sábado, 31 de dezembro de 2016

SOCIEDADE IGUALITÁRIA - QUE DIABOS É ISSO?


A justiça, ao lado da liberdade e do desenvolvimento socioeconômico, são as principais vítimas do igualitarismo. 


Recentemente (eu continuo impressionado com o fato) uma turma de ministros do STF, argumentando em defesa do direito de abortar, alinhou o princípio da igualdade, que seria ferido gravemente pelo fato de que só a mulher engravida... A igualdade (justiça, para aqueles que impropriamente assemelham os dois conceitos) exigiria, em favor da mulher, o direito de abortar. A ideia do igualitarismo, da sociedade igualitária, está produzindo loucuras. É como se todas as diferenças, inclusive as determinadas pela natureza, devessem ser corrigidas, declaradas fora da lei, inconstitucionais, com vistas ao império final de um determinado conceito de Justiça.

Outro dia, lendo uma dessas revistas que se debruçam sobre as exuberantes prodigalidades do beautiful people, me vi diante da instransponível desigualdade entre o meu padrão de vida e o daqueles personagens. Dei-me conta, simultaneamente, de que bilhões de pessoas, se tivessem a possibilidade de olhar para mim – para mim! – experimentariam a mesma sensação. Armei-me de coragem e fui adiante nas divagações. Pensei em tantas habilidades notáveis, como as reveladas nas piruetas de um atleta olímpico, no escrutínio dos sentimentos humanos por um bom poeta, no arrebatador desempenho de um bom ator, na virtuosidade de um pianista consagrado (e fico por aqui porque a lista é inesgotável). Em todos sobram capacidades que não só me faltam como me fazem falta. Eu gostaria de tê-las! No entanto eu, o atleta, o ator, o bilionário, o virtuose e o poeta, somos iguais. "Iguais em quê?", perguntaria – carteiro de minhas próprias mensagens – ao Eterno Poeta. Iguais naquilo que mais conta e não nessas coisas de pouca monta, responderia Ele, porque os poetas, às vezes, dizem frases assim, irônicas, metafísicas, de pé-quebrado com a cadência mundana. Sim, muitos se desconcertam com a disparidade entre o deserto e a várzea, quer estejam na natureza ou nas habilidades do corpo e do espírito.

Ao criar com tão caprichosa variedade, Deus expressa desígnios que relutamos em aceitar. Diante da desigualdade, é comum, por exemplo, cairmos em uma ou outra de duas tentações. Na primeira, incorrem aqueles que sonham com essa ISO 9001 da qualidade humana, onde todos seriam perfeitos e haveria, pela engenharia genética e pela engenharia social, equânime provimento dos atributos que valorizamos, como beleza, saúde, inteligência, força. Várias utopias foram construídas sob essa inspiração, confundindo a igualdade de direitos e a igualdade perante a lei, com igualdade por força de lei. Levadas às vias de fato, redundaram em povos privados de seus bens e de sua liberdade, sob cruentos totalitarismos que beneficiaram suas elites políticas com os confortos da vida fácil. Na segunda tentação, incorrem aqueles que, revogando por conta própria o Mandamento do Amor, desconhecem a igual dignidade de todos os filhos de Deus, a solidariedade como virtude, e se deixam conduzir pelo egoísmo.

Uma ordem social justa nada tem a ver com sociedade igualitária. A justiça, ao lado da liberdade e do desenvolvimento socioeconômico, são as principais vítimas do igualitarismo. Embora seja apresentado como suposta virtude estatal, ele é mera arrogância política que afronta a Criação e o Plano de Deus.
Por: Percival Puggina   19 de dezembro 2016 
http://puggina.org  Do site: http://www.midiasemmascara.org/

quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

PARA EVITAR DOUTRINAÇÃO, FILOSOFIA SÓ DEVE SER ESTUDADA AOS 30 ANOS

1. Tempos atrás, um amigo brasileiro contava-me que a filosofia poderia desaparecer do ensino médio. Verdade? Mentira? Espero que seja verdade. A minha posição sobre essa matéria é simples e antiga: a filosofia é inútil (já explico) e só deve ser estudada a partir dos 30 anos. Exatamente como Platão aconselhava.


Aliás, por falar em Platão, confesso que a melhor parte da sua "República" lida com questões educacionais (e os vitorianos, nesse quesito, sabiam do que falavam). Adaptando livremente o espírito do filósofo, seria importante começar pelo básico (ler, escrever, contar). Depois, cultivar a ginástica e a música (tradução: desenvolver o corpo e refinar o espírito).

As artes militares viriam a seguir (algo que poderia ser substituído, para os pacifistas, por serviço cívico obrigatório –limpar ruas, ajudar os mais pobres etc.).
Binho Barreto/Folhapress 

Por último, e antes da filosofia, as ciências "duras" (matemática, geometria etc.). As vantagens desse currículo são óbvias: o indivíduo chegaria à idade da razão –que, como se sabe, começa perto dos 30 – com o mínimo de doutrinação ideológica possível.

Além disso, o meu estudante ideal iniciaria os seus estudos filosóficos depois de ter sofrido algumas cicatrizes fundamentais que só a idade permite. Grandes paixões. Grandes perdas. A necessidade básica de ganhar a vida e pagar as contas. O confronto pessoal com a coragem e a covardia, a bondade e o ressentimento. A doença –sua ou dos outros. A consciência plena da mortalidade.

Só então poderia iniciar a leitura e a conversa –sim, por essa ordem: leitura, conversa– com os textos filosóficos fundamentais que sobreviveram às modas do tempo.

E quando lhe perguntassem para que serve a filosofia, ele responderia com novas perguntas: "E para que serve a grande pintura? Ou a grande escultura?".

Citando o título, e apenas o título, do filósofo espanhol Daniel Innerarity, a filosofia seria vista como uma das belas artes. E, como acontece com a grande arte, a sua "utilidade" nunca poderia ser confundida com a utilidade da ciência ou da técnica. A filosofia vale por si própria –pelo prazer do conhecimento e do pensamento sobre a condição humana.

O contrário desse percurso, como hoje se vê, é chegar aos 30 anos com a cabeça em avançado estado de decomposição pela quantidade de propaganda política que é vendida como "filosofia" a crianças indefesas. Ainda estamos a tempo de evitar este crime.

2. As mídias sociais estão inundadas por notícias falsas. E notícias falsas levam os leitores a atos tresloucados –um deles, informa esta Folha, entrou numa pizzaria de Washington e começou a disparar. Parece que a pizzaria servia de fachada para uma rede de pedofilia liderada por Hillary Clinton, diziam as "notícias". Felizmente, não houve mortes.

Leio sobre este admirável mundo novo e penso em Nelson Rodrigues. Eu sei: ando obcecado por ele. Paciência. Sou obrigado a repetir aqui o que não me canso de escrever em todo lado.

Nelson Rodrigues é admirável por muitas razões: a beleza da prosa, as obsessões do autor, os aforismos fulminantes e aquela deliciosa "escrita corretiva", que avança e recua ao sabor do pensamento –e das teclas da máquina.

Mas se tivesse que escolher um tema que ocupava e preocupava Nelson com a força de "uma tempestade de quinto ato de Rigoletto", seria a emergência e a onipresença do idiota.

Escrevia Nelson que, antigamente, o idiota conhecia a sua própria idiotia. Sentia certa vergonha. Caminhando pela rua, encostava na parede e, com deferência, deixava passar quem não era idiota.

Mas certo dia houve um membro da espécie que ganhou coragem, subiu no caixote e resolveu testar a humanidade com as suas proclamações idiotas.

Surpresa: os restantes idiotas saíram dos seus buracos e constataram que o mundo era deles. Numericamente falando, as existências clandestinas não tinham razão de ser.

Os idiotas tomaram conta de tudo –governo, empresas, hospitais, universidades. E os outros, que não eram idiotas, passaram a fingir-se idiotas por medo dos verdadeiros idiotas.

Nelson Rodrigues escreve essa epopeia com a força e a beleza de um Wagner. E eu só lamento que nunca tenha existido um compositor e um libretista para levar ao palco esta ópera fortemente visual, visceral, universal. E mais contemporânea do que nunca.

Pode ser que as notícias falsas sejam o estímulo que faltava. 
Por: João Pereira Coutinho Publicado na Folha de SP

O SUICÍDIO DA ALEMANHA

- Dos 1,2 milhões de migrantes que chegaram à Alemanha em 2014 e 2015 apenas 34.000 encontraram trabalho.

- Nada melhor descreve o estado atual da Alemanha do que o triste destino de Maria Landenburger, uma adolescente de 19 anos de idade, assassinada no início de dezembro. Maria Landenburger, membro de uma organização de ajuda aos refugiados, estava entre aqueles que acolheram migrantes em 2015. Ela foi estuprada e assassinada por um dos indivíduos que estava ajudando. A família dela pediu a qualquer um que quisesse prestar uma homenagem à sua filha que doasse dinheiro para as associações de refugiados, para que mais refugiados pudessem vir para a Alemanha.

- A lei que condena o incitamento ao ódio, que supostamente se destina a impedir o retorno às ideias nazistas, é usada como uma espada contra qualquer um que se manifeste de forma mais dura em relação à crescente islamização do país.

- A grande maioria dos alemães não quer enxergar que a Alemanha está em guerra porque um inimigo implacável declarou guerra contra eles. Eles não querem enxergar que foi declarada guerra contra a civilização ocidental. Eles aceitam a derrota e docilmente fazem o que os jihadistas lhes dizem para fazer, eles se curvam.

- Se Angela Merkel não vê a diferença entre judeus sendo exterminados pelos nazistas e muçulmanos que ameaçam exterminar cristãos, judeus e outros muçulmanos, ela é ainda mais ignorante do que parece.
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O ataque em Berlim de 19 de dezembro de 2016 era uma tragédia anunciada. A chanceler alemã Angela Merkel criou as condições que o tornaram factível. Cabe a ela uma enorme responsabilidade. Geert Wilders, membro do Parlamento da Holanda e um dos únicos líderes políticos com clara visão da Europa, a acusou de estar com as mãos sujas de sangue. Ele está certo.

Quando Merkel decidiu abrir as portas da Alemanha para centenas de milhares de muçulmanos do Oriente Médio e de países mais distantes ainda, ela deveria estar ciente que havia jihadistas escondidos nas multidões que inundaram o país. Ela também deveria saber que a polícia alemã não tinha condições de controlar o turbilhão de pessoas que entraram no país e que seria rapidamente sobrecarregada pelo número de pessoas que teria que controlar. Mesmo assim ela abriu as portas.

Quando ocorreram centenas de estupros e ataques sexuais em Colônia e outras cidades da Alemanha na véspera de Ano Novo do ano passado, ela assinalou que os responsáveis devem ser punidos", independentemente da sua origem", mas ela não mudou sua política. Quando os ataques ocorreram em Hanover, Essen, Wurzburg e Munique, ela demorou a verbalizar alguma coisa e na sequência pronunciou frases com palavras cuidadosamente calculadas no tocante à "necessidade" de combater o crime e o terror. Ainda assim ela não mudou a política.

Ela só mudou seu posicionamento recentemente, ao que tudo indica, porque quer se candidatar novamente em 2017 e viu sua popularidade em declínio.

Os comentários que ela fez imediatamente após os ataques de 19 de dezembro foram entorpecedores. Ela realçou que "se o criminoso for um refugiado" será "muito difícil de suportar" e será "particularmente repugnante para todos os alemães que ajudam os refugiados diariamente".

Comentários dessa natureza poderiam simplesmente ser considerados ingênuos se tivessem sido proferidos por alguém não informado, mas Angela Merkel não tem essa justificativa. Ela não podia ignorar os alertas dos serviços secretos alemães e norte-americanos dizendo que terroristas do Estado Islâmico estavam escondidos entre os refugiados e que estavam planejando usar caminhões em ataques relacionados ao Natal. A situação que os alemães estão suportando por mais de um ano tem sido extremamente complicada. A criminalidade "disparou", doenças extintas há décadas foram trazidas ao país e não há vacinas - por terem sido descontinuadas há tanto tempo - segundas moradias estão sendo desapropriadas pelo governo para abrigar migrantes sem nenhum tipo de compensação e assim por diante. Não demorou muito para se descobrir que o principal suspeito do ataque em Berlim era um requerente a asilo que morava em um abrigo para refugiados.

Em outro país Merkel estaria envergonhada e inclinada a renunciar, na Alemanha ela está concorrendo à reeleição.
A população alemã envelheceu e a taxa de natalidade é perigosamente baixa: 1,38 filhos por mulher. Os imigrantes estão substituindo a população alemã que está desaparecendo pouco a pouco. Os alemães que estão morrendo são cristãos ou mais frequentemente secularistas não religiosos. Como acontece em toda a Europa o cristianismo está desaparecendo, os imigrantes que estão substituindo os alemães são muçulmanos.

A economia alemã ainda é forte, mas está perdendo força. Retornos sobre o capital investido estão em declínio. Justamente numa época em que o capital humano é a principal fonte de lucros, o capital humano alemão está em colapso: indivíduos de países subdesenvolvidos não têm condições de substituir com facilidade os alemães altamente qualificados. A maioria não tem qualificação para ingressar no mercado de trabalho, recém-chegados permanecem por muito tempo desempregados e dependentes do Estado. Dos 1,2 milhões de migrantes que chegaram à Alemanha em 2014 e 2015 apenas 34.000 encontraram trabalho. A taxa de desemprego é baixa porque há uma crescente falta de emprego: hoje 61% dos alemães estão na faixa entre 20 e 64 anos de idade. Estima-se que em meados deste século esse número cairá para 41%.

Discursos de propaganda politicamente correta, que são inesgotavelmente transmitidos na Alemanha - assim como no resto da Europa - nunca falam da demografia. Em vez disso, eles refutam qualquer evidência de que a economia alemã não está indo bem. Eles também dizem que o Islã e o cristianismo são equivalentes, eles estão obstinadamente cegos diante do fato do Islã ser mais do que uma religião: é um sistema político, econômico e moral que engloba todos os aspectos da vida e nunca coexistiu por um período razoável ou de maneira pacífica em uma cultura diferente da sua. Esses discursos ignoram quase por completo a ascensão do Islã radical e do terrorismo jihadista. Em seu lugar argumentam que o Islã radical é uma seita marginal e que o terrorismo jihadista recruta unicamente lobos solitários ou doentes mentais. Acima de tudo, repetem constantemente que qualquer crítica à migração ou ao Islã é humilhante e racista.

A população alemã está intimidada pelo medo, tanto pelo comportamento antissocial de muitos migrantes como pelo patrulhamento ideológico policial de seu próprio governo. Muitos alemães sequer se atrevem a falar. Aqueles que usam o transporte público resignam-se aos insultos. Eles abaixam a cabeça e fogem para o refúgio de suas casas. Idas a restaurantes e teatros despencaram drasticamente. As mulheres se resignaram a usar roupas "discretas" e têm o cuidado de não saírem sozinhas. Protestos organizados pelo PEGIDA (Europeus Patriotas contra a Islamização do Ocidente) nunca atraíram um grande número de indivíduos depois que uma fotografia de seu fundador foi divulgada na qual ele aparecia estilizado como Hitler.

O partido Alternativa para a Alemanha (AFD), que exige a suspensão da imigração muçulmana para a Alemanha e continua angariando votos, no entanto, segue sendo um partido minoritário. A lei que condena o incitamento ao ódio (Volksverhetzung), que supostamente se destina a impedir o retorno às ideias nazistas, é usada como uma espada contra qualquer um que se manifeste de forma mais dura em relação à crescente islamização do país.

Em 20 de dezembro Angela Merkel foi depositar rosas brancas na cena do ataque ao mercado de Natal. Milhares de alemães fizeram o mesmo. Muitos trouxeram velas e choraram. Mas a raiva e a vontade de combater a ameaça continua praticamente ausente. Depois de algumas semanas, a página será virada - até que aconteça de novo.

Nada melhor descreve o estado atual da Alemanha do que o triste destino de Maria Landenburger, uma adolescente de dezenove anos de idade, assassinada no início de dezembro. Maria Landenburger, membro de uma organização de ajuda aos refugiados, estava entre aqueles que acolheram migrantes em 2015. Ela foi estuprada e assassinada por um dos indivíduos que estava ajudando. A família dela pediu a qualquer um que quisesse prestar uma homenagem à sua filha que doasse dinheiro para as associações de refugiados, para que mais refugiados pudessem vir para a Alemanha.

A grande maioria dos alemães não quer enxergar que a Alemanha está em guerra porque um inimigo implacável declarou guerra contra eles. Eles não querem enxergar que foi declarada guerra contra a civilização ocidental.

Eles aceitam a derrota e docilmente fazem o que os jihadistas lhes dizem para fazer, eles se curvam.

Ao analisar o ataque de 19 de dezembro na feira natalina, o jornalista alemão Josef Joffe, editor do Die Zeit, explicou a decisão de Angela Merkel de acolher os refugiados como "um ato de expiação" e uma maneira de acolher uma população ameaçada sete décadas depois do Holocausto. Ele também explicou a passividade de muitos alemães movidos por um sentimento de culpa coletiva.

Se Joffe estiver certo, se Angela Merkel não vê a diferença entre judeus sendo exterminados pelos nazistas e muçulmanos que ameaçam exterminar cristãos, judeus e outros muçulmanos, ela é ainda mais ignorante do que parece.

Se muitos alemães estão repletos de culpa coletiva a ponto de quererem compensar o que a Alemanha fez aos judeus acolhendo centenas de milhares de muçulmanos, muitos dos quais declaram abertamente que desejam substituir a cultura judaico-cristã da Alemanha pela do Islã e que estão substituindo a população cristã pela muçulmana - que incluirá assassinos cruéis em suas fileiras - mostra que os alemães de hoje se odeiam tanto que desejam a sua própria destruição ou então que simplesmente perderam a determinação de defender o lhes é precioso − ato este conhecido como rendição.
Por: Dr. Guy Millière, professor da Universidade de Paris, é autor de 27 livros sobre a França e a Europa. Original em inglês: The Suicide of Germany
Tradução: Joseph Skilnik  Do site: https://pt.gatestoneinstitute.org

quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

DERROTAR O POPULISMO POLÍTICO NÃO É FUNÇÃO DOS TRIBUNAIS


A Europa está transformada em samba de uma nota só. "Populismo", eis a palavra da moda. Encontramos artigos e artigos e artigos sobre o monstro.

As razões do medo são óbvias: depois da vitória de Donald Trump nos Estados Unidos, existe um espectro que paira sobre a Europa, para usar as velhas palavras do tio Karl.

Esse espectro são líderes "populistas" que prometem transformar os seus países em antros de ódio racial, oposição firme à União Europeia, ao capitalismo e à imigração.
Binho Barreto/Folhapress 

Esse clima de ansiedade e até de histeria convida a certos atos tresloucados. Um exemplo: no dia 9 de dezembro, Geert Wilders, líder do Partido Para a Vitória, foi condenado por "incitamento ao ódio" por um tribunal de Amsterdã. Em 2014, Wilders defendeu que a Holanda precisa de menos imigrantes marroquinos. Foi o que bastou para que os juízes punissem a sua conduta.

O caso já seria problemático do ponto de vista da liberdade de expressão. Mas ele é sobretudo grotesco quando sabemos que Wilders lidera as pesquisas para as eleições de 15 de março de 2017.

Os analistas são quase unânimes: depois dessa condenação, os juízes holandeses deram o prêmio que faltava para que Wilders fosse consagrado como "mártir da liberdade" e "defensor da Holanda".

Concordo com os analistas. E só lamento que um ensaio do politólogo grego Takis Pappas, publicado no "Journal of Democracy", não tenha sido lido na Holanda.

O título do estudo é relevante: "Distinguishing Liberal Democracy's Challengers". Tradução: antes de condenarmos aqueles que desafiam as democracias liberais, é preciso distingui-los nos seus princípios e objetivos. Fenômenos diferentes exigem respostas democráticas e legais diferentes.

Escreve Takis Pappas que é possível identificar três grupos problemáticos na Europa: os antidemocráticos, os nativistas e os populistas.

Os antidemocráticos são, como a palavra indica, inimigos da democracia liberal que sonham subvertê-la ou destruí-la. O Aurora Dourada, na Grécia, é um caso: um grupo neonazista que condena a "ditadura parlamentar" e defende, na teoria ou na prática, opções mais violentas de ação política.

O mesmo é válido para o Partido Comunista da Boêmia e Morávia, uma relíquia stalinista que é o terceiro partido mais votado na República Tcheca.

Depois vêm os nativistas: partidos que defendem os interesses das populações nativas contra os "outros". Os "outros", uma vez mais, podem ser a União Europeia, a globalização, a imigração.

A Frente Nacional de Marine Le Pen é o exemplo mais midiático, sobretudo porque a França terá eleições também em 2017. O partido de Geert Wilders, lógico, é outro. Sem esquecer o UKIP inglês que venceu as eleições europeias (em 2014) e foi o rosto do "brexit".

Em comum, os partidos "nativistas" aceitam a democracia liberal e a legalidade constitucional. Aliás, eles participam no jogo democrático para vencer esse jogo.

Finalmente, os "populistas" também aceitam o pleito eleitoral. Mas defendem princípios "iliberais", ou seja, princípios que exigem mudanças constitucionais autoritárias, diminuição dos direitos das minorias, maior controlo sobre a mídia, etc. etc. O caso de Viktor Orbán, premiê da Hungria, é o mais óbvio de todos.

Perante tudo isso, que fazer?

As propostas de Pappas parecem sensatas, embora incompletas em certos momentos. Sobre os antidemocráticos, o Estado deve usar "os meios legais e constitucionais disponíveis para restringir a ação dos extremistas", escreve ele.

Mas será que isso significa a proibição de partidos neonazistas ou neocomunistas que abertamente se assumam como inimigos da democracia liberal?

O autor não elabora sobre o tema. Eu tenho dúvidas: por um lado, participar no regime democrático deveria implicar respeito por esse mesmo regime; por outro, a exclusão constitucional de partidos extremistas é uma forma perversa de os alimentar e engrandecer.

Finalmente, o autor acerta sobre nativistas ou populistas: se eles aceitam as regras do jogo, devem ser vencidos em pleno jogo. Com melhores candidatos, melhores argumentos, melhores políticas. E nunca, jamais, por via judicial.

Na Holanda, o tribunal fez o trabalho sujo que deveria ser responsabilidade dos outros partidos do sistema. Eis um erro legal e político que o país pagará bem caro. 
Por João Pereira Coutinho Publicado na Folha de SP

terça-feira, 27 de dezembro de 2016

ISLAMISTAS VENCEM: CHARLIE HEBDO DESAPARECE

- "O jornal já não é mais o mesmo, Charlie se encontra sob asfixia artística e editorial". — Zineb el Rhazoui, intelectual e jornalista franco-tunisiana, autora de Destruindo o Fascismo Islâmico.


- "Temos que continuar retratando Maomé e Charlie, não fazer isso significa que não há mais Charlie". − Patrick Pelloux, outro cartunista que deixou a revista.

- "Se nossos colegas, no debate público, não dividirem parte do risco, então os bárbaros venceram." — Elisabeth Badinter, filósofa que testemunhou no tribunal a favor dos cartunistas franceses no documentário "Je suis Charlie."

- Depois que os irmãos Kouachi massacraram os jornalistas da Charlie Hebdo, eles saíram correndo para o meio da rua gritando: "vingamos Maomé. Matamos a Charlie Hebdo. "Dois anos mais tarde, parece que eles venceram mesmo. Eles conseguiram silenciar a última revista europeia disposta a defender a liberdade de expressão ceifada pelo islamismo.
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Em um espaço de vinte anos, o medo já devorou importantes parcelas da cultura e do jornalismo ocidental. Todas desapareceram em um sinistro ato de autocensura: as caricaturas de um jornal dinamarquês, o episódio do "South Park", as pinturas da Tate Gallery em Londres, um livro publicado pela Yale University Press, Idomeneo de Mozart, o filme holandês "Submissão", o nome e o rosto da cartunista americana Molly Norris, a capa do livro de Art Spiegelman e o romance "A Joia de Medina" de Sherry Jones, só para citar alguns. Inúmeros destes viraram fantasmas que vivem na clandestinidade, escondidos em alguma casa de campo ou então se recolheram à vida privada, vítimas de uma autocensura compreensível, porém trágica.

Somente a revista satírica francesa Charlie Hebdo não constava desta longa e triste lista. Isso até agora.

A decepção com o que Charlie Hebdo virou se reflete nas palavras da jornalista francesa Marika Bret: "da Itália recebemos inúmeras ameaças". A alusão não é em relação a uma determinada célula jihadista italiana, mas a uma capa da revista Charlie Hebdo de setembro que zombava das vítimas do terremoto ocorrido na Itália. Ao que tudo indica a revista semanal satírica, que quase foi destruída por islamistas franceses há dois anos, foi agora "normalizada".

Tomem as recentes capas da Charlie. Contra os terroristas? Não. Contra aqueles que os chamaram de "racistas"? Não. Foi contra Éric Zemmour, o corajoso jornalista francês do Le Figaro que provocou um debate público sobre a identidade francesa. "O Islã é incompatível com o secularismo, incompatível com a democracia e incompatível com o governo republicano", escreveu Zemmour.

Laurent Sourisseau, também conhecido como "Riss", atual diretor de publicação e proprietário majoritário da Charlie, foi baleado no ataque de 2015 contra a revista e vive sob proteção policial. Ele retratou Zemmour na capa usando um colete com explosivos, comparando-o de fato a um terrorista.

Charlie Hebdo também satirizou recentemente Nadine Morano, crítica contrária ao Islã, retratando-a como um bebê com Síndrome de Down.

Recentemente Riss também publicou uma revista em quadrinhos atacando outro alvo fácil dos conformistas submissos, que levava o título "O Lado Obscuro de Marine Le Pen. "Le Pen lidera o partido Frente Nacional da França, cuja plataforma é a luta pela soberania nacional e pela identidade judaico-cristã da Europa. Na Charlie, a líder política da "direita" francesa está vestida como Marilyn Monroe.

Para o primeiro aniversário do massacre ocorrido na redação da Charlie Hebdo, Riss publicou uma capa não com Maomé, mas com a figura de um Deus judaico-cristão assassino, como se os colegas de Riss não tivessem sido massacrados por islamistas e sim por católicos. Riss tinha, a bem da verdade, anunciado anteriormente que a revista "não mais retrataria Maomé".

O primeiro a capitular na Charlie foi "Luz", um consagrado cartunista. Ele se rendeu dizendo: "não farei mais desenhos de Maomé".



Charlie Hebdo, depois que terroristas islâmicos assassinaram grande parte de seu staff em 2015, anunciou que "não fará mais desenhos de Maomé". A revista agora priorizará seu foco em atacar os críticos do islamismo, zombando do Deus judaico-cristão.

"O transplante que menos dá certo", salientou Jeannette Bougrab, companheira do falecido editor da Charlie Stéphane Charbonnier, "é o transplante de testículos". Bougrab acusou os sobreviventes do ataque de se curvarem ao terrorismo e às ameaças ao traírem o legado da liberdade de expressão pelo qual estes homens de verdade foram assassinados.

Após o massacre de 7 de janeiro de 2015, o cartunista "Luz "chorou na frente das câmeras após apresentar uma capa retratando os sobreviventes, na qual Maomé foi retratado dizendo: "está tudo perdoado". Logo depois Luz apareceu no Le Grand Journal ao lado de Madonna e, num gesto de lamentável voyeurismo, exibiu seus órgãos genitais cobertos com o logotipo "Je suis Charlie".

A "normalização" da Charlie também se refletiu na dramática decisão, ocorrida recentemente, de rescindir o relacionamento da revista com outra sobrevivente, a intelectual e jornalista franco-tunisiana Zineb el Rhazoui, que agora também tem que viver sob proteção policial por suas críticas aos extremistas islâmicos.

"O jornal já não é mais o mesmo, Charlie se encontra sob asfixia artística e editorial", salientou ela ao jornal Le Monde. Rhazoui é autora de um novo livro que leva o título, "Détruire le fascisme Islamique"("Destruindo o Fascismo Islâmico").

"Temos que continuar retratando Maomé e Charlie, não fazer isso significa que não há mais Charlie", realçou Patrick Pelloux, outro cartunista que deixou a revista.

Havia sete cartunistas na Charlie Hebdo. Cinco foram assassinados em 07 de janeiro de 2015, foram eles: Charb, Cabu, Honoré, Tignous e Wolinski. Os outros dois, Luz e Pelloux, se demitiram após o massacre. A manchete da revista mensal Causeur capturou o clima: "Charlie Hebdo Comete Hara-Kiri", jogando com a forma japonesa de suicídio e o nome anterior da Charlie (que era "Hara Kiri"). Entre assassinatos, deserções e autocensura, a história da Charlie está praticamente acabada.

O que está acontecendo? Lamentavelmente as ameaças e os ataques dos islamistas estão dando certo. Uma crise semelhante atingiu o Jyllands-Posten, o jornal dinamarquês que foi o primeiro a publicar as 12 caricaturas de Maomé, que a Charlie Hebdo imediatamente, em nome da solidariedade, reproduziu. "A honra da França foi salva pela Charlie Hebdo," salientou Bernard-Henri Lévy quando a revista reeditou as charges dinamarquesas, muito embora diversos meios de comunicação de "pensamento correto" tivessem criticado a "islamofobia" daquelas caricaturas.

"A verdade é que para nós seria totalmente irresponsável publicar as charges hoje em dia", ressaltou o diretor da Jyllands-Posten, Jorn Mikkelsen, para justificar a autocensura. A "Jyllands-Posten tem a responsabilidade de cuidar de si e de seus funcionários". Como é o caso de Kurt Westergaard, autor da caricatura de Maomé com uma bomba no turbante que agora vive em uma casa feito fortaleza, com câmeras e janelas com vidros de segurança e guardas armados com metralhadoras do lado de fora.

Um choque ideológico já tinha tomado forma dentro da Charlie Hebdo bem antes do ataque terrorista. Zineb el Rhazoui chegou à revista semanal por meio do editor Stéphane Charbonnier, "Charb", o corajoso jornalista que liderou a batalha contra a intimidação islâmica na Europa. Até mesmo da sepultura, ele escreveu uma "Carta Aberta aos Fraudadores da Islamofobia que Fazem o Jogo dos Racistas". Mas conforme ressalta o Libération: "Riss se opôs a Charb, tem menos identificação política, é mais introvertido do que ele".

Charbonnier é da mesma geração de Philippe Val e Caroline Fourest, jornalistas libertários determinados a criticar o Islã, que, de 1992 a 2009, deram forma à revista semanal.

"Charb? Onde está Charb?", gritaram os terroristas na redação da Charlie Hebdo, para se certificarem de que tinham encontrado o jornalista que eles consideravam responsável pela controvérsia das caricaturas de Maomé.

Philippe Val, que na qualidade de ex-editor da Charlie Hebdo, foi processado em Paris por imprimir as charges, publicou o livro "Malaise dans l'inculture" ("Doença da Falta de Cultura"), que ataca "o ideológico Muro de Berlim" que foi erguido pela esquerda.

Em 2011, depois que um atentado com bombas incendiárias destruiu a redação da Charlie, um apelo dos jornalistas assustados e intimidados anunciou a recusa em apoiar a posição da revista no tocante ao Islã. Dois anos mais tarde, um dos signatários Olivier Cyran, ex-editor da Charlie Hebdo, acusou a revista de ser "obsessiva em relação aos muçulmanos". O mesmo aconteceu com o ex-jornalista da Charlie, Philippe Corcuff, que acusou seus colegas da revista de fomentarem "um choque de civilizações. "

Os ataques continuaram com outro ex-cartunista da Charlie Hebdo, Delfeil de Ton, que no Le Nouvel Observateur, depois do massacre de 2015, vergonhosamente acusou Charb de "arrastrar" o staff para o abate ao continuar satirizando Maomé.

Depois que os irmãos Kouachi massacraram o staff da Charlie Hebdo, eles saíram correndo para o meio da rua gritando: "vingamos Maomé. Matamos a Charlie Hebdo. "Dois anos mais tarde, parece que eles venceram mesmo. Eles conseguiram silenciar a última revista europeia disposta a defender a liberdade de expressão ceifada pelo islamismo. E eles mandaram um alerta especial a todas as outras. Porque depois da Charlie Hebdo, escrever artigos críticos ao Islã ou desenhar uma charge, os torna alvo de atentados e campanhas intimidatórias.

A feminista e filósofa Elisabeth Badinter, que testemunhou no tribunal a favor dos cartunistas franceses no documentário: "Je suis Charlie", ressaltou: "se os nossos colegas no debate público não dividirem parte do risco, então os bárbaros venceram".

A revista Paris Match perguntou a Philippe Val se ele imaginava o desaparecimento da Charlie Hebdo. Val respondeu: "isso seria o fim de um mundo e o começo da Submissão de Michel Houellebecq". Depois de ataques vem a autocensura: submissão. E se a Charlie Hebdo está cansada e fugindo das suas responsabilidades, quem poderá culpá-la? Mas e os outros, o restante?
Por: Giulio Meotti, Editor Cultural do diário Il Foglio, é jornalista e escritor italiano
19 de Dezembro de 2016
Tradução: Joseph Skilnik Do site: https://pt.gatestoneinstitute.org


segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

A VERDADEIRA TRAGÉDIA NEGRA

Muitas das patologias atuais vistas entre muitos negros é uma consequência do estado de bem estar social (welfare state), que tem feito o comportamento auto-destrutivo menos custoso para o indivíduo.


Vigaristas e pessoas com pouco entendimento desejam que acreditemos que os problemas atuais dos negros são o resultado continuado de um legado de escravidão, pobreza e discriminação racial. O fato é que a maioria das patologias sociais vistas nos bairros negros pobres é inteiramente nova na história dos negros.

Hoje a esmagadora maioria das crianças negras são criadas em famílias sob a responsabilidade de uma mãe solteira. Nos anos de 1880, três quartos das famílias negras eram biparentais. Em 1925, 85% das famílias negras, em Nova York, eram formadas por casais. Um estudo das famílias escravas no século XIX descobriu que em três quartos das famílias todas as crianças tinham o mesmo pai e a mesma mãe.

A taxa atual de ilegitimidade para crianças negras de aproximadamente 75% também é inteiramente nova. Em 1940 a ilegitimidade entre negros ficou em 14%. Cresceu para 25% em 1965, quando Daniel Patrick Moynihan escreveu “The Negro Family: The Case for National Action” e foi amplamente denunciado como um racista. Por volta de 1980, a taxa de ilegitimidade entre negros mais que dobrou para 56%, e tem crescido desde então. Tanto durante a escravidão como posteriormente na década de 1920, uma adolescente criando uma criança sem um homem presente era raro entre os negros.

Muitas das patologias atuais vistas entre muitos negros é uma consequência do estado de bem estar social (welfare state), que tem feito o comportamento auto-destrutivo menos custoso para o indivíduo. Ter uma criança sem o benefício do casamento é menos oneroso se a mãe recebe subsídios para moradia, pagamentos da assistência social e programas de alimentação. Adicionalmente, o estigma social associado à maternidade sem casamento desapareceu. Famílias lideradas por mulheres, sejam negras ou brancas, são um tíquete para a dependência e todos os seus problemas associados. Ignorado em todas as discussões é o fato de que a taxa de pobreza entre os casados negros tem estado em um dígito desde 1994.

O desemprego de jovens negros em algumas cidades é superior a 50%. Mas o desemprego do jovem negro também é novo. Em 1948 a taxa de desemprego para adolescentes negros era ligeiramente menor que a de sua contra parte branca – 9,4% comparada a 10,2%. Durante aquele mesmo período, jovens negros eram tão ativos, ou mais, na força de trabalho que os jovens brancos. Desde 1960, ambas, a taxa de participação na força de trabalho e a taxa de desemprego dos jovens negros, caíram para onde elas estão hoje. Por que? Os empregadores discriminam racialmente mais hoje que antes? Os jovens negros de antes eram mais habilidosos que os jovens brancos de então? A resposta a ambas as questões é um grande não.

A lei do salário mínimo e outras regulações trabalhistas cortam os degraus mais baixos da escada econômica. Coloque-se na posição do empregador e pergunte-se: se devo pagar U$7,25 a hora – mais benefícios obrigatórios, tais como Seguro Social e indenização de trabalhadores – compensaria eu empregar um trabalhador que é tão desafortunado que suas habilidades o capacitam a produzir apenas U$5 de valor por hora? Muitos empregadores veem esta posição como uma proposição econômica desvantajosa. Então, a lei do salário mínimo discrimina contra o emprego dos trabalhadores menos qualificados, que são quase sempre jovens, particularmente jovens negros.

A pequena quantidade de dinheiro que um adolescente pode ganhar num emprego de verão, de fim de semana ou depois da escola não é, nem de longe, tão importante quanto as outras coisas que ele ganha de uma experiência de trabalho precoce. Ele adquire habilidades e bons hábitos de trabalho, tais como ser pontual, seguir ordens e respeitar supervisores. Em adição, há o respeito próprio e o orgulho que o jovem conquista por ser financeiramente semi-independente. Todos estes ganhos das experiências de trabalho precoce são importantes para qualquer adolescente e ainda mais importante para os jovens negros. Se adolescentes negros não estão aprendendo nada que fará deles empregados mais valorizados no futuro, eles não aprenderão isto de suas péssimas escolas, suas famílias disfuncionais ou de sua vizinhança tomada pelo crime. Eles devem aprender isto no trabalho.

A maior parte dos problemas atuais de muitos negros são o resultado de políticos e organizações de direitos civis usando o governo em nome de ajudar os negros quando na verdade estão servindo a propósitos de poderosos grupos de interesse.

Por:Walter Williams, professor honorário de economia da George Mason University e autor de sete livros. Suas colunas semanais são publicadas em mais de 140 jornais americanos.
Publicado originalmente no The Patriot Post.
Tradução: Flávio Ghetti
Do site: http://www.midiasemmascara.org/


quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

DOM EVARISTO ARNS: O QUE A VEJA NÃO DISSE

Na Veja desta semana (21/12/2016) a revista dedica algumas páginas à morte do cardeal Dom Paulo Evaristo Arns. A matéria, cujo título é “Adeus ao Gigante”, resume a trajetória deste homem que, apesar de tudo, foi uma figura marcante na história contemporânea do Brasil. A reportagem, assinada por Pedro Dias Leite, tenta ser neutra, mas não parece, e o vocabulário empregado não difere muito da mídia “progressista”. Feita a introdução, vamos ao que de fato interessa.

Dom Evaristo Arns foi um religioso muito próximo de Dom Hélder Câmara, o “arcebispo vermelho”, e do frei Leonardo Boff, católicos da Teologia da Libertação, doutrina que une o cristianismo ao marxismo. Ademais, de acordo com a própria Veja, além de denunciar as torturas e desaparecimentos que realmente ocorriam naquele momento, Dom Evaristo Arns “Apoiou o movimento grevista no ABC (e seu principal líder, Luiz Inácio Lula da Silva)”. Com isso, o texto também alude ao fato de que “Se fosse hoje, dom Paulo provavelmente teria no papa Francisco, também ele um franciscano, um aliado”. Afinal de contas, no período de maior atuação de Dom Evaristo, o papa era um polonês que conheceu de perto as mazelas causadas pelo comunismo e pelas ideias chamadas “progressistas”, quer dizer, o papa era João Paulo II.

Mas afinal, o que é que a Veja não disse?

Se a matéria a qual me refiro abordou temas como tortura, censura, violência, repressão, etc., mas sempre com suas críticas – legítimas, vale dizer – voltadas a ditadura militar, deveria também explorar o outro lado da moeda, mas não o fez. O porquê eu não sei…>

A Veja cita um discurso feito pelo cardeal no dia 31 de outubro de 1975 no qual ele diz: “Ninguém toca impunemente no homem, que nasceu do coração de Deus para ser fonte de amor. Não matarás. Quem mata entrega a si próprio nas mãos do Senhor da história e não será apenas maldito na memória dos homens, mas também no julgamento de Deus.” Até aí tudo bem, já que este é um discurso que se espera de um cristão, porém, existe uma contradição nisso tudo.

Não haveria problema algum no discurso se o cardeal não tivesse, em 1969, ajudado dominicanos comunistas que entraram para a ALN (Ação Libertadora Nacional), um grupo terrorista chefiado por Carlos Marighella. (Se o leitor acredita que Marighella não foi um terrorista, recomendo o texto que trata sobre o livro Manual do Guerrilheiro Urbano, escrito pelo líder da ALN). Curioso é que no mesmo ano do discurso, um panfleto escrito por militantes da ALN declarava: “Todos nós somos guerrilheiros, terroristas e assaltantes e não homens que dependem de votos de outros revolucionários ou de quem quer que seja para se desempenharem do dever de fazer a revolução.” Um pouco disso pode ser encontrado no livro e no filme Batismo de Sangue que, embora tenha sido escrito por alguém não insuspeito como Frei Betto, dá uma dimensão do envolvimento dos religiosos dominicanos na luta armada e em ações extremistas. Se Dom Evaristo foi a favor dos direitos humanos, de uma forma ou de outra também foi a favor do terrorismo.

No discurso citado acima o cardeal defende a vida, relembra o quinto mandamento cristão, entretanto, defendeu guerrilheiros que, em suma, a partir de 1967, iniciaram seus assaltos a bancos, sequestros, entre outras ações criminosas. O próprio autor do Manual do Guerrilheiro Urbano, isto é, Marighella, logo no início de seu texto, aponta que um dos objetivos essenciais do guerrilheiro urbano é “A exterminação física dos chefes e assistentes das forças armadas e da polícia.” Também aponta que “todo guerrilheiro urbano tenha em mente que somente poderá sobreviver se está disposto a matar os policiais e todos àqueles dedicados à repressão.”

E tem mais. Marighella, um comunista obcecado e que aos olhos de muitos apaixonados é visto como alguém que lutava pela democracia, assinala que “matar um espião norte-americano, um agente da ditadura” deve ser uma ação realizada por um atirador “operando absolutamente secreto e a sangue-frio.” Enfim, dentre tantas instruções bizarras, Marighella afirma que “o terrorismo é uma arma que o revolucionário não pode abandonar.” Dentre os quatro sequestros de diplomatas realizados no Brasil, a ALN tomou parte na ação de dois. Foram eles: o sequestro do embaixador norte-americano Charles Burke Elbrick e do alemão Ehrefried Von Holleben.

Nas palavras de Stédile – o comandante do “exército” do PT, ou seja, do MST -, “Arns impulsionou o surgimento dos movimentos populares rurais que surgiram no país nas últimas décadas.” Ele complementa: “A maioria dos movimentos do campo que hoje existem – MST, MAB [Movimento dos Atingidos por Barragens], Movimento dos Pequenos Agricultores, Comissão Pastoral da Terra, Cimi [Conselho Indigenista Missionário] -, nascemos orientados por vossa sabedoria, que pregava: Deus só ajuda quem se organiza.” Sabemos que Stédile não é alguém muito simpático a democracia. E não para por aí, mas creio que por ora seja o suficiente.


Durante um longo tempo Dom Evaristo celebrou missas nos dias de finados e que tinham como homenageados aqueles que foram mortos sob a repressão dos militares. Resta saber se o religioso também rezou missas por aqueles que foram assassinados pelos guerrilheiros comunistas em seus “justiçamentos” – nome dado às execuções – ou pelos que foram afetados por suas explosões.

Mesmo assim não acho ético comemorar a morte de alguém. Não que eu seja defenda o politicamente correto, no entanto, creio que não seja necessário – como fizeram alguns católicos mais conservadores – comemorar a morte do cardeal. Conforme já apontou Rodrigo Constantino em vídeo, embora não devamos “canonizá-lo” pelo seu engajamento político à esquerda, como a grande mídia fez, celebrar sua morte é algo descabido. Quando Fidel Castro faleceu, por exemplo, preferi comemorar a possível libertação futura do povo cubano em vez de focar no cadáver de seu algoz.

E por falar em Fidel Castro, como se não bastasse tudo que citei acima, vale dizer que Dom Evaristo Arns chegou foi um admirador declarado do ditador cubano. Em uma carta enviada pelo cardeal a Fidel Castro e posteriormente publicada no jornal cubano Granma, Dom Evaristo Arns escreveu:

“Queridíssimo Fidel,

Paz e bem

Aproveito a viagem de Frei Betto para lhe enviar um abraço e saudar o povo cubano pela ocasião desde 30º aniversário da Revolução. […] A Fé cristã descobre nas conquistas da Revolução os sinais do Reino de Deus que se manifesta em nossos corações e nas estruturas que permitem fazer da convivência política uma obra de amor. […] Infelizmente ainda não se deram as condições favoráveis para que se efetue o nosso encontro. Tenho-o presente diariamente em minhas orações e peço ao pai que lhe conceda sempre a graça de conduzir os destinos da pátria. […] Receba meu fraternal abraço nos festejos pelo XXX Aniversário da Revolução cubana e os votos de um ano novo promissor para o seu país.

Fraternalmente,
Paulo Evaristo Cardeal Arns.”

Perceba que a carta foi escrita em 1988, isto é, quando Fidel Castro somava trinta anos no poder. Democracia? Em 1988 já era tempo de o cardeal perceber que os comunistas cubanos que mandavam na ilha há três décadas não estavam nem um pouco preocupados com democracia. Aliás, era essa a “democracia” que defendiam os dominicanos guerrilheiros os quais Dom Evaristo Arns defendeu com tanta veemência.

A Veja também poderia ter levado em consideração esse outro lado daquele que chamou de “gigante”, não é mesmo?

Viva la Revolución! Descansa en paz, cardenal!
Por Thiago Kistenmacher https://www.institutoliberal.org.brEm 21 de dezembro de 2016

segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

FORA TENDER

Só um governo popular teria a sensibilidade de conectar os cofres públicos diretamente ao coração sofrido das empreiteiras

Denunciado novamente na Lava-Jato, Lula soltou uma nota, por intermédio de seu Instituto, criticando os procuradores da operação. Um trecho dela diz o seguinte: “Os procuradores da Lava-Jato não se conformam com o fato de Lula ter sido presidente da República.” 

Esse argumento encerra toda a polêmica: os playboys da Lava-Jato não suportam a ideia de viver num país onde o poder já esteve nas mãos de um pobre. Felizmente, o ex-presidente tem amigos ricos, um partido rico e um instituto rico para bancar os advogados milionários que redigiram esse argumento matador. A nota complementa:

“Para a Lava-Jato, esse é o crime de Lula: ter sido presidente duas vezes. Temem que em 2018 Lula reincida nessa ousadia.”

Fim de papo. Está na cara que é essa a motivação do pessoal de Curitiba: se vingar de um nordestino petulante e cortar as asinhas dele. Mas este não é um país só de playboys fascistas e rancorosos. Ainda há espaço para a bondade e a fraternidade, como mostra a planilha “Amigo” da empreiteira progressista, socialista e gente boa Norberto Odebrecht.

Amigo era o codinome de Lula, a quem Marcelo Odebrecht contou ter dado dinheiro vivo — alguns milhões de reais, como acontece em toda amizade verdadeira. Eis o flagrante contra os procuradores elitistas da Lava-Jato: eles não aguentam ver um pobre com dinheiro na mão.

Enfim, um brasileiro humilde que teve a chance de transformar sua roça num belo laranjal — onde pôde plantar seus amigos, como dizia a canção, e também seus filhos, e os amigos dos filhos. Em lugar dos discos e livros, que não eram muito a dele, plantou Bumlai, Suassuna, Bittar, Teixeira e outros cítricos. A colheita foi uma beleza.

Empreiteiras e grandes empresas em geral costumam irrigar candidaturas de todos os matizes — como apareceu na delação da Odebrecht — no varejão eleitoral. Mas uma sólida amizade só se estabelece com retribuição farta — e foi aí que o homem pobre, com sua proverbial generosidade, resolveu retribuir com a Petrobras. Nunca antes neste país se hipotecou tamanha solidariedade ao caixa das empreiteiras amigas. Só mesmo um governo popular teria a sensibilidade de conectar os cofres públicos diretamente ao coração sofrido do cartel.

Não dá mesmo para engolir um presidente que põe o bilionário BNDES, antes elitista e tecnocrático, para avalizar esses laços de amizade profunda — do Itaquerão a Cuba, de Belo Monte à Namíbia. Ver um sorriso iluminando o rosto cansado de um presidente da OAS não tem preço. O que ele entrega de volta tem preço — mas isso é com o Maradona. Aqui só vamos falar de sentimento.

Ai, como se sabe, o pior aconteceu. A direita nazista que tomou conta do Brasil, mancomunada com os androides da Lava-Jato, deu um golpe de estado contra a presidenta mulher — só porque ela manteve os laços de amizade criados por seu mentor, dando uma retocada de batom e ruge nas contas públicas que estavam com cara de anteontem. Quem nunca escondeu umas cartinhas do baralho para surgir com um royal straight flash? Não tem nada de mais. Parem de perseguir quem rouba honestamente. O Brasil caiu em recessão porque quis. 

Para defender o legado precioso do homem pobre e da mulher valente, militantes aguerridos foram às ruas lutar contra a PEC do Fim do Mundo. De fato, essa ideia de botar as contas públicas em ordem sem usar batom e ruge é o fim do mundo. Mas os protestos são pacíficos. O pessoal só joga pedra e coquetel molotov para dissuadir os que pensam em usar a violência. Eles desistem na hora.

Esse governo branco, careta e de direita botou para tomar conta da Petrobras, do BNDES, do Tesouro, do Banco Central, enfim, das joias da Coroa, gente que não tem o menor espírito de amizade. Grandes brasileiros como Cerveró, Duque e Youssef estão tendo sua memória desrespeitada por práticas hediondas, que negam aos companheiros a oportunidade de agregar um qualquer. Essa elite branca é egoísta mesmo.

Agora vêm com esse papo de reforma previdenciária. Não acredite no que eles falam. Confie nesses discursos que você recebe por WhatsApp dizendo que o rombo da Previdência não existe. De fato, todos os países do mundo estão passando por problemas fiscais causados pelo sistema de aposentadoria, por conta do crescimento demográfico das últimas décadas e do envelhecimento populacional. Menos o Brasil.

Como se vê, não faltam boas causas para os atos cívicos dessa gente indignada e espontânea, sempre pronta a barbarizar em defesa da paz e da amizade. Chega de baixo astral. Cada dia que o maior amigo da nação amanhece à solta é um milagre. A militância há de sair às ruas para celebrar tal graça, neste que ficará conhecido como o Natal da Mortadela. Fora Tender!
Por: Guilherme Fiuza é jornalista  Publicado no Jornal O Globo

domingo, 18 de dezembro de 2016

OS SUCESSOS DE TRUMP, MESMO ANTES DA POSSE


Temos 1.100 famílias felizes e uma mídia incapaz de relatar o sucesso
Na história, ganhar aumenta a probabilidade de ganhar. Perder aumenta a probabilidade de perder.

Temos um bem-sucedido presidente eleito antes mesmo de tomar posse. Temos 1.100 famílias entusiasmadas e ansiosas por um feliz Natal, quando durante semanas estiveram angustiadas por preocupação com seu futuro. E temos uma mídia incapaz de divulgar este sucesso.

Como? O presidente eleito Donald Trump convenceu a Carrier a manter 1.100 postos de trabalho nos Estados Unidos. Ele foi ajudado pelo vice-presidente eleito Mike Pence, que tinha interesse adicional em alavancar esta decisão, porque é o governador de Indiana, onde a Carrier está localizada. As pessoas empregadas na Carrier estão em êxtase. Eles estavam prestes a enfrentar um Natal sombrio. Agora têm seus empregos e estão emocionados que o Presidente eleito tenha intervindo decisivamente e com sucesso.

Esta foi a segunda intervenção do Trump. (Antes ele convencera a Ford a não mudar uma de suas linhas de montagem para o Mexico).

Mas, como a mídia se concentrou nos 1.100 postos de trabalho, e porque a administração da Carrier tinha sido muito mais pública sobre sua determinação de mudar para o México, o caso Carrier adquiriu muito mais intensidade e importância do que a Ford.

Há vários pontos importantes sobre essa conquista.

Primeiro, isso é puro trumpismo. Não espere a posse. Não gaste muito tempo com o pessoal estudando a questão. Não delegue a outra pessoa e espere o melhor. O trumpismo inclui decisões intuitivas seguidas por uma intervenção rápida e pessoal para forçar o sucesso. Seu mais óbvio antecessor no estilo era o presidente Theodore Roosevelt. Trump é semelhante a Roosevelt na pura energia exuberante com a qual ele vive todos os dias.

Winston Churchill escrevia bilhetes na Segunda Guerra Mundial que diziam "Ação Hoje" (Action this Day). Ele os usava para itens importantes num esforço para forçar a burocracia a se mover mais rápido. Trump é um exemplo vivo de "Ação Hoje".

Em segundo lugar, Trump entende que ganhar as vitórias simbólicas rapidamente pode ter consequências muito grandes. Scott Adams escreveu brilhantemente sobre esta técnica. Milhões de americanos que se preocupam com seus empregos sentem-se melhor hoje sabendo que Donald Trump se importou o bastante para agir antes mesmo de ser empossado. Embora a mídia de propaganda (anteriormente a mídia de notícias) e os críticos possam pensar que essa foi uma pequena conquista, simbolicamente e emocionalmente é muito grande.

Terceiro, Trump entende que vencer é sempre melhor do que perder. Os americanos viram Barack Obama não salvar empregos. Na verdade, ele zombou de Trump e publicamente perguntou se ele estava indo para acenar uma "varinha mágica" para salvar empregos na Carrier. Agora é Obama quem parece impotente e incompetente - e Trump parecendo ter mesmo uma varinha mágica.

Na história, ganhar aumenta a probabilidade de ganhar. Perder aumenta a probabilidade de perder. Hoje, o presidente eleito Trump parece um vencedor.

Finalmente, o trumpismo está transformando os papéis de nossos dois partidos políticos. Enquanto os elitistas democratas estão zombando da conquista da Carrier e minimizando sua importância, milhões de trabalhadores americanos estão contentes por alguém finalmente se importar com eles.

Resultados: o isolamento dos democratas num clube esquerdista de elitistas tolos e que não se importam com os trabalhadores, e a transformação do Partido Republicano no partido que se preocupa com as famílias e aumenta empregos.

Mil e cem famílias felizes no Natal é um grande negócio. Este ano é de Donald Trump. É uma conquista a sete semanas de ser juramentado como presidente dos Estados Unidos.
Por: Newt Gingrich Tradução e divulgação: Heitor De Paola
Do site: http://www.midiasemmascara.org/

sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

DOM PAULO EVARISTO ARNS

Movimentos de esquerda (que Dom Paulo Evaristo Arns ajudou a organizar) queriam vê-lo Papa

O cardeal Arns, o preferido dos comunistas, defendeu Leonardo Boff, teve a gratidão manifesta de João Pedro Stédile, e nutria admiração por Fidel Castro, para quem escreveu o seguinte absurdo: "Querido Fidel (...) A fé cristã descobre nas conquistas da Revolução os sinais do Reino de Deus."

Em agosto de 1978, aluno do Pe. Rosalvino, no Instituto Dom Bosco, em São Paulo, percebi a grande torcida que houve por Dom Paulo Evaristo Arns para papa. Queriam um papa brasileiro, o papa das periferias, como já diziam. Pe. Rosalvino levava as crianças para passeios na periferia de São Paulo, também em Jandira, pegando trem na Estação da Luz. "Era a hora de Dom Paulo papa", diziam. “Pensávamos que ele (Paulo Evaristo Arns) seria (deveria ser) o Papa da realização do Concílio, a partir da Igreja da Grande Promessa que era, então, o Brasil (a mais rica e criadora de todas as Igrejas do momento). Foi uma grande oportunidade, era um momento de Evangelho.”, afirmou anos depois, o teólogo espanhol Xabier Pikaza.

A Igreja da América Latina estava pronta, as comunidades eclesiais de base estimuladas por Dom Paulo, vivendo o carisma franciscano, como o “amigo do povo”, pois assim ele queria ser chamado por todos, com seu sorriso largo (inspirado no amigo Dom Hélder Câmara), dentre tantos que lutavam por uma Igreja “dos pobres e para os pobres”. Estávamos no pátio do Instituto Dom Bosco, no Bom Retiro, quando os sinos tocaram e fomos rezar na igreja Nossa Senhora Auxiliadora. Havia sido eleito o italiano Albino Luciani, que adotou o nome composto de João Paulo I. Percebíamos as movimentações de lideranças, indo e vindo, nas dependências dos salesianos, muitas delas dizendo que era a hora de Dom Paulo. Apenas 33 dias depois, fomos todos surpreendidos pelos sinos da Igreja, anunciando a precoce morte de Albino Luciani, e novamente se voltaram para o novo conclave, e o que se ouvia pelos corredores "agora, sim, seria eleito o primeiro papa da América Latina", e dom Arns seria o primeiro papa brasileiro. Não queriam mais italianos. E então, parte do desejo deles havia sido atendido, e os cardeais elegeram, em 16 de outubro de 1978, o polonês Karol Wojtila, com o nome de João Paulo II.

Xavier Pikaza lamentou-se profundamente: “Foram 35 anos de interregno, de freio e medo. Ainda posso sentir isso na minha pele revivendo a primeira impressão que tive, quando me disseram (em 1978), retornando para casa, da janela: 'Não foi o Arns, mas Wojtyla'. Foi o que muitos me disseram agora no Brasil.” E mais: “Paulo Evaristo Arns foi marginalizado, sua linha de base eclesial foi rechaçada e seu trabalho episcopal em São Paulo foi corroído (especialmente em 1980, com a divisão da sua diocese e a nomeação de bispos de outra linha). Certamente, Paulo E. Arns seguiu exemplarmente ativo até sua renúncia (1996), mas já não representava a linha oficial da Igreja, que foi se escorando em outra direção.”

Na análise de Pikaza, o interregno de 35 anos dos reinados de São João Paulo II e Bento XVI foi longo demais, por isso agora, todos eles, tem pressa, muita pressa para que Bergoglio execute o programa sonhado por Dom Paulo Arns, mas reconhece que as condições não são as mesmas que em 1978:

“Talvez em 1978 ainda não se podia fazer em todas as partes aquilo que Paulo E. Arns queria, pois muitas Igrejas não haviam aceitado o espírito e a caminhada do Vaticano II (1962-1965), apesar de que uma parte considerável da Igreja da América Latina, a partir de Medellín (1968) e de Paulo VI (Evangelii Nuntiandi, 1975), havia assumido um caminho de libertação e de transformação eclesial que parecia impossível de ser detido, como sabia na Espanha o cardeal Tarancón. Muitos cristãos queriam então que a Igreja promovesse verdadeiramente o surgimento de espaços de libertação humana (inclusive econômica e social) para que os pobres e oprimidos do continente pudessem viver e se desenvolver; muitos queriam uma Igreja libertada, em sintonia radical com o Evangelho. Mas o conjunto da Igreja oficial sentiu medo.

— Esse medo expressou-se nos 35 longos e duros anos de João Paulo II e Bento XVI (1978-2013). Certamente, esses anos tiveram muitas coisas boas, mas, com efeito, em chave eclesial, o balanço foi negativo. Estamos pior que em 1978, com mais feridas e receios, com mais medos e descréditos; os mais idosos perdemos parte da nossa esperança e os jovens se sentem manipulados (muitos preferem ser manipulados!). Em 1978, era, talvez, muito cedo para a grande travessia. Agora (2013), com o Papa Bergoglio pode ser muito tarde, a não ser que o Espírito sopre forte, pois temos pressa”.

O próprio Dom Paulo também reconheceu o exagero das homilias politizadas dos teólogos da libertação como um dos fatores para o esvaziamento das igrejas. Mas foi incansável em ajudar os movimentos populares a se organizarem, fato esse confirmado pelas expressões de gratidão manifestadas por João Pedro Stédile:

“A maioria dos movimentos do campo que hoje existem - MST, MAB [Movimento dos Atingidos por Barragens], Movimento dos Pequenos Agricultores, Comissão Pastoral da Terra, Cimi [Conselho Indigenista Missionário] -, nascemos orientados por vossa sabedoria, que pregava: Deus só ajuda quem se organiza. Então fomos nos organizar. Queremos agradecer de coração por tudo, sobretudo porque o senhor ajudou a acabar com a ditadura militar no Brasil”

O fato é que era altamente estratégica para os movimentos de esquerda, a tática gramsciana de ocupação, por dentro da instituição, até chegar os mais elevados postos de decisão, a Arquidiocese de São Paulo. E só com a chegada de Dom Paulo Evaristo àquela importante Arquidiocese (e depois nomeado cardeal) é que as portas foram abertas para a teologia da libertação se disseminar por toda parte, nas paróquias, nos seminários, e tudo mais. Muito se lamentou dele não ter sido papa em 1978, porque, a partir de então o Vaticano se empenharia em colocar freio ao projeto de poder dos padres e bispos de esquerda.

E então o próprio Dom Paulo Evaristo Arns fez questão de acompanhar Leonardo Boff a Roma, para defende-lo, da punição recebida pelo então cardeal Joseph Ratzinger. Não apenas ficaram insatisfeitos, mas tudo fariam para viabilizar o plano de um papa latino-americano, alinhado com os ideais deles, da Igreja “dos pobres para os pobres”. O franciscano Arns foi inteiramente solidário com o franciscano Boff, e só teriam segurança garantindo que outro franciscano sucedesse Arns no comando da Arquidiocese de São Paulo e, depois, assumisse postos na própria Cúria Romana. E então o franciscano Dom Cláudio Hummes (que fez Lula emergir como líder sindical no ABC) foi nomeado sucessor de Dom Paulo Arns na Arquidiocese de São Paulo, e depois seguiu para Roma, tornando-se prefeito da Congregação para o Clero, até aparecer, em 2013, na loggia da Basílica de São Pedro, ao lado de Jorge Mário Bergoglio, que aceitou o conselho de D. Cláudio Hummes para assumir o programa da Igreja sonhada por Dom Paulo Evaristo Arns, com o nome de Francisco.

No primeiro encontro que tive com Dom Paulo Evaristo Arns, em 1993, em sua residência episcopal, para uma longa entrevista (publicada no meu livro “Encontros & Idéias – que reúne as entrevistas feitas para Jornal da Tarde, no período de 1988 a 2002), dom Paulo contou-me do período em que viveu na França (de 1947 a 1952), preparando a sua tese sobre São Jerônimo, disse que teve a oportunidade de conhecer grandes intelectuais franceses (Claudel, Mauriac, Albert Camus e o próprio Jean Paul Sartre, a quem ele assistiu suas conferências. Não só a Sorbonne o encantou, como mais tarde o ecumenismo, dizendo-me, que teve “a oportunidade de participar duas vezes na reunião das grandes religiões, num esforço de encontrar um novo caminho.” E disse: “As nações agora estão unindo suas culturas e encontrando outras expressões para criar um tempo novo”. E mais: “Lembro-me que um dos temas dessas reuniões era a paz. Lá estavam cristãos, budistas, muçulmanos e judeus. Estavam representantes de todas as grandes religiões do mundo, cada qual podia se exprimir livremente, fazer orações em comum, em grupos. Debatíamos todos os grandes problemas da Terra. (...) No caso de uma das reuniões o tema foi a paz, depois o pensamento foi em torno da fome no mundo. É assim que eu penso que as coisas funcionarão: em torno de ideias. Só um grande pensamento poderá unir a humanidade e conduzi-la ao bem comum que todos desejamos”.

Dom Paulo nutria admiração por Fidel Castro, a quem chegou a escrever uma carta publicada no jornal Granma: “ "Querido Fidel (...) A fé cristã descobre nas conquistas da Revolução os sinais do Reino de Deus (...) Tenho-o presente diariamente em minhas orações, e peço ao Pai que lhe conceda sempre a graça de conduzir o destino de sua pátria. (...) Fraternalmente, Paulo Evaristo, cardeal Arns".

Havia entre ambos muitas afinidades, também biográficas. Fidel Castro contou a Frei Betto (descrito em seu livro “Fidel e a Revolução”, Ed. Círculo do Livro, 1986, p. 132): “Através das reuniões com os futuros combatentes, com quem eu partilhava ideias e instruções, fomos criando uma organização, disciplinada e decidida, com gente jovem e saudável e com ideias patrísticas e progressistas. Organizávamo-nos para lutar contra a ditadura”. Derrubado Fulgêncio Batista, o que se viu foi a instalação de outra ditadura, que até hoje penaliza o povo cubano.

Mas as palavras de Fidel Castro poderiam ser ditas também por dom Paulo, preservando o mesmo espírito de preparar e organizar os movimentos populares. Contou-me também, nas entrevistas que tivemos, que participou em Paris (no tempo em que frequentou também a Sorbonne), de “Semana de Intelectuais Católicos", nem tanto para debater e refletir sobre o catolicismo, mas para buscar um pensamento capaz de unir a todos, um novo caminho. Seria esse “novo caminho” anunciado por Bergoglio, ao curvar-se ao povo, em sua primeira aparição como papa?

Assim como Fidel Castro, Dom Paulo Evaristo Arns teve também uma vida longeva. Poucos dias após a morte de Fidel Castro, os movimentos populares de esquerda perdem Dom Paulo, que fez questão de colocar o boné do MST nas comemorações de seus 95 anos, no teatro da PUC-SP, tendo sido saudado por João Pedro Stédile.

No encontro de 1993, Dom Paulo fez um bilhete me apresentando a Dom Geraldo Majella Agnelo, que, na época trabalhava como Secretário-Geral da Congregação do Culto Divino e dos Sacramentos. Assim que cheguei a Roma pude constatar que o preferido dos progressistas, que queriam papa, em 1978, ainda exercia influência, fazendo aqui e ali indicações, contatos, etc. E somente hoje pude compreender as palavras de Xavier Pikaza: 
“Em 1978, era, talvez, muito cedo para a grande travessia. Agora (2013), com o Papa Bergoglio pode ser muito tarde, a não ser que o Espírito sopre forte, pois temos pressa”.

A História mostrará, a longo prazo, qual o legado que deixará efetivamente a sua marca. O momento requer de nós a oração. O Espírito Santo faz os ajustes necessários. “Pelos frutos, conhecereis a árvore!”
Por: Hermes Rodrigues Nery,coordenador do Movimento Legislação e Vida. 
hrneryprovida@uol.com.br Do site: http://www.midiasemmascara.org/


terça-feira, 13 de dezembro de 2016

FRANÇA NA IMINÊNCIA DE COLAPSO TOTAL

- A França não percebeu isso naquela época, mas montou uma armadilha para si mesma e a armadilha agora está começando a disparar.


- Nos anos 1970 os palestinos começaram a usar o terrorismo internacional e a França optou por aceitar esse terrorismo desde que ela não fosse afetada. Ao mesmo tempo a França acolheu a imigração em massa do mundo árabe-muçulmano, evidentemente, como parte do desejo muçulmano de expandir o Islã. A população muçulmana desde então aumentou em número, porém não se assimilou.

- Os levantamentos mostram que um terço dos muçulmanos franceses querem a aplicação plena da Lei Islâmica (Sharia). Eles também mostram que a maioria esmagadora dos muçulmanos franceses apoia a jihad, especialmente a jihad contra Israel, um país que eles gostariam de ver varrido da face da terra.

- "É melhor sair do que fugir." -- Sammy Ghozlan, Presidente da Agência Nacional de Vigilância contra o Antissemitismo. Depois ele foi assaltado e seu carro incendiado. Ele foi embora.

- Villiers também menciona a existência de "zonas proibidas" com milhares de armas de guerra. Ele acrescenta que as armas provavelmente sequer serão utilizadas, os islamistas já venceram.

- Originalmente os sonhos franceses poderiam ter sido os de desarticular os Estados Unidos como potência mundial, distanciá-lo do acesso ao petróleo barato e aos negócios com países islâmicos ricos em petróleo, além das preces de não terem terrorismo interno.
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Na França reina a agitação descontrolada. "Migrantes" que chegam da África e do Oriente Médio semeiam desordem e insegurança em inúmeras cidades. A enorme favela, mais conhecida como a "selva de Calais", acaba de ser desmantelada, no entanto outras favelas pipocam a cada dia. Na zona leste de Paris, ruas estão cobertas de telhas onduladas, toalhas de plástico ou de outro material e placas desconjuntadas. Violência é o lugar comum. As 572 "zonas proibidas", oficialmente denominadas "áreas urbanas sensíveis", continuam crescendo e os policiais que se aproximam delas muitas vezes sofrem as consequências. Recentemente uma viatura de polícia foi emboscada, o veículo foi incendiado e os policiais foram impedidos de sair. Se forem atacados, conforme as ordens dos superiores a determinação é fugir em vez de retaliar. Muitos policiais, furiosos por terem que se comportar feito covardes, organizaram manifestações. Não houve ataques terroristas desde o assassinato de um padre em Saint-Etienne-du-Rouvray em 26 de julho de 2016, mas os serviços de inteligência sabem que os jihadistas que retornaram do Oriente Médio estão prontos para atacar e que distúrbios podem explodir em qualquer lugar, a qualquer hora, sob qualquer pretexto.

Apesar de estar sobrecarregado com uma situação interna que mal consegue controlar, ainda assim o governo francês intervém em assuntos mundiais: um "estado palestino" ainda é a principal bandeira, Israel é o seu bode expiatório favorito.

Na primavera passada, apesar da França e dos territórios palestinos estarem em péssimo estado, o Ministro das Relações Exteriores da França Jean-Marc Ayrault declarou que era "urgente" relançar o "processo de paz" e criar um estado palestino. Por conseguinte, a França convocou uma conferência internacional realizada em Paris em 3 de junho. Nem Israel nem os palestinos foram convidados. A conferência foi um fracasso. Ela terminou com uma declaração insípida sobre a "imperiosa necessidade" de "avançar".

A França não parou por aí. O governo então decidiu organizar uma nova conferência em dezembro. Desta vez juntamente com Israel e os palestinos. O Primeiro Ministro de Israel Benjamin Netanyahu observando que Israel não necessita de intermediários recusou o convite. Os líderes palestinos o aceitaram. Saeb Erekat, porta-voz da Autoridade Palestina parabenizou a França acrescentando, o que não é de se estranhar, que foi a Autoridade Palestina que "sugeriu" aos franceses a realização da conferência.

Donald Trump agora é o presidente eleito dos EUA e tudo leva a crer que Newt Gingrich desempenhará um papel-chave na Administração Trump. Gingrich ressaltou há alguns anos que não existe um povo palestino, acrescentando na semana passada que os assentamentos não são de modo algum um obstáculo à paz. Sendo assim, ao que tudo indica, a conferência será outro fracasso.

Diplomatas franceses, no entanto, estão elaborando juntamente com funcionários da Autoridade Palestina uma resolução da ONU para reconhecer um estado palestino dentro das "fronteiras de 1967" (as linhas de armistício de 1949), isso sem nenhum tratado de paz. Eles têm aparentemente a esperança de que o presidente dos EUA Barack Obama, ainda no exercício de sua função, não use o veto americano no Conselho de Segurança, permitindo a aprovação da resolução. Não é possível afirmar se Barack Obama vai querer terminar a sua presidência com um gesto tão flagrantemente traiçoeiro. É quase certo que o gesto francês não dará certo. De novo.

Por muitos anos a França dá a entender ter construído toda a sua política externa em cima do alinhamento com a Organização de Cooperação Islâmica (OIC em inglês): 56 países islâmicos mais os palestinos. Originalmente os sonhos franceses poderiam ter sido os de desarticular os Estados Unidos como potência mundial, distanciá-lo do acesso ao petróleo barato e aos negócios com países islâmicos ricos em petróleo, além das preces de não terem terrorismo interno. Todas as quatro esperanças não deram em nada. É óbvio também que a França tem problemas mais urgentes para resolver.

A França persiste porque está tentando desesperadamente impor limites aos problemas que provavelmente não podem ser resolvidos.

Nos anos 1950 a França era bem diferente do que ela é hoje. Era amiga de Israel. A "causa palestina" não existia. A guerra na Argélia estava no auge e a grande maioria dos políticos franceses sequer apertaria a mão de terroristas que não tivessem se arrependido de seus atos.

Tudo isso mudou com o fim da guerra na Argélia. Charles de Gaulle entregou a Argélia a um movimento terrorista chamado Frente de Libertação Nacional. Ele então passou a criar uma reorientação estratégica da política externa da França, inaugurando o que ele chamou de "política árabe da França. "

A França assinou acordos comerciais e militares com diversas ditaduras árabes. Para seduzir seus novos amigos ela, de maneira ávida, adotou uma política anti-Israel. Quando na década de 1970, o terrorismo na forma de sequestros de aviões foi inventado pelos palestinos e, com o assassinato dos atletas israelenses nas Olimpíadas de Munique em 1972, "os palestinos" de repente se tornaram uma "causa sagrada" e uma ferramenta útil para alavancar a posição francesa no mundo árabe, a França ao adotar a "causa", passou a ser inflexivelmente pró-palestina.

Os palestinos começaram a usar o terrorismo internacional e a França optou por aceitar esse terrorismo, desde que ela não fosse afetada. Ao mesmo tempo a França acolheu a imigração em massa do mundo árabe-muçulmano, evidentemente, como parte do desejo muçulmano de expandir o Islã. A população muçulmana desde então aumentou em número, porém não se assimilou.

A França não percebeu isso naquela época, mas montou uma armadilha para si mesma e a armadilha agora está começando a disparar.

A população muçulmana da França dá a entender que é antifrancesa em termos judaico-cristãos, valores do Iluminismo e pró-francesa apenas na medida em que a França se curva às exigências do Islã. Em que pese, os muçulmanos da França que também são pró-palestinos, teoricamente não deveria ter havido nenhum problema. Mas a França subestimou os efeitos da ascensão do Islã radical no mundo muçulmano e além dele.

Cada vez mais os muçulmanos franceses se consideram acima de tudo muçulmanos. Muitos afirmam que o Ocidente está em guerra com o Islã, eles veem a França e Israel como parte do Ocidente, assim sendo estão em guerra com os dois. Eles veem que a França é anti-Israel e pró-Palestina, mas também veem que vários políticos franceses mantêm laços com Israel, de modo que eles provavelmente acham que a França não é anti-Israel e pró-Palestina o suficiente.

Eles veem que a França tolera o terrorismo palestino e parecem não compreender porque a França combate o terrorismo islâmico em outros lugares.

Para agradar os muçulmanos que estão na França, o governo francês pode até acreditar que não há outra escolha senão ser ainda mais pró-palestina e anti-Israel o máximo possível - muito embora, conforme as pesquisas de opinião indicam, esta política é um fracasso estrondoso.

O governo francês, sem dúvida, vê que não tem condições de impedir o que cada vez mais parece ser um desastre iminente. Este desastre já está ocorrendo.

Talvez o atual governo da França ainda alimente a esperança de poder empurrar um pouco com a barriga o desastre e evitar uma guerra civil. Talvez eles possam ter a esperança de que as "zonas proibidas" não explodam - pelo menos durante o mandato desse governo.

Há hoje na França seis milhões de muçulmanos, 10% da população, e a porcentagem está aumentando. Os levantamentos mostram que um terço dos muçulmanos franceses querem a aplicação plena da Lei Islâmica (Sharia). Eles também mostram que a maioria esmagadora dos muçulmanos franceses apoia a jihad, especialmente a jihad contra Israel, um país que eles gostariam de ver varrido da face da terra.

A principal organização muçulmana francesa, a União das Organizações Islâmicas da França, é o ramo francês da Irmandade Muçulmana, um movimento que deveria ser incluído na lista das organizações terroristas pelo seu aberto desejo de derrubar governos ocidentais.

A Irmandade Muçulmana é primordialmente financiada pelo Catar, país que investe pesadamente na França - e que conta com a comodidade de ter a sua própria base aérea dos EUA.

Os judeus estão deixando a França em número recorde e a debandada não para. Sammy Ghozlan, presidente da Agência Nacional de Vigilância contra o Antissemitismo, reiterou por muitos anos que: "é melhor sair do que fugir". Ele foi assaltado. Seu carro foi incendiado. Ele saiu e agora vive em Israel.

O restante da população francesa vê claramente a extrema gravidade do que está acontecendo. Alguns estão furiosos e em estado de revolta, outros parecem resignados esperando o pior: a tomada da Europa pelos islamistas.

As próximas eleições francesas estão programadas para maio de 2017. O presidente francês François Hollande perdeu toda a credibilidade e não tem nenhuma chance de ser reeleito. Quem chegar ao poder terá uma tarefa difícil.

Ao que tudo indica os franceses perderam a confiança em Nicolas Sarkozy, de modo que provavelmente escolherão entre os candidatos Marine Le Pen, Alain Juppé ou François Fillon.

Marine Le Pen é a candidata da Frente Nacional de extrema-direita.

Alain Juppé é o prefeito de Bordeaux e muitas vezes faz campanha em companhia de Tareq Oubrou, imã da cidade. Até recentemente, Tareq Oubrou era membro da Irmandade Muçulmana. Alain Juppé parece acreditar que a presente desordem irá perder força se a França se curvar totalmente ao Islã.

François Fillon, será provavelmente o candidato da direita moderada. Ele assinalou recentemente que "o sectarismo islâmico" cria "problemas na França". Ele também ressaltou que se um estado palestino não for estabelecido em breve, Israel será "a principal ameaça à paz mundial."

Três anos atrás o filósofo francês Alain Finkielkraut publicou o livro: A Identidade Infeliz(L'identité malheureuse), no qual descreve os perigos inerentes à islamização da França e os principais distúrbios que se originam a partir dele. Juppé escolheu um lema de campanha que se destina a contradizer Finkielkraut: "A Identidade Feliz".

Desde a publicação do livro de Alain Finkielkraut, outros livros de caráter pessimista foram publicados e se tornaram best-sellers na França. Em outubro de 2014 o colunista Eric Zemmour publicou O Suicídio Francês (Le suicide français). Há poucas semanas ele publicou outro livro: Um Mandato de Cinco Anos Para Nada (Un quinquennat despeje rien). Ele descreve o que vê acontecendo com a França: "invasão, colonização, explosão."

Zemmour define a chegada de milhões de muçulmanos na França nas últimas cinco décadas como uma invasão e a recente chegada de um turbilhão de imigrantes como a continuação daquela invasão. Ele descreve a criação de "zonas proibidas" como a criação de territórios islâmicos em solo francês e parte integrante de um processo de colonização.

Ele escreve que as erupções de violência que se espalham são sinais de uma explosão iminente, que cedo ou tarde, a revolta vai ganhar terreno.

Outro livro: Os Sinos da Igreja Tocarão Amanhã? (Les cloches sonneront-elles encore demain?), foi publicado recentemente por Philippe de Villiers, ex-membro do governo francês.

Villiers chama a atenção para o desaparecimento de igrejas na França e a sua substituição por mesquitas. Ele também menciona a existência de "zonas proibidas" com milhares de armas de guerra (fuzis automáticos AK-47, pistolas Tokarev, armas antitanque M80 Zolja, etc). Ele acrescenta que as armas provavelmente sequer serão utilizadas - os islamistas já venceram.

Em seu novo livro: Os Sinos da Igreja Tocarão Amanhã?, Philippe de Villiers observa o desaparecimento de igrejas na França e a sua substituição por mesquitas. Na foto acima: em 3 de agosto a polícia francesa retirou à força um padre e sua congregação da igreja de Santa Rita em Paris antes dela ser demolida, conforme estava programado. A líder da Frente Nacional Marine Le Pen ressaltou furiosamente: "e se construíssem estacionamentos no lugar de mesquitas salafistas e não de nossas igrejas?" (imagem: captura de tela de vídeo RT)

Em 13 de Novembro de 2016 a França marcou o primeiro aniversário dos ataques de Paris. As placas foram descerradas em todos os lugares onde pessoas foram mortas. As placas diziam: "Em memória das vítimas feridas e assassinadas nos ataques". Nenhuma menção foi feita sobre a barbárie jihadista. À noite, a casa de espetáculos Bataclan foi reaberta com um concerto de Sting. A última canção do concerto foi "Insh' Allah": "se Alá quiser". A direção do Bataclan não permitiu a entrada de dois membros da banda norte-americana Eagles of Death Metal - que estavam no palco quando o ataque começou. Algumas semanas depois do ataque, Jesse Hughes, vocalista do grupo, se atreveu a criticar os muçulmanos que participaram do ataque. O diretor do Bataclan assinalou acerca de Hughes: "há coisas que não dá para perdoar".
Por: Dr. Guy Millière, professor da Universidade de Paris, é autor de 27 livros sobre a França e a Europa. 5 de Dezembro de 2016
Tradução: Joseph Skilnik Do site: https://pt.gatestoneinstitute.org