quarta-feira, 27 de junho de 2012

O QUE É REALMENTE O FASCISMO?

Todo mundo sabe que o termo fascista é hoje pejorativo; um adjetivo frequentemente utilizado para se descrever qualquer posição política da qual o orador não goste. Não há ninguém no mundo atual propenso a bater no peito e dizer "Sou um fascista; considero o fascismo um grande sistema econômico e social." Porém, afirmo que, caso fossem honestos, a vasta maioria dos políticos, intelectuais e ativistas do mundo atual teria de dizer exatamente isto a respeito de si mesmos. O fascismo é o sistema de governo que carteliza o setor privado, planeja centralizadamente a economia subsidiando grandes empresários com boas conexões políticas, exalta o poder estatal como sendo a fonte de toda a ordem, nega direitos e liberdades fundamentais aos indivíduos e torna o poder executivo o senhor irrestrito da sociedade. Tente imaginar algum país cujo governo não siga nenhuma destas características acima. Tal arranjo se tornou tão corriqueiro, tão trivial, que praticamente deixou de ser notado pelas pessoas. Praticamente ninguém conhece este sistema pelo seu verdadeiro nome. É verdade que o fascismo não possui um aparato teórico abrangente. Ele não possui um teórico famoso e influente como Marx. Mas isso não faz com que ele seja um sistema político, econômico e social menos nítido e real. O fascismo também prospera como sendo um estilo diferenciado de controle social e econômico. E ele é hoje uma ameaça ainda maior para a civilização do que o socialismo completo. Suas características estão tão arraigadas em nossas vidas — e já é assim há um bom tempo — que se tornaram praticamente invisíveis para nós. E se o fascismo é invisível para nós, então ele é um assassino verdadeiramente silencioso. Assim como um parasita suga seu hospedeiro, o fascismo impõe um estado tão enorme, pesado e violento sobre o livre mercado, que o capital e a produtividade da economia são completamente exauridos. O estado fascista é como um vampiro que suga a vida econômica de toda uma nação, causando a morte lenta e dolorosa de uma economia que outrora foi vibrante e dinâmica. As origens do fascismo A última vez em que as pessoas realmente se preocuparam com o fascismo foi durante a Segunda Guerra Mundial. Naquela época, dizia-se ser imperativo que todos lutassem contra este mal. Os governos fascistas foram derrotados pelos aliados, mas a filosofia de governo que o fascismo representa não foi derrotada. Imediatamente após aquela guerra mundial, uma outra guerra começou, esta agora chamada de Guerra Fria, a qual opôs o capitalismo ao comunismo. O socialismo, já nesta época, passou a ser considerado uma forma mais branda e suave de comunismo, tolerável e até mesmo louvável, mas desde que recorresse à democracia, que é justamente o sistema que legaliza e legitima a contínua pilhagem da população. Enquanto isso, praticamente todo o mundo havia esquecido que existem várias outras cores de socialismo, e que nem todas elas são explicitamente de esquerda. O fascismo é uma dessas cores. Não há dúvidas quanto às origens do fascismo. Ele está ligado à história da política italiana pós-Primeira Guerra Mundial. Em 1922, Benito Mussolini venceu uma eleição democrática e estabeleceu o fascismo como sua filosofia. Mussolini havia sido membro do Partido Socialista Italiano. Todos os maiores e mais importantes nomes do movimento fascista vieram dos socialistas. O fascismo representava uma ameaça aos socialistas simplesmente porque era uma forma mais atraente e cativante de se aplicar no mundo real as principais teorias socialistas. Exatamente por isso, os socialistas abandonaram seu partido, atravessaram o parlamento e se juntaram em massa aos fascistas. Foi também por isso que o próprio Mussolini usufruiu uma ampla e extremamente favorável cobertura na imprensa durante mais de dez anos após o início de seu governo. Ele era recorrentemente celebrado pelo The New York Times, que publicou inúmeros artigos louvando seu estilo de governo. Ele foi louvado em coletâneas eruditas como sendo o exemplo de líder de que o mundo necessitava na era da sociedade planejada. Matérias pomposas sobre o fanfarrão eram extremamente comuns na imprensa americana desde o final da década de 1920 até meados da década de 1930. Qual o principal elo entre o fascismo e o socialismo? Ambos são etapas de um continuum que visa ao controle econômico total, um continuum que começa com a intervenção no livre mercado, avança até a arregimentação dos sindicatos e dos empresários, cria leis e regulamentações cada vez mais rígidas, marcha rumo ao socialismo à medida que as intervenções econômicas vão se revelando desastrosas e, no final, termina em ditadura. O que distingue a variedade fascista de intervencionismo é a sua recorrência à ideia de estabilidade para justificar a ampliação do poder do estado. Sob o fascismo, grandes empresários e poderosos sindicatos se aliam entusiasticamente ao estado para obter estabilidade contra as flutuações econômicas, isto é, as expansões e contrações de determinados setores do mercado em decorrência das constantes alterações de demanda por parte dos consumidores. A crença é a de que o poder estatal pode suplantar a soberania do consumidor e substituí-la pela soberania dos produtores e sindicalistas, mantendo ao mesmo tempo a maior produtividade gerada pela divisão do trabalho. Os adeptos do fascismo encontraram a perfeita justificativa teórica para suas políticas na obra de John Maynard Keynes. Keynes alegava que a instabilidade do capitalismo advinha da liberdade que o sistema garantia ao "espírito animal" dos investidores. Ora guiados por rompantes de otimismo excessivo e ora derrubados por arroubos de pessimismo irreversível, os investidores estariam continuamente alternando entre gastos estimuladores e entesouramentos depressivos, fazendo com que a economia avançasse de maneira intermitente, apresentando uma sequência de expansões e contrações. Keynes propôs eliminar esta instabilidade por meio de um controle estatal mais rígido sobre a economia, com o estado controlando os dois lados do mercado de capitais. De um lado, um banco central com o poder de inflacionar a oferta monetária por meio da expansão do crédito iria determinar a oferta de capital para financiamento, e, do outro, uma ativa política fiscal e regulatória iria socializar os investimentos deste capital. Em uma carta aberta ao presidente Franklin Delano Roosevelt, publicado no The New York Times em 31 de dezembro de 1933, Keynes aconselhava seu plano: Na área da política doméstica, coloco em primeiro plano um grande volume de gastos sob os auspícios do governo. Em segundo lugar, coloco a necessidade de se manter um crédito abundante e barato. ... Com estas sugestões . . . posso apenas esperar com grande confiança por um resultado exitoso. Imagine o quanto isto significaria não apenas para a prosperidade material dos Estados Unidos e de todo o mundo, mas também em termos de conforto para a mente dos homens em decorrência de uma restauração de sua fé na sensatez e no poder do governo. (John Maynard Keynes, "An Open Letter to President Roosevelt," New York Times, December 31, 1933 in ed. Herman Krooss, Documentary History of Banking and Currency in the United States, Vol. 4 (New York: McGraw Hill, 1969), p. 2788.) Keynes se mostrou ainda mais entusiasmado com a difusão de suas ideias na Alemanha. No prefácio da edição alemã da Teoria Geral, publicada em 1936, Keynes escreveu: A teoria da produção agregada, que é o que este livro tenciona oferecer, pode ser adaptada às condições de um estado totalitário com muito mais facilidade do que a teoria da produção e da distribuição sob um regime de livre concorrência e laissez-faire. (John Maynard Keynes, "Prefácio" da edição alemã de 1936 da Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda, traduzido e reproduzido in James J. Martin, Revisionist Viewpoints (Colorado Springs: Ralph Myles, 1971), pp. 203?05.) Controle estatal do dinheiro, do crédito, do sistema bancário e dos investimentos é a base exata de uma política fascista. Historicamente, a expansão do controle estatal sob o fascismo seguiu um padrão previsível. O endividamento e a inflação monetária pagaram pelos gastos estatais. A resultante expansão do crédito levou a um ciclo de expansão e recessão econômica. O colapso financeiro gerado pela recessão resultou na socialização dos investimentos e em regulamentações mais estritas sobre o sistema bancário, ambos os quais permitiram mais inflação monetária, mais expansão do crédito, mais endividamento e mais gastos. O subsequente declínio no poder de compra do dinheiro justificou um controle de preços e salários, o qual se tornou o ponto central do controle estatal generalizado. Em alguns casos, tudo isso aconteceu rapidamente; em outros, o processo se deu de maneira mais lenta. Porém, em todos os casos, o fascismo sempre seguiu este caminho e sempre descambou no total planejamento centralizado. Na Itália, local de nascimento do fascismo, a esquerda percebeu que sua agenda anticapitalista poderia ser alcançada com muito mais sucesso dentro do arcabouço de um estado autoritário e planejador. Keynes teve um papel-chave ao fornecer uma argumentação pseudo-científica contra o laissez-faire do velho mundo e em prol de uma nova apreciação da sociedade planejada. Keynes não era um socialista da velha guarda. Como ele próprio admitiu na introdução da edição nazista da Teoria Geral, o nacional-socialismo era muito mais favorável às suas ideias do que uma economia de mercado. Características Examinando a história da ascensão do fascismo, John T. Flynn, em seu magistral livro As We Go Marching, de 1944, escreveu: Um dos mais desconcertantes fenômenos do fascismo é a quase inacreditável colaboração entre homens da extrema-direita e da extrema-esquerda para a sua criação. Mas a explicação para este fenômeno aparentemente contraditório jaz na seguinte questão: tanto a direita quanto a esquerda juntaram forças em sua ânsia por mais regulamentação. As motivações, os argumentos, e as formas de expressão eram diferentes, mas todos possuíam um mesmo objetivo, a saber: o sistema econômico tinha de ser controlado em suas funções essenciais, e este controle teria de ser exercido pelos grupos produtores. Flynn escreveu que a direita e a esquerda discordavam apenas quanto a quem seria este 'grupo de produtores'. A esquerda celebrava os trabalhadores como sendo os produtores. Já a direita afirmava que os produtores eram os grandes grupos empresariais. A solução política de meio-termo — a qual prossegue até hoje, e cada vez mais forte — foi cartelizar ambos. Sob o fascismo, o governo se torna o instrumento de cartelização tanto dos trabalhadores (desde que sindicalizados) quanto dos grandes proprietários de capital. A concorrência entre trabalhadores e entre grandes empresas é tida como algo destrutivo e sem sentido; as elites políticas determinam que os membros destes grupos têm de atuar em conjunto e agir cooperativamente, sempre sob a supervisão do governo, de modo a construírem uma poderosa nação. Os fascistas sempre foram obcecados com a ideia de grandeza nacional. Para eles, grandeza nacional não consiste em uma nação cujas pessoas estão se tornando mais prósperas, com um padrão de vida mais alto e de maior qualidade. Não. Grandeza nacional ocorre quando o estado incorre em empreendimentos grandiosos, faz obras faraônicas, sedia grandes eventos esportivos e planeja novos e dispendiosos sistemas de transporte. Em outras palavras, grandeza nacional não é a mesma coisa que a sua grandeza ou a grandeza da sua família ou a grandeza da sua profissão ou do seu empreendimento. Muito pelo contrário. Você tem de ser tributado, o valor do seu dinheiro tem de ser depreciado, sua privacidade tem de ser invadida e seu bem-estar tem de ser diminuído para que este objetivo seja alcançado. De acordo com esta visão, é o governo quem tem de nos tornar grandes. Tragicamente, tal programa possui uma chance de sucesso político muito maior do que a do antigo socialismo. O fascismo não estatiza a propriedade privada como faz o socialismo. Isto significa que a economia não entra em colapso quase que imediatamente. Tampouco o fascismo impõe a igualdade de renda. Não se fala abertamente sobre a abolição do casamento e da família ou sobre a estatização das crianças. A religião não é proibida. Sob o fascismo, a sociedade como a conhecemos é deixada intacta, embora tudo seja supervisionado por um poderoso aparato estatal. Ao passo que o socialismo tradicional defendia uma perspectiva globalista, o fascismo é explicitamente nacionalista ou regionalista. Ele abraça e exalta a ideia de estado-nação. Quanto à burguesia, o fascismo não busca a sua expropriação. Em vez disso, a classe média é agradada com previdência social, educação gratuita, benefícios médicos e, é claro, com doses maciças de propaganda estatal estimulando o orgulho nacional. O fascismo utiliza o apoio conseguido democraticamente para fazer uma arregimentação nacional e, com isso, controlar mais rigidamente a economia, impor a censura, cartelizar empresas e vários setores da economia, repreender dissidentes e controlar a liberdade dos cidadãos. Tudo isso exige um contínuo agigantamento do estado policial. Sob o fascismo, a divisão entre esquerda e direita se torna amorfa. Um partido de esquerda que defende programas socialistas não tem dificuldade alguma em se adaptar e adotar políticas fascistas. Sua agenda política sofre alterações ínfimas, a principal delas sendo a sua maneira de fazer marketing. O próprio Mussolini explicou seu princípio da seguinte maneira: "Tudo dentro do Estado, nada fora do Estado, nada contra o Estado". Ele também disse: "O princípio básico da doutrina Fascista é sua concepção do Estado, de sua essência, de suas funções e de seus objetivos. Para o Fascismo, o Estado é absoluto; indivíduos e grupos, relativos." O futuro Não consigo imaginar qual seria hoje uma prioridade maior do que uma séria e efetiva aliança anti-fascista. De certa maneira, ainda que muito desconcertada, uma resistência já está sendo formada. Não se trata de uma aliança formal. Seus integrantes sequer sabem que fazem parte dela. Tal aliança é formada por todos aqueles que não toleram políticos e politicagens, que se recusam a obedecer leis fascistas convencionais, que querem mais descentralização, que querem menos impostos, que querem poder importar bens sem ter de pagar tarifas escorchantes, que protestam contra a inflação e seu criador, o Banco Central, que querem ter a liberdade de se associar com quem quiserem e de comprar e vender de acordo com termos que eles próprios decidirem, por aqueles que insistem em educar seus filhos por conta própria, por aqueles investidores, poupadores e empreendedores que realmente tornam possível qualquer crescimento econômico e por aqueles que resistem ao máximo a divulgar dados pessoais para o governo e para o estado policial. Tal aliança é também formada por milhões de pequenos e independentes empreendedores que estão descobrindo que a ameaça número um à sua capacidade de servir aos outros por meio do mercado é exatamente aquela instituição que alega ser nossa maior benfeitora: o governo. Quantas pessoas podem ser classificadas nesta categoria? Mais do que imaginamos. O movimento é intelectual. É cultural. É tecnológico. Ele vem de todas as classes, raças, países e profissões. Não se trata de um movimento meramente nacional; ele é genuinamente global. Não mais podemos prever se os membros se consideram de esquerda, de direita, independentes, libertários, anarquistas ou qualquer outra denominação. O movimento inclui pessoas tão diversas como pais adeptos do ensino domiciliar em pequenas cidades e pais em áreas urbanas cujos filhos estão encarcerados por tempo indeterminado e sem nenhuma boa razão. E o que este movimento quer? Nada mais e nada menos do que a doce liberdade. Ele não está pedindo que a liberdade seja concedida ou dada. Ele apenas pede a liberdade que foi prometida pela própria vida, e que existiria na ausência do estado leviatã que nos extorque, escraviza, intimida, ameaça, encarcera e mata. Este movimento não é efêmero. Somos diariamente rodeados de evidências que demonstram que ele está absolutamente correto em suas exigências. A cada dia, torna-se cada vez mais óbvio que o estado não contribui em absolutamente nada para o nosso bem-estar. Ao contrário, ele maciçamente subtrai nosso padrão de vida. Nos anos 1930, os defensores do estado transbordavam de ideias grandiosas. Eles possuíam teorias e programas de governo que gozavam o apoio de vários intelectuais sérios. Eles estavam emocionados e excitados com o mundo que iriam criar. Eles iriam abolir os ciclos econômicos, criar desenvolvimento social, construir a classe média, curar todas as doenças, implantar a seguridade universal, acabar com a escassez e fazer vários outros milagres. O fascismo acreditava em si próprio. Hoje o cenário é totalmente distinto. O fascismo não possui nenhuma ideia nova, nenhum projeto grandioso — nem mesmo seus partidários realmente acreditam que podem alcançar os objetivos almejados. O mundo criado pelo setor privado é tão mais útil e benevolente do que qualquer coisa que o estado já tenha feito, que os próprios fascistas se tornaram desmoralizados e cientes de que sua agenda não possui nenhuma base intelectual real. É algo cada vez mais amplamente reconhecido que o estatismo não funciona e nem tem como funcionar. O estatismo é e continua sendo a maior mentira do milênio. O estatismo nos dá o exato oposto daquilo que promete. Ele nos promete segurança, prosperidade e paz. E o que ele nos dá é medo, pobreza, conflitos, guerra e morte. Se queremos um futuro, teremos nós mesmos de construí-lo. O estado fascista não pode nos dar nada. Ao contrário, ele pode apenas atrapalhar. Por outro lado, também parece óbvio que o antigo romance dos liberais clássicos com a ideia de um estado limitado já se esvaneceu. É muito mais provável que os jovens de hoje abracem uma ideia que 50 anos atrás era tida como inimaginável: a ideia de que a sociedade está em melhor situação sem a existência de qualquer tipo de estado. Eu diria que a ascensão da teoria anarcocapitalista foi a mais dramática mudança intelectual ocorrida em minha vida adulta. Extinta está a ideia de que o estado pode se manter limitado exclusivamente à função de vigilante noturno, mantendo-se como uma entidade pequena que irá se limitar a apenas garantir direitos essenciais, adjudicar conflitos, e proteger a liberdade. Esta visão é calamitosamente ingênua. O vigia noturno é sujeito que detém as armas, que possui o direito legal de utilizar de violência, que controla todas as movimentações das pessoas, que possui um posto de comando no alto da torre e que pode ver absolutamente tudo. E quem vigia este vigia? Quem limita seu poder? Ninguém, e é exatamente por isso que ele é a fonte dos maiores males da sociedade. Nenhuma lei, nenhuma constituição bem fundamentada, nenhuma eleição, nenhum contrato social irá limitar seu poder. Com efeito, o vigia noturno adquiriu poderes totais. É ele quem, como descreveu Flynn, "possui o poder de promulgar qualquer lei ou tomar qualquer medida que lhe seja mais apropriada". Enquanto o governo, continua Flynn, "estiver investido do poder de fazer qualquer coisa sem nenhuma limitação prática às suas ações, ele será um governo totalitário. Ele possui o poder total". Este é um ponto que não mais pode ser ignorado. O vigia noturno tem de ser removido e seus poderes têm de ser distribuídos entre toda a população, e esta tem de ser governada pelas mesmas forças que nos trazem todas as bênçãos possibilitadas pelo mundo material. No final, esta é a escolha que temos de fazer: o estado total ou a liberdade total. O meio termo é insustentável no longo prazo. Qual iremos escolher? Se escolhermos o estado, continuaremos afundando cada vez mais, e no final iremos perder tudo aquilo que apreciamos enquanto civilização. Se escolhermos a liberdade, poderemos aproveitar todo o notório poder da cooperação humana, o que irá nos permitir continuar criando um mundo melhor. Na luta contra o fascismo, não há motivos para se desesperar. Temos de continuar lutando sempre com a total confiança de que o futuro será nosso, e não deles. O mundo deles está se desmoronando. O nosso está apenas começando a ser construído. O mundo deles é baseado em ideologias falidas. O nosso é arraigado na verdade, na liberdade e na realidade. O mundo deles pode apenas olhar para o passado e ter nostalgias daqueles dias gloriosos. O nosso olha para frente e contempla todo o futuro que estamos construindo para nós mesmos. O mundo deles se baseia no cadáver do estado-nação. O nosso se baseia na energia e na criatividade de todas as pessoas do mundo, unidas em torno do grande e nobre projeto da criação de uma civilização próspera por meio da cooperação humana pacífica. É verdade que eles possuem armas grandes e poderosas. Mas armas grandes e poderosas nunca foram garantia de vitória em guerras. Já nós possuímos a única arma que é genuinamente imortal: a ideia certa. E é isso que nos levará à vitória. Como disse Mises, No longo prazo, até mesmo o mais tirânico dos governos, com toda a sua brutalidade e crueldade, não é páreo para um combate contra ideias. No final, a ideologia que obtiver o apoio da maioria irá prevalecer e retirar o sustento de sob os pés do tirano. E então os vários oprimidos irão se elevar em uma rebelião e destronar seus senhores. Lew Rockwell é o presidente do Ludwig von Mises Institute, em Auburn, Alabama, editor do website LewRockwell.com, e autor dos livros Speaking of Liberty e The Left, the Right, and the State. Tradução de Leandro Roque

AQUECIMENTO GLOBAL É UMA FARSA?

Cientistas denunciam: ecoterrorismo barra estudos que comprovam que aquecimento global é uma farsa. 

Em meio às preparações para a recepção de 45 mil pessoas para a Rio+20, um grupo de cientistas pediu que a presidente Dilma Rousseff revertesse em saneamento básico o que estava gastando com o aquecimento global. De acordo com os 18 pesquisadores que assinaram uma carta enviada à presidência em maio, pouco antes da cúpula da ONU, o aquecimento global não é causado pelo homem. Eles estão no grupo dos "céticos do clima". A Folha conversou com um dos responsáveis pelo documento, o físico e meteorologista Luiz Carlos Baldicero Molion, da Ufal (Universidade Federal de Alagoas). Há décadas, Molion nada contra a corrente dos pesquisadores que revisam os relatórios do IPCC (o painel do clima da ONU) e que publicam nas principais revistas científicas. São os "aquecimentistas", como diz Molion. Acompanhe a entrevista. 

- Folha - Como o senhor começou a trabalhar para mostrar que aquecimento global não é resultado da ação do homem? 
Luiz Carlos Baldicero Molion - Eu estou nessa desde a década de 1970, quando começaram a falar que o aquecimento do planeta era resultado da queima de combustíveis fósseis. Isso não era verdade. Quando o IPCC lançou seu primeiro relatório [em 1990], nós começamos a comprovar que o aquecimento era causado pelo aumento da atividade solar e pela falta de erupção vulcânica dentre 1912 a 1960 [as erupções reduzem a temperatura da Terra]. Mas, desde então, o terrorismo climático aumentou. 

- Os cientistas "céticos" reclamam de dificuldades para obter recursos para pesquisas. O senhor já viveu isso? 
Eu tenho hoje cerca de R$ 3,2 milhões em projetos de pesquisa sobre eventos extremos, monitoramento de vazão de rio e desenvolvimento regional. Mas não posso usar a palavra "aquecimento global", senão o projeto não é aprovado. Na área de aquecimento global, eu nem me arrisco a tentar publicar os meus trabalhos. Os artigos têm de ser "revestidos" por outras temáticas. 

- Mas, se o senhor submeter um artigo científico questionando o aquecimento global pelo homem, ele será negado? 
Sim. A maioria dos pareceristas é a favor do aquecimento global. Então, será negado. Revistas como a "Science" só publicam artigos sobre a ação do homem no clima. Mas se um trabalho em outra área, como o monitoramento de eventos extremos, cair nas mãos de um "aquecimentista", será aprovado. 

- Por que decidiram escrever uma carta para a Dilma? 
Existia na pauta [no documento base] da Rio+20 coisas esdrúxulas como "a temperatura do planeta não pode aumentar mais de 2 graus". Então nós tivemos a ideia de escrever essa carta. Temos informações de que ela leu e disse "interessante, porém muito tarde". É uma pessoa que tem acesso a ela, mas não podemos revelar quem é. A carta afirma que não é preciso descarbonizar. 

- O que precisaria ser feito então? 
Há registros geológicos ou paleoclimáticos que mostram que quando as plantas surgiram havia uma concentração muito maior de CO2 do que existe agora. Já mostramos que com mais CO2 as plantas aumentam a sua produtividade. Então falar em descarbonização é absolutamente ridículo. Isso não quer dizer que os combustíveis fósseis não tenham problemas. O enxofre que está no carvão mineral e no petróleo é altamente tóxico. 

- Mas a crise ambiental trata também da escassez de recursos, como a água... 
O petróleo não vai acabar. Há reservatórios de petróleo como o pré-sal em todo o planeta. Mas extrair será caro. E a água não será um problema do século 21 porque 71% do planeta é formado por água. O que vai acontecer é que, se poluirmos a água, ela ficará mais cara. Mas não vai faltar. 

- O que estaria por trás do IPCC? 
Há quem diga que a ideia da ONU é ter uma governança global. Não duvido. 

- O que o senhor achou dos resultados da Rio+20? 
Os artigos sobre compromissos, metas e definições foram todos retirados. Ficamos com os parágrafos que repetem as mesmas coisas desde o relatório de Estocolmo, de 1972. Porém, houve coisas interessantes. A tentativa de transformar o Pnuma [programa ambiental da ONU] em uma agência foi vetada. Se passasse, os países perderiam a sua soberania. Se você resolve fazer uma hidrelétrica como Belo Monte, a agência da ONU poderia vetar. Seria um problema sério para os países em desenvolvimento. Mas a ONU não desistirá.

UMA NOVA POLÍTICA

Eu queria escrever sobre Rousseau. Nesta quinta completam-se três séculos de seu nascimento. Atacaria o coletivismo do filósofo, que jurava falar em nome da “vontade geral”, na prática, a tirania de poucos. Condenaria ainda o seu romantismo ingênuo, com a visão idílica do “bom selvagem”, que transforma em vítima a escória da humanidade. Mas os acontecimentos da política nacional atropelaram minha intenção. As novas peripécias de Lula, melhor dizendo. Aquela foto do ex-presidente sorrindo enquanto aperta a mão de Paulo Maluf é tão sintomática que não pode passar em branco. Rousseau pode esperar. Ao contrário de alguns, eu não padeço de romantismo. Política é a “arte do possível”. Concessões serão inevitáveis. Quem almeja pureza moral deve se ater ao campo das idéias. Meter as mãos no jogo sujo da política e sair totalmente limpo é utopia. Concordo com tudo isso. Mas não posso conceber que exista somente esta forma de se fazer política! Se é ingenuidade cobrar pureza dos políticos, também é abjeto pensar que todos estarão sempre dispostos a tudo pelo poder. É fundamental separar o joio do trigo. Não podemos aceitar bovinamente que tudo isso é parte inevitável da política, e ponto final. O melhor argumento de defesa dos petistas é que seu partido é “apenas” tão ruim quanto os outros. Mesmo se isso fosse verdade, seria patético para quem já tentou monopolizar a bandeira da ética no passado. Mas é mentira: o PT é pior! Nunca antes na história deste país vimos um partido com tanta sede pelo poder, disposto aos mais nefastos meios para tanto. Aloprados, “mensalão”, dinheiro na cueca, amizade com os piores ditadores, isso é o PT. Quem acompanhou sua trajetória não pode ficar surpreso com a aliança entre Lula e Maluf. Este já tinha até apoiado Marta Suplicy em 2008. O único “princípio” de Lula é o vale-tudo pelo poder. Todos os seus velhos desafetos da política, antes atacados com virulência, tornaram-se aliados. Jader Barbalho teve direito até a um beija-mão, uma “aula” de política, segundo o próprio Lula. Sarney, o eterno, virou um dos mais fiéis aliados. Collor foi outro que mereceu a aproximação de Lula. Podemos não esperar a moralidade plena na política. Mas Lula vai muito além: ele representa o que há de mais imoral na vida pública brasileira. Para conseguir mais um minuto de TV na campanha pela prefeitura paulista, sua obsessão do momento, Lula seria capaz até de beijar Carlinhos Cachoeira. Ou alguém duvida disso? Quando se trata de Lula, não há limites morais, não há um freio que diz “basta”. Fosse ele somente mais um político na cena nacional, isso mereceria uma atenção menor. O problema é que Lula não é apenas mais um, e sim o ex-presidente da República, com grande popularidade. Sua conduta deplorável tem efeitos secundários em toda a política. O fato de ele ter sido reeleito mesmo com o “mensalão” representou um duro golpe nas frágeis instituições republicanas. Foi aberta a caixa de Pandora. Uma das conseqüências disso é o desprezo cada vez maior pela política das pessoas decentes. O círculo vicioso vai tomando proporções assustadoras, e boa parte da população já aceita de forma negligente que as coisas são assim mesmo. Só que, como alertava Platão, a punição que os bons sofrem, quando se recusam a agir, é viver sob o governo dos maus. Longe de mim responsabilizar um único indivíduo por toda a podridão em nossa política. O modelo é ruim, as instituições são capengas, a mentalidade predominante é autoritária e antiliberal, dezenas de partidos não passam de legendas de aluguel, e a enorme concentração de poder e recursos no governo federal cria incentivos para esta pouca vergonha. Mas é inegável que a postura de Lula serve para piorar o que já era ruim, para jogar mais lenha na fogueira da imoralidade de nossa política. Para agravar o quadro, temos uma oposição medíocre, acovardada, sem um programa alternativo de governo. Luiz Felipe D’Ávila, em “Os Virtuosos”, mostra como o nascimento de nossa República dependeu de estadistas, indivíduos que entraram na vida pública “por uma questão de princípio, por um senso de missão e por um sentimento de dever”. Será que ainda somos capazes de produzir estadistas como Prudente de Moraes? Ou estaria nossa política condenada a abrigar tipos como Lula e Maluf, este procurado pela Interpol? Volto a Rousseau para fechar. Ele dizia amar a Humanidade, esta linda abstração, mas abandonou todos os cinco filhos no orfanato. Voltaire o considerava um “poço de vileza”. O que ele diria sobre Lula?Por: Rodrigo Constantino, O GLOBO

terça-feira, 26 de junho de 2012

O FIASCO DO LULA 90

O que se faz por 90 segundos na televisão? Chamam de propaganda gratuita, mas já saiu caro o minuto e meio que Lula ganhou na telinha, em sua luta pragmática pelo poder em São Paulo. O preço alto nada tem a ver com a aliança explícita entre o PT e o PP, mas com a figura do aliado. Haddad o Novo apareceu com sua carinha de lebre entre duas raposas, Lula e Maluf. Saiu amassado da história. Conta assim Esopo: uma lebre encontrou com a raposa da qual só conhecia a fama. Perguntou: "Na verdade ganhas mesmo muitas coisas ou tu as tens porque teu nome é raposa?". Responde esta: "Para tirar as dúvidas vem à minha casa onde vou servir um almoço". Quando entrou na toca da raposa, verificou tarde demais que ela, lebre, era o almoço! A própria lebre conclui: "Na minha desgraça, finalmente descobri que a fama da raposa não vem do mérito, mas da astúcia". Como na fábula, assim se deu o encontro, cuja foto não aparece no site do Instituto Lula, mas será explorada por adversários na campanha pela prefeitura em São Paulo. Maluf, "símbolo da pouca-vergonha nacional" segundo o Lula barbudo de 1984, condicionou a aliança a uma feijoada com refrigerantes e pudim em sua casa, com direito a foto nos jardins (leia mais na reportagem da página 42). Em 1993, Maluf comparou Lula a uma "ave de rapina que não trabalha há 15 anos e não explica como vive". Mas, "por amor a São Paulo", decidiu lular e passou a mão na cabeça de Haddad o Novo para que todos os fotógrafos registrassem o gesto do padrinho. Levantou o dedo polegar e sorriu seu sorriso de raposa procurada pela Interpol. Quem comeu quem afinal? Quem vai rir por último? A indigestão tirou de cena a vice socialista Erundina, que achou "abominável" o encontro com o inimigo. Maluf destruiu o slogan criado por João Santana para Haddad: "Um homem novo para um tempo novo". Lembrei-me de O bebê de Rosemary, de Roman Polanski. Não parece? A operação abafa foi intensa. O ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria-Geral da Presidência, afirmou que houve apenas "uma troca de cargos" no acordo com o PP de Maluf. "Não houve dinheiro", disse Carvalho.Ah,bom. O esclarecimento se faz necessário diante do personagem. O verbo malufar, associado a roubar, ultrapassou fronteiras e ganhou o mundo. "De tanto malufar, os Maluf foram presos", escreveu o jornal Le Monde em 2005, quando o ex-prefeito e seu filho foram detidos pela Polícia Federal. Segundo a PF, coagiram uma testemunha que os acusou de chefiar empresas offshores e contas bancárias em seis países. O apoio de Maluf era disputado tanto pelo PSDB de Serra quanto pelo PT de Haddad até uma semana atrás. Ambos os candidatos queriam mais "inserções" na TV. Que se lixassem os princípios, as siglas, as histórias dos partidos, os programas de governo. Serra já tinha como aliado o PR, maior parceiro do governo Lula no escândalo do mensalão. Uma promiscuidade de fazer inveja ao Bataclan da Ilhéus de Nacib e Gabriela. Lula prometeu a Maluf mais do que Serra. Prometeu um cargo no Ministério das Cidades. Lula malufou porque, nas palavras serenas do sociólogo petista Emir Sader, citado no jornal Folha de S.Paulo, "o fundamental é derrotar a tucanalha". É vergonhoso que, mesmo fora da Presidência e convalescendo de um câncer agressivo, Lula continue a rasgar todas as bandeiras éticas de um partido que chegou a ser visto como a esperança para renovar a política no Brasil. Os mais calejados perguntam. Por que a surpresa? Ao lado de Sarney, Collor, Jader e Renan, ou abraçado ao iraniano Mahmoud Ahmadinejad, Lula reescreveu sua história em oito anos de governo. Confessou-se metamorfose ambulante. É viciado na falta de regras do jogo político brasileiro. Seria interessante saber como Dilma engole os afagos entre Lula e Maluf - o homem que, quando governava São Paulo em 1979, a poucos dias da Lei da Anistia, formalizou a instalação do DOI-Codi (Destacamento de Operações de Informações) num terreno do governo de São Paulo. "As marcas da tortura sou eu", disse Dilma. "Me deram um soco e o dente deslocou-se e apodreceu." O novo amigo de Lula é um soco no estômago de petistas históricos. Mais um. Maluf diz que Lula não impôs restrição a que ele apareça na propaganda de TV: "O tempo é meu e sou proibido de aparecer?" Faz sentido. Haddad já chama malufistas de "companheiros". E assim o PT faz mesuras e ouve calado as lições de Maluf: "Não tem mais no mundo esquerda e direita. O que tem hoje é "efficacité" (eficácia em francês)". Argh. Se a Rio+20 pecou por falta de ambição, o Lula+90 peca por excesso. A foto já histórica dessa aliança simboliza a política do ferro-velho. Ela polui e contamina mais o ambiente no Brasil do que muitos esgotos a céu aberto. Saneamento já.Por: RUTH DE AQUINO REVISTA ÉPOCA

A TEORIA AUSTRÍACA DO CAPITAL E DOS JUROS

O tempo é um elemento inseparável da condição humana. Tudo o que fazemos envolve o tempo. Tudo é restringido pelo tempo. Só o fato de você parar para ler este artigo já requer que você saiba alocar um período de tempo para tal tarefa. E o período de tempo que você gastar para ler este artigo não mais estará disponível para outros afazeres. A importância do tempo nos processos de produção econômica e na avaliação das escolhas a serem feitas é algo que foi especialmente enfatizado por vários seguidores da Escola Austríaca de pensamento econômico, começando por Carl Menger, o fundador da escola. Porém, entre os primeiros membros da Escola Austríaca, foi Eugen von Böhm-Bawerk quem desenvolveu a primeira análise detalhada do papel do tempo nos processos de produção e no processo da escolha humana. Os primeiros dois volumes de sua obra-prima sobre esse tema, Capital and Interest, foram publicados nos anos 1880. O terceiro volume, predominantemente respostas aos seus críticos, apareceu em seu formato final no ano de 1914, pouco antes de sua morte. Outro grande contribuinte para a teoria austríaca do tempo, já nos primórdios do século XX, foi o economista americano Frank A. Fetter. Sua análise do processo de "avaliação temporal" foi apresentada em dois tratados: The Principles of Economics (1904) e Economic Principles (1915). Durante os anos 1930 e 1940, contribuições adicionais foram feitas pelos seguintes economistas austríacos: Friedrich A. Hayek em Prices and Production (1931) e The Pure Theory of Capital (1941); Richard von Strigl em Capital and Production (1934); e Ludwig von Mises em Nationalökonomie (1940) e Ação Humana (1949). Cada uma de nossas ações requer que levemos em consideração o tempo e que saibamos como iremos agir ao longo do tempo. Seja fritar um ovo ou construir uma nave espacial que irá às estrelas, estamos sempre sendo confrontados com a necessidade de esperar pela consumação do resultado desejado. Utilizamos os meios à nossa disposição que parecem ser os mais apropriados para as tarefas que almejamos, e tentamos atingir os fins desejados que temos em mente. Porém, a causa (a utilização dos meios) sempre precede o efeito (o objetivo ou o fim resultante); e entre o começo da causa e o seu efeito resultante, sempre há um período de tempo, seja um período de alguns meros minutos ou de vários anos. Cada um de nossos planos, portanto, contém dentro de si um período de produção. Raramente, no entanto, podem os nossos planos de produção ser completados em uma única etapa. Geralmente, os recursos à nossa disposição têm de passar por várias transformações, por vários estágios de produção. Somente após isso é que os bens de consumo que desejamos estarão prontos para ser utilizados em sua forma final desejada. Uma árvore tem de ser derrubada na floresta. A madeira tem de ser transportada e cortada na serraria. Essa madeira cortada tem de ser levada para a fábrica de polpa e transformada em papel. O papel deve ser encaixotado e enviado para a empresa que irá utilizá-lo. Lá, o papel deve ser cortado em um tamanho adequado para o fim desejado, e a impressora irá jogar tinta em várias páginas, as quais serão finalmente enviadas por correio para vários endereços diferentes. Isso que foi ilustrado no simples exemplo acima é equivalente ao que ocorre em todas as linhas de produção de todos os bens imagináveis de uma economia. No entanto, a realização destes processos de produção requer uma determinada quantia de poupança. Isto é, os recursos que serão utilizados nesse processo não podem ter sido consumidos em outros setores da economia. Logo, eles precisam ter sido poupados. Recursos e matérias-primas que de outra forma poderiam ter sido utilizados para satisfazer alguns de nossos desejos no presente mais imediato devem ser liberados para atividades produtivas que consomem mais tempo. Primeiro, alguns desses recursos devem estar disponíveis para serem transformados em bens de capital — ferramentas, maquinários e equipamentos —, os quais posteriormente serão utilizados pelos trabalhadores que estão empregados na produção mais direta de bens de consumo. Esses trabalhadores irão combinar sua mão-de-obra a esses bens de capital e, por meio de processos de produção mais "alongados", mais complexos ou que demandam mais tempo, irão produzir bens de consumo. Segundo, recursos e bens de consumo devem estar disponíveis para serem utilizados por esses trabalhadores empregados no processo de produção. Quanto maior for a poupança, maior poderá ser a quantidade de processos de produção que poderão ser empreendidos na sociedade — e mais alongados eles poderão ser. Quanto mais alongado for um processo de produção, maior tende a ser a qualidade do produto final. Consequentemente, quantos mais processos de produção alongados puderem ser implementados, maiores serão as quantidades e a qualidade dos bens que estarão disponíveis para ser consumidos no futuro. Por quê? Porque, tudo o mais constante, quanto mais indireto ou quanto mais demorado for um processo de produção, mais produtivos (geralmente) são os métodos de produção dele resultantes. No entanto, quanto mais longos forem os períodos de produção que utilizamos, mais tempo teremos de esperar pelos bens finais que desejamos consumir. As pessoas, portanto, têm avaliar o sacrifício exigido, em termos de espera, que estão dispostas a fazer a fim de obter um efeito potencialmente maior e mais desejado, o qual somente poderá ser obtido se o processo de produção se estender por um período mais longo de tempo. Os sacrifícios de tempo que as pessoas estão dispostas a fazer normalmente são diferentes para cada indivíduo. E estas distintas avaliações de tempo criam oportunidades para ganhos comerciais. Aquelas pessoas que estão dispostas a adiar seu consumo — e, consequentemente, o uso de recursos no presente — poderão encontrar indivíduos que desejam ter acesso a uma quantidade de bens e recursos maior do que aquela que sua renda e riqueza lhes permitem adquirir no presente. E esses segundo grupo de pessoas pode estar disposto a, no futuro, pagar um preço pelo uso desses recursos no presente mais imediato. Assim, um preço intertemporal irá surgir no mercado à medida que os indivíduos avaliam e "fazem propostas" quanto ao valor do tempo e do uso de recursos. Esse preço é a taxa de juros. A taxa de juros reflete as preferências temporais dos agentes de mercado no que diz respeito ao valor dos recursos e das mercadorias no presente em comparação ao valor delas no futuro. Sendo o preço do tempo, a taxa de juros equilibra a propensão a poupar de uns com o desejo de pegar emprestado de outros. Mas a taxa de juros não apenas coordena os planos de poupadores e investidores; ela também funciona como um "freio" ou um "regulador" da duração dos períodos de produção empreendidos com a poupança disponível na sociedade. Por exemplo, quais seriam os respectivos valores presentes de um investimento que retornasse $100 daqui a um ano, daqui a dois ou daqui a três anos, com uma taxa de juros de mercado de, digamos, 10%? Eles seriam, respectivamente, $90,91, $82,64 e $75,13. Isso significa que $100 daqui a um ano vale subjetivamente o mesmo que $90,91 hoje; que $100 daqui a dois anos vale subjetivamente o mesmo que $82,64 hoje, e que $100 daqui a três anos vale subjetivamente o mesmo tanto que $75,13 hoje. Agora, suponha que a preferência temporal das pessoas dessa sociedade tenha mudado, de modo que elas agora optaram por poupar mais. Consequentemente, haverá uma maior oferta de poupança disponível para ser emprestada. Isso derruba a taxa de juros para, digamos, 7%. Quais serão agora os valores presentes daquele investimento que retorna $100 daqui a um, dois e três anos? Os valores presentes seriam, respectivamente, $93.46, $87.34 e $81.63. Observe que o valor presente aumentou para todos os três potenciais investimentos, cada qual com um horizonte temporal diferente. Porém, os aumentos percentuais dos valores presentes desses três possíveis horizontes de investimento não seriam os mesmos. Para o investimento de um ano, seu valor presente aumentou 2,8%. Para o investimento de dois anos, seu valor presente aumentou 5,7%. E para o investimento de três anos, seu valor presente aumentou 8,6%. Claramente, a tendência de uma queda na taxa de juros é estimular um aumento nos investimentos com períodos mais longos de produção. Se, ao contrário, as preferências temporais se movessem na direção oposta, com as pessoas optando por poupar menos, o que consequentemente geraria um aumento na taxa de juros, os investimentos de longo prazo ficariam relativamente menos atraentes. Se a taxa de juros aumentasse de 7 para 10%, os valores presentes de um investimento que retornasse $100 daqui a um, dois e três anos diminuiriam, respectivamente, em 2,7%, 5,4% e 8%. Isso faria com que investimentos com períodos de produção mais curtos se tornassem relativamente mais atraentes. Em uma economia que está vivenciando um aumento na renda real, a decisão dos assalariados de poupar uma proporção maior de sua renda não requer uma redução absoluta no consumo. Suponha que as preferências temporais dos assalariados fossem tais que eles normalmente poupassem 25% de sua renda. Para uma renda de, digamos, $1.000, eles poupariam $250. Se sua propensão a poupar aumentasse para, digamos, 30%, para uma dada renda de $1.000, seu consumo diminuiria de $750 para $700, e sua poupança aumentaria de $250 para $300. Entretanto, se a renda dos assalariados aumentasse para, suponhamos, $1.100, e sua propensão a poupar também aumentasse para aqueles 30%, então agora eles estariam poupando $330 dessa renda aumentada. Porém, o consumo também aumentaria para $770. Essa é a razão pela qual, em uma economia que está enriquecendo, a poupança pode aumentar — permitindo um novo processo de formação de capital e, consequentemente, investimentos com períodos mais longos — sem qualquer sacrifício absoluto do consumo. O consumo aumenta em decorrência da renda real maior, embora aumente menos do que poderia aumentar caso os assalariados não tivessem optado por poupar um maior percentual de sua renda. Mas se houver uma redução na demanda por bens de consumo e um aumento na poupança, quais seriam os incentivos para os produtores investirem em mais capital e em um aumento da capacidade produtiva? Esta foi a crítica levantada contra Böhm-Bawerk no início do século XX por um economista chamado L.G. Bostedo. Ele argumentou que, uma vez que é a demanda de mercado que estimula os fabricantes a produzir e levar bens ao mercado, a decisão dos assalariados de poupar mais e consumir menos destrói exatamente esse incentivo de se empreender novos projetos, os quais a maior poupança supostamente deveria facilitar. Bostedo concluiu então que uma maior poupança, em vez de ser um motor para o aumento dos investimentos, servia na verdade para retardar o investimento e a formação de capital. Em 1901, em um artigo intitulado "A Função da Poupança", Böhm-Bawerk retrucou essa crítica. "Em sua premissa está faltando uma única, porém muito importante, palavra", apontou Böhm-Bawerk. "O senhor Bostedo assume . . . que a poupança significa necessariamente uma redução na demanda por bens de consumo." Porém, continuou Böhm-Bawerk, Ele omitiu a pequena palavra 'presente'. O homem que poupa reduz a sua demanda por bens presentes, mas de maneira alguma ele reduz seu desejo geral por bens que lhe deem prazer. . . . Pois o motivo principal daqueles que poupam é precisamente preparar-se para o consumo futuro; ter meios com os quais suprir suas demandas futuras ou as de seus herdeiros. Isso significa, nada mais nada menos, que eles desejam garantir que terão controle sobre os meios que permitirão a satisfação de seus desejos futuros, isto é, sobre o consumo de bens em um período futuro. Em outras palavras, aqueles que poupam reduzem sua demanda por bens de consumo no presente justamente para poderem aumentar proporcionalmente sua demanda por bens de consumo no futuro. Porém, mesmo se houver uma potencial demanda futura por bens de consumo, como os empreendedores irão saber quais tipos de investimentos em capital deverão fazer? E quais tipos de bens, e em quais quantidades, devem planejar ofertar no mercado em preparação para esta maior demanda futura? A resposta de Böhm-Bawerk foi mostrar que a produção é sempre voltada para o futuro — um processo no qual se utiliza meios produtivos hoje com o intuito de se ter bens de consumo para serem vendidos amanhã. O exato propósito da competição empreendedorial é testar constantemente o mercado, de modo a antecipar da melhor forma as demandas do consumidor, corrigir as existentes e perceber as que estão mudando. A concorrência é o método de mercado que faz com que a oferta seja sempre correspondente às demandas dos consumidores. E se erros forem cometidos — e eles serão —, os prejuízos resultantes desse prognóstico errôneo dos lucros funcionam como estímulo para que se faça ajustes apropriados na estrutura de produção, ou para que se realoque mão-de-obra e recursos para outras linhas de produção. Quando deixado funcionando livremente, argumentou Böhm-Bawerk, o mercado exitosamente garante que as demandas tenderão a igualar a oferta, e que os horizontes temporais dos investimentos serão compatíveis com a poupança disponível necessária para manter e expandir a estrutura do capital no longo prazo. E qualquer tentativa de manipular esse arranjo — por exemplo, por meio da redução artificial das taxas de juros — inevitavelmente gerará ciclos econômicos. Richard Ebeling leciona economia no Hillsdale College em Michigan, é um scholar adjunto do Mises Institute e trabalha no departamento de pesquisa do American Institute for Economic Research. Tradução de Leandro Augusto Gomes Roque

O GOVERNO DILMA PARECE VELHO

O governo Dilma Rousseff completa 18 meses. Acumulou fracassos e mais fracassos. O papel de gerente eficiente foi um blefe. Maior, só o de faxineira, imagem usada para combater o que chamou de malfeitos. Na história da República, não houve governo que, em um ano e meio, tenha sido obrigado a demitir tantos ministros por graves acusações de corrupção. Como era esperado, a presidente não consegue ser a dirigente política do seu próprio governo. Quando tenta, acaba sempre se dando mal. É dependente visceralmente do seu criador. Está satisfeita com este papel. E resignada. Sabe dos seus limites. O presidente oculto vai apontando o rumo e ela segue obediente. Quando não sabe o que fazer, corre para São Bernardo do Campo. A antiga Detroit brasileira virou a Meca do petismo. Nunca tivemos um ex-presidente que tenha de forma tão cristalina interferido no governo do seu sucessor. Lembra o que no México foi chamado de Maximato (1928-1934), quando Plutarco Elias Calles foi o homem forte durante anos, sem que tenha exercido diretamente a presidência. Lá acabou numa ruptura. Em 1935 Lázaro Cárdenas se afastou do "Chefe Máximo" da Revolução. Aqui, nada indica que isso possa ocorrer. Pelo contrário, pode ser que em 2014 o criador queira retomar diretamente as rédeas do poder e mande para casa a criatura. O PAC - pura invenção de marketing para dar aparência de planejamento estatal - tem como principal marca o atraso no cronograma das obras, além de graves denúncias de irregularidades. O maior feito do "programa" foi ter alçado uma desconhecida construtora para figurar entre as maiores empreiteiras brasileiras. De resto, o PAC é o símbolo da incompetência gerencial: os conhecidos gargalos na infraestrutura continuam intocados, as obras da Copa do Mundo estão atrasadas, o programa "Minha Casa, Minha Vida" não conseguiu sequer atingir 1/3 das metas. O Nordeste é o exemplo mais cristalino de como age o governo Dilma. A região passa pela seca mais severa dos últimos 30 anos. A falta de chuva já era sabida. Mas as autoridades federais não estavam preocupadas com isso. Pelo contrário. O que interessava era resolver a partilha da máquina estatal na região entre os partidos da base. Duas agências foram entregues salomonicamente: uma para o PMDB (o DNOCS) e outra para o PT (o Banco do Nordeste). E a imprensa noticiou graves desvios nos dois órgãos, que perfazem quase 300 milhões de reais. A "punição" foi a demissão dos gestores. Enquanto isso, desejando mostrar alguma preocupação com os sertanejos, o governo instituiu a bolsa-seca, 80 reais para cada família cadastrada durante 5 meses, perfazendo 400 reais (o benefício será extinto em novembro, pois, de acordo com a presidente, vai chover na região e tudo, magicamente, vai voltar ao normal). Isto mesmo, leitor. Esta é a equidade petista: para os mangões, tudo; para os sertanejos, uma esmola. Greves pipocam pelo serviço público. As promessas de novos planos de carreiras nunca foram cumpridas. A educação é o setor mais caótico. Não é para menos. Tem à frente o ministro Aloizio Mercadante. Quando passou pelo Ministério da Ciência e Tecnologia nada fez. Só discursou e fez promessas. E as realizações? Nenhuma. Mercadante lembra Venceslau Braz. Durante o quadriênio Hermes da Fonseca, Venceslau foi um vice-presidente sempre ausente da Capital Federal. Vivia pescando em Itajubá. Quando foi alçado à presidência da República, o poeta Emílio de Menezes comentou sarcasticamente: "É o único caso que conheço de promoção por abandono de emprego." Mercadante é um versão século XXI de Venceslau. O sistema federal de ensino superior está parado e vive uma grave crise. O que ele faz? Finge que nada está acontecendo. Quando resolve se manifestar, numa recaída castrense, diz que só negocia quando os grevistas voltarem ao trabalho. A crise econômica mundial também não mereceu a atenção devida. Como o governo só administra o varejo e não tem um projeto para o país, enfrenta as turbulências com medidas paliativas. Acha que mexendo numa alíquota resolve o problema de um setor. Sempre a política adotada é aquela mais simples. Tudo é feito de improviso. É mais que evidente que o modelo construído ao longo das últimas duas décadas está fazendo água (e não é de hoje). É necessário mudar. Mas o governo não tem a mínima ideia de como fazer isso. Prefere correr desesperadamente atrás do que considera uma taxa de crescimento aceitável eleitoralmente. É a síndrome de 2014. O que importa não é o futuro do país, mas a permanência no poder. Na política externa, se é verdade que Patriota não tem os arroubos juvenis de Amorim, o que é muito positivo, os dez anos de consulado petista transformaram a Casa de Rio Branco em uma espécie de UNE da terceira idade. A política externa está em descompasso com as necessidades de um país que pretende ter papel relevante na cena internacional. O Itamaraty transformou-se em um ministério marcado por derrotas. A última foi na Rio+20, quando, até por ser a sede do evento, deveria exercer não só um papel de protagonista, como também de articulador. A nossa diplomacia perdeu a capacidade de construir consensos. Assimilou o "estilo bolivariano", da retórica panfletária e vazia, e, algumas vezes, se tornou até caudatária dos caudilhos, como agora na crise paraguaia. O governo Dilma parece velho, sem iniciativa. Parodiando o poeta: todo dia ele faz tudo sempre igual. E saber que nem completou metade do mandato. Pobre Brasil.Por: MARCO ANTONIO VILLA O GLOBO - 26/06/2012

PARAGUAI DÁ UMA CACETADA NO FORO DE SÃO PAULO


 PARAGUAI DÁ UMA CACETADA NO FORO DE SÃO PAULO. É POR ISSO QUE OS COMUNISTAS ESTÃO ENLOUQUECIDOS!

O grande assunto político continua sendo a destituição do ex-bispo comunista Fernando Lugo. Todos os demais assuntos referentes à política interna brasileira ou a decantada crise européia têm suas estaturas diminuídas face aos acontecimentos no país vizinho.
Por que? Esta indagação tenho certeza é formulada pela maioria dos brasileiros. Quem acompanha a política tanto nacional como internacional e, sobretudo latino-americana, entenderá as razões que fundamentam a minha assertiva.
É que desde a criação do Foro de São Paulo, a organização esquerdista fundada em reunião na capital paulista no inicio dos anos 90 por Lula, Chávez e outros  comunistas e os ditos "movimentos sociais", implementa um plano continental que visa à implantação de regimes socialistas em todos os países latino-americanos.
É por isso que a destituição de Lugo, como foi a destituição de Zelaya em Honduras, soou como um um petardo de grades proporções entre os comunistas do Foro de São Paulo. 
A designação de comunista sempre acaba sendo aparentemente descabida depois da dèbacle do comunismo no final dos anos 80. Todavia o movimento comunista, embora tenha levado um baque significativo, rearticulou-se e continua tão vivo como nos tempos de Lenin. O que houve foi uma mudança de estratégia, mas o objetivo continua o mesmo.
Como não teria mais sentido a violência pura e simples que o comunismo sempre utilizou para conquistar o poder, até porque seria rechaçada, mudaram a estratégia para "paz e amor", ambientalismo e a utilização dos conceitos politicamente corretos. Valeram-se por exemplo, da questão dos direitos humanos consagrada na Carta da Onu e a primeira coisa que fizeram foi transformar comunistas em vítimas, embora sejam protagonistas de uma história pregressa de horror e assassinatos brutais como ocorreu na ex-URSS e continua ocorrendo em Cuba e na Coréia do Norte, que são ditaduras comunistas. 
Até hoje nenhum país comunista foi democrático. Todos foram ditaduras e são ditaduras, como a cubana que já tem mais de 50 anos.
Mídia cala sobre o Foro de S. Paulo
Os comunistas então passaram a aceitar - entre aspas - as regras democráticas e começaram uma luta para alcançar o poder dentro da lei. Todavia, uma vez no poder passaram à uma segunda fase, que constitui no aparelhamento de todas as instâncias do Estado. O avanço desse projeto diabólico, até que seja consolidado, obedece a etapas. Basta que observem como era agia o PT no início do governo Lula ou como agia Chávez nos primeiros tempos de seu governo e até mesmo o tiranete da Bolívia. 
Em mais de uma década de poder em vários países, os comunistas já estão aprofundando o seu processo de conquista total do Estado e, mais ainda, dos corações e mentes, através da lavagem cerebral que começa no jardim de infância e segue até as universidades. Quem conhece Antonio Gramsci, o italiano vagabundo e mentiroso metido a intelectual, verá que os comunistas do século XXI seguem sua cartilha.
Já conseguiram êxito no domínio de todos os sindicatos de trabalhadores, bem como das redações dos veículos de comunicação, já que os cursos de jornalismo formam a cada ano um grupo mais ou menos homogêneo que vai para o mercado de trabalho de cabeça feita.
Em linhas muito gerais é isso que vem ocorrendo. No entanto a palavra "comunismo", quando falada ou escrita, é repudiada pelos próprios comunistas que se apressam em ridicularizá-la e afirmam que "comunismo não existe mais". (Todo comunista é um doente mental e o sintoma dessa moléstia é a mentira). Todavia isso é um embuste, porque a palavra comunismo passou a ser odiada justamente porque todas as ditaduras comunistas liquidaram a liberdade e a democracia e prenderam ou assassinaram seus oponentes. Imaginem se vão admitir que são comunistas esses vadios, vagabundos e mentirosos?
Gramsci: o embusteiro italiano
E aí vem a questão: por que países pequenos e frágeis como o Paraguai e Honduras adquirem essa notoriedade toda? Ora, porque foram até agora os únicos que, com  sucesso e dentro da democracia, sem tanques e soldados nas ruas, sem macular a liberdade de expressão e de ir e vir das pesssoas, sem prisões e opressões, conseguiram assestar um poderoso revés aos planos dos comunistas do Foro de São Paulo. 
Infelizmente a grande imprensa nacional e internacional já está em boa parte controlada pelos comunistas. E isto faz com que o noticiário do Paraguai seja completamente distorcido, como foi o de Honduras. A mídia dá relevo não para a questão principal, que é a ameaça comunista. Sim, porque os jornalistas militantes cuidam zelozamente para que este aspecto ideológico seja escamoteado. É como se os fatos sofressem uma "lavagem" depurando-os do conteúdo eminentemente político. O foco é dirigido no interesse dos comunistas e a palavra de ordem desde o início foi "golpe". Os comunistas como vítimas!, mais uma vez. A sordidez não tem limite. Invocam instituições democráticas para depois destruí-las. 
Então, o que houve no Paraguai foi uma reação notável não só à figura de Fernando Lugo e seus bate-paus, mas cravou um dardo certeiro no coração do Foro de São Paulo, razão pela qual em uníssono todos os tiranetes vagabundos e mentirosos do continente latino-americano gritaram: "é golpe". Mas não colou. Pegaram o bonde errado justamente num país em que davam como favas contadas o seu domínio absoluto. Nenhum tanque na rua. Forças Armadas nos quartéis. Nenhuma prisão, nenhum ato de violência por parte do novo governo. Nada. Os paraguaios seguem a vida normalmente.
Esta é, acreditem prezados leitores, a verdade absoluta sobre o episódio paraguai; uma leitura honesta do ponto de vista político e jornalístico.
Conclusão: o sonho democrático latino-americano voltado para a paz, a liberdade e o desenvolvimento ainda prevalece e com ele a ajeriza ao arreganho de qualquer tipo de ditadura.
Os paraguaios surpreenderam o mundo! E, sobretudo, a canalha comunista do Foro de São Paulo. 
Pena que as oposições aos velhacos aqui no Brasil, na Venezuela, no Uruguai, no Chile, na Argentina, no Peru, no Equador e demais países do continente sul-americano, ficaram mudas!
Em troca, líderes como Fernando Henrique Cardoso preferem sair por aí defendendo a liberação da maconha ou dando discursos idiotas sobre desenvolvimento sustentável.
Até agora não ouvi e nem li pronunciamento de qualquer liderança de nível internacional importante fazendo uma crítica leal e justa sobre o evento político paraguaio e seus reflexos sobre a América Latina. O continente faz pouco que saiu de ditaduras de despotas cucarachas e corre o risco de ser dominado por ditaduras comunistas. Em pleno século XXI!
Hora de reagir. O Paraguai já está fazendo a sua parte.

segunda-feira, 25 de junho de 2012

PARAGUAI - CUBA: DOIS PESOS E DUAS MEDIDAS

Os governos de esquerda, radicais e moderados, ao mesmo tempo em que pressionam o Paraguai, abrem as portas dos máximos organismos regionais como a OEA, o Mercosul e a Unasul à Cuba comunista. 

 1. O Poder Legislativo do Paraguai destituiu o esquerdista presidente Lugo em uma rápida e quase unânime votação na Câmara dos Deputados e no Senado. 76 deputados, de um total de 80, e 39 senadores, de um total de 45, votaram a favor da destituição. Os legisladores paraguaios alegam que se basearam estritamente na Constituição, a qual permitiria processos rápidos de destituição. Os governos mais radicalmente esquerdistas e anti-democráticos da região, Venezuela, Bolívia e Equador, começaram a rasgar as roupas e falam de golpe. Governos da esquerda mais moderada estudam a possibilidade de suspender o Paraguai de organismos regionais como o Mercosul e a Unasul, alegando que violaram-se as denominadas "cláusulas democráticas" que constam dos estatutos de ambas as entidades internacionais, das quais o Paraguai é membro. 

 2. O concreto é que tanto os governos da esquerda radical quanto os governos da esquerda moderada, ao mesmo tempo em que agora começam a pressionar o Paraguai, abrem as portas dos máximos organismos regionais como a OEA, o Mercosul e a Unasul à Cuba comunista. O "eixo" de governantes de esquerda, radicais e moderados, abrem portas, braços e cofres aos ditadores comunistas, apesar de que em Cuba violam-se desde há mais de meio século todos e cada um dos princípios democráticos que hoje se alegam para condenar a complexa situação política paraguaia. O governo brasileiro, por exemplo, que trata de justificar seu silêncio em relação à violação dos direitos humanos na Cuba comunista, alegando o princípio da não-intervenção nos assuntos internos dos Estados, na hora de pressionar o Paraguai parece se esquecer desse mesmo princípio de não-intervenção. Dessa maneira, em relação ao Paraguai e a Cuba usam-se dois pesos e duas medidas. 

3. A recente visita do presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, à América Latina, passou para um segundo plano por causa da crise institucional no Paraguai, mas não conseguiu diminuir a importância intrínseca desse giro, o segundo em seis meses. 

4. Na Venezuela, Ahmadinejad fortaleceu os vínculos econômicos e estratégicos com o governo de Chávez, que incluem a fabricação de equipamentos militares para o Exército venezuelano e a colaboração no plano da energia nuclear. 

5. Na Bolívia, o presidente iraniano também estreitou laços militares com o governo do esquerdista Evo Morales, incluindo a área da inteligência militar, estabeleceu acordos para a exploração das ricas jazidas de urânio dessa nação andina e fortaleceu o "eixo" anti-norte-americano no continente. 

6. Tanto na Venezuela quanto na Bolívia, dirigentes opositores, personalidades da sociedade e especialistas alertaram sobre o perigo que representava essa aliança com o Irã para as soberanias dos respectivos países. Também ficou claro o objetivo de fortalecer as Forças Armadas, na medida em que vão se transformando em fatores potencialmente revolucionários e de suporte para a continuidade de regimes esquerdistas. 

7. No Uruguai, no mesmo sentido, tiveram ampla repercussão as declarações da senadora Lucía Topolansky, esposa do presidente José Mujica, ambos ex-guerrilheiros tupamaros, manifestando seu objetivo de "fazer um trabalho nas cabeças" dos membros das Forças Armadas uruguaias, para pô-los do lado da Frente Ampla e assegurar a continuidade do projeto hegemônico da esquerda uruguaia. A senadora Topolansky, passando por cima de preceitos constitucionais que determinam a neutralidade política dos militares em atividade, chegou a estabelecer uma meta para a primeira etapa da infiltração ideológica nas Forças Armadas uruguaias: contar com "um terço da oficialidade" e com "a metade da tropa". 

8. O plano Ahmadinejad e o plano Topolansky parecem coincidir, cada um à sua maneira e em seus respectivos âmbitos de influência, em um mesmo objetivo de captação das Forças Armadas para eventuais aventuras revolucionárias. Para alcançar esse objetivo hegemônico, se deverá obter uma conseqüente desconstrução de princípios e mentalidades dos membros das Forças Armadas que ainda possam oferecer resistência a essas aventuras. 

9. Diante de ambos os planos impulsionados pelo presidente Ahmadinejad e pela senadora Topolansky, nenhum dos governantes regionais fez a menor advertência ou manifestou o menor sinal de inquietação. São os mesmos governantes que hoje clamam aos céus pela crise institucional paraguaia, alegando cláusulas democráticas estabelecidas em pactos continentais. São os mesmos governantes que alegam o princípio da não-intervenção nos assuntos internos de outros países para abrir os braços aos ditadores cubanos e para abrir as portas à Cuba nos mais importantes organismos continentais. São dois pesos e duas medidas injustas, arbitrárias e inaceitáveis. 

Destaque Internacional - Ano XIV - nº 349 - Madri - São José da Costa Rica - Santiago. Domingo, 24 de junho de 2012. Editorial interativo. São bem-vindas as sugestões, opiniões e críticas. Pode-se difundir livremente, inclusive sem citar a fonte. Tradução: Graça Salgueiro

A SINGULARIDADE DA ECONOMIA

O que confere à economia sua posição única e peculiar, tanto na órbita do conhecimento puro quanto na da aplicação prática do saber, é o fato de que os seus teoremas não são passíveis de comprovação ou de refutação com base em experiências. Certamente, uma medida proposta por um raciocínio econômico correto produz os efeitos desejados, e uma medida proposta por um raciocínio econômico equivocado não atinge os objetivos pretendidos. Porém, ainda assim, esses resultados são sempre uma experiência histórica, ou seja, experiência de fenômenos complexos. Não servem para provar ou refutar qualquer teorema econômico. A adoção de medidas econômicas erradas resulta em consequências não desejadas. Mas esses efeitos não possuem jamais aquele poder de convencimento que nos é propiciado pelos "fatos experimentais" no campo das ciências naturais. Só a razão, sem qualquer ajuda da comprovação experimental, pode demonstrar a procedência ou a improcedência de um teorema econômico. A consequência nefasta deste estado de coisas é impedir que as mentes menos preparadas possam perceber a realidade dos fatos com que lida a economia. Para o homem comum, "real" é tudo aquilo que ele não pode alterar e a cuja existência tem que ajustar suas ações, se deseja atingir seus objetivos. A constatação da realidade é uma experiência dura. Ensina os limites impostos à satisfação dos desejos. É a contragosto que o homem reconhece que existem coisas — todas aquelas que decorrem de relações causais entre eventos — que não podem ser alterados com base em crenças que decorrem de seus desejos e não de fatos. Não obstante, a experiência sensorial fala uma linguagem facilmente compreensível. Não se pode argumentar contra uma experiência feita corretamente. A realidade de fatos estabelecidos experimentalmente não pode ser contestada. Mas, no campo do conhecimento praxeológico, nem o sucesso e nem o fracasso falam uma linguagem clara que todos compreendam. A experiência decorrente exclusivamente de fenômenos complexos não consegue evitar interpretações em que os desejos substituem a realidade. A propensão, existente nos homens menos preparados, de atribuir uma onipotência aos seus pensamentos, por mais confusos e contraditórios que sejam, nunca é desmentida pela experiência de forma clara e sem ambiguidade. O economista jamais tem condições de refutar os impostores da mesma maneira que o médico pode refutar os curandeiros e os charlatães. A história só ensina àqueles que sabem como interpretá-la com base em teorias corretas. A economia e a opinião pública O significado desta diferença epistemológica fundamental fica mais evidente se nos dermos conta de que a utilização prática dos ensinamentos da ciência econômica pressupõe que eles sejam aceitos e apoiados pela opinião pública. Na economia de mercado, a implantação de inovações tecnológicas necessita apenas de que algum ou alguns indivíduos mais esclarecidos percebam a sua utilidade. Os pioneiros do progresso não podem ser detidos pela obtusidade e pela inépcia das massas; não precisam obter de antemão o apoio das pessoas para os seus projetos; realizam-nos, em que pese serem às vezes motivo de escárnio. Mais tarde, quando produtos novos, melhores e mais baratos surgirem no mercado, esses zombadores correrão atrás deles. O homem, por mais limitado que seja, sabe distinguir a diferença entre um sapato mais caro e um mais barato e apreciar a utilidade de um novo produto. Mas, no campo da organização social e das políticas econômicas, as coisas se passam de maneira diferente. Nesse terreno, as melhores teorias são inúteis se não tiverem o apoio da opinião pública. Não podem funcionar se não tiverem o apoio da maioria da população. Qualquer que seja o sistema de governo, não há possibilidade de se governar uma nação de forma duradoura com base em doutrinas rejeitadas pela opinião pública. No final, prevalece sempre a filosofia que tem o apoio da maioria. A longo prazo, um governo impopular não pode subsistir. A diferença entre democracia e despotismo não afeta o resultado final. Afeta apenas a maneira pela qual se processará o ajuste entre o sistema de governo e a ideologia defendida pela opinião pública. Os autocratas impopulares só podem ser destronados por levantes revolucionários, enquanto que governantes democráticos impopulares são pacificamente substituídos na eleição seguinte. A supremacia da opinião pública determina não apenas o caráter peculiar que a economia ocupa no conjunto do pensamento e do conhecimento; determina o próprio curso da história. As costumeiras discussões quanto ao papel que o indivíduo representa na história são superficiais. É sempre o indivíduo que pensa, age e realiza. As novas ideias e as inovações decorrem sempre de homens excepcionais. Mas esses grandes homens não podem conseguir ajustar a ordem social segundo suas ideias, se não conseguirem convencer a opinião pública. O florescimento da sociedade humana depende de dois fatores: da capacidade intelectual de homens excepcionalmente dotados e da habilidade desses ou de outros homens para tornar essas ideologias aceitáveis pela maioria. 

 Ludwig von Mises foi o reconhecido líder da Escola Austríaca de pensamento econômico, um prodigioso originador na teoria econômica e um autor prolífico. Os escritos e palestras de Mises abarcavam teoria econômica, história, epistemologia, governo e filosofia política. Suas contribuições à teoria econômica incluem elucidações importantes sobre a teoria quantitativa de moeda, a teoria dos ciclos econômicos, a integração da teoria monetária à teoria econômica geral, e uma demonstração de que o socialismo necessariamente é insustentável, pois é incapaz de resolver o problema do cálculo econômico. Mises foi o primeiro estudioso a reconhecer que a economia faz parte de uma ciência maior dentro da ação humana, uma ciência que Mises chamou de "praxeologia".

DOIS BLOCOS DISTINTOS


A América Latina caminha para ficar dividida em dois blocos muito distintos. De um lado, o Mercosul, com Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, sendo que a Venezuela aguarda aprovação do Parlamento paraguaio. Do outro, a Aliança do Pacífico, que foi assinada recentemente entre México, Colômbia, Peru e Chile, com Costa Rica e Panamá na fila de espera.

A intenção da Aliança do Pacífico é criar uma zona de livre circulação de bens, serviços, capitais e pessoas. Os quatro países membros representam 40% do PIB da América Latina e 55% das exportações da região ao resto do mundo. O bloco pretende buscar formas mais rápidas e pragmáticas de avançar nos temas comerciais e de integração, sem impedimentos ideológicos.

Se o Mercosul sofre cada vez mais influência do “socialismo bolivariano”, encabeçado por Hugo Chávez, a Aliança do Pacífico promete ser uma alternativa bem mais interessante. O Chile, afinal, representa o país latino-americano mais desenvolvido em termos econômicos e políticos, com uma renda per capita bem acima da média e a primeira colocação no ranking de IDH na vizinhança.

O grupo que o Brasil faz parte aponta para Cuba com crescente admiração. O grupo do Chile prefere apontar na direção do livre comércio, incluindo acordo bilateral com o próprio “Satã”, os Estados Unidos. A Argentina tem ignorado inúmeras cláusulas comerciais. Até mesmo confiscar propriedade estrangeira o governo Kirchner fez recentemente. O Brasil é um dos países que mais tem apelado para medidas protecionistas nos últimos meses.

Se a Venezuela finalmente entrar no Mercosul, isso será sua pá de cal definitiva, rasgando a cláusula que exige instituições democráticas para ser membro. Brasil, Argentina e Uruguai já ratificaram a adesão, restando apenas a aprovação final do Paraguai. Talvez isso explique a reação dos líderes da Unasul e Mercosul, sob a liderança de Hugo Chávez, ao impeachment do presidente Fernando Lugo nos últimos dias.

Não resta dúvida de que o processo foi acelerado demais, mas tudo leva a crer que foi feito dentro das regras constitucionais. Ou seja, não faz sentido falar em golpe. Além disso, a forma com a qual o presidente Lugo lidou com a questão agrária mostrou extrema incompetência, para dizer o mínimo. Há claros indícios de que ele foi até conivente com o bando de criminosos invasores de terra, que matou seis policiais em confronto sangrento.

Sempre que figuras como Chávez, Evo Morales e Rafael Correa falam em democracia, pode estar certo de que planejam alguma ação autoritária. É lamentável ver o Brasil liderando este tipo de movimento. O Paraguai foi suspenso do Mercosul, o que acende sinais de alerta quanto ao respeito do bloco às leis internas dos países-membros. 

A postura do Itamaraty desde o governo Lula tem se mostrado invariavelmente incorreta, sempre mergulhada em ranço ideológico. A subserviência ao ditador iraniano é prova disso, assim como a negligência no caso da Síria. A aproximação aos ditadores africanos foi outra bola fora, sempre com a meta de conseguir o assento permanente no Conselho de Segurança da ONU. O então presidente Lula até chegou a perdoar a dívida destes países em busca deste objetivo, sacrificando os pagadores de impostos brasileiros.

Um estudo feito pelo Instituto Acende Brasil, examinando 11 incidentes em que intervenções ou pleitos de nossos parceiros alteraram as condições originalmente pactuadas em contratos ou tratados, calculou em R$ 6,7 bilhões as perdas para o Brasil só no setor energético. Olhando para o futuro, as intervenções já realizadas poderiam elevar esta cifra para mais de R$ 21 bilhões.

Bolívia, Argentina, Venezuela e Paraguai, todos com governantes aliados ideologicamente ao PT, tomaram decisões unilaterais que representaram, de alguma forma, quebra de contrato com empresas brasileiras do setor de energia. Conforme diz o relatório do instituto:

“O Brasil tem sistematicamente ignorado ou menosprezado – com base numa postura de baixa transparência – os prejuízos ocasionados pelos seus acordos para os próprios brasileiros. Tais prejuízos têm sido causados pelo rompimento ou alteração de contratos por ações voluntaristas de governos.”

Traduzindo: o populismo dos camaradas tem sido pago pelos brasileiros. O ex-presidente Lula expressou a mentalidade por trás desta atitude passiva e negligente: “O Brasil é a maior economia e tem que ser generoso, aquele que ajuda o avanço dos outros”. É o PT usando o governo, ou seja, o dinheiro da “viúva”, para fazer “caridade” aos companheiros de ideologia.


Ao julgar pela tendência até aqui, a América Latina acabará dividida em dois blocos muito diferentes. Um deles será pragmático e deverá contribuir para o progresso de seus membros. O outro acabará como um palco para discursos populistas e demagógicos dos governantes mais autoritários da região. É uma pena que o governo brasileiro, sob a liderança do PT, tenha optado pelo lado fracassado. Por: Rodrigo Constantino

DEBATE E PRECONCEITO


É ilusório esperar que a racionalidade científica prevaleça num confronto que envolve muitos interesses e paixões; mas não é demais desejar que algumas pessoas capacitadas acompanhem e julguem o debate desde um ponto de vista menos enviesado e mais compatível com o estado atual dos conhecimentos.
 O número dessas pessoas é, com certeza, mínimo. O que se observa nas disputas correntes é que cada facção, no empenho de conquistar a adesão do povo inculto e distraído, procure ideias e propostas, comprimindo-as nuns quantos slogans e chavões que possam ser repetidos até impregnar-se no subconsciente da multidão como imperativos categóricos, porém busca simplificar ainda mais as do partido contrário, reduzindo-as a um esquema caricatural próprio a despertar incompreensão e repugnância.
Para os fins práticos da disputa legislativa, é importante que tanto a adesão quanto a repulsa sejam alcançadas da maneira mais rápida possível, contornando discussões aprofundadas que poderiam amortecer as convicções da plateia ou adiar perigosamente a sua tomada de posição. Isso implica que as ideias do adversário não possam nunca ser examinadas objetivamente nos seus próprios termos e segundo suas próprias intenções, mas tenham de ser sempre deformadas para parecer tão repulsivas que a mera tentação de lhes conceder um exame benevolente soe ela própria como repulsiva, inaceitável, indecente.
O debate assim conduzido é, portanto, sempre e necessariamente uma confrontação de preconceitos, no sentido mais literale etimológico do termo. Esse sentido contrasta de maneira chocante com o uso polêmico que no curso do próprio debate se faça desse termo como rótulo infamante.
Carimbar as ideias do adversário como “preconceitos”, dando a entender que não passam de tomadas de posição irracionais e sem fundamento é, na maior parte dos casos, nada mais que um pretexto para não ter de examinar as razões que as fundamentam, muito menos a possibilidade de haverem nascido de boas intenções. Aquilo que aí se chama "debate" não é portanto nenhuma confrontação de ideias, mas uma mera disputa de impressões positivas e negativas, um jogo de cena.
É também natural que, justamente por isso, os debatedores procurem abrigar-se sob a proteção da "ciência", mas nenhuma acumulação de dados estatísticos, nenhuma carga de citações acadêmicas ou mesmo de alegações cientificamente válidas em si mesmas dará qualquer legitimidade científica a um argumento, se este não inclui a reprodução fiel e a discussão científica dos argumentos antagônicos.
Ciência é, por definição, a confrontação de hipóteses: se, em vez deexaminadas extensivamente, as opiniões adversas são escamoteadas, caricaturadas, deformadas ou expulsas "in limine" da discussão, sob algum pretexto, de pouco vale você adornar a sua própria com as mais belas razões científicas. Não se faz ciência acumulando opiniões convergentes, mas buscando laboriosamente a verdade entre visões divergentes.
O teste da dignidade científica de um argumento reside precisamente na objetividade paciente com que ele examina os argumentos adversos. Quem logo de cara os impugna como "preconceitos" nada mais faz do que tentar criar contra eles um preconceito, dissuadindo a plateia de examiná-los.
Que as pessoas mais inclinadas a usar desse expediente sejam em geral justamente aquelas que mais apregoam a "diversidade", a "tolerância" e o "respeito às opiniões divergentes", não deve ser necessariamente interpretado como uma hipocrisia consciente, mas muitas vezes como sintoma de uma deformidade cognitiva bastante grave; deformidade que, por afetar pessoas influentes e formadores de opinião, arrisca trazer danos para toda a sociedade.
Quando digo "deformidade cognitiva", isso não deve ser compreendido no sentido de mera deficiência intelectual moralmente inofensiva. A recusa de examinar as opiniões alheias nos seus próprios termos e segundo suas intenções originárias equivale à recusa de enxergar no adversário um rosto humano, à compulsão de reduzi-lo ao estado de coisa, de umobstáculo material a ser removido.
Essa compulsão é de índole propriamente psicopática (veja-se a ótima entrevista da psiquiatra Ana Beatriz Barbosa da Silva em http://www.youtube.com/watch?v=m_wUDsshdvk. Quando legitimada em nome de belos pretextos humanitários, torna-se uma força ainda mais desumanizante, pois remove a conduta moral do campo da vida psíquica concreta para o da simplesadesão a um grupo político ou programa ideológico. O ser humano,então , deixa de ser julgado bom ou mau por seus atos e sentimentos pessoais, mas por aderir à facção previamente autodefinida como detentora monopolística das boas intenções – facção dispensada, por isso mesmo, de conceder ao adversário a dignidade da atenção compreensiva.
A percepção direta das motivações humanas é aí substituída por um sistema mecânico de reações estereotípicas, altamente previsíveis e controláveis. E quando o programa já se tornou tão disseminado na mídia, no sistema de ensino e no vocabulário corrente ao ponto de já não precisar apresentar-se explicitamente como tal, mas passa a soar como a voz impessoal e neutra do senso comum, então a desumanização preventiva do adversário torna-se o procedimento usual e dominante nos debates públicos.
Não é preciso dizer que esse estado de coisas já vigora no Brasil desde há pelo menos uma década. Estamos em pleno império da manipulação psicopática da opinião pública.


Publicado no Diário do Comércio.