sexta-feira, 14 de junho de 2013

QUEDA À VISTA

Queda à vista: 10 gurus do mercado que esperam por um "crash" na bolsa - InfoMoney 

Veja mais em: http://www.infomoney.com.br/mercados/acoes-e-indices/noticia/2816087/queda-vista-gurus-mercado-que-esperam-por-crash-bolsa

QUANDO SONHADORES DEPREDAM ÔNIBUS

Assim como a imprensa criou o Maio 68, alguns jornalistas com pretensões de moderninhos parecem querer criar um Junho 2013. Em seu blog, Marcelo Tas compara o vandalismo de um punhado de filhinhos do papai a serviço do PT em São Paulo aos protestos da praça Taksim em Istambul. “Não sou a favor do vandalismo. Nem da demonização da Polícia Militar. Sou a favor de algo delicado demais para esses tempos ruidosos: dos sonhos”.

Sonhos? Que sonhos? Os manifestantes empunham uma bandeira utópica que em lugar nenhum do mundo ousou ser hasteada, o transporte público gratuito. Pelo jeito ainda não descobriram que não existe almoço grátis. Transporte público gratuito é sinônimo de transporte subsidiado pelo contribuinte. Porque Estado não subsidia coisa alguma. Mas em algo o jornalista tem razão:

- O que vejo nas manifestações em São Paulo não é simplesmente uma revolta por 20 centavos a mais no preço da passagem dos ônibus, como muitos tentam vender os fatos. Assim como não vejo em Istambul uma revolta pela construção de um shopping numa pracinha no centro da cidade.

De fato, o que está em jogo não são 20 centavos. E os rebeldes de São Paulo não são exatamente rebeldes sem causa. Estão em jogo as eleições do ano que vem. As manifestações violentas dos últimos dias – que prometem se repetir hoje – têm um só objetivo, desgastar o governo de Alckmin. Não imagine o leitor que tenho alguma simpatia por tucanos. Apenas constato. Tas alega que desgasta também a prefeitura do PT.

- Também vejo, e quero muito acreditar nisso, que não há uma tendência partidária nas manifestações. Afinal, em São Paulo, o prefeito petista está alinhado com o governador tucano na mesma posição.

Nada mais falacioso. Na verdade, só beneficia o atual prefeito. Haddad apela a Dona Dilma – como já apelou - e, se esta se digna a soltar algum lastro, ele se transforma no prefeito que foi sensível aos apelos populares. O PT põe o bode na sala e pede aplausos quando o retira.

Tem razão também o jornalista que a revolta de Istambul não é contra a construção de um shopping numa pracinha no centro da cidade. Não é preciso estar lá para saber disso. O movimento já se estendeu a outras cidades da Turquia, onde ninguém está construindo shoppings no centro da cidade. As manifestações, pelo que se lê, são contra a islamização crescente do governo de Recip Erdogan. No fundo, um desejo de ocidentalização de uma Turquia que se candidata a membro da União Européia, mas não larga o osso do Islã.

Se há uma preocupação pertinente na revolta na Turquia, o vandalismo em São Paulo não passa de uma reles manobra eleitoreira. Pelo que se sabe, os incêndios e depredações estão sendo patrocinados por uma ONG que mama nas tetas do Estado.

Em meio a isso, Luís Nassif reproduz em seu blog o manifesto de um tal de André Pedro Borges, que só vê candura e sonhos no vandalismo dos paus mandados do PT:

- Enquanto isso a molecada, no seu saudável inconformismo, vai para as ruas defender – FUNDAMENTALMENTE – o seu direito de sonhar com um mundo diferente. Um mundo onde o ensino, os trens e os ônibus sejam de qualidade e gratuitos para quem deles precisa. Onde os cidadãos tenham autonomia de decidir sobre o que devem e o que não devem fumar ou beber. Onde os índios possam nos mostrar que existem outros modos de vida possíveis nesse planeta, fora da lógica do agrobusiness e das safras recordes. Onde crenças e religião sejam assunto de foro íntimo, e não políticas de Estado. Onde cada um possa decidir livremente com quem prefere trepar, casar e compartilhar (ou não) a criação dos filhos. Onde o conceito de Democracia não se resuma à obrigação de digitar meia dúzia de números nas urnas eletrônicas a cada dois anos.

Se o quebra-quebra era originariamente contra o aumento de 20 centavos nas passagens de ônibus, de repente assume proporções que nem os baderneiros imaginavam: é o direito ao sonho. Transporte gratuito, droga livre (como se já não fosse), excelência de uma cultura onde até infanticídio é permissível, em oposição ao malvado agrobusiness – sem o qual o país morreria à míngua. Borges defende a livre eleição de parceiros, neste país onde homossexuais fazem a primeira página dos jornais. Como se o Brasil fosse uma teocracia islâmica, onde crianças são vendidas em casamento. O articulista até parece ter encontrado um sistema de democracia mais eficaz do que o voto universal, pena que não nos revela qual seja.

- Sempre vai haver quem prefira como modelo de estudante exemplar aquele sujeito valoroso que trabalha na firma das 8 da manhã às 6 da tarde - diz André Borges -, pega sem reclamar o metrô lotado, encara mais quatro horas de aulas meia-boca numa sala cheia de alunos sonolentos em busca de um canudo de papel, volta para casa dos pais tarde da noite para jantar, dormir e sonhar com um cargo de gerente e um apartamento com varanda gourmet.

Engana-se o Borges. Quem trabalha e ganha honestamente seu pão está fora de moda. Jamais vai ganhar a primeira página dos jornais, nem entrevistas privilegiadas. Só tem direito a voz, nestes dias que correm, quem quebra vitrines, depreda bancos e queima ônibus. 

- Não é meu caso - prossegue o arauto da violência -. Não tenho nem sombra de dúvida de que prefiro esses inconformados que atrapalham o trânsito e jogam pedra na polícia. Ainda que eles nos pareçam filhinhos-de-papai, ingênuos em seus sonhos, utópicos em suas propostas, politicamente manobráveis em suas reivindicações, irresponsavelmente seduzidos pelos provocadores de sempre. Desde a Antiguidade, esses jovens ingênuos e irresponsáveis são o sal da terra, a luz do sol que impede que a humanidade apodreça no bolor da mediocridade, na inércia do conformismo, na falta de sentido do consumismo ostentatório, nas milenares pilantragens travestidas de iluminação espiritual.

Atenção! Teoria nova na mídia. Os responsáveis pelos avanços da humanidade já não são os cientistas, os estadistas, os professores, os inventores, os descobridores. Mas os vândalos, que com suas ações fertilizam a terra e iluminam a humanidade.

No fundo, o sonho por um mundo diferente, no dizer dos defensores de quebra-quebras. Talvez o país da Cocagne, aquela pátria imaginária longe da fome e das guerras, onde as frutas caíam das árvores nas bocas de seus habitantes, onde imperava o lazer e a preguiça e onde o trabalho era proibido. De repente, uma reedição de Maio 68, que adotou como slogan uma frase de Che Guevara: “seamos realistas, pidamos lo imposible”. O impossível do Che aí está, uma ilha faminta e dominada pela mais longa ditadura do século passado.

Sonho paradoxal este, onde em nome do passe livre queimam-se meios de transporte. Como já se convencionou chamar de primavera qualquer protesto de massas, é de espantar que nenhum jornalista ainda não tenha ousado falar em primavera paulistana. O leitor não perde por esperar.

O dia promete hoje na Paulicéia. Além da baderna, há greve geral de transportes. O saldo global será evidentemente creditado aos militantes do sonho.

Por: Janer Cristaldo

TINHA DE ACONTECER

Vendo o sucesso mundial do comunismo sem rosto, não cabe perguntar “Como isso aconteceu?” e sim “Como poderia não ter acontecido?”

A maior, a mais profunda e aparentemente a mais irrevogável conseqüência da dissolução do Império Soviético foi esta: como agora o comunismo não existe mais, qualquer um está livre para defender as mesmas políticas que os comunistas defendiam, impor os mesmos controles sociais que os comunistas impunham, atacar e denegrir as mesmas pessoas e valores que os comunistas atacavam e denegriam, cultuar e enaltecer os mesmos ídolos que os comunistas cultuavam e enalteciam, tudo isso sem jamais poder ser chamado de comunista.

Os comunistas, é claro, sempre gostaram de camuflar-se, de agir sob mil máscaras irreconhecíveis. Mas agora já não precisam disso: são os seus inimigos que os camuflam, que os escondem, por medo, por terror pânico de parecer saudosistas da Guerra Fria ou "extremistas de direita" (sabendo-se que hoje em dia tudo o que esteja à direita do centro-esquerda é extremismo).

Em vez de um comunismo que não ousa dizer seu nome, temos agora um comunismo do qual os adversários não ousam dizer o nome. Tão intenso é entre liberais e conservadores o temor de pronunciar a palavra proibida, que qualquer semi-analfabeto de plantão numa cátedra universitária, com um retrato de Che Guevara na camiseta e o livrinho dos pensamentos do presidente Mao no bolso, estourando de orgulho por ter ajudado a matar cem milhões de pessoas, pode se alardear comunista no horário nobre e em cadeia nacional, seguro de que todo mundo verá nisso nada mais que um modo de dizer, uma graciosa hipérbole usada pour épater le bourgeois por um bom menino que, no fundo do seu coraçãozinho, não é comunista de maneira alguma (exemplo: http://www.cdc.ufop.br/).

Foi assim que, sob a proteção de uma densa e bem articulada rede de proibições lingüisticas e inibições mentais, o movimento comunista chegou a dominar quase todo o cenário político latino-americano, a controlar todos os países da Europa Ocidental por meio de um grupo de burocratas jamais eleitos, a retomar o poder em várias nações recém-egressas do comunismo e até a colocar um dos seus mais devotos servidores na presidência dos EUA, enquanto todos os que viam isso acontecer temiam que, se dissessem que estava acontecendo, soariam tão antiquados quanto um deputado da UDN, tão malvados quanto um torturador fascista ou tão loucos quanto o mais inventivo “teórico da conspiração”.

Como foi possível que transformação tão vasta, tão rápida e – em aparência – tão paradoxal viesse a suceder? Como foi possível que, à queda fragorosa de um regime falido e reconhecidamente criminoso se seguisse, não o debilitamento ou extinção da corrente política que por toda parte o sustentava, mas sim, ao contrário, a sua ascensão espetacular à posição de ideologia mundial dominante e, graças à proibição de nomeá-la, inatacável?

Só faço essa pergunta por caridade para com a burrice alheia, para com a indolência mental e a covardia moral daqueles que hoje, somente hoje, começam a suspeitar de algo que já estava óbvio e patente nos primeiros anos da década de 1990. Óbvio e patente, é claro, para quem observa, estuda, investiga e busca a verdade no meio da confusão; não para aqueles que se sentem tranqüilos e seguros de si porque assistiram ao Jornal Nacional ou leram a Folha de S. Paulo.

Hoje, aos 66 anos de idade, faltando apenas dois para completar meio século de jornalismo, estou definitivamente persuadido de que qualquer cidadão que tenha sua principal ou única fonte de informações na mídia popular – chamada “grande”, talvez, só pela dimensão das suas dívidas ou das suas negociatas com o governo --, é um bocó de mola incurável, um cretino desprezível cuja opinião não vale o bafo que a expele.

Vendo o sucesso mundial do comunismo sem rosto, não cabe perguntar “Como isso aconteceu?” e sim “Como poderia não ter acontecido?” Imaginem se, finda a II Guerra, derrubado o governo do Führer, ninguém movesse uma palha para punir os crimes do regime extinto e expor ao mundo o horror da ideologia que os produzira, mas, ao contrário, todo mundo tratasse de silenciar a respeito “para não reabrir velhas feridas” e deixasse os altos funcionários nazistas nos seus lugares, enriquecidos pelo rateio dos bens do Estado e livres para circular pelo mundo como honestos e bem-vindos investidores? Quem não vê que em dez anos o nazismo estaria de volta sob outro nome, talvez até com o mesmo?

“Poderíamos ter vencido o comunismo em 1991”, disse Vladimir Bukovski, “mas para isso precisaríamos de um novo Tribunal de Nuremberg”.

Não houve tribunal nenhum.

Mutatis mutandis, de que serviu abortar em 1964 o golpe comunista que se preparava no Brasil, se em seguida o novo regime, em vez de educar a população contra o comunismo, preferiu se embelezar com as pompas da “neutralidade ideológica” e do “pragmatismo” e só combater os comunistas seletivamente e na sombra, como que envergonhado de antemão pelos crimes que essa escolha imbecil o levaria quase que inevitavelmente a cometer? Pior ainda, de que adiantou bloquear o avanço dos comunistas se em seu lugar se instalou no governo um autoritarismo tão centralizador quanto o deles, substituindo a elite iluminada vermelha por uma elite iluminada verde-oliva, tão ciumenta das suas prerrogativas ao ponto de excluir da política os líderes conservadores mais populares, preenchendo os seus espaços com os mais medíocres e subservientes, para os quais o posto de meros carimbadores de decretos era até uma honra insigne?

Como seria possível, aqui e no resto do mundo, que o que aconteceu não acontecesse? Por:Olavo de Carvalho   Publicado no Diário do Comércio.

quinta-feira, 13 de junho de 2013

O COLUNISTA APODRECE

Nos últimos meses, sucessão de minicatástrofes mostra que a idade física está a aproximar-se da mental

Pedra no rim não é para qualquer um. Eu sei porque dei à luz uma. "Dar à luz": nunca uma expressão foi tão apropriada. Passei dois dias no hospital em maio e, de regresso à casa, não houve familiar ou amigo que não tivesse disparado o clichê: "Isso só é comparável à dor de parto".

Errado, irmãos. Com uma boa epidural, eu poderia dar à luz uma pedra do rim todas as semanas. A minha admiração sincera só está com as antigas mulheres que despachavam o serviço sem anestesia. Como foi possível, meu Deus? Como foi possível que incontáveis mulheres se tenham submetido a uma dor lancinante só para que a nossa espécie crescesse e se multiplicasse?

De bom grado entregaria a minha pedra, hoje em frasco de vidro, para que sobre ela se edificasse um monumento às parideiras desconhecidas. Se dar à luz dependesse dos homens, a história da civilização não teria passado do Paleolítico.

Estou curado. Do rim. Não estou curado do resto. Acabo de fazer 37 anos e, nos últimos meses, uma sucessão de minicatástrofes mostra que a idade física está a aproximar-se da mental. Biologicamente, são 37; mas é preciso inverter a ordem dos números para ter um retrato do artista quando "jovem".

Tudo começou com um almoço de domingo e um dente que não deveria estar no prato. De quem era aquele dente, perguntei, pronto para fazer piada com a cozinheira desdentada.

Os restantes comensais olharam para mim horrorizados e uma das crianças, chorando de medo, apontou para um buraco na minha boca.

Mas não são apenas os dentes que quebram e me abandonam. O cabelo também está a fazer as malas. Se fosse um dramaturgo, já teria escrito uma peça a respeito. Imagino a cena: o cabelo, deitado na cama e ligado a uma máquina, murmurando para mim. "Por favor, João, eu sei que sou importante na tua vida. Mas tens que me deixar ir."

E eu, agarrando na mão do meu amigo, implorando para que ele fique mais um pouco. "Só até os 40, rapaz, só até os 40!"

Não há 40 para ninguém. Pelo menos, sem alterar hábitos de vida. Entreguei os testes médicos ao especialista. Ele olhou para os testes. Depois para mim. Depois para os testes. Depois para mim. "Tem a certeza de que esses testes são seus?", perguntou o desgraçado.

Sentença: anos de excessos, anos de inatividade ""e a fatura chegou. É preciso comer melhor e, sobretudo, fazer exercício físico diário.

Obedeci. A partir de agora, usarei duas gotas de uísque Laphroaig apenas como perfume. E, sobre o exercício, perguntei na academia se existia um desporto leve, só para início de conversa. "Hidroginástica", disse-me a moça, com um inconfundível esgar de piedade.

Experimentei. Gostei. Tenho uma piscina enorme e mais de 30 mulheres só para mim. Todas elas poderiam ser minhas avós, mas isso nunca foi um problema para quem sempre apreciou mulheres maduras.

O ambiente é descontraído e graças a elas já conheço as melhores lojas ortopédicas de Lisboa, que me salvaram recentemente depois de mais um lamentável acidente doméstico.

Aconteceu minutos depois de despertar, quando me entreguei a tarefas radicais que não tenciono repetir tão cedo ""no caso, subir a persiana do quarto. Um estalido nas costas transformou-me de imediato em estátua e foram precisas doses equinas de analgésicos, anti-inflamatórios e relaxantes musculares para que voltasse a caminhar sem colete cervical.

Sou um homem novo, disposto a cuidar melhor da minha carcaça. E, hipocondríaco confesso, tentei saber tudo sobre a história da família para fazer exames preventivos. Foi assim que a palavra "colonoscopia" passou a fazer parte do meu dicionário.

Avancei para ela sem medo, embora gostasse de lavrar aqui o meu protesto: por que motivo as batas hospitalares para doentes continuam a tapar tudo na frente e a deixar generosas frestas na retaguarda?

Não que isso seja motivo para embaraços, claro, exceto se formos reconhecidos por alguns pacientes que também esperam a sua vez em traje igual. "Gosto muito de o ler", disse-me um. "É mais magro ao vivo que na TV", disse-me outra.

Agradeci, encostando-me ainda mais à parede. E quando finalmente chamaram pelo meu nome, fiz uma vênia de maestro e depois fui recuando, recuando, recuando, até desaparecer pela porta do bloco.

Nunca devemos virar as costas aos nossos fãs. Por: João Pereira Coutinho Folha de SP

quarta-feira, 12 de junho de 2013

OS EFEITOS NÃO PREMEDITADOS DE UMA DESVALORIZAÇÃO DA TAXA DE CÂMBIO

O Banco Central do Japão anunciou recentemente a implementação de uma das mais inflacionárias políticas monetárias já empreendidas. Prometendo injetar o equivalente a $1,4 trilhão de dólares na economia ao longo dos próximos dois anos, esta política tem o duplo objetivo de gerar uma inflação de preços de 2% e depreciar ainda mais o iene. A ideia é combater a "deflação" e aumentar as exportações.

O único resultado garantido desta política será um inchaço do balancete do Banco Central do Japão (projeta-se que ele irá praticamente dobrar, para US$2,9 trilhões). Embora esteja hoje em um nível menor do que estava 25 anos atrás, o índice de ações da bolsa de valores do Japão aumentou 70% desde novembro do ano passado. Por mais satisfeitas que as pessoas estejam com a alta do preço das ações, os efeitos econômicos serão danosos no final; com efeito, as duas recentes quedas acentuadas nos preços das ações japonesas prenunciam ainda mais problemas futuros.



Esta ideia puramente mercantilista de tentar expandir a oferta monetária com o intuito de depreciar a taxa de câmbio e com isso estimular a produção do setor industrial é tão antiga quanto o próprio mercantilismo. Em seu livro The Theory of Money and Credit, escrito em 1912, Ludwig von Mises já havia abordado a questão da depreciação monetária de maneira mais completa do que os atuais livros de economia monetária. No que mais, na versão mais refinada de sua teoria dos ciclos econômicos — apresentada em seu livro Ação Humana —, Mises esquematizou os efeitos deletérios de tais políticas de expansão monetária.

A taxa de câmbio determina o preço que um estrangeiro terá de pagar por um bem produzido domesticamente. Aumentos na oferta monetária geram pressões inflacionárias nos preços, consequentemente levando a um aumento nos preços propriamente dito, inclusive nos preços das moedas estrangeiras. Logo, a taxa de câmbio se torna mais depreciada, o que significa que agora são necessárias mais unidades da moeda doméstica para se adquirir uma unidade de moeda estrangeira. Por outro lado, torna-se mais barato para os estrangeiros comprarem os bens deste país. Consequentemente, as exportações aumentam. Conclusão: países podem estimular suas exportações e aumentar o número de empregos nas indústrias voltadas para exportação ao inflacionarem sua oferta monetária.

Infelizmente, no entanto, a história não acaba aí.

Depreciar a sua moeda de fato faz com que seus produtos voltados para exportação se tornem mais baratos para os estrangeiros. Porém, a depreciação da moeda também faz com que seja mais caro para você comprar bens importados. O efeito mais imediato é tornar a sua balança comercial mais superavitária. Um segundo efeito é a redução no investimento estrangeiro na sua economia — afinal, ao repatriarem seus lucros, as multinacionais convertem moeda nacional em moeda estrangeira. Se a tendência é de depreciação cambial, então qualquer investimento feito será mais arriscado, pois a conversão de moeda nacional em moeda estrangeira será cada vez mais cara.

O terceiro efeito é que, se os bens que você exporta são produzidos com vários insumos (bens de capital como máquinas e ferramentas) importados, o efeito será um aumento nos seus custos de produção. Sendo assim, os exportadores terão de pagar mais caro pelos insumos que importam e que utilizam para fabricar os produtos que pretendem vender aos estrangeiros. 

Este efeito é especialmente notável em países que possuem grandes mercados exportadores, mas cuja produção nacional de insumos utilizados pelas indústrias de exportação é muito pequena. Nenhuma outra grande economia cabe melhor nesta descrição do que a japonesa.

A ideia mais sagaz de Mises foi a de analisar os efeitos de longo prazo de tal política. Neste processo, ele examinou também os resultados de curto prazo.

A ineficácia desta política no longo prazo se torna evidente quando se compreende como os preços — tanto os domésticos quanto os estrangeiros — interagem para determinar as taxas de câmbio. Os exportadores serão ajudados no curto prazo, mas este efeito será cancelado no longo prazo tão logo os preços se reajustem.

Se a política é ineficaz no longo prazo, Mises também demonstrou que os ganhos de curto prazo são ilusórios. A mesma política monetária que visa a depreciar a moeda com o intuito de estimular o comércio internacional gerará vários desarranjos domésticos.

Uma inflação monetária mais alta irá reduzir as taxas de juros. Um resultado desta política será um maior volume de gastos voltados para o consumo. Com juros menores, os consumidores pouparão menos e gastarão mais. O outro resultado da redução dos juros reais é aquilo que Mises rotulou de "investimentos errôneos e insustentáveis": com juros menores, as empresas irão investir mais em projetos que, antes da redução dos juros, eram economicamente inviáveis. Consequentemente, recursos escassos serão demandados tanto pelos setores voltados para bens de consumo quanto pelos setores voltados para investimentos mais vultosos. Este "cabo de guerra" gera um aumento generalizado nos preços, fazendo com que vários destes investimentos, quando finalizados, se revelem sem uma genuína demanda, pois as pessoas agora estarão mais endividadas e tendo de lidar com preços maiores em toda a economia.

Em uma economia de mercado, as empresas devem ajustar seus planos de produção de modo a ofertar não somente a quantidade de bens que os consumidores querem no presente, mas também a quantidade mais exata possível de bens que os consumidores irão demandar no futuro. A taxa de juros é o que coordena todos estes planos ao longo do tempo. É ela que os empreendedores utilizam para determinar quando irão produzir uma determinada quantidade de bens e qual deve ser o tipo de processo de produção escolhido (se voltado mais para o curto prazo ou para o longo prazo). Os efeitos negativos da distorção dos juros só serão revelados bem mais tarde.

Manipular a taxa natural de juros por meio de uma política monetária inflacionária é uma medida que desajusta tanto os planos de produção das empresas quanto os planos de consumo das pessoas. No final, a economia irá sucumbir a um ciclo econômico nos moldes descrito pela Escola Austríaca de economia, apresentado um período de crescimento econômico forte porém artificial seguido por um período de estagnação e eventual recessão, que é a quando a economia tenta se reajustar expurgando os investimentos ruins e adquirindo fundamentos mais sólidos.

Quanto mais as coisas mudam, mais elas permanecem as mesmas. Ludwig von Mises conseguiu identificar as armadilhas criadas pelas políticas monetárias expansionistas mais de 100 anos atrás. As autoridades políticas e monetárias aparentemente ainda não aprenderam nada destas importantes lições, e continuam a castigar seus países com as consequências geradas por estas fracassadas medidas.

Por: David Howden é professor assistente de economia na Universidade de St. Louis, no campus de Madri, e vencedor do prêmio do Mises Institute de melhor aluno da Mises University.


Tradução de Leandro Roque

terça-feira, 11 de junho de 2013

DEBILIDADES

Que a sociedade dominada, esmagada e anulada não sinta mais o peso da dominação não quer dizer que esta não exista, mas que o dominado está exausto e estupidificado demais para tomar consciência dela.

No artigo anterior, expliquei que um dos mais velhos truques do movimento revolucionário é limpar-se na sua própria sujeira, cuja existência negava até a véspera.

Desde a queda da URSS, a maneira mais usual de aplicar esse truque consiste em jurar que tudo aquilo que durante setenta anos todos os comunistas do mundo chamaram de comunismo não foi comunismo de maneira alguma: foi capitalismo. Mediante essa simples troca de palavras a idéia comunista sai limpa e inocente de todo o sangue que se derramou para realizá-la, e gentilmente solicita da platéia um novo crédito de confiança, isto é, mais sangue, jurando que desta vez vai ser um pouquinho só, um tiquinho de nada. Por exemplo, varrer Israel do mapa ou exterminar a raça branca.

O apresentador dessa modesta sugestão não explica nunca como bilhões de pessoas inspiradas na teoria histórica mais científica de todos os tempos – insuperável, no dizer de Jean-Paul Sartre --, puderam se enganar tão profundamente quanto àquilo que elas mesmas estavam fazendo, nem como foi que ele próprio, subindo acima de Lênin, de Stálin, de Mao Dzedong e de tantos luminares do marxismo, foi o primeirão a ver a luz.

Nem muito menos explica como é possível, de uma teoria que ensina a unidade substancial de idéia e prática, se pode obter uma separação tão radical dessas duas coisas que uma delas saia inteiramente limpa e a outra inteiramente suja.

Mas esse pessoal é assim mesmo: quando chega na página seguinte, já esqueceu a anterior.

Dois exemplos recentes vêm-nos da Sra. Lúcia Guimarães, que é talvez o caso mais típico de ignorância elegante no jornalismo brasileiro, e da srta. Yoani Sanchez, uma abnegada que procura salvar a imagem do comunismo cubano isolando-a de um breve erro de percurso de apenas meio século.

O argumento das duas é substancialmente o mesmo: não se pode culpar o comunismo por nada do que aconteceu na URSS, na China, no Camboja ou em Cuba, porque o comunismo é a posse e domínio dos meios de produção pelos proletários, e não pelo Estado como se viu nesses lugares.

Dona Lúcia chega a passar pito no dramaturgo David Mamet porque este diz que a doce promessa de Karl Marx, "De cada um conforme suas possibilidades a cada um conforme suas necessidades" não passa de uma expressão cifrada para justificar a espoliação de todos pelo Estado. Em todos os regimes comunistas foi isso o que se deu realmente, mas ainda assim Dona Lúcia assegura que Mamet “levaria nota baixa em marxismo, porque o espantalho invocado por Mamet estava pensando numa utopia do proletariado, não do Estado”.

No mesmo sentido pronuncia-se Yoani Sanchez para jurar que em Cuba nunca houve comunismo, apenas capitalismo de Estado.

Não é preciso observar que assim, com um estalar de dedos, a teoria que se apresentava como idêntica à sua encarnação histórica se torna uma idéia pura platônica, um ente metafísico separado, imune a toda contaminação deste baixo mundo.

Eu não seria cruel de esperar dessas duas criaturas a compreensão dessa sutileza, mas elas poderiam ao menos ter lido um dos mais célebres parágrafos de Karl Marx, no Manifesto Comunista:

“A última etapa da revolução proletária é a constituição do proletariado como classe dominante... O proletariado servir-se-á da sua dominação política para arrancar progressivamente todo o capital da burguesia, para centralizar todos os meios de produção nas mãos do Estado, isto é, do proletariado organizado...”

Aí não existe, no mais mínimo que seja, o antagonismo que aquelas duas inteligências iluminadas acreditaram enxergar entre o Estado e o proletariado: o Estado é o proletariado organizado, o proletariado organizado é o Estado. E o proletariado organizado não é outra coisa senão o Partido.

A profecia da “autodissolução do Estado” na apoteose dos tempos é somente uma figura de linguagem, um jogo de palavras, uma pegadinha infernal. Marx explica que, como tudo pertencerá ao Estado, este já não existirá como entidade distinta, mas a própria sociedade será o Estado. É uma curiosa inversão da regra biológica de que quando o coelho come alface não é o coelho que vira alface, mas a alface que vira coelho. Se o Estado engole a sociedade, não é o Estado que desaparece: é a sociedade. Que a sociedade dominada, esmagada e anulada não sinta mais o peso da dominação não quer dizer que esta não exista, mas que o dominado está exausto e estupidificado demais para tomar consciência dela. É o totalitarismo perfeito em que, nas palavras de Antonio Gramsci, o poder do Partido-Estado já não é percebido como tal, mas se torna “uma autoridade onipresente e invisível como a de um imperativo categórico, de um mandamento divino”.

Um exame atento dos textos de Karl Marx teria bastado, em plena metade do século XIX, para perceber neles o Gulag, o Laogai e centenas de milhões de mortos, todo o terror e misérias dos regimes comunistas como conseqüências incontornáveis da própria lógica interna da teoria caso tentasse sair do papel para encarnar-se na História. Marx, Engels e Lenin em pessoa reconheceram isso inúmeras vezes, enaltecendo o genocídio e a tirania como “parteiros da História”. Que, decorridos cento e sessenta e tantos anos, ainda haja tantas pessoas que insistam em explicar como fruto de desagradáveis coincidências aquilo que a própria teoria exige como condição sine qua non da sua realização é, decerto, uma das provas mais contundentes de uma debilidade intelectual que não deixa de refletir, talvez, alguma debilidade de caráter. Por: OLAVO DE CARVALHO Publicado no Diário do Comércio.

segunda-feira, 10 de junho de 2013

PREÇOS DE ALIMENTOS E ENERGIA PODEM DISPARAR

O impacto do clima na economia não deve ser subestimado. Já existem mais indícios de problemas futuros.

Durante os últimos seis meses muitos lugares ao redor do mundo registraram recordes de temperaturas baixas. As plantações de grão já sofrem. Alguns cientistas especulam que estamos entrando em um período de resfriamento. Pesquisadores russos no Observatório Pulkovo em São Petersburgo estão dizendo abertamente que o Sol está emitindo menos calor. Aproximadamente a cada 200 anos o sol entra em uma "hibernação solar". Isso significa um período de baixas temperaturas ao redor do globo que historicamente reduzem a produção de grãos, resultando numa alta dos preços dos alimentos e, consequentemente, fome.

A última "mínima solar" que afetou o planeta Terra acabou na segunda década do século XIX, cerca de 200 anos atrás. Alguns leitores podem relembrar o destino do exército de Napoleão na Rússia em meio a recordes de baixas temperaturas que mataram tropas e cavalos franceses. Esses períodos de resfriamento têm ocorrido repetidamente nos últimos dois mil anos e resultaram em fome, morte por congelamento e secas. Com as baixas temperaturas, menos água evapora e menos nuvens se formam (isto é, temos chuvas em quantidade abaixo do esperado). Já podemos constatar a alta no preço dos grãos que reflete a seca do ano passado [N. T.: sobre a ferrenha seca de 2012 veja o artigo do próprio Nyquist:http://www.financialsense.com/contributors/jr-nyquist/signs-of-things-to-come]. Se isso é uma tendência, certamente constataremos alta nos preços dos alimentos e da energia no próximo ano.

As plantações são sensíveis ao tempo frio em todas as latitudes. O tempo frio na Flórida significa que safras de laranja serão perdidas. No meio-oeste, invernos mais longos e mais frios significam safras reduzidas e, por conseguinte, uma produção menor de milho. Países cuja produção de alimentos estão localizadas em latitudes mais ao norte, como a Rússia e o Canadá, podem passar por uma severa redução na produção de alimentos que podem desencadear consequências globais.

Grande insegurança acerca dos estoques de alimentos poderiam também estimular compras por parte daqueles que querem manter estoque nos futuros eventos de escassez. Futuramente, impulsionamentos nos preços globais dos alimentos podem acontecer ante a mera expectativa de resfriamento do clima (mesmo se o clima quente voltar). Países importadores de alimentos podem ser colocados em circunstâncias financeiras complicadas, pois serão aplicados aumentos substanciais para que se mantenham os estoques no mesmo nível. Como consequência, isso poderia desencadear problemas financeiros em muitos países, tais como os países da África e do Oriente Médio.

No mundo desenvolvido uma crise de alimentos significaria uma crise no comércio varejista, visto que os consumidores estariam gastando uma porcentagem muito maior dos seus salários nas necessidades básicas. Sem dúvida haveria menos dinheiro disponível para gastar com entretenimento e outros supérfluos. Temperaturas mais baixas poderiam resultar em um aumento do uso de energia para aquecimento de casas e estabelecimentos comerciais e industriais. Seja como for, pagaríamos mais pela energia em invernos estendidos ou épocas de baixa temperatura. Ademais, algumas atividades industriais são sazonais. Aquelas que dependem do inverno floresceriam. As que dependerem de um clima mais quente (a maioria) perderiam dias e até meses da atividade sazonal.

Tempo mais frio significa o início das secas globais e de pastagens virando desertos, ou seja, menos sustento para o gado. O preço da carne já está subindo e já é esperado que se atinja preços recorde neste verão [N.T.:O verão americano começa agora, quando começa o nosso inverno no Brasil]. O preço do bife hoje em dia está em média US$ 4,81 a libra [N.T.: uma libra é pouco mais de 450 gramas], sendo que a média é US$ 3,51.

Todos esses fatores já são aparentes com o início daquilo que pode ser o início de uma nova tendência de resfriamento global. Sem dúvidas, o impacto do clima na economia não deve ser subestimado. Já existem mais indícios de problemas futuros. Segundo os cientistas do Observatório Pulkovo em São Petersburgo, a "atividade solar está em declínio, então a média de temperatura anual começa a declinar...". Se o resfriamento global é real, haverão sérias consequências: verões mais curtos, secas regionais e geadas que prejudicam plantações. Os mercados sofrerão o impacto conforme os compradores comecem a competir pelos diminutivos estoques de grãos e a instabilidade política tomará conta dos países importadores de alimentos.

Por: JEFFREY NYQUIS Publicado no Financial Sense.

O GOVERNO PERDEU O RUMO

Uma sucessão de más notícias fez o governo perder o rumo. O PIB do primeiro trimestre foi péssimo, mais do que confirmando nossa análise neste espaço ("2013 não começou bem I e II", publicados respectivamente, em 20/01 e 17/02). Ao mesmo tempo, as pesquisas mostraram claramente que a inflação e especialmente o custo da alimentação entraram firme na vida e na preocupação das famílias, algo grave para um governo, antes de tudo, empenhado na reeleição.


Por outro lado, aceleraram-se os sinais de piora do setor externo, tanto na balança comercial como na conta corrente, o que colocou pressão sobre o real, gerando uma forte tendência de desvalorização.

A menor arrecadação, por seu turno, torna o expansionismo fiscal, mais claro e complicado. Finalmente, o Congresso, pelo menos por um momento, recusou-se a aprovar tudo o que o Executivo queria.

Esses eventos aconteceram em /meio a uma cada vez mais clara recuperação da economia global. Os últimos dados dos EUA (incluindo a divulgação de um volume de emprego bastante decente, gerado no mês de maio), do Japão e de vários emergentes reporiam essa visão. A valorização do dólar (que reforça a pressão para o enfraquecimento do real) e a extrema sensibilidade dos mercados a qualquer sinal, vindo do Fed, de mudanças na política: ; monetária são indicativos da aceitação pela maior parte do mercado que a economia americana está da vez mais próxima de uma fase de crescimento, algo que já tratamos por várias vezes.

Resta ainda, é verdade, o receio de que a economia chinesa possa fraquejar, não conseguindo segurar os 7,5% de crescimento do PIB em 2013. Embora esta seja uma possibilidade, não é nosso cenário base. Nele, o rebalanceamento da economia chinesa na direção de ganhos de salário real, do consumo e de mais investimentos em qualidade da água, do ar e da energia alternativa deverão continuar. A proposta de compra da Smithfield (empresa americana líder na produção de suínos) feita pela Shuanghui é um grande indicador da importância de melhorias substanciais na qualidade da alimentação demandada pela população e tão relevante nesta fase do crescimento chinês,

Em resumo, os problemas e o enfraquecimento do crescimento brasileiro não podem ser debitados ao exterior. São produtos de uma estratégia que fracassou, agravando questões que vêm se acumulando.

De fato, após o vale-tudo que foi a campanha de 2010, os excessos econômicos produziram uma piora na situação macroeconômica que se tornou clara, Com pressões inflacionárias e outros desequilíbrios, que levaram a um crescimento modesto em 2011. A estratégia do governo, então, foi de relançar a economia a partir dos estímulos 110 consumo e da tentativa de avançar investimentos a partir da liderança do Estado, incluindo empresas estatais.

Dezesseis pacotes depois e um crescimento pífio em 2012 (0,9%), pode-se dizer que a estratégia fracassou. A demanda de consumo, ao invés de crescer, desacelerou; as exportações enfraqueceram e as importações seguem ocupando espaços cada vez maiores no mercado; o investimento público pouco avançou, os custos subiram muito e os atrasos são recorrentes (a transposição do São Francisco e a ferrovia Transnordestina são os exemplos mais acabados desses atrasos). A Petrobrás tem vivido um momento difícil com a estagnação da produção; a Eletrobrás está com o seu fluxo de caixa totalmente comprometido e não terá como funcionar direito se o Tesouro não a socorrer. Os ditos campeões nacionais não adicionaram nada de relevante para o crescimento. O PIB de 2011-2013 será um pouco maior que 2% e, por melhor, que seja 2014, a média do governo Dilma será da mesma magnitude.

Hoje, certas coisas estão absolutamente claras. Três anos de crescimento próximo de 2% não representam um evento fortuito, mas uma tendência mais estrutural, passado o efeito dos grandes ganhos de preços de commodities.

Em segundo lugar, nosso problema não está na demanda, mas sim, na falta de competitividade da produção nacional. Alterar essa situação vai exigir um programa estruturai de longo folego e duração. Tal programa ainda não existe. Discursos salvacionistas serão solenemente ignorados pelos fatos.

Em terceiro lugar, a situação macroeconômica está desarranjada, a começar pela inflação que se mantém firme no topo da meta. O IPCA de maio mostrou que 230 dos 365 componentes do índice subiram mais que 10% nos últimos doze meses!

Isto levou o Banco Central a elevar os juros e sinalizar que vem mais por aí. Entretanto, ao mesmo tempo, as autoridades permitiram uma nova desvalorização do real, para a faixa de R$ 2,15 por dólar, o que vai pressionar a inflação, pelo menos, via alimentos. De fato, na semana terminada na última quinta-feira, o milho tinha subido 1,9% e a soja 3,8%. Para completar o quadro, o Tesouro resolveu injetar R$ 15 bilhões na infausta Valec (!!!)

A alta de juros e da inflação, a desvalorização do real e a política fiscal expansionista não se casam.

Corremos o risco de acabar por piorar um pouco mais o crescimento, a inflação, o setor externo e a dívida do governo.

Mais uma vez, o ativismo e o movimento estão tentando substituir a reflexão, com baixa taxa de sucesso.
Por: José Roberto Mendonça de Barros O Estadão

domingo, 9 de junho de 2013

"VIDA LOKA"

Atribuir a criminalidade à pobreza é ofender todos os pobres. Ser criminoso é a escolha pessoal e deliberada de uma minoria infame e minúscula. Quem escolhe a “vida loka” (com “k”, mesmo; é assim que eles se identificam) quer lucro rápido, prazer imediato e poder de vida e morte sobre suas vítimas, assumindo o risco – cada vez menor devido à proteção atualmente dada aos criminosos – de ser preso ou de tombar em confronto com concorrentes ou com as forças da lei.


O criminoso é fundamentalmente um predador; como todo predador, sua vítima preferencial é quem é mais fraco que ele. Ora, quem é mais frágil que o pobre, mormente a mulher pobre?

A vítima-padrão do crime é uma mulher honesta, de pele escura, que trabalha em troca de pequeno salário e vive sozinha ou com filhos pequenos. A dissolução das estruturas de família estendida faz com que sua casa, por não ter uma presença masculina, seja percebida pelo jovem predador como um alvo fácil. Ao policial, para ela, cabe cumprir o papel social dos ausentes homens da família. Quando os grupos de “direitos humanos” confundem o predador com a presa e tratam o policial como se fosse ele o criminoso, reiteram e reforçam a vitimização dessa mulher pobre.

A classe média, que – ao contrário da mulher pobre – se faz ouvir pela sociedade, é raramente vitimada pelo crime, em termos proporcionais. São alvos difíceis: têm muros, grades e cercas elétricas, fecham-se nos carros. É ela, no entanto, que repete o discurso que atribui a criminalidade – ops, a “violência” – à pobreza, numa mistura de sentimento de culpa marxista, demonização do outro e busca do bom selvagem. O pobre, para ela, é um desconhecido cuja vida é um mistério. É o porteiro do prédio – tão bonzinho! – ou a empregada, cuja casa ela nunca visitou. A criminalidade é uma ameaça no ar, não a crueldade cotidiana dos pequenos predadores que vitimam os mais pobres.

É essa classe média, ignorante da realidade das periferias, que repete na mídia as inanidades de um discurso político de extrema-esquerda disfarçado de defesa dos direitos humanos. As baixas nos confrontos entre predadores – traficantes ou assaltantes – tornam-se, nesse discurso vil, um “genocídio de jovens pobres”. Ora, quem provoca esse suposto genocídio é quem garante que os criminosos estejam livres, nas ruas, matando um ao outro e vitimando em comum os mais fracos que eles. É quem faz com que a “vida loka” pareça uma escolha audaz e viril, ao demonizar a ação da polícia e romantizar a ação do criminoso.
Por: Carlos Ramalhete, professor. Publicado no jornal Gazeta do Povo.

NEOBUGRES DESCOBREM A AMÉRICA

Desde minha primeira travessia do Atlântico, descobri o fascínio dos europeus pelos bugres nossos. No salão Opala, do finado Eugênio C, encontrei uma francesa que voltava da Amazônia, fascinada. C'est magnifique, me repetia com olhar sonhador. Eu não conseguia entendê-la. Mas na Amazônia só há árvores, índios e bichos - objetei. C'est ça! - me respondeu. Ela, oriunda de um mundo milenar e cosmopolita, queria ver o que ficara à margem da civilização. Eu, que nascera naquelas margens, queria a civilização propriamente dita. 


Mais recentemente, amigos franceses em visita à Amazônia, quiseram conhecer uma tribo próxima a Manaus. Foram conduzidos até lá por um guia, que minutos antes de chegar à aldeia, apitou três vezes. Para os “índios” se vestirem de índios.

A Polícia Federal descobriu um líder indígena do Amazonas, habitué de cerimônias com autoridades como o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e sua sucessora, Dilma Rousseff, não é índio. Para a PF, Paulo José Ribeiro da Silva, 39, o Paulo Apurinã, fraudou o Rani (Registro Administrativo de Nascimento de Índio), RG indígena emitido pela Funai. É o que conta a Folha de São Paulo. 

Até parece novidade. Neste país em que os escândalos andam em cachos, o apurinã é apenas a ponta do iceberg. Depois que terras e cotas foram distribuídas a negros e índios, suas populações cresceram como cogumelos após a chuva. Corrupção no Brasil é meada. Basta puxar um fio e vem o novelo todo junto.

Em 2010, o IBGE registrou o crescimento de 205% na população indígena do país. Para chegar a este número, o Instituto somou aqueles que se autodeclararam indígenas e os que vivem em terras indígenas, que tiveram pergunta à parte. Os índios, hoje, somam oficialmente 896,9 mil pessoas, de 305 etnias, que falam 274 línguas indígenas. Em 1991, os índios somavam 294 mil. O número chegou a 734 mil no Censo de 2000, 150% de aumento na comparação com 1991. Em apenas nove anos, triplicaram suas populações. Nem muçulmano consegue tal taxa de fertilidade na Europa.

Descobriram mais tribos no país? Nada disso. Os índios é que descobriram a América. Ou melhor, os brancos que descobriram que ser índio é melhor. Vamos à notícia. Após um ano e meio de apuração, Paulo Apurinã e sua mãe, Francisca da Silva Filha, 56, foram indiciados sob suspeita de falsificação de documento público.

Entre os indícios de fraude, diz a PF, estão a ausência de dados genealógicos e de estudos antropológicos, além de depoimentos de índios que negaram a origem dos dois. A própria mãe de Silva, em depoimento à PF, disse ter tirado os nomes indígenas dela e do filho - "Ababicareyma" (mulher livre) e "Caiquara" (o amado) - de um dicionário de tupi-guarani. Eles não falam a língua apurinã. A propósito, ouvi recente entrevista do apurinã recém-saído do forno. Usa um “di” carioca demais para um autóctone da Rain Forest.

"Esses documentos foram adquiridos mediante fraude com colaboração de uma funcionária da Funai", afirmou Sérgio Fontes, superintendente da PF no Amazonas, sobre os registros obtidos em 2007. Nem só Paulinho lucrou com a fraude. Com a flamante identidade, sua mãe entrou como cotista no curso de turismo da Universidade Estadual do Amazonas. 

Ora, não é de hoje que a imprensa vem denunciando a fábrica de índios no país. Em maio de 2010, Veja publicou reportagem sobre a nova indústria, com ênfase ao estado do Pará. Em Santarém, tentou-se criar uma etnia indígena, a dos boraris, que viviam em Alter do Chão, a praia mais badalada do Pará. Com pouco mais 200 pessoas, a etnia assimilou a cultura dos brancos de tal forma que desapareceu no século XVIII. "Em 2005, Florêncio Vaz, frade fundador do Grupo Consciência Indígena, persuadiu 47 famílias caboclas a proclamar sua ascendência borari. Frei Florêncio ensinou-lhes costumes e coreografias indígenas", dizia a revista. 

Segundo a reportagem, o auto-intitulado "cacique" Odair José, de 28 anos, reclamou do fato de Veja tê-lo visitado sem anúncio prévio. "A gente se prepara para receber a imprensa", disse. Não houve guia que apitasse antes, como no caso de meus amigos franceses. Seu vizinho Graciano Souza Filho afirma que "ele se pinta e se fantasia de índio para enganar os visitantes". Basílio dos Santos, tio do "cacique", corrobora essa versão: "Não tem índio aqui. Os bisavôs do Odair nasceram em Belém".

A revista destacava ainda que os falsos boraris queriam uma área de 800 quilômetros quadrados para apenas 47 famílias. Bem maior do que o reservatório previsto da hidrelétrica de Belo Monte – hoje sob cerco dos bugres, orientados por funcionários da Funai e religiosos do Cimi - que terá 500 quilômetros quadrados e beneficiará mais de 20 milhões de brasileiros com energia de matriz limpa. Se a reserva dos falsos índios fosse mesmo criada – dizia a Veja - 800 pessoas poderiam perder o emprego nas empresas instaladas na região. 

O novel apurinã flagrado pela PF não é desconhecido dos leitores. Em novembro de 2011, os jornais noticiavam um crime hediondo cometido por Paulinho. Comentei o assunto neste blog.

Por estar carregando um cocar, o pseudobugre foi barrado por um fiscal do Ibama quando tentava entrar na área de embarque do Aeroporto Internacional Eduardo Gomes. Após discutir com policiais federais, ele acabou detido por desacato, algemado e levado à sede da Superintendência da PF Amazonas. Segundo Sebastião Souza, agente ambiental federal do Ibama, o indígena não poderia embarcar levando seu cocar, alegando que ele era feito de penas de animais silvestres e não tinham o “selo” do Ibama. Os jornais falavam então em líder indígena. O Ibama esqueceu de apitar antes da entrada de Paulinho.

Porta-voz do Mirream (Movimento Indígena de Renovação e Reflexão do Amazonas), o Silva da selva ganhou notoriedade em 2009, após liderar invasões de terras públicas para assentar índios sem teto, quando enrolou até mesmo aquele outro Silva, o do planalto. Em outubro de 2011, presenteou Dilma e Lula com cocares - que provavelmente tampouco tinham o selo do Ibama - na inauguração de ponte sobre o rio Negro. 

Mas a cocar dado não se olha o selo. As fotos empenachadas circularam, como símbolo de integração, em todos os jornais. "O meu cocar está com a Dilma", disse o pseudobugre à Folha, nesta semana. Vai mal a Presidência da República, quando seus serviços de informação desconhecem a real identidade dos papagaios de pirata do Planalto.

De lá para cá, a Mulher Livre e o Amado enganaram o país, o presidente do país e a imprensa toda do país. Até nuestros vecinos querem participar da boquinha. Em 2008, Roseli Maria Luiz, coordenadora das Ong Recovê, levantou provas de que paraguaios e bolivianos se passavam por índios e moravam em aldeias da região de fronteira, onde a Funai fazia os famosos estudos antropólogicos que futuramente pode resultar em demarcações.

“São muitas as denúncias que temos de falsos índios que fazem documento no Brasil e recebem benefícios, fruto de nossos impostos”, afirmou Roselina ocasião. “As denúncias são muitas, mas o problema é levantar a documentação”. Em janeiro deste ano, dizia o antropólogo Edward M. Luz, mestre e doutorando pela Universidade de Brasília, ao ser interrogado pelo eventual fim do processo de demarcação das terras indígenas: 

- Boa pergunta. Quem sabe? Como estão as terras indígenas hoje? Quando eu ainda estava na universidade em 1996, já ouvíamos falar que mais de 95% das sociedades e povos indígenas no Brasil já tinham suas terras demarcadas. Na verdade não existe hoje uma sociedade indígena que não tenha uma terra demarcada. Todas as sociedades tem suas terras demarcadas e reconhecidas no Brasil. Existe mais de 600 áreas demarcadas totalizando aproximadamente 14% do território nacional. Quando eu saí da FUNAI em 2008, haviam 250 demandas por novas demarcações de terras indígenas. Em 2009 já eram cerca de 360 demandas, em 2011 foram mais de 450 novos pedidos e suponho que o número atual já ultrapasse 500 novos pedidos. O que isso representa? Se não houve aumento no número de comunidades indígenas o que isso nos revela? 

- Pasmem senhores, o que aumentou foi o número de pessoas se passando por índios, reivindicando terras indígenas. São grupos de movimentos sociais se passando por indígenas. O que está ocorrendo no Brasil é uma desapropriação agrária escondida sob o manto do ressurgimento étnico. É uma reforma agrária às avessas. Só para se ter uma ideia do que estou falando, eu como antropólogo, já vivenciei diversas situações onde supostos indígenas reivindicavam terras. Como já falei, quase 14% do território nacional está demarcado para povos indígenas e, recentemente, uma deputada federal do Amapá subiu à tribuna para dizer que é uma vergonha que este país tenha até hoje demarcado apenas 1/3 das terras indígenas. É só fazer um cálculo simples. Se 1/3 equivale a 14% do território nacional, o pleito pode chegar a pelo menos 42%. Isso mostra que a demanda de interesses desses grupos é absolutamente irreal, absolutamente desproporcional. Não há uma lógica proporcional entre a população brasileira e a população indígena. Mesmo que sejam hoje cerca de 800 mil indígenas existente no Brasil. Um pleito de mais de 40% do território brasileiro em detrimento aos quase 200 milhões de brasileiros. Eu já sabia que o pleito era de aproximadamente 25% do território a ser demarcado como terras indígenas, o que já era absolutamente desproporcional, e veja que agora já se fala em mais de 40%. Por isso não se sabe onde isto irá parar. 

Não vai parar, professor. Assim como o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) transformou o Brasil em um país negro em 2005, jogando negros e mulatos num mesmo saco – isto é, destruindo o mulato, como fizeram os Estados Unidos – em breve a Funai acabará descobrindo que o Brasil é um país índio. 

Assim como os neobichas estão descobrindo o casamento com véu e grinaldas, os neobugres descobriram a América e não irão largar o osso. Por: Janer Cristaldo 

sábado, 8 de junho de 2013

A MALDIÇÃO DOS BOURBONS

Talleyrand (1754-1838), notável político e diplomata francês, reservava um juízo pouco lisonjeiro sobre os Bourbons, ao sentenciar que eles nada esqueciam e nada aprendiam. 


Esse sarcástico juízo é bem apropriado para qualificar alguns episódios recentes da política fiscal brasileira, especialmente quando se considera o preocupante contexto que inclui o recrudescimento da inflação, o modesto desempenho do PIB, a instabilidade dos juros e do câmbio, a abandonada política de austeridade fiscal, a desconfiança recorrente dos investidores e a imprevisibilidade do cenário externo. 

Impressiona muito a abundância de soluções esdrúxulas para velhos problemas – algumas já testadas e reconhecidamente ineficazes. Prevalece nosso histórico pendor por pajelanças e meizinhas.

O desequilíbrio fiscal é enfrentado por patéticas invencionices contábeis, consistindo em aditar receitas fictícias e subtrair despesas reais, na presunção de que todos são ignorantes.

As tentativas de controlar o surto inflacionário reproduzem conhecidas e malsucedidas práticas, desde o intervencionismo voluntarista nos preços administrados e monitorados (energia elétrica, combustíveis, transportes públicos, etc.) até a desoneração tributária pontual, que só torna mais complexo o sistema tributário. Algumas iniciativas, na área fiscal, concorrem para agravar ainda mais esse lamentável quadro.

Ao que parece, continuamos sem entender a natureza da guerra fiscal. Após a estapafúrdia Resolução nº 13 do Senado, concebida para combater especificamente a denominada "guerra dos portos", foi proposto um pacote de medidas, abrangendo uma pífia e temporária alteração na Lei Complementar nº 24, que dispõe sobre a concessão de incentivos fiscais no âmbito do ICMS, uma complexa e insubsistente alteração nas alíquotas interestaduais daquele imposto e a criação de fundos para compensar as perdas dos entes federativos. Esses fundos demandariam, no curso de sua existência, recursos acima de R$ 400 bilhões, com óbvia repercussão sobre a carga tributária. Felizmente, ao menos por ora, interrompeu-se a tramitação do malsinado pacote.

O controle da guerra fiscal deveria pautar-se nos seguintes pressupostos: não se pode retirar dos Estados competência para conceder benefícios fiscais do ICMS com o objetivo 
de reduzir disparidades inter-regionais de renda, desde que observados determinados requisitos; o veículo normativo deveria ser a lei complementar, como prevê a Constituição, e não Resolução do Senado, destinada a estabelecer a partilha horizontal de rendas; deveriam ser fixadas sanções pelo descumprimento das normas, caso contrário serão apenas regras de boas maneiras; a questão deveria ser tratada conjuntamente com outras questões federativas, como dívidas dos estados e municípios perante a União e critérios de distribuição do Fundo de Participação dos Estados (FPE) e dos royalties do petróleo.

Passados mais de três anos após a decisão do STF que considerou inconstitucionais os vigentes critérios de rateio do FPE, o Congresso está prestes a aprovar nova lei complementar dispondo sobre a matéria. A nova lei surpreende ao, de forma oblíqua, prorrogar por dois anos os critérios vigentes. Se se trata de prorrogação, por que a nova lei? Além disso, mantém o que foi tido como inconstitucional pelo STF, em afronta direta 
à decisão daquela Corte. 

O fundamento utilizado para dar sustentação ao projeto de lei complementar é estarrecedor. Argumenta-se que a "prorrogação" dos critérios inconstitucionais dar-se-ia em respeito aos contratos celebrados pelos governos estaduais no âmbito dos planos plurianuais!

Afora isso, a Câmara dos Deputados acaba de aprovar projeto de lei complementar que permitirá a criação de mais de 400 novos municípios e os correspondentes "empregos" de prefeitos, vereadores e assessores.

É assim que cresce a carga tributária. Continua atual a máxima de Nelson Rodrigues: "Subdesenvolvimento não se improvisa; é obra de séculos". Por: Everardo Maciel O Estadão


sexta-feira, 7 de junho de 2013

A ALTA DAS BOLSAS INTERNACIONAIS: RECUPERAÇÃO OU BOLHA?

O Japão virou novamente notícia na semana passada. Desta vez, pela espetacular queda de mais de 7% do índice Nikkei em um único dia. Ainda que expressiva, é praticamente um leve soluço quando observamos a alta de mais de 70% nos últimos 12 meses.

E não é somente a Bolsa nipônica que traça uma trajetória de alta; investidores ao redor do globo vêm testemunhando uma forte subida no preço das ações como há muito tempo não se via.

Em Hong Kong, o índice Hang Seng ainda está longe de voltar ao patamar de 2007, mas está perto de seu maior nível desde o estouro da crise financeira, e apresenta uma alta de 21% no último ano. Ainda na Ásia, o principal índice do mercado bursátil da Índia está prestes a superar o pico histórico de 2007. Na Oceania, o índice S&P ASX, que engloba as ações de empresas australianas, já bateu os 5.000 pontos, o topo máximo dos últimos quatro anos e uma alta de quase 25% em 12 meses.











Fonte: Bloomberg






Bolsa do Japão 

Fonte: Tradingeconomics.com

Enquanto isso, na Europa, o índice DAX, da Alemanha, atingiu a máxima histórica ao superar os 8.500 pontos no dia 22 de maio (veja o gráfico abaixo). Isso representa uma alta de mais de 30% no acumulado dos últimos 12 meses. Nada mal para um país que pouco tem crescido e segue altamente exposto aos países problemáticos da União Europeia.





Fonte: Tradingeconomics.com





E o que dizer do Reino Unido? Os bretões encontram-se em meio uma forte crise, sua economia está estagnada e Estado, quebrado; ainda assim, o FTSE 100 não para de subir. Caso persista a tendência de alta, é possível testemunharmos a maior cotação de sua história, superando o nível de 6.930 pontos alcançados em dezembro de 1999.

Nem mesmo o índice da Bolsa francesa fica para trás; ainda que esteja longe de seu pico histórico, seus ganhos nos últimos 12 meses se aproximam dos 30%. A mesma análise podemos aplicar à Bolsa espanhola, em que o IBEX 35 permanece distante do auge da bolha de 2007, mas ainda assim experimenta uma alta de mais de 30% no último ano. Da mesma forma, as Bolsas austríaca e holandesa estão próximas dos 30% de ganhos anuais.

Na Escandinávia, tanto a Bolsa da Suécia quanto a da Noruega e a da Dinamarca estão bem próximas de bater o nível de 2007. Com relação ao último ano, todas registram altas superiores a 20%.

Antes de partirmos para o outro lado do Atlântico, não podemos deixar de destacar o mercado bursátil suíço. Desde maio de 2012, o índice SMI persegue uma trajetória ascendente que parece não ter fim, registrando aproximadamente 40% de crescimento. Não tardará muito para que o recorde histórico de 2007 seja quebrado.







Fonte: Bloomberg





Falando em quebra de recordes, é na América onde as Bolsas recompensam os investidores que apostaram nesse mercado nos últimos meses. Já é notório o mais alto patamar de toda a história de ambos os índices Dow Jones e S&P 500. A Bolsa da Nasdaq, entretanto, ainda não chegou lá, mas trilha o mesmo caminho, superando a marca de 20% de ganho anual e atingindo a maior cotação desde o estouro da bolha da internet, em 2000. Enquanto isso, com a exceção da Argentina, a América Latina parece ser o patinho feio das Bolsas globais no último ano.











Fonte: Bloomberg

Em face da realidade dos mercados de ações internacional, poderíamos concluir que estamos diante de uma forte recuperação econômica ou seria apenas mais um episódio de bolha especulativa inflada pelos bancos centrais?

Com parco crescimento econômico no mundo desenvolvido, elevados índices de desemprego e finanças públicas em desequilíbrio, resta claro que a alta das ações é fortemente influenciada pelas políticas monetárias expansionistas dos principais bancos centrais ao redor do mundo.

O grande experimento dos Ph.D.s no comando dos bancos centrais de países desenvolvidos tem inflado os ativos financeiros nos quatro cantos do planeta. E ainda que as commodities estejam em baixa, outros ativos reais também têm sofrido forte influência da elevada liquidez global, como é o caso do mercado imobiliário em diversos países da Europa (Suíça e países escandinavos), Canadá, Austrália e, até certo ponto, o próprio mercado americano.

Nesse ínterim, os índices (e as expectativas) de inflação de preços ao consumidor não acendem a luz vermelha. Pelo contrário, tranquilizam os banqueiros centrais de que suas políticas extraordinárias não têm repercussões negativas neste momento, nem em um longo horizonte de tempo. Qualquer semelhança com a "grande moderação" da década passada não é mera coincidência. Não é preciso lembrar o resultado não intencionado que o excesso de liquidez teve em um passado nada distante.

E quando esse grande experimento vai cessar? Difícil dizer. O Federal Reserve dá sinais altamente ambíguos. Ao passo que suas compras de Treasurys e ativos imobiliários seguem intactas – expandindo o balanço do Fed em cerca de US$ 40 bi a cada mês –, o FOMC alerta que elas podem diminuir, ou até mesmo aumentar, em um futuro próximo. Quando? Dependerá dos dados macroeconômicos.

Na Europa, o Banco Central Europeu tem, surpreendentemente, reduzido seu balanço. Mas esse não é o caso do Banco da Inglaterra, muito menos do Banco Nacional da Suíça (BNS). Este, por sinal, tem levado a cabo uma das maiores expansões monetárias do mundo desenvolvido. Historicamente tido como benchmark de retidão monetária, o BNS duplicou o seu balanço nos últimos dois anos a fim de sustentar o piso de 1,20 franco para cada euro. E como se não fosse suficiente, seu presidente, Thomas Jordan, tem dito à imprensa que tal piso pode até ser elevado.

Para completar a festa, o Banco do Japão parece estar realmente determinado a levar sua nova política, Abenomics, até as últimas consequências. Em síntese, os banqueiros centrais devem continuar inflando os ativos financeiros ao redor do globo.

Como o investidor deve navegar nessa tormenta é tarefa extremamente complexa. Ainda que se possa especular e registrar ganhos espetaculares na Bolsa no curto prazo, é preciso cautela. O tombo é sempre mais rápido que a escalada.

Artigo originalmente publicado em O Ponto Base

Fernando Ulrich formado em administração de empresas pela PUC-RS, concluiu em julho de 2010 o programa de mestrado em economia austríaca comandado por Jesús Huerta de Soto em Madri, Espanha. Atualmente trabalha no mercado financeiro. É colunista do site O Ponto Base.

quinta-feira, 6 de junho de 2013

LIBERTÁRIOS, MAQUIAVEL E O PODER DO ESTADO

À medida que o movimento libertário e as ideias associadas a ele vão ganhando maior proeminência ao redor do mundo, o surgimento de ataques, calúnias e caricaturas passa a ser inevitável. Libertários, dizem nossos críticos, são antissociais e preferem o isolamento à interação com terceiros. São gananciosos e indiferentes para com os pobres. São ingênuos quanto a terroristas e inimigos externos, e se recusam a apoiar invasões de "países perigosos" (e a subsequente chacina de populações inocentes).

Estas caricaturas e concepções errôneas podem ser refutadas pela simples definição do próprio conceito de libertarianismo. Todo o ideal libertário se baseia em um princípio moral fundamental: a não-agressão de inocentes. Ninguém deve iniciar força física contra um inocente. Muito radical.

É óbvio que, não apenas não há nada de antissocial nesta ideia, como também ela representa a própria negaçãode tudo o que é antissocial, pois a interação pacífica é justamente o cerne de uma sociedade civilizada.

À primeira vista, praticamente ninguém pode se opor ao princípio da não-agressão. São poucas as pessoas que abertamente defendem atos de agressão contra pessoas pacíficas e inocentes. A diferença é que os libertários são francos e eloquentes quanto a isso, e aplicam este princípio em todas as esferas da vida, para todas as pessoas. Nossa visão vai muito além de meramente sugerir que o estado não pode incorrer em violações grosseiras das leis morais. Nós afirmamos que o estado não pode efetuar nenhum ato que seria proibido a qualquer indivíduo. Não há meio termo para as normas morais: ou elas existem ou não existem.

Exatamente por isso não podemos defender o sequestro estatal apenas porque o governo rotula esta prática de "alistamento militar obrigatório". Não podemos defender o encarceramento de pessoas que ingeriram as substâncias erradas apenas porque o governo rotula esta prática de "guerra contra as drogas". Não podemos defender o roubo e a espoliação apenas porque o governo rotula esta prática de "tributação". Não podemos defender homicídios em massa só porque o governo rotula esta prática de "política externa". Não podemos defender privilégios para grandes empresas só porque o governo rotula esta prática de "políticas de proteção à indústria". Não podemos defender a destruição do poder de compra da moeda só porque o estado rotula esta prática de "política monetária". Não podemos defender restrições à liberdade de empreendimento só porque o governo rotula esta prática de "regulamentação". E não podemos defender o parasitismo só porque o governo rotula esta prática de "políticas de bem-estar social".

Murray Rothbard, que era Ph.D. pela Universidade de Columbia, NY, dizia que você pode descobrir qual é a posição libertária a respeito de qualquer questão ao simplesmente imaginar uma quadrilha de criminosos efetuando a ação analisada.

Em outras palavras, o libertarianismo pega certos critérios morais e políticos que são defendidos por todas as pessoas decentes, e simplesmente os aplica de forma consistente e inflexível.

Por exemplo, as pessoas se opõem a monopólios porque temem o aumento de preços, a redução na qualidade dos produtos e serviços, e toda a centralização de poder decorrentes deste arranjo. O libertário apenas aplica esta preocupação em relação a monopólios ao próprio estado. Afinal, empresas privadas operando no mercado — um arranjo que supostamente devemos temer — não podem simplesmente sair cobrando o quanto quiserem por bens e serviços. Os consumidores podem simplesmente trocar de ofertante, ou deixar de usar um determinado produto e passar a usar um substituto mais próximo. Da mesma maneira, empresas não podem reduzir a qualidade de seus produtos sem perder consumidores, os quais poderão encontrar concorrentes ofertando bens e serviços mais satisfatórios.

Já o estado pode, por definição, cobrar do público o quanto ele quiser pelos "serviços" que ele oferta. Os cidadãos — os súditos do estado — têm de aceitar qualquer nível de qualidade que o estado se digne a ofertar. E jamais pode existir, por definição, qualquer concorrente ao estado, uma vez que o estado é definido como o detentor do monopólio da compulsão e da coerção em seu território.

Com suas guerras, seus genocídios, suas atrocidades totalitárias e toda a miséria criada por suas políticas intervencionistas, o estado já demonstrou ser, de longe, a mais letal instituição da história. Seus crimes menores incluem todo o seu endividamento, cujo pagamento dos juros ele impôs à população; as burocracias que se auto-perpetuam e se alimentam da fatia produtiva da população; e todo o desperdício de recursos escassos — os quais poderiam ter sido utilizados para melhorar o padrão de vida da população por meio da formação de capital — em obras e projetos arbitrários e de motivação política.

No entanto, o estado, apesar de todos os seus fracassos, consistentemente usufrui aquele benefício da dúvida que ninguém concederia a pessoas e empresas no setor privado. Por exemplo, a educação estatal produziu resultados que, na mais complacente das hipóteses, podem ser classificados de deploráveis, não obstante o crescente volume de dinheiro direcionado para este setor. Houvesse o setor privado gerado um desastre semelhante, a gritaria e as denúncias contra "os empresários ricos que estão tornando nossas crianças ignorantes" jamais acabariam. Porém, quando é o setor público quem gera resultados medonhos, tudo o que ouvimos é o silêncio. E o silêncio só é interrompido pelas demandas de que os pagadores de impostos deem ainda mais dinheiro e recursos para o estado. Se uma empresa privada fracassa, ela vai à falência. Se o estado fracassa, ele pede (e ganha) mais dinheiro.

Se uma empresa privada comete um erro grave, o mundo vem abaixo. Investigações aprofundadas, reportagens histéricas da mídia e indignações públicas parecem não ter fim. Já quando o estado faz lambança, não há absolutamente nenhum interesse na história, e quase ninguém ouve nada a respeito.

Da mesma forma, quando os tribunais estatais obrigam pessoas inocentes a ter de tolerar atrasos intermináveis e a arcar com gastos infindáveis, não há investigações, não há denúncias e não há apelos por justiça. Quando os ricos e famosos são obviamente favorecidos pelo sistema, as pessoas resignadamente aceitam o fato como corriqueiro, uma inevitabilidade. Enquanto isso, empresas de arbitragem privada, rápidas e eficientes, prosperam na surdina, silenciosamente preenchendo o vazio criado pelo péssimo sistema estatal — e dificilmente alguém nota ou se importa, muito menos aprecia estas melhoras geradas em nosso bem-estar.

Quando o estado fracassa abjetamente em cumprir com a mais mínima qualidade aceitável algum serviço que ele se propôs a fazer — como a segurança —, as pessoas veem isso como algo rotineiro. Se pessoas morrem em decorrência da falta de segurança — inclusive na área de infraestrutura — gerada pelo estado, são apenas coisas da vida. Mas quando uma empresa privada oferece um serviço que deixa a desejar, todos os tipos de impropérios e ameaças judiciais são proferidos por seus desapontados clientes.

No fundo, esta assombrosa diferença entre os padrões morais e éticos exigidos do estado e do setor privado tem suas raízes não apenas nos homens que compõem o aparato estatal, mas também naqueles que lhes dão sustentação intelectual e ideológica.

Os moralistas romanos da antiguidade, e os humanistas da Renascença que vieram depois, preconizavam abertamente que os governantes tinham de possuir um arranjo especial de virtudes morais. Tais virtudes eram, acima de tudo, as quatro virtudes cardinais (cardinal vem do latim e significa "essencial"; logo, todas as outras virtudes dependiam destas quatro): coragem, justiça, temperança e sabedoria. Embora todos os homens fossem exortados a cultivar estas virtudes, os príncipes, em particular, deveriam ir além e apresentar outras mais, como nobreza e generosidade. Estes temas foram desenvolvidos por Cícero em seu ensaio De Officiis e por Sêneca em seus ensaios Sobre a Clemência e Sobre Benefícios.

Os humanistas anteciparam a tese que futuramente viria a ser defendida por Maquiavel: a de que tem de haver uma divisão entre, de um lado, a moralidade e, do outro, qualquer postura e atitude que seja conveniente para o príncipe. Os humanistas responderam a esta tese alertando que, mesmo que a perversidade principesca não fosse punida em vida, a punição divina na próxima vida seria certa e cruel.

O que fez com que Maquiavel se destacasse tão incisivamente foi o seu radical rompimento com esta visão tradicional das obrigações morais do príncipe. Como afirmou Quentin Skinner, o grande estudioso de Maquiavel, "É só quando analisamos detidamente O Príncipe que descobrimos como estes tradicionais aspectos da moralidade humanista foram violentamente subvertidos".

O príncipe, diz Maquiavel, tem sempre de "estar preparado para agir imoralmente sempre que for necessário". E "para manter seu poder", ele — não apenas algumas vezes, mas sim frequentemente — será obrigado a "agir traiçoeiramente, cruelmente e impiedosamente".

Dado que a maioria das pessoas jamais irá interagir pessoalmente com o príncipe, Maquiavel forneceu o seguinte conselho ao governante: "Todo mundo vê aquilo que você aparenta ser", mas "poucos sabem diretamente quem você realmente é". "Um habilidoso enganador", continuou Maquiavel, "sempre encontrará uma multidão de pessoas que se deixarão ser enganadas". 

Já dá para imaginar que tipo de pessoa o príncipe será.

A visão de Maquiavel frequentemente é resumida como "os fins justificam os meios". Embora tal destilação não capture todos os aspectos do pensamento de Maquiavel, é fato que esta concisa descrição irrita os professores de teoria política. Ademais, se o fim em questão é a preservação do poder do príncipe, então "os fins justificam os meios" não é uma caracterização injusta do conselho de Maquiavel.

E é exatamente a este princípio que o estado e seus ideólogos recorrem para justificar seu não cumprimento de todas aquelas práticas que as pessoas decentes consideram morais e boas. Friedrich Hayek certa vez escreveu que,



Na ética individualista, o princípio de que o fim justifica os meios é considerado a negação de toda a moral. Na ética coletivista, ele se torna a regra suprema; não há literalmente nada que o coletivista coerente não deva estar pronto para fazer, desde que contribua para o "bem da comunidade", porque o "bem da comunidade" é para ele o único critério que justifica a ação. A ética coletivista não conhece outros limites que não os da conveniência — a adequação do ato particular ao objetivo que se tem em vista.

Praticamente todas as pessoas hoje aceitam, ao menos implicitamente, a alegação de que o estado opera em uma dimensão moral paralela, na qual as regras morais tradicionais não são aplicáveis. Outros vão além e afirmam que o estado está acima da moralidade que conhecemos. Mesmo que tais pessoas não utilizem as formulações verbais de Maquiavel, de alguma forma elas creem ser desarrazoado exigir que o estado e seus funcionários se comportem da mesma maneira que o resto de nós. O estado pode se defender e se preservar recorrendo a métodos que nenhuma empresa privada, nenhuma organização, nenhuma família e nenhum indivíduo poderiam utilizar para sua própria preservação. E aceitamos isso como algo normal.

Esta é simplesmente uma formulação mais geral do fenômeno descrito anteriormente, que diz que poucas pessoas se espantam quando o estado incorre em um comportamento que seria considerado uma monstruosidade moral caso fosse efetuado por qualquer indivíduo ou entidade.

Por fim, algumas pessoas poderão discordar e contra-argumentar dizendo que o aparato coercivo do estado é essencial para manter a ordem na sociedade, de modo que não podemos insistir fortemente no purismo libertário ao analisarmos seu comportamento. Afinal, algumas vezes o estado tem de fazer aquilo que ele tem de fazer.

Só que absolutamente todos os "serviços" que estado fornece já foram no passado ofertados de maneira não-coerciva. A questão é que nós simplesmente não somos estimulados a estudar e a aprender esta história, e a estrutura de ensino que involuntariamente adotamos desde os nossos primeiros dias na escola tornou nossa imaginação estreita e tacanha demais para conceber essa possibilidade.

Maquiavel lançou uma revolução em prol do estado. A nossa revolução é contra, mas sempre a favor da paz, da liberdade e da prosperidade.

Lew Rockwell é o presidente do Ludwig von Mises Institute, em Auburn, Alabama, editor do website LewRockwell.com, e autor dos livros Speaking of Liberty e The Left, the Right, and the State


Tradução de Leandro Roque