as ideias de Firestone, que tinha como objetivo a liberação da mulher para que ela pudesse ser livre da dominação e exploração imposta pela instituição familiar.

Nenhum militante LGBT dirá jamais que deseja destruir a família, mas certamente defenderá que a família tenha o seu conceito ampliado e diversificado, modificado desde a sua base, até que as pessoas não sejam mais capazes de distinguir entre uma família e uma manifestação de pedófilos que grita em frente à Igreja, acusando padres de pedófilos, ao mesmo tempo em que pede a descriminalização da pedofilia. A contradição é a sua arma mais eficiente, pois desarma o inimigo, como disse Butler.

Assim, os ideólogos do gênero transformam a sexualidade em arma política, capaz de destruir seus opositores por dentro e já em tenra idade, privando-os da identidade humana. Sabe-se que a autêntica identidade e personalidade humana só pode se manifestar no masculino ou feminino, isto é, por meio da identificação entre biológico e social, como insiste o filósofo espanhol Julián Marías. A constante deturpação e desidentificação entre as duas realidades (biológica e social), quando fomentada na infância, produz, já sabidamente, resultados catastróficos, não apenas sexuais ou comportamentais, como temos visto, mas cognitivos.

Federico Iadicicco, coordenador do Departamento Vida e Família do partido Fratelli d’Italia, afirma, em entrevista, que uma das razões por trás deste tipo de propaganda, o que Bento XVI chamou de “revolução antropológica”, contra a família e impulsionada por ambientes de poderosa influência financeira, está o poder de influência nas escolhas políticas de algumas das principais potências do mundo.

Definitivamente e de forma inequívoca, o financiamento substancial que grandes multinacionais e ONGs mundiais dão periodicamente a associações LGBT: Apple, Coca-Cola, a Open Society de George Soros, a Fundação MacArthur, a Fundação Ford, a Fundação Goldman, a Fundação Rockefeller, a Kodak, a American Airlines, a Pepsi, a Nike, a Motorola, só para citar alguns. Também é suspeita a atenção especial dos organismos supranacionais à promoção da ideologia de gênero nas escolhas legislativas nacionais. Basta considerar que a Organização Mundial da Saúde arruma tempo para ditar aos países as diretrizes de educação sexual para crianças em vez de lidar com os problemas reais da saúde no mundo.

Os resultados dessa ideologia já podem ser vistos em toda parte. Relatórios médicos e psiquiátricos já apontam a ideologia de gênero e a teoria queer como potenciais causadores de toda sorte de distúrbios e culpados de um crescente número de suicídios entre adolescentes e até crianças. A modificação dos corpos e das mentes destrói toda a capacidade de exercício do livre arbítrio humano, tornando-o um mero escravo de causas que ele não conhece.

Este é certamente um edifício dos horrores, do qual se pode compreender a bizarra motivação de verdadeiros monstros que se utilizam da fragilidade de crianças e adolescentes, em sua inocência, para transformá-los em ativistas zumbis. Os verdadeiros inimigos da humanidade, da família e de Deus, não são os militantes que lotam movimentos universitários, mas os teóricos e financiadores que transformam adolescentes em idiotas úteis a causas que apenas os destruirá por dentro e por fora.


segunda-feira, 17 de julho de 2017

IGREJA CATÓLICA: MÃE DAS UNIVERSIDADES


Os estudantes universitários normalmente têm um conhecimento pouco profundo sobre a Idade Média; e porque muitos são mal informados, acham que foi um período de ignorância, superstição e repressão intelectual por parte da Igreja católica. No entanto, foi exatamente na Idade Média que surgiu a maior contribuição intelectual para o mundo: o sistema universitário. A universidade foi um fenômeno totalmente novo na história da Europa. Nada como ele existiu no mundo grego ou romano afirmam os historiadores.

O ensino superior na Idade Média era ministrado por iniciativa da Igreja. A Universidade medieval não tem precedentes históricos; no mundo grego houve escolas públicas, mas todas isoladas. No período greco-romano cada filósofo e cada mestre de ciências tinham “sua escola”, o que implicava justamente no contrário de uma Universidade. Esta surgiu na Idade Média, pelas mãos da Igreja Católica, e reunia mestres e discípulos de várias nações, os quais constituíam poderosos centros de saber e de erudição.

Por volta de 1100, no meio de uma grande fermentação intelectual, começam as surgir as Universidades; o orgulho da Idade Média cristã, irmãs das Catedrais. A sua aparição é um marco na história da civilização Ocidental que nenhum historiador tem coragem de negar. Elas nasceram às sombras das Catedrais e dos mosteiros. Logo receberam o apoio das autoridades da Igreja e dos Papas. Assim, diz Daniel Rops, “a Igreja passou a ser a matriz de onde saiu a Universidade” (A Igreja das Catedrais e das Cruzadas, p. 345).

Tudo isso nesta bela época que alguns teimam em chamar maldosamente de “obscura” Idade Média. A razão e a fé sempre caminharam juntas na Igreja.

A raiz das Universidades está no século IX com as escolas monásticas da Europa, especialmente para a formação dos monges, mas que recebiam também estudantes externos. Depois, no século XI surgiram as escolas episcopais; fundadas pelos bispos, os Centros de Educação nas cidades, perto das Catedrais. No século XII, surgiram centros docentes debaixo da proteção dos Papas e Reis católicos, para onde acorriam estudantes de toda Europa.

A primeira Universidade do mundo Ocidental foi a de Bolonha (1158), na Itália, que teve a sua origem na fusão da escola episcopal com a escola monacal camaldulense de São Félix. Em 1200 Bolonha tinha dez mil estudantes (italianos, lombardos, francos, normandos, provençais, espanhóis, catalães, ingleses germanos, etc.). A segunda, e que teve maior fama foi a Universidade de Paris, a Sorbone, que surgiu da escola episcopal da Catedral de Notre Dame. Foi fundada pelo confessor de S. Luiz IX, rei de França, Sorbon. Ali foram estudar muitos grandes santos como Santo Inácio de Loyola, São Francisco Xavier e São Tomás de Aquino. A universidade de Paris (Sorbonne) era chamada de “Nova Atenas” ou o “Concílio perpétuo das Gálias”, por ser especialmente voltada à teologia.

O documento mais antigo que contém a palavra “Universitas” utilizada para um centro de estudo é uma carta do Papa Inocêncio III ao “Estúdio Geral de Paris”. A universidade de Oxford, na Inglaterra surgiu de uma escola monacal organizada como universidade por estudantes da Sorbone de Paris. Foi apoiada pelo Papa Inocêncio IV (1243-1254) em 1254.

Salamanca é a Universidade mais antiga da Espanha das que ainda existem, fundada pela Igreja; seu lema é “Quod natura non dat, Salmantica non praestat” (O que a natureza não nos dá, Salamanca não acrescenta”. Entre as universidades mais antigas está a de Santiago de Compostela. A cidade foi um foco de cultura desde 1100 graças ao prestígio de sua escola capitular que era um centro de formação de clérigos vinculados à Catedral. A Universidade de Valladolid é anterior à de Compostela já que em 1346 obteve do papa Clemente VI a concessão de todas as faculdades, exceto a de Teologia.

Em 1499, o Cardeal Cisneros fundou a famosa universidade “Complutense” mediante a Bula Pontifícia concedida pelo Papa Alexandre VI. Nos anos de 1509-1510 já funcionavam cinco Faculdades: Artes e Filosofia, Teologia, Direito Canônico , Letras e Medicina.

Até 1440 foram erigidas na Europa 55 Universidades e 12 Institutos de ensino superior, onde se ministravam cursos de Direito, Medicina, Línguas, Artes, Ciências, Filosofia e Teologia. Todos fundados pela Igreja. O Papa Clemente V (1305-1314) no Concilio universal de Viena em 1311, mandou que se instaurassem nas escolas superiores cursos de línguas orientais (hebreu, caldeu, árabe, armênio, etc.), o que em breve foi feito também em Paris, Bolonha, Oxford, Salamanca e Roma.

A atual Universidade de Roma, La Sapienza – onde tristemente estudantes e professores impediram o Papa Bento XVI de proferir a aula inaugural em 2008 – foi fundada há sete séculos, em 1303, pelo Papa Bonifácio VIII (1294-1303), com o nome de “Studium Urbis”.

Das 75 Universidades criadas de 1500, 47 receberam a Bula papal de fundação, enquanto muitas outras, que surgiram espontaneamente ou por decisão do poder secular, receberam em seguida a confirmação pontifícia, com a concessão da Faculdade de Teologia ou de Direito Canônico. (Sodano, 2004).

As universidades atraíam multidões de estudantes, da Alemanha, Itália, Síria, Armênia e Egito. Vinham para a de Paris chegavam a 4000, cerca de 10% da população.

Só na França havia uma dezena de universidades: Montepellier (1125), Orleans (1200), Toulouse (1217), Anger (1220), Gray, Pont-à-Mousson, Lyon, Parmiers, Norbonne e Cabors. Na Itália: Salerno (1220), Bolonha (1111), Pádua, Nápoles e Palerno. Na Inglaterra: Oxford (1214), nascida das Abadias de Santa Frideswide e de Oxevey, Cambridge. Além de Praga na Boêmia, Cracóvia (1362), Viena (1366), Heidelberg (1386). Na Espanha: Salamanca e Portugal, Coimbra. Todas fundadas pela Igreja. Como dizer que a Idade Média cristã foi uma longa “noite escura” no tempo? As universidades medievais foram centros de intensa vida intelectual, onde os grandes homens se enfrentavam em discussões apaixonadas nos grandes problemas. E a fé era o fermento que fazia a cultura crescer, ( Uma História não contada).

Graças ao latim todos se entendiam, era a língua universal e acadêmica; esta permitia aos sábios comunicar-se de um ponto a outro da Europa Ocidental. Havia uma unidade interna e de obediência aos mesmos princípios; era o reflexo de uma civilização vigorosa, segura de sua força e de si mesma.

A partir de 1250, o grego foi ensinado nas escolas dominicanas e, a partir de 1312 nas universidades de Sorbonne, Oxford, Bolonha e Salamanca. Abria-se assim um novo campo ao pensamento que desencadeou uma onda de paixão filosófica no nascimento da Escolástica-teologia e filosofia unidas para provar uma proposição de fé.

Santo Agostinho, Cassidoro, Santo Isidoro de Sevilha, Rábano Mauro e Alamino, os grandes mestres da Antigüidade, se apoiavam sobretudo nas Sagradas Escrituras. Agora o intelectual cristão da Idade Média quer demonstrar que os dogmas estão de acordo com a razão e que são verdadeiros. É a “teologia especulativa”, onde a filosofia é amiga da teologia. Os problemas do mundo são estudados agora sob esta dupla ótica.

A Universidade medieval era um mundo turbulento e cosmopolita; os estudantes de Paris estavam repartidos em quatro nações: os Picardos, os Ingleses, os Alemães e os Franceses. Os professores também vinham de diversas partes do mundo: havia Sigério de Brabante (Bélgica), João de Salisbury (Inglaterra), S. Alberto Magno (Renânia), S. Tomás de Aquino e São Boaventua da Itália.

Os problemas que apaixonavam os filósofos, eram os mesmos em Paris, em Oxford, em Edimburgo, em Colônia ou em Pavia. O mundo estudantil era também um mundo itinerante: os jovens saiam de casa para alcançar a Universidade de sua escolha; voltavam para sua terra nas festas. O sistema universitário que temos hoje com cursos de graduação, pós-graduação, faculdades, exames e graus veio diretamente do mundo medieval.

Os papas sabiam bem da importância das universidades nascentes para a Igreja e para o mundo, e por isso intervinham em sua defesa muitas vezes. O Papa Honório III (1216-1227) defendeu os estudantes de Bolonha em 1220 contra as restrições de suas liberdades. O Papa Inocêncio III (1198-1216) interveio quando o chanceler de Paris insistiu em um juramento à sua personalidade.

O Papa Gregório IX (1227-1241) publicou a Bula “Parens Scientiarum” em nome dos mestres de Paris, onde garantiu à Universidade de Paris (Sorbonne) o direito de se auto-governar, podendo fazer suas leis em relação aos cursos e estudos, e dando à Universidade uma jurisdição papal, emancipando-a da interferência da diocese.

O papado foi considerado a maior força para a autonomia da Universidade, segundo A. Colban (1975). Era comum as universidades trazerem suas queixas ao Papa em Roma. Muitas vezes o Papa interveio para que as universidades pagassem os salários dos professores; Bonifácio VIII (1294-1303), Clemente V (1305-1314), Clemente VI (1342-1352), e Gregório XI (1370-1378) fizeram isso.

“Na universidade e em outras partes, nenhuma outra instituição fez mais para promover o saber do que a Igreja Católica”, garante Thomas Woods (p. 51).

O processo para se adquirir a licença para ensinar era difícil. Para se ter ideia da solenidade e importância do ato, basta dizer que a pessoa para ser licenciada se ajoelhava diante do Vice-chanceler, que dizia:

“Pela autoridade dos Apóstolos Pedro-Paulo, dou-lhe a licença de ensinar, fazer palestras, escrever, participar de discussões… e exercer outros atos do magistério, ambos na Faculdade de Artes em Paris e outros lugares, em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo. Amém” [Daly, 1961; p. 135].

Uma riqueza da universidade medieval é que era atenta às finalidades sociais. Não se aceitava a ideia de uma cultura desinteressada, ou um saber exclusivamente para seu próprio benefício pessoal. “Deve-se aprender apenas para a própria edificação ou para ser útil aos outros; o saber pelo saber é apenas uma vergonhosa curiosidade”, já havia dito São Bernardo (1090-1153).

Para Inocêncio IV (1243-1254) a Universidade era o “Rio da ciência que rege e fecunda o solo da Igreja universal”, e Alexandre IV (1254-1261) a chamava de: “Luzeiro que resplandece na Casa de Deus” (Daniel Rops, p.348).

Portanto, são maldosos ou ignorantes da História aqueles que insistem em se referir à Idade Média e à Igreja como promotoras da inimizade à Ciência e perseguidora dos cientistas.
[Daly, 1961; p. 135].
São Bernardo (1090-1153).

Para Inocêncio IV (1243-1254) a Universidade era o “Rio da ciência que rege e fecunda o solo da Igreja universal”, e Alexandre IV (1254-1261) a chamava de: “Luzeiro que resplandece na Casa de Deus” (Daniel Rops, p.348).

Papa Bonifácio VIII (1294-1303), com o nome de “Studium Urbis”.
Do site: http://www.catolicismoromano.com.br


domingo, 16 de julho de 2017

A NAÇÃO SOB O GOVERNO DAS MINORIAS


A crise que jogou o Brasil na mais prolongada e perigosa depressão econômica e social de sua história não pode ser entendida sem que se conheça o peso do patrimonialismo, do corporativismo e do clientelismo na vida nacional. 

É pelo peso do patrimonialismo que o exercício do poder político se confunde com usufruto (quando não com a posse mesma) dos recursos nacionais. É pelo peso do corporativismo, cada vez mais entranhado e influente nas estruturas do Estado, que os bens e orçamentos públicos vêm sendo canibalizados desde dentro pelo estamento burocrático. É pelo peso do clientelismo que elites corruptas são legitimadas numa paródia de representação política, comprando votos da plebe com recursos tomados à nação.

Na perspectiva do cidadão comum, o que resulta mais visível, lá no alto das manchetes e no pregão dos noticiários de rádio e TV, é o que vem sendo chamado de mecanismo, ou seja, o modo como, nos contratos de obras e serviços, o recurso público é desviado para alimentar fortunas pessoais, partidos políticos e campanhas eleitorais que, por sua vez, garantem, a todos, a continuidade dos respectivos negócios. Com efeito, esse é o topo da cadeia. É o que se poderia chamar de operação contábil que viabiliza e formaliza o patrimonialismo.

O corporativismo, de longa data, se configura como forma de poder exercido com muito sucesso e responde, ano após ano, pela crescente apropriação dos orçamentos públicos e dos recursos de empresas estatais pelas corporações funcionais. É uma versão intestina do velho patrimonialismo. Raymundo Faoro, a laudas tantas de “Os Donos do Poder”, escreve sobre a centralização política ocorrida no Segundo Reinado e a singela constatação de que existem duas possibilidades: ou a nação será governada por um poder majoritário do povo ou por um poder minoritário. Era como exercício de poder minoritário que Faoro via o reinado de D. Pedro II. E o entendia à luz da teoria de Maurice Hariou, que fala de um poder formado “ao largo das idades aristocráticas, pelo exercício mesmo do direito de superioridade das minorias diretoras”.

Maurice Hariou (1856-1929) reparte com Kelsen o apelido de Montesquieu do século XX. Na sua perspectiva, são as instituições que fundamentam o Direito, e não o contrário. Correspondem ao conceito, as organizações sociais subsistentes e autônomas nas quais se preservariam ideias, poder e consentimento. A isso, dava ele o nome de corporativismo. Após 127 anos de república, é comum vê-lo em pleno exercício quando representantes de outros poderes, de carreiras de Estado, e de seus servidores ocupam ruidosamente galerias dos plenários ou palmilham corredores onde operam os gabinetes parlamentares. Raramente saem frustrados em suas reivindicações. E assim, bocado a bocado, ampliam, além de toda possibilidade, a respectiva participação no bolo dos recursos públicos. Em muitos casos, a soma das fatias já ultrapassa os 360 graus.

Os ônus do corporativismo representam um prejuízo vitalício, que se perpetua através das gerações. Como tal, muito certamente, excede o conjunto das falcatruas operadas pelo mecanismo. O Estado brasileiro poderia ser menor, onerar menos a sociedade e enfrentar adequadamente o drama das camadas sociais miseráveis, carentes de consciência política. Por que iriam os operadores do mecanismo, os manipuladores da miséria e o estamento burocrático interessar-se em acabar com a ascendência que exercem sobre essas vulneráveis bases eleitorais? Os três juntos – patrimonialismo, corporativismo e clientelismo – põem a nação em xeque. Não sairemos dele se não identificarmos, acima e além dos partidos e seus personagens, estes outros adversários, intangíveis mas reais, que precisam ser vencidos.Por: Percival Puggina 07/07/2017 http://puggina.org
Do site: http://midiasemmascara.org