quarta-feira, 23 de setembro de 2015

ESPERANÇAS PERDIDAS

É impressionante. O mundo está caindo para o PT e seus amigos, alguns de seus mais importantes membros na cadeia, um escândalo estourando a cada dia, a economia à deriva, promessas de campanha sendo descumpridas a cada segundo, a incompetência explícita a cada ato… é o caos. E muitos LGPTs, ou Leais Guerreiros do Partido dos Trabalhadores, estão pulando fora do barco. Mas há aqueles que insistem em se manter na defesa do indefensável.


As mídias sociais estão infestadas deles. Eu mesmo tenho em minha página no Facebook alguns petistas de estimação que cumprem o precioso papel didático de explicitar as artimanhas da esquerda para praticar seus duplos saltos carpados retóricos, invertendo sentidos, assumindo-se vítimas e justificando crimes com base em crimes anteriores. É até cansativo. Alguns são pessoas inteligentes, articuladas, o que torna ainda mais incompreensível a insistência em justificar o injustificável.

Tentando encontrar uma explicação para essa espécie de psicose, recorri ao trabalho de Elisabeth Kluber-Ross, psiquiatra suíça-americana que estudou o comportamento das pessoas próximas de situações de morte. Elisabeth escreveu um livro famoso chamado Sobre a Morte e o Morrer, no qual apresentou sua teoria sobre os cinco estágios do luto.

Elisabeth explica como as pessoas lidam com as perdas e seu trabalho serve para entender o que acontece com muita gente que acreditou em promessas de políticos e agora se vê diante do esfacelamento dos sonhos, das esperanças perdidas.

Vamos aos cinco estágios:

Fase 1: Negação. A pessoa nega a existência do problema, não acredita nas informações que recebe e busca a todo instante argumentos para provar que a informação não é real. Não adianta mostrar provas irrefutáveis, ela simplesmente não acredita, evita as informações ou até mesmo a falar sobre o assunto. O mote é “Não é possível! Isso não pode estar acontecendo!”

Fase 2: Raiva. A pessoa fica revoltada e manifesta um profundo ressentimento. Projetando sua raiva em terceiros, perde a cabeça ao falar do assunto, se faz de vítima, se diz injustiçada, recusa-se a ouvir conselhos. Ou simplesmente agride o mensageiro das ” más notícias”. O mote é : “Não é justo! Por que só comigo?”

Fase 3: Negociação. A pessoa tenta negociar algum acordo para que as coisas voltem a ser como antes. Normalmente é uma negociação interna, não raro envolvendo aspectos de fé e religiosidade, com promessas e pactos. O mote é: “Vou pensar no lado positivo, nas coisas boas, assim o assunto se resolve.”

Fase 4: Depressão. É quando, diante da absoluta impossibilidade de negar o óbvio, bate o sofrimento, a tristeza, a desolação, o medo. O indivíduo se recolhe, tenta permanecer isolado, em introspecção, sente-se incapaz de lidar com a situação. O mote é: “Nada mais dará certo, não há porque tentar reagir.”

Fase 5: Aceitação. Pronto. Com as emoções não mais à flor da pele, a pessoa se vê em condições de enfrentar o problema, busca ajuda de terceiros e planeja para enfrentar a crise. O mote pode ser: “Aprendi a lição, acho que posso superar isso.”

O processo dos cinco estágios do luto pode ser aplicado aos viúvos e viúvas daquele PT (e afiliados) que prometia o céu, se dizia diferente de todos e agora faz de tudo para se mostrar igual a todos.

Sabe aquele seu amigo nervoso? Ou amiga nervosa? Aplique os cinco estágios do luto nele ou nela. Você vai compreender em que estágio a pessoa se encontra e talvez possa ajudá-la a enfrentar as próximas notícias que vêm por aí. Afinal, são seres humanos e ninguém merece sofrer assim.

Mas fique esperto. Esse processo não é linear, a pessoa pode passar por uma fase e retornar à ela, ou simplesmente permanecer estagnada.

Conheço vários que jamais chegarão à fase da aceitação.
Por: Luciano Pires - 10/09/2015 Do site: http://www.portalcafebrasil.com.br


terça-feira, 22 de setembro de 2015

RESPOSTAS À ALTURA DA CRISE

Com frequência se diz por aí que nunca se viu situação econômica tão ruim quanto a atual. Discordo. Entre 1982 e 1993, a “década perdida” do caos da hiperinflação e da moratória externa, o Brasil amargou queda na renda por pessoa de cerca de 1% ao ano!


Mas o Brasil vive hoje, sim, uma crise grave, que escancara as consequências do modelo político e econômico atual.

Esse modelo se caracteriza pela captura, pelo agigantamento, pela incompetência e falência do Estado. Captura por interesses partidários e privados, que sem nenhum escrúpulo montaram não um, mas dois enormes esquemas de corrupção voltados para sua preservação no poder e enriquecimento pessoal. Agigantamento porque o gasto público se aproxima de 40% do PIB, um número elevado, especialmente para um país de renda média. Incompetência, por não entregar os serviços de qualidade que a sociedade demanda, apesar dos recursos despendidos. E falência pela perda da disciplina fiscal, fator que pesou na recente perda do grau de investimento, com destaque para a admissão pelo próprio governo de sua incapacidade de manter um superávit primário capaz de evitar a explosão da dívida pública.
Esta crise requer tratamento proporcional ao seu tamanho

Estamos em maus lençóis, pois não há na História caso de país que se tenha desenvolvido plenamente sem um Estado decente, eficaz e solvente.

Outras características do atual modelo econômico incluem elevado grau de dirigismo, claro desprezo pela eficiência em geral, e pelo mercado em particular, relativo isolamento do mundo, má alocação do capital (em boa parte feita pelos bancos públicos), políticas setoriais mal desenhadas, um sistema tributário complexo, que distorce e encarece a atividade empresarial, e um aparato regulatório desprestigiado e em alguns casos mal tripulado. Não surpreendentemente, a produtividade da economia vem sofrendo bastante.

As consequências disso tudo, em boa parte previsíveis, estão aí, visíveis a olho nu: juros estratosféricos, incerteza elevada, baixo investimento (especialmente em infraestrutura), profunda recessão e, o que é pior, uma economia incapaz de crescer. Os impactos sociais já se fazem sentir e tendem a se agravar. A esta altura não se pode descartar a hipótese de que o segundo mandato da presidente Dilma Rousseff seja o início de uma nova década perdida.

Esta crise requer tratamento proporcional ao seu tamanho. Isso não tem sido possível em razão de barreiras ideológicas e de incompetência, além das naturais dificuldades de um governo corrigir algo feito por si mesmo, e da crise política, que deve perdurar.

Não surpreende, portanto, que a atual resposta à crise não venha obtendo bons resultados, limitando-se, na prática, a alguma austeridade fiscal, ao aperto monetário (posto que a inflação está há tempo bem acima da meta), à liberação de preços e ao anúncio de algumas boas reformas, no geral não implantadas. Ao mesmo tempo, medidas irresponsáveis do ponto de vista fiscal vêm sendo aprovadas, como o Plano Nacional de Educação (tema crucial, solução inadequada) e a revogação do fator previdenciário. Ademais, a queda nos preços das exportações e as paralisantes implicações de curto prazo da mais do que bem-vinda Lava Jato agravam ainda mais o quadro.

Com o intuito de ajudar a mapear os desafios no campo econômico, e sem ilusões quanto à superior importância da política em fazer as opções certas e conduzir o processo, listo abaixo dois conjuntos de respostas à crise. Se posto em prática, o primeiro sinalizaria o entendimento do Executivo e do Legislativo quanto à gravidade da situação. O segundo lista algumas questões mais fundamentais para que o Brasil volte a crescer e se desenvolver. As dificuldades de se efetuar um ajuste fiscal rápido são bem conhecidas: recessão, rigidez do gasto e a já elevada carga tributária.

Acredito que uma forma de ganhar tempo e afetar positivamente as expectativas seria compensar um inevitável gradualismo no ajuste com medidas que afetem positivamente a solvência do país no longo prazo. Outro campo fértil é o lado da produtividade, de natureza mais microeconômica, que merece bem mais espaço do que tenho aqui hoje.

Medidas emergenciais:

– Metas de saldo primário de 1%, 2% e 3% do PIB para os próximos três anos, baseadas em premissas realistas e em receitas recorrentes (as metas atuais não estão sendo cumpridas e de qualquer forma são insuficientes).

– Aprovação da idade mínima de 65 anos para a aposentadoria de homens e mulheres (para gerações futuras) e reaprovação do fator previdenciário.

-Desvinculação do piso da Previdência do salário mínimo (a vinculação é cara e regressiva).

– Introdução de um limite para a dívida bruta do governo federal como proporção do PIB.

-Reforma do PIS/Cofins e do ICMS já proposta, acrescida da unificação e simplificação das regras do ICMS (por muitas razões, inclusive a integração interna do país).

– Mudança das regras trabalhistas também na mesa (em que o negociado se sobrepõe à lei).

– Aumento da integração do Brasil ao mundo (um primeiro passo seria transformar o Mercosul em zona de livre-comércio).

Sem algo nessa linha a crise deve se aprofundar e alongar.

Medidas mais fundamentais relativas ao Estado:

-Discussão sobre o tamanho e as prioridades do Estado (requer limite ao crescimento do gasto, o que, por sua vez, demanda as reformas abaixo).

-Fim de todas as vinculações e adoção de um Orçamento base zero (sem prejuízo de espaços plurianuais, nunca permanentes).

– Meritocracia e a boa gestão no setor público.

-Revisão da cobertura da estabilidade do emprego no setor público.

-Revisão do capítulo econômico da Constituição (adotar a economia de mercado. Qualquer interferência do Estado deverá ser justificada e seus resultados posteriormente avaliados).

Sem algo nessa linha o Brasil dificilmente se desenvolverá plenamente.
Por: Armínio Fraga Fonte: O Estado de S. Paulo, 13/9/2015

COQUETEL DE FORMICIDA

Este país, a cada dia que passa, vai se tornando um competidor favorito na disputa do Campeonato Mundial das Discussões sem Pé nem Cabeça. A contribuição mais recente das nossas altas autoridades para esse novo título nacional é o palavrório enfezado, tolo e pretensioso que se armou em torno da seguinte questão: a campanha pela reeleição da presidente Dilma Rousseff foi feita dentro ou fora da lei? A resposta, pelo jeito que tomaram as coisas até agora, é que não pode haver resposta, pois não vale fazer a pergunta.


Segundo o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, o homem que deveria procurar saber se aconteceu ou não aconteceu algo de errado na história, “não interessa à sociedade” discutir essas “controvérsias”; é inconveniente, a seu ver, que a Justiça se meta nisso, pois a eleição já foi, os vencedores devem “usufruir as prerrogativas de seus cargos” e os derrotados devem se preparar para a próxima. Não será possível, assim, saber se houve ou não houve algum crime ─ pela vontade da Procuradoria, não deve haver investigação, sem investigação não há prova e, sem prova, ninguém pode dizer que houve crime.

O passado passou. Ficam arquivadas as dúvidas. É melhor não fazer perguntas, pois há o risco de se encontrar respostas. A campanha para a reeleição de Dilma Rousseff e do seu entorno é uma viagem completa no trem fantasma da política brasileira. Apareceram a empregada doméstica que, pela contabilidade oficial, recebeu 1,6 milhão, mas não sabe que recebeu, o motorista que é sócio de empresa prestadora de serviços à candidatura oficial, o pobre-­diabo que é promovido a empresário para passar notas fiscais com temperatura de 10 graus abaixo de zero. Há uma indústria gráfica que recebe mais de 20 milhões de reais da campanha, mas não tem máquinas gráficas, nem funcionários, nem sede social.

Há de tudo ─ e ao mesmo tempo não há nada, pois, sem uma decisão judicial, os fatos que ocorreram não produzem efeito algum. Por via de consequência, como diria o doutor Aureliano Chaves, não se pode dizer que a presidente é culpada e não se pode dizer que é inocente; ficamos apenas com uma discussão de hospício. Já seria bem ruim se a questão ficasse só nesse porre mental, mas é pior. Antes e além da rixa entre a PGR e a Justiça Eleitoral, o que existe aqui é um caso para a vara de falências do mundo moral.

É bem simples. Todos falam, falam e falam, e ninguém toca no ponto de onde realmente vem o curto-circuito: como pode haver limpeza numa campanha presidencial que recebe contribuições oficiais, contabilizadas e pagas em moeda corrente, de empreiteiras de obras públicas, fornecedores do governo e toda a tropa de empresas que dependem de licenças, autorizações ou favores governamentais para sobreviver? Dá para levar a sério, sinceramente, o argumento mais sagrado de todos os candidatos a algum cargo eleitoral quando lhes perguntam quem financiou sua campanha? “Ah, bom, a doação que recebemos foi perfeitamente legal”, dizem eles. “Está tudo declarado, direitinho. A lei permite. Qual é o problema?”

O problema é que a contribuição legal é feita basicamente com dinheiro ilegal. Em português claro: dinheiro que vem da corrupção. Esqueçam-se a empregada, o motorista, a gráfica etc. A flor do mal está na origem contaminada das doações ─ se elas são fruto do crime, a coisa toda vai para o diabo. Eis aí o verdadeiro coquetel de formicida que envenena as eleições brasileiras. No caso da eleição presidencial de 2014, a campanha de Dilma Rousseff recebeu dinheiro de empresas dirigidas por criminosos processados e condenados por corrupção ativa na 13ª Vara da Justiça Federal em Curitiba. Não há mais nada a provar quanto a isso: o processo tem 28 réus confessos, a maioria deles ligada a empreiteiras de obras públicas que declararam ter feito doações à candidata oficial.

Só uma delas, a Camargo Corrêa, vai devolver 700 milhões de reais ao Erário, após reconhecer que ganhou ilicitamente essa importância, pelo menos, em seus contratos com o governo. Será que Dilma não sabia nada sobre a origem dos 350 milhões de reais que gastou para se reeleger? Levou um susto quando soube? Nunca ouviu falar em empresas que roubam do governo e fazem contribuições de campanha? Naturalmente, não é só o PT que age assim ─ todos os seus adversários se servem dessa mesma rapadura. Mas os adversários não foram eleitos para a Presidência da República em 2014 ─ o problema concreto é de quem está sentado, hoje, num cargo ganho com a ajuda de dinheiro que veio do crime.
Por: J.R. GUZZO   Publicado na versão impressa de VEJA


segunda-feira, 21 de setembro de 2015

TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO

Ex-espião da União Soviética: Nós criamos a Teologia da Libertação

Ion Mihai Pacepa no iate de Raúl Castro em Cuba (1974) / Foto: Cortesia de Ion Mihai Pacepa

REDAÇÃO CENTRAL, 11 Mai. 15 / 12:06 pm (ACI).- Ion Mihai Pacepa foi general da polícia secreta da Romênia comunista antes de pedir demissão do seu cargo e fugir para os EUA no fim da década de 70. Considerado um dos maiores “detratores” de Moscou, Pacepa concedeu entrevista a ACI Digital e revelou a conexão entre a União Soviética e a Teologia da Libertação na América Latina. A seguir, os principais trechos da sua entrevista:

Em geral, você poderia dizer que a expansão da Teologia da Libertação teve algum tipo de conexão com a União Soviética?

Sim. Soube que a KGB teve uma relação com a Teologia da Libertação através do general soviético Aleksandr Sakharovsky, chefe do serviço de inteligência estrangeiro (razvedka) da Romênia comunista, que foi conselheiro e meu chefe até 1956, quando foi nomeado chefe do serviço de espionagem soviética, o PGU1; Ele manteve o cargo durante 15 anos, um recorde sem precedentes.

Em 26 de outubro de 1959, Sakharovsky e seu novo chefe, Nikita Khrushchev, chegaram à Romênia para as chamadas “férias de seis dias de Khrushchev”. Ele nunca tinha tomado um período tão longo de férias no exterior, nem foi sua estadia na Romênia realmente umas férias.

Khrushchev queria ser reconhecido na história como o líder soviético que exportou o comunismo à América Central e à América do Sul. A Romênia era o único país latino no bloco soviético e Khrushchev queria envolver os “líderes latinos” na sua nova guerra de “libertação”.

Eu me investiguei sobre Sakharovsky, vi os seus escritos, mas não pude encontrar nenhuma informação relevante sobre sua figura. Por que?

Sakharovsky era uma imagem soviética dos anos quentes da Guerra Fria, quando os membros dos governos britânico e israelense ainda não conheciam a identidade dos líderes do Mossad e do MI-6. Mas, Sakharovsky desempenhou um papel extremamente importante na construção da história da Guerra Fria. Ele ocasionou a exportação do comunismo a Cuba (1958-1961); ele manipulou de maneira perversa a crise de Berlim (1958-1961) criou o Muro de Berlim; a crise dos mísseis cubanos (1962) e colocou o mundo na beira de uma guerra nuclear.

A Teologia da Libertação foi de alguma maneira um movimento ‘criado’ pela KGB de Sakharovsky ou foi um movimento existente que foi exacerbado pela URSS?

O movimento nasceu na KGB e teve um nome inventado pela KGB: Teologia da Libertação. Durante esses anos, a KGB teve uma tendência pelos movimentos de “Libertação”. O Exército de Libertação Nacional da Colômbia (FARC –sic–), criado pela KGB com a ajuda de Fidel Castro; o Exército de Libertação Nacional da Bolívia, criado pela KGB com o apoio de “Che” Guevara; e a Organização para Libertação da Palestina (OLP), criado pela KGB com ajuda de Yasser Arafat, são somente alguns movimentos de “Libertação” nascidos em Lubyanka – lugar dos quartéis-generais da KGB.

O nascimento da Teologia da Libertação em 1960 foi a tentativa de um grande e secreto “Programa de desinformação” (Party-State Dezinformatsiya Program), aprovado por Aleksandr Shelepin, presidente da KGB, e pelo membro do Politburo, Aleksey Kirichenko, que organizou as políticas internacionais do Partido Comunista.

Este programa demandou que a KGB guardasse um controle secreto sobre o Conselho Mundial das Igrejas (CMI), com sede em Genebra (Suíça), e o utilizasse como uma desculpa para transformar a Teologia da Libertação numa ferramenta revolucionária na América do Sul. O CMI foi a maior organização internacional de fiéis depois do Vaticano, representando 550 milhões de cristãos de várias denominações em 120 países.

O nascimento de um novo movimento religioso é um evento histórico. Como foi construído este novo movimento religioso?

A KGB começou construindo uma organização religiosa internacional intermédia chamada “Conferência Cristã pela Paz”, cujo quartel general estava em Praga. Sua principal tarefa era levar a Teologia da Libertação ao mundo real. A nova Conferência Cristã pela Paz foi dirigida pela KGB e estava subordinada ao respeitável Conselho Mundial da Paz, outra criação da KGB, fundada em 1949, com seu quartel geral também em Praga.

Durante meus anos como líder da comunidade de inteligência do bloco soviético, dirigi as operações romenas do Conselho Mundial da Paz (CMP). Era estritamente KGB. A maioria dos empregados do CMP eram oficiais de inteligência soviéticos acobertados. Suas duas publicações em francês, “Nouvelles perspectives” e “Courier da Paix”, estavam também dirigidas pelos membros infiltrados da KGB –e da romena DIE2–. Inclusive o dinheiro para o orçamento da CMP chegava de Moscou, entregue pela KGB em dólares, em dinheiro lavado para ocultar sua origem soviética. Em 1989, quando a URSS estava à beira do colapso, o CMP admitiu publicamente que 90 por cento do seu dinheiro chegava através da KGB3.

Como começou a Teologia da Libertação?

Eu não estava propriamente envolvido na criação da Teologia da Libertação. Eu soube através de Sakharovsky, entretanto, que em 1968 a Conferência Cristã pela Paz criada pela KGB, apoiada em todo mundo pelo Conselho Mundial da Paz, foi capaz de manipular um grupo de bispos sul-americanos da esquerda dentro da Conferência de Bispos Latino-americanos em Medellín (Colômbia).

O trabalho oficial da Conferência era diminuir a pobreza. Seu objetivo não declarado foi reconhecer um novo movimento religioso motivando os pobres a rebelar-se contra a “violência institucionalizada da pobreza”, e recomendar o novo movimento ao Conselho Mundial das Igrejas para sua aprovação oficial. A Conferência de Medellín alcançou ambos objetivos. Também comprou o nome nascido da KGB “Teologia da Libertação”.

A Teologia da Libertação teve líderes importantes, alguns deles famosas figuras “pastorais” e alguns intelectuais. Sabe se houve alguma participação do bloco soviético na promoção da imagem pessoal ou dos escritos destas personalidades? Alguma ligação específica com os bispos Sergio Mendes Arceo do México ou Helder Câmara do Brasil? Alguma possível conexão direta com teólogos da Libertação como Leonardo Boff, Frei Betto, Henry Camacho ou Gustavo Gutiérrez?

Tenho boas razões para suspeitar que havia uma conexão orgânica entre a KGB e alguns desses líderes promotores da Teologia da Libertação, mas não tenho evidência para comprová-la. Nos últimos 15 anos que morei na Romênia (1963-1978), dirigi a espionagem científica e tecnológica do país, e também as operações de desinformação destinadas a aumentar a importância de Ceausescu no Ocidente.

Recentemente vi o livro de Gutiérrez “Teologia da Libertação: Perspectivas” (1971) e tive a intuição de que este livro foi escrito em Lubyanka. Não surpreende que ele seja considerado agora como o fundador da Teologia da Libertação. Porém, da intuição aos fatos, entretanto, há um longo caminho.
Do site: http://www.acidigital.com/noticias/ex-espiao-da-uniao-sovietica-nos-criamos-a-teologia-da-libertacao-28919/

ANGOLA PROÍBE O ISLÃ.


Angola vira primeiro país do mundo a proibir o Islã

Foto: EPA

As autoridades de Angola proibiram a religião islâmica e começaram a fechar mesquitas, em um esforço para frear a propagação do "extremismo" muçulmano, segundo meios de comunicação africanos.

De acordo com a ministra angolana da Cultura, Rosa Cruz e Silva, "o processo de legalização do Islã não foi aprovado pelo Ministério da Justiça e Direitos Humanos de Angola, e portanto as mesquitas em todo o país serão fechadas e demolidas".

Além disso, os angolanos decidiram proibir dezenas de outras religiões e seitas que, segundo o governo, atentam contra a cultura da nação, cuja religião majoritária é o Cristianismo (praticado por 95% da população).

Por sua vez, o jornal angolano O País informa que cerca de 60 mesquitas já foram fechadas, enquanto os representantes da comunidade muçulmana denunciam que estas medidas foram tomadas sem consulta e que eles não constituem uma pequena seita.

Não obstante, as autoridades de Luanda entendem esumiram que "os muçulmanos radicais não são bem-vindos no país e que o governo angolano não está preparado para legalizar a presença de mesquitas em Angola", nação que se converteu na primeira do mundo a proibir o Islã.

domingo, 20 de setembro de 2015

CORTAR GASTOS


Por que é crucial o governo cortar seus gastos - e por que não fazê-lo é um desastre

Como já é sabido pelo mundo, o governo brasileiro teve sua nota de crédito rebaixada nesta quarta-feira pela agência de classificação de risco Standard & Poor's (S&P). Com isso, o país perde seu grau de investimento — ou seja, status de bom pagador — e entra no grau especulativo. A nota caiu de BBB- para BB+.

Para piorar, a S&P ainda deixou em "perspectiva negativa", o que significa que novos rebaixamentos podem vir.

E, como cereja do bolo, houve ramificações. A S&P também cortou a nota de 31 empresas e de 13 instituições financeiras, o que significa que agora essas empresas terão mais dificuldade para conseguir financiamento no estrangeiro — os investidores estrangeiros estarão menos dispostos a comprar seus papeis ou a lhes emprestar dinheiro —, fazendo com que elas tenham de pagar juros maiores.

O país usufruiu esse grau de investimento por 8 anos, mas o perdeu agora em decorrência da bagunça fiscal criada pelo governo nos últimos 5 anos. Para completar, a total baderna em que se encontra o cenário político do país — citada pela S&P como um dos fatores determinantes para sua decisão — faz com que tudo seja ainda mais difícil de ser resolvido.

Ao passo que, neste ano de 2015, as finanças do governo amargam desastrosos resultados inéditos, a própria equipe econômica do governo já avisou que, para o ano de 2016, o desastre seguirá intacto: haverá um déficit primário de R$ 30,5 bilhões.

Como consequência, a dívida bruta do país não pára de subir: estava em 51% do PIB ao final de 2011 e bateu em65% ao final de julho passado.

Por causa de suas regras internas, vários fundos de pensão estrangeiros são proibidos de comprar papeis classificados como sendo "grau especulativo". Em tese, a decisão da Standard & Poor's pode gerar uma venda maciça de papeis (do governo e de empresas) brasileiros. No entanto, dado que as outras duas agências de classificação de risco — Fitch Ratings e Moody's Investors Services — ainda mantêm o grau de investimento do Brasil, o impacto imediato da decisão da Standard & Poor's foi limitado.

Porém, caso as outras duas agências também venham a rebaixar o Brasil, as consequências podem ser devastadoras. A venda maciça de ativos brasileiros irá derrubando seus preços e, consequentemente, seus valores em bolsa. A saída de capitais irá afetar ainda mais a taxa de câmbio, gerando todas as desastrosas consequências esmiuçadas neste artigo (que vão desde o encarecimento dos alimentos básicos e dos remédios até a destruição das indústrias e de outras empresas que dependem de tecnologia).

Mas tal cenário ainda pode ser evitado. E a única maneira de se fazer isso é por meio de um profundo corte de gastos do governo.

Gastos do governo são um fardo para a economia

Quando se fala em corte de gastos, os economistas desenvolvimentistas e de todas as vertentes keynesianas imediatamente gritam que tal medida é recessiva. A máxima deles, a qual sempre foi incorporada por nossa mandatária, é a de que "despesa corrente é vida".

Nada mais falso. Dizer que gastos do governo geram crescimento econômico é um grande paradoxo. O governo, por definição, não produz nada. Ele não tem recursos próprios para gastar. O governo só pode gastar aquilo que antes ele confiscou via tributação ou tomou emprestado via emissão de títulos do Tesouro. 

Ao tributar, o governo toma aquele dinheiro que poderia ser usado para investimentos das empresas ou para o consumo das famílias, e desperdiça esse dinheiro na manutenção da sua burocracia. A tributação nada mais é do que uma destruição direta de riquezas. Parte daquilo que o setor privado produz é confiscado pelo governo e desperdiçado em maracutaias, salários de políticos, agrados a lobistas e em péssimos serviços públicos. Esse dinheiro confiscado não é alocado em termos de mercado, o que significa que está havendo uma destruição da riqueza gerada.

Ao tributar, o governo faz com que capacidade futura de investimento das empresas seja seriamente afetada, o que significa menor produção, menor oferta de bens e serviços no futuro, e menos contratação de mão-de-obra.

Ao tomar empréstimos — ou seja, emitir títulos —, o governo se apropria de dinheiro que poderia ser emprestado para empresas investirem ou para as famílias consumirem. O governo dificulta e encarece o acesso das famílias e das empresas ao crédito. Mais ainda: a emissão de títulos gera o aumento da dívida do governo, cujos juros serão pagos ou por meio de mais impostos ou por meio de mais lançamento de títulos.

Para piorar, quando o governo emite títulos, quem compra esses títulos é o sistema bancário. Como ele compra? Criando dinheiro do nada, pois opera com reservas fracionárias. Ou seja, a atual forma de financiamento do governo é inerentemente inflacionária. Em decorrência do peculiar funcionamento do sistema bancário, quando o governo se endivida, isso gera inflação monetária, o que piora ainda mais a situação de empresas e famílias.

O gráfico abaixo mostra o total do endividamento do governo federal. Ou seja, grosso modo, o gráfico abaixo mostra todo o dinheiro que poderia ter sido utilizado em investimentos, mas que foi apropriado pelo governo para manter sua burocracia.



Por tudo isso, é crucial que o governo seja o menor possível. Quanto maior for o governo, maiores serão seus gastos. Quanto maiores forem seus gastos, maiores terão de ser os impostos e o endividamento do governo. Quanto maiores forem os impostos, menores serão os incentivos ao investimento e à produção. Quanto maior for o endividamento do governo, maiores serão as oportunidades perdidas em investimentos que não puderam ser feitos (porque o governo se apropriou desse dinheiro que poderia ter sido emprestado para o setor privado), maiores serão os gastos com juros, e maior terá de ser a carga tributária para arcar com esses gastos com juros.

Quando políticos falam que irão aumentar os gastos, o que eles realmente estão dizendo é que irão aumentar os custos sobre os indivíduos produtivos, que são aqueles que arcam com o ônus dos impostos. Aumentar os gastos do governo equivale a aumentar os custos sobre aqueles que levantam cedo e vão trabalhar.

Quem afirma que gastos do governo geram crescimento está afirmado que tomar dinheiro de uns para gastar com outros pode enriquecer a todos. Está afirmando que tirar água da parte funda da piscina e jogá-la na parte rasa fará o nível geral de água na piscina aumentar.

A austeridade correta

No entanto, é necessário ser bem claro: quando o governo corta gastos, de fato há quem saia prejudicado. 

O exemplo mais claro seria o de funcionários públicos que tivessem seus salários reduzidos. Isso é muito raro, mas pode ocorrer. As empresas que possuem como clientes principais um grande número de funcionários públicos seriam atingidas. Pense em um restaurante chique de Brasília que tem como clientela o pessoal das agências reguladoras. Se as agências fossem abolidas (sonhemos um pouquinho), as receitas desse restaurante cairiam. Da mesma forma, se o número de deputados e senadores diminuísse, o Piantella poderia ir à falência.

Esse foi um exemplo visualmente fácil de ser entendido. Há outros menos claros. Por exemplo, cortes de gastos do governo irão afetar as várias empresas que só sobrevivem porque possuem contratos de prestação de serviços junto ao governo. Empresas terceirizadas por estatais e empreiteiras que fazem obras para o governo são os exemplos mais claros. Há também as várias atividades econômicas que recebem subsídios e que, sem estes subsídios, teriam de se virar, cortar gastos e demitir pessoas. 

O que todas estas atividades têm em comum é que elas só sobrevivem e só são lucrativas com a muleta do governo. Isso faz com que elas sejam classificadas como atividades econômicas insustentáveis. São atividades que não dependem da demanda voluntária do consumo privado para sobreviver. Uma vez cortado o fluxo de dinheiro governamental, elas perdem sustentação e definham. 

Elas não necessariamente irão quebrar, pois podem se reestruturar e mudar seu enfoque de mercado. Mas estão indiscutivelmente sobredimensionadas, e a prova disso é que só mantêm seus atuais lucros com dinheiro repassado pelo governo. Elas são, portanto, atividades que absorvem recursos e capital da sociedade. Elas não produzem; elas consomem.

Uma redução nos gastos do governo, portanto, possui este efeito salutar sobre a economia. Faz com que empresas que consomem recursos e que produzem apenas de acordo com demandas políticas tenham de ser enxugadas. Empresas que só sobrevivem devido aos gastos do governo não produzem para consumidores privados; elas utilizam o dinheiro dos cidadãos, mas produzem para o estado. Elas não utilizam capital de maneira produtiva, de forma a atender os genuínos anseios dos consumidores privados: ao contrário, elas utilizam capital fornecido pelos pagadores de impostos mas produzem apenas para servir a anseios políticos. Em suma, não agregam à sociedade. Por definição, subtraem dela. 

Este tipo de atividade econômica privada que só sobrevive por causa dos gastos do governo é idêntico àquelas outras atividades privadas que só são lucrativas quando está havendo uma forte expansão do crédito. Quando o crédito é farto e barato, e a demanda por imóveis é crescente, várias construtoras e várias imobiliadoras apresentam lucros estratosféricos. Porém, quando o crédito encarece — ou quando os consumidores já estão muito endividados — e a demanda cai, os lucros viram prejuízos. 

Um corte de gastos do governo gera idêntico efeito sobre empresas que possuem o governo ou funcionários do governo como principal cliente.

E por que isso seria bom? Porque, ao falirem, essas empresas liberam mão-de-obra e recursos escassos que poderão ser utilizados mais eficientemente por empresas mais produtivas, empresas que estão no mercado para realmente atender às demandas dos consumidores. Por isso, é essencial que, ao cortar gastos, o governo também reduza impostos. Isso não apenas irá dar mais poder de compra às pessoas, como também irá permitir que as empresas produtivas tenham mais capital e, consequentemente, possam contratar mais pessoas. 

Tendo estes conceitos em mente, há quatro maneiras de se fazer austeridade:

1) Aumentar impostos e cortar gastos;

2) Aumentar impostos e manter gastos inalterados e;

3) Manter impostos inalterados e cortar gastos;

4) Reduzir impostos, e cortar gastos em uma intensidade maior do que o corte de impostos;

A primeira é a que gera uma recessão mais intensa. De um lado, o corte de gastos debilita aquelas empresas que dependem do governo, o que é bom; mas, de outro, o aumento de impostos confisca ainda mais capital da sociedade, mais especificamente do setor produtivo, que é justamente quem absorveria a mão-de-obra demitida das empresas que faliram em decorrência dos cortes de gastos do governo. 

Você tem, portanto, o pior dos dois mundos. Aumento do desemprego, população com menor poder de compra, e setor privado sem capital para contratar. É isso que alguns países europeus fizeram.

A segunda maneira, ao contrário do que se supõe, é a pior. O governo aumenta o confisco do capital do setor privado, mas continua dando sustentação às empresas ineficientes, que também consomem capital do setor produtivo. A recessão neste caso é menos intensa, mas os desequilíbrios de longo prazo não são corrigidos. A economia fica com menos capital, mas as empresas ineficientes seguem firmes, pois seu cliente é o governo, que continua gastando. No final, tal medida serviu apenas para aumentar o consumo de capital de toda a sociedade.

A terceira maneira é melhor que a primeira e a segunda. O governo continua confiscando capital, é verdade, mas ao menos liberou outros recursos por meio da falência de empresas que só sobreviviam em decorrência de seus gastos. Em termos de recessão, tende a ser mais branda que a primeira e semelhante à segunda.

A quarta maneira é a maneira correta de se fazer austeridade. A redução de gastos do governo faz com que empresas ineficientes que dependem do governo sejam enxugadas (ou quebrem) e liberam mão-de-obra e recursos escassos para empreendimentos produtivos e genuinamente demandados pelos cidadãos. E as empresas responsáveis por esses empreendimentos produtivos terão mais facilidade para contratar essa mão-de-obra demitida porque, em decorrência da redução nos impostos, elas agora têm mais capital e seus consumidores, mais poder de compra. 

Além de não provocar uma recessão profunda — haverá recessão apenas se o governo impuser medidas que retardem a realocação de mão-de-obra de um setor para o outro (por exemplo, aumentando o seguro-desemprego ou o salário mínimo, ou impondo altos encargos sociais que encareçam o processo de demissão e contratação) —, esta maneira é a única que reduz duplamente o desperdício de capital e, com isso, permite uma maior acumulação de capital. Maior acumulação de capital significa maior abundância de bens produzidos no futuro. E maior abundância de bens significa maior qualidade de vida.

Conclusão

Onde o governo deve cortar? Em qualquer lugar e em todo lugar.

Ministério da Pesca, Ministério da Cultura, Ministério do Turismo, Ministério do Desenvolvimento Agrário (já um existe um Ministério da Agricultura), Ministério da Integração Nacional, Secretaria de Assuntos Estratégicos, Secretaria de Políticas para Mulheres, Secretaria da Promoção da Igualdade Racial, Secretaria de Comunicação Social, Secretaria de Portos, Secretaria de Aviação Civil, Secretaria das Relações Institucionais e Secretaria de Direitos Humanos poderiam ser imediatamente abolidos. Veja aqui o total das despesas de cada ministério.

Esta reportagem da revista IstoÉ mostra que apenas os custos operacionais dos 39 ministérios de Dilma estão acima de R$ 400 bilhões por ano. Estes ministérios empregam 113 mil apadrinhados e os salários consomem R$ 214 bilhões. Não dá para cortar nada aí? Esses burocratas por acaso têm um "direito natural" a esses salários pagos pelo povo?

Um governo federal que, em 2014, arrecadou mais de R$ 2,2 trilhões ainda quer aumentar tributos e manter intocadas as mordomias dos burocratas? Os 92 tributos existentes no Brasil não satisfazem essa gente? 

Eis aí uma prova suprema da ineficiência estatal, a qual deveria fazer o mais inflexível defensor da existência de governos ao menos repensar sua postura: um governo que tem uma receita de mais de R$ 2,2 trilhões não é sequer capaz de mantê-la dentro de seu orçamento, e tem de recorrer a novos esbulhos para fechar suas contas. Qualquer empresa privada que operasse sob esses princípios já teria sido extinta pelo mercado.

Querer tomar ainda mais dinheiro do cidadão para sustentar essa pouca vergonha é um ato, no mínimo, imoral, e seus proponentes não deveriam ser agraciados com o mais mínimo respeito da população. 

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Leandro Roque é o editor e tradutor do site do Instituto Ludwig von Mises Brasil.

John Tamny é o editor do site Real Clear Markets e contribui para a revista Forbes.


sexta-feira, 18 de setembro de 2015

FUGITIVOS OU INVASORES?

“No Ocidente, a burrice tem um passado glorioso e um futuro promissor” .

(Parafraseando Roberto Campos). 

Muammar Qaddafi há três décadas dizia a um repórter que os muçulmanos iriam dominar a Europa novamente, porém, sem levantar uma arma. O repórter lhe perguntou como isso seria possível, tendo recebido como resposta o seguinte: "enviando muçulmanos para lá e aproveitando-se de suas leis. "

E eu complemento: e de suas fraquezas lacrimejantes. Bastou a foto de um menininho morto jogado numa praia turca para desencadear um frêmito de solidariedade num Ocidente que cada dia que passa assassina milhões de crianças nos ventres maternos, ou até quando já estão fora dele. Solidariedade falsa, portanto.

Qaddafi sabia disto, o “califa” al-Baghdadi sabe também, assim como Assad e os aiatolás. Eles matam centenas de milhares de cristãos, fazem reféns e os decapitam à vontade, e cadê a solidariedade ocidental? Nem o Papa, o chefe espiritual dos decapitados, condena com a mesma veemência com que defende que o Islam é uma “religião da paz”.

Ninguém se pergunta por que os países ricos do Golfo, transbordantes de petróleo e moedas fortes, não se mostram solidários e aceitam os refugiados, teoricamente seus irmãos na “religião da paz”? Só os diabólicos infiéis, permanentes candidatos à submissão ou morte, devem se mostrar amorosos? Por que o “campeão do Cristianismo” Vladimir Putin, com população decrescente e espaço interminável, não se oferece para abriga-los?

Serão tão perseguidos e esfaimados assim que portando smartphones e outras bugigangas eletrônicas, podem recusar comida só porque vem embalada pela Cruz Vermelha, esta Cruz que eles dizem odiar, mas à qual realmente temem por serem seus principais traidores? São como diz o velho ditado popular: “fogem, como o diabo foge da Cruz”.

Depois da burrice ocidental, sob o comando consciente de Barack Hussein e seus asseclas, ter desencadeado e se regozijado com a abertura da Caixa de Pandora apelidada de “primavera árabe” – um verdadeiro inferno! – agora este mesmo inferno bate às portas da Europa numa invasão incruenta como planejara Qaddafi. Os europeus, inicialmente reconhecendo o perigo, tomavam medidas, mas se debulharam em lágrimas pela foto de Alan Kurdi. Esta foto em si mesma já seria um “case” – como se diz modernamente – para uma tese de doutorado sobre o uso do jornalismo desinformativo.

Quem foi responsável pela morte de Alan Kurdi?

Arthur Weinreb num instigante artigo investigativo (Who is really responsible for the death of 3-year-old Alan Kurdi) conclui: o único responsável por sua morte foi seu pai, Abdullah Kurdi.

“A família Kurdi vivia há três anos da Turquia e, embora não seja o lugar ideal para curdos, estavam a salvo. Tinham uma casa e recebiam dinheiro de seus parentes no Canadá. Não estavam fugindo de nenhuma perseguição, eram migrantes econômicos esperando uma vida melhor na Europa Ocidental e na esperança de algum dia alcançarem o Canadá. É compreensível, mas um verdadeiro refugiado, sem mencionar um homem de verdade, empreenderia a perigosa jornada sozinho deixando sua família, incluindo duas crianças pequenas, a salvo na Turquia onde não sofria ameaça nem pressão alguma.
Existem informações que Abdullah só queria chegar à Alemanha para desfrutar de um tratamento dentário particularmente caro e indisponível na Turquia. 
Não importam suas razões, ele nunca deveria ter pago a um contrabandista para levar sua família à Grécia num barco inadequado”.

O que fazer?
Como estas hordas já batem às portas da América e do Brasil, creio que as fronteiras devam ser fechadas – se ainda sobram FFAA no Brasil para isto, depois da devastação tucano-petista de seus meio bélicos. Na Europa, estava com razão o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán antes das reações lacrimejantes: podem passar, se quiserem ir para a Alemanha e França, países que ainda não purgaram – se é que um dia o farão – suas culpas pelo Holocausto. Que passem também para a tolerantíssima Escandinávia – tolerantes até verem suas famílias reais orando em mesquitas, e suas mulheres de burka. Putin, coronel da mais sangrenta divisão do KGB, também teria contas a prestar pelo Gulag, mas comunistas não reconhecem culpas, pois tudo fizeram pelo bem da humanidade, e não aceitarão reparar erros que não acreditam ter cometido.

O ISIS tem proclamado que está inundando o Ocidente com seus combatentes. Seria rematada tolice não acreditar, já que a maioria dos invasores é constituída de homens jovens e fortes.

Às favas as lágrimas de crocodilo do Ocidente!
Por:Heitor de Paola 
http://www.heitordepaola.com Do site: http://www.midiasemmascara.org/


quarta-feira, 16 de setembro de 2015

6 RAZÕES PARA ACREDITAR QUE SUA EMPRESA PODE TER SUCESSO

O cenário atual no Brasil é de crise. Crise econômica já que o PIB não cresce, a inflação sobe e o Real se desvaloriza. Crise política pois ministros foram presos, dezenas de políticos acusados e gestores de empresas públicas devolveram centenas de milhões de dólares que assumiram terem desviado. Crise institucional, afinal brasileiros de diferentes orientações políticas e classes estão indo as ruas para protestar. E você como empresário, executivo e empreendedor deve fazer o quê?


Ficar reverberando a crise não adianta nada. Confesso que ela gera uma sensação de identidade, à medida que você conversa com sua equipe, clientes e amigos e todos sentem a mesma coisa.

Mas de prático, para sua carreira e sua empresa, há outra alternativa mais eficiente: entender o que as crises representam e como você não pode deixar essa passar sem se beneficiar da mesma. Não é à toa que, no ideograma chinês, crise envolve perigo e oportunidade conjuntamente representados. Ou, como diria um filósofo do cotidiano, “enquanto uns choram, outros vendem lenço”.

Essa não é a primeira nem a última crise pelo qual passaremos. A crise dos anos 80, da Russia e da Ásia nos anos 90, o boom das pontocom em 2000 ou o crash das hipotecas subprime de 2008 deixaram alguns aprendizados que você não pode descartar.

1. Crises não impactam a todos da mesma forma: Há setores mais e menos ameaçados com o cenário atual de crise. Em cada setor, aqueles que estão com suas competências consolidadas, com seu core business robusto, podem não apenas se defender, como devem buscar inovar em tempos de crise.

2. Crises causam alterações nas posições de liderança: Se você é um desafiante, vai logo saber que desbancar uma grande empresa da liderança requer inovações. As crises trazem transformações nas prioridades dos consumidores, no uso de tecnologias e nas forças das empresas líderes o que ocasiona alterações entre os líderes.

3. Crises evidenciam ineficiências escondidas: Os períodos de bonança são momentos naturais de busca de novas oportunidades e de maior leniência com aquilo que já poderia ter sido corrigido. Crises tornam evidentes as suas deficiências e a de seus concorrentes.

4. Crises favorecem decisões impopulares: Tive a oportunidade de participar de um evento com Jack Welch no qual ele destacou que “somos gestores para tomar as decisões necessárias e não para receber aplausos”. Vivemos um ambiente no qual todos querem ser bem vistos o que nem sempre gera as melhores decisões. Crises são momentos propícios para que as decisões sejam tomadas independente de sua popularidade.

5. Crises abrem espaço para aquisições não convencionais: Em ciclos de crescimento, todos são compradores, o que dificulta fusões e aquisições. Os momentos de crise são oportunidades para desenhar articulações inovadoras com players antes desconsiderados. Verdade que, se não estiver consolidado, poderá ser você o alvo potencial!

6. Crises são o momento de semear seu futuro: Seu desempenho pós crise depende de como você entrou no período de crise e daquilo que fez durante. Semear oportunidades de inovação futura em momentos de crise fará com que você reforce suas perspectivas e saia da crise ainda mais forte.

Não deixe se contaminar pelas manchetes de jornal. Analise pontualmente sua situação. Identifique suas forças e debilidades. Perceba as oportunidades e plante suas grandes apostas. Como disse o filósofo americano Ralph Waldo Emerson, “tempos ruins têm um valor científico. Essas são situações que um bom aprendiz não irá deixar passar”.

Não deixe passar essa oportunidade. Saiba qual o impacto potencial no seu negócio. Veja se não é o momento de atacar o líder ou fazer boas aquisições. Não tenha medo das decisões impopulares. Cuide das suas ineficiências e plante o futuro. Nunca se sabe quando uma nova crise virá para oportunizar bons movimentos estratégicos. Até a próxima inovação!
Por: Comunicação Millenium Fonte: Pequenas Empresas & Grandes Negócios.
Do site: http://www.institutomillenium.org.br/

RUMO AO ABISMO

Ao mesmo tempo em que parece ter recuperado a capacidade de iniciativa, o governo da presidente Dilma colocou-se em posição de risco extremo ao enviar ao Congresso um pacote de ajuste fiscal que se choca com suas bases populares e ao mesmo tempo atinge em cheio a classe média e o setor produtivo, com a criação de novos impostos, sobretudo a CPMF, que ressurge das próprias cinzas apenas quinze dias depois de ter sido abandonada por inviável pelo próprio governo.

O momento é mais delicado, é verdade, graças a um erro de cálculo inacreditável do próprio governo, que enviou um orçamento com déficit de R$ 30 bilhões para pressionar o Congresso e conseguiu chamar a atenção das agências de risco para sua incapacidade de administrar a crise que criou. 

Com a perda da classificação de bom pagador, o país encurtou seu tempo, e a presidente Dilma vê-se agora diante de uma luta de vida ou morte por seu mandato. A negociação no Congresso para aprovar o pacote fiscal transformou-se em uma decisiva batalha em que o governo começa com os partidos de oposição dispostos a negar-lhe qualquer nesga de ar para sobrevivência, e muitos da situação recusam sua solidariedade, acusando a presidente de ter se curvado diante das exigências dos neoliberais, representados pelo ministro da Fazenda Joaquim Levy.

Enquanto a agência de classificação de risco Moody´s considerou as medidas fiscais anunciadas pelo governo como um "desenvolvimento positivo", mesmo diante da realidade de que não conseguirá fazer um superávit primário no próximo ano, o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT) Vagner Freitas diz que “o pacote é recessivo” e “imputa a culpa da crise aos trabalhadores”.

Segundo ele, as medidas refletem a política “do Levy, que é de corte e não de investimento, de corte nos direitos dos trabalhadores servidores públicos federais". No próprio PT, e por incentivo de Lula, vários setores já estão se mobilizando contra a proposta do governo.

O senador do Rio Lindbergh Farias, que tem se notabilizado por ser um porta-voz informal de Lula no Senado, disse que Dilma está dando um tiro no pé, defendendo uma política contrária aos trabalhadores. Como Lula já disse recentemente, em vez de cortes deveriam estar sendo estimulados investimentos (com que dinheiro?) e aumentado o crédito (com que dinheiro?).

Já o presidente nacional da Juventude do PT, Jefferson Lima disse que "os jovens do PT precisam pressionar o partido e governo, para colocar em prática aquilo que vendemos na campanha como projeto". Também o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) repudiou as soluções apresentadas pelo governo, protestando, sobretudo, contra os cortes de financiamentos para o Minha Casa Minha Vida e o que chamam de congelamento no salário de servidores públicos. 

Para o MTST “a solução para o problema fiscal deve ser buscada em cima daqueles que ganharam como nunca nos últimos anos. Defenderemos nas ruas a taxação das grandes fortunas, de dividendos e remessas de lucro, além da maior progressividade no Imposto de Renda. Os ricos, banqueiros e empresários devem pagar a conta”.

Estabeleceu-se, portanto, um embate em que o governo Dilma perdeu parte substancial de sua base de apoio, inclusive no próprio PT, e não ganhou a solidariedade da oposição ou da classe média, que continua querendo vê-la pelas costas. Vencedora nas negociações no Congresso, com o apoio dos governadores e provavelmente do presidente do Senado, Renan Calheiros, pai do governador de Alagoas, disposto a se contrapor como o “good cop” ao “bad cop” Eduardo Cunha, a presidente terá recuperado o fôlego para prosseguir lutando pelo seu governo.

Mas este é um cenário improvável, dada a correlação de forças hoje existente no Congresso. Também o bate-boca do ministro Joaquim Levy com deputados da base não ajuda a mudar esse clima de hostilidade. A atitude de enviar uma proposta ao Congresso, e a posterior negociação, podem ter dado a Dilma um fôlego suplementar, e neutralizam momentaneamente o movimento para apressar o trâmite do impeachment. 

Derrotada, terá dado um passo decisivo rumo ao abismo, e poderá só restar a ela a iniciativa da renúncia honrada, ou a humilhação do julgamento no processo de impeachment que se seguirá à demonstração cabal de que não tem mais condições de governar. 
Por: Merval Pereira Do site: http://blogs.oglobo.globo.com/merval-pereira

terça-feira, 15 de setembro de 2015

A TÉCNICA DA RESISTÊNCIA PACÍFICA

O IMPÉRIO DA IGNORÂNCIA

Só pessoas prodigiosamente incultas podem ter alguma dificuldade de compreender que uma eleição presidencial com apuração secreta, sem transparência nenhuma, é inválida em si mesma.


Vamos falar o português claro: Aquele que não dá o melhor de si para adquirir conhecimento e aprimorar-se intelectualmente não tem nenhum direito de opinar em público sobre o que quer que seja. Nem sua fé religiosa, nem suas virtudes morais, se existem, nem os cargos que porventura ocupe, nem o prestígio de que talvez desfrute em tais ou quais ambientes lhe conferem esse direito. Discussão pública não é mera troca de opiniões pessoais, nem torneio de auto-imagens embelezadas: é eminentemente intercâmbio de altos valores culturais válidos para toda uma comunidade humana considerada na totalidade da sua herança histórica e não só num momento e lugar. O direito de cada um à atenção pública é proporcional ao seu esforço de dialogar com essa herança, de falar em nome dela e de lhe acrescentar, com as palavras que dirige à audiência, alguma contribuição significativa. O resto, por "bem intencionado" que pareça, é presunção vaidosa e vigarice. Todos os males do Brasil provêm da ignorância desses princípios. Políticos, empresários, juízes, generais e clérigos incultos, desprezadores do conhecimento e usurpadores do seu prestígio, são os culpados de tudo o que está acontecendo de mau neste país, e que, se esses charlatães não forem expelidos da vida pública, continuarão aumentando, com ou sem PT, com ou sem "impeachment", com ou sem "intervenção militar", com ou sem Smartmatic, com ou sem Mensalão e Petrolão. Desprezo pelo conhecimento e amor à fama que dele usurpa mediante o uso de chavões e macaquices são os pecados originais da "classe falante" no Brasil.

Só o homem de cultura pode julgar as coisas na escala da humanidade, da História, da civilização. Os outros seguem apenas a moda do momento, criada ela própria por jornalistas incultos e professores analfabetos, e destinada a desfazer-se em pó à primeira mudança da direção do vento. A cultura pessoal é a condição primeira e indispensável do julgamento objetivo. A incultura aprisiona as almas na subjetividade do grupo, a forma mais extrema do provincianismo mental.

Vou lhes dar alguns exemplos de desastres nacionais causados diretamente pela incultura dos personagens envolvidos.

Só pessoas prodigiosamente incultas podem ter alguma dificuldade de compreender que uma eleição presidencial com apuração secreta, sem transparência nenhuma, é inválida em si mesma, independentemente de fraudes pontuais terem ocorrido ou não. O número de jumentos togados e cretinos de cinco estrelas que, mesmo opondo-se ao governo, raciocinam segundo a premissa de que a Sra. Dilma Rousseff foi eleita democraticamente em eleições legítimas, premissa que lhes parece tão auto-evidente que não precisa sequer ser discutida, basta para mostrar que o estado de calamidade política e econômica em que se encontra o país vem precedido de uma calamidade intelectual indescritível, abjeta, inaceitável sob todos os aspectos.

Quando na década de 90 os militares aceitaram e até pediram a criação do “Ministério da Defesa”, foi sob a alegação de que nas grandes democracias era assim, de que só republiquetas tinham ministérios militares. Respondi várias vezes que isso era raciocinar com base no desejo de fazer boa figura, e não no exame sério da situação local, onde a criação desse órgão maldito só serviria para aumentar o poder dos comunistas. Mil vezes o Brasil já pagou caro pela mania de macaquear as bonitezas estrangeiras em vez de fazer o que a situação objetiva exige. Esse caso foi só mais um da longa série. Mesmo agora, quando a minha previsão se cumpriu da maneira mais patente e ostensiva, ainda não apareceu nenhum militar honrado o bastante para confessar sua incapacidade de relacionar a estrutura administrativa do Estado com a disputa política substantiva. Continuam teimando que a idéia foi boa, apenas, infelizmente, estragada pelo advento dos comunistas ao poder – como se uma coisa não tivesse nada a ver com a outra, como se fosse tudo uma soma fortuita de coincidências, como se a demolição do prestígio militar não fosse um item constante e fundamental da política esquerdista no país e como se, já no governo FHC, a criação do Ministério não fosse concebida como um santo remédio, com aparência legalíssima, para quebrar a espinha dos militares. Um dos traços mais característicos da incultura brasileira, já assinalado por escritores e cientistas políticos desde a fundação da República pelo menos, é a subserviência mecânica a modelos estrangeiros copiados sem nenhum critério.

Numa sociedade culturalmente atrofiada, a coisa mais inevitável é que todas as correntes de opinião que aparecem na discussão pública sejam apenas cópias ou reflexos de modelos impostos, desde o exterior, por lobbies e grupos de pressão que têm seus próprios objetivos globais e não estão nem um pouco interessados no bem-estar do nosso povo. Cada “formador de opinião” é aí um boneco de ventríloquo, repetidor de slogans e chavões que não traduzem em nada os problemas reais do país e que, no fim das contas, só servem para aumentar prodigiosamente a confusão mental reinante.

Como é possível que, num país onde cinqüenta por cento dos universitários são reconhecidamente analfabetos funcionais e os alunos dos cursos secundários tiram sistematicamente os últimos lugares nos testes internacionais, o currículo acadêmico de um professor continue sendo aceito como prova inquestionável de competência? Não deveria ser justamente o oposto? Não deveria ser um indício quase infalível de que, ressalvadas umas poucas exceções, o portador dessa folha de realizações é muito provavelmente, por média estatística, apenas um incompetente protegido por interesses corporativos? Terá sido revogado o “pelos frutos os conhecereis”? A interproteção mafiosa de carreiristas semi-analfabetos unidos por ambições grupais e partidárias tornou-se critério de qualificação intelectual?

Não é mesmo um sinal, já não digo de mera incultura, mas de positiva debilidade mental, que os mesmos apologistas do establishment universitário fossem os primeiros a apontar como mérito imarcessível do candidato Luís Ignácio Lula da Silva, em duas eleições, a sua total carência de quaisquer estudos formais ou informais? Não chegava a prodigiosa incultura do personagem a ser louvada como sinal de alguma sabedoria infusa? Todo sujeito que, à exigência de conhecimento, opõe o louvor evangélico aos “simples”, é um charlatão. Jesus prometeu aos “simples” um lugar no paraíso, não um palanque ou uma cátedra na Terra.
Por: Olavo de carvalho Publicado no Diário do Comércio.
http://olavodecarvalho.org  Do site: http://www.midiasemmascara.org/

segunda-feira, 14 de setembro de 2015

PERVERSÕES REFORMISTAS

Não constitui surpresa a magnitude da crise fiscal brasileira. O que impressiona é a inépcia diante da crise, somente superada por soluções pífias e práticas contraditórias. Tenta-se encobrir a baixa eficácia do ajuste fiscal, evidenciada por uma inédita proposta orçamentária com déficit primário, recorrendo a expedientes diversionistas, como anúncios de reformas e de agendas.


Reformas não necessariamente são boas. A mera pretensão de reformar não é garantia suficiente de que os objetivos ou os meios sejam meritórios. No Brasil, quase todas as reformas tributárias, realizadas nas últimas décadas, serviram tão somente para degradar o sistema tributário.

Ambientes de incertezas e dificuldades são, todavia, propícios ao desenvolvimento de teses perigosas, frequentemente de extração dogmática. Não é boa, por exemplo, a lembrança da insensatez do confisco no governo Collor, proclamado inicialmente como a “bala de prata” que fulminaria a inflação.

No âmbito do ajuste fiscal, há rumores quanto à elaboração de preocupantes propostas. Uma delas diz respeito à chamada unificação do PIS e da Cofins. O modelo de incidência dessas contribuições inicialmente consistia na aplicação de uma alíquota sobre a receita bruta, como ocorre com os optantes do festejado Simples.

A principal crítica à cumulatividade do modelo apontava para o ônus tributário das cadeias precedentes à exportação. O problema foi enfrentado, com êxito, mediante a concessão de um crédito presumido. A outra crítica se relacionava com a suposta indução à verticalização da atividade produtiva, o que jamais foi abonado por evidências empíricas. As críticas passavam ao largo da simplicidade do modelo, muito apreciada pelos contribuintes.

A partir do final de 2002, foi instituído o regime não cumulativo do PIS e da Cofins. Inspirava-se, em sua concepção original, no modelo do Imposto de Renda, sem, entretanto, reproduzi-lo. Nem remotamente lembrava o regime não cumulativo do ICMS ou do IPI. Esse entendimento, aliás, tem sido recepcionado pela doutrina e pela jurisprudência.
Fala-se em unificar o PIS e a Cofins. Ocorre que, excetuadas situações peculiaríssimas, as legislações dessas contribuições são idênticas

Permaneceram no regime cumulativo, dentre outros, os contribuintes optantes pelo lucro presumido (pequenas e médias empresas) e alguns setores específicos. Com o passar do tempo, o regime não cumulativo foi se tornando cada vez mais complexo, em virtude da criação de uma miríade de regimes especiais, além de uma desnecessária confusão sobre o conceito de insumos.

Fala-se em unificar o PIS e a Cofins. Ocorre que, excetuadas situações peculiaríssimas, as legislações dessas contribuições são idênticas. Não seria crível qualificar como simplificação o pagamento desses tributos em um único documento de arrecadação, especialmente quando se sabe que, em virtude da Constituição, têm destinações distintas.

Aplicar regras de valor agregado para empresas que hoje são optantes pelo regime cumulativo resultará, seguramente, em aumento de complexidade. Justamente para evitar essa complexidade é que contribuintes do Imposto de Renda optam pelo regime do lucro presumido. Além do mais, o modelo que almeja a simplificação admite, inconsistentemente, uma longa lista de regimes especiais: instituições financeiras, empresas de seguro, capitalização e previdência, indústria naval, Zona Franca de Manaus, atividades imobiliárias, combustíveis derivados do petróleo, etanol, biodiesel, gás natural, GLP, agronegócio, veículos, autopeças, atividade imobiliária, cigarros e produtos farmacêuticos.

Há ainda que considerar o inevitável aumento de carga tributária sobre empresas optantes do regime cumulativo, principalmente as prestadoras de serviços. Não haverá diversidade de alíquotas capaz de abranger situações tão díspares entre os contribuintes.

A incapacidade de conceituar crédito de insumos não pode servir de pretexto para aumentar a complexidade e a carga tributária de optantes pelo regime cumulativo. Essas questões têm de ser tratadas com total transparência, sem o subterfúgio de propostas que buscam tão somente sufragar o reformismo.
Por: Everardo Maciel Fonte: O Estado de S. Paulo, 3/9/2015 Do site: http://www.institutomillenium.org.br/

MEDO E RELIGIÃO - LEANDRO KARNAL

A INFLUÊNCIA DOS FILÓSOFOS NA ADMINISTRAÇÃO

Os filósofos buscam constantemente soluções para os problemas que o correm em seu meio podendo ser externo ou até mesmo interno. Eles buscaram em sua época o que as organizações buscam constantemente: planejamento, organização das tarefas, direção e controle, porém vemos que em um período tão desglobalizado, houve mais resultados positivos do que muitas empresas que existem hoje em dia. 

Merece referências a influência dos filósofos gregos, como Platão (429 a.C. 347 a.C.) discípulo de Sócrates, e Aristóteles (384 a.C. 322 a.C.), discípulo de Platão. Ambos deixaram contribuições para o pensamento administrativo do Século XX. Platão preocupou-se com os problemas de natureza política e social relacionados ao desenvolvimento do povo grego. Aristóteles impulsionou o pensamento da Filosofia e no seu livro Política estudou a organização do Estado.

Outros filósofos deixaram importantes contribuições para a formação do pensamento administrativo: Nicolau Maquiavel (1469 – 1527) historiador e filósofo político italiano, seu livro mais famoso, O Príncipe (escrito em 1513 e publicado em 1532) refere-se à forma de como um governante deve se comportar. Segundo Maximiano (2000, p.146), Maquiavel pode ser entendido “como um analista do poder e do comportamento dos dirigentes em organizações complexas”. Certos princípios simplificados que sofreram popularização estão associados a Maquiavel (observa-se o adjetivo maquiavélico):

- “Se tiver que fazer o mal, o príncipe deve fazê-lo de uma só vez. O bem deve fazê-lo aos poucos”.

- “O príncipe terá uma só palavra. No entanto, deverá mudá-la sempre que for necessário”.

- “O príncipe deve preferir ser temido do que amado.”

Francis Bacon (1561 – 1626) filósofo e estadista inglês, considerado um dos pioneiros do pensamento científico moderno, fundador da Lógica Moderna baseada no método experimental e indutivo (do específico para o geral). Segundo Chiavenato (1983, p.22) com Bacon é que encontra-se a preocupação com a separação experimental do que é essencial em relação ao que é acidental. Antecipou-se ao princípio da Administração “prevalência do principal sobre o acessório”.

René Descartes (1596 – 1650) filósofo, matemático e físico francês, considerado fundador da Filosofia Moderna, celebrizado pela sua obra “O Discurso do Método”, em que descreve os principais preceitos do seu método filosófico, hoje denominado “método cartesiano” cujos princípios são:

- Princípio da Dúvida Sistemática ou da Evidência – não é verdadeiro até que se saiba com evidência, ou seja, como realmente verdadeiro.

- Princípio da Análise ou da Decomposição - dividir e decompor cada parte de um problema para analisar as suas partes separadamente.

- Princípio da Síntese ou da Composição – processo racional que consiste no ordenamento dos pensamentos, dos mais fáceis e simples para os mais difíceis e complexos.

- Princípio da Enumeração ou da Verificação – em tudo fazer recontagens, verificações e revisões de modo a tornar-se seguro de não ter havido qualquer omissão durante o processo de raciocínio (checklist).

Thomas Hobes (1588 – 1679) filósofo e teórico político inglês, segundo o qual o homem primitivo era um ser anti-social por definição, atirando-se uns contra os outros pelo desejo de poder, riquezas e propriedades – “o homem é o lobo do próprio homem”. O Estado surge como a resultante da questão, que, de forma absoluta, impõe a ordem e organiza a vida social.

Karl Marx (1818 – 1883) e Friedrich Engels (1820 – 1895) propuseram uma teoria da origem econômica do Estado. Chiavenato (1983, p.23) escreve que, de acordo com Marx e Engels a dominação econômica do homem pelo homem é a geradora do poder político do Estado, que vem a ser uma ordem coativa imposta por uma classe social exploradora. No Manifesto Comunista, ainda segundo Chiavenato, Marx e Engels afirmam que a história da humanidade sempre foi a história da luta de classes, resumidamente, entre exploradores e explorados.

Adam Smith (1723 – 1790) filósofo e economista escocês, considerado como criador da Escola Clássica da Economia, em 1776 publica a sua obra “Uma investigação sobre a natureza e as causas da riqueza das nações”, mais conhecido como A Riqueza das Nações, já abordava o princípio da especialização dos operários e o princípio da divisão do trabalho em uma manufatura de agulhas para destacar a necessidade da racionalização da produção. Conforme Chiavenato (1983, p.30), para Adam Smith, a origem da riqueza das nações reside na divisão do trabalho e na especialização das tarefas, preconizando o estudo dos tempos e movimentos, pensamento que, mais tarde, Frederick Winslow Taylor e o casal Frank e Lilian Gilbreth viriam a desenvolver, fundamentando a Administração Científica.

Todo indivíduo necessariamente trabalha no sentido de fazer com que o rendimento anual da sociedade seja o maior possível. Na verdade, ele geralmente não tem intenção de promover o interesse público, nem sabe o quanto o promove. Ao preferir dar sustento mais à atividade doméstica que à exterior, ele tem em vista apenas sua própria segurança; e, ao dirigir essa atividade de maneira que sua produção seja de maior valor possível, ele tem em vista apenas seu próprio lucro, e neste caso, como em muitos outros, ele é guiado por uma mão invisível a promover um fim que não fazia parte de sua intenção. E o fato de este fim não fazer parte de sua intenção nem sempre é o pior para a sociedade. Ao buscar seu próprio interesse, freqüentemente ele promove o da sociedade de maneira mais eficiente do que quando realmente tem a intenção de promovê-lo. (“Adam Smith, A Riqueza das Nações, Livro IV, capítulo 2”).

David Ricardo (1772 – 1823) economista britânico, em sua obra “Princípios de Economia Política e Tributação”, publicada em 1817, tratava de teorias cujas bases residiam nos seus estudos sobre a distribuição da riqueza a longo prazo. Segundo David Ricardo o crescimento da população tenderia a provocar a escassez de terras produtivas. Tal Como Adam Smith, Ricardo admitia que a qualidade do trabalho contribuía para o valor de um bem. O trabalho era visto como uma mercadoria. Uma importante contribuição sua foi o princípio dos rendimentos decrescentes, devido à renda das terras. Tentou deduzir uma teoria do valor a partir da aplicação do trabalho. Ricardo tornou-se o clássico por excelência da Economia, apesar de se inspirar em grande parte da sua análise na obra de Adam Smith acabou por criticá-lo. Alterou o conceito de valor de uso de Adam Smith definindo-o como a Utilidade, ou seja, a capacidade do produto satisfazer as nossas necessidades. Como contribuições para a formação do pensamento administrativo, resumidamente, é possível destacar: suas posições a respeito do custo do trabalho e sobre os preços e mercados.

John Stuart Mill (1806 – 1873) filósofo e economista britânico publicou “Princípios de Economia Política” onde, segundo Chiavenato (1983, p.31) apresenta um conceito de controle objetivando evitar furtos nas empresas. Acrescenta duas qualidades importantes, a fidelidade e o zelo.

A partir do Séc. XX poderemos verificar no pensamento de Peter Drucker a crescente preocupação com as novas formas de atuação do administrador enquanto individuo e da administração enquanto prática para que tal indivíduo alcance e desenvolva a felicidade, zelo, controle do trabalho, utilidade do valor, a ordem, a organização, e outros aspectos já evidenciados pelos filósofos clássicos diante de um mundo tão complexo como o que vivenciamos hoje, chamado de mundo globalizado.
Por: Charlyton Vasconcelos, 11 de setembro de 2008



domingo, 13 de setembro de 2015

CATIVOS DA EUROPA

No fim desta Europa, quem chega são os que foram seus cativos, expulsos de casa pelos filhos dela. Eles trazem culturas e visões de mundo completamente incompatíveis com as europeias de hoje, e seu próprio número impede sua assimilação

“Não molestarás nem afligirás o estrangeiro, porque também vós fostes estrangeiros na terra do Egito” (Ex 22,21). Este texto-base da civilização que edificou a Europa está agora sendo posto à prova; uma dura prova, porque não se trata de um ou dois refugiados, mas de multidões inumeráveis, de centenas de milhares de desesperados vindo bater às portas das antigas potências coloniais em números suficientes para fazer parecer piada qualquer possibilidade de assimilação nas decadentes sociedades de bem-estar social da Europa ocidental.

Para dificultar ainda mais a busca europeia de soluções – além do evidente, já lembrado pelo papa: dar de comer a quem tem fome, vestir os desnudos, dar água a quem tem sede –, a maioria dos estrangeiros que chegam é de muçulmanos a fugir de muçulmanos ainda mais radicais. Uma numerosa minoria é composta de cristãos de ritos orientais, culturalmente mais próximos dos muçulmanos que dos europeus materialistas hodiernos. São afegãos que fogem do Talibã, sírios que fogem do Estado Islâmico, líbios e egípcios que fogem das milícias wahabitas, todos aglomerando-se desesperados às portas da Europa, após a paz precária de suas sociedades ter sido demolida pela intervenção americana, com ou sem o quase simbólico auxílio da Otan.

No fim do Império Romano, chegaram os povos de logo além das fronteiras. No fim desta Europa, quem chega são os que foram seus cativos, expulsos de casa pelos filhos dela. Eles trazem culturas e visões de mundo completamente incompatíveis com as europeias de hoje, e seu próprio número impede sua assimilação. Disso surgirá uma Europa tão diversa da do século passado quanto a Roma dos papas o foi da dos césares.
A Europa dominara militar e politicamente por algumas décadas os territórios de origem dos refugiados, assumindo então uma responsabilidade paterna ineludível: “tu te tornas responsável por aquele que cativas”, já dizia a raposinha. Para complicar, o touro solto na loja de louças da região – os EUA – é mais que um ex-cativo da Europa moderna: é seu filho direto. A modernidade que fundou os EUA, mas conservou a alteridade das colônias e protetorados muçulmanos, agora tem de lidar com as consequências de seus atos.Os ditadores que protegiam as religiões minoritárias por verem no extremismo wahabita um perigo à própria autoridade, como Saddam Hussein, Muamar Kadafi e Hosni Mubarak, foram defenestrados; no seu lugar ficou o caos que tanto interessa ao que Eisenhower batizou de “complexo industrial-militar” americano. Armas americanas fragilizaram o presidente da Síria, que, por pertencer a uma seita minoritária (os alauítas, muçulmanos trinitários), servia de baluarte contra a dominação wahabita financiada pelos sauditas, aliados de Washington.
Por: Carlos Ramalhete Do site: http://www.gazetadopovo.com.br/