segunda-feira, 31 de agosto de 2015

A OLIGARQUIA CONTRA O POVO

A base de apoio do PT é uma casquinha da aparências na superfície de uma sociedade em vias de explodir.


Parem se ser hipócritas: defender “as instituições” contra o povo que as constituiu é traição. A vontade popular é clara e indisfarçável: Fora Dilma, Fora PT, Fora o Foro de São Paulo!

Interrompo temporariamente as considerações teóricas da série “Ilusões democráticas” para analisar brevemente o atual estado de coisas.

A premissa básica para se chegar a compreender a presente situação política do Brasil é a seguinte: o PT não subiu ao poder para implantar o comunismo no Brasil, mas para salvar da extinção o movimento comunista na América Latina e preparar o terreno para uma futura tomada do continente inteiro pelo comunismo internacional.

É fácil comprovar isso pelas atas das assembléias do Foro de São Paulo, o qual foi fundado justamente para a realização desse plano.

Na operação, o Brasil exerceria não somente a função de centro decisório e estratégico, mas o de provedor de recursos para os governos e movimentos comunistas falidos.

No décimo-quinto aniversário do Foro, em 2015, o comando das FARC, Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, reconheceu em documento oficial que a fundação desse organismo pelo PT havia pura e simplesmente salvado da extinção o comunismo latino-americano, debilitado e minguante desde a queda do regime soviético.

Para a consecução do plano, era necessário que o PT no governo prosseguisse na aplicação firme e constante da estratégia gramsciana da “ocupação de espaços” e da “revolução cultural”, aliando-se, ao mesmo tempo, a grandes grupos econômicos que pudessem subsidiar e consolidar, pouco importando se por meios lícitos ou ilícitos, a instrumentalização partidária do Estado, o controle da classe política, a supressão de toda oposição ideológica possível e a injeção de dinheiro salvador em vários regimes e movimentos comunistas moribundos.

Basta isso para explicar por que o então presidente Lula pôde ser, numa mesma semana, homenageado no Fórum Social Mundial pela sua fidelidade ao comunismo e no Fórum Econômico de Davos pela sua adesão ao capitalismo, tornando-se assim o enigmático homem de duas cabeças que os “verdadeiros crentes” da direita acusavam de comunista e os da esquerda de vendido ao capitalismo. Mas as duas cabeças, no fundo, pensavam em harmonia: a confusão ideológica só podia favorecer aqueles que, por trás dos discursos eslogans, tinham um plano de longo prazo e a determinação de trocar de máscara quantas vezes fosse necessário para realizá-lo.

O plano era bom, em teoria, mas os estrategistas iluminados do comunopetismo se esqueceram de alguns detalhes:

1. Dominando a estrutura inteira do Estado em vez de se contentar com o Executivo, o partido se transformou no próprio “estamento burocrático” que antes ele jurava combater. Já expliquei isso em artigo anterior (v. http://www.olavodecarvalho.org/semana/150611dc.html).

2. O apoio dos grandes grupos econômicos o descaracterizava ainda mais como “partido dos pobres” e o identificava cada vez mais com a elite privilegiada que ele dizia odiar.

3. O uso maciço das propinas e desvios de verbas como instrumentos de controle da classe política tornava o partido ainda mais cínico, egoísta e desonesto do que essa elite jamais tivera a ousadia de ser. O PT tornou-se a imagem por excelência da elite criminosa e exploradora.

4. O PT havia sido, na década de 90, a força mais ativa nas campanhas que sensibilizaram o povo para o fenômeno da corrupção entre os políticos. Ele criou assim a atmosfera de revolta e até a linguagem do discurso de acusação que haveriam de fazer dele próprio, no devido tempo, o mais odioso dos réus.

5. A “revolução cultural”, a “ocupação de espaços” e a instrumentalição do Estado deram ao PT os meios de fazer uma “revolução por cima”, mas o deixaram desprovido de toda base popular autêntica. Ao longo dos anos, pesquisas atrás de pesquisas demonstravam que o povo brasileiro continuava acentuadamente conservador, odiando com todas as suas forças as políticas abortistas e a “ideologia de gênero” que o partido comungava gostosamente com a elite financeira e com o “proletariado intelectual” das universidades e do show business. Desprovidas as massas de todo meio de expressar-se na mídia e de canais partidários para fazer valer a sua opinião, no coração do povo foi crescendo uma revolta surda, inaudível nas altas esferas, que mais cedo ou mais tarde teria de acabar eclodindo à plena luz do dia, como de fato veio a acontecer, surpreendendo e abalando a elite petista ao ponto de despertar nela as reações mais desesperadas e semiloucas, desde a afetação grotesca de tranqüilidade olímpica até a fanfarronada do apelo às “armas” seguido de trêmulas desculpas esfarrapadas.

A convergência de todos os fatores produziu um resultado que só pessoas de inteligência precária como os nossos congresistas, os nossos cientistas políticos e os nossos analistas midiáticos não conseguiriam prever: quando a mídia pressionada pelas redes sociais e pela pletora de denúncias judiciais desistiu de continuar acobertando os crimes do PT (voltarei a isto em artigo próximo), a revolta contra o esquema comunopetista tomou as ruas, nas maiores manifestações de protesto de toda a nossa História e, mesmo fora dos dias de passeata, continuou se expressando por toda parte sob a forma de vaias e panelaços, obrigando os falsos ídolos a esconder-se em casa, sem poder mostrar suas caras nem mesmo nos restaurantes.

As pesquisas mostram que o apoio popular ao PT é hoje de somente um por cento, já que seis dos famosos sete consideram o governo apenas “regular”, isto é, tolerável.

Como é possível que um partido assim desprezado, odiado e achincalhado pela maioria ostensiva da população continue se achando no direito de governar e habilitado a salvar o país mediante desculpinhas grotescas que, à acusação de crimes, respondem com uma confissão de “erros”?

Em que se funda o poder que o PT, acuado e desmoralizado, continua a desfrutar? Esse poder funda-se em apenas quatro coisas:

1. O apoio da oligarquia cúmplice.

2. A militância subsidiada, cada vez mais escassa, incapaz de mobilizar-se sem o estímulo dos sanduíches de mortadela, dos cinqüenta reais e do transporte em ônibus, tudo pago com dinheiro público.

3. O apoio externos, não só do governo Obama, dos organismos internacionais e de alguns velhos partidos da esquerda européia, mas sobretudo do Foro de São Paulo, já articulado para mover guerra ao Brasil em caso de destituição do PT.

4. Uma militância estudantil , também decrescente, que tudo fará pelas grandes causas idealísticas que a animam: drogas e camisinhas para todos, operações transex pagas pelo governo, banheiros unissex, liberdade de fazer sexo em público no campus, reconhecimento do sexo grupal como “nova modalidade de família” etc. etc.

A base de apoio do PT é uma casquinha da aparências na superfície de uma sociedade em vias de explodir.

O único fator que realmente mantém esse partido no poder é o temor servil com que as forças ditas “de oposição” encaram uma possível crise de governabilidade e, sob a desculpa da “legalidade”, e da “normalidade democrática”, insistem em dar ao comunopetismo uma sobrevida artificial, encarregando a classe política de ajudá-lo a respirar com aparelhos ou pelo menos a matá-lo só aos pouquinhos, de maneira discreta e indolor.

Mas que legalidade é essa? Por favor, leiam:

Constituição Federal, Título I, Art. V, parágrafo único: “Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente.”

Será que o “diretamente” não vale mais? Foi suprimido? Os representantes eleitos adquiriram o direito de decidir tudo por si, contra a vontade expressa do povo que os elegeu? Só eles, e não o povo, representam agora a “ordem democrática”? Senhores deputados, senadores, generais e importantões em geral : Quem meteu nas suas cabeças que a ordem constitucional é personificada só pelos representantes e não, muito acima deles, por quem os elegeu? Parem se ser hipócritas: defender “as instituições” contra o povo que as constituiu é traição. A vontade popular é clara e indisfarçável: Fora Dilma, Fora PT, Fora o Foro de São Paulo! Contra a vontade popular, a presidente, seus ministros o Congresso inteiro e o comando das Forças Armadas não têm autoridade nenhuma. Se vocês não querem fazer a vontade do povo, saiam do caminho e deixem que ele a faça por si.
Por: Olavo de Carvalho Publicado no Diário do Comércio. 
Do site: http://www.midiasemmascara.org/  http://olavodecarvalho.org


DIREITOS HUMANOS: A CIVILIZAÇÃO DE JOELHOS

Ao condenar o assassino de 77 pessoas a uma suave pena num verdadeiro hotel de luxo, a Noruega dá razão ao próprio criminoso — o multiculturalismo está destruindo a humanidade


Cerca de 5,3 mil quilômetros separam Bag­­­dá, no Iraque, de Oslo, na Norue­ga. É aproximadamente a mesma distância que separa Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, de Boa Vista, em Ro­raima. Entretanto, quando Jamil Rafal Yasin partiu do Iraque rumo à Noruega, ela sabia que culturalmente estava indo para uma outra galáxia. Fugindo às bombas e aos destroços de seguidas guerras, sua família deixou a bélica terra bíblica dos hurritas em busca da serena pátria do Prêmio Nobel da Paz, considerada pela ONU o me­lhor país do mundo para se viver. E a Noruega não decepcionou Yasin. Quando chegou à pequena cidade portuária de Egersund, na primavera de 2010, aos 18 anos, como refugiada de guerra, a jovem iraquiana sentiu que sua juventude finalmente desabrochava. Já não era mais a menina indefesa que, em meio aos destroços dos bombardeios, suplicava a cada noite por mais um dia de vida. Na Noruega, a bela Yasin pôde trocar as vascas da esperança pelas vastidões do sonho e aprendeu que viver nem é preciso, pois navegar é possível.

A jovem refugiada ingressou na “Videregående Skole”, a escola secundária da Noruega, e logo aprendeu o idioma de Henrik Ibsen (1828-1906), o Shakespeare nórdico. Com sua beleza e inteligência, fez muitos amigos em “Okka-by”, a “nos­sa cidade”, que é como se referem carinhosamente à pequena Egersund os seus pouco mais de 10 mil habitantes. Sentindo-se acolhida, Jamil Rafal Yasin fazia questão de hastear em sua casa a bandeira da Noruega, pois dizia amar o novo país e via nele o seu futuro. Inte­ressada em cinema e política, tinha ideias claras e gostava de debatê-las. Dona de um sorriso cativante e de uma curiosidade insaciável, era também muito participativa e se interessava pela vida da comunidade. Segundo testemunham seus amigos, foi o desejo de ajudar as pessoas que a levou a ingressar, juntamente com seus irmãos, na Arbeidernes Ung­domsfylking (AUF), a Liga da Juventude Operária do Partido Trabalhista Norueguês.

Mas nenhum dos sonhos que a Noruega instigou na jovem refugiada iraquiana chegou a se realizar. No final de julho do ano passado, Yasin, juntamente com seus irmãos e amigos, partiu para a ilha de Utøya, a meia hora de Oslo, para participar do encontro anual da juventude do Partido Traba­lhista Norueguês. O multiculturalismo era uma das principais bandeiras do encontro, que reunia jovens de todos os cantos da No­ruega, entre eles, muitos imigrantes, além de representantes de outros países. Misto de festa e debate, reflexão e lazer, o encontro deveria incandescer as mentes juvenis com o velho so­nho da fraternidade entre os po­vos, que, ao longo das eras, co­move filósofos e instiga profetas, até tornar-se pesadelo. Foi o que ocorreu com o sonho de Utøya, que se esvaiu no sangue das dezenas de pessoas chacinadas pelo norueguês Anders Behring Brei­vik, em 22 de julho do ano passado, entre elas a jovem Yasin.

Frieza de terrorista

A exemplo da bela refugiada do Iraque, havia muitos jovens do terceiro mundo, residentes na No­ruega, que estavam entre as vítimas da chacina de Utøya, como a nigeriana Modupe Ellen Awoyemi, 15 anos, da cidade de Drammen, e o muçulmano Ismail Haji Ahmed, 19 anos, de origem somali e residente na cidade norueguesa de Hamar. Filha de Lola Awoyemi, líder da Afrikansk Kvinneforening i Dram­men (Associação das Mu­lheres Africanas em Dram­mem), a adolescente Modupe queria seguir os passos da mãe, uma reconhecida ativista da luta contra a extirpação do clitóris, prática adotada por muitas famílias africanas mesmo quando residem na Europa e gozam de todos os benefícios da civilização. Já o jovem Ismail era um dançarino talentoso, que vinha se apresentando regularmente em espetáculos na Noruega e também atuava como instrutor de danças. A Nigéria é um caldeirão de desigualdades e a Somália, um sinônimo de violência e miséria. Para os imigrantes desses países, a Escandinávia era a materialização do paraíso.

E não só para eles. Os próprios noruegueses que militam na juventude do Partido Trabalhista possivelmente se sentem no paraíso, quando comparam sua vida de conforto e liberdade com a história de vida dos imigrantes. Era o caso do irreverente Aleksander Aas Eriksen, um adolescente de 16 anos que tocava guitarra numa banda de garagem e fundou o grupo de jovens da Cruz Vermelha em Tron­dheim, sua cidade natal. Ou a alegre Guro Vartdal Håvoll, uma estudante de música de 18 anos, que amava as montanhas e se dedicava à defesa do meio ambiente. Ou ainda a meiga e quieta Marianne Sandvik, uma estudante de 16 anos da escola secundária, quarta de uma família de cinco irmãos, que sonhava em trabalhar com jovens carentes. Ou mesmo o altivo Diderik Aamodt Olsen, que, aos 19 anos, era vice-presidente da Juventude Trabalhista de Nesod­den e um dos editores do jornal do partido na cidade. Esses quatro jovens e outras 73 pessoas tiveram seus sonhos interrompidos no fatídico 22 de julho de 2011, uma data que muitos noruegueses comparam à tragédia da Segunda Guerra Mundial.

Cerca de duas horas antes de perpetrar a matança na ilha do Partido Trabalhista Norueguês, o assassino Anders Behring Breivik, com 32 anos na época, já havia explodido bombas no centro de Oslo, matando oito pessoas. Ao todo, ele assassinou friamente 77 pessoas, a maioria jovens. Segundo um dos sobreviventes da chacina, Ivar Benjamin Oesteboe, 16 anos, o assassino ria, enquanto atirava na cabeça de suas vítimas. Quando chegou à ilha, Breivik se identificou como policial, alegando que fora mandado ao acampamento dos jovens trabalhistas para protegê-los, devido aos atentados que tinham acabado de ocorrer na capital norueguesa. Como vestia uniforme de policial, ninguém desconfiou de nada e foi-lhe fácil congregar os jovens em torno de si, a pretexto de que precisava oferecer instruções devido ao atentado ocorrido em Oslo. Usando pistola e arma pesada, o terrorista atirou de surpresa sobre a multidão, dando início à chacina. Enquanto a polícia da Noruega ainda estava atabalhoada com os atentados na capital, Breivik teve cerca de uma hora e meia para percorrer o acampamento, matando os jovens, até que um comando especial da polícia chegou à ilha e ele se entregou.

Cadeias de luxo

Ao optar por ser preso em vez de morto, abdicando de trocar tiro com a polícia, o terrorista-solo Anders Breivik parecia confiar na total ineficiência da Justiça norueguesa. Logo após o atentado, suas primeiras imagens não são as de um preso sendo conduzido à cadeia, mas a de uma autoridade sendo solenemente escoltada. Nes­sas imagens, Breivik aparentava estar sempre de banho tomado, penteado, sem qualquer desalinho. Nem parece que acabara de explodir bombas e chacinar pessoas. É como se a polícia, ao chegar a ilha e vendo um sujeito fortemente armado, tivesse educadamente solicitado a ele que depusesse as armas e, em seguida, tocando-lhe levemente o braço, o ajudasse a subir na viatura, tomando o cuidado de não lhe amarrotar as roupas. Esse padrão de absurda civilidade da polícia norueguesa foi seguido à risca durante todo o processo judicial para apurar os crimes cometidos por Breivik. Toda vez que era levado aos tribunais noruegueses, esse horrendo assassino de 77 pessoas aparecia impecavelmente vestido, como se fosse proferir uma conferência internacional na sede da ONU.

Por mais que uma sistema penal procure não maltratar os prisioneiros, é natural que o preso — senão pelo remorso, ao menos pelo medo — apresente algum traço de preocupação no rosto. Por outro lado, não é natural que seu corpo ostente um bem-estar de fisiculturista. Se o preso aparece tão vistoso, encarnando a máxima latina sobre saúde (“mente sã em corpo sadio”), então há algo errado com o sistema carcerário em que se encontra: não se trata exatamente de cadeia, mas de spa. Foi justamente o que se viu no caso do carniceiro norueguês. Ao longo de todo o processo judicial, que culminou com sua condenação na semana passada, Anders Breivik caçoou da Justiça norueguesa. Ele teve muito mais do que o direito de ampla defesa garantido pelos Estados democráticos – deram-lhe um verdadeiro palanque para que discursasse ao mundo à custa do sangue de suas vítimas. A Noruega curvou-se a seus pés e, ao agir assim, colocou de joelhos toda a civilização. O mundo já foi melhor em termos de Justiça. Que o diga o Tribunal de Nuremberg, responsável pela condenação dos líderes nazistas.

Enquanto aguardava a sentença da Justiça, o Estado norueguês preparou três prisões especiais para Breivik — Ila, Skien e Rinnerike. O bloco médico da prisão de Ila, construído para o caso de ele ser declarado insano, custou 3 milhões de coroas (a moeda da Noruega) ou quase 400 mil euros. E se ele tivesse que ficar preso nesse prédio, como doente mental, seu custo anual ficaria em 20 milhões de coroas (quase 3 milhões de euros). Um valor quatro vezes maior que os 5 milhões de coroas (700 mil euros) que o Estado norueguês terá que gastar para mantê-lo preso como imputável. En­tre­tanto, mesmo tendo sido declarado mentalmente capaz de responder por seus atos, Breivik deverá passar a maior parte do tempo na prisão de Ila, que terá de ser adaptada no­vamente, a um custo de 25 mi­lhões de coroas (3,5 mi­lhões de euros). Talvez por is­so, o prisioneiro mais famoso da Noruega recebeu sua pena com um sorriso: ele ficará 21 anos preso — o máximo que a leniente legislação da Noruega permite — podendo ser solto ou não, dependendo das avaliações que serão feitas no final desse período.

Goiânia e o assassino

Em nome dos direitos humanos, a Noruega já oferecia e vai continuar oferecendo ao assassino de 77 pessoas (e que também feriu outras 67) um verdadeiro hotel cinco estrelas em forma de prisão. Para compensar o fato de não ter contato com os outros presos, Breivik ocupa três celas, cada uma com oito metros quadrados. Na prática, é uma casa com três cômodos: um que funciona como dormitório; outro que funciona como academia, com equipamentos de ginástica; e um terceiro que funciona como escritório. Nessa última cela, o criminoso disporá de um notebook afixado na mesa, sem acesso a Internet. Mas, nesse computador, ele conta com uma versão não conectada da enciclopédia virtual Wikipedia. Além disso, Breivik pode receber visitas semanalmente e está liberado para escrever quantas cartas quiser para quem quiser. O máximo que as autoridades norueguesas fazem é ler previamente as cartas para ver se elas violam alguma lei ou se estimulam atividades ilegais. O criminoso também dispõe de um aparelho de TV e pode solicitar livros da rede pública de bibliotecas.

Sem se preocupar com aluguel, água ou luz, Anders Brei­vik, que se define como escritor, já manifestou seu desejo de escrever livros na cadeia. Pouco antes dos atentados, ele divulgou o manifesto “2083 – A European Declaration of Inde­pendence” (“2083: Uma Decla­ração Europeia de Inde­pen­dên­cia”), em que acusa mais de 90% dos deputados da União Europeia e mais de 95% dos jornalistas de serem partidários do multiculturalismo e do politicamente correto, que, segundo ele, contribuem para a “islamização” da Europa. Nem o Brasil escapa desse novo “Mein Kampf” do pseudo-Hitler norueguês: Breivik critica a miscigenação brasileira (que ele atribuiu ao “marxismo cultural”) e cita até Goiânia, uma vez que, num trecho sobre construção de bombas, ele lembra o acidente com o césio-137, que completa 25 anos no dia 13 de setembro próximo. Agora que sua filosofia sanguinária será financiada pelo próprio Estado norueguês, em hotel de luxo disfarçado de cadeia, a tendência é que Breivik conquiste adeptos em todo o mundo. Ele já conclamou eventuais leitores que compartilham de suas teses a traduzir seu manifesto (escrito em inglês) para o francês, o alemão e o espanhol.

Após os atentados de 22 de julho de 2011, as autoridades norueguesas — acreditando reforçar o combate às teses tortas do assassino — vêm fazendo uma defesa ainda mais vigorosa do multiculturalismo. A exemplo das autoridades brasileiras, as norueguesas também repetem o mantra de que a principal meta de um sistema penal deve ser a recuperação do criminoso. Esse discurso foi repetido por um dos sobreviventes da chacina, numa carta que conquistou as redes sociais e a imprensa em várias línguas, inclusive em português. A referida carta foi considerada comovente, mas é simplesmente estúpida. Seria imoral se fosse escrita por um adulto, mas como seu autor é um adolescente de 16 anos, dá-se um desconto. Ele começa a carta chamando o criminoso de “Querido Anders Behring Breivik” e, depois de dizer que se paga o mal com o bem, desafia o autor da chacina: “Conseguiste ser o homem mais odiado da No­ruega. Muitos estão com raiva de ti; eu, não. Não tenho medo de ti. Não podes alcançar-nos, somos maiores que tu”.

Cemitério da humanidade

Mais grave é que esse tipo de discurso ecoou por toda a Noruega ao longo do último ano, inclusive agora quando as leis do país acabam de premiar o assassino de 77 pessoas com uma prisão que é um verdadeiro escárnio à memória de suas vítimas. A carta desse jovem é apenas a versão infantil, para não dizer imbecil, do pensamento imoral dos adultos que o formaram. Ela reflete a politização do conceito de “direitos humanos”, que perdeu completamente sua carga transcendental originária e, com isso, tornou-se um veneno para a civilização. No fundo, o multiculturalismo é o cemitério da humanidade, pois ele relativiza o próprio homem. Ao contrário do que que comumente se imagina, os direitos humanos não foram criados pela sanguinária Revolução Francesa. Ela apenas se tornou propagandista deles nos jornais e livros, ao mesmo tempo em que, com a guilhotina, não hesitava em cortar cabeças. A rigor, a Re­vo­lução Francesa corrompeu o conceito de “direitos humanos” dan­do-lhe um caráter estritamente político — o que significa tornar o homem perigosamente dependente do poder de plantão, seja ele político ou cultural.

Os direitos humanos nascem com a filosofia da Grécia Clássica e se consolidam com o cristianismo. Quando Cristo pronuncia sua célebre frase sobre o Império Romano — “Daí a César o que é de César e a Deus o que é de Deus” — ele separa, pela primeira vez na história, a Religião do Estado, desencarnando da figura do Rei a essência de Deus e fazendo nascer a consciência individual, que passaria a ser a única morada legítima da divindade. “O cristianismo, com a sua proclamação da igualdade de todos os seres humanos, independentemente de raça ou posição social, seria compelido, com o correr do tempo, a elevar a condição do indivíduo como tal”, afirma o pedagogo inglês Vaughan Jeffreys (1900-1985). Prova disso é que um dos Padres da Igreja, o cartaginês Tertuliano (cerca de 160-220 d.C.), afirmou: “É um direito humano fundamental, um privilégio da natureza, que todo homem deva adorar segundo suas próprias convicções”. Ou seja, os antigos cristãos já acreditavam que cada pessoa humana dispunha de uma espécie de direito natural — a liberdade, o livre-arbítrio — que lhe fora dado por Deus e não podia ser revogado por nenhuma lei humana.

Séculos mais tarde, Santo Tomás de Aquino (1225-1274) iria radicalizar a defesa dos direitos naturais do homem, buscando limitar o poder dos reis. “Um rei infiel a seus deveres perde o direito à obediência. Não é rebeldia depô-lo, pois ele próprio é um rebelde a quem a nação tem o direito de destronar” — sustenta. Nessa mesma linha de afirmação do indivíduo perante o Estado, o filósofo francês Jean Bodin (1530-1596) defendeu a primazia das “leis da natureza” sobre as leis políticas: “Quanto às leis divinas e naturais, todos os príncipes da terra lhes estão sujeitos, e não está em seu poder transgredi-las, se não quiserem tornar-se culpados de lesa-majestade divina”. E o escolástico espanhol Francisco de Vitória (1483-1546), da Escola de Salamanca, saiu em defesa dos índios, afirmando que “todo índio é um homem, sendo por isso capaz de alcançar salvação ou danação”. E insiste: “Por ser uma pessoa, todo índio tem livre-arbítrio e é, consequentemente, senhor de suas ações. Todo homem tem o direito à própria vida e a integridade física e mental”.

A negação da humanidade

Pelo que se depreende dos exemplos citados, a emancipação do homem — como um ser consciente e autônomo — só é possível através de uma dimensão transcendente, que vá além da matéria física de seu corpo e das fronteiras políticas da sociedade em que vive. Mas o multiculturalismo faz justamente o contrário: em nome de uma falsa tolerância, ele diviniza todas as culturas e, com isso, faz com que a humanidade perca qualquer referencial transcendente, acima dos diversos povos que a compõem. E, hoje, na medida em que o multiculturalismo se radicaliza, tratando como verdadeiros “povos” até meros grupos sociais, o próprio conceito de humanidade perde completamente seu referencial transcendente e passa a depender de quem detém a hegemonia ideológica na sociedade. Foi o que vimos na Cacrolândia, em São Paulo, onde o vício de se drogar e andar feito zumbi pelas ruas, praticando toda sorte de crimes, foi elevado à categoria de “direitos humanos” pelo Ministério Público, a Defen­soria Pública e os intelectuais universitários.

Na Inglaterra, onde os direitos humanos se consolidaram na prática muito antes da Revolução Francesa, eles jamais foram pensados como mero elemento da política — sempre foram vistos como uma lei natural, cuja fonte era divina, portanto, transcendente a toda e qualquer sociedade dada, fazendo do próprio homem um universal, um absoluto, medindo as coisas e não sendo medido por elas. Essa tradição anglo-saxã dos “direitos humanos” como “direitos naturais” foi herdada pelos Estados Unidos, cuja Declaração de Independência antecede e inspira a própria De­claração dos Direitos do Ho­mem da Revo­lução Francesa. E é inegável que a declaração fundadora da nação norte-americana tem um alicerce cristão, em que o humano se alicerça na transcendência das leis naturais e não na particularidade das culturas. É o contrário do multiculturalismo, que, por definição, nega a existência de uma natureza humana para além dos tempos e lugares e acredita que cada homem é produto exclusivo da cultura a que pertence. Sem se dar conta, o multiculturalismo transforma o homem em rês à mercê da sociedade que se lhe impõe como rebanho.

Disso decorre uma grave anomalia social, que nos remete ao carniceiro da Noruega. Se o homem é um produto de sua cultura, já não há que se falar em indivíduo: consciente, livre, responsável. O homem torna-se mero joguete das forças sociais: engajado, dependente, inimputável. Por isso, os noruegueses multiculturalistas acreditam que basta tratar Breivik com bondade que ele se tornará um anjo. É o que ocorre também com as leis penais brasileiras, cada vez mais lenientes com o crime. Essa é uma tendência mundial, criticada pelo psicólogo Steven Pinker no seu livro “Tábula Rasa”: “A ideia romântica de que todo mal é produto da sociedade justificou a libertação de perigosos psicopatas que logo em seguida assassinaram pessoas inocentes. E a convicção de que a humanidade poderia ser reestruturada por gigantescos projetos de engenharia social gerou algumas das maiores atrocidades da história”. A pena excessivamente branda do assassino norueguês é uma dessas atrocidades: ela mostra que Anders Breivik venceu — a civilização está morrendo e a barbárie, cada vez mais, compensa. 

(Publicado em 2 de setembro de 2012 no Jornal Opção)

Postado por José Maria e Silva  Do site: http://palavracesa.blogspot.com.br/

sábado, 29 de agosto de 2015

POR QUE NÃO SOU LIBERAL. NEM CONSERVADOR. NEM PORCARIA NENHUMA.


Pensemos numa tempestade que se aproxima.

Vivemos um momento novo, um contexto inédito. A esquerda já não reina soberana na cultura nacional. Pessoas identificadas com diversas correntes políticas colocam-se como opositoras do esquerdismo. Mas, afinal, quem somos nós? Sobram incompreensões várias – o que até é normal em uma conjuntura incipiente. Os debates públicos, em redes sociais e mesmo em grupos fechados parecem definir o seguinte: há, do lado direito, o conservadorismo moral e o liberalismo econômico; do lado esquerdo, há o libertarianismo moral e o socialismo econômico; no meio, há o liberalismo moral e econômico. Mas esse aparente arranjo é tão-somente isso, aparente. 

O que escrevo a seguir define o que não somos. O resto é Síndrome do Diagrama de Nolan, na qual o sujeito sente uma irresistível necessidade de encaixotar os posicionamentos políticos e sociais em categorias cartesianas. Quem faz isso (“Veja bem, não sou de direita, sou um liberal na acepção austro-húngara com compreensão antropomoral turco-otomana) já caiu no joguinho marxista de dividir o mundo entre nós e eles e aceita os rótulos vazios e desmoralizantes que lhes são jogados. Na verdade, essa divisão até existe: ou você vive no mundo real, ou orbita gostosamente, ludicamente, oniricamente, no mundo das idéias. E esse mundo de abstração ideológica, quando realizado, bem sabemos (e melhor sabem soviéticos e chineses), é mortal.

***
O verdadeiro conservadorismo não poderia ser chamado de conservadorismo. Não se trata de um ideário, como o são o liberalismo e o socialismo (e.g.), mas de uma percepção acurada do mundo real, do que deu certo e do que deu errado ao longo da História, com a base de uma moralidade sempiterna, de um Direito Natural fundado na Verdade com "v" maiúsculo. Dizer-se conservador, sem atinência a essas ressalvas, é ser qualquer coisa, menos conservador. 

"A política é a arte do possível", diz o conservador: ele pensa nas políticas de Estado como as que intentam preservar a ordem, a justiça e a liberdade.O ideólogo, ao contrário, pensa na política como um instrumento revolucionário para transformar a sociedade e até mesmo a natureza humana. Em sua marcha para a utopia, o ideólogo é impiedoso.

Russel Kirk, A política da prudência, Capítulo 1

Esse eixo de certo e errado fundador daquilo a que se chama conservadorismo foi percebido em diferentes civilizações, em distintas regiões da Terra e em diversos momentos da História. Não o respeitamos sempre, mas ele segue pétreo, impávido colosso. Isso a que se chama erroneamente de conservadorismo não possui um nome preciso; "realismo" ou "verdadismo", talvez, seriam mais exatos, mas "-ismos" não têm nada a ver com perceber e respeitar a realidade dos fatos. O mesmo se passa com aquilo a que se deu o nome decapitalismo. Novamente, não temos um ideário, um conjunto de idéias abstratas, mas o resultado de uma relação natural, próprio dos seres humanos: a relação de trocas.

Aquilo que chamam de conservadorismo é, na verdade, a defesa da Verdade e da tensão certo-errado como mediadores das relações sociais. É algo que varia superficialmente, que muda de aspecto aqui e ali, mas cujo eixo é sempre o mesmo. É o respeito ao princípio mais básico, sólido e irrefutável que o ser humano já percebeu, o princípio da identidade (A = A). Como num exemplo de C. S. Lewis, em Cristianismo puro e simples: 

Os homens divergiram quanto ao número de esposas que podiam ter, se uma ou quatro; mas sempre concordaram em que você não pode simplesmente ter qualquer mulher que lhe apetecer.

Liberalismo e esquerdismo não são opostos a o que se chama conservadorismo; sequer são diferentes, porque não são da mesma categoria, não havendo, portanto, como estabelecer tal comparação. Estes dois e outros são conjuntos de idéias, excelentes subsídios para masturbação intelectual. As boas idéias que têm, aliás, nada mais são do que a defesa da Verdade dos fatos que descrevem, da prevalência do certo sobre o errado.

[...] só nos resta aceitar a existência de um certo e de um errado. As pessoas podem volta e meia se enganar a respeito deles, da mesma forma que às vezes erram numa soma; mas a existência de ambos não depende de gostos pessoais ou de opiniões, da mesma forma que um cálculo errado não invalida a tabuada. 
C. S. Lewis

Da mesma forma, aquilo que chamam capitalismo é, na verdade, a prática de uma interação social inescapável, também por respeito ao princípio de identidade e à Verdade. Somos todos imensamente distintos, e cada um de nós é incapaz de prover para si tudo de que necessita. Por isso, temos de fazer trocas. Podemos ordenar isso desta ou daquela forma, mas o fundamento será sempre o mesmo. Inclusive, em todas as vezes em que se tentou aplicar aquele saco de idéias chamado socialismo, as relações de troca resistiram – clandestinamente (entre os indivíduos) e formalmente (entre Estado e cidadãos).

Aquilo a que se chama conservadorismo e capitalismo são realidade naturais dos seres humanos. Já os ideários não passam de emulações, de representações quase-teatrais da percepção e, mormente, da incompreensão dessas realidades. Levar a Filosofia Política e a prática política ao CAMPO DAS IDÉIAS é fugir da realidade, ignorando o apreço pelo conhecimento das coisas como são e as possibilidades de interação real com elas.

Pensemos numa tempestade que se aproxima. O socialista/esquerdista nega a realidade da tempestade. Diz que ela não existe de fato, que é mera construção elitista, burguesa, aristocrática, para alienar e dominar as massas pelo medo. Saem, então, a destruir os abrigos que as outras pessoas construíram para si, além de, é claro, não se prepararem para as intempéries. Já o liberal/libertário concorda que há algo a que chamam por aí de tempestade, mas não sabe, não quer saber e tem raiva de quem sabe as propriedades e a origem do fenômeno, motivo pelo qual não compreende de fato aquilo com que se deparará. Crê que com um bomdebate de idéias seja possível impedir a insanidade dos socialistas destruidores de abrigos, além de manter o tempo bom e afastar os raios e a chuva. Para ambos, a tormenta chegará e, impassível, ignorará tanto o esquerdista, que seguirá bramindo que ela não existe, como o liberal, que tentará pará-la com um belo guarda-chuva metafórico de idéias.

Enquanto isso, aquele que chamam de "conservador" e "capitalista" terá (1) admitido a realidade da tempestade, (2) compreendido razoavelmente suas verdades, sua constituição, suas variáveis, sua imanência, antes de querer reformá-la ou negá-la, e (3) terá se preparado devidamente para atravessá-la, com a humildade de quem sabe que não pode ver a existência desde fora (contrapondo-a com idéias) e a altivez de quem entende que há uma realidade anterior, ulterior e imutável ao fenômeno temporal que assola a todos.

À tempestade também se pode chamar “vida real”.

***
Dito isso, para efeitos de classificação, creio que podemos aceitar que sejamos conservadores, que estejamos com Roger Scruton e com o conservadorismo:

Conservadorismo significa encontrar o que você ama e agir para proteger isso. A alternativa é encontrar o que você odeia e tentar destruir. Certamente, a primeira alternativa é um modo melhor de vida do que a segunda.

Mas o que somos integralmente vai muito além disso. Não me ocorre melhor qualificação que essa (conservadores) àquilo que somos, mas me arrisco a dizer que 

somos aqueles que não duvidam de que 1 +1 = 2, nem de que 2 x 2 = 4. 

Como bem observou CS Lewis, até podemos errar a soma de vez em quando, mas sabemos que ela está lá, disponível ao nosso acesso, bastando-nos capacitarmo-nos ou abrimo-nos a sua Verdade.

O que somos de fato, só Deus sabe. Literalmente.

Porém, [...] basta agora perguntar ao leitor como seria uma moralidade totalmente diferente da que conhecemos. Imagine um país que admirasse aquele que foge do campo de batalha, ou em que um homem se orgulhasse de trair as pessoas que mais lhe fizeram bem. O leitor poderia igualmente imaginar um país em que dois e dois são cinco. Os povos discordaram a respeito de quem são as pessoas com quem você deve ser altruísta – sua família, seus compatriotas ou todo o gênero humano; mas sempre concordaram em que você não deve colocar a si mesmo em primeiro lugar. O egoísmo nunca foi admirado. Os homens divergiram quanto ao número de esposas que podiam ter, se uma ou quatro; mas sempre concordaram em que você não pode simplesmente ter qualquer mulher que lhe apetecer.

O mais extraordinário, porém, é que sempre que encontramos um homem a afirmar que não acredita na existência do certo e do errado, vemos logo em seguida este mesmo homem mudar de opinião. Ele pode não cumprir a palavra que lhe deu, mas, se você fizer a mesma coisa, ele lhe dirá "Não é justo!" antes que você possa dizer "Cristóvão Colombo". Um país pode dizer que os tratados de nada valem; porém, no momento seguinte, porá sua causa a perder afirmando que o tratado específico que pretende romper não é um tratado justo. Se os tratados de nada valem, se não existe um certo e um errado – em outras palavras, se não existe uma Lei Natural –, qual a diferença entre um tratado justo e um injusto? Será que, agindo assim, eles não deixam o rabo à mostra e demonstram que, digam o que quiserem, conhecem a Lei Natural tanto quanto qualquer outra pessoa?

Parece, portanto, que só nos resta aceitar a existência de um certo e um errado. As pessoas podem volta e meia se enganar a respeito deles, da mesma forma que às vezes erram numa soma; mas a existência de ambos não depende de gostos pessoais ou de opiniões, da mesma forma que um cálculo errado não invalida a tabuada.

C. S. Lewis, Cristianismo puro e simples, Livro I.
POR MATEUS COLOMBO MENDES http://colombomendes.blogspot.com.br/

sexta-feira, 28 de agosto de 2015

A CRISE, PARTE 1 - A POLITIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO

As vítimas desta batalha não podem ver que estão sob ataque. Elas não sabem o que é uma arma cultural, ou como a guerra psicológica pavimenta o caminho para sua eventual destruição.


“Devemos organizar os intelectuais”.
Willi Münzenberg

Em Memoirs of a Superfluous Man (Memórias de um homem supérfluo, em tradução livre), Albert Jay Nock explicou que macacos podem ser treinados, mas apenas uma pequena porcentagem de seres humanos pode ser educada. Ele acrescentou que seus alunos nas escolas Ivy League eram, em grande parte, “macaquinhos”. Mas será isto justo, dada a natureza burocrática das universidades de agora e de então? Uma burocracia não pode ensinar a crianças e adultos como pensar. A burocracia pode oferecer testes e currículos padronizados. Pode oferecer programas adaptados a todos, e até mesmo programas de “elite”. Mas tudo é baseado na lei das médias, pensamento grupal, e um tipo de conformismo intelectual. Se Marshall McLuhan estava correto e “o meio é a mensagem”, então se o meio é a escola burocratizada, a mensagem significa a burocratização da mente humana. O fato de que bilhões de dólares têm sido despejados neste tipo de educação, e que produza resultados crescentemente desanimadores ano após ano, atesta um tipo de estupidez em massa – uma preparação para as algemas intelectuais.

Considere o que nossas escolas ensinam agora: o livro texto padrão do ensino médio apresenta o senador Joseph McCarthy como o principal vilão da história americana, e Martin Luther King Jr como o principal herói. Muito pouco é dito sobre George Washington ou os Pais Fundadores. As sempre presentes e subversivas entrelinhas reencaminham-nos para o racismo, o sexismo e o imperialismo americano. Sim, este é o tipo de história que é ensinado nas escolas americanas. Os Pais Fundadores eram proprietários de escravos, certo? George Washington era rico, certo? Mesmo Lincoln era racista. E se um calouro do ensino médio não souber nada mais sobre a história do país, saberá isto. Um julgamento moralista sobre o passado é apresentado, mostrando nossos antepassados como racistas e homofóbicos. Desta forma o passado é descontinuado. Desta maneira uma guerra é travada contra certas tradições e sentimentos, todos apresentados de modo parcial por burocratas educacionais. É claro, tudo que é apresentado é factual – ou na maior parte factual. É apresentado, entretanto, a estudantes que não foram ensinados a ler corretamente. A estes estudantes nunca foram dadas tarefas de organizar suas próprias ideias, desde que suas ideias já foram organizadas para eles. Os fatos utilizados nos livros didáticos são cuidadosamente selecionados com antecedência, através de um processo de cuidadosa edição.

Edmund Burke certa vez comentou sobre os revolucionários franceses:

“É indubitavelmente verdade, embora possa parecer paradoxal. Mas em geral, aqueles que são habitualmente empregados em buscar faltas e mostrá-las são incompetentes para o trabalho de reforma: porque suas mentes não são apenas desguarnecidas de padrões de justiça e bem. Mas, pelo hábito adquirido, não têm nenhum prazer na contemplação destas coisas”. 

O ensino de história tornou-se um tipo de desmontagem do passado, uma difamação de nossos antepassados. Isto não ajuda aos jovens de modo algum. Ao contrário, prejudica-os. Desarma-os frente aos inimigos. Preenche-os com um vago sentimento de culpa. E como diz Burke, deixa-os sem inspiração positiva.

Muitas décadas atrás, Jose Ortega y Gasset observou que a universidade moderna “abandonou quase inteiramente o ensino e transmissão da cultura”. E não há dúvida de que ele estava certo. Ocorreu uma desconexão gigantesca. Falhamos em transmitir nossa história, e também falhamos em transmitir nossa cultura. A outra face desta moeda é a guerra coletivista contra o indivíduo. Amputado de seu patriotismo e senso de autopreservação nacional, o indivíduo é amputado de autonomia por um processo de “facilitação” (dumbing down). Aqueles que são ignorantes ou incompetentes devem ser seres humanos individualmente inúteis. Tais pessoas são facilmente manipuladas por demagogos enganadores.

Robin S. Eubanks escreveu um livro intitulado Credentialed to Destroy: How and Why Education Became a Weapon (em tradução livre: Credenciado para Destruir; Como a Educação Tornou-se uma Arma). Ela argumenta que ultimamente a educação pública tem sido propositadamente projetada para impossibilitar o desenvolvimento intelectual das crianças. Próximo ao fim do livro, na página 358, ela escreve: 

“A educação no século XXI não é mais um fim. É um meio de dominação, enriquecimento e exploração por uns poucos autonomeados. Por isso quando você penetra através das camadas das teorias educacionais contemporâneas... é sempre a consciência humana sendo manipulada e modificada via educação. A educação fica como a última arma na interminável luta contra o indivíduo...”

Fui convidado recentemente para ouvir uma palestra da Srta Eubanks na qual ela disse: “Isto diz respeito a poder político. Não há prosperidade em massa quando poder político e poder econômico são combinados”. E isto é o que as escolas estão tornando possível nas mentes dos estudantes, isto é, a tomada da economia pelo estado. Em seu livro ela destaca educadores que estão citando Karl Marx (de modo elíptico) a respeito da coletivização da mente “pela conversão dos objetivos individuais em objetivos gerais”. De acordo com Eubanks “isto é mais fácil de fazer se o indivíduo é apenas marginalmente letrado com pouco conhecimento factual”.

Isto é uma coisa terrível de se fazer à juventude, e não é a única coisa terrível sendo feita. O ataque à história, a desconexão cultural e a “facilitação” dos alunos é acompanhada por uma franca negação da própria natureza humana. Esta é a parte do assalto à educação que revela o jogo. Por milhares de anos os filósofos têm argumentado a respeito da natureza humana, mas poucos negaram a existência dela. Tal negação é, na verdade, contrária à razão se considerarmos a definição da palavra 'natureza' (como dada pelo Google): “os traços básicos ou inerentes a algo, especialmente quando vistas como características dele” (NT: a busca em português retorna: “o que compõe a substância do ser; essência; combinação específica das qualidades originais, constitucionais ou nativas de um indivíduo, animal ou coisa; caráter inato”). 

Seria absurdo argumentar que seres humanos não têm características básicas ou inerentes. Embora isto seja o que modernos cientistas sociais e educadores têm ensinado a acreditar. Se isto soa estranho, leia o registro no blog Racionally Speaking for 17 November 2008. É intitulado “Existe tal coisa como natureza humana?” (Is there such thing as human nature?) - escrito pelo professor Massimo Pigliucci, um “filósofo” na City University de Nova Iorque. Pigliucci relata um incidente quando estava ministrando um curso na Stony Brook University com outra professora. “Em algum ponto a questão 'natureza humana' veio à tona, e minha colega olhou para mim com um misto de surpresa e piedade. Natureza humana, ela afirmou, é um conceito pitoresco que foi abandonado há muito por estudiosos sérios...”

Em The Blank Slate: The Modern Denial of Human Nature, de Steven Pinker, lemos como a batalha acadêmica contra o próprio conceito de natureza humana tem envolvido “calúnia política” e “ataques pessoais” contra pesquisadores que sustentam a ideia de que a humanidade possui “características básicas e inerentes”. De acordo Pinker, “o tabu sobre a natureza humana não apenas pôs antolhos nos pesquisadores, mas transformou qualquer discussão do tema em heresia que deve ser erradicada. Muitos escritores estão tão desesperados para desacreditar qualquer sugestão de uma constituição inata da natureza humana que lançaram a lógica e a civilidade pela janela”. É claro, isto é esperado na medida em que uma guerra está sendo travada ao nosso redor. Pois esta negação da natureza humana não é um jogo acadêmico tolo. É, de fato, uma guerra travada a sério, de acordo com um conceito estratégico que requer que certas ideias prevaleçam. Estas ideias, verifica-se, estabelecem o estágio de assalto geral aos pilares que sustentam a sociedade civil. Pois como Pinker explica em seu livro: “ A negação da natureza humana tem se espalhado sobre a academia e tem levado à separação entre a vida intelectual e o senso comum”.

Na guerra psicológica, travada para derrotar a sociedade existente, a eliminação do senso comum pode ser entendida como a negação de nossos instintos básicos. Primeiro, uma negação do instinto de autopreservação; segundo, uma negação dos instintos de maritais; terceiro, a negação dos instintos de maternos. Todas estas negações são observáveis nas políticas externa e doméstica dos EUA. Podem ser vistas em nossa política comercial, nas finanças governamentais, nas Varas de Família e – sim – na educação.

O programa educacional da América atual é a negação da natureza humana, do senso comum humano e dos instintos humanos. Para evitar a violência do caos e a guerra civil um país deve possuir várias instituições onde a autoridade legítima seja exercida. Esta autoridade depende do senso comum e do instinto (isto é, da natureza humana). Para funcionar adequadamente uma família requer a autoridade de um pai, que é a autoridade “patriarcal”. Em termos de governo nacional, podemos nos referir ao patriarcado dos Pais Fundadores.

Não me cabe provar que esta autoridade tenha um componente sexual. Pergunte a qualquer mãe de adolescente. Nenhuma prova adicional é necessária. Se a autoridade masculina é negada, o que acontece à masculinidade e o que acontece à autoridade? Elas colapsam? Estará aquela castrada e esta neutralizada? Para conseguir isto tem-se o recurso da defesa da homossexualidade. Pois o masculino, por natureza, rejeita o homossexual e tem – através de toda a história – se oposto à homossexualidade, a qual considera “efeminada”. Pela normalização da homossexualidade, a autoridade natural do masculino é negada. Uma vez mais, a tática adotada preenche um fim estratégico. O caminho está pavimentado para a revolução. A tradição não pode ser mantida na igreja ou no estado. Ela sucumbe e todas as formas de autoridade sucumbem com ela. Pois todas elas estão enraizadas no patriarcado, e o patriarcado não pode coexistir com sua nêmese. Uma profunda anarquia e mutabilidade surge na sociedade quando a moda suplanta os princípios, a permissividade suplanta a disciplina e o emocionalismo oprime o entendimento racional.

Não é coincidência que a educação atual produza efeitos nocivos à autoridade política e religiosa, aos princípios, à disciplina e à razão. O que é intrigante é o modo pelo qual todos estes desenvolvimentos servem ao interesse estratégico de um poder particular e a uma causa particular – quase como se estivéssemos olhando para um método clandestino para desorganizar a sociedade. Surpreenderia se este método tivesse sido desenvolvido muito tempo atrás por Willi Münzenberg (1889-1940) da Internacional Comunista? “Devemos organizar os intelectuais”, disse ele à Terceira Internacional Comunista. “Devemos evitar sermos puramente organizações comunistas”. Pois nestas circunstâncias muitas sementes devem ser plantadas nas mentes de crianças impressionáveis e adultos jovens. Em The ABC of Communism N.I. Bukharin e E. Preobrazhensky escreveram: “o Partido Comunista não é confrontado apenas com tarefas construtivas, pois nas fases iniciais de sua atividade ele é confrontado do mesmo modo com tarefas destrutivas. No sistema educacional... deve acelerar a destruição de tudo que faça da escola um instrumento de domínio da classe capitalista”.

Isto não implicaria a destruição do senso comum, a negação da natureza humana e do instinto, a negação da autoridade legítima e da ordem civil? Münzenberg acreditava que todos os aspectos da sociedade constituem o novo campo da batalha política. E o patamar superior desta batalha encontra-se na educação; e este patamar superior deve ser confiscado na primeira oportunidade. As vítimas desta batalha não podem ver que estão sob ataque. Elas não sabem o que é uma arma cultural, ou como a guerra psicológica pavimenta o caminho para sua eventual destruição. Nossos líderes e nosso povo acreditam que o instinto é um mito usado por reacionários para preservar o privilégio masculino e sua lamentável "homofobia". Fora com a masculinidade! Ela é reacionária! Ela é uma ameaça! 

“Nenhum pastor, e um rebanho”, escreveu Nietzsche. “Todos desejam o mesmo, todos são iguais: aquele que tem outros sentimentos que vá voluntariamente para o hospício”.

A Suprema Corte declarou que casamento é entre homens ou entre mulheres, e que uniões deste tipo não são diferentes da união entre homem e mulher. Isto mostra que o veneno alcançou órgãos vitais. E não temos antídoto. Na verdade, fabricamos o veneno nós mesmos e não precisamos dos criadores do veneno para continuar a produzi-lo.

“Um pouco de veneno de vez em quando e produzem-se sonhos agradáveis”, escreveu Nietzsche. “E muito veneno no fim, por uma morte agradável”.
POR JEFFREY NYQUIST http://jrnyquist.com/
Tradução: Flávio Ghetti

quinta-feira, 27 de agosto de 2015

MENTIR, MENTIR... ATÉ QUE SE CONSOLIDE A GOVERNANÇA VERDE MUNDIAL

Abandonar os investimentos em combustíveis fósseis – quer dizer, naqueles viáveis para a atividade humana no mundo – é uma palavra de ordem repetida incessantemente nos arraias do fanatismo verde.


É fora de dúvida que aparecendo combustíveis melhores, menos onerosos, mais eficazes ou acessíveis, será bom ir fazendo a devida substituição, com sensatez e com toda a presteza possível.

Mas nada disso está acontecendo. Os verdes exigem desinvestir sem fornecer alternativas viáveis. O que equivale a parar a civilização hodierna.

Com esse objetivo, eles não hesitam em apelar até para desonestidades científicas, políticas ou administrativas.

Um exemplo recente desses procedimentos desonestos deu-se com a Sérvia.

A manobra visa influenciar a conferência de Paris sobre o clima – COP 21, em dezembro –, a qual tentará fazer passar uma espécie de governança mundial ambientalista, ou governo arbitrário verde, por cima dos países soberanos.

A ocasião é propícia para anúncios demagógicos, sobretudo se servirem para estimular a COP 21 no mau caminho, na estrada do fascismo verde. 

Nesse contexto, a Sérvia anunciou objetivos “exemplares” em matéria de corte de emissões de CO2. 

Porém, seu plano “exemplar” na verdade só produzirá o contrário do que anuncia: aumentará em 15% as emissões de CO2, segundo o jornal “The Guardian”, jornal que aderiu à campanha 'desinestimentista', referido pela agência também ‘desinvestimentista’ VoxEurop.

O trapaceiro compromisso climático da Sérvia foi aclamado pela Comissão Europeia como um passo “exemplar” para os demais países da União Europeia.

Faire flèche de tout bois, diz o adágio francês... Inventar pretextos com base em qualquer coisa...

Belgrado anunciou que em relação a 1990 – quer dizer, à era soviética – até 2030 reduzirá 9,8% de suas emissões de CO2. O sensacional anúncio foi feito na presença do vice-presidente da Comissão Europeia e comissário da União energética, Maroš Šefčovič. 

Na realidade, as emissões de CO2 na Sérvia já diminuíram 25% desde 1990, devido ao colapso da vetusta indústria pesada herdada da era comunista.

Assim, somando e subtraindo, o enganoso anúncio dizia na prática que a Sérvia iria aumentar 15,3% a sua emissão do incompreensivelmente denegrido CO2. O aumento do CO2 é ótimo para o meio ambiente, especialmente para os vegetais. Mas o fanatismo verde demonizou esse gás da vida.

Fontes da UE reconheceram que a trapaça da Sérvia ainda poderia ser maior, pois os valores de 1990 incluíam centrais a carvão de um território disputado – o Kosovo – que não serão computadas em 2030.

Mas o vice-presidente da Comissão Europeia louvou a proposta e prometeu apoiar a candidatura Sérvia de adesão à UE, cujos países-membros se comprometeram a reduzir as emissões de CO2 em 40% até 2030.

“O vosso sucesso atual, na adoção das contribuições previstas e determinadas em nível nacional, constitui um passo exemplar”, enalteceu ainda o líder da UE.

O comissário da UE para o Clima, Miguel Arias Cañete, também incensou a enganação de Belgrado, acrescentando que a Sérvia deu provas de “liderança na região” e que o “exemplo” – não se sabe se é o da fraude – deve ser rapidamente seguido pelos seus vizinhos.

“A proposta sérvia é uma anedota, mas agora que a Comissão diz que é um passo exemplar para a adesão à UE, ninguém ri”, comentou Garret Tankosić-Kelly, responsável do think thank bósnio SEE Change Net, também membro da confraria verde.

“Como é que o resto do mundo pode levar a sério as propostas da UE relativamente ao clima, quando podemos demonstrar que esta permite que os países candidatos à adesão manipulem os dados das suas políticas climáticas na esperança de que ninguém repare?”, perguntou.

“É uma espécie de manipulação”, disse uma fonte da UE.

A Sérvia está fortemente engajada numa onda de construção de centrais a carvão – essas sim produtoras de gases poluentes –, para substituir as periclitantes infraestruturas comunistas. 

Recentemente ela assinou um acordo de 600 milhões de dólares com a China, o maior poluidor do planeta, para construir uma nova central em Kostolac.

Mas não há qualquer protesto dos heróis ‘salvadores do Planeta’. Quando a imagem do socialismo ou do comunismo pode ser lanhada em algo, os ambientalistas radicais guardam obsequioso silêncio.

Esses silenciosos arrebentam em aplausos quando alguém anuncia que se jogou no abismo da utopia anticivilizatória, ainda que seja mentindo. O importante para eles é que o mundo ex-cristão corra para a depauperação geral.

20 índices mostram que a poluição na China atingiu níveis 'apocalípticos':


quarta-feira, 26 de agosto de 2015

A GRANDE MURALHA DA CHINA COMEÇA A SE ESFACELAR

A China foi a grande salvadora da economia mundial em 2008. A implantação de um pacote de estímulos sem precedentes como resposta à crise financeira daquele ano gerou uma explosão de investimentos em infra-estrutura

Houve maciços e esbanjadores projetos de construção na China, os quais envolveram a construção de basicamente qualquer coisa que você seja capaz de imaginar. 



Durante um período de apenas dois anos, 2011 e 2012, o qual representou o ápice da tão aclamada "agressiva política de estímulos" do governo chinês em resposta à recessão do mundo desenvolvido, a China consumiu mais cimento do que os EUA consumiram durante todo o século XX!

A voraz demanda por commodities a serem utilizadas nesse boom da construção civil fez com que os países emergentes produtores dessas commodities — como minério de ferro e petróleo — se beneficiassem desse crescimento chinês e fossem também impulsionados por esse crescimento.

Agora, no entanto, a economia chinesa atingiu o muro. O crescimento econômico está abaixo dos 7% ao ano pela primeira vez em 25 anos, e isso segundo as próprias estatísticas oficiais do país — o que significa que os números reais provavelmente estão muito piores do que isso.

O Banco Central chinês vem adotando várias medidas para estimular a cambaleante economia. Nos últimos 12 meses, a taxa básica de juros foi reduzida de 6% para 4,85%, sendo este o menor valor da história.

A fuga de capitais do país vem aumentando. No segundo trimestre de 2015, US$ 766 bilhões saíram do país. No primeiro trimestre, foram US$ 945 bilhões. Só nas últimas sete semanas, mais de US$ 190 bilhões saíram do país. Nas primeiras três semanas de agosto, US$ 100 bilhões já foram embora, não obstante todas as draconianas leiscriadas pelo governo para impedir "saídas ilícitas de capital".

Como consequência dessa maciça fuga de capitais, o Banco Central chinês optou por desvalorizar a moeda chinesa(o renminbi). Essa recente desvalorização da moeda foi uma medida desesperada e de última instância, a qual serviu apenas para sinalizar que a grande era do crescimento chinês está rapidamente chegando ao fim.

Em julho, as exportações tiveram uma queda de 8,3% em relação ao mesmo mês do ano passado. Os analistas esperavam uma queda de apenas 1%, o que mostra que a situação chinesa é pior do que muitos estimam.

O mercado imobiliário chinês também se encontra em uma situação claudicante. Os preços dos imóveis caíram acentuadamente após décadas de contínuo aumento. Para os milhões de chineses que alocaram sua poupança no setor imobiliário, a situação é perturbadora. 

Adicionalmente, a desaceleração econômica chinesa está enviando ondas de choque para todo o mercado de commodities. O índice global de commodities, da Bloomberg, que acompanha os preços de 22 commodities, caiu para níveis que vigoravam apenas no início deste século.

O minério de ferro é uma matéria-prima essencial para alimentar as siderúrgicas da China; e, como tal, é um bom mensurador para o atual estado da construção civil chinesa. O preço do minério de ferro no porto de Qingdao caiu para US$ 53 a tonelada, menos da metade em relação aos US$ 140 que vigoravam em janeiro de 2014.

Já os dados do setor industrial chinês são desanimadores. O Índice de Gerentes de Compras (Purchasing Managers Index — PMI), o qual é um amplamente reconhecido e respeitado mensurador da produção industrial,caiu para 47. Para ser considerado positivo, ele tem de estar acima de 50. Sempre que o PMI cai abaixo de 50, o setor industrial está em contração. Em julho, o valor havia sido de 48. O atual valor é o menor da série histórica. [N. do E.: para o Brasil, este índice está em 47,2].

O bem-estar dos chineses

As duas áreas nas quais a nova riqueza dos chineses se manifestou explicitamente foram essas: telefones celulares e automóveis. Esses dois mercados estão atualmente em contração.

O mercado chinês de telefones celulares é o maior do mundo. No segundo trimestre deste ano, pela primeira vez na história, as vendas de celulares na China diminuíram. Isso é um alerta de que os números oficiais do governo, que indicam um crescimento de 7% do PIB, são fictícios.

Virou moda falar que a China está vivenciando uma "saturação". Essa "saturação" está se tornando uma nova realidade econômica na China. Durante anos, empresas globais se acostumaram — aliás, o termo mais correto seria "foram mimadas" — com um crescimento econômico artificial. Essa era acabou.

O problema é que vendas em queda são um fenômeno muito pior do que era de se esperar de um mercado meramente "saturado". Um mercado "saturado" implica um crescimento de vendas pequeno ou, no máximo, nulo. Quando as vendas entram em queda, é difícil culpar a "saturação". Algo bem mais complexo está acontecendo, algo que os números oficiais se recusam a reconhecer.

Smartphones não são o único bem de consumo que está vivenciando essa débâcle de vendas em queda após anos de crescimento espetacular. Vários outros produtos estão hoje vivenciando essa mesma contração. Por exemplo, a venda de veículos na China — que é o maior mercado de automóveis do mundo, tanto em termos de produção quanto de vendas — declinou em junho e julho em relação ao mesmo período do ano passado. Mas os incrédulos fabricantes seguem construindo plantas e ampliando as instalações.

Consequentemente, a Volkswagen, cujas vendas na China — seu maior mercado consumidor — vêm caindo há três meses seguidos, está hoje empenhada ao máximo em negar que esteja reduzindo sua produção para lidar com um problema de capacidade ociosa. Sim, a VW está cortando a produção, "mas por outros motivos", segundo a empresa. Capacidade ociosa é algo muito terrível no ramo automotivo. Tal fenômeno simplesmente não pode ser admitido publicamente.

O que esperar

A maior ameaça para todo e qualquer regime político é esta: a frustração de expectativas otimistas.

Quando as massas começam a acreditar que as coisas só irão melhorar, e passam a acreditar que a atual ordem política fará com que as coisas só melhorem, então, caso essas expectativas se concretizem no curto prazo, o regime político irá se tornar obrigado a gerar uma contínua expansão da riqueza. Mas se essa expansão desacelerar, e as massas não anteciparem essa desaceleração, o regime político passará a enfrentar um potencial risco de revolução.

Na China, as massas foram ensinadas a acreditar que o sistema sempre irá fornecer os bens. E, ao longo das últimas três décadas, o sistema de fato forneceu os bens. Os investidores que investiram no país acreditaram que poderiam enriquecer quase que automaticamente. Hoje, eles estão descobrindo que as coisas mudaram.

A classe média chinesa que acreditou que o futuro traria dias cada vez melhores, e que saiu às compras por celulares e carros, está agora enfrentando uma nova realidade: as políticas keynesianas baseadas em expansão do crédito sempre geram uma contração. A China ainda não havia vivenciado um ciclo econômico ao estilo ocidental. Agora irá vivenciar.

A China é uma economia majoritariamente industrial. Ao contrário dos países ricos, sua economia urbana não está baseada no setor de serviços; ela se baseia na exportação de bens de consumo. Foi neste setor que todo o crescimento econômico se concentrou nos últimos 35 anos. E é esse setor que agora está em recessão. [N. do E.: o IMB já havia anunciado a iminência de uma recessão industrial na China ainda no segundo semestre de 2012]. 

O mercado de consumo dos bens chineses, localizado no Ocidente, está secando.

É possível argumentar que a contração chinesa seria inerente ao ciclo interno da economia chinesa, até então baseada em crescimento contínuo sem recessão. Em outras palavras, seria possível dizer que a contração é decorrente das políticas do Banco Central da China. Os estímulos gerados pela expansão do crédito teriam se exaurido. Isso significa que a recessão seria estritamente de geração interna. Entretanto, em um país macicamente industrial que exporta para todo o resto do mundo, as causas da contração são duplas: de um lado, a demanda ocidental está em queda; de outro, as políticas de estímulo do Banco Central chinês não mais estão aditivando a economia.

O Banco Central chinês está explicitamente em pânico. Ora eles anunciam que irão enrijecer; ora eles anunciam que irão adotar novas medidas de expansão.

Já o governo chinês nunca diz nada. Ele não se pronuncia. Os políticos chineses são comunistas da velha guarda e, como tal, não devem satisfação a ninguém no eleitorado. Consequentemente, eles ficam de boca fechada. Mas não há dúvidas de que o governo central exige que o Banco Central faça de tudo para manter a economia aquecida. O problema é que, desta vez, o Banco Central não está conseguindo cumprir a exigência.

A dramática queda que vem ocorrendo nos últimos dois meses na bolsa de valores de Xangai é um indicativo da encrenca em que se encontra o governo central chinês. O governo estimulou uma insana especulação na bolsa,o que faz com que seu índice mais do que dobrasse em apenas um ano







O governo está desesperado para impedir que a bolsa continue caindo, mas, até agora, o índice segue afundando feito uma pedra. Tudo indica que já está havendo um pânico para sair desse mercado. Isso é o que se deve esperar. Tudo foi uma bolha, e a bolha está agora em processo de estouro. Isso é o que sempre acontece com bolhas.

Investidores chineses não têm experiência com precificações feitas pelo livre mercado. Eles partiram do princípio de que o mundo foi arranjado de modo a enriquecê-los. Eles esperaram anos para entrar na bolsa de valores, e então, há um ano, eles começaram a entrar em revoadas. Esse foi um caso clássico de estouro de uma bolha de ações gerada por uma economia que vivenciou uma expansão artificial.

Era comum ouvir esse mito a respeito do keynesianismo asiático: ele seria diferente do keynesianismo ocidental. Os economistas keynesianos da Ásia, que não se auto-intitulam keynesianos, recorrentemente argumentavam que um planejamento econômico centralizado pelo governo, por meio do Banco Central, poderia sobrepujar os ciclos econômicos típicos das democracias ocidentais. Eles estão prestes a descobrir que as leis econômicas são imutáveis em qualquer hemisfério.


Autores:

Wolf Richter é comentarista economico e fundador da Wolf Street Corp.

Ambrose Evans-Pritchard é colunista do jornal britânico The Telegraph

Gary North é ex-membro adjunto do Mises Institute, e autor de vários livros sobre economia, ética e história.

terça-feira, 25 de agosto de 2015

NO ZIMBÁBUE NÃO CHORAMOS POR LEÕES


Nota do tradutor, Mateus Colombo Mendes:
Cecil? Quem? Quando se fala na morte do leão Cecil, no Zimbábue, e na comoção mundial que isso causou, não precisamos refletir muito para perceber a desproporção dessa reação em relação ao descaso generalizado para com a indústria do aborto americana e o genocídio de cristãos em parte da África e da Ásia, para dar apenas dois exemplos.

Mas não é preciso extrapolar muito. Podemos fazer aquilo que os autoproclamados humanistas e defensores dos pobres e oprimidos nunca fazem: escutar os seres humanos, os pobres e os oprimidos.

Os autoproclamados progressistas do mundo todo querem nos salvar de nós mesmos. Por exemplo: dizem defender os pobres dos interesses do capital, quando, no Brasil, dois em cada três trabalhadores desejam abrir seu próprio negócio. Ou seja, dois terços da população economicamente ativa não querem a defesa de cafetões sindicais, mas querem empreender, participar dos arranjos do capitalismo. Da mesma forma, os multiculturalistas que sustentam que o Ocidente não deve se meter nas culturas tribais não perguntam para as mulheres que têm suas vaginas mutiladas se elas não gostariam de um pouquinho da “opressão” cristã, intransigente no que diz respeito à defesa da vida humana.
O princípio dos exemplos acima é o mesmo quando se fala em África. O que não faltam são benfeitores querendo proteger a cultura, as raízes tribais africanas, a proximidade do povo de lá com suas origens. Ignoram que tudo que os africanos querem é progresso de verdade, evolução moral, cultural, tecnológica e administrativa. Aliás, quando podem, os africanos se apressam em fugir da vida selvagem, das guerras tribais e da miséria, refugiando-se no regaço da civilização ocidental, com toda sua opressão judaico-cristã e capitalista. Que o diga Goodwell Nzou (foto), conterrâneo do leão Cecil. Doutorando em Biociências pela Wake Forest University (Carolina do Norte), o jovem zimbabuano escreveu ao The New York Times e colocou todos os pingos nos “is” dos “mimimis” progressistas pela morte de Cecil.

Segue minha tradução para o texto de Nzou:

No Zimbábue não choramos por leões

Minha mente estava absorta em uma leitura sobre bioquímica genética quando mensagens de texto e postagens no Facebook me distraíram:
“Sinto muito pelo Cecil.”

“Cecil vivia perto de sua casa no Zimbábue?”

“Cecil? Quem?”, me perguntei. Quando assisti ao noticiário e descobri que as mensagens eram sobre um leão morto por um dentista americano, o garoto da aldeia que há em mim celebrou instintivamente: um leão a menos para ameaçar famílias como a minha.

Meu entusiasmo murchou quando percebi que o caçador estava sendo pintado como o vilão. Experimentei, então, a mais extrema contradição cultural destes cinco anos em que estou estudando nos Estados Unidos.

Será que todos esses americanos que estão assinando petições entendem que os leões realmente matam pessoas? Será que entendem que toda essa conversa de que Cecil era “amado” ou “muito querido” pela população local era exagero da mídia? Será que Jimmy Kimmel [1] se emocionou porque Cecil foi assassinado ou porque o confundiu com o Simba, do Rei Leão?

Na minha aldeia no Zimbábue, cercada por áreas de conservação da vida selvagem, nenhum leão jamais foi amado, ou merecedor de um apelido carinhoso. Eles são objetos de terror.

Quando eu tinha nove anos de idade, um leão solitário rondava aldeias perto de minha casa. Depois que ele matou algumas galinhas e cabras e uma vaca, fomos orientados a ir para a escola em grupos e a parar de brincar na rua. Minhas irmãs não iam mais sozinhas até o rio buscar água ou lavar pratos; minha mãe esperava por meu pai e meus irmãos mais velhos (armados com facões, machados e lanças) para escoltá-la até o mato para buscar lenha.

Uma semana depois, minha mãe reuniu a mim e a nove dos meus irmãos para explicar que seu tio fora atacado, mas escapara, com apenas uma perna machucada. O leão acabou com a vida na aldeia. Ninguém mais se reunia ao redor de fogueiras à noite; ninguém mais se atrevia a passear até a casa de algum vizinho.

Quando o leão foi morto, finalmente, ninguém se importou se seu assassino era alguém da aldeia ou um caçador de troféus branco, se ele foi caçado ou morto ilegalmente. Nós dançamos e cantamos porque vencemos uma das mais temíveis bestas e porque escapamos do pior.

Recentemente, um garoto de 14 anos de idade, em uma aldeia não muito longe da minha, não teve a mesma sorte. Enquanto dormia na lavoura de sua família – como os aldeões fazem para proteger a plantação do pisoteio de hipopótamos, búfalos e elefantes –, foi atacado e morto por um leão.

A morte de Cecil tampouco atraiu a simpatia de zimbabuanos urbanos, apesar de viverem longe do perigo. Muitos inclusive jamais viram um leão, uma vez que safáris são um luxo para a população de um país cujo rendimento médio mensal per capita não passa de 150 dólares.

Não me entendam mal: para os zimbabuanos, animais selvagens têm um significado quase-místico. Pertencemos a clãs, e cada clã tem um totem de animal como um ancestral mitológico. O meu é Nzou, um elefante, e, pela tradição, não posso comer carne de elefante; fazê-lo seria como comer a carne de um parente. Mas nosso respeito por esses animais nunca nos impediu de caçá-los ou de permitir que sejam caçados. (Eu sou familiarizado com animais perigosos; perdi minha perna direita por causa de uma picada de cobra, quando tinha 11 anos.)

A tendência americana [2] de romantizar os animais a quem deram nomes de pessoas e dedicar-lhes um caminhão de hashtags é algo ordinário, e parece um circo absurdo aos meus olhos zimbabuanos. (Na última década, 800 leões foram mortos legalmente, por estrangeiros endinheirados que desembolsaram muita grana para realizar tais proezas.)

A PETA [3] exige que o caçador seja enforcado. Políticos zimbabuanos estão acusando os Estados Unidos de encenar o assassinato de Cecil, como uma manobra para comprometer a imagem de nosso país. E americanos que não saberiam apontar o Zimbábue num mapa estão aplaudindo a exigência nacional de extradição do dentista, ignorando os relatos de que um elefante bebê teria sido abatido para o banquete do último aniversário de nosso presidente.

Nós, zimbabuanos nos perguntamos por que os americanos se importam mais com os animais africanos do que com as pessoas africanas.

Não nos digam o que fazer com nossos animais, pois vocês permitiram que seus pumas fossem praticamente extintos. Não lamentem o desmatamento de nossas florestas, pois vocês transformaram as suas em selvas de pedra.

E, por favor, não me ofereçam condolências por causa de Cecil, a não ser que vocês também lamentem pelos aldeões mortos pelos irmãos de Cecil, pela violência política [4] ou pela fome. 

***

[1] Jimmy Kimmel, ator e apresentador americano.
[2] Tendência ocidental moderna, podemos afirmar.
[3] PETA, “People for the Ethical Treatment of Animals (PEETA – mais comumente o estilizado PeTA) (em português: Pessoas pelo Tratamento Ético dos Animais) é uma organização não governamental de ambiente fundada em 1980, a qual já conta com mais de 2 milhões de membros e se dedica aos direitos animais” (Wikipedia). A PETA é hoje, na verdade, algo como uma grande corporação do mimimi ambientalista, dedicada a infernizar a vida de quem não comunga de suas opiniões estreitas.

[4] Fatos sobre o Zimbábue, por Alexandre Borges:

É comandado por Robert Mugabe, 91 anos, ditador comunista genocida (perdoem a redundância) que está no poder há 35 anos. Mugabe preside um dos regimes mais corruptos do mundo, mesmo para padrões africanos, e ninguém leva a sério as eleições de araque do país que repetidamente dão vitória a ele. Por ser da etnia "shona", Mugabe não mandou apenas perseguir e exterminar a população branca do país (o que é comemorado por certa esquerda ocidental) mas também 40.000 negros da etnia rival Matabele.

O ditador africano fechou um acordo com o companheiro King-Jong Il em 1980, o que resultou num campo de treinamento de tropas com "tecnologia" genocida nortecoreana. A combinação de um ditador comunista com uma tropa treinada pela Coréia do Norte você pode imaginar.

Ficou famoso por fazer uma reforma agrária em que seu regime torturava e matava os produtores agrícolas, expropriando (ou "coletivizando") suas terras e entregando aos correligionários e amigos, a maioria sem qualquer experiência na área. Resultado: a produção agrícola despencou e o Zimbábue é um dos países com mais famintos e miseráveis do planeta. Mais de 2,2 dos seus 13 milhões de habitantes passam fome. Os companheiros continuam bem alimentados.

O país é conhecido pela pior hiperinflação da história (231.000.000% em 2008). O Zimbábue chegou a imprimir uma nota de 1 trilhão de dólares zimbabuenses. Robert Mugabe é formado em economia pela Universidade de Londres, num curso feito à distância.

O Zimbábue perdeu o controle sobre a AIDS, principal causa das mortes no país, mais até que a violência e a fome.

O regime de Mugabe está em 175º lugar em liberdade econômica no ranking da The Heritage Foundation. É a pior colocação entre os vizinhos e uma das piores do mundo. O direito de propriedade é quase inexistente, o judiciário é subserviente ao regime e é praticamente impossível qualquer atividade econômica sem alguma pilhagem de agentes do governo. Abrir um negócio legalmente leva 400 dias. Seguir todas as regulações do governo inviabiliza qualquer negócio. Importações são complexas e lentas. É o verdadeiro paraíso comunista.

Com leis trabalhistas insanas, típicas de governos de esquerda, muitos trabalhadores, que precisam de licenças governamentais para trabalhar, foram jogados para a informalidade. Grande parte da população está fora do sistema bancário.

Em 1965, quando se tornou independente, o Zimbábue tinha uma das economias mais vibrantes do continente, um setor financeiro moderno e boa infra-estrutura. Nada que um regime comunista não consiga destruir enquanto rouba e empilha cadáveres.
Em 2013, o BNDES (ou seja, seu dinheiro) emprestou US$ 100 milhões ao regime, ou R$ 340 milhões em valores atuais. É um terço de bilhão dos impostos dos brasileiros direto para o bolso de um genocida.

Tirando esses pequenos detalhes, que não chamam atenção do ocidente, voltemos a falar do leão.



Mugabe e Lula - a parceria de sempre entre petistas e ditadores e genocidas.