sexta-feira, 3 de maio de 2019

COMO SE DESTRÓI UM PAÍS

Todos os que apoiaram o socialismo bolivariano nas últimas décadas estão com as mãos sujas de sangue

1. Em 5 de junho de 1989, um dia após o massacre na Praça da Paz Celestial, um manifestante desconhecido postou-se à frente de uma coluna de tanques na Avenida da Paz Longa, que corta a Cidade Proibida, em Pequim. O homem estava desarmado. Tinha em mãos duas sacolas ou peças de roupa, que agitava diante dos tanques Type-59. Cada um desses tanques, fabricado na China segundo um modelo soviético, pesa 36 mil quilos e possui altíssimo poder de fogo, com um canhão de 100 mm e três metralhadoras, sendo uma delas antiaérea.

2. O manifestante desconhecido de 1989 é um dos meus heróis; tenho a sua foto na tela inicial do meu computador. Por alguns momentos, aquele jovem chinês conseguiu conter o avanço da coluna de canhões; mas, na verdade, fez muito mais do que isso: sua imagem foi eternizada como um símbolo da eterna luta do homem contra o poder, do indivíduo livre contra a opressão estatal.

3. Na última terça-feira, 30 anos depois do massacre de Pequim, um carro blindado da Guarda Nacional Bolivariana avançou contra manifestantes desconhecidos na Venezuela. Três características unem as duas cenas. Primeira, a extrema vulnerabilidade das vítimas — desarmadas e desesperadas. Segunda, o gigantismo e a truculência dos algozes — armados até os dentes. Terceira, a força política por detrás da cena — o socialismo.

4. O socialismo-comunismo é o regime mais assassino de todos os tempos. Na China, foram 70 milhões de mortos. Na União Soviética, 20 milhões. No Camboja, 1 milhão. Em Cuba, 115 mil. Isso sem falar na fome, na tortura, na censura, na opressão, na perseguição religiosa e no sofrimento humano que esses regimes e seus apoiadores espalharam por todo o planeta.

5. Todos aqueles que apoiaram o socialismo venezuelano nas últimas décadas estão, de certa forma, no volante daquele carro blindado. A começar pelo maior e mais incondicional fiador da ditadura Chávez-Maduro, aquele senhor que se encontra detido em Curitiba. Mas a lista de algozes é bem mais extensa: inclui os partidos que apoiam o regime assassino, os professores esquerdistas que fazem a defesa do socialismo bolivariano em sala de aula e os isentões que pregam o “diálogo” com os narcoditadores. Todos esses estão hoje com as mãos sujas de sangue.

6. Não se destrói um país do dia para a noite. É um processo que leva muitos anos e envolve um planejamento meticuloso. Destrói-se um país roubando suas riquezas, mas também esfomeando o seu povo. Desarmando as pessoas de bem, destrói-se um país, mas também armando os bandidos. Destrói-se um país destruindo sua moeda, sufocando a livre iniciativa, controlando a liberdade de expressão. Mas também se destrói um país controlando as suas escolas, doutrinando as suas crianças e jovens, sequestrando a sua cultura, condenando milhões ao analfabetismo. Transformando heróis em bandidos e bandidos em heróis, destrói-se um país. E você, meu amigo leitor, sabe quem fez tudo isso nas últimas décadas.

7. Aqueles que aplaudem os algozes da Venezuela são os mesmos que defendem a destruição do Brasil. É nosso dever impedi-los de fazer isso — como aquele homem impediu o avanço da coluna de tanques, mesmo que por alguns segundos.
Por: Paulo Briguet  Publicado originalmente na www.folhadelondrina.com.br