quarta-feira, 30 de setembro de 2015

UM SILÊNCIO REPUGNANTE E ASSUSTADOR


Quanto tempo até a Alemanha, a casa de força da Europa, começar a parecer-se com o Egito?

Não se preocupe: só porque você não está prestando atenção não significa que a China esteja dormindo. Mais cedo ou mais tarde, Taiwan será deles.


A maioria de nós sabe porque a “eleição presidencial” a ser realizada em 2016 é corrupta em sua essência e este é o problema crucial.

Nenhum candidato sequer, nem mesmo o falastrão Donald Trump, falará de nosso principal problema. O restante de nós pode ver claramente que as exigências que desafiam a todos nós são devidas ao elefante na sala – sim, aquele grande paquiderme cinza cujo dorso está coberto com uma miríade de serpentes venenosas. Aqueles de nós que desejam observar são mantidos suficientemente encantados pelos complicados movimentos do Contorcionista (The Writhe) para estarmos quase completamente inconscientes dos danos sendo realizados pelo buliçoso elefante. Encaramos fascinados: as serpentes cairão/saltarão do elefante e virão atrás de nós? Ou nos sentiremos aliviados de que a única coisa que temos que limpar são os escombros e o excremento do elefante?

Murmuramos entre nós, perguntando se a sala de algum modo está encolhendo, tornando mais difícil evitar sermos escornados por aquelas presas. Ou... o elefante está sendo alimentado com esteroides de modo que está ficando maior que o outrora enorme alojamento que construímos para ele? Em ambos os sentidos: sala menor ou elefante maior, podemos, mesmo agora, sentir a respiração do elefante enquanto evitamos ser escornados, esmagados por pés enormes ou submersos no estrume. Dadas aquelas distrações, nosso destino mais provável será sofrer as fatais picadas venenosas das serpentes em seu dorso.

Quem quer que seja incumbido da limpeza do elefante recebe pagamento extra por amontoar como lenha nossos corpos inchados do lado de fora da porta. Eventualmente os carroceiros farão suas rondas, coletando nossos restos mortais e transportando-os para a pira.

Esta não é uma bela série de metáforas, não é mesmo? Mas certamente não é pior do que a realidade para aqueles desafortunados fugitivos, ou pior mantidos, pelos “aprendizes” de sádicos do ISIS. Respiramos aliviados: ao menos podemos ter certeza de que eles não estão aqui.

Então, o que está aqui ao invés do ISIS? Bem, dada a força do concreto de nossas muralhas, o que poderia nos derrubar? Saímos balançando contra os fanáticos lobotomizados do ISIS, mas o Islã tem estado trabalhando por muito tempo e sabe quando inchar como um assassino adolescente anabolizado e quando é mais importante vestir paletó e gravata e escavar um túnel através da infraestrutura do Ocidente. Escreveu até mesmo um plano completo com datas, e até agora o comboio do Islã está sendo pontual. Veja a Europa. Veja os territórios isolados semeados da América. Veja o que restou do Oriente Médio.

A Irmandade tem nosso número, escrito em triplicata. Pessoas reconhecidas como Steve Coughlin, Bill Warner e Geert Wilders estão falando, escrevendo e apresentando verdades históricas claras, mas o cordão sanitário erigido em torno da verdade teve um século para desenvolver-se numa barreira impenetrável. O Islã é excelente com barreiras, com túneis, com fantasias e subterfúgios. O imperialismo Islâmico é morte com mil faces. Mesmo o Príncipe Encantado com sua poderosa espada não pode abrir caminho através do arbusto espinhoso que foi plantado na virada do século XX e tem sido cultivado desde então: saudável, robusto e nutrido dos restos mortais executados de qualquer um que ousou falar claramente contra sua realidade repugnante.

Observe que não disse “Verdade” aqui. Esta é uma das verdades que incluem Bondade e Beleza. O assassinato deliberado de todas as três tem nos custado nossa civilização.

Você diz “Por quê? Como isto poderia acontecer?” Apenas olhe para trás. Você já viu tamanho rastro sangrento como o que foi deixado através da largura e amplitude da história humana pelos eventos terríveis do século XX? O mundo foi – e ainda é – coberto de sangue. Populações inteiras foram exterminadas enquanto observávamos ou enquanto dávamos as costas. O Genocídio Armênio foi meramente o prelúdio para assassinatos em massa ainda maiores – a deliberada fome de Stalin sobre a Ucrânia, que negamos de cima abaixo (receba os aplausos New York Times), ou a horrível carnificina de Mao na China, e sua aniquilação do Tibet, seu olhar sempre vigilante sobre Taiwan. Não tem ouvido falar de Taiwan ultimamente? Não se preocupe: só porque você não está prestando atenção não significa que a China esteja dormindo. Mais cedo ou mais tarde, Taiwan será deles. Faz-nos perguntar porque eles não avançaram durante o ineficaz reinado de Obama. Ele certamente não os combateria; o homem está acima de suas prodigiosas orelhas em seu próprio conjunto de trapalhadas infantis.

Além disso, os chineses de fato avançaram no continente norte-americano: após terem conseguido a posse do Canal do Panamá como seu limite inferior, eles começaram a comprar enormes pedaços de imóveis americanos em ambas as costas. Para não mencionar a aquisição da dívida americana.

É difícil contemplar agora o que sobretudo gritos silenciosos (na verdade, as vítimas estavam gritando estrondosamente; nós apenas não estávamos ouvindo. Havia um jogo de futebol em algum lugar, distraindo-nos. Ou uma partida de tênis. Ou uma Copa do Mundo. Ou a competição de cada nação na Grande Alienação para patrocinar as Olimpíadas. Havia escândalos sexuais, trapaças fiscais, estradas e ferrovias para construir – pontes para lugar nenhum).

Durante toda a confusão, alternamos entre fazer nada – por exemplo, Ruanda – e bagunçar as coisas ainda mais – veja Kosovo com a OTAN como nosso fantoche. Após a destruição da Líbia, derrubando-a de volta à Idade da Pedra, não desejamos ver incursões da OTAN durante nossas vidas.

Então sobre o que estes “candidatos” a presidente em 2016 estão falando? Certamente não sobre os importantes assuntos esboçados aqui. Ou mesmo os itens de segunda linha, de novo acontecendo “em outro lugar”. O sem precedente movimento massivo de estrangeiros em nações outrora soberanas. Estes recém chegados não chegam com o chapéu na mão mas com as mãos agressivamente esticadas nas faces de seus benfeitores. Em quantas línguas você pode dizer “me dê isso”? Só que isto é mais que um simples pedido por comida: “dê-nos suas mulheres, sua terra, sua riqueza”.

O Ocidente agora vê o Egito como o mais recente caso ao invés do celeiro que certa vez foi para o Mediterrâneo. Aquela memória tem sido apagada enquanto a cultura egípcia foi lentamente apagada e substituída por pobreza, escassez e ignorância uma vez que as incursões do Islã começaram. Onde o Egito forneceu os papiros para a alfabetização abrangente por todo o Mediterrâneo, sua própria alfabetização encolheu através dos anos e continuará a encolher enquanto extermina sua população de cristãos educados, assim como fizeram aos judeus.

Quanto tempo até a Alemanha, a casa de força da Europa, começar a parecer-se com o Egito?

As universidades do Norte da África floresceram por séculos antes do Islã exterminá-las. Agostinho foi o bispo erudito de Hipona que escreveu a primeira autobiografia do mundo. Ele salvou os remanescentes dos filósofos gregos e romanos para os filósofos e teólogos cristãos patrísticos para corrigir e usar na educação deles próprios. Mas tudo aquilo são escombros agora, soterrados sob a horrível destruição das hordas imperialistas Islâmicas.

Até quando para Itália parecer-se com a Líbia?

As antigas tradições da pesquisa científica na Sorbone ou Oxford ou das Universidades do Norte da Europa não estão imunes. Com as hordas agora entrincheiradas na Suécia, quanto tempo até Upsala corroer-se em ruínas pitorescas por falta de financiamento, e sua história ser completamente esquecida? Quanto tempo até que as tradições da pesquisa científica tornem-se conhecimento acumulado de uns poucos em extinção?

Quanto tempo até a Europa começar a parecer um continente deserto?

A genialidade da Irmandade Muçulmana assenta-se em sua capacidade de ajudar-nos a autodestruirmos. O processo é especialmente perceptível na Academia, onde a linguagem é deturpada e transformada em estiletes a serem usados contra aqueles que falam claramente. Vítimas de “micro-agressões” jazem sangrando enquanto seus agressores inevitavelmente “brancos” são conduzidos à praça pública pelos admiradores de Che e Mao. A deliberada cisão de identidade de gênero em facções cada vez menores tem deixado confusão, abuso de drogas e ignorância em sua esteira.

Então onde estão os defensores da liberdade, nossos defensores da soberania, nossos líderes da liberdade de expressão? Estão todos fora para o almoço, falando a respeito daquele abjeto homem estúpido, Donald Trump. E eles têm total apoio, previsível, da mídia traidora, todos aqueles jornalistas que levaram Obama ao poder e obtiveram zero por seus esforços.
Por: Diana West Publicado no Gates of Vienna.
Tradução: Flávio Ghetti Do site: http://www.midiasemmascara.org/

terça-feira, 29 de setembro de 2015

EM LOUVOR DE LULA

É fácil chamá-lo de ladrão, de vigarista, do diabo. Mas o fato é que essas críticas se baseiam num critério de idoneidade administrativa que só vale no quadro da “moral burguesa” e que, em toda a literatura marxista, não passa de objeto de zombaria.


Nem mesmo o enriquecimento pessoal ilícito pode ser alegado seriamente contra ele, pelos cânones da moral revolucionária.

Na peça teatral Processo e Morte de Stalin, de Eugenio Corti – escritor da estatura de um Manzoni ou de um Tolstoi --, o ditador soviético convida alguns de seus ministros e assessores para um jantar na sua casa de campo, na intenção de prendê-los e sacrificá-los num dos seus célebres “expurgos”. Eles descobrem o plano e decidem virar o jogo. Desarmam os guardas da casa e já estão quase liquidando com um tiro na nuca o velho companheiro, quando surge a idéia de lhe dar uma última oportunidade de se explicar perante o tribunal do materialismo histórico. O que se segue é uma obra-prima de argumentação dialética, na qual Stalin logra demonstrar, ante os olhos estupefatos de seus executores, que os crimes que perpetrou não foram jamais traições aos ideais revolucionários, mas sim a realização fiel, exata e genial dos princípios do marxismo-leninismo nas circunstâncias históricas dadas. Os conspiradores admitem que ele tem razão, mas resolvem matá-lo mesmo assim.

Para confirmar o dito de Karl Marx de que as tragédias históricas se repetem como farsas, alguém deveria escrever uma peça similar sobre o sr. Luiz Inácio Lula da Silva. Qualquer estudioso de marxismo que tenha feito a sua lição de casa – um tipo que, admito, é uma raridade absoluta tanto na esquerda quanto na direita hoje em dia --, tem a obrigação de perceber que, do ponto de vista da estratégia revolucionária, Lula nada fez de errado. Ao contrário. Seguiu a receita fielmente, com um fino senso dialético das condições objetivas, dos momentos e das oportunidades, logrando realizar o quase impossível: salvar da extinção o movimento comunista latino-americano e colocá-lo no poder em uma dúzia de países. Fidel e Raul Castro jamais puseram isso em dúvida. As próprias Farc reconheceram-no enfaticamente, na carta de agradecimento que enviaram ao XV aniversário do Foro de São Paulo. Mais ainda: no seu próprio país, Lula foi o líder e símbolo aglutinador da “revolução cultural” que deu aos esquerdistas o completo controle hegemônico das discussões públicas, ao ponto de que praticamente toda oposição ideológica desapareceu do cenário, sobrando, no máximo, as críticas administrativas e legalísticas que em nada se opunham à substância dos planos revolucionários. Isso nunca tinha acontecido antes em país nenhum. O próprio Lula, consciente da obra realizada, chegou a celebrar a mais espetacular vitória ideológica de todos os tempos ao declarar que, na eleição presidencial de 2002, o Brasil havia alcançado a perfeição da democracia: todos os candidatos eram de esquerda.

É fácil chamá-lo de ladrão, de vigarista, do diabo. Mas o fato é que essas críticas se baseiam num critério de idoneidade administrativa que só vale no quadro da “moral burguesa” e que, em toda a literatura marxista, não passa de objeto de zombaria. O que aconteceu foi apenas que Lula, como todo agente do movimento comunista internacional que não chega ao poder por meio de uma insurreição armada e sim por via eleitoral, como foi também o caso de Allende no Chile, teve de fazer alianças e concessões – inclusive e principalmente ao vocabulário da “honestidade burguesa”—com a firme intenção de jogá-las fora tão logo começassem a atrapalhar em vez de ajudar. Tanto ele quanto seu fiel escudeiro Marco Aurélio Garcia foram muito explícitos quanto a esse ponto: ele, em entrevista a Le Monde; Garcia, a La Nación. Mover-se no meio das ambigüidades de uma conciliação oportunista entre as exigências estratégicas do movimento revolucionário e os interesses objetivos dos aliados capitalistas de ocasião é uma das operações mais delicadas e complexas em que um líder comunista pode se meter. Mas, pelo critério dos resultados obtidos – o único que vale na luta política --, o sucesso do Foro de São Paulo é a prova cabal de que Lênin, Stálin ou Fidel Castro, no lugar de Lula, não teriam feito melhor.

Nem mesmo o enriquecimento pessoal ilícito pode ser alegado seriamente contra ele, pelos cânones da moral revolucionária. De um lado, em todos os clássicos da literatura comunista não se encontrará uma única palavra que sugira, nem mesmo de longe, que o compromisso de fachada com a “moral burguesa” deva ser cumprido literalmente como guiamento moral da pessoa do líder, ou mesmo do menor dos militantes. De outro lado, é fato histórico arquicomprovado que todas as estrelas maiores do cast comunista enriqueceram ilicitamente – Stalin, Mao, Fidel Castro, Pol-Pot, Allende, Ceaucescu --, sendo uma norma tácita que tinham até a obrigação de fazê-lo, de preferência com contas na Suíça, para ter os meios de resguardar-se e reiniciar a revolução no exterior em caso de fracasso do projeto local. O próprio Lênin só não chegou a poder desfrutar do estatuto de nababo porque semanas após a vitória da Revolução a sífilis terciária, cumprindo seu prazo fatal, o reduziu a um farrapo humano. Como dizia Yakov Stanislavovich Ganetsky (também chamado Hanecki), o mentor financeiro de Lênin, “a melhor maneira de destruirmos o capitalismo é nós mesmos nos tornarmos capitalistas”.

O movimento revolucionário sempre viveu do roubo, da fraude, do contrabando, dos seqüestros, do narcotráfico e, nos países democráticos onde chegou ao poder, do assalto aos cofres públicos. Lula não inventou nada, não inovou em nada, não alterou nada, apenas demonstrou uma habilidade extraordinária em aplicar truques tão velhos quanto o próprio comunismo.

No tribunal da ética revolucionária, portanto, nem uma palavra se pode dizer contra ele. As críticas só podem provir de três fontes:

a) Reacionários empedernidos, frios, desumanos e incompreensivos como o autor destas linhas, que não condenam Lula por desviar-se do movimento revolucionário e sim por permanecer fiel ao esquema de destruição civilizacional mais cínico e diabólico que o mundo já conheceu.

b) Aliados burgueses insatisfeitos de que ele viole de maneira demasiado ostensiva as regras da moral capitalista, sujando a reputação de quem só quer ajudá-lo.

c) Esquerdistas com precária formação marxista, que não entendem a natureza puramente tática da retórica burguesa de idoneidade administrativa e imaginam – ou se esforçam para imaginar diante do espelho -- que a roubalheira seja uma traição aos ideais revolucionários.

Os primeiros são os únicos que dizem o português claro: a roubalheira petista não é um caso de “corrupção” igual a tantos outros que a antecederam, mas é um plano gigantesco de apropriação do dinheiro público para dar ao movimento comunista o poder total sobre o continente.

Os segundos, ideologicamente castrados, imaginam poder vencer ou controlar o comunopetismo mediante simples acusações de “corrupção” desligadas e isoladas de qualquer exame da sua retaguarda estratégica. Inclui-se aí toda a grande mídia brasileira, com a exceção de alguns colunistas mais ousados como Reinaldo Azevedo, Percival Puggina e Felipe Moura Brasil.

Os terceiros macaqueiam o discurso dos segundos na esperança de salvar a reputação do movimento revolucionário mediante o sacrifício de uns quantos “corruptos” mais visíveis. Nas suas mentes misturam-se, em doses iguais, a falsa consciência, o fingimento histérico de intenções angélicas e o desejo intenso de limpar com duas palavrinhas tardias uma vida inteira de serviços prestados ao mal.

Não espanta a pressa obscena dos segundos em celebrar estes últimos como heróis nacionais. Vêem neles uma ajuda providencial para tomar do parceiro incômodo o controle da aliança sem ter de passar por anticomunistas, uma perspectiva que os horroriza mais que o risco do paredón.
Por: Olavo de Carvalho Publicado no Diário do Comércio.


segunda-feira, 28 de setembro de 2015

OS MUROS DO ORIENTE MEDIO E DO NORTE DA ÁFRICA QUE "NINGUÉM" CONHECE


Longo muro de 2.700 km que separa o Marrocos da frente separatista Polisário no Saara Ocidental. Foto: Divulgação.

Israel é o único país no mundo que tem sido condenado por construir uma barreira de segurança para proteger seus cidadãos. Enquanto isso, vários outros países, muitos deles no Oriente Médio e Norte da África, constroem barreiras para se proteger de imigrantes ilegais, terroristas e inimigos. E ninguém dá bola...

Israel começou a construir a barreira de segurança na fronteira com a Cisjordânia somente em 2003 (o Estado judeu foi fundado em 1948), depois que mais de 700 israelenses foram mortos em ataques terroristas a partir do início da Segunda Intifada, em setembro de 2000. Até dezembro de 2005, 1.100 israelenses foram mortos. Após a construção, o número de ataques e mortes dentro de Israel originários da Cisjordânia foi reduzido a quase zero (veja estatísticas abaixo). 

Já a Arábia Saudita construiu uma barreira de mais de 100 km ao longo da fronteira com o Iêmen, para deter o contrabando de armas, e uma cerca de 800 km ao longo de sua fronteira com o Iraque, para se proteger dos terroristas do Estado Islâmico. 

Para não ficar atrás, a Turquia construíu uma barreira na fronteira com a Síria, em área que os sírios reivindicam como sua. Em 2015, os turcos resolveram fortalecer ainda mais sua proteção na fronteira com a Síria, após um atentado suicida, com a construção de um muro de 800 km.

A Tunísia, que não é boba, começou a construir um muro na fronteira com a Líbia, para tentar controlar o contrabando e a infiltração de jihadistas, após o massacre que matou há poucos meses 38 turistas estrangeiros, cuja autoria foi assumida por terroristas do Estado Islâmico.

Até mesmo o Estado Islâmico constrói barreiras para defender seu território no Iraque e impedir as pessoas de escaparem do seu jugo.

Três décadas antes de tudo isso, o Marrocos construiu o maior e mais antigo muro, com 2.700 km de extensão, para separar as zonas do Saara Ocidental controladas por ele e pela frente separatista Polisário, em conflito de mais de 30 anos que deixou cerca de 100 mil refugiados. Em 2014, o país mostrou que muro é com ele mesmo e começou a construção de um novo, ao longo de sua fronteira com a Argélia.

Isso sem falar no muro "vovô" construído no longínquo ano de 1974, para separar gregos e turcos na ilha de Chipre.

No entanto, apenas a barreira de segurança de Israel tem sido alvo de condenação da ONU. Pode, Ban Ki-moon?

Trecho da barreira entre Arábia Saudita e Iraque. Foto: iraqidinarchat.net.

Localização do muro Arábia Saudita-Iraque. Imagem:freerepublic.


Localização do muro construído por Marrocos. Imagem: sandanddust.


Fronteiras políticas na região do muro de 2.700 km construído por Marrocos. Imagem: haamnews. 


Muro separa Tunísia e Líbia. Foto: gatewaypundit.

Mapa político da região do muro Tunísia-Líbia. Imagem: Daily Mail.



Imagem do muro de 800 km entre Turquia e Síria, em construção. Reprodução/CCTV.


Marrocos constrói muro na fronteira com a Argélia. Foto:worldbulletin.



Número de mortos em atentados terroristas em Israel. Em 2006, 362 km da barreira de segurança já haviam sido construídos. Fonte: MFA.
Publicado no blog da Confederação Israelita do Brasil - http://www.conib.org.br/blog


quinta-feira, 24 de setembro de 2015

NÃO É A MERITOCRACIA; É O VALOR QUE SE CRIA

Não. Ele é pobre porque não conseguiu gerar valor para ninguém.

Meritocracia é uma palavra bonita. Não. É uma palavra que remete a uma coisa bonita: que cada um receba de acordo com seu mérito, que em geral é igual a esforço, dedicação; às vezes se inclui a inteligência. 

E — é o que garantem alguns liberais — é isso que vigora no mercado. Quem se esforça, chega lá. 

É questionável até que ponto esse tal mérito pessoal sequer exista. Hélio Schwartsman, na Folha, apontou aquele fato que ninguém gosta de lembrar: o esforço pessoal, o suor, a capacidade de trabalho, a inteligência; todos dependem de variáveis que estão fora da escolha pessoal — do mérito, portanto — do indivíduo. Essa esfera do que é só meu, do mérito próprio distinto das circunstâncias do ambiente e da história, simplesmente não existe. Ao menos, não da forma simplória que se vende. 

E existindo ou não, será verdade que o mercado premia justamente o mérito? Se for, caro liberal, então você está obrigado a defender que Gugu Liberato e Faustão têm mais mérito do que um professor realmente excelente e que realmente ensine coisas úteis. 

Nada contra o Gugu e o Faustão, mas eles não são meu exemplo ideal de disciplina, dedicação e trabalho duro. E, mesmo assim, o mercado os recompensa muito bem. Do outro lado, milhões de trabalhadores labutam dia e noite, e outros milhões de desempregados procuram o que fazer, e continuam pobres. Ainda falta esforço? São preguiçosos, burros talvez? 

Nada disso. 

O que realmente determina a remuneração no mercado não é o mérito, não é a virtude, não é o esforço ou a dedicação. É apenas a criação de valor; o valor que aquela pessoa consegue adicionar à vida dos demais. 

Não importa se é por esforço, inteligência, sorte, talento natural, herança; quanto mais imprescindível ela for aos outros, mais os outros estarão dispostos a servi-la. 

O esforço por si só não garante nada. É verdade que, tudo o mais constante, se a pessoa encontra um campo em que ela gera valor, o esperado é que mais esforço gere mais valor. Com o passar das gerações, a ascensão social se acumula: a filha da retirante nordestina que trabalha de empregada tem computador, aula de inglês e provavelmente não será doméstica quando crescer. 

É assim que as sociedades enriquecem. Não é de uma hora para outra, e não tem nada a ver com a crença ingênua de que a renda é ou deveria ser proporcional ao mérito. 

Nada é garantido. Às vezes o setor em que o sujeito trabalha fica obsoleto, e o valor produzido pela dedicação de uma vida cai abruptamente. Havia gente muito dedicada entre os técnicos de vitrola de meados dos anos 1990; e mesmo assim… 

Meritocracia é um conceito que se aplica ao interior de organizações. Promover membros com base no mérito (em geral medido por algum indicador) pode ser melhor do que fazê-lo por tempo de serviço, pela opinião subjetiva de um superior etc. Meritocracia é um modelo de gestão. Até mesmo o governo, por exemplo, poderia se beneficiar dela, reduzindo suas ineficiências. Não é um modelo sem falhas: a necessidade de mostrar resultados cria uma pressão interna muito grande e pode minar a cooperação, a manipulação dos indicadores pode viciar o sistema de avaliação. 

Encontrar o sistema mais adequado a cada contexto é uma questão de administração, de funcionamento interno de organizações, que nada tem a ver com o mercado. Mercado é o processo (sim, memorizem isso: o mercado é um processo) no qual algumas organizações existem e operam. Às vezes organizações nada meritocráticas prosperam no mercado, e organizações meritocráticas podem existir fora dele. 

Satisfaça as necessidades dos outros, e as suas serão satisfeitas. Não importa se é por mérito, por sorte ou por talento. O cara mais esforçado e bem-intencionado do mundo, se não criar valor, ficará de mãos vazias. 

Achou injusto? Então aqui vai um segredo: é você quem perpetua esse sistema. Se sua geladeira quebra, você vai querer um técnico esforçado e que dê tudo de si, ou vai querer um que faça um ótimo serviço, com pouco esforço e a um baixo custo? Quer um restaurante ruim mas com funcionários esforçados ou quer comer bem? O mundo reflete o seu código de valores e, veja só, ele não é meritocrático. 

A vida não é e nem deve ser uma corrida que parte de condições iguais e na qual, no fim do jogo, vencem os melhores. Na medida em que esse sonho meritocrático é sequer possível (estamos muito longe de corrigir desigualdades genéticas, por exemplo), ele exigiria um investimento enorme só para produzi-lo; sacrificaríamos valor para criar condições artificiais que se adequem a esse ideal abstrato. Todos ficariam mais pobres para realizar esse sonho moral. 

Mas quem disse que a igualdade é moralmente superior à desigualdade? Se um meteorito cai na minha casa e não na sua, isso é injusto? É imoral? 

O sistema de mercado não premia a virtude; ele premia, e portanto incentiva, o valor. É feio dizê-lo? Pode ser, mas ele tem um lado bom: é o sistema que permite que a vida de todos melhore ao mesmo tempo. Que todo mundo que quer subir tenha que ajudar os outros a subir também. Ele não iguala o patamar de todo mundo, mas garante que a direção de mudança seja para cima. 

O ideal da meritocracia tem o seu apelo, mas ele depende de meias-verdades: a ideia do mérito que é só meu e de mais ninguém, a de que meu suor justifica o que eu ganhei. Sem suor ou inteligência, o ganho é sujo, indevido. Mas o outro lado dessa moeda é feio: implica dizer que quem não chegou lá não teve mérito; que a pobreza é culpa do pobre. 

A lógica do mercado é outra: você criou valor, será recompensado. Sua riqueza não diz nada sobre o seu mérito; ela não justifica e nem precisa ser justificada. O resultado desse foco no valor é que mais valor é criado. Você recebe aquilo que entrega e todos ganham. 

[Nota do IMB: por que Faustão, Gugu, jogadores de futebol e artistas globais ganham mais de R$ 1 milhão por mês ao passo que um professor realmente bom ganha apenas uns R$ 5 mil? Um bom professor pode realmente gerar valor, mas ele gera valor para uma quantidade ínfima de pessoas ao ano. Quantos alunos diferentes ele tem? Provavelmente, não mais do que 200 (um número bem exagerado). Portanto, ele cria valor para 200 pessoas por ano. É uma produtividade extremamente baixa. Já os indivíduos supracitados têm alcance nacional (alguns, mundial), milhões de pessoas consomem voluntariamente seus serviços, e eles geram retornos — goste você ou não deles — para seus empregadores semanalmente, que estão satisfeitos em lhes pagar salários milionários. Se não gerassem valor, seria simplesmente impossível terem esses salários.] 

Por: Joel Pinheiro da Fonseca é mestre em filosofia e escreve no site spotniks.com." Siga-o no Twitter: @JoelPinheiro85 Do site: http://mises.org.br/

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

ESPERANÇAS PERDIDAS

É impressionante. O mundo está caindo para o PT e seus amigos, alguns de seus mais importantes membros na cadeia, um escândalo estourando a cada dia, a economia à deriva, promessas de campanha sendo descumpridas a cada segundo, a incompetência explícita a cada ato… é o caos. E muitos LGPTs, ou Leais Guerreiros do Partido dos Trabalhadores, estão pulando fora do barco. Mas há aqueles que insistem em se manter na defesa do indefensável.


As mídias sociais estão infestadas deles. Eu mesmo tenho em minha página no Facebook alguns petistas de estimação que cumprem o precioso papel didático de explicitar as artimanhas da esquerda para praticar seus duplos saltos carpados retóricos, invertendo sentidos, assumindo-se vítimas e justificando crimes com base em crimes anteriores. É até cansativo. Alguns são pessoas inteligentes, articuladas, o que torna ainda mais incompreensível a insistência em justificar o injustificável.

Tentando encontrar uma explicação para essa espécie de psicose, recorri ao trabalho de Elisabeth Kluber-Ross, psiquiatra suíça-americana que estudou o comportamento das pessoas próximas de situações de morte. Elisabeth escreveu um livro famoso chamado Sobre a Morte e o Morrer, no qual apresentou sua teoria sobre os cinco estágios do luto.

Elisabeth explica como as pessoas lidam com as perdas e seu trabalho serve para entender o que acontece com muita gente que acreditou em promessas de políticos e agora se vê diante do esfacelamento dos sonhos, das esperanças perdidas.

Vamos aos cinco estágios:

Fase 1: Negação. A pessoa nega a existência do problema, não acredita nas informações que recebe e busca a todo instante argumentos para provar que a informação não é real. Não adianta mostrar provas irrefutáveis, ela simplesmente não acredita, evita as informações ou até mesmo a falar sobre o assunto. O mote é “Não é possível! Isso não pode estar acontecendo!”

Fase 2: Raiva. A pessoa fica revoltada e manifesta um profundo ressentimento. Projetando sua raiva em terceiros, perde a cabeça ao falar do assunto, se faz de vítima, se diz injustiçada, recusa-se a ouvir conselhos. Ou simplesmente agride o mensageiro das ” más notícias”. O mote é : “Não é justo! Por que só comigo?”

Fase 3: Negociação. A pessoa tenta negociar algum acordo para que as coisas voltem a ser como antes. Normalmente é uma negociação interna, não raro envolvendo aspectos de fé e religiosidade, com promessas e pactos. O mote é: “Vou pensar no lado positivo, nas coisas boas, assim o assunto se resolve.”

Fase 4: Depressão. É quando, diante da absoluta impossibilidade de negar o óbvio, bate o sofrimento, a tristeza, a desolação, o medo. O indivíduo se recolhe, tenta permanecer isolado, em introspecção, sente-se incapaz de lidar com a situação. O mote é: “Nada mais dará certo, não há porque tentar reagir.”

Fase 5: Aceitação. Pronto. Com as emoções não mais à flor da pele, a pessoa se vê em condições de enfrentar o problema, busca ajuda de terceiros e planeja para enfrentar a crise. O mote pode ser: “Aprendi a lição, acho que posso superar isso.”

O processo dos cinco estágios do luto pode ser aplicado aos viúvos e viúvas daquele PT (e afiliados) que prometia o céu, se dizia diferente de todos e agora faz de tudo para se mostrar igual a todos.

Sabe aquele seu amigo nervoso? Ou amiga nervosa? Aplique os cinco estágios do luto nele ou nela. Você vai compreender em que estágio a pessoa se encontra e talvez possa ajudá-la a enfrentar as próximas notícias que vêm por aí. Afinal, são seres humanos e ninguém merece sofrer assim.

Mas fique esperto. Esse processo não é linear, a pessoa pode passar por uma fase e retornar à ela, ou simplesmente permanecer estagnada.

Conheço vários que jamais chegarão à fase da aceitação.
Por: Luciano Pires - 10/09/2015 Do site: http://www.portalcafebrasil.com.br


terça-feira, 22 de setembro de 2015

RESPOSTAS À ALTURA DA CRISE

Com frequência se diz por aí que nunca se viu situação econômica tão ruim quanto a atual. Discordo. Entre 1982 e 1993, a “década perdida” do caos da hiperinflação e da moratória externa, o Brasil amargou queda na renda por pessoa de cerca de 1% ao ano!


Mas o Brasil vive hoje, sim, uma crise grave, que escancara as consequências do modelo político e econômico atual.

Esse modelo se caracteriza pela captura, pelo agigantamento, pela incompetência e falência do Estado. Captura por interesses partidários e privados, que sem nenhum escrúpulo montaram não um, mas dois enormes esquemas de corrupção voltados para sua preservação no poder e enriquecimento pessoal. Agigantamento porque o gasto público se aproxima de 40% do PIB, um número elevado, especialmente para um país de renda média. Incompetência, por não entregar os serviços de qualidade que a sociedade demanda, apesar dos recursos despendidos. E falência pela perda da disciplina fiscal, fator que pesou na recente perda do grau de investimento, com destaque para a admissão pelo próprio governo de sua incapacidade de manter um superávit primário capaz de evitar a explosão da dívida pública.
Esta crise requer tratamento proporcional ao seu tamanho

Estamos em maus lençóis, pois não há na História caso de país que se tenha desenvolvido plenamente sem um Estado decente, eficaz e solvente.

Outras características do atual modelo econômico incluem elevado grau de dirigismo, claro desprezo pela eficiência em geral, e pelo mercado em particular, relativo isolamento do mundo, má alocação do capital (em boa parte feita pelos bancos públicos), políticas setoriais mal desenhadas, um sistema tributário complexo, que distorce e encarece a atividade empresarial, e um aparato regulatório desprestigiado e em alguns casos mal tripulado. Não surpreendentemente, a produtividade da economia vem sofrendo bastante.

As consequências disso tudo, em boa parte previsíveis, estão aí, visíveis a olho nu: juros estratosféricos, incerteza elevada, baixo investimento (especialmente em infraestrutura), profunda recessão e, o que é pior, uma economia incapaz de crescer. Os impactos sociais já se fazem sentir e tendem a se agravar. A esta altura não se pode descartar a hipótese de que o segundo mandato da presidente Dilma Rousseff seja o início de uma nova década perdida.

Esta crise requer tratamento proporcional ao seu tamanho. Isso não tem sido possível em razão de barreiras ideológicas e de incompetência, além das naturais dificuldades de um governo corrigir algo feito por si mesmo, e da crise política, que deve perdurar.

Não surpreende, portanto, que a atual resposta à crise não venha obtendo bons resultados, limitando-se, na prática, a alguma austeridade fiscal, ao aperto monetário (posto que a inflação está há tempo bem acima da meta), à liberação de preços e ao anúncio de algumas boas reformas, no geral não implantadas. Ao mesmo tempo, medidas irresponsáveis do ponto de vista fiscal vêm sendo aprovadas, como o Plano Nacional de Educação (tema crucial, solução inadequada) e a revogação do fator previdenciário. Ademais, a queda nos preços das exportações e as paralisantes implicações de curto prazo da mais do que bem-vinda Lava Jato agravam ainda mais o quadro.

Com o intuito de ajudar a mapear os desafios no campo econômico, e sem ilusões quanto à superior importância da política em fazer as opções certas e conduzir o processo, listo abaixo dois conjuntos de respostas à crise. Se posto em prática, o primeiro sinalizaria o entendimento do Executivo e do Legislativo quanto à gravidade da situação. O segundo lista algumas questões mais fundamentais para que o Brasil volte a crescer e se desenvolver. As dificuldades de se efetuar um ajuste fiscal rápido são bem conhecidas: recessão, rigidez do gasto e a já elevada carga tributária.

Acredito que uma forma de ganhar tempo e afetar positivamente as expectativas seria compensar um inevitável gradualismo no ajuste com medidas que afetem positivamente a solvência do país no longo prazo. Outro campo fértil é o lado da produtividade, de natureza mais microeconômica, que merece bem mais espaço do que tenho aqui hoje.

Medidas emergenciais:

– Metas de saldo primário de 1%, 2% e 3% do PIB para os próximos três anos, baseadas em premissas realistas e em receitas recorrentes (as metas atuais não estão sendo cumpridas e de qualquer forma são insuficientes).

– Aprovação da idade mínima de 65 anos para a aposentadoria de homens e mulheres (para gerações futuras) e reaprovação do fator previdenciário.

-Desvinculação do piso da Previdência do salário mínimo (a vinculação é cara e regressiva).

– Introdução de um limite para a dívida bruta do governo federal como proporção do PIB.

-Reforma do PIS/Cofins e do ICMS já proposta, acrescida da unificação e simplificação das regras do ICMS (por muitas razões, inclusive a integração interna do país).

– Mudança das regras trabalhistas também na mesa (em que o negociado se sobrepõe à lei).

– Aumento da integração do Brasil ao mundo (um primeiro passo seria transformar o Mercosul em zona de livre-comércio).

Sem algo nessa linha a crise deve se aprofundar e alongar.

Medidas mais fundamentais relativas ao Estado:

-Discussão sobre o tamanho e as prioridades do Estado (requer limite ao crescimento do gasto, o que, por sua vez, demanda as reformas abaixo).

-Fim de todas as vinculações e adoção de um Orçamento base zero (sem prejuízo de espaços plurianuais, nunca permanentes).

– Meritocracia e a boa gestão no setor público.

-Revisão da cobertura da estabilidade do emprego no setor público.

-Revisão do capítulo econômico da Constituição (adotar a economia de mercado. Qualquer interferência do Estado deverá ser justificada e seus resultados posteriormente avaliados).

Sem algo nessa linha o Brasil dificilmente se desenvolverá plenamente.
Por: Armínio Fraga Fonte: O Estado de S. Paulo, 13/9/2015

COQUETEL DE FORMICIDA

Este país, a cada dia que passa, vai se tornando um competidor favorito na disputa do Campeonato Mundial das Discussões sem Pé nem Cabeça. A contribuição mais recente das nossas altas autoridades para esse novo título nacional é o palavrório enfezado, tolo e pretensioso que se armou em torno da seguinte questão: a campanha pela reeleição da presidente Dilma Rousseff foi feita dentro ou fora da lei? A resposta, pelo jeito que tomaram as coisas até agora, é que não pode haver resposta, pois não vale fazer a pergunta.


Segundo o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, o homem que deveria procurar saber se aconteceu ou não aconteceu algo de errado na história, “não interessa à sociedade” discutir essas “controvérsias”; é inconveniente, a seu ver, que a Justiça se meta nisso, pois a eleição já foi, os vencedores devem “usufruir as prerrogativas de seus cargos” e os derrotados devem se preparar para a próxima. Não será possível, assim, saber se houve ou não houve algum crime ─ pela vontade da Procuradoria, não deve haver investigação, sem investigação não há prova e, sem prova, ninguém pode dizer que houve crime.

O passado passou. Ficam arquivadas as dúvidas. É melhor não fazer perguntas, pois há o risco de se encontrar respostas. A campanha para a reeleição de Dilma Rousseff e do seu entorno é uma viagem completa no trem fantasma da política brasileira. Apareceram a empregada doméstica que, pela contabilidade oficial, recebeu 1,6 milhão, mas não sabe que recebeu, o motorista que é sócio de empresa prestadora de serviços à candidatura oficial, o pobre-­diabo que é promovido a empresário para passar notas fiscais com temperatura de 10 graus abaixo de zero. Há uma indústria gráfica que recebe mais de 20 milhões de reais da campanha, mas não tem máquinas gráficas, nem funcionários, nem sede social.

Há de tudo ─ e ao mesmo tempo não há nada, pois, sem uma decisão judicial, os fatos que ocorreram não produzem efeito algum. Por via de consequência, como diria o doutor Aureliano Chaves, não se pode dizer que a presidente é culpada e não se pode dizer que é inocente; ficamos apenas com uma discussão de hospício. Já seria bem ruim se a questão ficasse só nesse porre mental, mas é pior. Antes e além da rixa entre a PGR e a Justiça Eleitoral, o que existe aqui é um caso para a vara de falências do mundo moral.

É bem simples. Todos falam, falam e falam, e ninguém toca no ponto de onde realmente vem o curto-circuito: como pode haver limpeza numa campanha presidencial que recebe contribuições oficiais, contabilizadas e pagas em moeda corrente, de empreiteiras de obras públicas, fornecedores do governo e toda a tropa de empresas que dependem de licenças, autorizações ou favores governamentais para sobreviver? Dá para levar a sério, sinceramente, o argumento mais sagrado de todos os candidatos a algum cargo eleitoral quando lhes perguntam quem financiou sua campanha? “Ah, bom, a doação que recebemos foi perfeitamente legal”, dizem eles. “Está tudo declarado, direitinho. A lei permite. Qual é o problema?”

O problema é que a contribuição legal é feita basicamente com dinheiro ilegal. Em português claro: dinheiro que vem da corrupção. Esqueçam-se a empregada, o motorista, a gráfica etc. A flor do mal está na origem contaminada das doações ─ se elas são fruto do crime, a coisa toda vai para o diabo. Eis aí o verdadeiro coquetel de formicida que envenena as eleições brasileiras. No caso da eleição presidencial de 2014, a campanha de Dilma Rousseff recebeu dinheiro de empresas dirigidas por criminosos processados e condenados por corrupção ativa na 13ª Vara da Justiça Federal em Curitiba. Não há mais nada a provar quanto a isso: o processo tem 28 réus confessos, a maioria deles ligada a empreiteiras de obras públicas que declararam ter feito doações à candidata oficial.

Só uma delas, a Camargo Corrêa, vai devolver 700 milhões de reais ao Erário, após reconhecer que ganhou ilicitamente essa importância, pelo menos, em seus contratos com o governo. Será que Dilma não sabia nada sobre a origem dos 350 milhões de reais que gastou para se reeleger? Levou um susto quando soube? Nunca ouviu falar em empresas que roubam do governo e fazem contribuições de campanha? Naturalmente, não é só o PT que age assim ─ todos os seus adversários se servem dessa mesma rapadura. Mas os adversários não foram eleitos para a Presidência da República em 2014 ─ o problema concreto é de quem está sentado, hoje, num cargo ganho com a ajuda de dinheiro que veio do crime.
Por: J.R. GUZZO   Publicado na versão impressa de VEJA


segunda-feira, 21 de setembro de 2015

TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO

Ex-espião da União Soviética: Nós criamos a Teologia da Libertação

Ion Mihai Pacepa no iate de Raúl Castro em Cuba (1974) / Foto: Cortesia de Ion Mihai Pacepa

REDAÇÃO CENTRAL, 11 Mai. 15 / 12:06 pm (ACI).- Ion Mihai Pacepa foi general da polícia secreta da Romênia comunista antes de pedir demissão do seu cargo e fugir para os EUA no fim da década de 70. Considerado um dos maiores “detratores” de Moscou, Pacepa concedeu entrevista a ACI Digital e revelou a conexão entre a União Soviética e a Teologia da Libertação na América Latina. A seguir, os principais trechos da sua entrevista:

Em geral, você poderia dizer que a expansão da Teologia da Libertação teve algum tipo de conexão com a União Soviética?

Sim. Soube que a KGB teve uma relação com a Teologia da Libertação através do general soviético Aleksandr Sakharovsky, chefe do serviço de inteligência estrangeiro (razvedka) da Romênia comunista, que foi conselheiro e meu chefe até 1956, quando foi nomeado chefe do serviço de espionagem soviética, o PGU1; Ele manteve o cargo durante 15 anos, um recorde sem precedentes.

Em 26 de outubro de 1959, Sakharovsky e seu novo chefe, Nikita Khrushchev, chegaram à Romênia para as chamadas “férias de seis dias de Khrushchev”. Ele nunca tinha tomado um período tão longo de férias no exterior, nem foi sua estadia na Romênia realmente umas férias.

Khrushchev queria ser reconhecido na história como o líder soviético que exportou o comunismo à América Central e à América do Sul. A Romênia era o único país latino no bloco soviético e Khrushchev queria envolver os “líderes latinos” na sua nova guerra de “libertação”.

Eu me investiguei sobre Sakharovsky, vi os seus escritos, mas não pude encontrar nenhuma informação relevante sobre sua figura. Por que?

Sakharovsky era uma imagem soviética dos anos quentes da Guerra Fria, quando os membros dos governos britânico e israelense ainda não conheciam a identidade dos líderes do Mossad e do MI-6. Mas, Sakharovsky desempenhou um papel extremamente importante na construção da história da Guerra Fria. Ele ocasionou a exportação do comunismo a Cuba (1958-1961); ele manipulou de maneira perversa a crise de Berlim (1958-1961) criou o Muro de Berlim; a crise dos mísseis cubanos (1962) e colocou o mundo na beira de uma guerra nuclear.

A Teologia da Libertação foi de alguma maneira um movimento ‘criado’ pela KGB de Sakharovsky ou foi um movimento existente que foi exacerbado pela URSS?

O movimento nasceu na KGB e teve um nome inventado pela KGB: Teologia da Libertação. Durante esses anos, a KGB teve uma tendência pelos movimentos de “Libertação”. O Exército de Libertação Nacional da Colômbia (FARC –sic–), criado pela KGB com a ajuda de Fidel Castro; o Exército de Libertação Nacional da Bolívia, criado pela KGB com o apoio de “Che” Guevara; e a Organização para Libertação da Palestina (OLP), criado pela KGB com ajuda de Yasser Arafat, são somente alguns movimentos de “Libertação” nascidos em Lubyanka – lugar dos quartéis-generais da KGB.

O nascimento da Teologia da Libertação em 1960 foi a tentativa de um grande e secreto “Programa de desinformação” (Party-State Dezinformatsiya Program), aprovado por Aleksandr Shelepin, presidente da KGB, e pelo membro do Politburo, Aleksey Kirichenko, que organizou as políticas internacionais do Partido Comunista.

Este programa demandou que a KGB guardasse um controle secreto sobre o Conselho Mundial das Igrejas (CMI), com sede em Genebra (Suíça), e o utilizasse como uma desculpa para transformar a Teologia da Libertação numa ferramenta revolucionária na América do Sul. O CMI foi a maior organização internacional de fiéis depois do Vaticano, representando 550 milhões de cristãos de várias denominações em 120 países.

O nascimento de um novo movimento religioso é um evento histórico. Como foi construído este novo movimento religioso?

A KGB começou construindo uma organização religiosa internacional intermédia chamada “Conferência Cristã pela Paz”, cujo quartel general estava em Praga. Sua principal tarefa era levar a Teologia da Libertação ao mundo real. A nova Conferência Cristã pela Paz foi dirigida pela KGB e estava subordinada ao respeitável Conselho Mundial da Paz, outra criação da KGB, fundada em 1949, com seu quartel geral também em Praga.

Durante meus anos como líder da comunidade de inteligência do bloco soviético, dirigi as operações romenas do Conselho Mundial da Paz (CMP). Era estritamente KGB. A maioria dos empregados do CMP eram oficiais de inteligência soviéticos acobertados. Suas duas publicações em francês, “Nouvelles perspectives” e “Courier da Paix”, estavam também dirigidas pelos membros infiltrados da KGB –e da romena DIE2–. Inclusive o dinheiro para o orçamento da CMP chegava de Moscou, entregue pela KGB em dólares, em dinheiro lavado para ocultar sua origem soviética. Em 1989, quando a URSS estava à beira do colapso, o CMP admitiu publicamente que 90 por cento do seu dinheiro chegava através da KGB3.

Como começou a Teologia da Libertação?

Eu não estava propriamente envolvido na criação da Teologia da Libertação. Eu soube através de Sakharovsky, entretanto, que em 1968 a Conferência Cristã pela Paz criada pela KGB, apoiada em todo mundo pelo Conselho Mundial da Paz, foi capaz de manipular um grupo de bispos sul-americanos da esquerda dentro da Conferência de Bispos Latino-americanos em Medellín (Colômbia).

O trabalho oficial da Conferência era diminuir a pobreza. Seu objetivo não declarado foi reconhecer um novo movimento religioso motivando os pobres a rebelar-se contra a “violência institucionalizada da pobreza”, e recomendar o novo movimento ao Conselho Mundial das Igrejas para sua aprovação oficial. A Conferência de Medellín alcançou ambos objetivos. Também comprou o nome nascido da KGB “Teologia da Libertação”.

A Teologia da Libertação teve líderes importantes, alguns deles famosas figuras “pastorais” e alguns intelectuais. Sabe se houve alguma participação do bloco soviético na promoção da imagem pessoal ou dos escritos destas personalidades? Alguma ligação específica com os bispos Sergio Mendes Arceo do México ou Helder Câmara do Brasil? Alguma possível conexão direta com teólogos da Libertação como Leonardo Boff, Frei Betto, Henry Camacho ou Gustavo Gutiérrez?

Tenho boas razões para suspeitar que havia uma conexão orgânica entre a KGB e alguns desses líderes promotores da Teologia da Libertação, mas não tenho evidência para comprová-la. Nos últimos 15 anos que morei na Romênia (1963-1978), dirigi a espionagem científica e tecnológica do país, e também as operações de desinformação destinadas a aumentar a importância de Ceausescu no Ocidente.

Recentemente vi o livro de Gutiérrez “Teologia da Libertação: Perspectivas” (1971) e tive a intuição de que este livro foi escrito em Lubyanka. Não surpreende que ele seja considerado agora como o fundador da Teologia da Libertação. Porém, da intuição aos fatos, entretanto, há um longo caminho.
Do site: http://www.acidigital.com/noticias/ex-espiao-da-uniao-sovietica-nos-criamos-a-teologia-da-libertacao-28919/

ANGOLA PROÍBE O ISLÃ.


Angola vira primeiro país do mundo a proibir o Islã

Foto: EPA

As autoridades de Angola proibiram a religião islâmica e começaram a fechar mesquitas, em um esforço para frear a propagação do "extremismo" muçulmano, segundo meios de comunicação africanos.

De acordo com a ministra angolana da Cultura, Rosa Cruz e Silva, "o processo de legalização do Islã não foi aprovado pelo Ministério da Justiça e Direitos Humanos de Angola, e portanto as mesquitas em todo o país serão fechadas e demolidas".

Além disso, os angolanos decidiram proibir dezenas de outras religiões e seitas que, segundo o governo, atentam contra a cultura da nação, cuja religião majoritária é o Cristianismo (praticado por 95% da população).

Por sua vez, o jornal angolano O País informa que cerca de 60 mesquitas já foram fechadas, enquanto os representantes da comunidade muçulmana denunciam que estas medidas foram tomadas sem consulta e que eles não constituem uma pequena seita.

Não obstante, as autoridades de Luanda entendem esumiram que "os muçulmanos radicais não são bem-vindos no país e que o governo angolano não está preparado para legalizar a presença de mesquitas em Angola", nação que se converteu na primeira do mundo a proibir o Islã.

domingo, 20 de setembro de 2015

CORTAR GASTOS


Por que é crucial o governo cortar seus gastos - e por que não fazê-lo é um desastre

Como já é sabido pelo mundo, o governo brasileiro teve sua nota de crédito rebaixada nesta quarta-feira pela agência de classificação de risco Standard & Poor's (S&P). Com isso, o país perde seu grau de investimento — ou seja, status de bom pagador — e entra no grau especulativo. A nota caiu de BBB- para BB+.

Para piorar, a S&P ainda deixou em "perspectiva negativa", o que significa que novos rebaixamentos podem vir.

E, como cereja do bolo, houve ramificações. A S&P também cortou a nota de 31 empresas e de 13 instituições financeiras, o que significa que agora essas empresas terão mais dificuldade para conseguir financiamento no estrangeiro — os investidores estrangeiros estarão menos dispostos a comprar seus papeis ou a lhes emprestar dinheiro —, fazendo com que elas tenham de pagar juros maiores.

O país usufruiu esse grau de investimento por 8 anos, mas o perdeu agora em decorrência da bagunça fiscal criada pelo governo nos últimos 5 anos. Para completar, a total baderna em que se encontra o cenário político do país — citada pela S&P como um dos fatores determinantes para sua decisão — faz com que tudo seja ainda mais difícil de ser resolvido.

Ao passo que, neste ano de 2015, as finanças do governo amargam desastrosos resultados inéditos, a própria equipe econômica do governo já avisou que, para o ano de 2016, o desastre seguirá intacto: haverá um déficit primário de R$ 30,5 bilhões.

Como consequência, a dívida bruta do país não pára de subir: estava em 51% do PIB ao final de 2011 e bateu em65% ao final de julho passado.

Por causa de suas regras internas, vários fundos de pensão estrangeiros são proibidos de comprar papeis classificados como sendo "grau especulativo". Em tese, a decisão da Standard & Poor's pode gerar uma venda maciça de papeis (do governo e de empresas) brasileiros. No entanto, dado que as outras duas agências de classificação de risco — Fitch Ratings e Moody's Investors Services — ainda mantêm o grau de investimento do Brasil, o impacto imediato da decisão da Standard & Poor's foi limitado.

Porém, caso as outras duas agências também venham a rebaixar o Brasil, as consequências podem ser devastadoras. A venda maciça de ativos brasileiros irá derrubando seus preços e, consequentemente, seus valores em bolsa. A saída de capitais irá afetar ainda mais a taxa de câmbio, gerando todas as desastrosas consequências esmiuçadas neste artigo (que vão desde o encarecimento dos alimentos básicos e dos remédios até a destruição das indústrias e de outras empresas que dependem de tecnologia).

Mas tal cenário ainda pode ser evitado. E a única maneira de se fazer isso é por meio de um profundo corte de gastos do governo.

Gastos do governo são um fardo para a economia

Quando se fala em corte de gastos, os economistas desenvolvimentistas e de todas as vertentes keynesianas imediatamente gritam que tal medida é recessiva. A máxima deles, a qual sempre foi incorporada por nossa mandatária, é a de que "despesa corrente é vida".

Nada mais falso. Dizer que gastos do governo geram crescimento econômico é um grande paradoxo. O governo, por definição, não produz nada. Ele não tem recursos próprios para gastar. O governo só pode gastar aquilo que antes ele confiscou via tributação ou tomou emprestado via emissão de títulos do Tesouro. 

Ao tributar, o governo toma aquele dinheiro que poderia ser usado para investimentos das empresas ou para o consumo das famílias, e desperdiça esse dinheiro na manutenção da sua burocracia. A tributação nada mais é do que uma destruição direta de riquezas. Parte daquilo que o setor privado produz é confiscado pelo governo e desperdiçado em maracutaias, salários de políticos, agrados a lobistas e em péssimos serviços públicos. Esse dinheiro confiscado não é alocado em termos de mercado, o que significa que está havendo uma destruição da riqueza gerada.

Ao tributar, o governo faz com que capacidade futura de investimento das empresas seja seriamente afetada, o que significa menor produção, menor oferta de bens e serviços no futuro, e menos contratação de mão-de-obra.

Ao tomar empréstimos — ou seja, emitir títulos —, o governo se apropria de dinheiro que poderia ser emprestado para empresas investirem ou para as famílias consumirem. O governo dificulta e encarece o acesso das famílias e das empresas ao crédito. Mais ainda: a emissão de títulos gera o aumento da dívida do governo, cujos juros serão pagos ou por meio de mais impostos ou por meio de mais lançamento de títulos.

Para piorar, quando o governo emite títulos, quem compra esses títulos é o sistema bancário. Como ele compra? Criando dinheiro do nada, pois opera com reservas fracionárias. Ou seja, a atual forma de financiamento do governo é inerentemente inflacionária. Em decorrência do peculiar funcionamento do sistema bancário, quando o governo se endivida, isso gera inflação monetária, o que piora ainda mais a situação de empresas e famílias.

O gráfico abaixo mostra o total do endividamento do governo federal. Ou seja, grosso modo, o gráfico abaixo mostra todo o dinheiro que poderia ter sido utilizado em investimentos, mas que foi apropriado pelo governo para manter sua burocracia.



Por tudo isso, é crucial que o governo seja o menor possível. Quanto maior for o governo, maiores serão seus gastos. Quanto maiores forem seus gastos, maiores terão de ser os impostos e o endividamento do governo. Quanto maiores forem os impostos, menores serão os incentivos ao investimento e à produção. Quanto maior for o endividamento do governo, maiores serão as oportunidades perdidas em investimentos que não puderam ser feitos (porque o governo se apropriou desse dinheiro que poderia ter sido emprestado para o setor privado), maiores serão os gastos com juros, e maior terá de ser a carga tributária para arcar com esses gastos com juros.

Quando políticos falam que irão aumentar os gastos, o que eles realmente estão dizendo é que irão aumentar os custos sobre os indivíduos produtivos, que são aqueles que arcam com o ônus dos impostos. Aumentar os gastos do governo equivale a aumentar os custos sobre aqueles que levantam cedo e vão trabalhar.

Quem afirma que gastos do governo geram crescimento está afirmado que tomar dinheiro de uns para gastar com outros pode enriquecer a todos. Está afirmando que tirar água da parte funda da piscina e jogá-la na parte rasa fará o nível geral de água na piscina aumentar.

A austeridade correta

No entanto, é necessário ser bem claro: quando o governo corta gastos, de fato há quem saia prejudicado. 

O exemplo mais claro seria o de funcionários públicos que tivessem seus salários reduzidos. Isso é muito raro, mas pode ocorrer. As empresas que possuem como clientes principais um grande número de funcionários públicos seriam atingidas. Pense em um restaurante chique de Brasília que tem como clientela o pessoal das agências reguladoras. Se as agências fossem abolidas (sonhemos um pouquinho), as receitas desse restaurante cairiam. Da mesma forma, se o número de deputados e senadores diminuísse, o Piantella poderia ir à falência.

Esse foi um exemplo visualmente fácil de ser entendido. Há outros menos claros. Por exemplo, cortes de gastos do governo irão afetar as várias empresas que só sobrevivem porque possuem contratos de prestação de serviços junto ao governo. Empresas terceirizadas por estatais e empreiteiras que fazem obras para o governo são os exemplos mais claros. Há também as várias atividades econômicas que recebem subsídios e que, sem estes subsídios, teriam de se virar, cortar gastos e demitir pessoas. 

O que todas estas atividades têm em comum é que elas só sobrevivem e só são lucrativas com a muleta do governo. Isso faz com que elas sejam classificadas como atividades econômicas insustentáveis. São atividades que não dependem da demanda voluntária do consumo privado para sobreviver. Uma vez cortado o fluxo de dinheiro governamental, elas perdem sustentação e definham. 

Elas não necessariamente irão quebrar, pois podem se reestruturar e mudar seu enfoque de mercado. Mas estão indiscutivelmente sobredimensionadas, e a prova disso é que só mantêm seus atuais lucros com dinheiro repassado pelo governo. Elas são, portanto, atividades que absorvem recursos e capital da sociedade. Elas não produzem; elas consomem.

Uma redução nos gastos do governo, portanto, possui este efeito salutar sobre a economia. Faz com que empresas que consomem recursos e que produzem apenas de acordo com demandas políticas tenham de ser enxugadas. Empresas que só sobrevivem devido aos gastos do governo não produzem para consumidores privados; elas utilizam o dinheiro dos cidadãos, mas produzem para o estado. Elas não utilizam capital de maneira produtiva, de forma a atender os genuínos anseios dos consumidores privados: ao contrário, elas utilizam capital fornecido pelos pagadores de impostos mas produzem apenas para servir a anseios políticos. Em suma, não agregam à sociedade. Por definição, subtraem dela. 

Este tipo de atividade econômica privada que só sobrevive por causa dos gastos do governo é idêntico àquelas outras atividades privadas que só são lucrativas quando está havendo uma forte expansão do crédito. Quando o crédito é farto e barato, e a demanda por imóveis é crescente, várias construtoras e várias imobiliadoras apresentam lucros estratosféricos. Porém, quando o crédito encarece — ou quando os consumidores já estão muito endividados — e a demanda cai, os lucros viram prejuízos. 

Um corte de gastos do governo gera idêntico efeito sobre empresas que possuem o governo ou funcionários do governo como principal cliente.

E por que isso seria bom? Porque, ao falirem, essas empresas liberam mão-de-obra e recursos escassos que poderão ser utilizados mais eficientemente por empresas mais produtivas, empresas que estão no mercado para realmente atender às demandas dos consumidores. Por isso, é essencial que, ao cortar gastos, o governo também reduza impostos. Isso não apenas irá dar mais poder de compra às pessoas, como também irá permitir que as empresas produtivas tenham mais capital e, consequentemente, possam contratar mais pessoas. 

Tendo estes conceitos em mente, há quatro maneiras de se fazer austeridade:

1) Aumentar impostos e cortar gastos;

2) Aumentar impostos e manter gastos inalterados e;

3) Manter impostos inalterados e cortar gastos;

4) Reduzir impostos, e cortar gastos em uma intensidade maior do que o corte de impostos;

A primeira é a que gera uma recessão mais intensa. De um lado, o corte de gastos debilita aquelas empresas que dependem do governo, o que é bom; mas, de outro, o aumento de impostos confisca ainda mais capital da sociedade, mais especificamente do setor produtivo, que é justamente quem absorveria a mão-de-obra demitida das empresas que faliram em decorrência dos cortes de gastos do governo. 

Você tem, portanto, o pior dos dois mundos. Aumento do desemprego, população com menor poder de compra, e setor privado sem capital para contratar. É isso que alguns países europeus fizeram.

A segunda maneira, ao contrário do que se supõe, é a pior. O governo aumenta o confisco do capital do setor privado, mas continua dando sustentação às empresas ineficientes, que também consomem capital do setor produtivo. A recessão neste caso é menos intensa, mas os desequilíbrios de longo prazo não são corrigidos. A economia fica com menos capital, mas as empresas ineficientes seguem firmes, pois seu cliente é o governo, que continua gastando. No final, tal medida serviu apenas para aumentar o consumo de capital de toda a sociedade.

A terceira maneira é melhor que a primeira e a segunda. O governo continua confiscando capital, é verdade, mas ao menos liberou outros recursos por meio da falência de empresas que só sobreviviam em decorrência de seus gastos. Em termos de recessão, tende a ser mais branda que a primeira e semelhante à segunda.

A quarta maneira é a maneira correta de se fazer austeridade. A redução de gastos do governo faz com que empresas ineficientes que dependem do governo sejam enxugadas (ou quebrem) e liberam mão-de-obra e recursos escassos para empreendimentos produtivos e genuinamente demandados pelos cidadãos. E as empresas responsáveis por esses empreendimentos produtivos terão mais facilidade para contratar essa mão-de-obra demitida porque, em decorrência da redução nos impostos, elas agora têm mais capital e seus consumidores, mais poder de compra. 

Além de não provocar uma recessão profunda — haverá recessão apenas se o governo impuser medidas que retardem a realocação de mão-de-obra de um setor para o outro (por exemplo, aumentando o seguro-desemprego ou o salário mínimo, ou impondo altos encargos sociais que encareçam o processo de demissão e contratação) —, esta maneira é a única que reduz duplamente o desperdício de capital e, com isso, permite uma maior acumulação de capital. Maior acumulação de capital significa maior abundância de bens produzidos no futuro. E maior abundância de bens significa maior qualidade de vida.

Conclusão

Onde o governo deve cortar? Em qualquer lugar e em todo lugar.

Ministério da Pesca, Ministério da Cultura, Ministério do Turismo, Ministério do Desenvolvimento Agrário (já um existe um Ministério da Agricultura), Ministério da Integração Nacional, Secretaria de Assuntos Estratégicos, Secretaria de Políticas para Mulheres, Secretaria da Promoção da Igualdade Racial, Secretaria de Comunicação Social, Secretaria de Portos, Secretaria de Aviação Civil, Secretaria das Relações Institucionais e Secretaria de Direitos Humanos poderiam ser imediatamente abolidos. Veja aqui o total das despesas de cada ministério.

Esta reportagem da revista IstoÉ mostra que apenas os custos operacionais dos 39 ministérios de Dilma estão acima de R$ 400 bilhões por ano. Estes ministérios empregam 113 mil apadrinhados e os salários consomem R$ 214 bilhões. Não dá para cortar nada aí? Esses burocratas por acaso têm um "direito natural" a esses salários pagos pelo povo?

Um governo federal que, em 2014, arrecadou mais de R$ 2,2 trilhões ainda quer aumentar tributos e manter intocadas as mordomias dos burocratas? Os 92 tributos existentes no Brasil não satisfazem essa gente? 

Eis aí uma prova suprema da ineficiência estatal, a qual deveria fazer o mais inflexível defensor da existência de governos ao menos repensar sua postura: um governo que tem uma receita de mais de R$ 2,2 trilhões não é sequer capaz de mantê-la dentro de seu orçamento, e tem de recorrer a novos esbulhos para fechar suas contas. Qualquer empresa privada que operasse sob esses princípios já teria sido extinta pelo mercado.

Querer tomar ainda mais dinheiro do cidadão para sustentar essa pouca vergonha é um ato, no mínimo, imoral, e seus proponentes não deveriam ser agraciados com o mais mínimo respeito da população. 

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Leandro Roque é o editor e tradutor do site do Instituto Ludwig von Mises Brasil.

John Tamny é o editor do site Real Clear Markets e contribui para a revista Forbes.


sexta-feira, 18 de setembro de 2015

FUGITIVOS OU INVASORES?

“No Ocidente, a burrice tem um passado glorioso e um futuro promissor” .

(Parafraseando Roberto Campos). 

Muammar Qaddafi há três décadas dizia a um repórter que os muçulmanos iriam dominar a Europa novamente, porém, sem levantar uma arma. O repórter lhe perguntou como isso seria possível, tendo recebido como resposta o seguinte: "enviando muçulmanos para lá e aproveitando-se de suas leis. "

E eu complemento: e de suas fraquezas lacrimejantes. Bastou a foto de um menininho morto jogado numa praia turca para desencadear um frêmito de solidariedade num Ocidente que cada dia que passa assassina milhões de crianças nos ventres maternos, ou até quando já estão fora dele. Solidariedade falsa, portanto.

Qaddafi sabia disto, o “califa” al-Baghdadi sabe também, assim como Assad e os aiatolás. Eles matam centenas de milhares de cristãos, fazem reféns e os decapitam à vontade, e cadê a solidariedade ocidental? Nem o Papa, o chefe espiritual dos decapitados, condena com a mesma veemência com que defende que o Islam é uma “religião da paz”.

Ninguém se pergunta por que os países ricos do Golfo, transbordantes de petróleo e moedas fortes, não se mostram solidários e aceitam os refugiados, teoricamente seus irmãos na “religião da paz”? Só os diabólicos infiéis, permanentes candidatos à submissão ou morte, devem se mostrar amorosos? Por que o “campeão do Cristianismo” Vladimir Putin, com população decrescente e espaço interminável, não se oferece para abriga-los?

Serão tão perseguidos e esfaimados assim que portando smartphones e outras bugigangas eletrônicas, podem recusar comida só porque vem embalada pela Cruz Vermelha, esta Cruz que eles dizem odiar, mas à qual realmente temem por serem seus principais traidores? São como diz o velho ditado popular: “fogem, como o diabo foge da Cruz”.

Depois da burrice ocidental, sob o comando consciente de Barack Hussein e seus asseclas, ter desencadeado e se regozijado com a abertura da Caixa de Pandora apelidada de “primavera árabe” – um verdadeiro inferno! – agora este mesmo inferno bate às portas da Europa numa invasão incruenta como planejara Qaddafi. Os europeus, inicialmente reconhecendo o perigo, tomavam medidas, mas se debulharam em lágrimas pela foto de Alan Kurdi. Esta foto em si mesma já seria um “case” – como se diz modernamente – para uma tese de doutorado sobre o uso do jornalismo desinformativo.

Quem foi responsável pela morte de Alan Kurdi?

Arthur Weinreb num instigante artigo investigativo (Who is really responsible for the death of 3-year-old Alan Kurdi) conclui: o único responsável por sua morte foi seu pai, Abdullah Kurdi.

“A família Kurdi vivia há três anos da Turquia e, embora não seja o lugar ideal para curdos, estavam a salvo. Tinham uma casa e recebiam dinheiro de seus parentes no Canadá. Não estavam fugindo de nenhuma perseguição, eram migrantes econômicos esperando uma vida melhor na Europa Ocidental e na esperança de algum dia alcançarem o Canadá. É compreensível, mas um verdadeiro refugiado, sem mencionar um homem de verdade, empreenderia a perigosa jornada sozinho deixando sua família, incluindo duas crianças pequenas, a salvo na Turquia onde não sofria ameaça nem pressão alguma.
Existem informações que Abdullah só queria chegar à Alemanha para desfrutar de um tratamento dentário particularmente caro e indisponível na Turquia. 
Não importam suas razões, ele nunca deveria ter pago a um contrabandista para levar sua família à Grécia num barco inadequado”.

O que fazer?
Como estas hordas já batem às portas da América e do Brasil, creio que as fronteiras devam ser fechadas – se ainda sobram FFAA no Brasil para isto, depois da devastação tucano-petista de seus meio bélicos. Na Europa, estava com razão o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán antes das reações lacrimejantes: podem passar, se quiserem ir para a Alemanha e França, países que ainda não purgaram – se é que um dia o farão – suas culpas pelo Holocausto. Que passem também para a tolerantíssima Escandinávia – tolerantes até verem suas famílias reais orando em mesquitas, e suas mulheres de burka. Putin, coronel da mais sangrenta divisão do KGB, também teria contas a prestar pelo Gulag, mas comunistas não reconhecem culpas, pois tudo fizeram pelo bem da humanidade, e não aceitarão reparar erros que não acreditam ter cometido.

O ISIS tem proclamado que está inundando o Ocidente com seus combatentes. Seria rematada tolice não acreditar, já que a maioria dos invasores é constituída de homens jovens e fortes.

Às favas as lágrimas de crocodilo do Ocidente!
Por:Heitor de Paola 
http://www.heitordepaola.com Do site: http://www.midiasemmascara.org/