segunda-feira, 26 de novembro de 2018

OS HOMENS E AS MOSCAS


Quanto mais brutal o cheiro, mais as moscas vêm; quanto mais degradado, corrompido, decomposto, mais moscas voam ao redor do lixo; quanto mais infecto, sujo e insalubre, mais as moscas pousam no lixo para comer e, claro, desovar.

Esses insetos, apesar de pequenos, podem fazer um tremendo estrago. No livro do Êxodo, a quarta praga é um enxame colossal de moscas que destrói o conforto e a saúde dos egípcios – e, nos tempos contemporâneos, não podemos esquecer-nos da quantidade de doenças e sujeiras que moscas podem transmitir.

Como as moscas, Homens trazem males zanzam em lugares onde a corrupção está assentada? Se sim, eles vivem da e na corrupção. Transmitem a sujeira e as doenças do Homem assim que transitam de uma pilha de corrupção para outra. Essa característica vale para todo tipo de mal que consegue um espaço para se sustentar, criando laços e um terreno fértil para crescer e se multiplicar. Nós, como moscas, apenas estaríamos seguindo nossa natureza?

Se considerarmos o Homem como um reles animal, preso aos seus instintos e ao caos da evolução das espécies, somos apenas como um tipo de animal que cresceu de mais em números e, por isso, tem sua própria existência ameaçada. Como moscas, cervos, ursos e peixes, estamos apenas flutuando em um mar de acasos do existir. O único critério que, talvez, definisse um bem dentro de nossos seres, seria o da propagação da espécie – então a única sujeira seria a sujeira que macularia a espécie.

Mas nós não somos reles moscas. É verdade que zanzamos por aí propagando e nos mergulhando no mal, porém também é verdadeiro o oposto: existe um bem e esse bem não está só em nossa espécie. C. S. Lewis, em sua Abolição do Homem, é bem claro: se o instinto nos governa, então teremos que adentrar em um caos maior ainda, pois existirão situações aonde instintos irão se contradizer. O instinto de autopreservação de um pode ser contrário ao instinto sexual de outro. Como resolveríamos esse problema?

Como condenaríamos estupros, no caso exemplificado acima? Se, como moscas, somos apenas desdobramentos complexos e longos de nossa animalidade, então não há males, no mínimo. O estupro seria uma sujeira, é verdade, mas só estaríamos em nossos papéis de moscas. Para este inseto em específico, viver sujo é viver naturalmente.

Daí que nós não podemos ser reduzidos ao que os outros animais são. O pessimismo se torna um bloqueio à racionalidade quando ele se confunde com a própria realidade humana. Temos potencialidades inatas para fazer o bem ou o mal, independente de nossa condição de animais. A moral, aplicável somente aos Homens, é justamente o campo onde se definirão as atitudes certas e erradas. Mesmo a caçada aos contextos para saber se algo é correto é algo que só faz sentido se existir um correto. O estuprador que se justifica no instinto sexual que os primeiros hominídeos já possuíam não pode ser considerado o certo, por exemplo. A mulher vítima desse estuprador, por outro lado, mesmo se vier a matar seu agressor, deve ser considerada a que agiu de maneira correta. Por quê?

Mais uma vez: porque não podem existir apenas sujeita, no reino dos Homens. A Justiça, a Verdade, o Belo… são o que nos separam dos animais, são as características que nos fazem transcender os outros primatas, até. A capacidade que temos (ainda que imperfeita) de alcançar esses Bens Supremos é aquilo que nos coloca acima do restante do mundo físico.

O pessimismo, nesse caso, só levaria ao nada. Este nada é o que deveríamos pensar em relação às mazelas e bondades deste mundo? Não. Somos incapazes de sermos indiferentes, incapazes da apatia total. O verdadeiro apático não se importa se é sangrado ou se é afagado, se ocorre um estupro ou um ato de justiça, nem mesmo se a higiene bocal é importante.

O apático não se importa como sua saúde, com a política, com o conforto, com a Justiça, com a Beleza, com a Verdade, ou mesmo com a mentira. Ele é opaco como um vidro transparente e translúcido como uma parede de concreto, ou seja, ele não é. Ele sequer existe no mundo real.

Não existem niilistas, porque existem Homens.
Por Hiago Rebello, publicado pelo Instituto Liberal 1 de outubro de 2018
Do site: https://www.institutoliberal.org.br



sábado, 17 de novembro de 2018

AS TERRÍVEIS 10 ESTRATÉGIAS DE MANIPULAÇÃO MASSIVA


Noam Chomsky é um dos intelectuais mais respeitados do mundo. Este pensador americano foi considerado o mais importante da era contemporânea pelo The New York Times. Uma de suas principais contribuições é ter proposto e analisado as estratégias de manipulação de massa que existem no mundo hoje.

Noam Chomsky ficou conhecido como lingüista, mas também é filósofo e cientista político. Ao mesmo tempo, ele se tornou um dos principais ativistas das causas libertárias. Seus escritos circularam pelo mundo e não param de surpreender os leitores.

Chomsky elaborou um texto didático no qual ele sintetiza as estratégias de manipulação maciça. Suas reflexões sobre isso são profundas e complexas. No entanto, para fins didáticos, ele resumiu tudo em princípios simples e acessíveis a todos.

1. A distração das estratégias de manipulação maciça

Segundo Chomsky, a mais recorrente das estratégias de manipulação massiva é a distração. Consiste basicamente em direcionar a atenção do público para tópicos irrelevantes ou banais. Desta forma, eles mantêm as mentes das pessoas ocupadas.

Para distrair as pessoas, abarrotam-lhes de informações. Muita importância é dada, por exemplo, a eventos esportivos. Também ao show, às curiosidades, etc. Isso faz com que as pessoas percam de vista quais são seus reais problemas.

2. Problema-reação-solução

Às vezes o poder, deliberadamente, deixa de assistir ou assiste de forma deficiente certas realidades. Eles fazem dessa visão dos cidadãos um problema que exige uma solução externa. E propõem a solução eles mesmos.

Essa é uma das estratégias de manipulação em massa para tomar decisões que são impopulares. Por exemplo, quando eles querem privatizar uma empresa pública, intencionalmente diminuem sua produtividade. No final, isso justifica a venda.

3. Gradualidade

Esta é outra das estratégias de manipulação maciça para introduzir medidas que normalmente as pessoas não aceitariam. Consiste em aplicá-las pouco a pouco, de forma que sejam praticamente imperceptíveis.

Foi o que aconteceu, por exemplo, com a redução dos direitos trabalhistas. Em diferentes sociedades têm implementado medidas, ou formas de trabalho, que acabam fazendo com que o trabalhador não tenha garantia de segurança social normal.

4. Adiar

Esta estratégia consiste em fazer com que os cidadãos pensem que estão tomando uma medida que temporariamente é prejudicial, mas que no futuro pode trazer grandes benefícios para toda a sociedade e, claro, para os indivíduos.

O objetivo é que as pessoas se acostumem com a medida e não a rejeitem, pensando no suposto bem que trará amanhã. No momento, o efeito da “normalização” já operou e as pessoas não protestam porque os benefícios prometidos não chegam.

5. Infantilizar o público

Muitas das mensagens televisivas, especialmente publicidade, tendem a falar ao público como se fossem crianças. Eles usam gestos, palavras e atitudes que são conciliadoras e impregnadas com uma certa aura de ingenuidade.

O objetivo é superar as resistências das pessoas. É uma das estratégias de manipulação massiva que busca neutralizar o senso crítico das pessoas. Os políticos também empregam essas táticas, às vezes se mostrando como figuras paternas.

6. Apelar para as emoções

As mensagens que são projetadas a partir do poder não têm como objetivo a mente reflexiva das pessoas. O que eles procuram principalmente é gerar emoções e atingir o inconsciente dos indivíduos. Por isso, muitas dessas mensagens são cheias de emoção.

O objetivo disso é criar uma espécie de “curto-circuito” com a área mais racional das pessoas. Com emoções, o conteúdo geral da mensagem é capturado, não seus elementos específicos. Desta forma, a capacidade crítica é neutralizada.

7. Criar públicos ignorantes

Manter as pessoas na ignorância é um dos propósitos do poder. Ignorância significa não dar às pessoas as ferramentas para que possam analisar a realidade por si mesmas. Diga-lhe os dados anedóticos, mas não deixe que ele conheça as estruturas internas dos fatos.

Manter-se na ignorância também não dar ênfase à educação. Promover uma ampla lacuna entre a qualidade da educação privada e a educação pública. Adormecer a curiosidade de conhecimento e dá pouco valor aos produtos de inteligência.

8. Promover públicos complacentes

A maioria das modas e tendências não são criadas espontaneamente. Quase sempre são induzidas e promovidas de um centro de poder que exerce sua influência para criar ondas massivas de gostos, interesses ou opiniões.

A mídia geralmente promove certas modas e tendências, a maioria delas em torno de estilos de vida tolos, supérfluos ou mesmo ridículos. Eles convencem as pessoas de que se comportar assim é “o que está na moda”.

9. Reforço da auto-censura

Outra estratégia de manipulação em massa é fazer as pessoas acreditarem que elas, e somente elas, são as culpadas de seus problemas. Qualquer coisa negativa que aconteça a eles, depende apenas delas mesmas. Desta forma, fazem-lhes acreditar que o ambiente é perfeito e que, se ocorrer uma falha, é responsabilidade do indivíduo.

Portanto, as pessoas acabam tentando se encaixar em seu ambiente e se sentindo culpadas por não conseguir. Elas deslocam a indignação que o sistema poderia causar, para uma culpa permanente por si mesmos.

10. Conhecimento profundo do ser humano

Durante as últimas décadas, a ciência conseguiu coletar uma quantidade impressionante de conhecimento sobre a biologia e a psicologia dos seres humanos. No entanto, todo esse patrimônio não está disponível para a maioria das pessoas.

Apenas uma quantidade mínima de informações está disponível ao público. Enquanto isso, as elites têm todo esse conhecimento e usam-no conforme sua conveniência. Mais uma vez, fica claro que a ignorância facilita a ação do poder sobre a sociedade.

Todas essas estratégias de manipulação em massa visam manter o mundo como ele é mais poderoso. Bloqueie a capacidade crítica e a autonomia da maioria das pessoas. No entanto, depende também de nos deixarmos ser passivamente manipulados, ou oferecer resistência tanto quanto possível. Por Pensar Contemporâneo ]
Do site: https://www.pensarcontemporaneo.com

terça-feira, 13 de novembro de 2018

40% DE IMPOSTOS

40% de Impostos e Ainda Pagamos Tudo 30% Mais Caro?


Ou seja, 70% da sua renda simplesmente some, pela incompetência do nosso governo e de nossas empresas familiares.

Resolvidos esses dois problemas, nossa renda per capita poderia, no limite, triplicar. E temos mais 69 problemas não resolvidos na mesa.

E vocês nessas horas só chamam economistas?

Que loucura coletiva é essa?

A tragédia é que eles fazem o estudo e não sabem analisá-los.

Veja o maior item “juros sobre capital de giro”, que aumenta nossos produtos em 10%.

A maioria logo atribui à elevada taxa de juros, e não à crônica falta de capital de giro, problema que vocês já me viram apontar n vezes.

Nossas empresas são administradas por pessoas que não sabem qual o benchmark ideal de capital de giro.

Ou administram mal e o primeiro item que some é o capital de giro, e que mantém a empresa apesar do prejuízo.

Pior, foram nossos Ministros da Fazenda que encurtaram o prazo de pagamento de impostos de 120 para 10 dias, absorvendo para si o capital de giro próprio das empresas.

Na minha reunião com Michel Temer, em janeiro do ano passado, entreguei meu estudo sobre a deterioração sistêmica do capital de giro ao longo de 46 anos.

Eu alertei Temer que 2018 não seria a bonança que Meirelles estava prevendo, porque as empresas não tinham mais o capital de giro para “girar” as máquinas ociosas da Dilma.

O mais triste é que encontrei com Paulo Skaf na antessala, e mostrei que eu iria defender os interesses da FIESP nessa reunião.

Ele estava mais interessado na sua carreira política do que no crescimento do Brasil em 2018. É de lascar!

É isso que me frustra, e agradeço a vocês me ouvirem desabafar aqui, que eu preciso.

Você pesquisa 46 anos, apresenta dados, encontra problemas graves, mas ninguém repassa ou publica.

Você mostra ao maior interessado, o Presidente da FIESP, mas ele está em outra.

Você mostra para o Presidente da República, faz uma previsão certeira, aponta a solução, irrigar a economia estendendo o prazo do IPI, e a ficha não cai?

Se somente Trump fosse nosso Presidente, ele que fez administração em Wharton, e sabe que capital de giro é muitíssimo mais importante do que esse “deficit primário”, santo graal dos economistas que nos levam a falência.
Por: Stephen Kanitz  Do site: http://blog.kanitz.com.br