quinta-feira, 30 de abril de 2015

O POVO E A RALÉ

Ao menos Marx qualificava de proletário quem trabalhava; depois da Escola de Frankfurt e do PT, surge a valorização dos desqualificados e da estética do nojo


Karl Marx podia ter todos os defeitos do mundo, desde a vigarice intelectual até as hemorroidas, mas ele sabia que a palavra “proletário” significa “gente que trabalha” e não qualquer Zé-Mané.

Ele combatia o capitalismo porque achava que os ricos enriqueciam tomando o dinheiro dos pobres, o que é talvez a maior extravagância matemática que já passou por um cérebro humano, mas, reconheça-se o mérito, ele nunca confundiu trabalhador com vagabundo, povo com ralé.

Alguns discípulos bastardos do autor de “O Capital”, uns riquinhos muito frescos e pedantes, fundaram um instituto em Frankfurt com o dinheiro de um milionário argentino e resolveram que valorizar antes o trabalho honesto do que os vícios e o crime era uma deplorável concessão de Marx ao espírito burguês.

Usando dos mais requintados instrumentos da dialética, começaram ponderando que o problema não era bem o capitalismo e sim a civilização, e terminaram tirando daí a conclusão lógica de que para destruir a civilização o negócio era dar força aos incivilizados contra os civilizados.

Os frankfurtianos não apostavam muito no paraíso socialista, mas acreditavam que a História era movida pela força do “negativo” (uma sugestão de Hegel que eles tomaram ao pé da letra), e que, portanto, o mais belo progresso consiste em destruir, destruir e depois destruir mais um pouco.

Tentar ser razoável era apenas “razão instrumental”, artifício ideológico burguês. Séria mesmo, só a “lógica negativa”.

A destruição era feita em dois planos.

Intelectualmente, consistia em pegar um a um todos os valores, símbolos, crenças e bens culturais milenares e dar um jeito de provar que no fundo era tudo trapaça e sacanagem, que só a Escola de Frankfurt era honesta, precisamente porque só acreditava em porcaria – coisa que seu presidente, Max Horkheimer, ilustrou didaticamente pagando salários de fome aos empregados que o ajudavam a denunciar a exploração burguesa dos pobres.

Isso levou o nome hegeliano de “trabalho do negativo”. A premissa subjacente era:

- Se alguma coisa sobrar depois que a gente destruir tudo, talvez seja até um pouco boa. Não temos a menor ideia do que será e não temos tempo para pensar em tamanha bobagem. Estamos ocupados fazendo cocô no mundo.

No plano da atividade militante, tudo o que é bom deveria ser substituído pelo ruim, porque nada no mundo presta, e só a ruindade é boa. A norma foi seguida à risca pela indústria de artes e espetáculos. A música não podia ser melodiosa e harmônica, tinha de ser no mínimo dissonante, mas de preferência fazer um barulho dos diabos.

No cinema, as cenas românticas foram substituídas pelo sexo explícito. Quando todo mundo enjoou de sexo, vieram doses mastodônticas de sangue, feridas supuradas, pernas arrancadas, olhos furados, deformidades físicas de toda sorte – fruição estética digna de uma plateia high brow.

Nos filmes para crianças, os bichinhos foram substituídos por monstrengos disformes, para protegê-las da ideia perigosa de que existem coisas belas e pessoas boas. Na indumentária, mais elegante que uma barba de três dias, só mesmo vestir um smoking com sandálias havaianas -- com as unhas dos pés bem compridas e sujas, é claro.

A maquiagem das mulheres deveria sugerir que estavam mortas ou pelo menos com Aids. Quem, na nossa geração, não assistiu a essa radical inversão das aparências? Ela está por toda parte.

Logo esse princípio estético passou a ser também sociológico. O trabalhador honesto é uma fraude, só bandidos, drogados e doentes mentais têm dignidade. Abaixo o proletariado, viva a ralé. De todos os empreendimentos humanos, os mais dignos de respeito eram o sexo grupal e o consumo de drogas.

De Gyorgy Lukacs a Herbert Marcuse, a Escola de Frankfurt ilustrou seus próprios ensinamentos, descendo da mera revolta genérica contra a civilização à bajulação ostensiva da barbárie, da delinquência e da loucura. 

Vocês podem imaginar o sucesso que essas ideias tiveram no meio universitário. Desde a revelação dos crimes de Stálin, em 1956, o marxismo ortodoxo estava em baixa, era considerado coisa de gente velha e careta.

A proposta de jogar às urtigas a disciplina proletária e fazer a revolução por meio da gostosa rendição aos instintos mais baixos, mesmo que para isso fosse preciso a imersão preliminar em algumas páginas indecifráveis de Theodor Adorno e Walter Benjamin, era praticamente irresistível às massas estudantis que assim podiam realizar a coincidentia oppositorum do sofisticado com o animalesco. 

Com toda a certeza, a influência da Escola de Frankfurt, a partir dos anos 60 do século passado, foi muito maior sobre a esquerda nacional que a do marxismo-leninismo clássico.

Sem isso seria impossível entender o fenômeno de um partido governante que, acuado pela revolta de uma população inteira, e não tendo já o apoio senão da ralé lumpenproletária remunerada a pão com mortadela e 35 reais, ainda se fecha obstinadamente na ilusão de ser o heroico porta-voz do povão em luta contra a “elite”.

Dois anos atrás, já expliquei neste mesmo jornal (leia aqui) que uma falha estrutural de percepção levava a esquerda nacional a confundir sistematicamente o povo com o lumpenproletariado, de tal modo que, favorecendo o banditismo e praticando-o ela própria em doses continentais, ela acreditava estar fazendo o bem às massas trabalhadoras, as quais, em justa retribuição de tamanha ofensa, hoje mostram detestá-la como à peste.

O Caderno de Teses do V Congresso do PT é um dos documentos mais reveladores que já li sobre o estado subgalináceo a que os ensinamentos de Frankfurt podem reduzir os cérebros humanos. 
Por: Olavo de Carvalho Publicando no Diário do Comércio

quarta-feira, 29 de abril de 2015

DA NATUREZA DAS COISAS

Em nosso mundo, não há natureza das coisas, entende-se que tudo seja uma construção social.


Delírio puro. Prefiro os antigos, justamente por perceberem que são os limites que nos humanizam, e não o desejo sem limites.

Os inteligentinhos dirão coisas como "conservador!". Mas a vida segue, o mundo se acabará um dia, e os inteligentinhos dirão, em seu último grito de agonia, "opressão!".

Mas não quero falar de política, que trato apenas como quem lida com uma ferida para que ela não se infeccione em demasia.

Quero falar de epicurismo. Não a ideia banal de epicurista como alguém que vai muito ao shopping ou come todas as gostosas do mundo (o sonho de qualquer cara normal). Falo do epicurismo antigo, do filósofo grego Epicuro (341 a.C. - 270 a.C.). De Lucrécio (cerca de 96 a.C. - cerca de 55 a.C.), filósofo latino, autor do poema "Da Natureza das Coisas".

Para ambos, a natureza da realidade é ser contingente. Isso quer dizer que "o fundo da realidade" é o acaso (que é a mesma coisa que contingência em filosofia).

Esse acaso é o movimento livre e sem ordem dos átomos. Portanto, tanto Epicuro quanto Lucrécio eram atomistas, o que é a mesma coisa de dizer que eram materialistas. A alma, esse "ar", se perde no momento da morte.

Como dizia Epicuro, quando eu estou, a morte não está, quando ela está, não estou. Ou seja: não há o que temer na morte porque ela é uma libertação da eterna contingência que move um destino cego. E a melhor coisa nisso é que a "consciência" desaparece.

Essa ideia me parece insuperável como liberdade. Ter a pedra como destino é meu sonho de eternidade.

Sendo assim, morreu, acabou. Muita gente teme uma possibilidade como essa.

Eu tendo a achá-la sedutora principalmente quando suspeito que viver para sempre seria como ser obrigado a beber água para sempre, mesmo tendo passado a sede.

Vejo beleza nisso tudo. A contingência liberta, mas não no sentido moderninho de que por isso podemos nos "inventar" ao bel prazer. Isso é coisa de "teenager".

Mas, justamente o contrário: meu desejo também é contingente, como tudo mais. Dar asas a ele é ter fé de que eu, diferentemente do resto do universo, não sou também feito à semelhança do acaso.

Só os iniciantes confiam em si próprios. Meu desejo é a porta de entrada por onde a contingência se instala do seio da minha alma.

Não, a beleza está no que os antigos epicuristas viam nessa condição: sem deuses, sem eternidade, fruto do acaso, essa é a natureza das coisas, ser cega.

O prazer de Epicuro era justamente o de escapar da escravidão do desejo, não essa ideia contemporânea de que viver a realização contínua do desejo é a felicidade.

A concepção contemporânea de felicidade é brega, coisa de gente que se emociona quando um novo shopping é aberto na cidade.

Lucrécio entendia que a cegueira da natureza é a natureza das coisas.

É dela não carregar sentido em si mesma, e por isso é tão importante: porque me lembra continuamente que a vaidade e as expectativas, com o tempo, se tornam um tormento.

Não é totalmente absurdo escutarmos aqui o sábio israelita, também antigo, que escreveu o "Eclesiastes" (Velho Testamento): "vaidade, tudo é vaidade".

A grande questão é como se sustenta uma vida feliz decorrente dessa natureza das coisas. Podemos dizer que decorre, antes de tudo, do "relaxamento" do desejo que a consciência da contingência traz: a sabedoria da natureza é ela ser puro átomo e não uma lei.

Não há "missão" na vida. Viver segundo os prazeres do trabalho, da mesa e do corpo da mulher é tudo que podemos fazer. O puro prazer de existir.

Sem excessos, do contrário, nos tornamos escravos do trabalho, da mesa e do corpo da mulher.

Não porque uma danação eterna nos espera (ninguém nos vigia), mas porque o excesso do desejo destrói seu próprio usufruto na medida em que nos desesperamos com a possível falta do objeto desse desejo.

Dito de forma simples: não queira pegar todas as mulheres do mundo, mas cuide bem daquelas que, por graça da contingência, vierem a sua cama.
Por: Luiz Felipe Pondé  Publicado na Folha de SP

A DEMOCRACIA DO PATÍBULO



"Dilma foi reeleita por culpa daqueles que se abstiveram de votar! Eles poderiam ter decidido a eleição!"

"Quem não vota não tem o direito de reclamar!"

"Cidadãos conscientes têm de escolher o destino do seu país, e este se dá por meio da urna!"

"Vamos para as ruas!"

As frases acima, vociferadas por pessoas até bem intencionadas, mostram bem o caráter divisor (o famoso "nós e eles") que predomina em uma democracia, sem dúvida o regime mais superestimado da história.

Um regime que vê na "vontade da maioria" um exemplo de modernidade, prosperidade e respeito aos direitos individuais é, na melhor das hipóteses, incoerente; na pior, representa um atentado aos direitos de propriedade, inclusive dos mais pobres.

Na democracia, sempre haverá aqueles que quererão que seus estudos, sua saúde, sua segurança, seu transporte, seus subsídios, seu assistencialismo sejam pagos "pelo estado", o que, na prática, significa "por outros que não eu".

Como explicou Hans-Hermann Hoppe:

Dado que o homem é como ele é, em todas as sociedades existem pessoas que cobiçam a propriedade de outros.[...] 

Quando a entrada no aparato governamental é livre, qualquer um pode expressar abertamente seu desejo pela propriedade alheia. O que antes era considerado imoral e era adequadamente suprimido, agora passa a ser considerado um sentimento legítimo. Todos agora podem cobiçar abertamente a propriedade de outros em nome da democracia; e todos podem agir de acordo com esse desejo pela propriedade alheia, desde que ele já tenha conseguido entrar no governo. Assim, em uma democracia, qualquer um pode legalmente se tornar uma ameaça.

Consequentemente, sob condições democráticas, o popular — embora imoral e anti-social — desejo pela propriedade de outro homem é sistematicamente fortalecido. Toda e qualquer exigência passa a ser legítima, desde que seja proclamada publicamente. Em nome da "liberdade de expressão", todos são livres para exigir a tomada e a consequente redistribuição da propriedade alheia. Tudo pode ser dito e reivindicado, e tudo passa a ser de todos. Nem mesmo o mais aparentemente seguro direito de propriedade está isento das demandas redistributivas. 

Pior: em decorrência da existência de eleições em massa, aqueles membros da sociedade com pouca ou nenhuma inibição em relação ao confisco da propriedade de terceiros — ou seja, amorais vulgares que possuem enorme talento em agregar uma turba de seguidores adeptos de demandas populares moralmente desinibidas e mutuamente incompatíveis (demagogos eficientes) — terão as maiores chances de entrar no aparato governamental e ascender até o topo da linha de comando. Daí, uma situação ruim se torna ainda pior.

Essa mentalidade explica por que partidos de esquerda obtêm sucesso nas eleições. 

Só que sempre pode chegar o momento em que aqueles que são obrigados a sustentar esse arranjo se cansam da espoliação e, impelidos por uma eventual deterioração das condições econômicas, decidem protestar mais veementemente contra o governo, exacerbando ainda mais os problemas inerentes da democracia.

Mas esse fenômeno, observado atualmente no Brasil, é apenas um efeito colateral da democracia. O grande e real problema da democracia — abordado em vários artigos deste site — é que tal regime representa uma forma de controle quase que total sobre os indivíduos e sobre suas respectivas propriedades. 

Pior ainda: tal totalitarismo vigora sob o verniz da legitimidade política, o que permite àqueles que estão no poder — e, por conseguinte, aos seus defensores ideológicos — cometerem o maior número possível de atentados aos direitos dos indivíduos.

A democracia do patíbulo

Um pequeno júri de uma cidade condena um indivíduo à morte pelo "crime" de sonegação fiscal. Ele não estava "compartilhando sua riqueza" como deveria. A maioria da população não aprova a severidade da punição, mas nada pode fazer contra, pois é a lei.

O "criminoso" é então enviado ao patíbulo, prestes a ser executado.

O carrasco lê a sua sentença da seguinte maneira:

- "O senhor será condenado à morte por meio de uma votação, da qual o senhor terá o direito de participar. Há 4 formas possíveis de morrer: enforcado, queimado, decapitado ou crucificado. Haverá uma primeira votação, ao fim da qual as duas maneiras mais bem votadas irão para um segundo turno de votação, na qual será decidida a forma de sua execução."

O condenado pensa: "Prefiro morrer decapitado. É uma morte mais rápida e indolor."

Começa a votação. Todas as pessoas da vizinhança são obrigadas a votar neste espetáculo escatológico, inclusive o condenado. A ele também é dado o direito de fazer lobby e tentar convencer as pessoas a votarem na execução que mais lhe agrada — ou, melhor dizendo, na que ele considera a menos dolorosa.

Acaba a primeira votação.

1ª) Crucificado: 35% dos votos válidos

2ª) Queimado: 24% dos votos válidos

3ª) Enforcado: 22% dos votos válidos

4) Decapitado: 19% dos votos válidos

Muitas pessoas não votaram, ou por serem contra a pena de morte ou por considerarem qualquer uma das quatro penas cruel demais. A votação, portanto, é efetuada apenas por aquela fatia da população mais adepta da crueldade. 

A votação é validada e comemorada como a 'festa do povo'.

E a maneira menos dolorosa de morrer foi fragorosamente derrotada.

É então dada a largada para o segundo turno da votação.

Só que agora, tanto o condenado quanto todas as outras pessoas que não escolheram nenhuma das duas opções de execução que restaram na cédula de votação — ou seja, 41% dos eleitores que votaram (em enforcamento ou decapitação) e mais todos os outros que não votaram — terão justamente de escolher entre duas formas de morte que claramente desprezam.

Novamente, é dado ao condenado o direito de fazer lobby pela forma de morte que ele menos abomina. No entanto, compreensivelmente, o homem decide não fazer. Nenhuma das duas formas de execução "escolhidas pelo povo" é do seu agrado, de modo que ele não vê sentido em despender energia apoiando uma ou outra.

Realizada a segunda votação, o resultado se segue:

1ª) Queimado: 52% dos votos válidos

2ª) Crucificado: 48% dos votos válidos

Novamente, houve uma grande quantidade de pessoas que não votou, por motivos similares aos da primeira votação. 

Mas, dessa vez, o condenado se incluiu entre os não-votantes.

A sentença é deferida e a 'festa do povo' é celebrada pela mídia local.

E a fogueira começa a ser preparada.

O réu, compreensivelmente, protesta contra uma clara violação do seu direito de não ser submetido a algo que ele não escolheu. Mais ainda: ele protesta por não estar sendo submetido à opção "menos ruim" que lhe foi apresentada (a decapitação).

O carrasco então lhe pergunta: "Se o senhor não queria ser queimado, por que não votou na crucificação?"

Ele responde: "Porque eu preferia ser decapitado, ora! Não queimado ou crucificado!"

O carrasco rebate: "Sim, mas a decapitação perdeu, foi a escolha do povo. E a voz do povo é a voz de Deus. Foram lhe dadas mais duas opções e você não escolheu nenhuma. Portanto, seu destino ficou nas mãos do povo. E o povo sempre sabe escolher o que é melhor."

— "Mas eu nem conheço essas pessoas!", exclama o condenado.

— "Olha só: se o senhor quer reclamar de alguém, reclame dos que não votaram. Essas pessoas poderiam ter mudado o seu destino, mas não fizeram nada. Escolheram não votar também. Bote na conta delas a culpa de você estar sendo queimado!"

— "O voto delas me faria ser decapitado?"

— "Não, a decapitação perdeu na primeira votação".

— "Então, me faria escapar da morte?"

— "Não, ora! Você iria morrer de qualquer jeito. Só teria que escolher a forma, e de maneira livre e democrática. Veja que privilégio!"

O condenado explode: "Então, como diabos você acha que os votos de quem não votou em uma eleição 'livre e democrática' para decidir algo contra a minha vontade poderiam me ajudar?!"

O carrasco olha para ele de forma incisiva e diz: "Boa. Escreverei isso na sua lápide".

Da metáfora à realidade

O mais assustador da metáfora acima é que ela é muito mais branda do que a nossa realidade democrática. Exatamente: ela é muito mais branda.

Na metáfora acima, tanto as pessoas que não votaram quanto aquelas que votaram, mas cuja opção foi a derrotada, não sofreram nenhuma consequências. Suas vidas continuaram rigorosamente as mesmas, pois o único afetado foi o condenado. 

Já no nosso sistema democrático, tanto os que não votam quanto aqueles que votam e perdem sofrem as consequências da eleição de alguém que não queriam. Não apenas sua propriedade é afetada, como também elas se tornam obrigadas a viver sob políticas das quais discordam — e muitas vezes abominam.

É difícil conceber um arranjo político mais instável, anti-social e propenso a explosões do que esse.

As pessoas que irão às ruas neste próximo domingo para protestar contra o governo são aquelas que se sentem como o condenado da metáfora: ao passo que o condenado foi obrigado a aceitar uma execução que ele não quis, tais pessoas estão se vendo obrigadas a viver sob um regime comandado por um carrasco que não foi escolhido por elas e de cujas políticas elas discordam.

Só que, assim como o condenado queria apenas troca do método da execução, boa parte dessas pessoas está apenas pedindo a troca do carrasco. E de nada adianta apenas trocar o carrasco se o patíbulo democrático continuar intacto.

A única maneira de o patíbulo democrático deixar de produzir resultados que são contra a vontade da maioria das pessoas (lembrando que o número de abstenções, de votos brancos e nulos e de votos em outro carrasco é sempre maior do que o número de votos obtidos pelo carrasco vencedor) é convencendo essas pessoas a se separar desse regime.

E a solução mais viável é a secessão.

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Leandro Roque contribuiu para este artigo. 

Luciano Rocha é Coach, planejador financeiro e coordenador estadual do Estudantes Pela Liberdade do estado da Paraíba.


terça-feira, 28 de abril de 2015

ACORDO HISTÓRICO COM O IRÃ? PENSE NOVAMENTE.


A Coréia do Norte iniciou seu programa nuclear no final dos anos 50 com ajuda soviética, construindo sua primeira instalação de pesquisa em 1965. Durante os anos 70 e 80, os nortecoreanos riram dos ocidentais mentindo sobre se estavam ou não fazendo pesquisas e levantando usinas para ter sua bomba nuclear.

As tensões chegaram ao limite em 1994, durante o governo Bill Clinton. Em junho, Jimmy Carter é enviado à Coréia do Norte para negociar com Kim Il-sung (foto), o genocida que iniciou o regime mais brutal do mundo hoje, pai de Kim Jong-il e avô de Kim Jong-un. Kim Il-sung morreria poucos dias depois.

O “acordo histórico” foi comemorado pela imprensa, como tudo que um presidente democrata faz e exatamente como está fazendo agora com o acordo do governo Barack Obama com os aiatolás iranianos.

A história era a mesma: os EUA dariam dinheiro, muito dinheiro, para a Coréia do Norte e, em troca, os novos parceiros juravam de pé junto que nunca fariam uma bomba nuclear. Mesmo as pedras de Washington sabiam que Pyongyang nunca levou sua parte do acordo a sério, mas ficou muito feliz em receber caminhões de dinheiro americano em troca de nada.

O final da história você já sabe: a Coréia do Norte embolsou o dinheiro, fez sua bomba nuclear e continua escravizando seu povo e desestabilizando a região, agora com um arsenal nuclear para assombrar os vizinhos.

Qual a chance de um único analista brasileiro ser honesto sobre as reais chances de sucesso desse acordo dos EUA com o Irã? Alguém vai ao menos aceitar a hipótese de que o acordo pode ser, como foi o acordo com a Coréia do Norte em 1994, um fracasso retumbante que não conseguiu parar o programa nuclear da ditadura e ainda encheu o bolso dos genocidas de dinheiro?

A Coréia do Norte é uma potência nuclear hoje e um grande risco para o mundo em função de administrações americanas puramente ideológicas e incompetentes, para não dizer traidoras do próprio país, que insistem em criar “acordos históricos” com fotos de apertos de mão para a imprensa enquanto dão dinheiro, tempo e poder para os piores ditadores do planeta.

Consertar o erro com a Coréia do Norte hoje é bem mais difícil do que era no início dos anos 90, estágio que a teocracia iraniana se encontra atualmente. Ano que vem teremos eleições nos EUA, uma das últimas chances de parar o Irã antes que seja tarde demais.
Por: Alexandre Borges é diretor do Instituto Liberal.
Publicado na Reaçonaria.




segunda-feira, 27 de abril de 2015

TIRADENTES, UM DOS MAIS GRAVES ENGANOS DA HISTÓRIA

Tiradentes é um dos mais graves enganos da História, contada a partir da república. Há algumas décadas passadas celebrava-se o 22 de abril. Nada mais justo: descobrimento do Brasil: Agora não. O 22 de abril passou há um dia qualquer desapercebido de comemoração, fazendo o povo esquecer-se da data. E aí passou-se a celebrar o 21 de abril de abril: Tiradentes! Mas, por que Tiradentes? O Império tivera, em sua história, muitos ícones a comemorar. Além de D. Pedro I, de D. Pedro II, de D. Leopoldina, de D. Amélia, de D. Thereza Christina e da Princesa Isabel, o Império tivera Caxias, Osório, Tamandaré, Barroso, Porto Alegre, Zacarias de Góes e Vasconcellos, Paraná, Paulo Barbosa, Ouro Preto, Alencar, Castro Alves, Amoedo, Gonçalves Dias, Silveira Martins, Ferreira Viana, Carlos Gomes, Mena Barreto, Pirajá, etc. etc. etc.


A República precisava também de um ícone. Deodoro… nem pensar! Arrependera-se de ter proclamado a República e era amigo do Imperador. Floriano Peixoto? Credo em Cruz! Mandou passar a fio da espada, 400 guardas-marinha da Esquadra Imperial, na Revolta da Armada. Prudente de Morais? Não. Chacinou Antônio Conselheiro e todos de Canudos. Campos Salles? Rodrigues Alves? Affonso Penna? Não poderiam servir. Antes da República, eram Conselheiros do Império. Barão do Rio Branco? Como um ícone da República pode ser um Barão? Jamais. Santos Dumont? Era amigo íntimo da Família Imperial no exílio de Paris. Oswaldo Cruz? Foi um grande médico, sanitarista, do período republicano, mas discípulo de outro médico, o Barão de Motta Maia, que acompanhou a Família Imperial, no exílio.

O-Mito-de-Tiradentes-Portal-Conservador

Marechal Rondon? Talvez, mas tinha sangue e cara de índio! Washington Luís? Foi deposto por Getúlio, não serve também. Quem sabe, o próprio Getúlio? O homem dos trabalhadores. Mas… como, ícone de uma República que se diz liberal e democrática… um ditador? Amigo de Hitler, de Mussolini e de Plínio Salgado, que, por sinal, traiu? Juscelino? Fez Brasília! Mas acelerou a inflação e tinha cara de palhaço. Também não serve. Jânio Quadros? Era louco! Mas, então quem? Não há ninguém? Será possível? Villa-Lobos? Gênio da música, mas era um boêmio. Não serve. Foram escarafunchar, na História Colonial, anterior à vinda da Família Rela Portuguesa. Beckman? Não, tem nome alemão. O Sabino, da Sabinada da Bahia? Não serve, não tem perfil de ícone. Os mais antigos? Duarte Coelho, Tomé de Souza, Duarte da Costa, Mem de Sá?

Não podem! Foram nomeados pelo Rei de Portugal e eram seus súditos fiéis. Então, quem? Havia um alferes (sub-oficial) em Ouro Preto, que foi patriota de fato. Participou da conjuração Mineira de 1789 (conhecida como Inconfidência Mineira) que queria a independência de Minas Gerais, da Coroa Portuguesa, e era republicano, e foi o único que se declarou, de fato, revolucionário, enquanto os outros negaram, em Tribunal. Os outros eram importantes, Padres, Juízes, desembargadores, poetas famosos, Coronéis, outros oficiais, etc…etc… Mas todos, ou se mataram na prisão (como Alvarenga Peixoto) ou traíram seus ideais negando sua participação na Inconfidência. Tanto que a pena de morte foi reformada em exílio perpétuo para a África (que não foi perpétuo, pois 33 anos depois, D. Pedro I proclamava a independência (não só de Minas, mas do Brasil todo) e eles puderam voltar (alguns voltaram já no tempo de D. João VI). Nenhum deles, portanto, serve de ícone republicano, mas e o alferes? Não é muito insignificante? Ainda mais que nas horas vagas era barbeiro, e como, costume da época, também arrancava dentes: “Cabelo, barba e dentes”, por favor, e o fulano sentava-se, corajosamente, na cadeira do “Tiradentes”. É insignificante e acabou louco, antes de ser enforcado. (Se é que foi, há dúvidas; como era “masson”, o teriam salvo e trocado por outro, também condenado à morte. Suspeita-se). É um simples alferes, tirador de dentes. Não faz mal. Nós o inventamos. Com quem ele precisa parecer-se? Claro! Com Jesus! O mártir da pátria! Vamos por lhe barbas (os enforcados tinham cabelo e barba raspados, antes da execução). E criar sua História” Será o Ícone da República, já que não há nenhum outro. Foi um patriota republicano. Haverá dúvida? Mas por que não agiu como os demais, tirando o corpo fora? Terá sido mesmo como patriota? Ou como irresponsável, por causa da loucura?

A conjuração, antes de ser descoberta pelas autoridades da coroa-portuguesa, ia de vento em popa, embora com tão poucos partícipes, que podiam reunir-se na sala do poeta Tomaz Antônio Gonzaga (o Dirceu da Marília). Todos eram homens de estatura alta, ou da política ou intelectual, ou militar, etc. entre os de pequena estatura, contava-se Joaquim José da Silva Xavier, o alferes, tiradentes. Era jovem, robusto e patriota (pelo menos parecia ser), logo, a figura indicada para ir, de viagem ao Rio de Janeiro, a fim de encontrar aderentes à Inconfidência. Foi mandado, quase como um moleque de recados. Como não tivesse muita instrução, nem tino político, ou lábia publicitária, fracassou. Todas as portas que visitou no Rio de Janeiro, lhe foram fechadas, ou melhor ainda, lhe eram batidas na cara. Fora! Não queremos nada com você! Fruto da revolução lá dos franceses; fora! E foram tantos os foras, que o já fraco equilíbrio psíquico do Tiradentes, tornou-se em loucura. Voltou para Ouro Preto, ou vila Rica, como também era chamada a capital da capitania. A volta foi mais dura que a vinda, pois se na vinda sofrera as agruras de viajante daquele tempo, pelo menos havia a esperança!

À volta, teve as mesmas agruras, mas sem a esperança. E a falta da esperança aumentou a insanidês. Pousava em fazendas, do caminho. E nas casas-grandes dos fazendeiros (em geral ligadas ao Marquês de Barbacena, governador das Minas Gerais), contava, à mesa, que tropas do Rio de Janeiro marchariam, em breve, para engrossar os exércitos de revolucionários de Ouro Preto, que a França e os Estados Unidos enviariam esquadras, para combater o Vice-Rei, no Rio de Janeiro, impedindo-o de ajudar o Barbacena. E assim por diante. Em cada parada, até Ouro Preto, aumentavam seus delírios. Resultado: O Marquês de Barbacena ficou sabendo de tudo, antes mesmo que o traidor Silvério dos Reis, lhe contasse. Por isso não deu guarida ao Silvério e mandou prendê-lo também. Também, porque, mal Tiradentes chegou a Ouro Preto foi encarcerado, junto com todos os outros inconfidentes, que ele havia delatado, na mais pura ingenuidade dos insensatos e loucos! Como já dissemos foram todos a Tribunal, e negaram; menos ele. O processo chegou a Lisboa e o Alto Tribunal da Corte, condenou todos à pena máxima: forca! Mas reinava em Portugal uma mulher, a Rainha D. Maria I, que ainda não tinha perdido suas faculdades mentais. E como mulher e bondosa católica reformou a sentença de morte, para degredo em Angola, menos para Tiradentes, que havia confessado o crime de lesa majestade. (Dizem que mais tarde, D. Maria I, melhor informada da insanidade de Tiradentes, reformara também sua sentença, para degredo, mas a reforma da sentença, teria chegado tardiamente, pois Tiradentes já tinha sido enforcado).

O Ícone da República, o alferes Tiradentes, é uma figura tão paradoxal, quanto à própria conjuração que se pavoneou do título de Inconfidência. Quem não conhece bem o latim, não entendeu porque a Coroa Portuguesa chamou o movimento de Inconfidência. Porque “Inconfidere”, em latim é o contrário de “Fidere”. “Fidere é confiar”; inconfidere” é desconfiar. Ou melhor: desconfia-se de quem é traidor, inconfidente: Traidores da Coroa. Até hoje, infelizmente, em Ouro Preto , na Praça, Central, sobre o portal da Casa da Câmara está escrito “Museu da Inconfidência” ou seja: “Museu da Traição”.

Por Otto de Alencar de Sá-Pereira, advogado, professor e historiado
Do site: http://portalconservador.com



domingo, 26 de abril de 2015

AS 50 CIDADES MAIS VIOLENTAS DO MUNDO

 Brasil tem 16 na lista

Trinta e quatro das piores cidades do ranking estão localizadas na América Latina

 Antes de escolher um destino para viajar, muitos se preocupam em conferir se o local é seguro. O Business Insider listou as 50 cidades mais violentas ao redor do mundo.

Trinta e quatro das piores cidades do ranking estão localizadas na América Latina, sendo que o assassinato é o crime mais comum na região do que em qualquer outra parte do mundo. O destaque vai para San Pedro Sula, uma cidade em Honduras.

O Brasil não passa longe dessa lista negra e abriga 16 municípios violentos. Além dos assassinatos, o tráfico de drogas, guerras de gangues, instabilidade política, corrupção e a pobreza influenciam na alta violência nas cidades da lista. Confira:

Posição Cidade País

1º lugar San Pedro Sula - Honduras 

2º lugar Caracas - Venezuela 

3º lugar Acapulco - México 

4º lugar Cali - Colômbia 

5º lugar Maceió - Brasil 

6º lugar Distrito Central-  Honduras 

7º lugar Fortaleza-  Brasil 

8º lugar Guatemala City - Guatemala 

9º lugar João Pessoa - Brasil 

10º lugar Barquisimeto - Venezuela 

11º lugar Palmira - Colômbia 

12º lugar Natal - Brasil 

13º lugar Salvador - Brasil 

14º lugar Vitória - Brasil 

15º lugar São Luís - Brasil 

16º lugar Culiacán - México 

17º lugar Ciudad Guayana - Venezuela 

18º lugar Torreón - México 

19º lugar Kingston - Jamaica 

20º lugar Cape Town - África do Sul 

21º lugar Chihuahua City - México 

22º lugar Victoria - México 

23º lugar Belém - Brasil 

24º lugar Detroit - Estados Unidos 

25º lugar Campina Grande - Brasil 

26º lugar Nova Orleans - Estados Unidos

27º lugar San Salvador - El Salvador

28º lugar Goiânia - Brasil

29º lugar Cuiabá - Brasil

30º lugar Nuevo Laredo - México

31º lugar Manaus - Brasil

32º lugar Santa Marta - Colômbia

33º lugar Cúcuta - Colômbia

34º lugar Pereira - Colômbia

35º lugar Medellín - Colômbia

36º lugar Baltimore - Estados Unidos

37º lugar Juárez - México

38º lugar San Juan - Porto Rico

39º lugar Recife - Brasil

40º lugar Macapá - Brasil

41º lugar Nelson Mandela Bay - África do Sul

42º lugar Maracaibo - Venezuela

43º lugar Cuernavaca - México

44º lugar Belo Horizonte - Brasil

45º lugar St. Louis - Estados Unidos

46º lugar Aracajú - Brasil

47º lugar Tijuana - México

48º lugar Durban - África do Sul

49º lugar Porto Príncipe - Haiti

50º lugar Valencia - Velezuela

Vale lembrar que o cálculo é feito de acordo com o número de habitantes e homicídios.

Por:  - Juliana Américo Lourenço da Silva  Fonte: Business Insider









sexta-feira, 24 de abril de 2015

O SILÊNCIO DE LULA

Ao escolher candidatos sem consulta à direção partidária, ele transformou o PT em instrumento de vontade pessoal.

Na história republicana brasileira, não houve político mais influente do que Luiz Inácio Lula da Silva. Sua exitosa carreira percorreu o regime militar, passando da distensão à abertura. Esteve presente na Campanha das Diretas. Negou apoio a Tancredo Neves, que sepultou o regime militar, e participou, desde 1989, de todas as campanhas presidenciais.

Quando, no futuro, um pesquisador se debruçar sobre a história política do Brasil dos últimos 40 anos, lá encontrará como participante mais ativo o ex-presidente Lula. E poderá ter a difícil tarefa de explicar as razões desta presença, seu significado histórico e de como o país perdeu lideranças políticas sem conseguir renová-las.

Lula, com seu estilo peculiar de fazer política, por onde passou deixou um rastro de destruição. No sindicalismo acabou sufocando a emergência de autênticas lideranças. Ou elas se submetiam ao seu comando ou seriam destruídas. E este método foi utilizado contra adversários no mundo sindical e também aos que se submeteram ao seu jugo na Central Única dos Trabalhadores. O objetivo era impedir que florescessem lideranças independentes da sua vontade pessoal. Todos os líderes da CUT acabaram tendo de aceitar seu comando para sobreviver no mundo sindical, receberam prebendas e caminharam para o ocaso. Hoje não há na CUT — e em nenhuma outra central sindical — sindicalista algum com vida própria.

No Partido dos Trabalhadores — e que para os padrões partidários brasileiros já tem uma longa existência —, após três decênios, não há nenhum quadro que possa se transformar em referência para os petistas. Todos aqueles que se opuseram ao domínio lulista acabaram tendo de sair do partido ou se sujeitaram a meros estafetas.

Lula humilhou diversas lideranças históricas do PT. Quando iniciou o processo de escolher candidatos sem nenhuma consulta à direção partidária, os chamados “postes”, transformou o partido em instrumento da sua vontade pessoal, imperial, absolutista. Não era um meio de renovar lideranças. Não. Era uma estratégia de impedir que outras lideranças pudessem ter vida própria, o que, para ele, era inadmissível.

Os “postes” foram um fracasso administrativo. Como não lembrar Fernando Haddad, o “prefeito suvinil”, aquele que descobriu uma nova forma de solucionar os graves problemas de mobilidade urbana: basta pintar o asfalto que tudo estará magicamente resolvido. Sem talento, disposição para o trabalho e conhecimento da função, o prefeito já é um dos piores da história da cidade, rivalizando em impopularidade com o finado Celso Pitta.

Mas o símbolo maior do fracasso dos “postes” é a presidente Dilma Rousseff. Seu quadriênio presidencial está entre os piores da nossa história. Não deixou marca positiva em nenhum setor. Paralisou o país. Desmoralizou ainda mais a gestão pública com ministros indicados por partidos da base congressual — e aceitos por ela —, muitos deles acusados de graves irregularidades. Não conseguiu dar viabilidade a nenhum programa governamental e desacelerou o crescimento econômico por absoluta incompetência gerencial.

Lula poderia ter reconhecido o erro da indicação de Dilma e lançado à sucessão um novo quadro petista. Mas quem? Qual líder partidário de destacou nos últimos 12 anos? Qual ministro fez uma administração que pudesse servir de referência? Sem Dilma só havia uma opção: ele próprio. Contudo, impedir a presidente de ser novamente candidata seria admitir que a “sua” escolha tinha sido equivocada. E o oráculo de São Bernardo do Campo não erra.

A pobreza política brasileira deu um protagonismo a Lula que ele nunca mereceu. Importantes líderes políticos optaram pela subserviência ou discreta colaboração com ele, sem ter a coragem de enfrentá-lo. Seus aliados receberam generosas compensações. Seus opositores, a maioria deles, buscaram algum tipo de composição, evitando a todo custo o enfrentamento.

Desta forma, foram diluindo as contradições e destruindo o mundo da política.

Na campanha presidencial de 2010, com todos os seus equívocos, 44% dos eleitores sufragaram, no segundo turno, o candidato oposicionista. Havia possibilidade de vencer mas a opção foi pela zona de conforto, trocando o Palácio do Planalto pelo controle de alguns governos estaduais.

Se em 2010 Lula teve um papel central na eleição de Dilma, agora o que assistimos é uma discreta participação, silenciosa, evitando exposição pública, contato com os jornalistas e — principalmente — associar sua figura à da presidente. Espertamente identificou a possibilidade de uma derrota e não deseja ser responsabilizado. Mais ainda: em caso de fracasso, a culpa deve ser atribuída a Dilma e, especialmente, à sua equipe econômica.

Lula já começa a preparar o novo figurino: o do criador que, apesar de todos os esforços, não conseguiu orientar devidamente a criatura, resistente aos seus conselhos. A derrota de Lula será atribuída a Dilma, que, obedientemente, aceitará a fúria do seu criador. Afinal, se não fosse ele, que papel ela teria na política brasileira?

O PT caminha para a derrota. Mais ainda: caminha para o ocaso. Não conseguirá sobreviver sem estar no aparelho de Estado. Foram 12 anos se locupletando. A derrota petista — e, mais ainda, a derrota de Lula — poderá permitir que o país retome seu rumo. E no futuro os historiadores vão ter muito trabalho para explicar um fato sem paralelo na nossa história: como o Brasil se submeteu durante tantos anos à vontade pessoal de Luiz Inácio Lula da Silva.
Por: Marco Antonio Villa,  historiador  Do site: http://sergiorochareporter.com.br


O QUE VOCÊ FEZ DURANTE A "HORA DO PLANETA"?


Sendo uma pessoa racional, abomino essa tal Hora do Planeta, que diz que as pessoas devem ficar 60 minutos com todas as luzes apagadas, sem utilizar nenhum aparelho elétrico, como forma de manifestar concordância com o mito climático reinante.

E meus motivos passam longe de ser uma mera birra contra a religião do "aquecimento global" (desculpe, "mudanças climáticas", igual aquelas que ocorrem quando vamos do outono para o inverno). Minhas motivações são outras.

Eletricidade abundante e barata foi a maior fonte de libertação do ser humano no século XX. Todos os avanços materiais e sociais ocorridos no século XX dependeram da proliferação de eletricidade confiável e acessível. 

Por exemplo, as mulheres só conquistaram a liberdade de poder trabalhar fora de casa porque a disponibilidade de eletricidade permitiu a massificação do uso de aparelhos domésticos eletroeletrônicos, os quais reduziram enormemente o tempo dedicado às tarefas da casa, bem como o fardo físico exigido por tais tarefas.

As crianças só puderam parar de fazer trabalhos pesados, e passar a frequentar escolas, porque a disponibilidade de eletricidade permitiu um aumento na produtividade da mão-de-obra (uma serra elétrica é mais produtiva que um serrote), uma diminuição no número de pessoas necessárias para realizar uma mesma função, e uma redução da carga de trabalho muscular necessária para a realização de várias tarefas. Adicionalmente, foi a eletricidade que permitiu que elas pudessem ler e estudar da maneira segura dentro de ambientes fechados.

O desenvolvimento e a oferta de serviços modernos de saúde são absolutamente impossíveis sem eletricidade. A expansão da oferta de alimentos e a promoção de hábitos de higiene e de nutrição só ocorreram porque nos tornamos capazes de irrigar campos, refrigerar e cozinhar alimentos, e ter um contínuo fluxo de água quente em nossas casas. 

As populações mais pobres do mundo ainda sofrem brutais condições ambientais dentro de suas casas por causa de necessidade de cozinhar alimentos e de iluminar suas casas fazendo fogo com galhos e estrume. Essa ausência de eletricidade, além de causar desmatamento local, ainda causa a proliferação de doenças pulmonares. 

Qualquer pessoa que realmente queira melhorar as condições de vida do terceiro mundo deveria deixar a ideologia de lado e se dar conta da importância de ter acesso à eletricidade barata gerada pela queima de combustíveis fosseis em estações geradoras. Afinal, foi assim que o Ocidente se desenvolveu.

A mentalidade em torno da Hora do Planeta é uma mentalidade que demoniza a eletricidade. Já eu celebro a eletricidade por tudo aquilo que ela propiciou à humanidade. A Hora do Planeta celebra a ignorância, a pobreza e o atraso. Ao repudiar o maior propulsor da libertação humana, a Hora do Planeta se transforma em uma hora dedicada ao anti-humanismo e ao obscurantismo. Os adeptos da Hora do Planeta fazem o gesto hipócrita de desligar aparelhos elétricos triviais, durante um período de tempo trivial, em deferência a uma abstração mal definida chamada "o Planeta", ao mesmo tempo em que têm a segurança de que continuarão se beneficiando de uma oferta de eletricidade contínua e segura. Apenas pessoas acostumados a todos os confortos fornecidos pela eletricidade podem se dar ao luxo desse gesto farisaico.

Pessoas que veem virtude em ficar sem eletricidade deveriam, por coerência, desligar suas geladeiras, fogões, fornos microondas, computadores, ar-condicionado, chuveiro elétrico, lâmpadas, televisões e todos os outros aparelhos elétricos por um mês, e não por apenas uma hora. E deveriam ir a todas as unidades cardíacas dos hospitais e desligar a eletricidade de lá também.

Já eu não quero voltar a um estado brutal da natureza. Vá a uma região atingida por terremotos, enchentes e furacões, e você verá o que é retroceder ao estado natural do ser humano. Para seres humanos, viver em condições "naturais" significaria uma vida extremamente curta marcada pela violência, pela doença e pela ignorância. Apenas ignorantes, embora muitos possam ser genuinamente bem-intencionados, podem querer isso. A maioria dos ambientalistas atuais é formada por tipos de classe alta, gente chique que mora em regiões abastadas, rodeadas de todos os confortos que apenas o capitalismo pode dar. Ambientalistas não moram no meio de árvores e madeiras, sem nenhuma eletricidade. Quem mora, não tem nenhuma ilusão quanto à bondade da deusa Gaia. Estes sabem que a própria existência da humanidade depende da subjugação da natureza, a qual deve ser constantemente domesticada e adaptada aos nossos conformes. Se algum dia pararmos de fazer isso, as selvas irão reivindicar e retomar nossas cidades.

É por isso que aquelas pessoas que genuinamente querem ver o fim da pobreza e uma redução drástica das doenças estão, na realidade, lutando contra essa condição "natural" da vida na terra. Espero que essas sempre deixem suas luzes acessas.

Aqui em Ontário, onde moro, por meio do uso de tecnologias de controle de poluição e de engenharia avançada, a qualidade do nosso ar melhorou dramaticamente desde a década de 1960, não obstante a grande expansão da indústria e da oferta de energias elétrica, mineral e derivada de combustíveis fósseis. 

Se, após tudo isso, formos aceitar a ideia de que as emissões remanescentes são maiores do que todos os benefícios da eletricidade, e que por isso temos de nos envergonhar e nos punirmos ficando uma hora no escuro, como crianças de castigo por terem feito estripulias, então estaremos dizendo que a natureza imaculada é um ideal absoluto e transcendental, que está muito acima de todas as outras obrigações éticas e humanas. 

Não, obrigado. Gosto de visitar a natureza e observá-la, mas não quero viver no meio dela. E me recuso a aceitar a ideia de que a civilização, não obstante todos os seus defeitos, é algo de que devemos nos envergonhar.

Ah, sim, o que eu fiz durante a Hora do Planeta? Enquanto os obscurantistas exigiam escuridão, fiz questão de acender absolutamente todas as luzes da minha casa, dentro e fora, para celebrar a civilização humana.
Ross McKitrick é professor de economia na Universidade de Guelph, Ontário, Canadá.

quinta-feira, 23 de abril de 2015

"VAMOS DEBATER AS CAUSAS DA POBREZA!"


Um dos passatempos favoritos de sociólogos e demais intelectuais da área social é discutir justamente um dos assuntos menos controversos de toda a área sociológica: as causas da pobreza.

Por que a discussão é inócua? Simples: porque a pobreza é a condição natural do ser humano. 

Há muito pouco de complicado ou de interessante na pobreza. A pobreza sempre foi a norma; a pobreza sempre foi a condição natural e permanente do homem ao longo da história do mundo. 

As causas da pobreza são bem simples e diretas. Em qualquer lugar em que não haja empreendedorismo, respeito à propriedade privada, segurança jurídica, acumulação de capital e investimento, a pobreza será a condição predominante. Isole um grupo de pessoas em uma ilha, peça para que elas não tenham nenhuma livre iniciativa, proíba a propriedade de bens escassos, e você verá que a pobreza será a condição geral e permanente dessas pessoas.

Em termos gerais, indivíduos em particular ou nações inteiras em geral são pobres por uma ou mais das seguintes razões: (1) eles não podem ou não sabem produzir muitos bens ou serviços que sejam muito apreciados por outros; (2) eles podem e sabem produzir bens ou serviços apreciados por outros, mas são impedidos de fazer isso; ou (3) eles voluntariamente optam por ser pobres.

O que é realmente desafiador é discutir as causas da riqueza; discutir o que realmente eleva as pessoas de sua condição natural (a pobreza) para a opulência e a fartura. 

O verdadeiro mistério é entender por que realmente existe alguma riqueza no mundo. Como é que uma pequena fatia da população humana (em sua maioria no Ocidente), por apenas um curto período da história humana (principalmente nos séculos XIX, XX e XXI), conseguiu escapar do mesmo destino de seus predecessores?

A ascensão

O sistema pré-capitalista de produção era restritivo. Sua base histórica era a conquista militar. Os reis vitoriosos cediam a terra conquistada aos seus paladinos. Esses aristocratas eram lordes no sentido literal da palavra, uma vez que eles não dependiam de satisfazer consumidores; seu êxito não dependia de consumidores consumindo ou se abstendo de consumir seus produtos no mercado.

Por outro lado, eles próprios eram os principais clientes das indústrias de processamento, as quais, sob o sistema de guildas, eram organizadas em um esquema corporativista (as corporações de ofício). Tal esquema se opunha fervorosamente a qualquer tipo de inovação. Ele proibia qualquer variação e divergência dos métodos tradicionais de produção. Era extremamente limitado o número de pessoas para quem havia empregos até mesmo na agricultura ou nas artes e trabalhos manuais. 

Sob essas condições, vários homens, para utilizar as palavras de Malthus, descobriram que "não há vagas para eles no lauto banquete da natureza", e que ela, a natureza, "o ordena a dar o fora".[1] Porém, alguns destes proscritos ainda assim conseguiram sobreviver e ter filhos. Com isso, fizeram com que o número de desamparados crescesse desesperadoramente. 

Mas então surgiu o capitalismo.

A feição característica do capitalismo que o distinguiu dos métodos pré-capitalistas de produção era o seu novo princípio de distribuição e comercialização de mercadorias. Surgiram as fábricas e começou-se a produzir bens baratos para a multidão. Todas as fábricas primitivas foram concebidas para servir às massas, a mesma camada social que trabalhava nas fábricas. 

Elas serviam às massas tanto de forma direta quanto indireta: de forma direta quando lhes supriam produtos diretamente, e de forma indireta quando exportavam seus produtos, o que possibilitava que bens e matérias-primas estrangeiros pudessem ser importados. Este princípio de distribuição e comercialização de mercadorias foi a característica inconfundível do capitalismo primitivo, assim como é do capitalismo moderno.

O capitalismo, em conjunto com a criatividade tecnológica, foi o que livrou o Ocidente do fantasma da armadilha malthusiana. Antes da Revolução Industrial, as populações crescentes pressionavam inexoravelmente os meios de subsistência. Porém, quando as fábricas de Manchester, na Inglaterra, começaram a atrair um volume maciço de pobres que estavam ociosos no meio rural, e quando elas passaram a importar trigo barato, Malthus se tornou um profeta desacreditado em sua própria Grã-Bretanha.

Como acabou ocorrendo, toda a criatividade e inventividade que o capitalismo desencadeou se refletiu nas estatísticas de natalidade: pessoas de classe média que não mais necessitavam gerar famílias grandes para ter filhos que trabalhasse e ajudassem no sustento começaram a limitar a quantidade de filhos.

Essa combinação entre famílias menores e uma aplicação mais engenhosa da ciência à agricultura acabou com o problema da inanição no Ocidente. A partir daí, a pobreza deixou de ser predominante e passou a ficar restrita a um número cada vez menor de pessoas.

Riqueza e pobreza

A diferença entre o Robinson Crusoé pobre e o Robinson Crusoé rico é aparentemente simples, porém essencial: o rico dispõe de bens de capital. E para ter esses bens de capital, ele teve de poupar e investir. 

Bens de capital são fatores de produção — no mundo atual, ferramentas, maquinários, computadores, equipamentos de construção, tratores, escavadeiras, britadeiras, serras elétricas, edificações, fábricas, meios de transporte e de comunicação, minas, fazendas agrícolas, armazéns, escritórios etc. — que auxiliam os seres humanos em suas tarefas e, consequentemente, tornam o trabalho humano mais produtivo.

Os bens de capital do Robinson Crusoé rico (por exemplo, uma rede e uma vara de pescar, construídas com bens que ele demorou, digamos, 5 dias para produzir) foram obtidos porque ele poupou (absteve-se do consumo) e, por meio de seu trabalho, transformou os recursos que ele não havia consumido em bens de capital. Estes bens de capital permitiram ao Robinson Crusoé rico produzir bens de consumo (pescar peixes e colher frutas) e com isso seguir vivendo cada vez melhor.

Já o Robinson Crusoé pobre, por sua vez, não dispõe de bens de capital. Todo o seu trabalho é feito à mão. Consequentemente, ele é menos produtivo e, por produzir menos e ter menos bens à sua disposição, ele é mais pobre e seu padrão de vida é mais baixo.

O Robinson Crusoé rico é mais produtivo. E, por ser mais produtivo, não apenas ele pode descansar mais, como também pode poupar mais, o que irá lhe permitir acumular ainda mais bens de capital e consequentemente aumentar ainda mais a sua produtividade no futuro. 

Já o Robinson Crusoé pobre consome tudo o que produz. Ele não tem outra opção. Como ele não é produtivo, ele não pode se dar ao luxo de descansar e poupar. Essa ausência de poupança compromete suas chances de aumentar seu padrão de vida no futuro.

O mesmo raciocínio pode ser aplicado para se diferenciar uma nação rica de uma nação pobre.

Que diferença há entre EUA e Índia? Será que a população indiana é mais pobre porque trabalha menos? Não. Na Índia, trabalha-se até mais do que nos EUA. Será que um indiano — ou um egípcio ou um mexicano ou um haitiano — possui menos conhecimento tecnológico que um americano ou um suíço? Não, o conhecimento está hoje disperso pelo mundo e tende a ser o mesmo. Com efeito, os técnicos indianos são reconhecidos como uns dos melhores do mundo. Então, por que há pessoas desnutridas e morrendo de inanição em Calcutá mas não em Zurique ou em San Francisco?

A diferença entre uma nação rica e uma nação pobre pode ser explicada exclusivamente por um único fator: a nação rica possui uma quantia muito maior de bens de capital do que uma nação pobre. 

Ao passo que na Índia um agricultor cultiva sua terra com duas vacas e um arado, nos EUA, um agricultor utiliza um trator e um computador. E, com esses bens de capital, ele é múltiplas vezes mais produtivo do que seu congênere indiano. O americano seria o Robinson Crusoé rico, que possui uma rede e uma vara de pescar; o indiano seria o Robinson Crusoé pobre, que utiliza as próprias mãos para colher alimentos.

Quando um indivíduo tem de utilizar apenas o trabalho de suas mãos, e o produto que ele produz é utilizado imediatamente para seu consumo final, ele é pobre. Quando este mesmo indivíduo passa a utilizar bens de capital, como tratores, computadores e vários tipos de máquinas — os quais só puderam ser construídos graças à poupança e ao subsequente investimento de outras pessoas —, ele pode multiplicar acentuadamente sua produtividade e, consequentemente, ser muito mais rico.

Quanto maior a estrutura de produção — isto é, quanto maior o número de etapas intermediárias utilizadas para a produção de um bem —, mais produtivo tende a ser o processo de produção. Por exemplo, se o bem de consumo a ser produzido é o milho, você tem de preparar e cultivar a terra. Você pode fazer tal tarefa com um arado ou com um trator. O trator moderno é um bem de capital cuja produção exige um conjunto de etapas muito mais numeroso, complexo e prolongado do que o número de etapas necessário para a produção de um arado. Consequentemente, para arar a terra, um trator moderno é muito mais produtivo do que um arado. Portanto, o processo de produção do milho será mais produtivo caso você utilize um trator (cuja produção demandou um processo de várias etapas) em vez de um arado (cujo processo de produção é extremamente mais simples).

Isto explica por que um trabalhador nos EUA ganha um salário muito maior do que um trabalhador na Índia executando a mesma função. O primeiro possui à sua disposição bens de capital em maior quantidade e de maior qualidade do que o segundo. Logo, o primeiro produz muito mais do que o segundo em um mesmo período de tempo. Quem produz mais pode ganhar salários maiores.

Essa é a característica que diferencia um país rico de um país pobre.

As causas da riqueza

A única maneira de se favorecer as classes trabalhadoras e os mais pobres, portanto, é dotando-lhes de bens de capital, os quais são produzidos graças à poupança e ao investimento de capitalistas. 

O que é um capitalista? Capitalista é todo indivíduo que poupa (que consome menos do que poderia) e que, ao abrir mão de seu consumo, permite que recursos escassos sejam utilizados para a criação de bens de capital.

Consequentemente, se um determinado país pobre quer enriquecer, ele deve criar um ambiente empreendedorial e institucional que garanta a segurança da poupança e dos investimentos. A primeira medida que ele tem de tomar é criar um ambiente propício ao empreendedorismo e à livre iniciativa.



A única maneira de se sair da pobreza é fomentando a poupança, permitindo o livre investimento da poupança em bens de capital, e estabelecendo um sistema de respeito à propriedade privada que favoreça a criatividade empresarial e a livre iniciativa. O que gera riqueza para um país é poupança, acumulação de capital, divisão do trabalho, capacidade intelectual da população (se a população for inepta, a mão-de-obra terá de ser importada), respeito à propriedade privada, baixa tributação, segurança institucional, segurança jurídica, desregulamentação econômica, moeda forte, ausência de inflação, empreendedorismo da população, leis confiáveis e estáveis, arcabouço jurídico sensato e independente etc.

Em suma, é necessário haver um ambiente que permita que os capitalistas tenham liberdade e segurança para investir e desfrutar os frutos de seus investimentos (o lucro).

Um país que persegue os capitalistas, que tolhe a livre iniciativa, que não assegura a propriedade privada, que tributa os lucros gerados pelos investimentos, e que cria burocracias e regulamentações sobre vários setores do mercado é um país condenado à pobreza. 

Já um país que fomenta a poupança, que respeita a propriedade privada, que fornece segurança jurídica e institucional, e que permite a liberdade empreendedorial e a acumulação de bens de capital é um país que sairá da pobreza e em poucas gerações poderá chegar à vanguarda do desenvolvimento econômico.

A real solução para a pobreza não está em um sistema de redistribuição de renda comandado pelo governo. A solução está no aumento da produção. O padrão de vida de um país é determinado pela abundância de bens e serviços. 

Quanto maior a quantidade de bens e serviços ofertados, e quanto maior a diversidade dessa oferta, maior será o padrão de vida da população. Quanto maior a oferta de alimentos, quanto maior a variedade de restaurantes e de supermercados, de serviços de saúde e de educação, de bens como vestuário, materiais de construção, eletroeletrônicos e livros, de pontos comerciais, de shoppings, de cinemas etc., maior tende a ser a qualidade de vida da população.

E só é possível aumentar essa produção se houver investimentos em bens de capital, em maquinários e ferramentas mais eficientes. O empreendedor da livre iniciativa, que faz investimentos capitalistas, é o verdadeiro herói da guerra à pobreza.

Conclusão

A pobreza é uma indústria e, em uma democracia, é sempre possível lucrar politicamente em cima dela. A exigência de que o governo "tome medidas" para acabar com a pobreza serve apenas para alimentar o crescimento de uma burocracia que suga para si própria grande parte dos frutos da renda nacional. Todo e qualquer ministério, programa ou secretaria criado pelo governo tem, em última instância, o objetivo de reduzir a pobreza.

A promessa de eliminação da pobreza tendo o estado como agente solucionador é apenas um discurso puramente ideológico: não há nenhum mecanismo prático para lograr esse feito, a não ser a utilização daqueles meios que já foram criados pela própria expansão do capitalismo. Ou seja: a ação direta do governo servirá apenas para acrescentar mais um elemento parasitário ao arranjo econômico, aumentando os custos de uma burocracia cada vez mais paralisante, intrusa e contraproducente.

Em uma economia de mercado, acabar com a pobreza é algo quase que inevitável. Bastaria que o governo permitisse a progressiva acumulação de capital por parte dos empreendedores capitalistas. O resultado seria de tal grandeza que até o trabalho mais mal remunerado geraria renda mais do que suficiente para a subsistência.

Mas, infelizmente, esse é um debate que a maioria dos intelectuais, por motivos ideológicos, se recusa a fazer.

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Autores:

Jesús Huerta de Soto, professor de economia da Universidade Rey Juan Carlos, em Madri, é o principal economista austríaco da Espanha. Autor, tradutor, editor e professor, ele também é um dos mais ativos embaixadores do capitalismo libertário ao redor do mundo. Ele é o autor de A Escola Austríaca: Mercado e Criatividade Empresarial, Socialismo, cálculo econômico e função empresarial e da monumental obra Moeda, Crédito Bancário e Ciclos Econômicos.

Walter Williams, professor honorário de economia da George Mason University e autor de sete livros. Suas colunas semanais são publicadas em mais de 140 jornais americanos.

Ludwig von Mises, líder da Escola Austríaca de pensamento econômico, um prodigioso originador na teoria econômica e um autor prolífico. Os escritos e palestras de Mises abarcavam teoria econômica, história, epistemologia, governo e filosofia política. Suas contribuições à teoria econômica incluem elucidações importantes sobre a teoria quantitativa de moeda, a teoria dos ciclos econômicos, a integração da teoria monetária à teoria econômica geral, e uma demonstração de que o socialismo necessariamente é insustentável, pois é incapaz de resolver o problema do cálculo econômico. Mises foi o primeiro estudioso a reconhecer que a economia faz parte de uma ciência maior dentro da ação humana, uma ciência que Mises chamou de "praxeologia".


 Thomas R. Malthus, An Essay on the Principle of Population (Ensaio sobre a População), 2nd ed. (London, 1803), p. 531.

quarta-feira, 22 de abril de 2015

PEDAGOGIA DO OPRIMIDO


No final de 2014, conversei sobre Paulo Freire com uma pessoa de quem gosto muito e que tem opiniões opostas às minhas. Ela perguntou se eu tinha lido algum dos livros dele. Só A Importância do Ato de Ler, mas há tanto tempo que não me lembro de quase nada, respondi. Nunca li Pedagogia do Oprimido, confessei. Você não pode criticar o que não conhece, acusou ela. Prometi que leria Pedagogia do Oprimido e escreveria uma resenha. Aqui está.

Não é uma leitura fácil. Embora o livro não seja extenso, com pouco mais de 100 páginas, levei dois meses para terminar. Achei a linguagem confusa, com termos inventados ou palavras às quais o autor atribui um sentido peculiar, sem contudo definir claramente esse sentido. Muitas vezes, não há um encadeamento lógico entre um parágrafo e o seguinte, entre uma frase e a próxima, entre uma idéia e outra. Nesse aspecto, lembra muito o estilo do Alcorão. Paulo Freire tem um cacoete de separar os prefixos dos radicais das palavras (co-laboração, ad-mirar, re-criar), como se isso significasse alguma coisa. Há muitas passagens com sentido obscuro (vejam algumas abaixo), muitas repetições, citações de supostas autoridades em educação (como Mao, Lênin, Che, Fidel e Frantz Fanon) e menções freqüentes a que se vai voltar ao assunto depois ou a que já se tratou dele antes.

Logo na introdução, somos brindados com esta afirmação: “Se a sectarização, como afirmamos, é o próprio do reacionário, a radicalização é o próprio do revolucionário. Dai que a pedagogia do oprimido, que implica numa tarefa radical cujas linhas introdutórias pretendemos apresentar neste ensaio e a própria leitura deste texto não possam ser realizadas por sectários.” Minha leitura deste trecho é: “Só quem já concorda comigo pode ler o que escrevo.”

Vou apresentar a seguir o que entendi do livro, procurando ao máximo omitir minhas opiniões, que guardarei para o final da resenha.
Paulo Freire descreve dois tipos de educação, uma característica de uma sociedade opressora, outra característica de uma sociedade livre, ou que luta para se libertar. A educação da sociedade opressora é chamada de “bancária”, sempre entre aspas, porque ela deposita conhecimentos nos alunos. Ou seja, ela reduz o aluno a um objeto passivo do processo educacional, no qual são jogadas informações sobre Português, Matemática, História, Geografia, Inglês, Física, Química, Biologia, Filosofia. Já a educação libertadora é chamada de dialógica, porque se baseia no diálogo entre professores e alunos (educadores e educandos, na linguagem do livro). É um processo do qual todos são sujeitos ativos e cuja finalidade é ampliar a consciência social de todos, especialmente dos alunos, para que se viabilize a revolução que acabará com a opressão. O livro não detalha o que a educação libertadora fará depois dessa libertação. Imaginamos que mantenha os educandos conscientes e imunes a movimentos reacionários e contra-revolucionários.

A educação dialógica se baseia no diálogo e o diálogo começa com a busca do conteúdo programático. Na parte do livro em que há mais orientações práticas, Paulo Freire recomenda que seja formado um grupo de educadores pesquisadores que observará os educandos e conversará com eles, em situações diversas, para conhecer sua realidade e identificar o que ele chama de temas geradores, que possibilitarão a tomada de consciência dos indivíduos. Haverá reuniões com a comunidade, identificação de voluntários, conversas e visitas para compreender a realidade, observações e anotações. Os investigadores farão um diagnóstico da situação. Então discutirão esse diagnóstico com membros da comunidade para avaliar o grau de consciência deles. Constatando que esse nível é baixo, vão apresentar as situações identificadas aos alunos, para discussão e reflexão, com o objetivo de despertar sua consciência para sua situação de opressão. Se o pensamento do povo é mágico (religioso) ou ingênuo (acredita nos valores de direita), isso será superado pelo processo, conforme o povo pensar sobre a maneira que pensa, e conforme agir para mudar sua situação de opressão.
Paulo Freire enfatiza que o revolucionário não pode manipular os educandos. Todo o processo tem de ser construído baseado no diálogo e no respeito entre os líderes e o povo. Porém, os líderes devem ter a prudência de não confiar no povo, porque as pessoas oprimidas têm a opressão inculcada no seu ser. Como exemplo de um líder que jamais permitiu que seu povo fosse manipulado, Paulo Freire apresenta Fidel Castro.

A palavra é o resultado da soma de ação e reflexão. Se nos baseamos apenas na reflexão, temos um “verbalismo” estéril. Se nos baseamos apenas na ação, temos um “ativismo” inepto. Os líderes revolucionários e os educadores devem compreender que a ação e a reflexão caminham juntas de maneira indissociável, ou não se atingem os objetivos da educação e da revolução.
As características da opressão são a conquista dos mais fracos, a criação de divisões artificiais entre os oprimidos para enfraquecê-los, a manipulação das massas e a invasão cultural. Os opressores se impõem em primeiro lugar pela força. Depois, jogam os oprimidos uns contra os outros, para mantê-los subjugados. As pessoas são manipuladas para acreditarem em falsos valores que lhes são prejudiciais, embora elas não percebam isso. Sua cultura de raiz é esquecida e trocada por símbolos vazios importados de fora, num processo que esmaga a identidade do povo.

As características da libertação são a colaboração (que Paulo Freire grafa co-laboração), a união, a organização e a síntese cultural. A colaboração está contida em tudo o que foi dito sobre educação dialógica, que é feita em conjunto pelos educadores e educandos. A união entre os oprimidos é fundamental para que tenham força para resistir contra o opressor. No trecho em que explica a organização, é citado o médico Dr. Orlando Aguirre, diretor da Faculdade de Medicina de uma universidade cubana, que afirmou que a revolução implica em três P: palavra, povo e pólvora. Disse o Dr. Aguirre: “A explosão da pólvora aclara a visualização que tem o povo de sua situação concreta, em busca, na ação, de sua libertação.” E Paulo Freire complementa: “O fato de não ter a liderança o direito de impor arbitrariamente sua palavra não significa dever assumir uma posição liberalista, que levaria as massas à licenciosidade.” Ele afirma que não existe liberdade sem autoridade. Sobre a síntese cultural, diz que a visão de mundo do povo precisa ser valorizada.

Agora, o que penso sobre o texto. O próprio Paulo Freire deixa claro em vários momentos, que seu livro não é sobre educação. Ensinar, transmitir conhecimentos, é uma preocupação da educação “bancária” opressora. Não é essa a função de um educador libertador. Não, sua função é criar os meios para uma revolução libertadora, como foram libertadoras as revoluções promovidas pelos educadores citados: Mao, Lênin, Fidel. Ou seja, a única preocupação do livro é com os meios para viabilizar uma revolução marxista. Se você, meu leitor, é professor e acha que essa é a sua função, talvez encontre conhecimentos úteis no livro. Caso contrário, não há mais nada nele.
Fiz uma coletânea de palavras utilizadas por Paulo Freire que poderiam ter saído de um discurso de Odorico Paraguaçu: “involucra”, em lugar de envolve, “implicitados”, em lugar de implícitos, “gregarizadas”, deve ser um derivado de gregário, “unidade epocal”, em lugar de unidade de tempo, “fatalistamente”, por fatalisticamente, “insertado”, por inserido. Dois erros divertidos: chamar Régis Debray de Régis Debret e achar que o nome do padre Marie-Dominique Chenu OP (onde OP significa Ordo Praedicatorum, Ordem dos Pregadores, sigla que designa a Ordem dos Dominicanos) é O. P. Chenu. É sintomático que alguém com tantas dificuldades com a Língua Portuguesa seja o Patrono da Educação Brasileira, considerado nossa maior autoridade em alfabetização.

Os brasileiros começam a ficar cansados da doutrinação marxista disfarçada de “educação”
Desafio os bravos leitores a encontrar o sentido dos trechos a seguir. A melhor interpretação ganhará um pão com mortadela. Os grifos são de Paulo Freire.

1) «Na verdade, não há eu que se constitua sem um não-eu. Por sua vez, o não-eu constituinte do eu se constitui na constituição do eu constituído. Desta forma, o mundo constituinte da consciência se torna mundo da consciência, um percebido objetivo seu, ao qual se intenciona. Daí, a afirmação de Sartre, anteriormente citada: “consciência e mundo se dão ao mesmo tempo”.»

2) «O ponto de partida deste movimento está nos homens mesmos. Mas, como não há homens sem mundo, sem realidade, o movimento parte das relações homens-mundo. Dai que este ponto de partida esteja sempre nos homens no seu aqui e no seu agora que constituem a situação em que se encontram ora imersos, ora emersos, ora insertados.»

3) «Sem ele [o diálogo], não há comunicação e sem esta não há verdadeira educação. A que, operando a superação da contradição educador-educandos, se instaura como situação gnosiológica, em que os sujeitos incidem seu ato cognoscente sobre o objeto cognoscível que os mediatiza.»

4) «Esta é a razão pela qual o animal não animaliza seu contorno para animalizar-se, nem tampouco se desanimaliza.»

5) «Somente na medida em que os produtos que resultam da atividade do ser “não pertençam a seus corpos físicos”, ainda que recebam o seu selo, darão surgimento à dimensão significativa do contexto que, assim, se faz mundo.»
6) «Porque, ao contrário do animal, os homens podem tridimensionalizar o tempo (passado-presente-futuro) que, contudo, não são departamentos estanques.» Alguém pode me dizer como é possível tridimensionalizar o tempo?

7) «Uma unidade epocal se caracteriza pelo conjunto de idéias, de concepções, esperanças, dúvidas, valores, desafios, em interação dialética com seus contrários, buscando plenitude. A representação concreta de muitas destas idéias, destes valores, destas concepções e esperanças, como também os obstáculos ao ser mais dos homens, constituem os temas da época.»
Outra característica curiosa são as citações em idiomas diversos. Há citações de Hegel e Karl Jaspers em inglês, de Marx e Erich Fromm em espanhol e de Lukács em francês. Todos esses autores escreveram em alemão. Frantz Fanon, que escreveu em francês, é citado em espanhol. Albert Memmi, que também escreveu em francês, é citado em inglês, e se menciona que há uma edição brasileira de seu livro. Mao é citado em francês. Porque todas essas citações não foram simplesmente traduzidas para o português? E por que Paulo Freire gosta tanto de ditadores, torturadores e assassinos?

Ele afirma que vender seu trabalho é sempre o mesmo que escravizar-se. Porém, desejar não ser mais empregado e tornar-se patrão é escravizar a um outro, tornar-se opressor. Qualquer tipo de contratação de um indivíduo por outro é maligna, é opressão, é escravidão. Só teremos liberdade quando a nenhum indivíduo for permitido contratar ou ser contratado por outro indivíduo. Faz sentido para vocês?
Paulo Freire afirma que os oprimidos devem ser reconhecidos como Pedro, Antônio, Josefa, mas os chama o tempo todo de “massas”. Diz que valoriza a visão de mundo do povo, enquanto não perde uma oportunidade de desdenhar das crenças religiosas desse mesmo povo, chamando-as de mágicas, sincréticas ou mistificações. E ele se dizia católico. 

Como a opressão é uma violência, qualquer violência cometida pelos oprimidos contra os opressores é sempre uma reação justificada. É um raciocínio assustador. Nas palavras dele: “Quem inaugura a tirania não são os tiranizados, mas os tiranos. Quem inaugura o ódio não são os odiados, mas os que primeiro odiaram. Quem inaugura a negação dos homens não são os que tiveram a sua humanidade negada, mas as que a negaram, negando também a sua.” Paulo Freire considera justificados a tirania como resposta a uma tirania anterior e o ódio como resposta a um ódio anterior. E nega a humanidade de quem ele resolver chamar de opressores.
Mais um trecho escabroso: «Mas, o que ocorre, ainda quando a superação da contradição se faça em termos autênticos, com a instalação de uma nova situação concreta, de uma nova realidade inaugurada pelos oprimidos que se libertam, é que os opressores de ontem não se reconheçam em libertação. Pelo contrário, vão sentir-se como se realmente estivessem sendo oprimidos. É que, para eles, “formados” na experiência de opressores, tudo o que não seja o seu direito antigo de oprimir, significa opressão a eles. Vão sentir-se, agora, na nova situação, como oprimidos porque, se antes podiam comer, vestir, calçar, educar-se, passear, ouvir Beethoven, enquanto milhões não comiam, não calçavam, não vestiam, não estudavam nem tampouco passeavam, quanto mais podiam ouvir Beethoven, qualquer restrição a tudo isto, em nome do direito de todos, lhes parece uma profunda violência a seu direito de pessoa. Direito de pessoa que, na situação anterior, não respeitavam nos milhões de pessoas que sofriam e morriam de fome, de dor, de tristeza, de desesperança.»

O fato é que ninguém pode proibir ninguém de comer, vestir, calçar, educar-se, passear ou ouvir Beethoven. E ninguém pode exigir comer, vestir, calçar, educar-se, passear ou ouvir Beethoven às custas dos outros.
Uma última citação abjeta: “Mesmo que haja – e explicavelmente – por parte dos oprimidos, que sempre estiveram submetidos a um regime de expoliação, na luta revolucionária, uma dimensão revanchista, isto não significa que a revolução deva esgotar-se nela.” A revolução não deve se esgotar no revanchismo, mas o revanchismo é parte natural dela. Como alguém que escreveu essas monstruosidades nunca foi processado por incitação à violência e apologia do crime? Como alguém com um pensamento tão anti-social pode ser sequer ouvido, quanto mais cultuado como Patrono da Educação Brasileira?
Chega de doutrinação marxista! Fora Paulo Freire!
Por: Rodrigo Constantino   Do site: http://veja.abril.com.br/blog/rodrigo-constantino/