quinta-feira, 14 de março de 2013

INVERTENDO O JOGO


Invertendo o jogo: são os estatistas, e não os defensores da liberdade, que têm de dar respostas


Obs: o artigo a seguir foi baseado neste artigo de Bryan Caplan

Sempre que publicamos um artigo que faz a defesa de uma sociedade livre de intervenções e coerções estatais, os defensores do sistema vigente estrilam. Em vez de contra-atacar com argumentos racionais, eles se limitam apenas a apelar para efusões de sentimentalismo, como se afetações de "preocupação para com os desvalidos" fossem argumentos imbatíveis. 

Em vez de atacarem os argumentos éticos, morais e econômicos em prol de uma sociedade livre, tudo o que eles fazem é inventar algumas hipóteses "desumanas" que, segundo eles, seriam frequentes em um ambiente de liberdade.

Eis os exemplos mais comuns desta afetação de coitadismo a que recorrem:


"Sem saúde pública, o que ocorrerá a um sujeito pobre que ficar doente, não tiver plano de saúde, e não conseguir convencer amigos, familiares ou instituições de caridade a pagarem por seu tratamento?"

"Sem educação pública, como os pobres irão se educar?"

"E se um idoso for fraudado por uma empresa de previdência privada e os criminosos desta empresa desaparecerem com todo o seu dinheiro?"

"E se uma criança pobre estiver morrendo de fome nas ruas, e ninguém se oferecer para alimentá-la?"

"E se um sujeito sem instrução e sem nenhuma habilidade prática não conseguir arrumar um emprego, quem irá ajudá-lo?"

Se você é um libertário, certamente já teve de lidar com estas e várias outras perguntas. O real objetivo do inquisidor é fazer você dizer "Ah, isso não é problema meu!" e parecer um desalmado indigno de ser levado a sério. 

Entretanto, o que sempre nos intrigou, o que jamais conseguimos entender, é por que os libertários quase nunca fazem perguntas análogas aos defensores do estado. Afinal, o arranjo que eles defendem não apenas já existe, como vivemos nele e testemunhamos diariamente os inúmeros e explícitos atentados aos mais básicos direitos humanos e às mais básicas liberdades individuais cometidas por ele. 

Mais ainda: o pior cenário que os defensores do estado imaginam que irá ocorrer em um cenário de liberdade já ocorre rotineiramente no cenário estatista que eles defendem.

Sendo assim, eis algumas perguntas às quais os defensores do estado devem responder:


"E se o Congresso aprovar uma lei injusta, o presidente sancioná-la e o Supremo Tribunal impingi-la?"

"E se o governo decretar que é proibido trabalhar em troca de um determinado valor salarial?"

"E se o governo proibir a concorrência em determinados setores da economia?"

"E se o governo quiser desarmar a população?"

"E se o governo for leniente com sequestradores, assassinos e grupos terroristas ideologizados?"

"E se o governo estipular que as empresas devem contratar de acordo com critérios de cor e preferência sexual, e não de competência?"

"E se o governo decretar que determinadas opiniões são proibidas, sendo passivas de encarceramento?"

"E se o governo estipular que apenas seus empresários favoritos podem receber subsídios e atuar em determinados mercados?"

"E se o governo resolver desapropriar moradores pobres para construir ruas, estradas ou complexos esportivos nesses locais, favorecendo suas empreiteiras favoritas?"

"E se o governo decidir encarecer a importação de produtos de qualidade?"

"E se o governo estipular regras e burocracias que dificultem sobremaneira o empreendedorismo?"

"E se o governo decretar que apenas os seus serviços de segurança e justiça podem ser utilizados? E se estes forem ruins?"

"E se os integrantes do governo praticarem corrupção? Quem irá puni-los, uma vez que os serviços de justiça foram decretados monopólio estatal?"

"E se o governo assumir o controle da educação, determinando os currículos das escolas e das universidades, tornando a população mais imbecilizada?"

"E se o governo assumir o monopólio da moeda e decidir inflacioná-la continuamente, destruindo a poupança dos trabalhadores?"

"E se o governo aumentar continuamente o confisco da renda dos cidadãos para repassar o butim à sua própria burocracia e a grupos de interesse politicamente bem organizados?"

"E se o governo me recrutar compulsoriamente e me enviar para uma guerra injusta, e eu sofrer uma morte horrenda e dolorosa?"

"E se aquele pobre para quem o governo dá esmolas resolver gastar todo o dinheiro com cachaça, cigarro e jogatina?"

"E se uma pessoa se entregar a um estilo de vida nada saudável e onerar a saúde pública?" 

"E se o governo decidir encarcerar pessoas pelo simples fato de elas injetarem determinadas substâncias em seus próprios corpos?"

"E se uma pessoa, levada pela certeza de que a Previdência Social cuidará dela até sua morte e que o governo lhe dará todos os remédios necessários, se entregar a um estilo de vida pouco saudável e ter uma velhice inválida e sofrida?"

"E se o governo decidir que eu sou obrigado a financiar programas dos quais discordo moral e eticamente?"

"E se o governo decidir mandar para a cadeia todos aqueles que não lhe pagarem tributos?"

Note que, uma vez que você começa o jogo do "e se", é difícil parar de imaginar hipóteses. Pense em qualquer sistema político: garantimos ser capazes de gerar infinitas hipóteses desconcertantes para irritar seus defensores. 

Eis a lição a ser aprendida: absolutamente toda e qualquer perspectiva política terá em algum momento de dizer "Ah, isso não é problema meu!" quando confrontada com um "e se" bem construído. Ao passo que não há nada de especialmente insensível ou cruel no libertarianismo, já houve inúmeras crueldades realmente praticadas por todos os outros tipos de governo. Defensores da democracia, do nacionalismo, do socialismo, do progressismo, do politicamente correto e da social-democracia — todos, em algum momento, após serem pressionados a se posicionar a respeito de algo trágico ocorrido sob o tipo de governo que defendem, simplesmente dirão em um tom lamentoso que "a vida é dura". Outros, mais irritados, dirão "o que você quer que eu faça quanto a isso?".

É essencial ressaltarmos que, enquanto os críticos da liberdade se reduzem a apenas inventar hipóteses ruins que poderiam ocorrer em um sistema sem coerção estatal, todos os nossos "e se" acima apresentados já sãorealidade em um sistema de coerção estatal. Todos eles já estão ocorrendo neste exato momento sob o sistema de governo que eles defendem. Por que somos nós que temos de ficar na defensiva ao advogar um sistema que se oponha a tudo isso? Eles é que têm de apresentar justificativas para o sistema atual. Nunca testemunhamos a ocorrência de uma sociedade libertária; vivemos em uma sociedade estatista. Quem defende o atual modelo, com a existência de um estado, é que tem a obrigação de responder de pronto a todas as perguntas acima. E então, só então, ele estará em posição de fazer perguntas.

No que mais, utilizando os conhecimentos da ciência econômica, podemos saber antecipadamente que a riqueza e a caridade privada em uma sociedade sem coerção estatal seriam mais pronunciadas do que na atual, sendo suficientes para acabar com a pobreza absoluta. Se ainda há pobreza absoluta no atual sistema, após séculos de gerência estatal, então seus defensores devem respostas.

Por que, enfim, essa duplicidade de comportamento? Como pode o defensor da espoliação exigir respostas do defensor da não-agressão? Que inversão moral é essa? Por que o defensor da liberdade é que tem de explicar a superioridade ética e moral deste arranjo? Por que o defensor da coerção ganha um passe livre? Por que os estatistas nunca devem dar explicações de nada?

A raiz deste comportamento esquisito está na propensão das pessoas a apoiar o status quo. A maioria das pessoas tolera as consequências desagradáveis do status quo porque já se acostumaram a ele. Assim como um escravo acaba desenvolvendo uma afeição por seu senhor, ou um sequestrado começa a se sentir atraído por seu raptor, as pessoas igualmente passam a ser incapazes de imaginar como seria viver sem ser espoliadas e tolhidas. Pior ainda: passam a crer que os tipos de agressão e descaso a que são rotineiramente submetidas pelo estado são normais e fazem parte da vida.

Você foi recrutado contra a sua vontade pelo exército e perdeu anos de sua vida neste regime de semi-escravidão? Fazer o quê, é a vida. Foi encarcerado por ter injetado em seu corpo uma determinada substância não aprovada por burocratas? Que pena. Teve vários ativos confiscados porque não deu a "quantia correta" de dinheiro para sustentar o estado? Bem feito por não obedecer! Foi assaltado e a polícia não lhe ajudou? Melhor sorte da próxima.

A maioria das pessoas não toleraria algumas ramificações do libertarianismo — como a total responsabilidade individual e a necessidade moral de ajudar ao próximo — porque elas estão acostumadas a um mundo em que o governo diz "Não se preocupe, estamos no controle de tudo. Estamos cuidando de você."

Sinceramente, o que há de tão reconfortante nessa garantia estatal? Mais ainda: o que há de tão reconfortante nessa garantia quando ela vem acompanhada de uma lista de inúmeras mazelas diariamente cometidas pelo governo?

Por: Equipe IMB

quarta-feira, 13 de março de 2013

O QUE É SER INTELIGENTE?


O que fazer quando ocorre uma emergência com o cliente? O que fazer quando um investimento na empresa não deu certo? Automatizar ou não um processo? Deixar os colaboradores trabalharem em casa? Quem é o verdadeiro cliente da empresa? Pegar um empréstimo ou não? Ser dono do seu próprio negócio vale realmente a pena?

Mais do que concordar ou discordar, acredito que o mais importante para o empreendedor é utilizar sua inteligência para ir formando a sua própria convicção. “Ir formando”, bem no gerúndio mesmo, porque esta convicção pode ser alterada a partir do conhecimento e vivência de novas experiências empreendedoras.Há décadas muitos pesquisadores vêm apontando características do empreendedor típico e aparecem coisas como persistência, coragem, paixão, liderança, visão. 

Nestas situações, a abordagem é a mesma: não concordo e nem discordo, apenas utilizo a minha inteligência para formar a minha própria convicção. A principal delas é que todo grande empreendedor aprende rápido. E faz isto porque é muito inteligente. Mas o que me incomodava nesta minha convicção é que boa parte dos grandes empreendedores não foram excelentes alunos e vários famosos até desistiram da faculdade como Bill Gates, Steve Jobs e Richard Branson.

Só encontrei a resposta para este incômodo quando conheci os trabalhos de Howard Gardner, autor da teoria das Inteligências Múltiplas. Gardner explica que a inteligência do ser humano não pode ser mensurada apenas pelo raciocínio lógico-matemático cobrado nos vestibulares e nas faculdades. Neste tipo de inteligência, o sujeito estuda para saber qual botão apertar. Se aperta o botão certo, tira nota 10 é considerado inteligente.

Não raro, o aluno “inteligente” decora qual botão apertar. Um dos alertas importantes destacados por Gardner é que “a maior parte dos testes (das escolas e faculdades) mede a inteligência lógica e de linguagem. Quem é bom nas duas é bom aluno.

Enquanto estiver na escola, pensará que é inteligente. Porém, se decidir dar um passeio pela cidade, rapidamente descobrirá que outras habilidades fazem falta, como a espacial e a intrapessoal – a capacidade que cada um tem de conhecer a si mesmo, fundamental hoje”.Mas muitos empreendedores que conheço não são apertadores de botão, já que em muitos casos, nem botão há ou em outros, eles criam seus próprios botões. Gardner defende que há outros tipos de inteligências como a musical, espacial, linguística, interpessoal, intrapessoal, corporal, naturalista e existencial.

E o que noto é que há empreendedores que não foram alunos “nota 10”, mas que têm uma elevada inteligência espacial para entender contextos, um elevado grau de confiança em função de sua inteligência intrapessoal ou são ótimos em lidar com pessoas, pois dominam a inteligência interpessoal, apenas para citar algumas das inteligências. Acredito que os grandes empreendedores souberam alinhar suas inteligências mais destacadas com o que Howard Gardner chama de Cinco Mentes para o Futuro, que em sua opinião são essenciais para o desenvolvimento do ser humano que são: 

- a mente disciplinada (exige o esforço para sermos bons em algo), 

- a mente sintetizadora (que sabe o que realmente importa e como isto pode ser combinado), 

- a mente criativa (que cria soluções inovadoras eficazes a partir da disciplina e síntese), 

- a mente respeitosa (que reconhece que o ser humano é único, com crenças e valores diferentes) 

- a mente ética (que faz a coisa certa mesmo quando não atende aos nossos interesses).

Veja gráfico sobre inteligências múltiplas abaixo

Tudo isto para você pensar que precisa utilizar suas inteligências para encontrar suas respostas para os seus dilemas, desafios e desejos de empreendedor. Só para exemplificar: O dilema de automatizar ou não um processo. A Juliana Motter da Maria Brigadeiro optou por não automatizar, mas se acompanhar a trajetória da Taciana Kalili da Brigaderia, a solução encontrada foi outra. Quem errou? Provavelmente todos aqueles que utilizaram a lógica-matemática para chegar à conclusão de que não havia mercado para um negócio só de brigadeiros.

Para terminar a resposta do meu teste para saber se você tem o perfil empreendedor: Se você acha que pode ou acha que não pode fazer algo, você está certo! Frase atribuída a Henry Ford que só teve sucesso na terceira empresa que fundou e com o modelo T (imagina qual foi a letra do primeiro modelo que ele lançou?).






AMEAÇAS VAZIAS

A guerra está por vir, pois as guerras sempre estão no horizonte. Estaremos despreparados para a guerra, pois esse é o modo de sermos. É assim que funciona a história. Se isso não é percebido no Ocidente, com certeza o é no Oriente.


Em 2009, a manchete do The Atlantic foi: “Netanyahu para Obama: Pare o Irã – ou eu o farei”. Quatro anos depois constatamos que nada aconteceu. O Primeiro Ministro israelense bufou aos montes e o presidente dos EUA manteve-se imóvel. Não houve ataque israelense ao Irã e provavelmente não haverá. Alguns relatos já dão como certa a existência de armamento nuclear iraniano e uma futura ampliação. Por conta de o presidente Obama querer uma solução diplomática, as negociações e os encontros não têm fim. Com efeito, Obama e o presidente russo Vladimir Putin já concordaram em se reunir para discutir o problema iraniano durante o encontro vindouro do G-8 na Irlanda do Norte. Então como devemos considerar as futuras ameaças israelenses?

Existe uma regra implícita na política: não se deve jamais fazer ameaças. Nada expõe tão flagrantemente as fraquezas quanto as ameaças vazias. Se você pode fazer algo, então faça. Não fique falando. A esse respeito, as falas sem ações fazem todos suspeitarem que você seja impotente. Como dizem, o falatório é vão. As ações, por outro lado, dizem algo completamente diferente. Se as ações forem coerentes com as palavras, então as pessoas ficaram genuinamente abaladas pelo que disseres. Se quatro anos passam sem ação, as pessoas concluirão que você é um falador.

O jornal Times of Israel publicou a seguinte manchete no último domingo: “Negociações sobre armamento nuclear só serviram para dar mais tempo ao Irã”. Do lado americano, a fala é um meio para desperdiçar um precioso tempo. As negociações entre as cinco potências (mais uma) feitas no Cazaquistão serviram muito bem ao Irã, pois enquanto as potências conversavam, o Irã estava construindo sua bomba; E uma vez que o Irã tivesse a bomba, ninguém se atreveria a agir. Mesmo porque, quem atacaria uma nação que tem uma bomba nuclear? O Primeiro Ministro Netanyahu é citado no artigo dizendo que o Irã está “continuadamente desafiando a comunidade internacional [...] Assim como a Coreia do Norte, que continua a desafiar todos os padrões internacionais, de modo que tal ato pede que os demais países reforcem suas sanções e deixem claro que se isso continuar haverá sanções militares”.

Incrivelmente mais uma ameaça foi feita. De fato, por que se fez tal afirmação? A qual propósito isso serve? Os líderes iranianos não foram intimidados. E, como disse o próprio Ministro do Exterior de Israel, todos sabem que o Irã não recuará. Seja como for, os iranianos têm muitos meios de adquirir uma bomba. Eles obviamente estão trabalhando com os norte-coreanos e poderiam – se necessário – produzir armas nucleares sob os auspícios de Pyongyang. Tais armas poderiam ser levadas da Coreia do Norte até o Irã via submarino e ninguém jamais saberia. Portanto, mesmo que houvesse um ataque às instalações nucleares iranianas, de nada adiantaria. E verdadeiramente falando, neste contexto atual, quem se atreveria a bombardear o regime norte-coreano? É um governo que já possui várias armas nucleares e está totalmente preparado para bombardear Tóquio ou até mesmo lançar um míssil com uma ogiva nuclear contra os Estados Unidos.

O Ocidente já esperou demais para agir em outras ocasiões. Em 1949 Stálin tinha sua própria bomba – e provavelmente ele foi o mais mortífero psicopata de todos. Mao Tsé-Tung conseguiu sua bomba em 1964. E nós, o que fizemos? Convivemos com isso e provavelmente iremos assim até morrer. O fato é que os loucos já possuem a bomba e um dia eles irão usá-la. (Oh sim, eles irão). A álgebra estratégica é inegável, embora vivamos em uma sociedade e uma cultura que nega tais coisas, mesmo por que nosso próprio modo de vida depende de tal negação.

A guerra está por vir, pois as guerras sempre estão no horizonte. Estaremos despreparados para a guerra, pois esse é o modo de sermos. É assim que funciona a história. Se isso não é percebido no Ocidente, com certeza o é no Oriente. Na última semana, o Presidente Putin ordenou que os líderes militares fizessem “melhorias urgentes” às forças armadas. “Esforços estão sendo feitos para equilibrar a balança estratégica”, disse Putin em uma assembleia de oficiais militares russos. “As forças armadas da Rússia devem se lançar para um novo nível de capacidades nos próximos três ou cinco anos”. Nesse ínterim, de volta aos EUA, as forças armadas estão enfrentando cortes automáticos e uma drástica redução das capacidades.

A presente situação é perfeitamente óbvia. Netanyahu fará muito barulho, Obama negociará e os iranianos construirão a bomba. O padrão está definido e ninguém pode alterar o que vem sendo construído há décadas. Todo período de declínio é pontuado por reveses econômicos e militares. Atualmente estamos no estágio do revés econômico. Em breve veremos o revés militar. Por: POR JEFFREY NYQUISt Publicado no Financial Sense.

Tradução: Leonildo Trombela Júnior

terça-feira, 12 de março de 2013

ECONOMISTAS DE FATO ACREDITAM QUE É POSSÍVEL CONSEGUIR ALGO EM TROCA DE NADA

Um indivíduo vai ao médico e reclama estar sentindo algumas dores localizadas. O médico examina o paciente e faz um diagnóstico incorreto. Ele receita alguns remédios para o paciente e os sintomas desaparecem. Com o tempo, o indivíduo passa a crer que está curado. Ele pensa que está com mais saúde. Ele pensa que melhorou em definitivo. Mas está ocorrendo justamente o oposto: ele ficou ainda mais doente; mas como os sintomas de sua doença desapareceram, ele supõe que foi curado. Ele não fará mais nada para lidar com sua doença. Mas a doença pode ser fatal. 


Conheço um sujeito que durante muito tempo padeceu de uma doença que apresentava sintomas idênticos à doença de Parkinson. Durante 25 anos, seu médico diagnosticou sua condição como sendo mal de Parkinson. Ele foi colocado sob um tratamento voltado para combater o mal de Parkinson. Recentemente, descobriu-se que na realidade ele nunca teve mal de Parkinson. Ele tem uma doença congênita que cria exatamente os mesmos sintomas do mal de Parkinson. Estes sintomas podem ser efetivamente tratados por meio de uma operação. Ele fará esta operação mês que vem. Com certeza, a maioria dos sintomas desaparecerá.

Os tratamentos que ele recentemente passou a fazer, e que foram concebidos para lidar com doenças congênitas, melhoraram acentuadamente seu estado. Em suma, o diagnóstico feito 25 anos atrás levou a uma série de despesas com remédios totalmente desnecessários, o que, por sua vez, levou à falsa conclusão de que os remédios estavam combatendo efetivamente a doença. Mas não estavam. Eles estavam apenas atacando sintomas criados pelo mal de Parkinson. Ele passou 25 anos de sua vida sem ter saúde e incorreu em gastos completamente desnecessários lidando com uma doença que nunca teve.

Por que estou contando esse caso real? Porque ele é uma metáfora perfeita para ilustrar exatamente o que as políticas de Banco Central fazem com uma economia. Um Banco Central lida com sintomas. Pior ainda: lida com sintomas causados justamente por suas políticas anteriores. Explico.

Os dígitos são de graça; a riqueza, não

"Não é possível obter alguma coisa em troca de nada." Todos os economistas dizem acreditar nesta máxima. Porém, a verdade é que, com a exceção dos economistas seguidores da Escola Austríaca, nenhum economista realmente crê nessa máxima.

Todos os economistas, exceto os seguidores da Escola Austríaca, dizem que uma política monetária mais frouxa, com redução dos juros, gera crescimento econômico sólido. Uma combinação de expansão monetária com gastos do governo é um remédio capaz de reverter recessões e gerar prosperidade.

Somente os austríacos possuem uma metodologia consistente, a qual diz que é logicamente impossível o governo ser a fonte do crescimento econômico. O governo nada mais é do que uma agência que redistribui riqueza à força. O mesmo pode ser dito a respeito de um Banco Central. O Banco Central é uma agência estatal que utiliza seu monopólio da moeda para expandir a base monetária da economia. Tal expansão monetária é utilizada pelo governo para financiar a própria burocracia e demais programas governamentais, como obras realizadas por empresas e empreiteiras com fortes ligações políticas. Esta criação de dinheiro transfere riqueza do setor privado para o setor público. Ela permite que pessoas que nada produziram se apossem de bens e serviços. Ela faz com que pessoas obtenham recursos escassos sem dar nada em troca. Isso não é criação de riqueza, dizem os austríacos; isso é redistribuição de riqueza.

Mas a criação de dinheiro não gera apenas redistribuição de riqueza. Ela gera também destruição de riqueza. A destruição de riqueza ocorre porque o Banco Central, ao criar dinheiro na forma de dígitos eletrônicos e manipular a taxa de juros, gera sinais econômicos distorcidos. Ele sinaliza que há empreendimentos em determinadas áreas que repentinamente se tornaram lucrativos. Isso induz empreendedores e consumidores ao erro. Estes falsos sinais criados pela criação de dígitos geram decisões errôneas e infundadas. E decisões sensatas e sólidas são a alma da teoria empreendedorial. Sendo assim, a expansão monetária feita pelo Banco Central aumenta a quantidade de erros no sistema econômico, e esses erros vão se acumulando ao longo do tempo. Capital e recursos escassos são direcionados para setores cuja demanda é apenas temporária, pois foi artificialmente estimulada. Isso inevitavelmente leva a uma recessão, que é o processo em que tais erros são depurados e expurgados.

Somente os austríacos são consistentes ao afirmar que você não pode obter algo em troca de nada. O "nada" a que os economistas austríacos se referem são os dígitos eletrônicos criados pelo Banco Central, também chamados de dinheiro. Estes dígitos eletrônicos são produzidos pelo Banco Central a um custo marginal zero. Dizer que a simples criação de dígitos gera crescimento econômico, prosperidade e bem-estar é uma afirmação que ainda tem de ser comprovada pela teoria e pela prática. O que já foi explicado pela teoria e comprovado pela prática é que a criação de tais dígitos gera consequências negativas. Eles criam sinais falsos que são utilizados tanto por consumidores quanto por produtores para planejar seu futuro. Esses sinais falsos criam prejuízos, e os prejuízos reduzem a riqueza econômica. Prejuízos produzem contração econômica, e não crescimento econômico. No final, sobram apenas preços mais altos.

Keynesianos exigem que o Banco Central esteja aumentando continuamente a oferta monetária. Economistas da Escola de Chicago também exigem o mesmo, embora queiram que tal aumento seja menor e mais previsível. Os seguidores das expectativas racionais querem que moeda continue sendo fiduciária e de curso forçado porque são avessos a mudanças na política econômica. Os economistas supply-siders (do lado da oferta) também defendem este arranjo porque são defensores de déficits orçamentários. Eles também acreditam que a expansão monetária é boa para estimular o crescimento econômico.

Se dissermos que, em termos econômicos, dígitos eletrônicos não são nada, e se também dissermos que crescimento econômico é alguma coisa, então temos de concluir, por uma simples questão de lógica, que ou os dígitos eletrônicos não são a causa do crescimento econômico, ou, se eles são a causa, então a velha máxima está errada. Seria sim possível conseguir alguma coisa em troca de nada.

Quando se diz que dinheiro eletrônico não é nada, no sentido de que o custo marginal de se produzir dígitos adicionais é zero, então há apenas uma conclusão inevitável, supondo-se ser verdade que não podemos conseguir algo em troca de nada: o "algo" que o dinheiro digital parece gerar — crescimento econômico — é uma ilusão. 

Se o dinheiro pode ser criado 'do nada', como gostam de dizer os críticos do sistema bancário de reservas fracionárias, então o crescimento econômico que ocorre em decorrência desta criação de dinheiro tem de ser uma ilusão. Tal crescimento econômico tem inevitavelmente de estar consumido recursos escassos de alguma forma não perceptível, de modo que, em algum momento futuro, haverá perdas e prejuízos econômicos. E preços maiores.

Em outras palavras, o crescimento econômico mensurado por indicadores estatísticos não foi realmente um crescimento econômico. Tudo o que ocorreu foi uma transferência de riqueza de alguns setores da economia — setores estes que não estão devidamente ponderados pelo pessoal que constrói os índices estatísticos utilizados para identificar crescimento econômico — para outros setores, que possuem um peso maior no índice. Os indicadores estatísticos, portanto, estão ignorando os custos associados a essa transferência de riqueza, a qual ocorre por causa das informações falsas geradas pela criação de dígitos eletrônicos.

O diagnóstico errado

Comecei este artigo citando o caso de um sujeito que sofreu em decorrência de um diagnóstico errado. E disse que sua situação era uma metáfora perfeita para ilustrar exatamente o que as políticas de Banco Central fazem com uma economia. Um Banco Central lida com sintomas. Pior ainda: lida com sintomas causados justamente por suas políticas anteriores. 

Políticas anteriores de expansão monetária geram um crescimento econômico artificial que inevitavelmente termina em recessão. Para combater esta recessão, o Banco Central volta a colocar em prática exatamente as mesmas políticas que levaram à recessão. Diagnóstico errado. Sendo assim, ano após ano, geração após geração, os bancos centrais expandem a oferta monetária. E eles fazem isso sempre com a justificativa de estarem lidando com recessões. E são estas mesmas políticas que geram os ciclos econômicos. Portanto, os remédios utilizados pelo Banco Central intensificam as doenças futuras. Dígitos gratuitos produzem informações ruins. 

Estas informações ruins produzem a ilusão de crescimento econômico. Tudo o que houve foi empreendedores investindo dinheiro onde não deveriam investir, em projetos que não deveriam ter sido lançados. E preços mais altos como consequência.

Conclusão

Não é possível conseguir alguma coisa em troca de nada. Em economia, o que se consegue em troca de nada é apenas informação ruim. E estas informações ruins geram prejuízos. Mas todos os economistas, com a exceção dos seguidores da Escola Austríaca, insistem em dizer que uma expansão monetária feita pelo Banco Central é a base de sustentação para o crescimento econômico. Ao afirmarem isso, jogam no lixo a máxima de que não é possível conseguir algo em troca de nada, máxima essa que eles próprios afirmam ser verdadeira. Eles estão tão iludidos que nem mesmo percebem a inconsistência de sua posição.

Por: Gary North , ex-membro adjunto do Mises Institute, é o autor de vários livros sobre economia, ética e história. 

INDUSTRIA DA CELULOSE USA DIA DA MULHER PARA DESTRUIR EUCALIPTOS

As esquerdas odeiam eucaliptos. Descobri isto há uns bons quarenta anos. Eu vivia em Florianópolis e passeava pela ilha com uma amiga que havia descoberto o marxismo, depois de velha, em Berlim. Ao passarmos por um "caliperal", como dizem os ilhéus, ela me bombardeou com invectivas contra os eucaliptos. Que era uma árvore alienígena, que destruía a flora nativa, que destruía a agricultura, só faltou dizer que era uma árvore imperialista. Eu, que havia nascido sob frondes amigas de eucaliptos, que sinto cheiro de infância quando esmago folhas de eucalipto nas mãos, estava perplexo. Seu ódio aos eucaliptos nascera em Berlim, nos anos 70. Não por acaso, na época em que a pasta de celulose derivada do eucalipto surgira pela primeira vez em escala industrial. Em conversas ocasionais com gente de esquerda, sempre constatei esta ojeriza aos eucaliptos. Antes de a indústria da celulose tê-los descoberto, ninguém os odiava.


Alguém lembra ainda da Aracruz? Ou Aracruz já não diz mais nada para ninguém? Em 2006, duas mil mulheres de um movimento ligado ao MST, o tal de Via Campesina, comemoraram o Dia Internacional da Mulher destruindo um laboratório e um viveiro de mudas de eucaliptos da Aracruz Celulose em Barra do Ribeiro (RS). Vinte anos de pesquisa e alguns milhões de dólares foram jogados ao lixo. Último resquício aguerrido de um marxismo que já é cadáver em países desenvolvidos, o MST desde há muito tenta empurrar o País rumo às trevas dos regimes comunistas. As viúvas do comunismo alegam que o eucalipto estaria transformando o campo em um deserto verde. O oxímoro é típico de europeu, que não conhece a geografia do Sul. A pampa gaúcha, uruguaia e argentina sempre foi um deserto verde e jamais ocorreu a celerado algum destruir a pampa. Felizes os povos que desfrutam de desertos verdes.

Não por acaso, assessoravam as invasoras representantes da Noruega, Canadá e Indonésia, mais um representante do País Basco, que atende pelo basquíssimo nome de Paul Nicholson. Em Porto Alegre, planejaram a depredação hospedados no hotel Sheraton, sob as barbas do governo gaúcho, na época ocupado interinamente por um arrivista oriundo do PT, que nada fez para punir os apparatchicks estrangeiros. Mas que têm a ver estes senhores das antípodas com pesquisas sobre eucaliptos no Rio Grande do Sul?

Antes da resposta, ouçamos o deputado marxista Roberto Freire, para quem o MST pode ser tudo, menos comunista. "O comunismo é filho do iluminismo, uma corrente de pensamento que acredita no progresso da ciência como forma de minorar os males da humanidade. Destruir lavouras experimentais e laboratórios científicos nada mais é do que obscurantismo".

O deputado mentiu descaradamente. O marxismo sempre foi inimigo da ciência e do progresso da ciência. Roberto Freire não nasceu ontem e sabe muito bem quem foi Trofime Denisovitch Lyssenko, o agrônomo que pretendeu submeter os genes ao pensamento dialético de Marx. Através de experiências truncadas com pinheiros e rutabagas, proclamou que a aparição de caracteres novos transmitidos pelo organismo à sua descendência depende do meio, isto é, que os caracteres específicos adquiridos podem ser deliberadamente transmitidos. Sua ascensão foi imediata e ele se tornou presidente da Academia de Ciências Agronômicas. A ciência se divide então entre ciência burguesa e proletária. Finalmente a genética fora liberada do império da política reacionária. Os "mencheviques idealistas" que não aprovavam os resultados foram excluídos da Academia, transferidos e mesmo deportados para a Sibéria. A menos que reconhecessem publicamente seus erros. Stalin reconheceu o embuste como verdade de Estado e os comunistas de todos os países do mundo adotaram os absurdos de Lyssenko como artigos de fé. Pena que os gens não estavam de acordo com a doutrina de Lyssenko. A agricultura soviética nos anos 40 foi pras cucuias.

Filho do iluminismo terá sido também o marxismo de Mao Tse Tung, que promoveu nos anos 60 a "grande caçada aos pardais". Segundo o Grande Timoneiro, o pardal seria o vilão das deficiências da agricultura chinesa. A brilhante mente científica de Mao ordenou a milhões de chineses que perseguissem os pardais batendo latas e tambores, para que não repousassem um segundo, o que os levou à morte por exaustão. Com o pássaro quase extinto, os insetos aproveitaram o campo livre e destruíram a lavoura. A fome se abateu sobre a China provocando a morte de milhões de chineses.

Que não venham velhos comunistas falar de filiações iluministas. O marxismo, como toda religião dogmática, sempre foi hostil à ciência. Prova disto são as constantes invasões e depredações de laboratórios e culturas transgênicas promovidas pelo MST. Métodos científicos sempre facilitarão a agricultura, exatamente o que os comunistas não querem, para não perder a bandeira.

Volto aos eucaliptos. Entre as espécies utilizadas para a produção de celulose, o eucalipto é hoje a mais rentável. Seu ciclo de crescimento é de sete anos, em contraposição às coníferas do litoral americano, que levam quase um século para amadurecer. O choupo, outra matéria-prima da celulose americana e canadense, só atinge sua altura plena após 15 anos. Se as florestas dos Estados Unidos rendem entre dois e três metros cúbicos madeira por ano, as cultivadas pela Aracruz rendem, no mesmo período, 45 metros cúbicos. Ou seja, a indústria da celulose a partir do eucalipto é extremamente competitiva.

Em outubro de 2005, cerca de 300 índios tupiniquins e guaranis, reivindicando terras indígenas, ocuparam três fábricas da Aracruz Celulose S/A, em Aracruz, ES. Para dar apoio a justa causa índigena, um ônibus com estudantes saiu da Universidade Federal do Espírito Santo, entre eles - atenção! - dez noruegueses. Sobre a depredação do centro de pesquisas gaúcho, disse o "basco" Paul Nicholson: "As mulheres da Via Campesina se mobilizaram em Porto Alegre contra o modelo de agricultura neoliberal e da monocultura".

Vamos a alguns fatos. Segundo a FAO, a produção mundial de celulose atingiu 162 milhões de toneladas em 1999. Estados Unidos e o Canadá responderam com 52% do total produzido. A Noruega hoje exporta cerca de 90% de sua produção de celulose e papel. A Indonésia, principal exportador de celulose de fibra curta da Ásia, tem 70% de seu território coberto por florestas, num total de 143,9 milhões de hectares. Não me parece necessário ter a intuição de um Sherlock para perceber porque um "basco" chamado Paul Nicholson, mais representantes do Canadá, Noruega e Indonésia, coordenam a depredação do laboratório gaúcho. Desde há muito instituições católicas européias - Misereor e Caritas, entre outras - vêm financiando o MST para destruir a estrutura agrária do País. Agora são os cartéis do papel que injetam recursos na guerrilha católico-marxista brasileira para destruir uma indústria que representa cerca de 5% de nosso PIB e dá emprego a dois milhões de pessoas.

Segundo Aurélio Mendes Aguiar, pesquisador da Aracruz, foram destruídos naquele ataque dezesseis clones de alta produtividade, duas mil mudas de pesquisa que seriam testadas nos próximos quinze dias, cerca de 50 matrizes (as plantas de melhor qualidade genética, selecionadas para cruzamentos), além de um milhão de mudas comerciais. O banco de germoplasma do laboratório, biblioteca biológica onde eram preservadas as sementes para uso em melhoramento, também foi destruído. "Se fôssemos realizar todos os cruzamentos de novo, levaria no mínimo cinco ou seis anos. Alguns nunca mais serão possíveis, porque as matrizes não existem mais", diz Aguiar.

Os depredadores da Aracruz foram coerentes com a boa doutrina marxista. Abaixo a ciência! Longa vida - e muitas verbas estatais - ao obscurantismo!

Dia da Mulher de novo. Num ato declarado de sabotagem, cerca de 500 manifestantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) - a maioria mulheres - invadiram ontem a Fazenda Aliança, propriedade da família da senadora Kátia Abreu (PSD-TO). Encapuzados e munidos de foices, eles destruíram o canteiro de mudas de eucaliptos. Os seguranças e empregados da fazenda se recolheram aos alojamentos e não houve confronto. É o que noticia o Estadão de hoje.

O MST afirmou que a ocupação visava a marcar posição política contra o agronegócio e em defesa da reforma agrária. "A ruralista e senadora Kátia Abreu é símbolo do agronegócio e dos interesses da elite agrária do Brasil, além de ser contra a reforma agrária e cometer crimes ambientais em suas fazendas", disse Mariana Silva, dirigente do movimento em Tocantins. "Nosso objetivo foi mostrar a essa senadora que, em vez de destruir o meio ambiente, o melhor caminho é diversificar a produção de alimentos para o povo." 

A invasão da propriedade faz parte da Jornada Nacional de Lutas das Mulheres Camponesas, que está em andamento desde segunda-feira, com a participação da Via Campesina e do Movimento Camponês Popular (MCP). No lugar do canteiro de eucaliptos, os ativistas deixaram sementes de arroz e feijão, além de mudas. Segundo o jornal, um dos principais alvos da jornada de luta em andamento é a indústria de papel e celulose. Em Itabela, no sul da Bahia, militantes do MST ocupam desde segunda-feira uma fazenda de eucalipto da Veracel Celulose. Outras duas fazendas da Suzano Celulose foram invadidas na cidade de Teixeira de Freitas. 

A coordenação do movimento estima que quase 1,2 mil mulheres participam das ações. As moças escolheram uma singular maneira para comemorar seu dia. Até hoje, autoridade alguma houve por bem investigar os interesses da indústria de celulose neste ódio aos eucaliptos. Por: Janer Cristaldo

segunda-feira, 11 de março de 2013

UM CAUDILHO SINGULAR E DE MUITAS FACES

“Depositei minha esperança no tempo. Seu ventre enorme abriga mais esperanças do que os acontecimentos do passado – e os eventos do futuro devem ser superiores aos do passado.” Hugo Rafael Chávez Frías apelou, como sempre, a Simón Bolívar para abrir o discurso aos venezuelanos no qual comunicou que se submetera a uma cirurgia de remoção de um tumor pélvico, em Havana, em junho de 2011. O ventre do tempo, mesmo enorme, não tinha espaço suficiente para as esperanças incomensuráveis do caudilho. Chávez deixa o mundo dos vivos quatro cirurgias e uma reeleição depois. Na derradeira partida para Cuba, pela via transversa da nomeação de um sucessor, ele finalmente disse a seus concidadãos a verdade sobre o câncer que o destruía.


Nas democracias de massas, quando se trata da saúde, da doença e da morte, espera-se dos estadistas nada menos que a transparência absoluta. Chávez, porém, nunca acreditou na noção “burguesa” do interesse público. A sua vida estava consagrada a algo diferente: uma missão histórica. Por coerência, uma qualidade da qual não carecia, a doença e a morte precisavam se subordinar ao mesmo imperativo. O segredo férreo sobre o tipo de câncer, a opção desastrosa pelo tratamento em Cuba, a encenação eleitoral da cura e da reabilitação inscrevem-se na lógica política que marca o chavismo com um sinete singular. Como regra, caudilhos são líderes destituídos de ideologias. Chávez foi, sob esse aspecto decisivo, um caudilho especial.

A visão de mundo de Chávez não surgiu pronta da leitura de algum livro, mas evoluiu ao longo de uma trajetória em três etapas. O primeiro Chávez emergiu após o golpe frustrado de 1992, na roupagem do condotttieri nacionalista, antiamericano, hipnotizado pelos mitos românticos de Bolívar e do ex-presidente Cipriano Castro (1899-1908) – este, um caudilho extravagante, ganhou essa alcunha de “Bruto Louco” do ex-secretário de Estado americano Elihu Root por desafiar o presidente Theodore Roosevelt.

Moldado em parte pelo pensamento do sociólogo argentino Norberto Ceresole, o chavismo original flertava com o antissemitismo e almejava construir um Estado autoritário, de traços fascistas. Sua meta histórica era a restauração da Grã-Colômbia, ou seja, a reunificação geopolítica de Venezuela, Colômbia e Equador.


Nos anos seguintes, Chávez iniciou um programa de nacionalizações, controles de preços e “missões sociais” e concluiu um pacto estratégico com Cuba. Criou a Aliança Bolivariana para as Américas (Alba), converteu a petroleira PDVSA em aríete de política externa e engajou-se no financiamento dos governos de Bolívia, Equador, Nicarágua e Honduras.O chavismo de segunda água organizou-se em 1999, no alvorecer do mandato presidencial pioneiro, quando o caudilho rompeu com Ceresole e aproximou-se de outro sociólogo, o alemão Heinz Dieterich, um obscuro professor no México que alcançou notoriedade com o conceito do “socialismo do século 21″. A expressão significa, essencialmente, capitalismo de Estado.

Na versão chavista, o sonho bolivariano de unidade da América hispânica foi traduzido como um projeto de unificação da América Latina sobre o alicerce da Grã-Colômbia. Durante a etapa ascendente da “revolução bolivariana”, o líder venezuelano qualificou a Colômbia como ” Israel da América Latina”, “um Estado terrorista subordinado ao governo dos EUA”, e apostou suas fichas na guerrilha das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).

“O Ayacucho deste século é a Colômbia”, proclamou Chávez no seu discurso mais aventureiro, referindo-se à Batalha de Ayacucho, de 1824, um triunfo decisivo do general Sucre na guerra de Bolívar contra os espanhóis. A falência militar das Farc, evidenciada em 2008, assinalou o encerramento da fase ofensiva da política externa do caudilho venezuelano.

Da derrota no referendo constitucional de 2007, que coincidiu com a ruptura com Dieterich, surgiu um terceiro Chávez. A reinvenção ideológica já se esboçava desde a reeleição, no ano anterior, quando o caudilho anunciou a decisão de substituir a coalizão de partidos chavistas por um Partido Socialista Unificado da Venezuela (PSUV). A ideia não era dele, mas do trotskista britânico Alan Woods, um novo confidente e crítico feroz do “socialismo do século 21″. Woods propunha a radicalização socialista da “revolução bolivariana”.

Em tese, o PSUV deveria cumprir a função de organização revolucionária de massas, corrigindo o traço caudilhesco do regime chavista, que se equilibrava sobre uma coleção de máfias lideradas por burocratas e militares ligados ao condottieri. Na prática, o partido incorporou à sua máquina diversas facções chavistas, reproduzindo no seu interior o sistema de arbitragem política típico do caudilhismo.

Palimpsesto é o manuscrito várias vezes reescrito, pela superposição de camadas sucessivas de texto que não recobrem totalmente as camadas anteriores, de modo que a escritura mais recente mantém relações complexas com as precedentes. O chavismo é uma doutrina de palimpsesto que mistura a Pátria Grande bolivariana, os impulsos românticos do nacionalismo, um visceral antiamericanismo e os dogmas do marxismo.

O bizarro caldo ideológico resultante não apontou um rumo, mas conservou as portas abertas para as opções táticas do caudilho. Nos últimos dois anos, sob os impactos combinados dos fracassos econômicos, do crescimento da oposição e da batalha de Chávez contra o câncer, a “revolução bolivariana” quase estancou, frustrando suas correntes mais radicais.

“Chávez une o que é diverso: o povo”, explicou Aristóbulo Istúriz, um dirigente do PSUV, sintetizando a natureza do caudilhismo. A obsessão chavista pela reeleição presidencial ilimitada não refletia um apego excepcional do condottieri pelo poder, mas a sua aguda percepção da fragilidade da “revolução bolivariana”.

Nos primeiros, gloriosos tempos do chavismo, o regime patrocinou a publicação de uma edição de centenas de milhares de exemplares do Quixote de Cervantes para distribuição gratuita entre os venezuelanos. Dom Quixote descreve sua missão como a destruição da injustiça – mas a injustiça definitiva é a morte. Chávez sabia que não tinha o direito de morrer pois, sem ele, não há chavismo nem “revolução bolivariana”. Por: Demétrio Magnoli Fonte: O Estado de S. Paulo, 06/03/2013

COMO PAREI DE INVENTAR DESCULPAS E FINANLENTE LIBERTEI MINHA MENTE


É com bastante frequência que recebo as seguintes perguntas: "Quando foi que você percebeu que não era necessário haver um estado?", "Quando foi que você deixou de defender a existência de um estado?", ou até mesmo "Como foi que você percebeu que era incoerente ser pró-liberdade e ao mesmo defender o monopólio da violência para uma instituição política?". E há também a pergunta que resume tudo: "Quando foi que você se tornou um anarcocapitalista?"

Não é uma pergunta fácil de ser respondida. Mudanças profundas na perspectiva intelectual de uma pessoa não ocorrem da noite para o dia. Primeiro, você cogita a ideia. Em seguida, você avalia sua plausibilidade. Você pode até abraçar completamente a ideia, mas apenas de forma abstrata. A verdadeira mudança intelectual ocorre apenas quando você se torna capaz de ver a ideia funcionando no mundo real — até mesmo em sua vida cotidiana. É aí que a confiança em uma ideia se impõe.

É justamente por esta razão que nunca entendi como é possível alguém se tornar socialista. É algo que vai totalmente contra a lógica. O socialismo é a ideia menos plausível que pode ser imaginada. Bens escassos não podem ser propriedade de todos. Não é uma questão de ideologia, mas sim de lógica pura. Tente socializar seu notebook, ou seus sapatos, seu carro ou qualquer bem de capital ou de consumo. Duas pessoas não podem ser proprietárias de forma simultânea e integral do mesmo bem. O socialismo inevitavelmente sempre terminará em controle estatal total. É por isso que o socialismo gera desastres humanitários sempre que é integralmente implementado. Socialistas genuínos ou não entendem essa lógica ou simplesmente querem viver no perpétuo autoengano.

A primeira vez em que ouvi falar em anarcocapitalismo — ou 'anarquismo baseado na propriedade privada' — foi quando vi o livro de Murray Rothbard Man, Economy, and State na estante de livros de um professor. Só o título [Homem, Economia e Estado] já abordava diretamente alguns problemas que vinham me atormentando à época. Perguntei ao professor sobre aquele livro e ele ficou alarmado, como se eu houvesse visto algo que não podia ver. Ele rapidamente me alertou que eu não deveria ler o livro. "Rothbard é um anarquista", disse ele de forma soturna. É claro que, por causa desta antipropaganda, eu imediatamente quis ler aquela obra (mas não podia porque não havia dela na biblioteca da escola e eu não consegui bolar uma maneira de pegar furtivamente o livro da estante do professor).

Tive de deixar este objetivo temporariamente de lado, mas passei a me dedicar mais profundamente à leitura de livros pró-livre mercado. Quanto mais eu lia, mais eu me impressionava. Milton Friedman estava certo. Henry Hazlitt estava certo. Ludwig von Mises estava certo. F.A. Hayek estava certo. Leonard Read estava certo. Toda esta tradição, que remetia a Adam Smith, apresentava uma lógica de raciocínio espetacular. O mundo estava tentando gerenciar suas economias por meio de decretos estatais, mas tudo estava dando errado. Com essas leituras, aprendi que somente a liberdade e a propriedade privada são genuinamente produtivas, criativas e evolutivas, e somente elas realmente dão poder para as pessoas comuns da sociedade.

E, ainda assim, cada um desses pensadores, por algum motivo que me escapava, não levava essas ideias ao seu extremo lógico. Eles não chegavam ao ponto de dizer que nós realmente não precisamos de um estado. Todos eles pareciam concordar que o estado era necessário para manter a paz; que o estado é realmente tudo o que se interpõe entre nós e o caos total. Sem o estado, não seríamos capazes nem mesmo de dar aquele primeiro passo rumo à ordem social. Não haveria como usufruir aquela segurança que tomávamos como natural. Bens e serviços essenciais não poderiam ser ofertados. Não haveria tribunais, serviços de segurança e defesa, e talvez nem mesmo estradas. O estado fornece coisas que o mercado não pode fornecer — ou pelo menos era o que dizia tal raciocínio.

Com o passar do tempo, e com minhas leituras, estas ilusões foram sendo destroçadas uma por uma. Descobri que estradas, correios, comunicações e até mesmo aqueles lendários 'bens públicos' como faróis de navegação marítima foram, de uma perspectiva puramente histórica, todos ofertados pelo livre mercado. Só depois é que o governo monopolizou estes serviços. Tribunais? Na década de 1980, as cortes estatais já estavam tão cheias e eram tão ineficientes, que empresas e indivíduos não queriam utilizá-las. A arbitragem privada era uma opção muito melhor. Mesmo nos empreendimentos cotidianos, contratos eram formulados de modo que contendas fossem resolvidas em tribunais privados. Para mim, tudo aquilo significava que mesmo estes serviços não eram algo exclusivo do governo; eles poderiam ser ofertados exclusivamente pelo livre mercado. O mesmo se aplicava à segurança. Não é o estado o que nos dá segurança diariamente, mas sim nossas próprias precauções e medidas preventivas, como fechaduras, armas e a contratação de serviços de segurança privados.

E vale ressaltar que toda essa transformação estava ocorrendo em minha mente durante os anos finais da Guerra Fria. Um holocausto nuclear era uma ameaça real e diária. Inimigos estrangeiros nos rodeavam. Os comunistas queriam destruir nosso modo de vida. Falar sobre isso atualmente parece uma grande tolice, principalmente quando se descobriu, após 1989, o quão inacreditavelmente pobres e patéticos eram todos os países do bloco soviético. Porém, naquela época, tudo era amedrontador. Não poderíamos abrir mão de nossas armas nucleares porque isso colocaria em risco nosso modo de vida.

Aprofundando meus estudos de história, comecei a descobrir coisas interessantes. Ocorre que a Ameaça Vermelha era algo recorrente na história dos EUA. As pessoas tinham tanto pavor dos comunistas na década de 1920 quanto na década de 1980. Neste ínterim, no entanto, houve aquele estranho período em que os líderes americanos e soviéticos eram considerados aliados próximos na batalha contra os japoneses e os alemães. Com efeito, os EUA fizeram de tudo para manter o regime soviético intacto, e, após a Segunda Guerra Mundial, os próprios EUA ajudaram a entregar o Leste Europeu ao jugo soviético. Após isso, os soviéticos repentinamente se tornaram novamente o inimigo. Foi para chamar a atenção para esse absurdo que George Orwell escreveu1984. (O título faz um trocadilho com 1948. O livro foi publicado em 1949).

Estes fatos começaram a complicar o cenário. Não é necessário relatar todo o revisionismo histórico aqui; basta dizer que as guerras em que os EUA se meteram no século XX se tornaram bem menos claras e muito mais confusas para mim do que aparentavam ser para a mídia ideologicamente polarizada. A Guerra Fria não era uma história de anjos e demônios, não obstante os impulsos nacionalistas para se torcer por seus respectivos governos. A Guerra Fria foi uma batalha entre estados, ambos os quais estavam perfeitamente dispostos a mentir para seus cidadãos, a explorar sua população e a preferir o conflito à paz. Era também impossível não perceber que, quanto mais os EUA elevavam o tom belicista contra o comunismo, mais o próprio governo americano se tornava uma ameaça às liberdades dos cidadãos. A guerra, como descobri, nunca foi uma aliada da liberdade.

Enquanto isso, comecei a perceber que, se os EUA realmente fossem invadidos por um inimigo estrangeiro, os governos federal, estaduais e municipais poderiam até ajudar, mas a maior probabilidade é que atrapalhassem impondo leis marciais, estatizando a indústria e confiscando nossas armas — como todos os governos tendem a fazer em qualquer emergência. Na prática, na iminência de uma invasão, os cidadãos e os mercados é que serão decisivos para combater e derrotar os invasores utilizando meios privados: nossas próprias armas, nosso aparato de segurança, nossas redes de amizade, e nossos esforços individuais e comunitários. Quanto mais eu pensava sobre isso, mais ridícula se tornava a ideia de que deveríamos depender do governo para toda a nossa proteção. Tomando-se por base a experiência, governos podem agravar ainda mais os malefícios, simplesmente porque eles tendem a usar situações de emergência em proveito próprio — e em benefício daqueles que lhes garantem poder (os grupos de interesse e os lobistas). O que é ainda pior: pessoas com poder tendem a estimular ou até mesmo a criar emergências quando têm o poder para tal.

Esta foi a evolução do meu progresso intelectual durante um período de aproximadamente cinco anos. Finalmente, em um belo dia, parei para refletir melhor e me fiz a seguinte pergunta: existe alguma coisa que o governo faz, que tem de ser feita e que não pode ser efetuada de maneira mais eficiente e mais completa pela livre e voluntária associação entre indivíduos?

Fiquei revirando esta pergunta em minha mente. Não conseguia pensar em outra resposta senão a de que não há absolutamente nada de essencial que o governo faça que não possa ser mais bem efetuado pela livre iniciativa e pela livre associação entre as pessoas. Confesso que foi um pensamento amedrontador. Será que eu estava me tornando um anarquista? Será que esse pensamento iria mudar minha vida? Se eu seguisse nessa direção, estaria eu fazendo algo terrivelmente irresponsável? Encontrei consolo na possibilidade de que talvez eu não houvesse raciocinado corretamente; de que talvez houvesse algo de errado na maneira em que eu havia formulado a pergunta. Tentei confortar-me na hipótese de que eu havia desconsiderado alguma pequena característica positiva do governo, característica essa que eu poderia defender de modo a não ter de me considerar um maluco.

Foi no saguão de um hotel em que Murray Rothbard estava hospedado que eu finalmente fiz a ele esta pergunta. Formulei de maneira bem direta. Se eu respondesse 'não' àquela pergunta acima, seria eu um anarquista? Murray disse que sim. Assustado, tentei esclarecer melhor: se eu cheguei à conclusão de que o estado não contribui com absolutamente nada de valor para a ordem social, e de que ele não pode trazer nenhum aprimoramento para aquilo que criamos com nosso próprio esforço, seria eu um anarquista? Ele novamente disse que sim. E eu respondi: bom, então acho que sou um. E ele então soltou uma gargalhada efusiva, apertou vigorosamente minha mão, e me congratulou de forma exuberante, tudo naquele seu bem conhecido estilo jubiloso. Uau. O feito havia sido consumado, pensei.

E, ainda assim, eu estava enganado. O feito intelectual havia sido consumado, mas ainda era muito fácil manter esta ideia como uma abstração, como algo que não afetava em nada meu trabalho diário ou minha vida. Uma coisa é você enxergar a luz lá longe; outra bem diferente é ver essa luz ao seu redor constantemente. Este passo me tomou vários outros anos de meditação acerca de questões específicas como direitos humanos, serviços de mercado, a maneira como a liberdade funciona, a maneira como o estado se portou ao longo da história, e a maneira como ele funciona hoje. Os últimos estágios desse processo de pensamento levaram vários anos para serem processados.

O que eu fui descobrindo de maneira gradual em minha rotina diária é que o anarquismo está inteiramente ao nosso redor. O estado não nos acorda de manhã, não arruma nossa cama, não tece nossos lençóis, não constrói nossas casas, não faz nossos carros funcionarem, não prepara nossa comida, não nos faz trabalhar com mais afinco e dedicação, não produz os livros que lemos, não gerencia nossas igrejas, não nos dá roupas, não escolhe nossas amizades e nossos amores, não toca a música de que gostamos, não produz os filmes a que assistimos, não cuida de nossos filhos, não cuida de nossos pais, não escolhe onde passamos férias, não dita o assunto de nossas conversas, não torna nossos feriados mais bonitos e alegres, não cria nada de positivo para nós.

Tudo isso são coisas que fazemos por conta própria. Nós moldamos o nosso próprio mundo. Por meio da prática da vontade humana, todos nós trabalhamos para fazer com que o mundo à nossa volta seja ordeiro. Isso é o que toda a população mundial faz. Todos nós trabalhamos motivados pelo nosso interesse próprio com o intuito de encontrar maneiras de ter uma vida melhor. Mais ainda: todos nós nos esforçamos para trabalhar com terceiros em um arranjo que seja mutuamente benéfico, de modo que o aprimoramento de nossa vida não ocorra à custa dos direitos e das liberdades de terceiros. A liberdade está onde são geradas as coisas bonitas de nossas vidas. E isso é válido em todos os cantos do mundo. Sempre foi. Uma bela anarquia é a principal fonte da própria civilização.

Qual o papel do estado? Ele interfere. Ele confisca nossa propriedade e reduz nossa riqueza individual. Ele bloqueia oportunidades por meio de suas regulamentações e subsequentes criações de cartéis. Na verdade, ele faz ainda pior: ele busca desculpas para iniciar guerras, ele se intromete em nossas famílias, ele pune o comportamento pacífico que não prejudica ninguém — em suma, ele obstrui o progresso de variadas formas. O estado é o grande forasteiro. Ele é exógeno à própria sociedade. A maior parte do mundo ainda funciona, e a civilização ainda prospera, porque as pessoas se esforçam para ignorar o estado o máximo possível. E se ele desaparecesse? Eu realmente não consigo ver nenhuma consequência negativa neste fenômeno. Mas vejo várias positivas.

E ainda assim há aqueles que alertam para o iminente apocalipse caso o estado desapareça. A maioria das pessoas que acreditam em um governo limitado ("minarquistas") nutre essa ideia. Mesmo grandes pensadores como Ludwig von Mises e Henry Hazlitt acreditavam nisso. Todos eles aceitavam alguma versão do pesadelo imaginado por Thomas Hobbes: na ausência do estado, a vida seria sórdida, solitária, bestial e curta. Mas o fato é que ele escreveu isso durante uma época de turbulência política, uma época em que tribos religiosas guerreavam para controlar o estado. A vida sem o estado teria sido exatamente daquela maneira — mas exatamente por causa da presença do estado que todos queriam controlar, e não por sua ausência.

Não irei aqui analisar todas as distorções já feitas em relação a esta ideia, e nem irei utilizar este espaço para tentar refutar todas as justificativas já apresentadas em defesa do estado. Irei apenas mencionar uma intuição bastante comum que muitas pessoas têm. As pessoas dizem que não faz muito sentido eliminar o estado porque outras pessoas irão simplesmente criar outro em seu lugar. Não duvido que esta afirmação seja verdadeira. As pessoas de fato têm a ilusão de que o estado contribui com algo de positivo e importante para a sociedade. Elas querem líderes que governem desde lá de cima, ainda que elas próprias estejam aqui em baixo.

Pense em Samuel, do Velho Testamento. As pessoas vinham até ele implorando por um rei. Ele advertiu que um rei confiscaria suas propriedades, colocaria seus filhos em servidão, iniciaria guerras terríveis e, no final, escravizaria a todos. Não importava. Elas queriam um rei de qualquer maneira.

Este é exatamente o comportamento das pessoas de hoje. Nada mudou. Elas continuam implorando por sua própria escravidão. Pior ainda: temem viver em liberdade. É por isso que o estado continua se reinventando. Aqueles que ao menos entendem que o estado deve ser limitado caso tenha de existir merecem alguns créditos. Mas o problema é que tais limites nunca de fato funcionaram. É por isso que é melhor simplesmente deixar a sociedade prosperar sem o jugo de um estado. O grande projeto da liberdade é fazer as pessoas entenderem que elas não devem abraçar a ilusão de que um estado — qualquer estado — pode ser um aliado e um benfeitor da liberdade humana. Foi isso que a revolução liberal que ocorreu no final da Idade Média até o Iluminismo pregou. É imprescindível entender a real beleza da liberdade para se poder alcançá-la.

Desde o início da era digital, estamos tendo o privilégio de observar em primeira mão o atordoante poder criativo da volição humana. A cada bilionésimo de segundo, indivíduos ao redor de todo o mundo estão trabalhando para criar novos tipos de associações, instituições, capital e meios de prosperidade. Estamos vendo se desenrolar perante nossos olhos coisas que até a década passada eram tidas como impossíveis. E tudo está apenas começando. Estamos ainda nos primórdios de coisas como impressora 3-D, moedas alternativas, e civilizações com bases digitais capazes de nos ofertar mais filmes, mais livros, mais arte e mais sabedoria do que qualquer ser humano de épocas passadas seria capaz de obter durante várias vidas. Este mundo recém-surgido está transformando nossa existência. Tome nota: nenhum estado foi responsável por isso, nenhum estado criou isso, nenhum estado aprovou isso e nenhum estado está administrando tudo isso.

Por fim, deixe-me admitir aqui que meu anarquismo é provavelmente de ordem mais prática do que ideológica — o que é exatamente o oposto da postura dos mais bem conhecidos pensadores anarquistas da história. Vejo a regularidade e a harmonia da ação e da volição humana ao meu redor o tempo todo. Acho tudo isso totalmente inspirador. É algo que liberta a minha mente e me permite entender o que é realmente importante na vida. Essa capacidade de observação me permite ver a realidade como ela é. Não é uma ideologia inalcançável o que me deixa ansioso por um mundo sem estado, mas sim o fato de eu saber do que é capaz o ser humano quando tem liberdade para melhorar este mundo por meio de seus próprios esforços. Somente seres humanos podem superar a irremediável realidade da escassez que o mundo impôs sobre nós. Até onde sei, o estado é, na melhor das hipóteses, o grande distúrbio que retarda esse poderoso projeto de construção da civilização.

Por: Jeffrey Tucker é o presidente da Laissez-Faire Books e consultor editorial do mises.org. É também autor dos livros It's a Jetsons World: Private Miracles and Public Crimes e Bourbon for Breakfast: Living Outside the Statist Quo

domingo, 10 de março de 2013

"ATÉ MESMO HAYEK E FRIEDMAN DEFENDEM O BOLSA FAMÍLIA"


Existe alguma ideia pior do que estatizar a esmola, tornando-a assim um dever para uns e um direito para outros? Por um lado, trata-se de uma imoralidade criminosa subtrair por meio da força a propriedade alheia; por outro, gera dependência e um incentivo à vadiagem.

Muitas pessoas de bom senso, mesmo sem possuir base alguma na teoria econômica ou na de direitos naturais, rejeitam instintivamente tal ideia. Apesar disso, a ideia começou a ser implantada no Brasil por FHC em 2001, e hoje está em pleno funcionamento. Embora seja uma ideia tenebrosa, ela encontra respaldo em muitos pensadores associados ao Liberalismo. O primeiro deles pode ter sido Thomas Paine. O escritor que participou da Revolução Americana e da Revolução Francesa idealizou uma proposta de "renda mínima" — talvez se baseando no proviso de Locke, o pensador que é um dos pilares do liberalismo.Muitos outros autores fizeram propostas semelhantes, como Marx, Keynes e Galbraith, e era esperado que defendessem esse redistributivismo. Mas é absurdo ver nomes associados à defesa da liberdade dando seu aval a este tipo de espoliação.

Quando F. A. Hayek estava escrevendo sua obra Os Fundamentos da Liberdade, ele estava sendo subsidiado pelo Volker Fund. Nesta mesma época, Murray Rothabrd trabalhava como consultor para o Volker Fund e, em janeiro de 1958, quando Hayek entregou os catorze primeiros capítulos de seu livro, o Volker Fund pediu a Rothbard que desse sua opinião sobre eles. A análise de Rothbard, além de devastadora, continha uma acurada previsão de como aquele livro seria usado pelos inimigos da liberdade em prol da causa redistributiva. Devido a seus erros conceituais — com destaque ao conceito de coerção —, Rothbard o classificou como um péssimo livro, um "livro do mal"; além disso, graças ao status de Hayek, o livro foi considerado também como sendo extremamente perigoso, e Rothbard recomendou que se descontinuasse qualquer suporte à finalização e promoção da obra, já que isso seria destrutivo para a causa da liberdade.

Hayek era considerado um dos mais proeminentes líderes intelectuais pró-livre mercado, e como ele estava defendendo que o estado atuasse em inúmeras funções, Rothbard previu que a oposição iria se utilizar do velho artifício de "mas até mesmo Hayek admite que . . ." para argumentar em defesa de suas posições pró-estado.

A previsão que Rothbard teve instantaneamente, assim que bateu os olhos nos primeiros capítulos da obra de Hayek, vem se concretizando desde então. Por exemplo, para atacar Ron Paul na última corrida presidencial americana, o "economista" esquerdista Paul Krugman usou Hayek contra os opositores da saúde pública:

No passado, conservadores aceitavam a necessidade de uma rede de proteção garantida pelo governo por razões humanitárias. E não sou eu quem está dizendo isso; quem disse isso foi Friedrich Hayek, o herói intelectual conservador, que declarou especificamente em O Caminho da Servidão seu apoio a um "amplo sistema de serviços sociais" para proteger os cidadãos de "eventualidades comuns", e especificou a área da saúde.

Outro teórico que é considerado um dos maiores defensores do livre mercado e que também fez inúmeras concessões à atuação do estado foi Milton Friedman; e ele é igualmente utilizado pelos detratores do livre mercado, como constatou Hans-Hermann Hoppe anos depois da previsão de Rothbard:

... fazer concessões em nível de teoria, como vemos acontecer, por exemplo, entre liberais moderados como Hayek e Friedman, ou mesmo entre os chamados minarquistas, não apenas denota uma grande falha filosófica, como também é uma atitude, do ponto de vista prático, inútil e contraproducente. As ideias destas pessoas podem ser — e de fato são — facilmente cooptadas e incorporadas pelos governantes e pelos ideólogos do estado. Aliás, não é de se estranhar a frequência com que ouvimos estatistas defendendo a agenda estatista dizendo coisas como "até mesmo Hayek (Friedman) diz — ou, nem mesmo Hayek (Friedman) nega — que isto e aquilo deve ser feito pelo estado!" Pessoalmente, eles até podem ter ficado descontentes com isso, mas não há como negar que suas obras serviram exatamente a este propósito; e, consequentemente, queiram ou não, eles realmente contribuíram para o contínuo e incessante crescimento do poder do estado.

Hayek e Friedman são mundialmente aclamados como os representantes máximos do livre mercado; logo, este artifício não conhece fronteiras — e no Brasil também foi e é utilizado por estatistas. O primeiro economista brasileiro a propor um programa de renda mínima foi Antônio Maria da Silveira, no artigo Redistribuição de Renda, publicado na Revista Brasileira de Economia, em abril de 1975 — e, para tal, ele se baseou nos trabalhos dos liberais Friedman e Hayek, além de nos de outros economistas socialistas. E foi um grande amigo de Antônio Maria um dos maiores responsáveis pela implementação do programa assistencialista no Brasil: o senador Eduardo Matarazzo Suplicy. Juntamente com o senador Cristovam Buarque, eles podem ser considerados os pais do Bolsa Família. E, exatamente como previsto por Rothbard, também se utilizaram do artifício "Até mesmo Hayek e Friedman" na defesa de suas propostas:

Podemos encontrar defensores da renda mínima e do imposto de renda negativo dentre aqueles que se posicionaram com mais eloquência em favor do capitalismo. Friedrich A. von Hayek, ganhador de um prêmio Nobel de Economia, defende, em O caminho da servidão (1994), no capítulo sobre segurança e liberdade, proteção contra privações físicas severas e garantia de que um mínimo de meios de subsistência deve ser dado a todos. George Stigler (The economics of minimum wage legislation, American Economic Review, n. 36, jun. 1946) mostrou que o imposto de renda negativo seria a melhor forma de proteger a remuneração daqueles que, de outra forma, ganhariam muito pouco. Milton Friedman popularizou a defesa do imposto de renda negativo como o instrumento mais eficiente no combate à pobreza (Capitalism and freedom, University of Chicago Press, 1962).

Hayek e Friedman poderiam discordar de determinadas particularidades do Bolsa Família ou de outros programas de renda mínima, mas o fato de eles aceitarem conceitualmente um programa estatal de amparo aos necessitados já serviu para desmantelar qualquer oposição que poderia existir a estes programas. Inclusive, Hayek e Friedman parecem discordar entre si nas particularidades de seus programas. Hayek declarou que era totalmente contra o programa de Imposto de Renda Negativo de Friedman, e que concordava com a refutação que Henry Hazlitt havia feito dele. Não obstante, a proposta de Friedman parece ser menos pior que a de Hayek, pois Friedman a desenvolveu para ser apenas um substituto de outras ações assistencialistas do estado. E mais, Hayek é mesmo uma figura confusa, parecendo discordar dele próprio. Nesta entrevista realizada anos após a publicação de suas principais obras, ele se posiciona contra qualquer tipo de redistribuição de renda, pois estas políticas seriam discriminatórias ao fazerem distinção entre diferentes grupos de pessoas — uma posição irreconciliável com seus escritos anteriores.

Friedman também discordou de particularidades de outros programas, como o EITC (Earned income tax credit), mas concordou com o princípio redistributivista, como mostraram Suplicy e o professor Philippe Van Parijs em entrevista que realizaram com Friedman. Respondendo a uma questão sobre o EITC, Friedman diz:



O EITC contribuiu para erradicar a pobreza nos EUA. Eu não acredito que tenha sido uma ferramenta extremamente eficiente devido à forma particular pelo qual ele se integra ao imposto de renda. Tem dado margem a abusos.

E quando Suplicy pede para Friedman comparar sua proposta de Imposto de Renda Negativo à do renda do cidadão, Friedman diz que ambas são semelhantes, como o professor Philippe Van Parijs comenta: "Esta é uma afirmação muita clara da equivalência formal entre os dois esquemas, o que sugere que Friedman é tão a favor de uma proposta quanto de outra".

Detalhes a parte, o maior erro de Hayek e Friedman foi o de não considerarem um princípio elementar de ética e justiça. Para haver qualquer forma de renda mínima, esta renda tem de vir de algum lugar. Se o amparo aos mais necessitados vem de Igrejas, instituições ou indivíduos privados, a renda tem origem voluntária, por meio de doações de pessoas que desejam destinar parte de seus bens para caridade. No entanto, se é o estado quem fornece a renda mínima, então este recurso é obtido por meio da agressão ou da ameaça de agressão física dos produtores, isto é, por meio do roubo. Frédéric Bastiat expressou brilhantemente este princípio em 1850:

é-me impossível separar a palavra fraternidade da palavra voluntária. Eu não consigo sinceramente entender como a fraternidade pode ser legalmente forçada, sem que a liberdade seja legalmente destruída e, em consequência, a justiça seja legalmentedeturpada. A espoliação legal tem duas raízes: uma delas, como já lhe disse anteriormente, está no egoísmo humano; a outra, na falsa filantropia.

Se algo é compulsório, então não é caridade mas sim agressão. O conceito de caridade compulsória é contraditório, pois considera apenas o recebedor e ignora o espoliado. Se caridade significa ajudar, quem é que está ajudando a pessoa que está sendo obrigada, sob a mira de um revólver, a entregar parte de sua renda para que ela seja dada a outra pessoa? É esta a base de qualquer programa de redistribuição de renda feito pelo estado, pois para haver algo para distribuir é necessário que este algo tenha sido previamente produzido e retirado à força dos produtores. 'Não é seu para dar' é um conceito que até pouco tempo era amplamente compreendido até mesmo por políticos socialistas, como Herbert Hoover, que estendeu os tentáculos do estado a inúmeras áreas, mas tinha ressalvas quanto à caridade:

A assistência voluntária era praticamente a única esfera em que o presidente Hoover parecia preferir de todo o coração a ação voluntária à governamental. No outono anterior, Hoover havia se recusado a convocar uma sessão especial do Congresso para a assistência ao desemprego dizendo que isso era responsabilidade das agências voluntárias. De fato, a tradição voluntarista ainda era tão forte nessa área, que a Cruz Vermelha opôs-se a um projeto de lei, no começo de 1931, que lhe concederia US$ 25 milhões para prestar assistência. A Cruz Vermelha declarou que seus próprios fundos bastavam, e seu Presidente disse a um comitê da Câmara que essa verba do congresso "em grande medida destruiria a doação voluntária". Muitos líderes locais da Cruz Vermelha opunham-se fortemente a qualquer ajuda federal, e até mesmo a qualquer assistência pública de modo geral, de modo que o projeto de lei, após passar pelo Senado, foi derrubado na Câmara. Muitas organizações privadas de caridade, filantropos e assistentes sociais tinham a mesma opinião.

É inegável que Hayek e Friedman colaboraram muito na luta contra a tirania estatal. Porém, eles não são nem de longe os autores que melhor representam a liberdade; e é inegável também que eles apoiaram muitas posições contrárias à liberdade. E é exatamente por causa de todas as concessões que estes autores fizeram aos estatistas, que a esquerda os alçou à posição de maiores e mais radicais representantes do livre mercado, ao passo que pensadores realmente radicais como Mises e Rothbard foram jogados para fora do debate. Hayek e Friedman são os inimigos que a esquerda adora odiar. De fato, eles não são inimigos — eles fazem parte da esquerda, e são aceitos e respeitados pelo mainstream (que é esquerdista).

Libertários não seguem pessoas; nós seguimos ideias. Aqui mesmo no Instituto que leva seu nome, criticamos diversas ideias de Ludwig von Mises, e não pretendemos fazer "culto à personalidade" nem de Mises, nem de Rothbard e nem de ninguém. Mas o fato é que alguém inevitavelmente será identificado como o líder intelectual de um movimento, e a esquerda já nomeou os atuais "líderes". Não temos líderes, mas se existem pessoas cuja obra representa melhor a defesa da liberdade, estas pessoas são Mises e Rothbard.



[1] A proposta de "dividendo universal" de Paine, que garantiria uma renda mínima a todos, é baseada em sua ideia de que todo ser humano do planeta é coproprietário da terra apenas em virtude de ter nascido neste planeta e de estar vivo. Já o proviso de Locke dizia que os indivíduos podiam se apropriar da terra 'misturando seu trabalho a ela', contanto que sobrasse o suficiente para que outros também pudessem se apropriar de porções semelhantes.  Veja a refutação do proviso lockeano em Rothbard, capítulo 29 do A Ética da Liberdade; Hoppe, pág. 410 et pass. The Economics and Ethics of Private Property; e de Jasay, págs. 188 e 195 do Against Politics.
[2] Dois anos depois, quando Rothbard recebeu e analisou a obra completa, ele elogiou a erudição da obra — principalmente pelo valioso conteúdo de suas notas — e enalteceu alguns capítulos específicos, mas no geral sua avaliação continuou a mesma. Hayek havia fracassado monumentalmente em sua tentativa de estabelecer um sistema em prol da liberdade. Murray N. Rothbard vs. the philosophers: unpublished writings on Hayek, Mises, Strauss, and Polanyi, capítulos 2 e 3, Roberta Adelaide Modugno — Auburn, Alabama: Ludwig von Mises Institute, 2009.  Para uma crítica devastadora de Os Fundamentos da Liberdade, veja: F.A. Hayek e o conceito de coerção, em A Ética da Liberdade, Instituto Ludwig von Mises Brasil, 2010, capítulo 28.
[3] Homenagem a Antônio Maria da Silveira, Eduardo Matarazzo Suplicy.
[4] SUPLICY, Eduardo Matarazzo e BUARQUE, Cristovam. Garantia de renda mínima para erradicar a pobreza: o debate e a experiência brasileiros. Estud. av. [online]. 1997, vol.11, n.30
[5] O professor Philippe Van Parijs, da Universidade Católica de Louvain, é um filósofo e economista político belga, conhecido como proponente e principal defensor do conceito da renda mínima. É um dos fundadores e secretário-geral da "BIEN", "Basic Income European Network" (Rede Europeia da Renda Básica), fórum que defende a instituição de uma renda básica em todas as nações.
[6] UM DIÁLOGO COM MILTON FRIEDMAN SOBRE O IMPOSTO DE RENDA NEGATIVOpaper de EDUARDO M. SUPLICY. Basic Income European Network, VIIIth International Congress, Berlin, 6-7 de outubro de 2000.
[7] Ibid., pág. 9.
[8] A Lei, Instituto Ludwig von Mises Brasil, 2010, pág. 24.
[9] A grande depressão americana, Instituto Ludwig von Mises Brasil, 2010, pág. 281.
[10] "The Hayek Myth", PFS 2012, Hans Hermann Hoppe.

Fernando Chiocca é um intelectual anti-intelectualpraxeologista e conselheiro do Instituto Ludwig von Mises Brasil.