O Facebook é o meu caderno de rascunho, ou, se quiserem, diário filosófico.
Olavo de Carvalho
(N. do E.: Aí estão algumas das últimas notas do filósofo, apresentadas em ordem diversa daquela em que foram originalmente postadas.
Há tempos o globalismo ocidental e o russo-chinês disputam o apoio islâmico. A situação evoluiu no seguinte sentido: o bloco russo-chinês aproximou-se cada vez mais dos governos árabes, e o globalismo ocidental dos revolucionários jihadistas que querem derrubá-los. Obama é a síntese desta última aliança. O ex-deputado democrata David Kucinich resumiu tudo dizendo que agora os EUA são a Força Aérea da Al-Qaeda. Obama é pai e mãe dos jihadistas.
Barack Hussein Obama provou que um total desconhecido, com documentos falsos, pode chegar à presidência dos EUA, destruir a economia do país, estimular o ódio racial, dar armas de presente aos piores inimigos da nação e por fim arrastá-la a uma III Guerra Mundial, enquanto todo mundo no Parlamento, na grande mídia e no sistema judiciário continua com medinho se der chamado de racista se ousar levantar a questão da falsa identidade. Obama provou que o que move o mundo não é a cobiça, não é a ambição, não é o desejo de poder: é a frescura.
Em todo o mundo civilizado, o marxismo é uma subcultura dentro de uma cultura maior cujo passo ele há tempos já desistiu de acompanhar. Mesmo na Rússia ele só subsiste como parcela menor dentro da síntese eurasiana, onde se vê forçado a acomodar-se ao cristianismo ortodoxo, ao esoterismo islâmico, às formas extremas do conservadorismo nacionalista russo e até à “Nova Direita” francesa de Alain de Benoist.
Seus progressos e readaptações internas, algumas notáveis, nem de longe tentam concorrer com as mutações velozes da cultura em torno e sobretudo com o avanço das pesquisas historiográficas, que ele prefere ignorar exceto quando servem de subsídio a essas readaptações.
No Brasil, ao contrário, graças à “ocupação de espaços” e à proibição tácita do confronto de idéias, ele se converteu em cultura dominante, oficial, perto da qual tudo o mais, que não se estuda nem se conhece, é rebaixado facilmente ao estatuto de “ideologia”, de “propaganda”, de “revisionismo” ou de “teoria da conspiração”.
Assim instruídos durante décadas, os estudantes estão persuadidos de que existe uma cultura normal, superior, “mainstream”, que é a deles, e em volta dela uma pululação de idéias estranhas e sem relevância intelectual. Quando um deles é assaltado desde dentro pelo vago pressentimento que essas “idéias estranhas” são nada menos que a cultura universal, da qual foi privado pelos bons préstimos de professores marxistas notavelmente ignorantes, das duas uma: ou parte para a negação psicótica de tudo, enraivecendo-se até o último limite do ridículo, ou reconhece que está em crise e tem de rever toda a educação que recebeu.
O Brasil, de dentro e de perto, é o horror, a depressão, o nojo, a raiva impotente. De longe, é só tristeza e pena. É mais fácil de agüentar.
Ernest Hemingway -- leio no último livro de Humberto Fontova -- dizia que para ser escritor o sujeito precisa ter um "detector de merda". O dele teria falhado em Cuba, onde ele assistiu pessoalmente a dezenas de execuções de inocentes e continuou exaltando o regime cubano como uma ilha de paz e liberdade? Acho que não falhou. Ele viu tudo, entendeu tudo e mentiu conscientemente. Depois estourou os miolos, quando não agüentava mais armazenar tanta merda escondida.
Alguém aí perguntou por que parei com o blog. Parei porque cada vez que escrevia umas linhas tinha de pedir a alguém que as pusesse online para mim. A coisa virava como que uma publicação formal, perdia a espontaneidade do tempo real. O Facebook veio resolver esse problema. Aqui posso pensar ao vivo diante de vocês, como um filósofo deve mesmo fazer diante dos seus alunos, sobre os problemas que o preocupam no momento, em vez de simplesmente reproduzir pensamentos já catalogados e arquivados. Esse é o bom método, bom para mim e bom para vocês. Toda uma tradição de ensino da filosofia o confirma, de Sócrates a Jules Lagneau, Alain, Eric Voegelin e tantos outros.
Fragmento de uma apostila em preparo:
Lógicas paradoxais, ou “da contradição”, só são viáveis se o significado dos seus princípios, conceitos e proposições se rege não por elas e sim pela velha lógica da identidade, isto é, conservam o seu sentido estável e uniforme ao longo de todas as demonstrações. Caso contrário, todo princípio, conceito ou proposição, tão logo enunciado, se desdobraria no seu oposto, duplicando-se e contradizendo-se; e os dois se desdobrariam em quatro, e estes em oito e assim por diante infinitamente, de modo que a lógica assim concebida se veria forçada, seja a admitir sua dependência da lógica de identidade, seja a continuar girando em círculo em torno do seu primeiro princípio pelos séculos dos séculos, sem nada poder deduzir dele.
Isso é o mesmo que dizer que tais lógicas só podem ser concebidas como possibilidades construtivistas internas à mente humana, isto é, como lógicas do imaginário, sem outro ponto de contato com o mundo real onde foram concebidas por certos professores exceto a lógica de identidade que elas fingem contradizer no instante mesmo em que confessam sua dependência dela.
O fato de que possam ser formalizadas matematicamente não interfere nisso no mais mínimo que seja.
Minha opinião sobre as lógicas paradoxais, ou "paraconsistentes", é muito simples: Elas não existem. Só o que existe é a aplicação da lógica de identidade a questões ambíguas ou indecidíveis, mais adequadas, por isso mesmo, a um tratamento dialético.
Célio Rodrigues pergunta:
Caro professor, qual sua opinião sobre Krishnamurti, Sociedade Teosófica e Ordem Rosa Cruz? Grato.
Olavo responde:
Krishnamurti foi um homem honesto, que, treinado para ser um Messias fake, denunciou a coisa toda e deu um pé na bunda dos seus mentores. Para o restante da pergunta, leia "O macaco de Madame Blavatski" de Peter Washington e :"Le Théosophisme" de René Guénon.
Pedro Henrique Medeiros: É verdade, esse pessoal só choraminga. Da minha parte, digo: Não sou vítima de coisa nenhuma, não sou um injustiçado, não sou um gênio incompreendido. Não tenho queixas a apresentar. Sou um vencedor afortunado, gratíssimo a Deus e a todas as pessoas que foram bondosas comigo. Tenho pena daqueles que me esfregam na cara seus diplominhas de universidades de merda e nem se lembram de perguntar: Que são esses diplominhas, que são os seus miseráveis currículos Lattes, comparados ao reconhecimento oficial, pelo próprio governo americano, das minhas realizações no campo da filosofia e da educação?
O breve e exato roteiro que o Ronald Robson acaba de publicar no "Ad Hominem" mereceria o título de "O mínimo que você precisa saber da obra do Olavo de Carvalho antes de nos dar a sua linda opinião a respeito". O curioso é que, de todos os fulanos que subiram ao palco no papel de meus "críticos", nenhum demonstrou conhecer NADA dos tópicos ali resumidos. O mais gigantesco esforço feito até agora por alguma dessas criaturas no sentido de saber algo a respeito foi o do Ricardo Mussi, que enxergou um pedacinho de nada e achou que já havia entendido tudo. Os outros, nem isso. E é óbvio que não têm a capacidade requerida nem mesmo para COMEÇAR a estudar o assunto. Sua reação à minha presença no cenário público é a explosão de um insuportável SENTIMENTO DE INFERIORIDADE que procura se camuflar como hostilidade e afetação de desprezo -- decerto um dos sinais mais característicos não só da total destruição da alta cultura no Brasil, mas também de uma abjeção moral talvez sem precedentes no mundo.
Sempre achei curioso – para dizer o mínimo – que tantas pessoas criassem opiniões sobre o cristianismo sem jamais ter a curiosidade de averiguar o elemento essencial dessa religião: os milagres. Em outras religiões os acontecimentos miraculosos podem ser apenas acréscimos posteriores aos quais se dá um valor de comprovação, mas o cristianismo começa com um milagre, o nascimento virginal de Cristo, culmina em outro milagre, a ressurreição, e prossegue de milagre em milagre até hoje.
Quando se fala de “revelação cristã”, o que se entende corretamente por isso não é o texto do Evangelho, mas os fatos que ele relata: vida, paixão, morte e ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo, isto é, uma seqüência de milagres. Sto. Tomás ensina que nós falamos por meio de palavras, mas Deus fala por meio de palavras e de fatos. Os fatos do Evangelho revelaram ao mundo aquilo que o texto, depois, simplesmente registrou. Você pode não acreditar em nenhum desses fatos, mas não pode negar que eles, e não sua narrativa posterior, muito menos as conclusões que os teólogos, os papas e os concílios foram extraindo deles ao longo dos séculos, constituem a essência da revelação cristã. Logo, não há meio de entender nada do cristianismo sem prestar atenção aos milagres, dos quais depende todo o sentido da doutrina.
Você não tem nenhum meio de confirmar ou negar a veracidade dos milagres evangélicos, mas Jesus prometeu que continuaria a operar milagres pelos séculos dos séculos, e, a rigor, não há fatos de nenhum outro gênero, no mundo, que existam em tão grande número e tão bem documentados, sobretudo hoje em dia. O desinteresse de conhecê-los, da parte de pessoas que no entanto emitem opiniões em penca sobre o cristianismo, revela que essas pessoas preferem conhecer só pelas beiradas o assunto de que falam, com medo de chegar muito perto do centro e sair chamuscadas.
Muitas, antes de ter examinado um só desses fatos, já se apegam à idéia de que um dia todos eles terão uma “explicação científica” – subentende-se: materialista – e ficará provado que não foram milagres de maneira alguma. Embora essa expectativa jamais tenha se cumprido com relação a nenhum milagre confirmado pela Igreja e embora a promessa da explicação demolidora tenha o seu cumprimento repetidamente adiado de novo e de novo em cada caso concreto (recentemente falhou de novo em "explicar" o Santo Sudário de Turim), o fato é que essas pessoas continuam confiando na promessa como se fosse desde já uma prova realizada, cabal e irrespondível. Nada pode haver de mais irracional do que esse ato de fé que toma como prova uma promessa de prova e se renova a cada nova tentativa falhada de realizá-la. No entanto, as pessoas que o praticam acreditam que são, nisso, tremendamente científicas.
Se eu tivesse algum dinheiro, pagaria aos luminares do materialismo para que estudassem, pelo tempo que quisessem, os milagres do Padre Pio ou aqueles relatados pelo dr. Ricardo Castañon nos seus vídeos, e nos dessem uma “explicação científica” de cada um.
Alguém ai disse que se houvesse dez Olavos na praça a situação não teria chegado aonde chegou. Podem deixar, estou preparando uns mil para lançar em breve, e alguns serão ainda piores que eu.
Meus adversários são Alexander Duguin, Slavoj Zizek, Ernesto Laclau, Antonio Negri. Não tenho nenhum no Brasil, só aspirantes a pentelhos.
A elite intelectual da direita é: Rodrigo Constantino, Eduardo Gianetti e Luiz Felipe Pondé. Eu, a Graça Salgueiro, o Lobão e o Heitor de Paola somos a escória.
Já notaram que o sr. Lula celebra a democracia como o melhor meio de CONQUISTAR o poder, não o de EXERCÊ-LO?
Vocês já repararam que qualquer merdinha palpiteiro se acha infinitamente superior a vocês em inteligência, pelo simples fato de não ser meu aluno e de não conhecer, do meu pensamento, senão uma ou duas frases soltas e às vezes nem isso? Não é um fenômeno extraordinário?
Por: Olavo de Carvalho www.olavodecarvalho.org