sexta-feira, 31 de outubro de 2014

OS CINCO MITOS DO NARCISISMO

Você é narcisista? Um teste básico é: existe alguém no mundo que você ame mais do que a si mesmo?

Se a resposta for "sim", melhor para você. Se for "não", você é um pobre diabo, mas, provavelmente, tem algum livro idiota sobre autoestima no criado-mudo dizendo que você "tem direito de se amar acima de tudo".

Este "teste" é uma espécie de paródia da ideia de Santo Agostinho sobre a liberdade: se amamos, somos livres, porque escapamos da prisão que é nosso "eu".

Em 1979, Christopher Lasch lançava seu clássico "A Cultura do Narcisismo", abrindo uma tradição de aplicação do conceito de narcisismo (psicopatológico) de Freud à crítica da cultura e do comportamento.

De lá para cá, a coisa piorou, e tem gente mesmo dizendo que é melhor ser narcisista porque os neuróticos básicos vivem presos a ilusões bobas de amor e vínculos, e ao mal-estar eterno de não realizar nunca seu desejo plenamente porque temem a moral (e nem sabem direito qual é "seu" desejo mesmo). A cultura do narcisismo criou seus mitos de dignidade.

A professora de psicologia da San Diego State University, dra. Jean M. Twenge, tem duas pérolas (entre outros trabalhos) sobre a evolução do narcisismo em nossa cultura e nosso comportamento.

Em 2006, ela lançou o "Generation Me, Why Today's Young Americans Are More Confident, Assertive, Entitled -and More Miserable Than Ever Before" (numa tradução direta, "Geração Eu, Por que os Jovens Americanos de Hoje São Mais Confiantes, Assertivos, Conscientes de seus Direitos -e Mais Miseráveis do que Nunca").

Em 2009, ela volta à carga (junto com dr. W. Keith Campbell) com "The Narcissism Epidemic, Living in the Age of Entitlement" ("A Epidemia de Narcisismo, Vivendo na Era dos Direitos").

Aqui, o conceito essencial é "entitlement" ou "to be entitled to" (que aparece nos dois título acima) que poderíamos traduzir por "ter direitos de", no sentido de quando se diz "I am entitled to", significando "eu tenho o direito de".

A evolução estaria justamente no fato de que um miserável afetivo, incapaz de investir afetivamente ou intelectualmente no mundo, passou a ser o sujeito que se sente no direito a ter tudo. Esse sujeito é o tagarela, o bobo falante, das redes sociais.

Mas, no fundo, ele (ou ela, aliás; grande parte do debate de gênero hoje é somente narcisismo e histeria travestidos de análise da cultura e do comportamento) é um miserável, incapaz de sair de seu poço para contemplar os riscos da vida real.

Segundo nossos autores, existem cinco grandes mitos sobre o narcisista.

Primeiro mito: o narcisista tem muita autoestima. Em que pese o fato de que eu, pessoalmente, considero a expressão "autoestima" muito brega e acredito que nenhuma pessoa educada deveria usá-la, reconheço que a comparação com o narcisista, que os dois autores fazem, com a intenção de mostrar o quão ele é um miserável afetivo, funciona bem.

Alguém um pouco mais saudável é capaz de compromisso moral e vínculo afetivo no qual ele mesmo não é a única pessoa importante, coisa de que o narcisista é incapaz, atolado no pesadelo que é ser um "ser autossuficiente".

Mas pega bem posar de quem se ama muito num mundo bobo como o nosso.

Segundo mito: o narcisista tem baixa autoestima e, por isso, deve aprender a se dar valor. Não, ele "se acha". Professores que optam por "ensinar" autoestima para os alunos só ajudam a piorar a epidemia.

Terceiro mito: o narcisista é mais bonito e inteligente. Pelo contrário, o narcisismo é um traço de gente menos inteligente e que se acha feia.

Quarto mito: "algum" narcisismo é saudável. A pergunta é: saudável para quem? O narcisista é apenas aquele que foge quando o barco está afundando em nome de "seus direitos".

Quinto mito: o narcisismo é apenas outro nome para vaidade física. Não, é pior. É também materialista, mimado, agressivo quando criticado e incapaz de vínculo afetivo real.

Enfim, talvez um outro possível teste seja ver o quanto você usa a expressão "tenho direito de" ("I am entitled to") no seu dia a dia.

Essa expressão é uma das marcas da babaquice chique de nosso tempo. 

Por: Luiz Felipe Pondé Publicado na Folha de SP

quinta-feira, 30 de outubro de 2014

O PROBLEMA DE 1939

"É extremamente difícil para um psicólogo acreditar no valor de qualquer ideologia social baseada em premissas psicológicas simplificadas."

Andrew M. Lobaczewski, em 'Ponerologia: psicopatas no poder'.

Em 1939, os países ocidentais, ao avaliar vis-à-vis a situação da Alemanha nazista e da Rússia comunista, erraram tão horrorosamente nos seus prognósticos que, para dizer a verdade, a guerra que se seguiu foi muito pior que a política do apaziguamento, pois esta última tinha como fim ganhar o tempo necessário para se preparar para a guerra. Como acabou por acontecer, os Aliados ocidentais declararam guerra quando não deviam e quando não estavam fortes o bastante, ajudando assim a criar a aliança germano-soviética que subjugou a Polônia, a França e mais alguns outros países. O Ocidente subestimou a força militar alemã e escolheu o pior momento possível para desafiar Hitler. Se eles tivessem esperado apenas mais um ano eles estariam fortes o bastante para não sofrerem derrotas.

A mesma lógica se aplica hoje. A Rússia vem sofrendo revezes econômicos. Talvez seja possível criticar a administração Obama por não enviar armamento pesado para a Ucrânia; mas, e depois, se essas armas causassem um efeito alarmista sobre o povo russo? Putin então poderia usar esse fato como justificativa para desencadear uma perigosa sequência de ações? Pode-se até argumentar que uma OTAN agressiva seria justificativa para a paranoia anti-Ocidental de Putin. Devemos neste caso aprender a verdadeira lição de 1939, especialmente considerando que nossas forças estão num nível muito baixo e que guerra não é o que queremos.

Em relação a isso, há toda razão para acreditar que não entendemos apropriadamente a situação estratégica. A China está com a Rússia ou é neutra? A OTAN é forte ou são apenas aparências? O poderio militar americano está no mesmo nível dos velhos padrões ou estamos enfraquecidos? As pessoas presumem que os Estados Unidos são invencíveis. Contudo, recentemente o governo americano admitiu que a Rússia tem mais ogivas nucleares que os Estados Unidos. E ainda nem contamos as ogivas nucleares chinesas.

Continuando as coisas como estão, penso que os russos estão planejando ações futuras para quando a temperatura esfriar. Outra insurreição pode estar em perspectiva, sendo que ela será seguida por uma intervenção militar maciça. Todavia, há outro enredo se desenvolvendo. Estão até sugerindo que a Rússia admitiu a derrota na Ucrânia. Há até rumores de que Putin está sendo colocado de lado e, por conseguinte, perdendo sua posição como líder russo. É o caso de perguntar se virá por aí outra NEP ou outro ciclo de “democratização russa”. Isso seria, claro, uma notícia boa, não fosse a certeza de voltarmos a cair no velho padrão de relaxamento em relação aos perigos — o velho hábito do pensamento utópico, que se baseia em premissas psicológicas ingênuas.

As pessoas que governam a Rússia têm uma psicologia criminosa. Não são pessoas “normais” e nós jamais devemos considerá-las tais. O governo russo não possui freios e contrapesos. Não há verdadeira separação de poderes, não há a força das leis. E essa é a circunstância a qual o poder corrompe e corrompe absolutamente. Essa é a circunstância que tem de mudar na Rússia se o resto do mundo quiser ter paz. E essa é a circunstância que, uma vez mudada, teria como maior beneficiado o povo russo.

Mas como conquistaremos essa mudança? Sob estas circunstâncias, a mudança pode vir apenas por meio de uma amostra de benevolência salvaguardada por uma política justa porém firme. O povo russo não é nosso inimigo, mas sim nosso potencial aliado. Eles querem a mesma coisa que queremos, ou seja, paz. Assim, se o gás natural é usado por Moscou como arma para intimidar a Europa, a coisa a se fazer é estender uma mão amiga para encorajar a solidariedade da OTAN, porquanto a estratégia mais visível da Rússia consiste em dividir a Europa da América por meio da pressão econômica.

O regime criminoso em Moscou também irá, no fim, ameaçar o bem estar americano, pois a KGB acredita que o conforto é o nosso ponto fraco. Faz sentido, portanto, atacar-nos economicamente. Como todos sabem, o dólar é vulnerável e nossa economia está estagnando. Um ciberataque contra os grandes bancos, ou um ataque terrorista, poderia ferir seriamente a economia americana. O que faríamos então para recuperar nossa prosperidade? Cortar nossos laços com a Europa? Nos fecharmos em uma redoma? O pesquisador polonês Andrew Lobaczewski observou que “Em geral [...] particularmente em sociedades hedonistas, as pessoas possuem uma tendência a buscar refúgio na ignorância ou em doutrinas ingênuas. Algumas pessoas até sentem um certo desprezo pelas pessoas que sofrem.”

A América não deve ter desprezo pelas pessoas que sofrem. Logo em breve estaremos entre os sofredores. É assim que nos salvamos e é assim que as nações se salvam.
Por: Jeffrey Nyquist
Tradução: Leonildo Trombela Junior


quarta-feira, 29 de outubro de 2014

SEPARATISMO É CONVERSA DE CRETINOS - NÃO IMPORTA SE VERMELHOS OU AZUIS

Essa conversa sobre separatismo no Brasil é asquerosa, é revoltante. Foi inventada por Lula, e, claro!, os porta-vozes do PT na imprensa logo aderiram à tese, atribuindo a adversários do PT o rancor separatista.

Ainda voltarei ao assunto, sim. Não! Não foram Norte e Nordeste que deram a vitória a Dilma porque há lá, se me desculpam a tautologia, muitos nortistas e nordestinos. A questão é de outra natureza: está relacionada à pobreza, que se concentra, como se sabe, no Norte e Nordeste do país — onde, de fato, está o maior número de pessoas atendidas pelo Bolsa Família. A questão é bem mais séria. Um programa social, que tem apenas o condão de tirar as pessoas da miséria e da indigência social e econômica, transformou-se numa máquina de produzir votos — e isso, sim, é imoral.

A população pobre, além de vítima das circunstâncias, não pode agora ser responsabilizada por um resultado eleitoral que eu também acho ruim para o Brasil. Vou escrever sobre tudo isso com mais vagar. De imediato, acho que é hora de a gente rechaçar essas teses de Nordeste contra Sudeste, não importa quem a advogue, sejam os petistas, obedecendo à orientação de Lula, sejam os seus adversários.

Aliás, Lula, ele mesmo, deveria ter vergonha de investir nessa história: afinal, é um nordestino que se tornou a maior liderança nacional no Sudeste. Durante um bom tempo, diga-se, ele despertava temores extremos justamente na população do… Nordeste!

Rebatam essa besteira. Esse negócio de falar em separatismo é um atentado à inteligência, ao bom senso e até à decência. Voltarei a esse assunto neste blog e falarei a respeito na minha coluna de amanhã, na Folha.

Quem fala em separar o Sudeste e o Sul do resto do Brasil, lamento!, não entendeu nada. Ao contrário: precisamos é somar esforços com os pobres do Brasil, do Nordeste ou não, para que eles se libertem da caridade que hoje os escraviza e os torna alvos fáceis do terrorismo de um partido político.

Por Reinaldo Azevedo  Do site: http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/

terça-feira, 28 de outubro de 2014

O FARDO DO HOMEM NEGRO

A Universidade de Oxford está preocupada: o ano acadêmico já começou por aqui e 20 mil estudantes africanos chegam para o início das aulas. Tradução: riscos de contágio pelo vírus ebola são uma possibilidade. Remota, mas real.


Perante essa preocupação dos ingleses, a resposta óbvia seria afirmar que o Ocidente é um poço de hipocrisia, que só treme de medo quando a morte dos pobres se aproxima das suas margens.

Existe até um cartum, da autoria do notável ilustrador português André Carrilho (divagação pessoal: o André foi o autor da capa do meu primeiro livro de crônicas), que tem feito sucesso nas redes sociais do mundo inteiro.

Descrição: vemos vários doentes com ebola deitados em suas camas. Todos eles são negros. Todos, com a exceção de um branco. E é sobre o doente branco que as câmeras da mídia concentram as suas luzes.

Mensagem óbvia: se o ebola não tivesse chegado à Espanha ou aos Estados Unidos, as matanças na África continuariam na doce paz do anonimato. Como, aliás, sempre continuaram desde a década de 1970.

Acontece que o meu colega André Carrilho está errado. Ou, pelo menos, parcialmente errado.

É um fato que o ebola assusta os brancos. É um fato que o Ocidente rico e tecnologicamente avançado já deveria ter prestado atenção a essa doença letal. Se o mundo encolheu com os prodígios da "globalização", não é preciso ser um gênio para imaginar que, cedo ou tarde, o bicho pintaria no hemisfério Norte.

O problema é que a estupidez, a ganância e a mendacidade do hemisfério Sul não ajudam a nenhuma ajuda.

Em artigo devastador para o "New York Times" —um jornal que está longe de qualquer simpatia direitista—, o enviado a Serra Leoa escreve uma carta de desespero e estupefação ante o espectáculo lúgubre que tem à frente dos olhos.

Adam Nossiter, eis o nome, começa por falar dos líderes comunitários do país que, no início, negaram a presença da doença e permitiram que ela alastrasse sem freio.

Depois, quando os corpos começaram a tombar, os mesmos líderes atribuíram o fato aos efeitos da bruxaria (um clássico). Provavelmente, tentaram travar o vírus com o feiticeiro local fazendo as suas macumbas. Curiosamente, não resultou.

Mas a cultura de ocultação não ficou por esses líderes tribais. Como escreve o mesmo jornalista, existe um abismo criminoso entre o que acontece no terreno e a resposta "oficial" do governo, que continua sentado sobre os US$ 40 milhões de ajuda internacional para combater eficazmente o flagelo.

Pois sim. No terreno, continua a faltar tudo: ambulâncias, medicamentos, equipamentos. E os 30 veículos da ONU, prontos a entrar em ação, continuam parados na capital Freetown porque a burocracia, como sempre, não perdoa.

Em vez desses veículos, circulam pelas estradas uns caminhões rudimentares, dirigidos por beneméritos nativos, que viajam até aos confins e transportam os mortos para as suas sepulturas. Infelizmente, os responsáveis pelos enterros ameaçam greve —dia sim, dia não— por falta de pagamento.

Não admira que, perante o caos, as estatísticas governamentais de Serra Leoa não sejam "fiáveis" (para usar um eufemismo): às segundas, quartas e sextas, não há mortos para ninguém; às terças e quintas, a coisa pode chegar aos cem. Só Deus sabe o que acontece no fim de semana.

Moral da história?

Sim, as luzes da mídia estão sobre o homem branco. Mas isso também se explica porque regimes autoritários e cleptocratas transformam os seus cidadãos em fantasmas invisíveis.

Se a mídia não olha para os doentes negros é porque eles não existem nas estatísticas dos seus próprios países.

Ou, melhor dizendo, eles só existem porque há jornalistas ocidentais dispostos a viajar ao inferno para contar. E, claro, porque existem também médicos e enfermeiros ocidentais que arriscam a vida (e encontram a morte) para salvar esses fantasmas.

Ironia: o fardo do homem branco é carregar hoje às costas o fardo do homem negro.

Por: João pereira Coutinho Publicado na Folha de SP

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

O CHAMADO A SALVAR O MUNDO

Hoje vou propor duas teses. Mas, antes, diria aos inteligentinhos que, como vamos falar de coisa séria (os jovens, uma gente que prezo muito), eles, os inteligentinhos, devem ir pegar sua merenda balanceada e brincar no parque, e deixar a gente grande conversar.


Muitos leitores me perguntam o que seria um inteligentinho. Explico: quando você diz "não existe almoço de graça", o inteligentinho diz que você disse que "os mais pobres não têm direito à felicidade". Quando você diz que "as mulheres não suportam homens fracos", a inteligentinha diz que você disse que "as mulheres devem ficar em casa lavando louça". Em suma: mentem.

A primeira tese é que temos estragado a cabeça dos mais jovens há cerca de quarenta anos. Inventamos essa coisa de que eles "devem mudar o mundo"(uma invenção da publicidade dos anos 60 pra vender jeans, com a nobre e sincera intenção de gerar empregos), e isso atrapalha bastante a vida deles.

A propósito, não estou sendo irônico quando digo que a publicidade é sincera. Aliás, no mundo dos idiotas do bem, a publicidade é um dos últimos redutos de sinceridade.

"Salvar o mundo" obriga aos mais jovens terem opiniões sobre tudo, principalmente sobre coisas complexas como economia (quando só conhecem a mesada ou a grana do estágio e não são responsáveis por nada de fato), relacionamento homem-mulher (quando acabaram de entrar no "mercado dos sofrimentos afetivos" e mal sabem o que é amar no mundo real), geopolítica (quando muito, se tem dinheiro, fazem intercâmbio na Austrália ou viajam via ONGs superlegais para fazer trabalho social em Madagascar por três meses antes da pós em Nova York).

E, o mais importante: esses jovens cheios de "causas pra mudar o mundo" fogem da obrigação de arrumar o quarto se escondendo atrás de discursos sobre o mundo, construídos por professores de história ou filosofia cuja única glória é pregar para adolescentes entediados com um mundo que é sempre cinza e confuso. Além, claro, do tédio com o casamento sem saída dos seus pais.

Muitas vezes, esse jovens chamados à jihad light, elegem causas de butique como "libertar os animais do jugo dos carnívoros", seguindo o filósofo Peter Singer e seu conceito de "especismo", cunhado no livro "Animal Liberation", feito sob medida pra estudantes de classe média alta nova-iorquinos e paulistanos. Gente muito "democrática" que gostaria de colocar fora da lei o menu dos outros. A busca da pureza ainda vai nos matar a todos.

Mas, chama a atenção a forma muitas vezes violenta, ainda que num primeiro momento marcada apenas pela violência verbal, das manifestações desses jovens chamados às formas de jihad light.

Sabe-se que muitos dos jovens ocidentais que têm aderido a grupos fundamentalistas são recrutados pelas redes sociais e seu chamado a "mudar o mundo". O tédio assola essa moçada que ganha mesada dos pais ou do Estado.

Eis minha segunda tese de hoje: é um erro achar que haja uma distância gigantesca entre os aderentes da jihad light e da hard (sendo esta a que os leva a violência explícita), do ponto de vista dos afetos confusos deste tédio jovem.

No caso específico dos meninos, um detalhe deve nos chamar atenção na adesão crescente ao chamado "para mudar o mundo" dos grupos religiosos fundamentalistas do Oriente Médio.

Muitos meninos, equivocadamente, penso eu, sentem que não há espaço pra eles num mundo civilizado em que a masculinidade é vista como sintoma social a ser suprimido via a transformação de todo e qualquer comportamento masculino em "machismo".

Muitos meninos temem acabar a vida cuidando de bebês e tendo que parecer meninas para poderem existir.

Acho isso um equívoco, mas negar a existência do fato (que os meninos estão se sentindo acuados por um mundo que os quer feminilizar a todo custo) é outro equívoco.

Os jovens aderentes aos grupos fundamentalistas violentos são movidos pelos mesmos sentimentos dos nossos jovens que querem salvar o mundo: a busca da pureza na vida. É hora de pararmos de mandar esses meninos e meninas salvarem o mundo.

Por: Luiz Felipe Pondé Publicado na Folha de SP

sábado, 25 de outubro de 2014

VOCÊ ACREDITA?

Você acredita? Gráfico do Ibovespa Futuro mostra quem será o próximo presidente - InfoMoney 
Veja mais em: http://www.infomoney.com.br/mercados/analise-tecnica/noticia/3653498/voce-acredita-grafico-ibovespa-futuro-mostra-quem-sera-proximo-presidente

IGNORANTES DO BEM

A nova elite vermelha não protagonizou casos de corrupção. Ela criou, sob a propaganda da bondade, um sistema de corrupção

O Sudeste decidirá a eleição presidencial mais disputada da história recente. E o Rio de Janeiro poderá ser o fiel da balança. O fator decisivo para esse resultado será a famosa tradição carioca de ser oposição — que ultimamente tem se transformado em oposição a favor.

Os ânimos estão exaltados, mas é o destino do país que está sendo decidido palmo a palmo. Demarcada a fronteira da estupidez, ninguém precisa se envergonhar de ser aguerrido. E ninguém precisa se envergonhar do voto que escolher. A não ser que esse voto esteja baseado em premissas hipócritas. Aí é o caso de se envergonhar.

Boa parte do eleitorado carioca resolveu fazer poesia numa hora dessas. Na falta de miragem nova, muita gente boa embarcou na toada de que a disputa entre Dilma e Aécio é um confronto esquerda x direita — a esquerda sendo o bem, e a direita o mal, claro. Muitos repetem até que é uma espécie de reedição do embate Lula x Collor. Só três hipóteses podem explicar a defesa dessa tese: distração, ignorância ou desonestidade.

Em 1989, o Brasil tinha sua primeira eleição direta para presidente depois da ditadura. Collor era identificado com as elites que sustentaram o regime militar. O voto contra Collor, portanto, era um voto contra o autoritarismo. O que as crianças do balneário não querem perceber é que esse filme passou há um quarto de século. E o autoritarismo mudou de lugar.

Arrancado do poder por corrupção, Collor hoje apoia Dilma. Mas isso é o de menos (por incrível que pareça). Dilma e todo o PT apoiam, desinibidamente, os condenados pelo escândalo do mensalão. É como se os presidentes das associações de medicina apoiassem Roger Abdelmassih, o devorador de gestantes. Dilma Rousseff, a candidata do bem contra o mal, apoia pelo menos meia dúzia de governos autoritários na América do Sul e no Oriente Médio, oferecendo-lhes até colaboração econômica — com o dinheiro dos progressistas que votam no PT contra o autoritarismo. Quando Mahmoud Ahmadinejad massacrou manifestantes de oposição, Lula socorreu o ditador iraniano declarando que aquilo era normal, como “briga entre flamenguistas e vascaínos”.

Os progressistas com alma de oposição têm todo o direito de votar em Dilma. Só não fica bem fingirem que estão votando contra as elites reacionárias e autoritárias, sentindo-se humanos e sensíveis. O que há de mais reacionário, autoritário, insensível e desumano no país hoje é o assalto ao Estado brasileiro. Não só o do mensalão, mas o da fraude que o governo Dilma instituiu na contabilidade pública: maquiagem dos balanços para esconder déficits e gastar mais — com uma máquina sem precedentes que acomoda os companheiros e simpatizantes.

Quem são hoje, 25 de outubro de 2014, as elites que se organizam para sugar o que é do povo? Não, meu caro progressista do bem, não dá mais para você olhar no espelho e dizer que é a “direita conservadora” — ou qualquer desses apelidos feios para quem não usa a estrelinha vermelha. A elite egoísta e predadora hoje é essa que você ajudou a vitaminar, achando que estava votando num livro de García-Marquez, numa canção de Chico Buarque ou num poema de Neruda. Traficaram o seu romantismo, caro eleitor de esquerda, e o transformaram na maior indústria parasitária que este país já viu.

O doleiro acaba de revelar que Dilma e Lula sabiam do esquema de saque à Petrobras. O que você fará diante disso, caro progressista do bem? Colocará para tocar um disco de Mercedes Sosa? Ou fechará os olhos e ficará repetindo para si mesmo que casos de corrupção existem em todos os governos? Não, meu caro, a nova elite vermelha não protagonizou casos de corrupção. Ela criou, sob a propaganda da bondade, um sistema de corrupção.

O mensalão foi montado dentro do Palácio do Planalto pelo principal ministro de Estado, fazendo uma transfusão de dinheiro público para o partido do presidente. O tesoureiro desse partido, condenado e preso, foi sucedido por outro tesoureiro que está no centro do escândalo do petrolão. Esse outro, João Vaccari Neto, é o homem forte da campanha de Dilma Rousseff. Será que o doleiro ainda precisa lhe dizer, prezado e orgulhoso eleitor de esquerda, que todos os seus heróis sabiam de tudo? Ou mais claramente: que eles arranjaram um jeito esperto de transformar a política em meio de vida?

São 12 anos de erosão nas contas públicas, o que qualquer economista sério atesta. Gastança sem critério (ou com os critérios acima descritos) que travam o crescimento e geram inflação. Traduzindo: empobrecimento. O país resiste com seu fôlego próprio, mas não há programa assistencial que compense: todos perderão.

O PT está tomando providências: some com os indicadores que fazem mal à sua propaganda — como acaba de fazer com os dados do Ipea sobre a miséria. É a mesma tecnologia da contabilidade criativa. Uma usina de versões, que faz a presidente da República atolar em sua própria fala ao vivo. Um vexame, caro eleitor do bem, um show de impostura.

Exija respeito pela sua escolha na urna. Mas procure um jeito honesto de se orgulhar dela.

Por: Guilherme Fiuza é jornalista  Publicado em O Globo



A BOLSA E A VIDA

Conceitualmente, O Bolsa Família não nasceu com Lula, nem com FHC, mas no laboratório político do Banco Mundial. O "objetivo abrangente" de redução da pobreza, proclamado em 1991 por Lewis Preston, presidente do banco, seria alcançado por meio de políticas focadas de transferência de renda. Era uma resposta estratégica ao pensamento de esquerda, concentrado em reformas sociais, e um programa de ação para o ciclo aberto pela queda do Muro de Berlim. FHC a adotou sem o entusiasmo dos conservadores, encarando-a como um emplastro civilizatório que não substituiria iniciativas fortes do Estado nas esferas da educação e da saúde. Lula não só a abraçou como serviu-se dela para ancorar eleitoralmente seu sistema de poder.


Quando Lula fulminou o Bolsa Escola com o epíteto de "bolsa esmola", operava no registro tradicional do pensamento de esquerda. Na hora da chegada ao poder, sob a inspiração de José Graziano da Silva, perseverou naquele registro e lançou o Fome Zero, que não era um programa de transferência de renda. Graziano analisara de modo realista os rumos da formação do complexo capitalista do agronegócio, em duas obras significativas, publicadas na década de 1980, mas sonhava com o florescimento de uma agricultura familiar autônoma. No esquema do Fome Zero, sob o amparo estatal, pequenos produtores locais forneceriam os alimentos para a mesa dos pobres. O Bolsa Família surgiu dos escombros do Fome Zero.

O experimento utópico do Fome Zero nem decolou. No início, seus escassos críticos sofreram o bombardeio ideológico de acadêmicos de esquerda encantados com o lulismo. Contudo, depois de 388 dias de inércia, Lula demitiu Graziano do Ministério Extraordinário e promoveu o giro pragmático que conduziria à unificação dos programas de transferência de renda de FHC (a "bolsa esmola") no Bolsa Família. Naquele momento, cessaram as resistências de esquerda à estratégia conservadora de combate à pobreza e, no lugar delas, emergiu o coro dos contentes, a proclamar a aurora de uma nova era.

Lula descobriu uma virtude político-eleitoral da expansão das transferências diretas de renda: o impulso ao consumo popular (de material de construção, eletrodomésticos e celulares) propiciava-lhe a chance de congelar a agenda de reformas na educação e na saúde públicas. O Bolsa Família tornou-se o núcleo de um conjunto de políticas focadas que abrangem, notadamente, o crédito consignado e as bolsas do ProUni. Nas eleições, o espectro da supressão dos benefícios monetários passaria a figurar como linha de ataque permanente do PT contra qualquer adversário. Simplificado ao extremo, o tema tão decisivo do combate à pobreza convertia-se em monopólio de um partido.

Os tucanos sentiram o golpe, girando em círculos à procura de uma resposta. Desorientados, chegaram a ensaiar, nos piores momentos, a reprodução da primitiva réplica original de Lula. O prumo começou a ser reencontrado por Aécio Neves, que anunciou o compromisso de entalhar o programa na pedra da lei, fazendo-o "política de Estado, não de governo". Transferir o Bolsa Família do campo minado da disputa partidária para o das políticas públicas nacionais será um passo adiante, do ponto de vista da disputa eleitoral democrática. Mas, do ponto de vista conceitual, ainda estaríamos atrás do patamar atingido no governo FHC.

"Vemos as filhas do Bolsa Família transformarem-se nas mães do Bolsa Família", alertou Eduardo Campos meses antes de sua morte trágica, para indagar: "Queremos vê-las transformando-se em avós do Bolsa Família?". O círculo da pobreza e da dependência não pode atravessar gerações, sob pena de darmos razão ao Lula ancestral que clamava contra o "bolsa esmola". Já é tempo de avançar além da receita do Banco Mundial, rumo à qualificação dos direitos sociais universais. A bolsa não é a vida. 

Por: Demétrio Magnoli Publicado na Folha de SP

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

POLÍTICA, CORRUPÇÃO E PIZZA

Dito de forma direta, o que quero dizer hoje é: ninguém está nem aí para corrupção em política. Nenhum estrato social. Nem rico, nem pobre, nem culto, nem artista, nem inteligentinho. Pega bem dizer que se está, mas é pura afetação de salão. Coisa de burguês. A prova é que com ou sem Petrobras, no final, será servida uma grande pizza.

Escândalos se acumulam (e não me refiro apenas aos bolivarianos atualmente no poder), mas ninguém está nem aí. Justificativas sustentam toda e qualquer defesa de políticos ou partidos corruptos ou suspeitos de corrupção. A democracia tem uma dimensão circense e as eleições são seu clímax.

Sim, são afirmações céticas. O senso comum pensa que ser cético é duvidar da existência de Deus. Isso é ceticismo de criança. Qualquer um duvida da existência de Deus. Quem se leva muito a sério por isso é que é meio bobo.

E a razão pra ninguém estar nem aí para corrupção é que nossa relação com a política não é racional, como dizem que é. Somos mais facilmente racionais quando compramos pão francês do que quando pensamos em política. "Consciência política" é tão fetiche quanto "carma".

Não existe essa tal de consciência política, mas sim simpatias, empatias, interesses, taras, fanatismo que travestimos de "consciência política".

A única racionalidade possível na política é a de Maquiavel, que continua sendo o filósofo da política mais sério até hoje: a razão da política é a conquista e manutenção do poder a qualquer custo.

Desde o século 18 e a falsa afirmação de que a política redimirá o mundo (pecado do suíço Rousseau), abriu-se um novo "mercado" das mentiras políticas: aquele que diz que a política pode ser "ética".

A democracia tem uma vocação para a retórica, já dizia Platão. Mas, reconheçamos, não há regime melhor. Nela, o circo das "escolhas éticas" se acumulam ao sabor do marketing e das justificativas do que preferimos.

Não votamos racionalmente. Votamos porque (na melhor das hipóteses) algum candidato ou partido concorda, mais ou menos, com a "pequena" teoria de mundo que temos.

Alguns de nós tem mais tempo e condição de trabalhar suas "pequenas" teorias. Outros vão a seco e votam em quem eles acham que vai aumentar o poder de compra deles (dane-se a corrupção) ou quem mais se encaixa na visão de "um mundo melhor" (maior fetiche da política dos últimos 250 anos) deles (dane-se a corrupção).

Se acreditamos que a economia seja uma ciência do comportamento humano que deve levar em conta coisas como "quem tem o que todo mundo quer ganha mais" tendemos a crer que devemos levar em conta as "leis de mercado". Quem crê que devemos "buscar formas mais humanas de produção e igualdade" não crê nas "leis de mercado", mas sim que elas foram inventadas pelos que gostam de explorar os mais fracos.

Mas, como a democracia é um regime baseado numa economia do ressentimento, quem crê em "leis de mercado" é malvado e quem afirma que elas podem ser negadas se quisermos fazer o mundo melhor é visto como gente legal.

Se acho um candidato "fodão", arrumo razões pra votar nele. Se acho que o Brasil precisa de um modo de vida "x", arrumo alguém que pareça concordar comigo. Se acho o candidato alguém comprometido com a "justiça social", ele pode até roubar. Se busco santos, direi: o Brasil precisa de um choque de sinceridade na política.

A crença de que exista racionalidade na política é tão necessária para a maioria das pessoas hoje quanto Deus é necessário para uma porrada de gente. Os não-religiosos creem que olham o mundo de modo mais racional porque não acreditam num ser invisível entre tantos outros. Mas, acreditar que exista uma coisa chamada "consciência política" é também um ato de fé.

Suecos votam para garantir seu tempo livre. Americanos para defender seu quintal. Argentinos por masoquismo. Franceses para garantir a aposentadoria. Ingleses já não sabem se são pós-cristãos ou neomuçulmanos.

E brasileiros votam porque querem mais Estado nas suas vidas. Mais Bolsa Família e mais bolsa empresário. Em mil anos rirão de nossa fé na democracia.' 

Por: Luiz Felipe Pondé Publicado na Folha de SP

BOLSA FAMÍLIA - O ENGODO DO SÉCULO


Quem paga o bolsa família são os próprios nordestinos.










Quem paga o bolsa família é o próprio beneficiado. O engodo do século.

Não é o Sudeste que paga o bolsa família do Nordeste, como a direita vive espalhando.

Não são os “esforçados” que pagam o sustento dos “preguiçosos” como muitos do PSDB estão afirmando.

Quem paga o bolsa família são os próprios nordestinos.

E não são os nordestinos ricos, são os nordestinos pobres.

Aliás são os próprios beneficiários do bolsa família. Trata-se do golpe de marketing do século, que a imprensa tucana sequer divulga.

Basta ler a lei que criou o bolsa família.

LEI No 10.836, que cria o Programa Bolsa Família e dá outras providências.

§ 3o Serão concedidos a famílias com renda familiar mensal per capita de até R$ 120,00, o benefício variável no valor de R$ 18,00.

Só que quem recebe R$ 120,00 paga 40% de impostos, a carga tributária, ou seja R$ 48,00, em IPI, ICMS, INSS, etc…

E o governo devolve R$ 18,00 destes R$ 48,00 e se gaba de tê-los tirado da pobreza.

Mentira.

O governo os levou R$ 30,00 mais próximos da pobreza.

Brilhante! 

Por: Stephen Kanitz

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

FORA PT!

A socialização dos meios de produção se transformou no maior saque do Estado brasileiro em proveito do partido e de seus asseclas

Estamos vivendo o processo eleitoral mais importante da história da República. Nesta eleição está em jogo um mandato de 12 anos. Caso o PT vença, estarão dadas as condições para a materialização do projeto criminoso de poder –expressão cunhada pelo ministro Celso de Mello no julgamento do mensalão.

Em contrapartida, poderemos pela primeira vez ter uma ruptura democrática –pelo voto– com a vitória da oposição. Isso não é pouco, especialmente em um país com a tradição autoritária que tem.

O PT não gosta da democracia. Nunca gostou. E os 12 anos no poder reforçaram seu autoritarismo. Hoje, o partido não sobrevive longe das benesses do Estado. Tem de sustentar milhares de militantes profissionais.

O socialismo marxista foi substituído pelo oportunismo, pela despolitização, pelo rebaixamento da política às práticas tradicionais do coronelismo. A socialização dos meios de produção se transformou no maior saque do Estado brasileiro em proveito do partido e de seus asseclas de maior ou menor graus.

Lula representa o que há de mais atrasado na política brasileira. Tem uma personalidade que oscila entre Mussum e Stálin. Ataca as elites –sem defini-las– e apoia José Sarney, Jader Barbalho e Renan Calheiros. Fala em poder popular e transfere bilhões de reais dos bancos públicos para empresários aventureiros. Fez de tudo para que esta eleição fosse a mais suja da história.

E conseguiu. Por meio do seu departamento de propaganda –especializado em destruir reputações–, triturou Marina Silva com a mais vil campanha de calúnias e mentiras de uma eleição presidencial.

Dilma nada representa. É mera criatura sem vida própria. O que está em jogo é derrotar seu criador, Lula. Ele transformou o Estado em sua imagem e semelhança. Desmoralizou o Itamaraty ao apoiar terroristas e ditadores. Os bancos e as estatais foram transformadas em seções do partido. Nenhuma política pública foi adotada sem que fosse tirado proveito partidário. A estrutura estatal foi ampliada para tê-la sob controle, estando no poder ou não.

A derrota petista é a derrota de Lula. Será muito positiva para o PT, pois o partido poderá renovar sua direção e suas práticas longe daquele que sempre sufocou as discussões políticas, personalizou as divergências e expulsou lideranças emergentes. Mas, principalmente, quem vai ganhar será o Brasil porque o lulismo é um inimigo das liberdades e sonha com a ditadura.

Daí a importância de votar em Aécio Neves. Hoje sua candidatura é muito maior do que aquela que deu início ao processo eleitoral.

Aécio representa aqueles que querem dar um basta às mazelas do PT. Representa o desejo de que a máquina governamental esteja a serviço do interesse público. Representa a disposição do país para voltar a crescer –de forma sustentável– e, então, enfrentar os graves problemas sociais. Representa a ética e a moralidade públicas que foram pisoteadas pelo petismo durante longos 12 anos.

Cabe aos democratas construir as condições para a vitória de Aécio. Não é tarefa fácil. Afinal, os marginais do poder –outra expressão utilizada no julgamento do mensalão– tudo farão para se manter no governo. Mas o país clama: fora PT!
Por: MARCO ANTONIO VILLA, 59, historiador, é professor aposentado da Universidade Federal de São Carlos e autor de “Década Perdida – Dez Anos de PT no Poder” (Record), entre outros

UMA TREMENDA MOLECAGEM!


Uma das chaves do sucesso de Lula é a coragem de dizer o que lhe apetece – às favas a verdade.

Lula (Imagem: Felipe Rau / Estadão Conteúdo / AE)

Qual Lula é o verdadeiro?

O bem educado que aparece no programa de propaganda eleitoral de Dilma na televisão, defende os 12 anos de governos do PT e, ao cabo, sorridente, pede votos para reeleger sua sucessora?

Ou o moleque de rua que pontifica em comícios país a fora, sugerindo, sem ter coragem de afirmar diretamente, que Aécio é capaz, sim, de dirigir embriagado, agredir mulheres e se drogar?

O segundo é o mais próximo do verdadeiro Lula. Digo por que o conheço desde quando era líder sindical. Lula é uma metamorfose ambulante. Não foi ninguém quem o disse, foi ele quem se rotulou assim.

A esquerda tudo perdoaria a Lula desde que chegasse ao poder. Chegou, cavalgando-o. Uma vez lá, se corrompeu. Quanto a ele... Não sabia de nada. Nunca soube.

Justiça seja feita a Lula: por desconhecimento de causa e preguiça, ele jamais compartilhou as ideias da esquerda. Assim como ela se aproveitou dele, Lula se aproveitou dela. Um casamento não por amor, mas por interesse.

Na primeira reunião ministerial do seu governo em 2003, Lula se irritou com um ministro e desabafou: “Toda vez que me guiei pela esquerda me dei mal”.

Retifico: ele não disse que se deu mal. Usou um palavrão. Nada demais para o sujeito desbocado que nunca pesou o que diz. Grossura nada tem a ver com infância pobre.

Lula é um sucesso do jeito que é. Mudar, por quê? Todos admiram sua astúcia. Muitos se curvam à sua sabedoria. E outros tantos temem ser apontados como desafetos do retirante nordestino que se deu bem.

Uma das chaves do sucesso de Lula é a coragem de dizer o que lhe apetece – às favas a verdade.

No último sábado, em comício em Belo Horizonte, Lula disse que nunca foi grosseiro com adversários.

Textualmente: “Não tive coragem de ser grosseiro contra Collor, Serra, Alckmin, Fernando Henrique. Pega uma palavra minha chamando candidato de mentiroso e leviano”. É fácil.

Lula chamou Sarney de ladrão. E Itamar Franco de filho da puta.

Resposta de Itamar em maio de 2003: “Gostaria de saber o que aconteceria se a situação fosse inversa, ou seja, se esse indivíduo arrogante e elitista fosse o presidente da República e alguém lhe chamasse disso. (...) Minha mãe se chamava Itália Franco. Mas fosse um filho da p., certamente teria por ela o mesmo amor filial”.

Você pensa que Lula ficou constrangido com a resposta de Itamar? Foi ao velório dele. Assim como foi ao velório de Ruth Cardoso, mulher de Fernando Henrique. Chorando, lançou-se aos braços do ex-presidente.

Pouco antes da morte de Ruth, a Casa Civil da então ministra Dilma montara um dossiê sobre despesas com cartão de crédito do casal FH. Depois, a ministra se desculpou.

Lula não é homem de se desculpar. Nem mesmo quando trata um assessor a pontapés. Como governador de Minas Gerais, no auge do escândalo do mensalão, Aécio lutou para que o PSDB não pedisse o impeachment de Lula. Conseguiu.

Mais tarde, Lula tentou convencê-lo a aderir ao PMDB para disputar a presidência com o seu apoio. Aécio não quis.

De volta ao comício de Belo Horizonte.

Antes de Lula falar, foi lida a carta de uma psicóloga acusando Aécio de espancar mulheres e de ser megalomaníaco. Ele ainda foi chamado de "coisa ruim", "cafajeste" e "playboy mimado".

Por fim, a plateia foi ao delírio ao ouvir Lula dizer sobre o comportamento de Aécio em debates: “A tática dele é a seguinte: vou partir para a agressão. Meu negócio com mulher é partir para cima agredindo”.
Por: Ricardo Noblat   Publicado no site: http://noblat.oglobo.globo.com/

terça-feira, 21 de outubro de 2014

SOBRE O FUTURO DA EUROPA

Dentro de uma geração ou duas, os Estados Unidos haverá de perguntar: quem perdeu, Europa? Eis aqui o discurso pronunciado por Geert Wilders, do Partido para a Liberdade, da Holanda, pronunciado no Hotel Four Seasons de New York, ao apresentar uma Aliança de Patriotas e anunciar a Conferência para enfrentar a Jihad em Jerusalém.


Estimados amigos. Agradeço-lhes muito haver-me convidado. Vim aos Estados Unidos com uma missão. Nem tudo anda bem no Velho Mundo. Existe um tremendo perigo espreitando. E é muito difícil ser otimista. É muito possível que já estejamos transitando pelas últimas etapas da Islamização da Europa.

Isto já não é somente um perigo claro e atual para o futuro da Europa em si, senão uma ameaça à América e à mera sobrevivência de todo o mundo ocidental. Os Estados Unidos são o último bastião da civilização ocidental, enfrentando uma Europa islâmica.

Em primeiro lugar lhes descreverei a situação em terras da Europa mesma. E depois, lhes direi algumas coisas sobre o Islam. E para encerrar, lhes contarei uma reunião realizada em Jerusalém.

A Europa que vocês conhecem está mudando. Provavelmente, vocês há tenham visto os marcos. Porém, em todas estas cidades, às vezes, a apenas umas poucas quadras do destino que levam vocês como turistas, existe outro mundo. É o mundo da sociedade paralela que a migração massiva muçulmana criou.

Através de toda Europa está surgindo uma nova realidade: bairros inteiros de muçulmanos onde pouquíssimas pessoas nativas residem ou sequer são vistas. E no caso de sê-lo ou morar lá, muito possivelmente se arrependam. Isto se aplica também à polícia.

É o mundo das cabeças envolvidas em lenços, onde as mulheres caminham escondidas em toldos que deformam suas figuras, empurrando carrinhos de bebês e levando outras crianças pela mão. Seus esposos, ou se vocês preferem “seus amos”, caminham na frente a alguns passos de distância. Há mesquitas em praticamente cada esquina. Os negócios mostram cartazes escritos em letras que NÃO posso ler.

Em nenhum lugar poderão ver que se esteja desenvolvendo alguma atividade econômica. Estes são os guetos muçulmanos controlados por fanáticos religiosos.

Estes são bairros muçulmanos, e estão surgindo em todas as cidades da Europa como se fossem fungos. Estes são os blocos de edifícios construídos de tal forma que possam ser territorialmente controlados em grandes porções da Europa, rua por rua, bairro por bairro, cidade por cidade.

Através de toda a Europa há agora milhares de mesquitas. Contam com congregações muito maiores do que as que outras igrejas têm. E em cada cidade européia já existem planos para a construção de “super-mesquitas” que não farão senão converter em pigmeus todas as outras igrejas da região. Não resta dúvida, a mensagem é: NÓS REINAMOS.

Em algumas das escolas primárias de Amsterdã já nem se mencionam as granjas, porque se assim fizessem, significaria mencionar o porco, e isso seria insulto para os muçulmanos. Muitas das escolas estatais na Bélgica e Dinamarca servem somente alimentos “halal” a seus alunos.

Na Amsterdã que alguma vez foi tolerante, agora se castiga os gays corporalmente da parte dos muçulmanos exclusivamente. As mulheres que não são muçulmanas devem ouvir que as chamem de “putas, putas!”. As antenas de satélites não apontam para as estações de TV, senão para as estações do país de origem.

Na França às/as professoras(os) da escola se lhes recomenda não introduzir autores que possam ser considerados ofensivos para os muçulmanos, inclusive Voltaire e Diderot, e o mesmo está sucedendo cada vez com mais força a respeito de Darwin. A história do holocausto já não se pode ensinar porque os muçulmanos se ofendem.

Na Inglaterra, os tribunais “sharia” passaram a ser parte oficial do sistema legal britânico. Muitos bairros da França são agora áreas por onde nenhuma mulher pode caminhar sem cobrir a cabeça. Na semana passada um homem quase morre após ter recebido um feroz golpe por parte de muçulmanos em Bruxelas. Asseguro-lhes que poderia continuar relatando histórias como estas durante horas e horas. Histórias sobre a islamização. 

Um total de 54 milhões de muçulmanos vivem agora na Europa. A Universidade de San Diego recentemente calculou que não menos de 25% da população européia será muçulmana em apenas os próximos 12 anos a contar de agora. E Bernard Lewis prognostica que haverá uma maioria muçulmana para quando finalize este século.

Porém, estas são nada mais que cifras e as cifras não seriam uma ameaça se os migrantes muçulmanos mostrassem que estariam dispostos a se integrar adequadamente com a sociedade que os acolhe. Mas mal dão mostras de desejar tal coisa.

O Centro de Investigações Religiosas informou que a metade dos muçulmanos franceses considera que sua lealdade para com o Islam é muito mais importante do que sua lealdade para com a França. Um terço dos franceses muçulmanos NÃO rechaçam os ataques suicidas.

O Centro Britânico pela Coesão Social informou que um terço dos estudantes britânicos muçulmanos são a favor da instauração do califado em nível mundial. Os muçulmanos exigem o que eles chamam de “respeito”. E é assim que nós lhes damos nosso respeito: temos feriados nacionais muçulmanos aprovados, que já se vêm observando em nosso próprio país.

O Promotor Geral do nosso país, que é uma democracia cristã, está disposto a aceitar a sharia nos Países Baixos, se constata-se que há uma maioria muçulmana. Já temos membros do gabinete nacional que possuem passaportes do Marrocos e da Turquia.

As exigências muçulmanas estão sendo apoiadas por comportamentos ilegais, que vão desde delitos menores de violência indiscriminada, como por exemplo a que se aplica contra motoristas de ambulâncias e ônibus, até greves e protestos menores.

Em Paris registraram-se fatos deste tipo nos subúrbios de menores recursos, chamados de “banlieus”. Eu me refiro pessoalmente a estes atores denominando-os “colonizadores”, porque é isso o que são. Não vêm para se integrar à nossa sociedade. Vêm para que nossa sociedade se integre ao seu Dar-al-Islam. Portanto, só podem ser qualificados como “colonizadores”. 

Muita dessa violência de rua que lhes relato é dirigida quase que exclusivamente contra os não-muçulmanos e o objetivo é forçar a que muita gente abandone seus bairros, suas cidades, seus países. Além disso, os muçulmanos estão dispostos a tudo para que ninguém os ignore.

A segunda coisa que vocês devem conhecer é a importância que tem o profeta Mohamed. Seu comportamento é um claro exemplo para todos os muçulmanos e de modo algum poderá ser criticado. Agora bem, se Mohamed tivesse sido um homem de paz, digamos como Ghandi ou a Madre Teresa - ambos aliados - não existiria nenhum problema.

Porém, resulta que Mohamed foi um chefe guerreiro, assassino de massas, pedófilo, que teve muitas esposas, tudo ao mesmo tempo. A tradição islâmica nos relata como lutava nas batalhas, de que maneira assassinava seus inimigos ou executava seus prisioneiros de guerra.

Foi Mohamed em pessoa quem executou a tribo judaica de Banu Qurayza. Seu pensamento é que: se é bom para o Islam, está tudo bem. E se é mau para o Islam, está tudo mal.

Não se deixem enganar com isso de que o Islam é uma RELIGIÃO. Certamente que têm um deus e também um depois-de, e 72 virgens. Mas em sua essência o Islamismo é uma ideologia política. É um sistema que fixa regras detalhadas para a sociedade e a vida de cada indivíduo. O Islamismo pretende ditar leis que dizem respeito a todos os aspectos de nossas vidas. Islamismo significa SUBMISSÃO TOTAL.

O Islamismo não é compatível com a liberdade e a democracia porque sua meta é somente a “sharia”. Se vocês querem comparar o Islamismo com qualquer coisa, comparem-no com o comunismo ou o nacional-socialismo, que são todas ideologias totalitárias.

Agora vocês já sabem por que Winston Churchill, quando falava do Islam, se referia a eles como “a força mais retrógrada em todo o mundo”, e por que comparava o famoso livro “Mein Kampf” com o Corão. O público em geral aceitou de bom grado a narrativa palestina.

Este pequeno país, situado sobre uma defeituosa linha divisória da jihad, frustra o avanço territorial do Islam. Israel está enfrentando as linhas de avanço da jihad, como Kashmir, Kosovo, as Filipinas, o sul da Tailândia, Darfur no Sudão, Líbano e Aceh na Indonésia. Do mesmo modo como o que sucedeu com Berlim Oriental durante a Guerra Fria.
Por: Geert Wilders
Tradução: Graça Salgueiro






domingo, 19 de outubro de 2014

'TÔ RECLAMANDO DO QUÊ?

Sou sócio e diretor de uma empresa de transportes e serviços logísticos, em atividade há 20 anos, que emprega mais de 500 funcionários (todos de acordo com a CLT, sem artifícios). Em 2013, a empresa faturou mais de R$ 120 milhões. No mesmo período, “contribuiu” (bonita palavra) com exatos R$ 14.979.773,03 em impostos e tributos diretos. A quantia seria triplicada se considerasse toda a cadeia de impostos indiretos, taxas e contribuições. Detalhe: sou pequeno demais para ser amigo do rei (ou do BNDES) e grande demais para receber as (justas) benesses reservadas aos súditos.

Para tocar esse negócio, trabalho com 15 lideranças na matriz, entre diretores e gerentes, mais 11 gestores que comandam nossas filiais Brasil afora (e bota “fora” nisso…). Esse time todo consome mais da metade do seu tempo resolvendo problemas que não deveriam existir. Por exemplo: a burocracia absurda e o apetite voraz dos governos, todos eles – federal, estaduais e municipais, sejam quais forem os partidos ou a ideologia dos governantes — unidos num objetivo comum: ARRECADAR.

Neste momento eu paro e penso: para onde vai a nossa (somadas a minha e a sua) contribuição, visto que a segurança não existe, a saúde já era e a educação vai mal (pra todos, inclusive para a elite que é míope e egoísta). Sem falar na infraestrutura, que no segmento onde opero, dependente de estradas e portos, é de dar vergonha. Para fechar esse primeiro balanço arrecadação X benefícios, lembro “dela”, a corrupção, operada justamente pelos mesmos agentes que arrecadam muito e devolvem pouco.

Quando estou quase desistindo (não só como empresário, mas como brasileiro), lembro que uma parcela dessa contribuição vai para programas sociais que estão tentando erradicar a miséria, combatendo a fome e ampliando o acesso a moradias minimamente dignas a uma imensa parcela da população. Esses avanços se refletem na melhoria do IDH e na redução da taxa de pobreza. São fatos esses inegáveis. Levando em conta tudo isso, e considerando que “dirijo uma empresa com 20 anos, R$ 120 milhões de receitas e blá, blá, blá…”, alguém pode pensar: tá reclamando do quê?

Tô reclamando porque nunca esteve tão caro manter um negócio com um nível de produtividade atualmente horrível. Lembra da educação? Pois é, o brasileiro é tão ignorante quanto improdutivo. Lembra da infraestrutura? As estradas não têm mais buracos por falta de espaço. Lembra da segurança? Nossos motoristas também não…

Tô reclamando porque nunca esteve tão caro pagar pela burocracia ridícula que domina nossas instituições públicas,. Recebi mais de R$ 2 milhões em multas no Rio de Janeiro porque não constavam nas notas fiscais dos clientes as placas dos nossos caminhões (se você souber como fazer isso, me ensine). Também recolho taxas absurdas,. No Rio Grande do Sul, por exemplo, um conjunto de licenças ambientais, além de demorar meses para sair, custa mais de R$ 220 mil (se alguém souber pra que servem essas licenças, me diga).

Tô reclamando porque isso tudo ainda acontece numa economia que não empata em crescimento sequer com as “potências” vizinhas, como Paraguai e Bolívia.

Tô reclamando porque essa conta não fecha. Quanto mais se arrecada, menos a economia cresce. Arrecada-se com voracidade de um leão e se devolvem os ossos para serem roídos pelo assistencialismo, que só faz garantir a perpetuação desse sistema perverso, através de um voto quase literalmente “comprado”.

Por fim, tô reclamando porque neste sistema, que transforma a pobreza em profissão, o remédio vai acabar por matar o paciente. Ou aprendemos que podemos criar um modelo em que a troca capital/trabalho se dá de forma construtiva, em que o que se dá (bolsas, casas etc.) implica receber algo me troca (voto não vale), ou todo mundo vai pro buraco. Empresários e miseráveis, todos juntos.

Não invista seu tempo respondendo a mim. Faça como eu e tente deixar de lado a ideologia. Reflita profundamente sobre se não a hora do próprio PT voltar para a oposição e se reinventar, colocando pra fora aqueles que dele se aproximaram com o único objetivo de roubar um pouco mais esse organismo moribundo que virou nossa economia. E também os que brigam pelo poder a qualquer custo e a qualquer preço, com reflexos letais para o conjunto da nossa sociedade.

Bom domingo pra nós todos! Por: Osvaldo D. Castro Jr.

COMUNISMO SÓ FUNCIONA NA MISÉRIA

Karl Marx falhou: como cientista e até como profeta. Esse fracasso já foi referido em coluna (Será que Deus existe?). Mas faltou acrescentar um pormenor: Marx nem sequer previu que a sua "luta de classes" seria substituída por uma perpétua "imitação de classe".


O proletariado não desejava destruir o sistema capitalista. Pelo contrário: desejava antes participar nele, imitando a burguesia –nos seus hábitos e gostos– e desfrutando dos mesmos confortos materiais que só o capitalismo permite.

Se dúvidas houvesse, bastaria olhar para os confrontos em Hong Kong, com os manifestantes a exigir respeito pelas eleições de 2017 na ilha. Pequim ficou em estado de alerta.

Entendo: em 1989, o PC chinês contemplou a desagregação do comunismo na Europa com horror. Consta até que o líder de então, Deng Xiaoping, terá ficado assustado com os fuzilamentos sumários do encantador casal Ceausescu, na Roménia.

O colapso da União Soviética, pouco depois, deixou o aviso: não bastava reprimir uma população miserável, como aconteceu na Praça de Tiananmen. Era preciso responder aos anseios da população, o que significava abrir as portas a um "capitalismo de Estado" controlado.

Fatalmente, o PC chinês ignorou a maior fraqueza da teoria marxista: o capitalismo, e mesmo o "capitalismo de Estado", não se limita a matar a fome e a permitir carros ou roupas de grife.

Cedo ou tarde, a emergência de uma classe média significa também que as massas desejam mais: coisas intangíveis como liberdade, participação política e até o direito de governar.

Em Hong Kong, essas reivindicações podem ser explicadas (e reforçadas) pela tradição de liberdade que já existia antes da devolução britânica em 1997.

Mas, como informa a revista "The Economist", essas reivindicações são já sentidas em todo o país –de tal forma que uma das prioridades do regime nesses dias foi ocultar da população continental a "Revolução dos Guarda-Chuvas" de Hong Kong.

Durante décadas, vários especialistas sobre a China formularam a questão clássica: será possível ter uma sociedade capitalista sem o tipo de liberdades de uma sociedade democrática?

As imagens de Hong Kong são a primeira e promissora resposta. E são também uma confirmação histórica: para o comunismo funcionar, é importante que uma sociedade seja mantida rigorosamente na miséria. 
Por: João pereira Coutinho Publicado na Folha de SP

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

POLÍTICA E PSICOLOGIA AMERICANA

Somos incapazes de admitir que estamos sob ataque. 


A percepção da verdade sobre o ambiente real, especialmente um entendimento da personalidade humana e seus valores, deixa de ser uma virtude durante os chamados tempos “felizes”; os céticos ponderados são considerados intrometidos [...]. Isso, por sua vez, leva a um empobrecimento do conhecimento psicológico, da capacidade de diferenciar as propriedades da natureza e da personalidade humana, e da habilidade para moldar criativamente as mentes. O culto ao poder, então, suplanta aqueles valores mentais tão essenciais à manutenção da lei e da ordem por meios pacíficos. O enriquecimento ou a involução de uma nação em relação à sua visão de mundo psicológica pode ser considerado um indicador de quão bom ou ruim será o seu futuro.
Andrew M. Lobaczewski, em 'Ponerologia: Psicopatas no poder'.

A política americana trata-se das mentiras que contamos a nós mesmos enquanto nação. Geralmente, nossos políticos não nos oferecem um menu de soluções, mas sim um menu de auto-enganos. Eles nos dizem o quão inovadores somos, o quão poderosos somos e quão poderosa nossa união é. Que estamos morrendo enquanto sociedade é algo que eles não nos dizem; porquanto, a instituição familiar está morrendo, e tanto a paternidade quanto a maternidade estão sob ataque; e o mais frio dos monstros — o Estado — está assumindo o controle de tudo e de todos. Chamaram isso de esperança e mudança [hope and change]. Mas em todo lugar, como diz o poema, a “cerimônia da inocência está afogada” [ceremony of innocence is drowned].

Em outros ensaios eu sugeri que o conservadorismo havia se tornado ofício para agentes funerários políticos cujo trabalho é fazer que o defunto pareça mais bonito do que era quando estava vivo. Enquanto isso, o liberalismo [NT.: a esquerda americana] participa de uma aventura neurótica — um nada em busca do nada, uma fraqueza incapaz de condenação ou de um resistente anseio por ordem e autoridade, visto que não possui qualquer um desses. É essa fraqueza que melhor caracteriza nosso estado interior; em termos políticos é como se fosse um vazio da alma que se dá por meio de uma compaixão fabricada para uma humanidade sofredora. É uma fraude do começo ao fim. E aqueles que acreditam nela são tanto perpetradores quanto vítimas.

Em recente entrevista que fiz com Lew Moore, o ex-gerente de campanha de Ron Paul, podemos entrever um sistema político em crise através dos olhos de um profissional esperançoso, embora preocupado. Embora devamos evitar exageros, nossa trajetória política definitivamente possui uma semelhança com as nações e estados fracassados do passado. “Há uma escassez de crianças”, escreveu o historiador grego Políbio no século II a.C. “As bibliotecas estão como caixões, permanentemente fechadas”, escreveu Amiano Marcelino no século IV d.C. A família se degenera, o verdadeiro ensino entra em declínio e dá lugar ao falso.

Vemos que hoje a família está com problemas e que a taxa de natalidade está em queda. Quanto a nossa cultura intelectual, considere o estado das nossas universidades. Não achamos uma instituição buscando a verdade na mesma intensidade em que estão propagando o politicamente correto. O que se vê aí é um limitado culto de pessoas que, odiando a si mesmas, acabam se tornando agitadores, marxistas, ambientalistas e inimigos secretos da sociedade e criadores de políticas que visam promover seus amigos (e, por conseguinte, suas visões distorcidas). Evidentemente há pessoas normais trabalhando nas universidades, mas elas não fazem mais parte da paisagem. Na maior parte dos campi há uma tendência para influências subversivas. Thomas Sowell os descreveu como pessoas que “não necessitam consultar a história ou qualquer outro processo de validação além do consenso dos seus pares intelectuais, que por sua vez seguem a mesma disposição ao discutir questões intelectuais”.

É de fato uma loucura quando as pessoas gastam boa parte do seu dinheiro para que suas crianças sejam doutrinadas pelos inimigos do próprio sistema capitalista que antes de tudo possibilitou esse tipo de ensinamento. Andrew Lobaczewski argumenta em seu livro ‘Ponerologia: Psicopatas no poder’ que estamos no meio de um ciclo de histeria cujo cumprimento compreende uma crescente imoralidade e cegueira psicológica que necessariamente culminam na seleção de maus líderes políticos e no ensinamento de ideias ruins nas universidades. Sob um próspero regime, “fatores subconscientes” acabam por vir à tona enquanto decaímos através de pensamentos prazerosos. A eliminação inconsciente dos dados inconvenientes acaba por se tornar rotina. Esse é o resultado de um estado histérico que se enraíza quando a paz e a prosperidade tornam os homens suaves. Como explica Lobaczewski, “os processos de geração do mal são intensificados em todas as escalas sociais, [...] até que tudo se converta em épocas “ruins” (de fato é o que estamos vendo).

Assim, a vitória e a prosperidade engendrada por Cipião, levou Roma até as depredações de Júlio César. A paz e a prosperidade do império de Augusto levaram aos crimes de Calígula e Nero. Os prósperos reinos de Antonino Pio e Marco Aurélio levaram à degenerescência de Cômodo e à sombria tirania de Alexandre Severo. Vemos aí períodos de um estoicismo iluminado alternando com períodos de hedonismo tirânico. Tal ideia não deveria ser estranha a nós. Estamos vivendo nela.

Durante o último século, a grande praga do comunismo infectou o mundo: fez-se contagiante pela prosperidade das classes governantes e pela impensada arrogância das pessoas que veem apenas oportunidade e se abstêm de ver o perigo. A ideia otimista de que as pessoas são “boas” foi refutada por várias vezes. O absurdo impudente que se passa como discurso político ainda não foi corrigido porque nossa prosperidade sobreviveu. O experimento socialista da ordem do dia, entretanto, deve resultar em uma terrível calamidade. A União das Repúblicas Socialistas Soviéticas foi o erro mais longo da história e custou dezenas de milhões de vidas. A China comunista não é diferente. Não obstante, a esquerda americana ainda sonha em “poder para o povo” e em sanar as desigualdades econômicas; segue-se então que um terrível derramamento de sangue eventualmente ocorrerá (seja por meio de uma traição do país arquitetada por forças socialistas externas ou internas — ou mesmo uma combinação dos dois).

Nos países em que já se tentou o socialismo pleno, foi possível experimentar um tipo de lavagem cerebral parecido com o que se exerce nas faculdades hoje. Pessoas de pensamento reto foram exterminadas em vários lugares que estiveram sob o jugo comunista. Aqui na América, conforme aproximamos cada vez mais de um Estado de tipo comunista, acabamos por nos encontrar em uma posição intermediária. Algumas carreiras têm chegado ao fim, não porque essas pessoas sejam comunistas, mas sim porque elas são anticomunistas. Uma guerra virtual pelo controle das nossas instituições está sendo travada, e o lado patriota está perdendo pouco a pouco. Mas nossa vida está boa, as prateleiras estão cheias e assim ninguém se preocupou em tomar uma ação efetiva. Enquanto nossa prosperidade continuar, faremos pouco caso da sorrateira fronteira vermelha. Faremos vistas grossas para a destruição da paternidade e da maternidade. Faremos vistas grossas para o fim da família e para a corrupção das igrejas. Faremos vistas grossas para a socialização do sistema de saúde. Faremos vistas grossas para os comunistas na universidade. Faremos vistas grossas para os comunistas no Congresso, na Casa Branca e no Judiciário. Se estamos vivendo bem, por que causar rebuliço?

É o hedonismo que nos tornou estúpidos e perversos. E enquanto não sofrermos o cataclismo total, ninguém irá querer saber de verdadeiras soluções. A Europa sofreu foi destruída e teve perdas maciças durante a última guerra mundial, com centenas de cidades em ruínas e milhões de civis mortos. O nazismo (ou nacional-socialismo) foi o culpado. Isso foi muito bom, mas a culpa não se estendeu longe o bastante, então agora teremos de sofrer outra Guerra Mundial por causa do socialismo internacional. O regime comunista chinês já está se preparando para a guerra, e o presidente daquele país disse para seus generais ficarem de prontidão. Do artigo citado:

Xi Jinping ordena que o Exército da Libertação Nacional (ELN) esteja pronto para a batalha. A mídia estatal usa duras palavras como ‘inabalável’, ‘inflexível’ e ‘intransigente’. Um acadêmico da área de defesa alerta que a nação se prepara para a Terceira Guerra Mundial. Um major-general da ativa do ELN faz pouco do Japão e diz que pode ‘ensinar uma lição’ a eles com um terço das suas forças.

Ao mesmo tempo, a Rússia pretende posicionar armasnucleares táticas na recém anexada Crimeia. Assim, a Rússia não apenas toma o território de um vizinho, mas sela a conquista com o inquebrável selo nuclear. Diz-se que essa movimentação de armas nucleares é uma violação do acordo de 1997 entra a Rússia e a OTAN. Ainda assim, o governo americano continuará a falar de desarmamento nuclear. E os Estados Unidos continuarão a enfraquecer suas forças. Com efeito, esse ainda é o plano.

“A sabedoria predominante, que quase nunca é sábia, diz que o exército não terá problemas com corte de pessoal, pois já se passou por isso antes”, escreve o General aposentado do Exército em um artigo publicado pelo DefenseOne. “Isso está errado. Na qualidade de quem serviu como Chefe de Gabinete do Exército durante a era de cortes pós-Guerra Fria, eu posso dizer, inequivocamente, que desta vez será pior”. A seguir, o Gen. Gordon observou: “estamos testemunhando uma confluência de eventos que criaram riscos de defesa e segurança que devem ser reconhecidos e abordados”.

Mas eles não serão, pois o inimigo está intra-muros.

Os danos causados por nossos inimigos no 11 de setembro foram suficientes para os propósitos de correção intelectual e moral. Por alguns dias ou semanas, nossa psique coletiva começou a entrever o perigo ao qual corríamos, mas depois voltamos a ser relapsos e hedonistas, e o shopping center ganhou um novo significado na nossa vida. Como observou Lobaczewski, “a América [...] tem alcançado o ponto mais baixo pela primeira vez em sua curta história. [...] O sentimentalismo dominante nas esferas individual, coletiva e política, assim como a seleção subconsciente e a substituição das informações no raciocínio, estão [...] direcionando para um egoísmo individual e da nação como um todo.”

Esse egoísmo também pode ser chamado de “narcisismo”. Como argumentou Jean Twenge em Generation Me, os Estados Unidos tornaram-se mais narcisistas após 1964. Vários fatores contribuíram para isso, mas é seguro dizer que a prosperidade americana é uma causa central. O narcisista produzido a partir dessa prosperidade foi descrito em uma das histórias de Agatha Christie como envolto em uma armadura quase impenetrável. Era tão impenetrável que várias flechas simplesmente ricocheteavam. E um homem envolto de tal armadura pode não saber que ele está sob ataque, ela explicou. Ele pode estar lento demais para ver, para ouvir e para perceber um inimigo perigoso. Boa parte da nossa condição pode ser descrita assim. A cultura narcisista americana acredita ser invulnerável. Somos incapazes de admitir que estamos sob ataque. Sobre esse estado de coisas, o narcisista mestre Sam Vaknin explicou: “A ironia é que os narcisistas, que se consideram conhecedores do mundo, perspicazes, entendidos, hábeis, eruditos e astutos, são na verdade mais ingênuos que a maioria das pessoas medianas. Isso acontece porque o narcisista é um impostor; ele mesmo é uma falsidade, sua vida é uma confabulação e seu senso de realidade faltante. Narcisistas vivem num mundo próprio de fantasia em que eles são o centro do universo, são admirados, temidos, reverenciados e respeitados por sua onipotência e onisciência”.

Ah, como caem os gigantes!

O regime americano de shopping center não está em apuros porque os ricos exploram os pobres. Ele está em apuros porque o hedonismo corrente produz uma rede ainda mais vasta de falsificações que causam efeitos sociais patológicos. Que a comunidade de inteligência americana em geral fracassou, é coisa que ainda não se entendeu; que o sistema bancário em geral fracassou, é coisa que ainda não se entendeu; que o sistema político está em vias de um fracasso generalizado, é coisa que ainda não se entendeu. Na minha entrevista com Lew Moore, ex gerente de campanha de Ron Paul, tivemos um vislumbre desse fracasso (se soubermos como olhar). No atual sistema político, as questões e os problemas mais importantes devem ser evitados e a verdade não deve — e não pode — ser dita.
Por: Jefrrey NyquistPOR  Tradução: Leonildo Trombela Junior 



quinta-feira, 16 de outubro de 2014

POR QUE DILMA MENTE?

Numa época de mentiras universais, dizer a verdade é um ato revolucionário. Se George Orwell estivesse por ai, seria prontamente acusado de terrorismo eleitoral.

Enquanto insistirem em falar mentiras sobre os “neoliberais”, cumprirei o compromisso de falar verdades sobre o governo.

Há dois elementos constrangedores envolvendo o governo Dilma: a incompetência e a desonestidade intelectual - essa última conhecida popularmente como hábito da mentira.

Inventam o que querem para evitarem a mudança de endereço. Abaixo listo as dez mentiras que mais me incomodam, cujas implicações ao seu patrimônio podem ser substanciais.

Restrinjo-me a questões de economia e finanças. Não imagino que a mitomania limite-se a essa área, mas prefiro manter-me no escopo, por uma questão de pertinência desta newsletter.

Ao não reconhecer os erros, mantém-se a rota errada da política econômica. Bateremos de frente com uma crise financeira em 2015.

1. “A crise vem de fora.”

Esse é o discurso oficial para justificar a recessão técnica em curso no Brasil. O que os dados podem nos dizer sobre isso? Comecemos do mais simples: o crescimento econômico do Governo Dilma será, na média, dois pontos percentuais menor àquele apresentado pela América Latina. Nos governos Lula e FHC, avançamos na mesma velocidade dos vizinhos.

Indo além, há de se lembrar que a economia mundial cresceu 3,9% em 2011, 3% ao ano entre 2012 e 2013, e deve emplacar mais 3,6% em 2014. Nada mal.

Comparando com o pessoal mais aqui ao lado especificamente, Chile, Colômbia e Peru, exatamente aqueles que adotaram políticas econômicas ortodoxas e perseguiram uma agenda de reformas na América Latina, cresceram 4,1%, 4,0% e 5,6% ao ano, entre 2008 e 2013.

Enquanto isso, a evolução média do PIB brasileiro na administração Dilma deve ser de 1,7% ao ano.

A retórica oficial, desprovida de qualquer embasamento empírico, continua ser de que a crise vem de fora. Aquela marolinha identificada pelo presidente Lula, lá em 2008, seis anos atrás, ainda deixando suas mazelas.

2. “A política neoliberal vai aumentar o desemprego.”

Não há como desafiar o óbvio de que o produto agregado (PIB) depende dos fatores de produção, capital e trabalho. Ora, com o PIB desabando por conta da política econômica heterodoxa, cedo ou tarde bateremos no emprego.

Podemos não conseguir precisar qual a exata função de produção, ou seja, de como o PIB se relaciona com o nível de emprego, mas não há como contestar a existência de relação entre as variáveis.

O crescimento econômico da era Dilma é o menor desde Floriano Peixoto, governo terminado em 1894, subsequente à crise do encilhamento. Há uma transmissão óbvia desse comportamento para o emprego.

Os dados do Caged de maio apontaram a menor geração de postos de trabalho desde 1992. Em sequência, junho foi o pior desde 1998. E julho, o pior desde 1999. O dado de setembro, recém divulgado, foi o pior desde 2001. 

Quem vai gerar desemprego é a nova matriz econômica - não o fez ainda simplesmente porque essa é a última variável a reagir (e a única que ainda não foi destruída).

3. “A oposição quer acabar com o reajuste do salário mínimo.”

Essa é uma mentira escabrosa por vários motivos. O primeiro é trivial: o candidato da oposição (embora pareça haver dois, há apenas um) já se comprometeu, em dezenas de oportunidades, em manter a política de reajuste de salário mínimo.

Ademais, quando Dilma se coloca como a protetora do salário mínimo, está simplesmente contrariando as estatísticas. O aumento real do salário mínimo foi de 4,7% ao ano entre 1994 e 2002, de 5,5% ao ano entre 2003 e 2010, e de 3,5% ao ano entre 2011 e 2013.

Ou seja, o reajuste do mínimo na era Dilma é inferior àquele implementado por Lula e também ao observado no período FHC. Ainda assim, Dilma se coloca como o bastião em favor do salário mínimo.

4. “A política neoliberal proposta pela oposição vai promover arrocho salarial.”

Esse ponto, obviamente, guarda relação com o anterior. Destaquei-o mesmo assim porque denota a doença de ilusão monetária ou uma tentativa descarada de enganar a população.

Arrocho salarial já vem sendo promovido pela atual política econômica, por meio da disparada da inflação. O salário nominal, o quanto o sujeito recebe em reais no final do mês, não interessa per se. O relevante é como e quanto esse numerário pode ser transformado em poder de compra - isso, evidentemente, tem sido maltratado pela leniência no combate à inflação.

Precisamos dar profundidade mínima ao debate. Se você consegue aumentos sistemáticos de salário acima da produtividade do trabalhador, a contrapartida óbvia no longo prazo é a inflação, que acaba reduzindo o próprio salário real.

O que os “neoliberais” querem é perseguir aumentos de produtividade maiores e duradouros. Isso permitiria dar incrementos de salário substanciais, sem impactar a inflação.

Caso contrário, aumentos do salário nominal serão corroídos pela inflação.


5. “O Brasil quebrou três vezes.”

O Brasil quebrou uma única vez, em fevereiro de 1987, no governo Sarney, quando foi decretada a suspensão do pagamento dos juros da dívida externa.

Quebrar é uma definição explícita e até mesmo técnica, ligada à moratória, o que é bem diferente de recorrer ao FMI, grosso modo um acesso a um dinheiro barato, sem mito ou fábula.

Durante o governo FHC, houve três empréstimos do FMI: i) durante a transição do câmbio fixo para flutuante entre 1998 e 1999; ii) durante a crise de 2001, ano especialmente difícil por conta da quebra (verdadeira) da Argentina; e iii) em 2002, por conta da chegada ao poder de Lula, que impusera aos mercados grande incerteza e, por conseguinte, enorme fuga de capitais.

Bom, mas como verdades não são o forte da campanha, logo ouviremos de novo sobre as três vezes que o Brasil (não) quebrou.


6. “A política monetária foi exitosa.”

A frase foi proferida por Alexandre Tombini, presidente do Banco Central, em seminário nos EUA sobre política monetária. A inflação brasileira já estourou o teto da meta, de 6,50% em 12 meses, ignorando o princípio básico de um sistema de metas, em que o centro do intervalo deve ser perseguido. A banda de tolerância de dois pontos existe apenas para abarcar choques exógenos.

O IPCA de setembro aponta variação de 6,75% em 12 meses, estourando o limite superior do intervalo.

Transformamos o teto no nosso objetivo e represamos cerca de dois pontos de inflação através do controle de preços de combustíveis, energia e câmbio.

Esse é o tipo de êxito que esperamos da política econômica?


7. “Precisamos de um pouco mais de inflação para não perder empregos.”

Para ser justo, a frase, ao menos que seja de meu conhecimento, não foi dita ipsis verbis por nenhum membro do Governo. Entretanto, a julgar pelas decisões e diretrizes de política monetária, parece permanecer o racional da administração petista.

O velho trade-off entre inflação e crescimento, em pleno século XXI?

Bom, antes de entrar no debate acadêmico, pondero que poderia até ser verdade se houvesse, de fato, crescimento. Conforme supracitado, não é o caso.

Ignorando esse fato e fingindo que vivemos crescimento econômico pujante, a questão sobre o trade-off entre inflação e crescimento parece apoiar-se numa discussão tacanha sobre a Curva de Phillips.

O debate até faria sentido se estivéssemos nos idos de 1970. Dai em diante, Friedman, Phelps e outros destruíram o argumento de mais inflação, mais emprego.

A partir da síntese de 1976, naquilo que ficou batizado de crítica de Lucas, com trabalhos posteriores sobretudo de Kydland e Prescott, a fronteira do conhecimento passou a incorporar a ideia de que o trade-off entre inflação e desemprego existe apenas a curtíssimo prazo.

Ao trabalhar com uma inflação sistematicamente mais alta, rapidamente voltamos a um novo equilíbrio, com nível de preços maior e o mesmo nível de emprego original.

E, sim, o espaço aqui está aberto para o pessoal da Unicamp rebater o argumento de Lucas (professor Belluzzo incluindo, sem nenhum tipo de enfrentamento aqui; convite educada e genuinamente a um derbi das ideias). Criticam-nos por ouvir apenas a oposição e ignoram que eles declinam nosso convites - só pode haver vozes governistas e/ou heterodoxas em nossos eventos se elas aceitarem participar, certo? Lembre-se: fizemos o convite ao competente Nelson Barbosa, que, infelizmente, não pode comparecer por incompatibilidade de agenda.


8. “As contas públicas estão absolutamente organizadas. O superávit primário, embora menor do que em 2008, é um dos maiores do mundo. Dizer que há uma desorganização fiscal é um absurdo.”

A preciosidade foi dita pelo ministro Guido Mantega em entrevista ao jornal Valor. O superávit primário do setor público não é somente menor àquele de 2008. No primeiro semestre, foi o menor da história, em R$ 29,4 bilhões. 

Agosto marcou o quarto mês consecutivo de déficit primário, de modo que o acumulado está em R$ 10,2 bilhões. 

O superávit acumulado no ano até agosto é de 0,3% do PIB, enquanto a promessa do governo (para segurar o rating) é entregar 1,9% do PIB.

Essa é a herança que a “absoluta organização das contas públicas está nos deixando.”

9. “Nunca foi feito tanto pelo pobre neste país.”

Intuitivamente, você já poderia desconfiar da afirmação quando pensa na inflação, que é um fenômeno essencialmente ruim para as classes mais baixas. Os abastados têm um estoque de riqueza aplicada em ativos que remuneram acima da inflação. Logo, estão em grande parte protegidos. A inflação é um instrumento clássico de concentração de riqueza.

Mas há de ser além da simples intuição, evidentemente. Estudos mais recentes indicam que, depois de 10 anos consecutivos em queda, a desigualdade de renda no Brasil parou de cair de forma estatisticamente significativa em 2012. Documento IPEA n 159 é categórico em dizer que a concentração de renda no Brasil cai sistematicamente até 2012; a partir daí, há dúvidas.

O índice de Gini apresenta queda marginal entre 2011 e 2012, enquanto as curvas de Lorenz dos dois anos estão sobrepostas, indicando, grosso modo, estagnação na melhora.

Ainda mais problemático, estudo encomendado pelo IPEA a partir de dados do Imposto de Renda mostra concentração de renda entre 2006 e 2012 - em 2012, os 5% mais ricos do País detinham 44% da renda; em 2006, o percentual era de 40%.

A política econômica heterodoxa não cresce o bolo e também não o distribui de forma mais equitativa.

10. “A oposição faz terrorismo eleitoral.”

Se você compactua com um dos nove pontos anteriores, você é um terrorista eleitoral, egoísta e interessado apenas em si mesmo. Provavelmente, é financiado por um dos candidatos de oposição.

Enquanto isso, a situação acusa a candidata oposicionista de homofóbica e de semelhanças com Fernando Collor. Sim, ele mesmo, parte da base de apoio da....situação.

Seríamos nós, analistas e economistas, os terroristas?

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