domingo, 7 de agosto de 2016

O SOL ANUNCIA: VEM AÍ UMA MINI-ERA DO GELO

Explosões solares nas últimos três ciclos (1985-2015 em diante) estão diminuindo.
(Dr. David Hathaway, NASA-MSFC)

No dia 7 de julho de 2016 o sol ficou completamente ‘em branco’, o que quer dizer que não se observou nele mancha alguma de explosão solar.

O fenômeno não durou muito, mas foi suficiente para caracterizar a baixa atividade solar que os cientistas vêm observando nos últimos anos. O atual ciclo solar, o mais fraco do último século, corresponde ao 24º, desde que começaram os registros em 1755.

A diminuição não implica tragédia alguma, pois se inscreve no atual ciclo solar normal. Mas é um sinal de que o “mínimo solar”, ou período de baixa atividade do astro-rei, está se aproximando.

Por causa disso, os especialistas sugerem que uma nova “mini-era do gelo” pode estar a caminho.

Paul Dorian, especialista em meteorologia do site Vencore Weather, explicou:

“Pela segunda vez neste mês, o sol ficou completamente em branco”.
“O sol sem manchas é um sinal de que o mínimo solar está se aproximando e de que haverá um número crescente de dias sem manchas ao longo dos próximos anos.
“No início, a ausência das manchas vai se estender por apenas alguns dias de cada vez, depois por semanas e finalmente meses, período em que o ciclo de manchas solares chegará ao seu ponto mais baixo.
“A próxima fase do mínimo solar está prevista para 2019 ou 2020”.

No "Mínimo de Maunder", iniciado em 1645, o rio Tamisa congelava, fazia frio mas era uma festa.

A evolução do ciclo leva os especialistas a achar que poderemos entrar em breve em outra fase do “Mínimo de Maunder” — uma mini Era Glacial -, similar à que começou em 1645.

Durante o “Mínimo de Maunder”, as temperaturas caíram a ponto de o rio Tâmisa congelar no inverno, para festa das crianças e negócio dos feirantes!

O memorialista duque de Saint-Simon conta que as taças de água congelavam e estouravam na mesa do rei Luís XIV, no Palácio de Versailles! Mas ninguém dos presentes morreu, ou coisa que o dera.

A professora Valentina Zharkova, da Universidade de Northumbria, Grã-Bretanha, prevê um declínio acentuado da atividade solar entre 2020 e 2050.

No ano passado, ela declarou:

“Estou absolutamente confiante em nossa pesquisa. Ela tem bom suporte matemático e dados confiáveis, que foram manipulados corretamente.
“De fato, os nossos resultados podem ser repetidos por qualquer investigador, usando dados similares disponíveis em muitos observatórios solares, para que ele possa chegar à sua própria evidência de um iminente ‘Mínimo de Maunder’ no campo magnético solar e sua atividade.”

O sol é o grande determinante do calor e do frio na Terra, mas não há nenhuma razão para temer nada de parecido com um apocalipse. Verificar-se-á uma diminuição da temperatura média global para a qual o homem e suas atividades poderão se adatar.

A evolução detectada esvazia as pretensões do terrorismo propagandístico sobre um aquecimento susceptível de convulsionar a vida da Humanidade ou induzir a dramáticas tragédias planetárias.
O rio Tamisa congelado era ocasião boa para feiras. 
Se por acaso a cena vier a se repetir nossos catastrofistas verdes profetizarão a morte do planeta por 'frio antropogênico'?

Mas os pânicos soprados a partir de gabinetes ambientalistas radicais obedecem a interesses ideológicos. Eles pouco se importam com a verdade da ciência ou com o comportamento da natureza.

Os mesmos ambientalistas tentaram impor outrora suas teorias anti-civilização e anti-propriedade privada, espalhando o pânico de uma era do gelo iminente e devastadora.

Como não deu certo, passaram a pregar com o mesmo fim ideológico neocomunista um aquecimento global que justifique uma governança planetária pela aplicação de medidas drásticas e ditatoriais.

Se amanhã eles perceberem que o pânico aquecimentista não atende aos seus interesses extracientíficos, não hesitarão em virar a casaca mais uma vez.

Meu blog terá então de divulgar os estudos futuros dos cientistas sérios desmontando os exageros ideológicos ambientalistas sobre o “resfriamento global”!

Em qualquer hipótese, o dogma socialista de um dirigismo planetário ficará sempre intensamente vermelho sob uma casca enganosamente verde.
POR LUIS DUFAUR | 01 AGOSTO 2016
http://ecologia-clima-aquecimento.blogspot.com Do site: http://www.midiasemmascara.org/


sexta-feira, 5 de agosto de 2016

ESCOLA SEM CENSURA

O nome "Escola Sem Partido" evoca o isentismo hipócrita que os jornais brasileiros encarnam tão bem, que só serve à esquerda e que ainda dá a ela a chance de acusar os adversários de querer praticá-lo


No imaginário popular, criado e alimentado por essas três classes de vendedores de drogas que são os jornalistas, os professores e o pessoal do show business, o termo “universidade medieval” evoca imediatamente um ambiente mental opressivo e rigidamente dogmático, hostil à linda “liberdade de discussão” que a modernidade viria a inaugurar para a felicidade e conforto do gênero humano.

Como praticamente tudo o que vem dessas três fontes, isso é a exata inversão da realidade.

Nas universidades medievais, o principal método de ensino, ao lado da lectio ou comentário de texto, era a disputatio, ou debate organizado, que, dada uma questão, começava justamente pelo levantamento de todas as opiniões pró e contra disponíveis e em seguida prosseguia pela confrontação sistemática dos argumentos que as sustentavam.

O aluno que desejasse defender alguma ideia era convidado primeiro a reproduzi-la fielmente e argumentar contra ela, da maneira mais eficiente que pudesse, levando em conta todos os argumentos preexistentes, para ter a certeza de que se movia em terreno firme.

Ao contestar uma opinião, devia, antes, anunciar se negava alguma das suas premissas, o desenvolvimento lógico do argumento ou a sua concordância com os fatos conhecidos.

Em nenhuma universidade do mundo, nos dias que correm, vigora tamanho respeito pela liberdade de opinião e pela honestidade do debate. Nem mesmo no campo das ciências naturais, onde a distribuição das verbas de pesquisa, a mando de governos, de grupos bilionários e de interesses corporativos, já bloqueia in limine a mera possibilidade de discussão das teorias julgadas inconvenientes.

Mas, se isso é assim em praticamente todas as universidades do mundo, no Brasil a seletividade autoritária é ainda agravada até à demência pelo império dos professores ineptos –cinqüenta por cento deles, entre os recém-formados, analfabetos funcionais –, que defendem ferozmente os seus privilégios grupais e os seus interesses partidários contra o risco de discussões abertas que terminariam inevitavelmente pela sua desmoralização pública.

É esse estado de coisas que seus criadores e mantenedores descrevem, cinicamente, como “pluralismo”, “liberdade democrática” e “respeito pelas diferenças”.

O fenômeno do Dicionário Crítico do Pensamento da Direita (leiam aqui), em que cento e vinte professores universitários, subsidiados por verbas oficiais e privadas, prometiam um vasto panorama dessa corrente de opinião e em lugar dela promoviam a sua ocultação sistemática, ludibriando desavergonhadamente seus alunos e os leitores em geral, já bastava para ilustrar no ano de 2000, com amostragem estatística mais que suficiente, um estado de controle ditatorial que desde essa época não cessou de se ampliar formidavelmente e que seus beneficiários defendem com a bravura de militantes fanatizados e a mendacidade de criminosos psicopáticos contra a intrusão do “Escola Sem Partido”.

Há alguma coisa errada com o "Escola Sem Partido"? Há. O nome. Deveria chamar-se "Escola Sem Censura", porque a parte mais decisiva da dominação comunista na educação brasileira não consiste na propaganda ativa, que pode ser eficiente mesmo quando em doses mínimas, e sim na exclusão sistemática de tudo o que a contraria.

A mente do estudante pode se defender do que lhe dizem, mas fica impotente quando os meios de reagir lhe permanecem totalmente desconhecidos.

O nome "Escola Sem Partido" evoca o isentismo hipócrita que os jornais brasileiros encarnam tão bem, que só serve à esquerda e que ainda dá a ela a chance de acusar os adversários de querer praticá-lo.

Outro erro é a insistência na palavra “doutrinação”. Doutrinação é a inculcação sistemática de um corpo de sentenças ou teorias, de uma visão da realidade, que não pode nem mesmo ser compreendida sem alguma confrontação, por modesta que seja, com hipóteses adversas ou alternativas.

Como dizia Benedetto Croce, “é impossível compreender um filósofo sem saber contra quem ele se levantou polemicamente”. E Julián Marías explicava que a fórmula de qualquer tese filosófica não é simplesmente “A é C”, mas “A não é B e sim C”.

Nesse sentido, pode-se dizer que nas escolas brasileiras, mesmo de nível superior, a quantidade de doutrinação é mínima.

Pascal Bernardin demonstrou, no já clássico Maquiavel Pedagogo, que as técnicas pedagógicas, algumas velhas de muitas décadas, utilizadas hoje em dia para escravizar mentalmente a população estudantil, do primário à universidade, são ardis psicológicos calculados para produzir mudanças de comportamento sem passar pelos processos normais de formação de opiniões, isto é, subtraindo-se não somente à confrontação crítica mas a qualquer exame consciente do que está sendo ensinado.

Freqüentemente as condutas induzidas permanecem no nível pré-verbal, como por exemplo no caso do menininho que, em vez de ouvir uma apologia ao homossexualismo, é convidado – por experiência, só por experiência – a dar um beijo sensual na boca do seu coleguinha.

Ou, na universidade, o aluno que, antes de ter ouvido dois minutos de teoria marxista, é liberado da aula para juntar-se a uma assembléia “contra o golpe”, tendo de escolher entre curvar-se à pressão dos pares ou tornar-se um réprobo, um excluído, um maldito fascista, sem ter tido ao menos a oportunidade de esboçar mentalmente alguma objeção formal à conduta pretendida.

A indução de comportamentos, a engenharia social, a pressão dos pares, a chantagem psicológica e a intimidação velada ou aberta são os procedimentos usuais empregados em praticamente todas as universidades brasileiras para manter a população estudantil obediente a padrões de conduta cujo alcance ideológico ela pode permanecer até mesmo incapaz de formular verbalmente.

Desde os estudos de Kurt Lewin, nos anos 40 do século passado, está demonstrado que procedimentos desse tipo são muito mais eficientes do que qualquer propaganda ou “doutrinação” explícita. E hoje em dia é notório que o emprego maciço desses recursos psicológicos é recomendado e imposto até mesmo pelos organismos internacionais.

O professor que aplique essas técnicas até transformar os seus alunos no mais obediente dos rebanhos pode mesmo reagir com indignação ante a sugestão de que os esteja “doutrinando”. E não é impossível que em alguns casos ele esteja mesmo sendo “sincero”, no sentido da autopersuasão histérica que se apega a uma auto-imagem grupal defensiva para não precisar julgar moralmente o que faz na realidade.

Esses dois pontos fracos deram aos inimigos do “Escola Sem Partido” , de mão beijada, a oportunidade de ouro de inverter o quadro todo da situação, apresentando as reivindicações do movimento como se fossem as deles próprios e atribuindo a ele as propostas simetricamente inversas.

Os cinco pontos fundamentais do "Escola Sem Partido" são tão obviamente justos e tão solidamente amparados na Constituição Federal, que os inimigos do movimento, para combatê-lo, não tiveram outro remédio senão roubá-los e fingir que o movimento defendia as propostas contrárias.
Isso não é discussão, é difamação proposital, ardilosa, dolosa no mais alto grau.
Por: Olavo de Carvalho Publicado no Jornal Diário do Comércio

quinta-feira, 4 de agosto de 2016

QUANTO DA NOSSA CULTURA ESTAMOS CEDENDO AO ISLÃ?

- O mesmo ódio dos nazistas vem dos islamistas e de seus aliados politicamente corretos. Sequer temos uma vaga ideia de quanto da cultura ocidental nós cedemos ao Islã.


- As democracias são, ou pelo menos deveriam ser, custodiantes de um tesouro perecível: liberdade de expressão. Esta é a maior diferença entre Paris e Havana, Londres e Riad, Berlim e Teerã, Roma e Beirute. Liberdade de expressão é o que temos de melhor da cultura ocidental.

- É autodestrutivo polemizar sobre a beleza de charges, poemas ou pinturas. No Ocidente, pagamos um preço muito alto pela liberdade para podermos usufruir dela. Devemos todos, portanto, protestar quando um juiz alemão proíbe versos "ofensivos" de um poema, quando uma editora francesa despede um editor "islamofóbico" ou quando um festival de música bane uma banda politicamente incorreta.

Tudo isso aconteceu na mesma semana. Um juiz alemão proibiu o comediante Jan Böhmermann de repetir versos "obscenos" de seu famoso poema sobre o presidente turco Recep Tayyip Erdogan. Um teatro dinamarquês aparentemente cancelou a apresentação dos "Versos Satânicos" da sua temporada por medo de "represálias". Dois festivais de música franceses não apresentarão o Eagles of Death Metal -- a banda americana que tocava no Bataclan, uma sala de espetáculos em Paris, quando ela foi alvo do ataque dos terroristas do ISIS (89 pessoas foram assassinadas), -- por conta de comentários "islamofóbicos" de Jesse Hughes, vocalista do grupo. Hughes sugeriu que os muçulmanos passem por uma revista mais minuciosa , ressaltando que "está certo ser mais exigente quando se tratar de muçulmanos a esta altura", acrescentando:

"Eles sabem que há um belo grupo de menores brancos que são idiotas e cegos. Temos esses adolescentes brancos que cresceram em um ambiente liberal desde o jardim de infância, cercados com essas imponentes noções que nada mais são do que conversa fiada".

Brendan O'Neill ressalta, "os liberais ocidentais estão fazendo o trabalho sujo para eles; eles estão silenciando aqueles que o ISIS considera blasfemos; eles estão completando os atos de terror do ISIS".

Há algumas semanas, a editora mais importante da França, a Gallimard, despediu o seu mais famoso editor, Richard Millet, que escreveu um ensaio no qual ele assinala:

"O declínio da literatura e as profundas mudanças ocorridas na França e na Europa em consequência da ininterrupta e extensa imigração de fora da Europa, com seus assustadores elementos do salafismo militante e da correção política alojadas no coração do capitalismo global; vale dizer, significa o perigo da destruição da Europa juntamente com seu humanismo cultural ou humanismo cristão, em nome do humanismo em sua versão multicultural".

Kenneth Baker acaba de publicar sua nova obra On the Burning of Books: How Flames Fail to Destroy the Written Word (Sobre a Queima de Livros: Porque as Chamas Não Conseguem Destruir a Palavra Escrita). Trata-se de um compêndio do assim chamado "bibliocausto", a queima de livros desde o Califa Omar a Hitler, incluindo a fatwa contra Salman Rushdie. Quando os nazistas incineraram livros em Berlim eles declararam que das cinzas desses romances se "levantará a fênix de um novo espírito". O mesmo ódio vem dos islamistas e de seus aliados politicamente corretos. Sequer temos uma vaga ideia de quanto da cultura ocidental nós cedemos ao Islã.

O filme "Submissão" de Theo Van Gogh, pelo qual ele foi assassinado, desapareceu de muitosfestivais de cinema. Os desenhos do Profeta Maomé da revista Charlie Hebdo estão fora do alcance dos olhares do público: depois do massacre, pouquíssimas mídias reeditaram aquelas caricaturas. As postagens no blog de Raif Badawi, que lhe custaram 1.000 chibatadas além de dez anos de prisão na Arábia Saudita, foram apagadas pelas autoridades sauditas e agora circulam como a Samizdat, a literatura proibida na União Soviética.

Após o massacre do staff da revista Charlie Hebdo, pouquíssimos veículos de imprensa republicaram as caricaturas de Maomé. Stéphane Charbonnier, editor da Charlie Hebdo, que foi assassinado em 7 de janeiro de 2015 juntamente com vários colegas, na foto acima, em frente da antiga redação da revista, logo após ela ter sido atacada com bombas incendiárias em novembro de 2011.

Molly Norris, a cartunista americana que em 2010 fez desenhos de Maomé e proclamou o "Dia de Todo Mundo Desenhar Maomé", ainda vive escondida, teve que mudar de nome e de vida. O Metropolitan Museum of Art de Nova Iorque retirou as imagens de Maomé de umaexposição, enquanto a imprensa de Yale baniu as imagens de Maomé de um livro sobre charges. A Joia de Medina, um romance sobre a esposa de Maomé, também foi retirado.

Na Holanda, uma ópera sobre Aisha, uma das esposas de Maomé, foi cancelada em Roterdam depois que a peça foi boicotada pelos atores muçulmanos da companhia teatral, quando ficou evidente que seriam alvos de islamistas. O jornal NRC Handelsblad publicou na manchete da primeira página "Teerã no Meuse", o rio que passa pela cidade holandesa.

Na Inglaterra, o Museu Victoria e Albert retirou a imagem de Maomé. "Os museus e as bibliotecas britânicos têm em seu acervo dezenas dessas imagens, em sua maioria miniaturas de manuscritos de vários séculos, mas estão, em grande medida, longe dos olhos do público", segundo matéria do The Guardian. Na Alemanha, a Deutsche Opera cancelou a óperaIdomeneo de Mozart em Berlim, porque ela retratava a cabeça cortada de Maomé.

A peça "Tamerlão o Grande" de Christopher Marlowe, que inclui uma passagem em que Maomé "não merece ser adorado", foi reescrita no teatro Barbican de Londres, ao passo que os organizadores do carnaval de Colônia cancelaram os carros alegóricos em homenagem aCharlie Hebdo.

Na cidade holandesa de Huizen, duas pinturas de nus foram removidas de uma exposição após a reação desfavorável de muçulmanos. A obra da artista holandesa/iraniana Sooreh Hera, foi retirada de vários museus holandeses porque algumas das fotografias retratavam Maomé e seu genro Ali. Em conformidade com o exposto, um dia a National Gallery de Londres, Uffizi de Florença, Louvre de Paris ou Prado de Madri poderão resolver censurar Michelangelo, Rafael, Bosch e Balthus para não ofender a "suscetibilidade" dos muçulmanos.

O dramaturgo inglês Richard Bean foi obrigado a censurar uma adaptação da comédia "Lisístrata" de Aristófanes, na qual as mulheres gregas entram em "greve de sexo" para impedir seus companheiros de irem para a guerra (no script de Bean, virgens muçulmanas entram em greve para impedir a ação de homens bomba). Diversos vilarejos espanhóis pararam de queimar efígies de Maomé nas solenidades que celebram a reconquista do país na Idade Média.

Há um vídeo gravado em 2006, no qual as ameaças de morte contra Charlie Hebdo se tornaram preocupantes. No vídeo jornalistas e cartunistas estão reunidos em volta de uma mesa para decidir qual será a capa da próxima edição da revista. Eles conversam sobre o Islã. Jean Cabu, um dos cartunistas que depois foi assassinado por islamistas, coloca a questão da seguinte maneira: "ninguém na União Soviética tinha o direito de fazer sátiras sobre Brezhnev."

Depois, outra futura vítima, Georges Wolinski, diz, "Cuba está cheia de cartunistas, mas não fazem caricaturas sobre Castro. De modo que somos felizardos. Sim, somos felizardos, a França é um paraíso".

Cabu e Wolinski estavam certos. As democracias são, ou pelo menos deveriam ser, custodiantes de um tesouro perecível: liberdade de expressão. Esta é a maior diferença entre Paris e Havana, Londres e Riad, Berlim e Teerã, Roma e Beirute. Liberdade de expressão é o que temos de melhor da cultura ocidental.

Graças a campanha dos islamistas e o fato de que agora somente alguns "malucos" ainda se aventuram no exercício da liberdade. Iremos apenas ficar amedrontados? Cartunistas, jornalistas e escritores "islamofóbicos", são os primeiros europeus desde 1945 a se retiraram da vida pública para protegerem suas próprias vidas. Pela primeira vez na Europa desde que Hitler ordenou a queima de livros na Bebelplatz em Berlim, filmes, pinturas, poemas, romances, charges, artigos e peças estão sendo literal e figurativamente queimados.

O jovem matemático francês Jean Cavailles, que para explicar seu fatídico envolvimento com a Resistência antinazista, costumava dizer: "nós lutamos para podermos ler o Paris Soir em vez do Völkischer Beobachter". E por esta razão somente, é autodestrutivo polemizar sobre a beleza de charges, poemas ou pinturas. No Ocidente, pagamos um preço muito alto pela liberdade para podermos usufruir dela. Devemos todos, portanto, protestar quando um juiz alemão proíbe versos "ofensivos", quando uma editora francesa despede um editor "islamofóbico" ou quando um festival de música bane uma banda politicamente incorreta.
Ou será que já é tarde demais?
Por: Giulio Meotti, Editor Cultural do diário Il Foglio, é jornalista e escritor italiano.Original em inglês: How Much of our Culture Are We Surrendering to Islam?
Tradução: Joseph Skilnik Do site: https://pt.gatestoneinstitute.org


quarta-feira, 3 de agosto de 2016

ALGUÉM SABE DEFINIR O QUE É "JUSTIÇA SOCIAL"?


Você conhece alguém que saiba a definição de justiça social?

Se você perguntar a dez progressistas o que significa justiça social, você terá dez respostas diferentes. E é assim porque "justiça social" significa qualquer coisa que seus proponentes queiram que signifique. 

O "social" é um adjetivo mustelídeo, que confere ao termo "justiça" ampla diversificação de significados.

Quase que sem exceção, sindicatos, universidades, movimentos organizados, instituições de caridade e igrejas clamam que pelo menos uma parte da sua missão é o aprofundamento da justiça social. A própria ONU criou o Dia Mundial da Justiça Social.

Sucintamente, "justiça social" é um código que designa coisas boas em prol das quais ninguém precisa argumentar — e ninguém ousaria ser contra.

Isso incomodou imensamente o grande economista Friedrich Hayek. Eis o que ele escreveu ainda em 1976, dois anos após ganhar o Prêmio Nobel de Economia:

'Justiça social' é uma das expressões mais enganosas (e talvez por isso mesmo mais frequentemente usada) do discurso político contemporâneo. Com efeito, trata-se de uma miragem, uma fórmula ilusória que, por conter atrativos quiméricos, é constantemente utilizada pelos políticos para conseguir que uma determinada pretensão seja considerada plenamente justificada sem ter de dar razões morais para sua adoção.

Passei a acreditar que o maior serviço que ainda posso prestar aos meus semelhantes é o de fazer com que oradores, políticos, escritores, jornalistas e todos os pensadores responsáveis venham a sentir, para sempre, total vergonha de empregar a expressão 'justiça social'.

Por que Hayek se sentiu tão incomodado por uma expressão que possui uma conotação tão positiva e tão incontestável? Porque ele conseguiu enxergar, como frequentemente o fazia, perfeitamente o cerne da questão. E o que ele viu o assustou.

Hayek entendeu que, por trás do oportunismo político e da preguiça intelectual do termo "justiça social" há uma perniciosa alegação filosófica: a de que a liberdade deve ser sacrificada em prol da redistribuição de renda.

Em última instância, "justiça social" se resume ao estado acumular poderes cada vez maiores com o intuito de "fazer coisas boas". E o que seriam essas "coisas boas"? Tudo aquilo que os defensores da justiça social decidirem esta semana. 

Mas sempre, tanto em primeiro quanto em último lugar, está a causa da redistribuição de renda. 

De acordo com a doutrina da Justiça Social, quem tem dinheiro tem muito dinheiro, e quem tem pouco dinheiro não tem dinheiro e precisa de mais dinheiro. E isso não é uma caricatura, não. É exatamente assim que um relatório da ONU sobre Justiça Social define o termo:

Justiça social pode ser amplamente entendida como a justa e misericordiosa distribuição dos frutos do crescimento econômico. A justiça social não é possível sem fortes e coesas políticas redistributivas concebidas e implantadas por agências públicas.

Vale a pena repetir essa parte: "fortes e coesas políticas redistributivas concebidas e implantadas por agências públicas".

E tudo piora.

O relatório prossegue e diz que: "aqueles que hoje acreditam em uma verdade absoluta identificada com a virtude e a justiça não são companhias desejáveis para os defensores da justiça social."

Tradução: se você acredita que verdade e justiça são conceitos independentes da agenda progressista capitaneada pela esquerda, então você é um inimigo declarado da justiça social.

Assim, justiça social — ou "demonstração de compaixão" — é quando o governo toma o seu dinheiro, ganhado honestamente por meio do seu trabalho e com o suor do seu próprio rosto, e o entrega para terceiros escolhidos pelo próprio governo. Já se você simplesmente quiser manter para si esse dinheiro, isso é uma intolerável demonstração de ganância.

Isso levou o grande Thomas Sowell a fazer sua afirmação antológica: "Nunca entendi por que é 'ganância' querer manter para si o dinheiro que você ganhou com o suor do próprio rosto, mas não é ganância querer tomar o dinheiro dos outros".

O mais curioso é que os maiores proponentes da redistribuição de renda são os primeiros a não se submeter a ela, como bem comprovou o recente caso dos "Panama Papers", em que se descobriu que proeminentes políticos defensores da redistribuição de renda enviaram seu dinheiro para paraísos fiscais, protegendo-o da própria redistribuição que defendem.

Isso deu ainda mais significado àquele antigo provérbio, que diz que "Muitos dos interessados na distribuição do bolo querem sobretudo o controle da faca".

A condenação da liberdade

Defensores da justiça social supostamente querem que todo e qualquer infortúnio, aflição ou desejo econômico seja resolvido por mais um programa governamental criado especificamente para remediar esse infortúnio, essa aflição ou esse desejo econômico.

A "justiça social" atribui ao governo e seus burocratas a responsabilidade suprema pelo bem-estar de cada indivíduo, tornando os funcionários públicos juízes supremos dos direitos individuais. Ela coloca os políticos no centro da ordem econômica. Legisladores aprovam leis econômicas, governantes adotam as regulações, os juízes as adjudicam, e os cobradores de impostos e a polícia as impingem. O dinheiro assim coletado pode ser alocado tanto para a saúde quanto para universidades quanto para uma grande indústria que está em dificuldade e precisa de subsídios para "manter os empregos". 

Em cada um desses casos, a "justiça social" leva a uma expansão dos poderes do governo, dos políticos e dos funcionários públicos, tornando todos esses os principais beneficiários do sistema.

O ponto subjacente à justiça social, portanto, se resume a uma impetuosa e radical condenação da sociedade livre. À medida que as regulamentações e os poderes do estado se expandem, e o confisco da renda aumenta, a liberdade do indivíduo encolhe.

No entanto, para os "guerreiros sociais", todo o necessário é invocar a frase abracadabra "justiça social", e tudo irá se resolver.

A invocação da justiça social sempre parte do princípio de que "as pessoas certas" — alguns poucos ungidos — podem simplesmente impor a justiça, a prosperidade e qualquer outra "coisa boa" que você puder imaginar. E a única instituição capaz de impor a justiça social é o estado.

Os auto-declarados defensores da justiça social acreditam que o estado pode, e deve, remediar tudo aquilo que eles julgam estar errado com o mundo. Qualquer um que discorde se torna automaticamente um inimigo de tudo aquilo que é bom e correto. Consequentemente, o estado — ou seja, os políticos — deve coagir esses desalmados a agir de acordo com o que é "socialmente justo". E isso, como Hayek já havia profetizado, não mais é uma sociedade livre.

É nesse tipo de sociedade que você quer viver? Se não é, cuidado com aquilo que será feito em nome da justiça social.



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Por Jonah Goldberg, um colunista e autor do best seller Fascismo de Esquerda, publicado em 2008, que alcançou o primeiro lugar na lista do New York Times dos livros de não-ficção mais vendidos nos Estados Unidos.
Hans F. Sennholz foi o primeiro aluno Ph.D de Mises nos Estados Unidos.  Ele lecionou economia no Grove City College, de 1956 a 1992, tendo sido contratado assim que chegou.  Após ter se aposentado, tornou-se presidente da Foundation for Economic Education, 1992-1997.  Foi um scholar adjunto do Mises Institute e, em outubro de 2004, ganhou prêmio Gary G. Schlarbaum por sua defesa vitalícia da liberdade. Do site:http://www.mises.org.br/

terça-feira, 2 de agosto de 2016

A POSSIBILIDADE DA VOLTA DA MONARQUIA NO BRASIL


Um amigo me perguntou se acho possível a volta da monarquia no Brasil. A minha resposta foi: somente se acontecer algo totalmente imprevisto; um acontecimento tão imprevisível que só tenha explicação ex post facto; enfim, um Cisne Negro¹.

Apesar de termos um movimento monarquista dotado de pessoas inteligentes, podemos dizer que ainda estamos na etapa “pré-imaginativa” do processo de implantação de uma monarquia brasileira, pois sequer existe romance, peça de teatro, filme ou obra artística que possa colocar no campo da imaginação a existência de uma Casa Imperial governando o Brasil em pleno século XXI. Como disse Hugo von Hofmannsthal, sempre lembrado nas colunas do professor Olavo de Carvalho, “Nada está na realidade política de um país se não estiver primeiro na sua literatura”. Talvez meia dúzia dos que frequentam o encontro monárquico anual consigam imaginar um governo imperial, mas e o povo? Não é possível exigir do povo algo que ainda é inimaginável. Seria até macabra tal exigência.

Se um dia for transpassada essa barreira artística do discurso poético, há ainda o desafio do discurso retórico, isto é, o discurso que trata da verossimilhança. Como diz o professor Olavo de Carvalho, enquanto o primeiro discurso aristotélico opera em camadas muito mais profundas a ponto de predispor-nos de longe a certas atitudes, o segundo discurso é menos profundo, porém mais imediato; é um comando “prático” que pode ser entendido graças à disposição imaginativa proporcionada pelo primeiro discurso.

Para a segunda etapa, Olavo também já deu a dica para a casa monárquica brasileira: façam um shadow cabinet². Até o presente momento, parece que o conselho foi solenemente ignorado (ou pior: talvez sequer tenha sido repassado aos responsáveis)…

Essa superação imaginativa e prática, todavia, é apenas a inscrição para a “batalha rumo ao trono”, pois sabemos que o mundo de hoje é bem mais complexo do que era no século XIX. Há hoje um número muito maior de variáveis que aumentam formidavelmente a complexidade e a imprevisibilidade dos campos político e econômico. Para citar apenas um exemplo, existem hoje sociedades e poderes secretos internacionais com alcance e influência política e social praticamente inimagináveis 130 anos atrás. Há também literalmentemilhares de outros obstáculos gigantescos (a ocupação de espaço perpetrada pelos comunistas nas últimas décadas, os psicopatas no poder, a inexistência de uma cultura católica que daria suporte moral ao regime imperial, o problema dos militares, etc. etc.). Desnecessário dizer que ele, Olavo de Carvalho, também já deu o caminho das pedras para combater esses problemas.

E se essa monarquia ascender ao poder, ela poderia dar certo?

Que a monarquia é o melhor regime para o Brasil pouco duvido, considerando a história do país. O Segundo Reinado — um modelo monárquico inspirado no britânico, mas completamente adaptado à realidade local — foi o modelo que fez o país “dar certo”³. Durante as décadas de Segundo Reinado houve maior predomínio da ordem política e econômica e da superação dos conflitos, se comparadas às demais décadas. (Há, evidentemente, o risco de cairmos numa falácia indutiva ao supormos que uma experiência passada prova um prognóstico; todavia, considerando a formação, o patriotismo, a envergadura moral e os interesses da Casa Imperial atual, tudo leva a crer que eles têm o potencial para fazer um trabalho muitíssimo melhor que qualquer opção republicana disponível.)

Ademais, como mostrou José Pedro Galvão de Sousa em Raízes Históricas da Crise Política Brasileira, a república brasileira é fruto do apriorismo político⁴; daí podemos concluir que a república foi coisa empreendida por pessoas que obviamente sofriam da incapacidade cognitiva chamada efeito Dunning-Kruger. Esse apriorismo político resultou num sistema de governo cuja base é um amálgama de “Revolução de 1789, instituições americanas e filosofia de Augusto Comte”.

Assim, por conta desse sistema criado por sujeitos “Dunning-Kruger”, vivemos desde 1889 uma sucessão de golpes, crises econômicas e instabilidades que já beira os 130 anos. Difícil imaginar que uma monarquia possa ser pior que isso.

Notas:

1. Aqui, o termo Cisne Negro tem a acepção dada pelo ensaísta Nassim Nicholas Taleb, no livro The Black Swan — The Impact of the High Improbable, para referir-se a acontecimentos que estão fora do âmbito das expectativas comuns e que não poderiam ser previstos no presente estado de coisas, embora esses acontecimentos sejam caracteristicamente explicáveis retroativamente. O termo, que já foi usado por outros autores para tratar do problema da indução, faz referência à crença de que, até dado momento da história acreditava-se que todos os cisnes eram brancos, até o dia em que descobriram a Austrália e, respectivamente, seus cisnes negros.

2. O conselho foi dado por Olavo numa teleconferência do canal Terça Livre. Shadow cabinet é um gabinete paralelo — uma espécie de “gabinete espelho” do gabinete oficial — com os melhores nomes da oposição. Cada um dos seus integrantes analisa seu contraparte oficial e propõe medidas alternativas. Desnecessário enfatizar que o shadow cabinet teria de ser um modelo próprio, e não um modelo copiado de maneira apriorística de modelos internacionais — como foi nosso modelo de República. Outra das razões de ser de um shadow cabinet é combater o discurso único imposto pelo governo.

3. Espero que ninguém interprete “dar certo” como um “dar-certo-como-o-Canadá-deu-certo”. Sejamos modestos.

4. Nas palavras do próprio Galvão de Sousa, “O raciocínio apriorístico, em matéria política, é aquele que desdenha da realidade e dos conhecimentos da história para construir sistemas baseados tão somente em princípios jurídicos.”
Por:Leonildo Trombela Júnior é jornalista e tradutor.
https://medium.com/@ltjunior Do site:http://www.midiasemmascara.org/

sexta-feira, 29 de julho de 2016

VOCÊ É UM REVOLUCIONÁRIO?

Se a sua resposta for positiva permita-me, em primeiro lugar, recomendar que não perca tempo comigo. Pare de ler este texto imediatamente. Porque eu não sou nem tenho a menor pretensão de ser um profeta. Confesso minha cabal ignorância do tempo futuro. Se mal sei do presente e do passado, o que poderia dizer sobre o futuro? Sobre esse tempo que apenas aos revolucionários é dado conhecer na palma da mão?


Mas você, um revolucionário, decerto movido por uma curiosidade científica, continua a ler este texto? Faz bem, nossa curiosidade é recíproca e verdadeira. Eu faria o mesmo - e já o fiz tantas vezes! - para tentar descortinar o futuro graças ao dom da profecia, desculpe-me,
à genialidade dos revolucionários.

Falta-me, no entanto, esse lampejo da inteligência que é um predicado natural dos gênios. Esse brilho que incendiou Robespierre, Marx, Lênin, Stálin, Mao e Pol Pot. E iluminou todo este mundo com fagulhas que libertaram Cuba, Nicarágua e Venezuela, que suscitaram Fidel Castro, Daniel Ortega e Hugo Chávez.

Que inveja eu sinto de você, meu caro revolucionário. Fosse eu um homem de fé, como é você, despojaria de todos os meus mesquinhos pertences e o seguiria como fiel discípulo. O que somos nós, afinal, senão passageiros de uma viagem que não desejamos chegar ao ponto
do destino, que a cada dia nos parece aproximar-se mais rapidamente? Como resistir a esse fascínio que é viver no futuro pelo intelecto, como quem estende a mão para colher um fruto que o alimenta?

Essa inveja, no entanto, não é pecaminosa. Melhor seria dizer que o admiro. Ou seja, eu gostaria de ter a sua convicção num futuro que não cabe na palma de minha mão. Talvez eu não passe, no fundo, lá no fundo, de um cético. Que implora por sua condescendência. Não me trate como um infiel. Um inimigo da sua fé, digo, da sua convicção. Em meu desfavor, confesso que sou um conservador. Mas nunca dei calote em ninguém, jamais deixei de ajudar alguém que me pediu auxílio e sempre segui, ou pelo menos tentei seguir os ensinamentos que aprendi com meus pais católicos. E com Jesus Cristo, que dividiu o calendário ocidental em antes e depois do seu nascimento, numa revolução que só derramou Seu próprio sangue.

Queira me perdoar, então, por preferir acreditar nesse reino intangível que Ele nos revelou além da física. E que confirma os profetas, os sábios e os cientistas que teceram a trama fio por fio, de nossa civilização. E sempre respeitaram os limites do mistério que habita o inefável muito além dos segredos que eles desvendavam.

Você, porém, conhece o futuro, meu caro revolucionário. E parece que é tudo que você conhece. O que não seria pouco se não fosse uma grande cretinice. Imaginar que a utopia não seja uma manifestação saudável do espírito, mas uma ciência da matéria biológica - como defendeu Karl Marx em sua filosofia que você provavelmente desconhece - tem tudo a ver com a insanidade, a libertinagem e a selvageria contra nossos próprios semelhantes.

Você é um revolucionário? Então procure saber o que é ser um revolucionário. Estude os revolucionários. Não perca seu tempo comigo. Ganhe seu tempo para você.por Genaro Faria. Artigo publicado em 24.07.2016 
Do site: http://www.puggina.org/artigo/outrosAutores/voce-e-um-revolucionario/8012



quinta-feira, 28 de julho de 2016

HONÓRIO, ROMA E A GALINHA

São inúmeros aqueles que procuram entender ou explicar os acontecimentos apenas com base nas articulações ou tramas políticas, nas vantagens ou interesses econômicos, nos avanços ou conquistas tecnológicas. Pouca atenção prestam ao caminhar dos espíritos, à transformação das mentalidades, à influência das ideias, à alteração dos hábitos, costumes sociais, leis e instituições.

Farândola enlouquecida
O Ocidente sofre há muito a erosão sistemática dos valores cristãos que estão na base da maior e mais esplendorosa civilização que o mundo tenha conhecido.

Seduzidos pelo imediatismo e pelas coruscações materialistas e prazenteiras da “modernidade”, os homens foram renunciando às grandes perspectivas históricas, aos valores transcendentes e perenes, ao esforço ascensional da cultura, ao senso do dever e ao espírito de sacrifício, seja a nível pessoal, seja a nível social.

No presente, o Ocidente cristão (ou quase ex-cristão) sofre os embates de forças políticas, econômicas, científicas, filosóficas, ideológicas, religiosas, etc. que o empurram para uma desestabilização profunda. Ameaças diversas parecem fazer em torno de nós a dança de uma farândola enlouquecida.

Nice e Turquia
Nos últimos dias, em Nice, no sul da França, um tunisiano muçulmano atropelou indiscriminadamente, com seu caminhão, vítimas indefesas, num atentado reivindicado pelo Estado Islâmico; e na Turquia eventos pouco claros protagonizados por uma ala militar, propiciaram ao Presidente Erdogan consolidar, com mão de ferro, um regime autoritário islâmico e promover uma maciça “caça às bruxas” em vastos setores da sociedade e em importantes instituições do Estado, tornando a potência militar da NATO uma grave incógnita no tabuleiro internacional.

As reações desencontradas e frouxas das autoridades e das populações ocidentais, sobretudo europeias, deixam entrever uma civilização debilitada face aos perigos e pronta à compreensão – ou até à subserviência – face aos inimigos.

A perene lição de Roma
“A História é mestra da vida”, sentenciava o grande Cícero. Não parece supérfluo voltarmo-nos para a Roma Imperial, no momento de sua decadência, para tentar entender o que presenciamos nestes dias. Talvez para alguns este exercício pareça enfadonho e, numa fuga para a frente, prefiram sair por aí à caça de Pokémons, a mais recente febre da “modernidade” fútil e vazia. Talvez até nisso Roma não deixará de ser uma lição...

Convido-os, pois, a ler um artigo de Helena Matos, publicado no Observador (17.07.2016), intitulado “Uma Europa chamada Roma”:

"Horas antes do golpe na Turquia tivera lugar em França mais um atentado e mais uma vez o Presidente francês dissera que a França era forte. E os jornais escreviam que “um caminhão matou”, como se o caminhão se tivesse posto em marcha sózinho.

Face ao atentado de Nice repetia-se que havia que compreender os motivos do homem que praticara tal acto sendo que neste contexto o verbo compreender não é sinónimo de adquirir conhecimento para melhor agir sobre o agressor mas sim para aceitar com maior resignação o papel de vítima.

Como sempre o Facebook encheu-se de vídeos virais em que os likes fazem as vezes das convicções e o máximo da decisão passa por pintar a Torre Eiffel com as cores da bandeira francesa. Desta vez já nem houve muitas velas nas ruas, talvez para não atrapalhar as corridas atrás dos Pokémons.

De repente, o drama desta Europa, uma Europa que foi capaz de garantir ao maior número de cidadãos um conjunto mais alargado de direitos mas que se condenou a si mesma à decadência, parece-me decalcado desse outro drama vivido por outra civilização extraordinária – o império romano. Um drama que simbolicamente terminou numa noite de Agosto de 410 dC, em Ravena. Nessa noite um mensageiro (há sempre uma mensagem e um mensageiro, o tempo apenas muda a natureza do mensageiro) entrou a correr no palácio de Ravena onde o imperador Honório estava retirado para escapar ao cerco que o rei visigodo Alarico montara em torno de Roma. A notícia é tão grave que os presentes resolvem acordar Honório: Roma caíra às mãos do invasor [quadro].

Perante a notícia, o imperador Honório declara consternado “Ainda há pouco comeu da minha mão”. O desalento desconcertante da resposta do imperador leva um dos presentes a esclarecer Honório: Roma, a sua galinha preferida, estava bem. Fora sim a capital do seu império e não a sua preferida que caíra perante o invasor. Honório terá suspirado de alívio pois por momentos pensara que fosse a sua galinha e não a cidade a soçobrar.

Há oito séculos que Roma era inviolável. Mas nesse Agosto de 410 dC, o rei visigodo Alarico atravessara a Porta Salaria e entrara em Roma à frente dos seus homens. O saque começou. A própria irmã do imperador, Gala Placidia, estava cativa de Alarico, um chefe militar que soube tirar partido das fraquezas do outrora grande império.

Valha a verdade que o saque de Alarico foi apenas o primeiro – e nem sequer o pior – dos vários que reduzirão a orgulhosa Roma a um símbolo da decadência. A dado momento os romanos antecipar-se-ão até aos invasores e antes que estes montem mais um cerco abrem-lhes as portas da cidade para que no momento do inevitável saque se mostrassem mais misericordiosos (não mostraram).

A história da reacção de Honório ao saber do saque de Roma foi muito provavelmente romanceada mas tem servido para ilustrar o que bondosamente designamos como decadência do império romano. Perante essa fabulosa civilização que se condenou a si mesma à derrota poucas coisas ilustrarão melhor o comportamento das elites romanas do que esse imperador a chorar a sua galinha e não a sua cidade.

Neste século XXI, Honório, a sua cidade e a sua galinha andam por aí. Simplesmente Roma agora chama-se Europa. E os europeus, tal como o imperador Honório, desdenham dos aliados, não resolvem o essencial, assistem abúlicos aos ataques de que são alvo e perante a catástrofe fazem de conta que não a vêem. Ou apenas vêem a morte da sua galinha – com quantas causas fúteis se entretêm semanalmente os parlamentos da Europa? – e não a queda da sua cidade.

Enquanto escrevo os presos na Turquia contam-se aos milhares e a purga na justiça e entre os militares é profunda. Nas televisões europeias confunde-se apoio e bandeirinhas nas redes sociais com legitimidade. Erdogan entretanto avisa que quem estiver com os rebeldes, está “em guerra com a Turquia”, sendo que o conceito de “estar com os rebeldes” é muito lato. Por exemplo, não entregar à Turquia os oito militares turcos que pediram asilo político à Grécia é sinónimo de estar com os rebeldes? E como vai daqui em diante a Turquia usar os seus controlos fronteiriços para pressionar a Europa a deixar de “estar com os rebeldes”, queira isso dizer o que queira? E o que fazem os líderes europeus caso Erdogan, com menos folclore, mais racionalidade e umas forças armadas purgadas mas bem treinadas, entre na espiral de confronto-amizade-chantagem como durante anos fez Kadafi? Telefonam para Washington e esperam que o presidente norte-americano, seja ele qual for, mobilize os nascidos no Ohio ou no Kansas para reforçarem a presença militar nas bases norte-americanas na Europa, precisamente aquelas contra as quais não houve estudante europeu que não achasse de bom tom manifestar-se?

Na escola aprendíamos como os romanos fizeram o seu império. Na verdade devíamos ter estudado mais como o desfizeram. Porque Honório e a sua galinha não aconteceram por acaso. Eles são o resultado de uma sociedade que se derrotou a si mesma antes de ser derrotada pelos outros. De um império que acabou a ter de pagar para não ser atacado por aqueles a quem antes pagara para que o defendessem.

Da próxima vez que o estrépito de um atentado nos distrair dos Pokémons, em vez de desabafarmos no Facebook será bem mais útil ir estudar os romanos. Honório e a sua galinha fazem parte do nosso passado e nós já estivemos mais longe de nos refugiarmos em Ravena".
Imagem: 'A Invasão dos Bárbaros' ou 'Entrada dos Hunos em Roma', Ulpiano Checa, 1887.
Por: José Carlos Sepúlveda da Fonseca 27 Julho 2016 
Do site: http://www.midiasemmascara.org/

A VERDADE SOBRE NOSSA INCONGRUÊNCIA: COBRAR POR PESO OU POR PESSOA?


Na esteira da iminente entrada em vigor da lei que tornará obrigatória a individualização das contas de água em condomínios habitacionais, proponho uma reflexão sobre uma particularidade do Brasil na hora de pagar a conta do restaurante: a cobrança por peso ou por pessoa (independentemente do consumo). Seria mesmo correto 400 gramas de camarão custarem menos que 450 gramas de arroz? E por que um glutão deve pagar o mesmo que alguém que sequer repete o prato? Acredito que tal procedimento típico do Brasil (é raro deparar-se com tal sistema mundo afora) reflete sobremaneira nossa mentalidade coletivista e demonstra uma clara tendência do brasileiro ao abusar de um direito quando pode dividir a respectiva despesa com outras pessoas – como não poderia deixar de ser, aliás.

Vejamos a semelhança com outro episódio recente, quando as empresas de telefonia propuseram que os usuários dos serviços de banda larga fossem tarifados conforme a quantidade de dados que consumissem, e não mais apenas com base na velocidade contratada (e raramente entregue pela companhia, diga-se). Parecia razoável: alguém que usa a internet apenas para acessar websites deve pagar o mesmo que outro consumidor que faz downloads pesados 24 horas por dia? Não seria mais adequado oferecer pacotes para os diferentes perfis de internautas, desde os aficionados até aqueles que utilizam o serviço apenas eventualmente?

A resposta para essas perguntas passa pela seguinte constatação: empresas de telefonia (ou de qualquer outra atividade econômica) não vivem de caridade. O custo para fornecer a banda de internet para o internauta eventual e para o “viciado” certamente será compartido entre ambos. Com a legislação vigente, todavia, se eles contratam a mesma velocidade, pagam o mesmo valor. Ou seja: quem consome menos está pagando para quem consome mais. Se alguma companhia pretende oferecer a possibilidade de quebrar essa distorção, medindo o consumo de dados e cobrando conforme a utilização, o Estado brasileiro não deveria impedi-la. Os usuários insatisfeitos com tal modelo poderiam procurar alternativas na concorrência, pois sua demanda por um “buffet livre” de internet seria, por certo, atendida por outras empresas do ramo de olho neste nicho – especialmente se as barreiras para entrada no setor fossem derrubadas pela Anatel, permitindo que a competição no setor aumentasse substancialmente, em benefício dos consumidores (especialmente daqueles que não passam o dia inteiro online).

Nesse mesmo sentido, o custo dos alimentos consumidos em uma refeição, considerados dois pratos servidos de igual peso, dificilmente será o mesmo, considerando que as predileções dos indivíduos variam muito. Mas como o dispêndio total dos alimentos consumidos em uma determinada ocasião, em um dado estabelecimento, deverá ser custeado por todos que usufruíram do serviço (não importando se consumiram 500 gramas de picanha ou costela, cortes de valor muito diferenciado), novamente nos deparamos com a situação onde consumidores de diferentes perfis são tratados de forma homogênea. A mesma discrepância ocorre no sistema de “all you can eat”, onde determinadas pessoas acarretam prejuízo para o restaurante, e outras lucro, sendo que essas, na prática, pagam parte do almoço daquelas.

Esse expediente de “somar tudo e dividir por todos” é bastante comum em confraternizações entre amigos e parentes. Raramente alguém irá se importar se o fulano comeu mais que o beltrano no almoço de Páscoa. Mas essa concepção, na qual se justifica que certos cidadãos sejam beneficiados em detrimento de outros, com a coletividade bancando parte do consumo de determinados indivíduos, não se sustenta quando se trata de pessoas que não se conhecem e, não raro, nunca virão a se conhecer. Todavia, no Brasil, já estamos acostumados a lidar com esse tipo de iniquidade, quando os frequentadores de cinemas e show artísticos bancam a meia entrada de diversos beneficiários; quando o BNDES concede empréstimos com juros subsidiados a determinadas empresas detentoras de laços com governantes (utilizando até mesmo recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador – FAT); quando universidades públicas são custeadas com impostos de brasileiros que nunca sequer chegaram perto de uma – ao passo que os favorecidos, em vez de justificar tal sacrifício popular dedicando-se aos estudos, preferem “fazer greve” e praticar bizarrices as mais diversas, até porque não desembolsam nem um tostão com seus estudos.

É claro que existem restaurantes que adotam o sistema à la carte, e mais lógico ainda é que, se há tantos outros que vendem comida por quilo ou no buffet livre, existe demanda para tal. Longe de mim, pois, querer que o Estado intervenha e determine de que maneira os comerciantes devem cobrar por seus produtos e serviços, tal qual ocorreu anos atrás, quando o governo determinou que padarias deveriam vender o pão francês por peso,desagradando empresários e consumidores – e, claro, justificando a criação de “fiscais de balança” (leia-se: mais Estado e impostos).

O que estou preconizando é que os próprios consumidores apercebam-se da incongruência de onerar pessoas que consomem menos em favor de outras que consomem mais, e passem a demandar que os restaurantes empreguem métodos de valoração do consumo mais condizentes com a realidade. Já há iniciativas neste rumo, onde são impostos limites ou preços diferenciados para alimentos mais caros (normalmente carnes), mas que ainda passam distante do objetivo tornar mais equânime a relação entre consumo real e preço cobrado.

As consequências deste cenário deturpado podem ser constatadas quando observamos, em restaurantes de sistema buffet livre ou rodízio, avisos solicitando aos clientes que “não desperdicem alimentos”, pelo fato de que costuma sobrar muita comida nos pratos. Nem poderia ser diferente: quanto todos os consumidores pagam uma mesma quantia para usufruir livremente da comida do restaurante, ela passa a ser vista como um bem “público”, tal qual a água que sai da torneira em um condomínio habitacional que não individualiza os consumos deste bem natural.

Ou seja: a tendência é que ocorra muito desperdício mesmo, e, neste cenário, tanto lavar o carro durante horas, quanto servir-se sem nenhuma preocupação se haverá sobra, são atitudes totalmente previsíveis. Se algo é de todos, não é de ninguém – e aquele produto escasso será tratado como sendo ilimitado. Contribui para este panorama o fato de que o Brasil é um dos maiores produtores de alimentos do mundo, o que pode provocar a percepção geral de que a comida farta é inesgotável. De fato, a evolução dos meios de produção e distribuição, e o comércio globalizado, levaram a humanidade a este período de fartura inédito, mas nem por isso devemos considerar admissível que clientes de apetite menos voraz banquem parte da conta dos mais gulosos.

Outro exemplo claro da mesma circunstância: a política de uma rede de fast food que chegou ao Brasil na última década é de vender refrigerante em sistema de refil. A intenção era apenas que o cliente pudesse usufruir da bebida enquanto come o lanche adquirido na loja. Eis que os brasileiros resolveram ficar tomando refrigerante a tarde toda, e inclusive dividindo a bebida entre amigos. Tal atitude advém da mesma lógica: se todos os clientes pagam “X” para consumir o quanto quiserem, a nossa malandragem inata manda beber até explodir. O resultado: como a empresa não vai arcar com o prejuízo sozinha, todos os demais clientes (inclusive aqueles que tomaram apenas um copo de refrigerante) serão solidariamente penalizados com aumentos do preço dos lanches.

Tal mentalidade acaba se alastrando por diversas outras áreas em que muitos não se importam em sustentar privilégios de outros. Ela revela-se fortemente na estrutura da Previdência Social: todas as contribuições dos trabalhadores são recolhidas para um mesmo fundo, mas os pagamentos retornam em proporções muito diferentes. Será que não deveríamos reivindicar que os descontos efetuados nas remunerações de cada cidadão fossem destinadas a contas individuais, de tal forma que ninguém precisasse trabalhar para pagar aposentadorias com regras especiais de categorias privilegiadas? Parece-me que sim, especialmente porque, desta forma, cada um poderia decidir até que idade está disposto a trabalhar. Se eu quisesse seguir na ativa até 55 anos (percebendo uma aposentadoria menor) ou pendurar as chuteiras com 70 (fazendo jus a remunerações superiores), ficaria a meu critério.

O brasileiro costuma preferir o popular “rachide” ao enjeitado “cada um paga o s eu”. E nesse processo, claro, todos tentam ingressar no grupo dos agraciados e sair da turma dos extorquidos. O problema é que estão sobrando poucos “otários” para manter tantos “espertos”.
Por Bourdin Burke, publicado pelo Instituto Liberal Do site:www.institutoliberal.com.br 

LEANDRO KARNAL INFORMA OU DESINFORMA?

quarta-feira, 27 de julho de 2016

TENTATIVA DE GOLPE NA TURQUIA: UM FESTIVAL DE PRETEXTOS

- Agora será ainda mais difícil para os dissidentes viverem na Turquia. O Presidente Erdogan já fala sobre a reintrodução da pena de morte.


- O Departamento Geral de Segurança (que dirige a força policial) emitiu um comunicado convocando os cidadãos a informá-lo sobre qualquer material em circulação nas redes sociais que apoie os terroristas, a organização de Gulen ou que contenha material de propaganda contra o governo.

Tudo parecia surreal na Turquia; soldados convidando o chefe do esquadrão anti-terrorismo da polícia para uma "reunião", na verdade para matá-lo com um tiro na cabeça; oficiais de alta patente, incluindo o chefe do estado-maior das forças armadas, o comandante da força aérea, o comandante das forças terrestres e o comandante da guarda civil, serem tomados de reféns pelos seus próprios ajudantes de ordens; depois pessoas tomando as ruas, aos milhares, para resistirem ao golpe de estado, se apoderando de tanques, sendo mortos, soldados abrindo fogo contra civis e, para completar a vitoriosa multidão pró-Erdogan linchando soldados que encenavam o golpe onde quer que se encontrassem.


A rede de TV NTV da Turquia mostrando soldados que participaram da tentativa de golpe se rendendo, com as mãos levantadas, na ponte do Bósforo em Istambul, 15 de julho de 2016.

O Presidente Recep Tayyip Erdogan acusou o seu ex-aliado político mais importante, Fethullah Gulen, um clérigo muçulmano ora exilado nos Estados Unidos além de pessoas leais a ele dentro do exército. Aparecendo perante uma multidão de simpatizantes de seu partido,Erdogan solicitou a Washington a extradição do "terrorista" Gulen.

Tanto a inteligência quanto a força policial fiéis a Erdogan imediatamente prenderam cerca de 6.000 militares e membros do judiciário, alegando que eles pertenciam à "organização terrorista 'gulenista'." O Ministro da justiça Bekir Bozdag salientou que mais prisões estavam programadas, sinalizando a eclosão de uma caça às bruxas em todo o país. Tomada essa medida, o Ministério do Interior logo suspendeu 8.777 servidores, incluindo governadores, suspeitos de serem "gulenistas" e prendeu milhares de funcionários do judiciário. Muitos liberais acreditam que o governo usará a tentativa de golpe como pretexto para intimidar seus opositores quer tenham ou não alguma ligação com Gulen.

"Erdogan sai enormemente fortalecido deste episódio"de acordo com Howard Eissenstat, professor doutor de história do Oriente Médio da Universidade St. Lawrence em Canton, Nova York. "Isto mobilizou com novas energias a sua base de sustentação, que estava ficando irritada com ele, por assim dizer. A tentativa de golpe pelo menos lhe deu um respiro que ele usou para unir todos os elementos da sociedade contra uma clara ameaça."

Agora será ainda mais difícil para os dissidentes viverem na Turquia. Erdogan já fala sobre areintrodução da pena de morte "Nosso governo debaterá a pena de morte com a oposição" salientou ele ao discursar perante uma multidão de simpatizantes de seu partido que interrompia sua fala com as seguintes palavras de ordem: "nós queremos a pena de morte." Então ele ressaltou que sancionará a reintrodução da pena de morte se ela for aprovada pelo parlamento

Enquanto isso, o Departamento Geral de Segurança (que dirige a força policial) emitiu umcomunicado convocando os cidadãos a informá-lo sobre qualquer material em circulação nas redes sociais que apoie os terroristas, a organização de Gulen ou que contenha material de propaganda contra o governo.

Toda esta agitação turca traz à mente o incêndio do Reichstag, incêndio criminoso no parlamento alemão em Berlim em 27 de fevereiro de 1933. Marinus van der Lubbe, um jovem holandês, comunista, desempregado, foi preso pelo crime. Ele tinha acabado de chegar à Alemanha; se declarou culpado e foi condenado à morte. O incêndio do Reichstag foi usado de pretexto pelo Partido Nazista para dizer a sua plateia que os comunistas estavam conspirando contra o governo alemão -- um acontecimento crucial para o estabelecimento da Alemanha Nazista.

Pode ser que jamais saberemos se o golpe fracassado de 15 de julho foi uma versão turca do incêndio do Reichstag. Mas sabemos que será usado como pretexto para reivindicar que uma enorme massa de inimigos, dentro e fora da Turquia, estão conspirando contra o governo.
Por: Burak Bekdil, estabelecido em Ankara, é um colunista turco do Hürriyet Daily e Membro Destacado no Middle East Forum. 21 de Julho de 2016
Tradução: Joseph Skilnik Do site:http://pt.gatestoneinstitute.org/

terça-feira, 26 de julho de 2016

FRANÇA: A GUERRA CIVIL ESTÁ CHEGANDO

- Para o presidente francês François Hollande o inimigo é uma abstração: "terrorismo" ou então "fanáticos".


- O presidente francês opta por reafirmar sua determinação a favor de ações militares no exterior: "iremos reforçar nossas ações na Síria e no Iraque," ressaltou o presidente após o ataque em Nice.

- Confrontados com esse fracasso da nossa elite -- que foi eleita para capitanear o país pelos perigos nacionais e internacionais -- causaria alguma surpresa se grupos paramilitares estiverem se organizando para retaliar?

- Na França, foram as elites globais que fizeram a escolha. Eles decidiram que os "maus" eleitores da França eram pessoas desatinadas, idiotas demais, para enxergarem a beleza de uma sociedade aberta para aqueles que muitas vezes não querem se assimilar, que querem que você seja assimilado por eles e que ameaçam matá-lo se você discordar. A elite se alinhou contra os próprios idosos e pobres do país porque eles não quiseram mais votar neles. A elite também optou por não combater o islamismo, porque os muçulmanos votam coletivamente na elite global.


"Estamos à beira de uma guerra civil". Essa afirmação não foi feita por um fanático ou lunático. Não, ela foi feita por Patrick Calvar, Chefe do Departamento de Segurança Nacional França, DGSI (Direction générale de la sécurité intérieure). Na realidade ele já tinha se referido, por diversas vezes, sobre o risco de guerra civil. Em 12 de julho ele fez o alerta à Comissão dos Membros do Parlamento, responsável por um levantamento em relação aos ataques terroristas de 2015.
A polícia francesa matou um terrorista islamista natural da Tunísia, que matou 84 pessoas em Nice, França em 14 de julho de 2016. (Imagem: captura de tela da Sky News)

Em maio de 2016, ele enviou uma mensagem bem parecida a uma outra comissão de membros do parlamento, desta vez encarregada da defesa nacional. A "Europa", realçou ele, "corre perigo. O extremismo cresce em todos os cantos e agora nós estamos voltando a nossa atenção para alguns movimentos de extrema-direita que estão se preparando para um confronto".

Que tipo de confrontação? "Confrontos entre comunidades", ressaltou ele -- eufemismo para "guerra contra os muçulmanos". "Mais um ou dois ataques terroristas", acrescenta ele "e poderemos nos ver diante de uma guerra civil".

Em fevereiro de 2016, diante da Comissão do Senado responsável pelas informações da inteligência, ele voltou a afirmar: "nós estamos dirigindo nossos olhares para a extrema-direita que está apenas esperando que aconteçam mais ataques terroristas para lançarem mão de confrontos violentos".

Ninguém sabe se o terrorista que lançou o caminhão em cima da multidão no Dia da Bastilha em 14 de julho em Nice matando mais de 80 pessoas irá precipitar uma guerra civil na França, mas poderá ajudar a identificar o que irá gerar esse risco na França e em outros países como a Alemanha ou a Suécia.

A principal razão é o fracasso do estado.

1. A França Está em Guerra, Mas Nunca se Menciona o Nome do Inimigo.

A França é o principal alvo de recorrentes ataques islamistas; os banhos de sangue que mais ficaram em evidência ocorreram na redação da revista Charlie Hebdo e no supermercado Hypercacher de Vincennes (2015); na sala de espetáculos Bataclan, nos restaurantes próximos e no Estádio Stade de France (2015); no ataque frustrado contra o trem Thalys; na decapitação de Hervé Cornara (2015); no assassinato de dois policiais em Magnanville em junho (2016) e agora no atropelamento do caminhão em Nice no dia do festejo da Revolução francesa de 1789.

A maioria desses ataques foram cometidos por muçulmanos franceses: cidadãos voltando da Síria (os irmãos Kouachi contra o Charlie Hebdo) ou por islamitas franceses (Larossi Abballa que matou a família de um policial em Magnanville em junho de 2016), que mais tarde assumiu sua lealdade ao Estado Islâmico (ISIS). O assassino do caminhão em Nice era tunisiano, casado com uma francesa com a qual teve três filhos, viviam tranquilamente em Nice até que ele resolveu matar mais de 80 pessoas e ferir dezenas mais.

Após cada um desses trágicos episódios o Presidente François Hollande se recusa a dizer quem é o inimigo, se recusa a dizer islamismo -- e principalmente se recusa em citar os islamistas franceses -- como inimigos dos cidadãos franceses.

Para Hollande o inimigo é uma abstração: "terrorismo" ou então "fanáticos". Mesmo quando o presidente já ousa apontar o inimigo como sendo o "islamismo", ele se recusa a dizer que irá fechar todas as mesquitas salafistas, proibir na França a Irmandade Muçulmana e organizações salafistas ou proibir que as mulheres usem véus nas ruas ou nas universidades. Não, o presidente francês opta por reafirmar sua determinação a favor de ações militares no exterior: "iremos reforçar nossas ações na Síria e no Iraque," ressaltou o presidente após o ataque em Nice.

Para o presidente francês, o posicionamento de soldados no próprio país deve ser empregado apenas em casos de operações defensivas: política de contenção, não o rearmamento ofensivo da república contra um inimigo interno.

Confrontados com esse fracasso da nossa elite -- que foi eleita para capitanear o país pelos perigos nacionais e internacionais -- causaria alguma surpresa se grupos paramilitares estiverem se organizando para retaliar?

Conforme salienta Mathieu Bock-Côté, sociólogo da França e do Canadá, no jornal Le Figaro:

"As elites ocidentais, com uma obstinação suicida, opõem-se em identificar o inimigo. Confrontadas com ataques em Bruxelas ou Paris, elas preferem imaginar uma luta filosófica entre a democracia e o terrorismo, entre uma sociedade aberta e o fanatismo, entre a civilização e a barbárie".

2. A Guerra Civil Já Começou e Ninguém Quer Dar um Nome a Ela.

A guerra civil começou há dezesseis anos, com a Segunda Intifada. Enquanto os palestinos levavam a efeito ataques suicidas em Tel-aviv e Jerusalém, os muçulmanos franceses começavam a aterrorizar os judeus que viviam pacificamente na França. Durante dezesseis anos, os judeus -- na França -- foram massacrados, atacados, torturados e esfaqueados por cidadãos franceses muçulmanos, teoricamente para vingar os palestinos da Cisjordânia.

Quando um grupo de cidadãos franceses, que são muçulmanos, declara guerra a outro grupo de cidadãos franceses que são judeus, que nome se dá a isso? Para o establishment francês, não se trata de guerra civil, é apenas um lamentável mal-entendido entre duas comunidades "étnicas".

Até agora ninguém queria estabelecer uma ligação entre estes ataques e o ataque assassino em Nice contra pessoas que não eram necessariamente judias -- e chamá-lo como deveria ser chamado: guerra civil.

Para o establishment francês, politicamente correto ao extremo, o perigo de uma guerra civil somente se concretizará se houver retaliação contra muçulmanos franceses; se todos apenas cederem às suas exigências tudo estará bem. Até agora ninguém pensou que os ataques terroristas contra os judeus cometidos por muçulmanos franceses; contra os jornalistas doCharlie Hebdo por muçulmanos franceses; contra um empresário que foi decapitado há um ano por um muçulmano francês; contra o jovem Ilan Halimi por um grupo de muçulmanos; contra escolares menores de idade em Toulouse por um muçulmano francês; contra os passageiros do trem Thalys por um muçulmano francês, contra pessoas inocentes em Nice por um francês praticamente muçulmano fossem sintomas de uma guerra civil. Estes banhos de sangue continuam a ser vistos, até hoje, como algo parecido com um trágico mal-entendido.

3. O Establishment Francês Considera os Pobres, os Idosos e os Desiludidos o Inimigo

Na França, quem reclama mais da imigração muçulmana? Quem mais sofre com o islamismo local? Quem gosta mais de beber uma taça de vinho ou comer um sanduíche de manteiga com presunto? Os pobres e os idosos que vivem perto das comunidades muçulmanas, porque não têm dinheiro para se mudarem para outro lugar.

Hoje, como resultado, milhões de pobres e idosos na França estão dispostos a elegerem Marine Le Pen, presidente da Frente Nacional (partido de direita), como próxima presidente da República, pela simples razão da Frente Nacional ser o único partido determinado a combater a imigração ilegal.

Visto que os franceses idosos e pobres estão dispostos a votar na Frente Nacional, eles se tornaram o inimigo do establishment francês, tanto da direita quanto da esquerda. O que a Frente Nacional está dizendo a essas pessoas? "Vamos restaurar a França como nação dos franceses". E os pobres e idosos acreditam -- porque eles não têm escolha.

Na mesma linha, os pobres e idosos na Grã-Bretanha não tiveram outra escolha senão a de votarem a favor do Brexit. Eles fizeram uso do primeiro instrumento que lhes foi fornecido para expressarem seu descontentamento de viver em uma sociedade que não apreciam mais. Eles não votaram com o intuito de dizer: "matem esses muçulmanos que estão transformando o meu país, roubando o meu emprego e absorvendo meus impostos". Eles somente estavam protestando contra uma sociedade que uma elite global tinha começado a transformar sem o seu consentimento.

Na França, foram as elites globais que fizeram a escolha. Eles decidiram que os "maus" eleitores da França eram pessoas desatinadas, idiotas demais, racistas demais para enxergarem a beleza de uma sociedade aberta para aqueles que muitas vezes não querem se assimilar, que querem que você seja assimilado por eles e que ameaçam matá-lo se você discordar.

As elites globais fizeram outra escolha: se posicionaram contra os próprios idosos e pobres do país porque eles não quiseram mais votar neles. As elites globais também optaram por não combater o islamismo, porque os muçulmanos votam globalmente na elite global. Os muçulmanos na Europa também oferecem uma grande "recompensa" para a elite global: votam coletivamente.

Na França, 93% dos muçulmanos votaram no atual presidente, François Hollande em 2012. Na Suécia, os sociais-democratas afirmaram que 75% dos muçulmanos suecos votaram neles na eleição geral de 2006; estudos mostram que o bloco "vermelho-verde" conquista de 80 a 90% dos votos muçulmanos.

4. A Guerra Civil é Inevitável? É!

Se o establishment não quer enxergar que a guerra civil foi declarada primeiro pelo extremistas muçulmanos -- se o establishment não quer enxergar que o inimigo na França não é a Frente Nacional, a AfD na Alemanha ou os Democratas Suecos e sim o islamismo na França, Bélgica, Grã-Bretanha e Suécia -- então haverá sim uma guerra civil.

Tanto a França quanto a Alemanha e a Suécia, dispõem de militares e policiais fortes o suficiente para combaterem o inimigo islamista interno. Mas primeiro eles têm que apresentar o nome do inimigo e tomar medidas contra ele. Caso contrário -- se deixarem os cidadãos autóctones aflitos, sem opção a não ser se armarem e retaliarem -- sim, a guerra civil é inevitável.
Por: Yves Mamou, radicado na França, trabalhou por duas décadas como jornalista para o Le Monde. 19 de Julho de 2016
Original em inglês: France: The Coming Civil War
Tradução: Joseph Skilnik Do site: http://pt.gatestoneinstitute.org/

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