terça-feira, 26 de julho de 2016

FRANÇA: A GUERRA CIVIL ESTÁ CHEGANDO

- Para o presidente francês François Hollande o inimigo é uma abstração: "terrorismo" ou então "fanáticos".


- O presidente francês opta por reafirmar sua determinação a favor de ações militares no exterior: "iremos reforçar nossas ações na Síria e no Iraque," ressaltou o presidente após o ataque em Nice.

- Confrontados com esse fracasso da nossa elite -- que foi eleita para capitanear o país pelos perigos nacionais e internacionais -- causaria alguma surpresa se grupos paramilitares estiverem se organizando para retaliar?

- Na França, foram as elites globais que fizeram a escolha. Eles decidiram que os "maus" eleitores da França eram pessoas desatinadas, idiotas demais, para enxergarem a beleza de uma sociedade aberta para aqueles que muitas vezes não querem se assimilar, que querem que você seja assimilado por eles e que ameaçam matá-lo se você discordar. A elite se alinhou contra os próprios idosos e pobres do país porque eles não quiseram mais votar neles. A elite também optou por não combater o islamismo, porque os muçulmanos votam coletivamente na elite global.


"Estamos à beira de uma guerra civil". Essa afirmação não foi feita por um fanático ou lunático. Não, ela foi feita por Patrick Calvar, Chefe do Departamento de Segurança Nacional França, DGSI (Direction générale de la sécurité intérieure). Na realidade ele já tinha se referido, por diversas vezes, sobre o risco de guerra civil. Em 12 de julho ele fez o alerta à Comissão dos Membros do Parlamento, responsável por um levantamento em relação aos ataques terroristas de 2015.
A polícia francesa matou um terrorista islamista natural da Tunísia, que matou 84 pessoas em Nice, França em 14 de julho de 2016. (Imagem: captura de tela da Sky News)

Em maio de 2016, ele enviou uma mensagem bem parecida a uma outra comissão de membros do parlamento, desta vez encarregada da defesa nacional. A "Europa", realçou ele, "corre perigo. O extremismo cresce em todos os cantos e agora nós estamos voltando a nossa atenção para alguns movimentos de extrema-direita que estão se preparando para um confronto".

Que tipo de confrontação? "Confrontos entre comunidades", ressaltou ele -- eufemismo para "guerra contra os muçulmanos". "Mais um ou dois ataques terroristas", acrescenta ele "e poderemos nos ver diante de uma guerra civil".

Em fevereiro de 2016, diante da Comissão do Senado responsável pelas informações da inteligência, ele voltou a afirmar: "nós estamos dirigindo nossos olhares para a extrema-direita que está apenas esperando que aconteçam mais ataques terroristas para lançarem mão de confrontos violentos".

Ninguém sabe se o terrorista que lançou o caminhão em cima da multidão no Dia da Bastilha em 14 de julho em Nice matando mais de 80 pessoas irá precipitar uma guerra civil na França, mas poderá ajudar a identificar o que irá gerar esse risco na França e em outros países como a Alemanha ou a Suécia.

A principal razão é o fracasso do estado.

1. A França Está em Guerra, Mas Nunca se Menciona o Nome do Inimigo.

A França é o principal alvo de recorrentes ataques islamistas; os banhos de sangue que mais ficaram em evidência ocorreram na redação da revista Charlie Hebdo e no supermercado Hypercacher de Vincennes (2015); na sala de espetáculos Bataclan, nos restaurantes próximos e no Estádio Stade de France (2015); no ataque frustrado contra o trem Thalys; na decapitação de Hervé Cornara (2015); no assassinato de dois policiais em Magnanville em junho (2016) e agora no atropelamento do caminhão em Nice no dia do festejo da Revolução francesa de 1789.

A maioria desses ataques foram cometidos por muçulmanos franceses: cidadãos voltando da Síria (os irmãos Kouachi contra o Charlie Hebdo) ou por islamitas franceses (Larossi Abballa que matou a família de um policial em Magnanville em junho de 2016), que mais tarde assumiu sua lealdade ao Estado Islâmico (ISIS). O assassino do caminhão em Nice era tunisiano, casado com uma francesa com a qual teve três filhos, viviam tranquilamente em Nice até que ele resolveu matar mais de 80 pessoas e ferir dezenas mais.

Após cada um desses trágicos episódios o Presidente François Hollande se recusa a dizer quem é o inimigo, se recusa a dizer islamismo -- e principalmente se recusa em citar os islamistas franceses -- como inimigos dos cidadãos franceses.

Para Hollande o inimigo é uma abstração: "terrorismo" ou então "fanáticos". Mesmo quando o presidente já ousa apontar o inimigo como sendo o "islamismo", ele se recusa a dizer que irá fechar todas as mesquitas salafistas, proibir na França a Irmandade Muçulmana e organizações salafistas ou proibir que as mulheres usem véus nas ruas ou nas universidades. Não, o presidente francês opta por reafirmar sua determinação a favor de ações militares no exterior: "iremos reforçar nossas ações na Síria e no Iraque," ressaltou o presidente após o ataque em Nice.

Para o presidente francês, o posicionamento de soldados no próprio país deve ser empregado apenas em casos de operações defensivas: política de contenção, não o rearmamento ofensivo da república contra um inimigo interno.

Confrontados com esse fracasso da nossa elite -- que foi eleita para capitanear o país pelos perigos nacionais e internacionais -- causaria alguma surpresa se grupos paramilitares estiverem se organizando para retaliar?

Conforme salienta Mathieu Bock-Côté, sociólogo da França e do Canadá, no jornal Le Figaro:

"As elites ocidentais, com uma obstinação suicida, opõem-se em identificar o inimigo. Confrontadas com ataques em Bruxelas ou Paris, elas preferem imaginar uma luta filosófica entre a democracia e o terrorismo, entre uma sociedade aberta e o fanatismo, entre a civilização e a barbárie".

2. A Guerra Civil Já Começou e Ninguém Quer Dar um Nome a Ela.

A guerra civil começou há dezesseis anos, com a Segunda Intifada. Enquanto os palestinos levavam a efeito ataques suicidas em Tel-aviv e Jerusalém, os muçulmanos franceses começavam a aterrorizar os judeus que viviam pacificamente na França. Durante dezesseis anos, os judeus -- na França -- foram massacrados, atacados, torturados e esfaqueados por cidadãos franceses muçulmanos, teoricamente para vingar os palestinos da Cisjordânia.

Quando um grupo de cidadãos franceses, que são muçulmanos, declara guerra a outro grupo de cidadãos franceses que são judeus, que nome se dá a isso? Para o establishment francês, não se trata de guerra civil, é apenas um lamentável mal-entendido entre duas comunidades "étnicas".

Até agora ninguém queria estabelecer uma ligação entre estes ataques e o ataque assassino em Nice contra pessoas que não eram necessariamente judias -- e chamá-lo como deveria ser chamado: guerra civil.

Para o establishment francês, politicamente correto ao extremo, o perigo de uma guerra civil somente se concretizará se houver retaliação contra muçulmanos franceses; se todos apenas cederem às suas exigências tudo estará bem. Até agora ninguém pensou que os ataques terroristas contra os judeus cometidos por muçulmanos franceses; contra os jornalistas doCharlie Hebdo por muçulmanos franceses; contra um empresário que foi decapitado há um ano por um muçulmano francês; contra o jovem Ilan Halimi por um grupo de muçulmanos; contra escolares menores de idade em Toulouse por um muçulmano francês; contra os passageiros do trem Thalys por um muçulmano francês, contra pessoas inocentes em Nice por um francês praticamente muçulmano fossem sintomas de uma guerra civil. Estes banhos de sangue continuam a ser vistos, até hoje, como algo parecido com um trágico mal-entendido.

3. O Establishment Francês Considera os Pobres, os Idosos e os Desiludidos o Inimigo

Na França, quem reclama mais da imigração muçulmana? Quem mais sofre com o islamismo local? Quem gosta mais de beber uma taça de vinho ou comer um sanduíche de manteiga com presunto? Os pobres e os idosos que vivem perto das comunidades muçulmanas, porque não têm dinheiro para se mudarem para outro lugar.

Hoje, como resultado, milhões de pobres e idosos na França estão dispostos a elegerem Marine Le Pen, presidente da Frente Nacional (partido de direita), como próxima presidente da República, pela simples razão da Frente Nacional ser o único partido determinado a combater a imigração ilegal.

Visto que os franceses idosos e pobres estão dispostos a votar na Frente Nacional, eles se tornaram o inimigo do establishment francês, tanto da direita quanto da esquerda. O que a Frente Nacional está dizendo a essas pessoas? "Vamos restaurar a França como nação dos franceses". E os pobres e idosos acreditam -- porque eles não têm escolha.

Na mesma linha, os pobres e idosos na Grã-Bretanha não tiveram outra escolha senão a de votarem a favor do Brexit. Eles fizeram uso do primeiro instrumento que lhes foi fornecido para expressarem seu descontentamento de viver em uma sociedade que não apreciam mais. Eles não votaram com o intuito de dizer: "matem esses muçulmanos que estão transformando o meu país, roubando o meu emprego e absorvendo meus impostos". Eles somente estavam protestando contra uma sociedade que uma elite global tinha começado a transformar sem o seu consentimento.

Na França, foram as elites globais que fizeram a escolha. Eles decidiram que os "maus" eleitores da França eram pessoas desatinadas, idiotas demais, racistas demais para enxergarem a beleza de uma sociedade aberta para aqueles que muitas vezes não querem se assimilar, que querem que você seja assimilado por eles e que ameaçam matá-lo se você discordar.

As elites globais fizeram outra escolha: se posicionaram contra os próprios idosos e pobres do país porque eles não quiseram mais votar neles. As elites globais também optaram por não combater o islamismo, porque os muçulmanos votam globalmente na elite global. Os muçulmanos na Europa também oferecem uma grande "recompensa" para a elite global: votam coletivamente.

Na França, 93% dos muçulmanos votaram no atual presidente, François Hollande em 2012. Na Suécia, os sociais-democratas afirmaram que 75% dos muçulmanos suecos votaram neles na eleição geral de 2006; estudos mostram que o bloco "vermelho-verde" conquista de 80 a 90% dos votos muçulmanos.

4. A Guerra Civil é Inevitável? É!

Se o establishment não quer enxergar que a guerra civil foi declarada primeiro pelo extremistas muçulmanos -- se o establishment não quer enxergar que o inimigo na França não é a Frente Nacional, a AfD na Alemanha ou os Democratas Suecos e sim o islamismo na França, Bélgica, Grã-Bretanha e Suécia -- então haverá sim uma guerra civil.

Tanto a França quanto a Alemanha e a Suécia, dispõem de militares e policiais fortes o suficiente para combaterem o inimigo islamista interno. Mas primeiro eles têm que apresentar o nome do inimigo e tomar medidas contra ele. Caso contrário -- se deixarem os cidadãos autóctones aflitos, sem opção a não ser se armarem e retaliarem -- sim, a guerra civil é inevitável.
Por: Yves Mamou, radicado na França, trabalhou por duas décadas como jornalista para o Le Monde. 19 de Julho de 2016
Original em inglês: France: The Coming Civil War
Tradução: Joseph Skilnik Do site: http://pt.gatestoneinstitute.org/

OLAVO DE CARVALHO - ENTENDA, PODE MUDAR SUA VIDA

segunda-feira, 25 de julho de 2016

O IMÃ ENALTECIDO PELA IGREJA DA SUÉCIA: "OS JUDEUS ESTÃO POR TRÁS DO ESTADO ISLÂMICO!"

- Os sacerdotes têm medo de falar sobre Jesus durante a missa. — Eva Hamberg, episcopisa e professora, renunciou ao sacerdócio em sinal de protesto e deixou a Igreja.


- A Igreja da Suécia pode estar caminhando para o "Crislão" -- uma mistura do cristianismo com o Islã. Os sacerdotes suecos ao observarem o fervor religioso dos muçulmanos que vivem na Suécia e que agora tomam parte, entusiasmados, de diversos programas de confraternização entre as religiões.

- "Há fontes confiáveis do Egito que mostram que a família real saudita é, na realidade, uma família judia que veio do Iraque à Península Arábica ao redor dos anos 1700. Eles montaram um exército com a ajuda de oficiais britânicos que lutavam contra o sultanato otomano." — Imã Awad Olwan com quem o sacerdote Henrik Larsson está trabalhando em um programa de cooperação entre religiões.

- "O envolvimento que a Igreja da Suécia demonstrou em relação à vulnerabilidade dos cristãos palestinos, foi substituído pela indiferença para com a limpeza étnica dos cristãos da Síria e do Iraque. Naqueles países, as atrocidades são cometidas na maioria das vezes pelos muçulmanos, sendo evidentemente o bastante para que a Igreja da Suécia se debruce sobre questões ambientais e climáticas." — Eli Göndör, estudioso da religião.


A Igreja da Suécia deixou de ser a forte e austera igreja oficial. No passado, os suecos nasceram nela e até 1951 ninguém tinha autorização de deixá-la. Hoje em dia, no entanto, é uma instituição que tem muito pouco a ver com o cristianismo ou com Jesus. A Suécia, de acordo com o >World Values Survey, é um dos países mais seculares do mundo; anualmente um contingente considerável de suecos abandona a igreja.

Normalmente somente os ateus deixavam a Igreja; agora são os cristãos devotos que a deixam -- em sinal de protesto contra a relação, cada vez mais questionável, da igreja em relação a fé cristã.

Quando, por exemplo, a atual Arquiepiscopisa Antje Jackelén, pouco antes da nomeação ao arcebispado, participou de um programa de perguntas e respostas no outono de 2013, uma das perguntas foi a seguinte: "Jesus transmite uma imagem mais verdadeira de Deus do que Maomé?", surpreendentemente, a futura arquiepiscopisa não disse imediatamente que sim, mas envolveu-se em um longo monólogo sobre as muitas maneiras de se chegar a Deus. Evidentemente isso aborreceu muitos paroquianos A renomada sacerdotisa e professora Eva Hamberg, renunciou ao sacerdócio em sinal de protesto e deixou a Igreja da Suécia.

"Isso fez com que eu saísse mais depressa", disse ela ao jornal cristão Dagen. "Se a futura arquiepiscopisa não consegue defender a Fé dos Apóstolos e ainda fica racionalizando, então é porque a secularização já foi longe demais."

Hamberg, que conduziu a pesquisa sobre o processo de secularização, salientou que na Suécia a secularização passa por uma celeridade -- mesmo dentro da Igreja da Suécia. Como exemplo, Hamberg disse que Antje Jackelén não acredita na Imaculada Conceição e diz ser uma metáfora. Hamberg também salientou que há falta de reverência diante do Deus Trino e que os sacerdotes têm medo de falar sobre Jesus durante a missa.


"Há também uma clara falta de tolerância dentro da Igreja da Suécia. Todos os candidatos (ao cargo de arcebispo) estavam ávidos a falar sobre diálogo e isso, ao que tudo indica, é excelente, mas não passa de frases vazias. Na realidade os líderes da igreja perseguem os dissidentes. Se você não concordar com a ordenação de mulheres, você não será ordenado. A margem de manobra é incrivelmente pequena."

Quando Antje Jackelén venceu a eleição e se tornou a primeira arquiepiscopisa da Suécia, estava na hora do próximo impacto. Como lema, ela escolheu "Deus é Grande", "Allahu Akbar" em árabe. Jackelén referia-se a 1 João 03:19-21, que diz :

"E nisto conhecemos que somos da verdade, e diante dele asseguraremos nossos corações; sabendo que, se o nosso coração nos condena, maior é Deus do que os nossos corações, e conhece todas as coisas."

No entanto, poucos acreditam que a escolha do lema não seja o velho e conhecido flerte, sem rodeios, com os muçulmanos da Suécia. No Islã, "Allahu Akbar" são as primeiras palavras que se ouve quando de cada chamada para a oração, oriunda de cada minarete ao redor do mundo e é o grito que ouvimos recorrentemente associado aos atentados suicidas islâmicos, decapitações de não muçulmanos e ataques terroristas.

O rei, a rainha e a princesa herdeira da Suécia estavam presentes na ordenação arquiepiscopal da Episcopisa Antje Jackelén na Catedral de Uppsala em 15 de junho de 2014. (Imagem: Igreja da Suécia)

A escolha do lema da Arquiepiscopisa Jackelén não é um caso isolado; apenas o mais evidente sinal de que a Igreja da Suécia pode estar caminhando para o "Crislão" -- uma mistura do cristianismo com o Islã. Os sacerdotes suecos ao observarem o fervor religioso dos muçulmanos que vivem na Suécia e que agora tomam parte, entusiasmados, de diversos programas de confraternização entre as religiões. No ano passado, a Episcopisa de Estocolmo Eva Brunne, sugeriu retirar a cruz da Igreja dos Pescadores para que os muçulmanos pudessem lá rezar.

O Gatestone Institute entrou em contato com seu colaborador mais próximo, o Sacerdote Diocesano Bo Larsson, para saber mais detalhes sobre a proposta.

Gatestone: os cristãos nos países muçulmanos podem esperar o mesmo nas mesquitas?

Bo Larsson: "não, acredito que não. Para os muçulmanos as construções têm uma dignidade especialmente sagrada."

Gatestone: mas não é assim para os suecos?

Bo Larsson: "parece que não. Mas já há muitas mesquitas na Suécia."

Gatestone: Então, por que a necessidade de rezar na Igreja dos Pescadores?

Bo Larsson: "sabe, foi apenas uma sugestão. Muitas pessoas nas redes sociais colocaram na cabeça que isso quer dizer que a Brunne não é mais cristã, mas isto, obviamente, não é verdade."

Gatestone: de modo que nós cristãos devemos respeitar os muçulmanos, ainda que eles não nos respeitem?

Bo Larsson: "acredito que sim. É a minha opinião. Sou padre há 40 anos. Ainda somos a maior igreja da Suécia, de modo que devemos dar oportunidades aos muçulmanos e judeus."

Gatestone: "o senhor está dizendo 'se você não pode vencê-los, junte-se a eles?'"

Bo Larsson: "é uma maneira de ver as coisas."

Gatestone: a Igreja da Suécia é conhecida por sua atitude positiva em relação aos homossexuais. Sua própria episcopisa Eva Brunne, é abertamente gay. Mesmo assim o senhor apoia o Islã que persegue os homossexuais?

Bo Larsson: "é uma pergunta difícil de responder. Mas claro, é terrível que os gays não têm quaisquer direitos nos países muçulmanos e não podem viver abertamente. Terrível."

Gatestone: e mesmo assim você quer apoiar essa religião?

Bo Larsson: "você sabe, também há cristãos que são contra a homossexualidade."

Gatestone: que querem enforcar os gays?

Bo Larsson: "parece que não. Acho que o senhor está simplificando demais. O que nós queremos na Suécia é ter diálogo com os muçulmanos."

Gatestone: você já conversou sobre homossexualidade com os muçulmanos?

Bo Larsson: "não."

Gatestone: o senhor se considera capaz de transformar o Islã da Suécia em uma religião tolerante, de mente aberta?

Bo Larsson: "há cristãos fundamentalistas nos Estados Unidos que não aceitam os homossexuais."

Gatestone: mas você acredita que há uma diferença entre não aceitar e querer matar?

Bo Larsson: "eu nunca ouvi um muçulmano dizer que ele quer matar homossexuais."

O "Crislão" foi ao extremo no subúrbio de Fisksätra em Estocolmo, onde predominam os imigrantes; são 8.000 pessoas, falando 100 idiomas diferentes. Naquele subúrbio a Igreja da Suécia começou a arrecadar fundos com o objetivo de construir uma mesquita -- um programa intitulado "Casa de Deus" -- adjacente a uma igreja. O programa é descrito em seu Websiteoficial da seguinte maneira:

"A Casa de Deus representa o desejo de paz e trabalho duro no espírito da paz. Estamos construindo uma mesquita ao lado da igreja em Fisksätra. Entre a Igreja e a mesquita será construída uma praça interior comum com livre acesso, do tipo jardim de inverno. A Casa de Deus é singular, um exemplo da cooperação e do diálogo religioso, tão importantes nos dias de hoje. Junte-se a nós!"

O Gatestone entrou em contato com Henrik Larsson, padre e um dos fundadores do programa Casa de Deus. Ele nos assegurou que o Islã é pacífico e democrático, mas as suas respostas seguintes indicaram que ele pode não estar tão maravilhado por esta religião, apesar de tudo.

"Nós cristãos também fizemos coisas horríveis ao longo dos séculos," salientou ele. "Queimamos bruxas, colonizamos outros países e nos aliamos a vários exércitos ao longo da nossa história. Penso que todas as religiões podem ser usadas da mesma maneira."

Gatestone: o senhor está dizendo que nós estamos em 2016 e eles ainda estão travados em 1400?

H. Larsson: "se é que é 1400. Eles estão se esforçando em criar uma sociedade como a que existia logo após a morte do Profeta Maomé, isso significa que estamos falando dos anos 600, 700 e 800 a.C. Esse é o ideal deles. Mas também há um Islã a procura de novos caminhos, um Islã Europeu, aqueles que querem ser muçulmanos dentro de uma sociedade democrática e secular."

Gatestone: ao que tudo indica, muitos muçulmanos na Suécia não querem se adaptar à cultura sueca. Basta olhar para todos os estupros e agressões sexuais em piscinas públicas.

H. Larsson: "sim, não é nada fácil para jovens afegãos que foram criados em uma sociedade onde as mulheres têm que se cobrir com um lençol antes de sair de casa; é claro que eles foram condicionados a terem uma atitude para com as mulheres que está a quilômetros de distância da nossa. É óbvio que não se deve permitir que eles ajam dessa maneira, não é de se admirar que haja conflitos. Mas eles precisam aprender a maneira como nós vemos os homens e as mulheres na Suécia."

Henrik Larsson elogia o imã com quem trabalha na "Casa de Deus." Seu nome é Awad Olwan, um palestino que veio para a Suécia nos anos 1960. De acordo com Henrik Larsson, Olwan é o muçulmano moderno, que se tornou imã com a idade mais avançada e aprecia a democracia.

Entretanto, quando o Gatestone entrou em contato com Olwan, para perguntar porque ele apoiava a Frente Popular para a libertação da Palestina (FPLP) nos anos 1970 e porque ele se recusava a condenar o massacre de Munique nos Jogos Olímpicos de 1972, ele primeiramente fez de conta que não sabia o que era a FPLP. A BBC a descreveu como a "junção do nacionalismo árabe com a ideologia marxista-leninista, a FPLP considerava a destruição de Israel como parte integrante da sua luta para acabar com o capitalismo ocidental do Oriente Médio."

Olwan: "ah, bem, sim, naquela época havia um monte de organizações distintas, mas esqueça isso -- isso agora faz parte da história. Significava Libertação da Palestina e mais alguma coisa. Para ser sincero, eu realmente não me lembro."

Gatestone: o senhor se recusou a condenar o ataque contra os atletas judeus na Olimpíada de Munique?

Olwan: "sim, é verdade, mas isso foi nos anos 70! Não me lembro o que eu disse naquela época."

Gatestone: agora a sua postura é outra?

Olwan: "é claro que é. Não foi nada além de assassinato."

Na nossa primeira conversa, Awad Olwan disse ser muito positivo em relação aos judeus. Ele disse que o fato de não haver nenhum judeu na Casa de Deus é porque não há nenhuma congregação judaica em Fisksätra, mas que os organizadores convidaram um coro judaico e estão se dando bem e trabalhando juntos.

Entretanto, no nosso segundo encontro começaram a emergir novas ideias. Ao ser indagado sobre o Alcorão e os hádices, Olwan começou a xingar e dizer que culpa toda era daqueles f** árabes de Meca."

Gatestone: o senhor está dizendo que o problema não é o Islã; que é a interpretação saudita do Islã que deteriora tudo?

Olwan: "exatamente! A religião deles, o (wahabbismo) foi inventado por um imperialista britânico há 200 anos. Não posso dizer mais do que isso, porque senão serei tachado de antissemita e sabe-se lá o que mais".

Gatestone: qual é a verdade em relação aos judeus?

Olwan: "ok, há fontes confiáveis do Egito, que mostram que a família real saudita é na realidade uma família judia que veio do Iraque à Península Arábica ao redor dos anos 1700. Eles montaram um exército com a ajuda de oficiais britânicos que lutavam contra o sultanato otomano. Depois, criaram o exército jordaniano e assim por diante."

Gatestone: o senhor está dizendo que é por isso que os judeus estão tão quietos?

Olwan: "isso mesmo. Eu expus em meu livro que a meta do ISIS/Daesh é desviar o foco do conflito árabe-israelense para o conflito entre sunitas e xiitas -- e conseguiram. Agora, irão apagar do mapa todo o Oriente Médio. Você verá! É terra católica, terra muçulmana e um monte de outras bobagens somente para justificar a existência de um estado judeu".

Gatestone: eu li na Internet que muitos acreditam que o Mossad e os judeus criaram o ISIS.

Olwan: "sim, é uma teoria que tem bom trânsito no Oriente Médio, mas se for dita no Ocidente, lhe dirão que você é um conspirador maluco e que não tem provas do que está dizendo. O negócio é o seguinte: não é possível travar uma guerra contra forças poderosas sem que você receba armas diariamente, é necessário dispor de planejamento e logística. Não estamos lidando com terroristas f** que aprenderam a guerrear na Internet, são pessoas altamente treinadas, altamente qualificadas. Eu vou ter que sair."

Gatestone: o senhor está se referindo aos judeus?

Olwan: "exatamente, exatamente."

Olwan provavelmente é o típico exemplo de um imã que se mostra conciliador e amigável frente aos ingênuos sacerdotes suecos, mas com um pouco de estímulo admite seu ódio aos judeus. Ao que tudo indica, ele também não aprecia muito a postura benevolente da Igreja da Suécia para com os gays.

Desde que a Igreja da Suécia se tornou uma das primeiras comunhões cristãs do mundo a aprovar o casamento gay em 2005, mais e mais sacerdotes saíram do armário. Em 2009, quando Eva Brunne foi nomeada episcopisa de Estocolmo, começaram as fofocas de que a igreja estava sendo dirigida pela "Liga das lésbicas". A Igreja da Suécia participou dos festivais do Orgulho Gay em Estocolmo em diversas ocasiões, fora isso várias igrejas receberam a certificação LGBT. O preço disso tudo é a possibilidade da igreja ser forçada a retirar certas passagens da Bíblia. Ulrika Westerlund Presidente da RFSL (Federação Sueca dos Direitos das Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transgêneros e Diferentes), alertou a igreja ressaltando: "há elementos nas escrituras religiosas que estão sendo usados contra as "pessoas" LGBT. Assim sendo temos que acertar se ela realmente quer a certificação, não queremos que aquelas passagens da Bíblia sejam citadas."

O sacerdote Henrik Larsson, vê um problema com os imãs que condenam recorrentemente a homossexualidade como pecado -- um princípio islâmico que provavelmente jamais poderá ser alterado porque foi dito por Alá (Alcorão, 7:80-84.IG). "Temos a esperança que eles atingirão o mesmo patamar que o nosso. Não faz tanto tempo assim que o cristianismo pregava as mesmas coisas."

Gatestone: o senhor tem esperança e acredita que os muçulmanos possam mudar, mesmo que alguns joguem os homossexuais dos telhados, os enforquem e os chicoteiem?

H. Larsson: "tenho, é terrível. Mas acredito que as pessoas são intrinsecamente boas de coração."

Awad Olwan não concorda com Henrik Larsson. Ele acredita que a atitude da Igreja da Suécia frente à homossexualidade é um pecado enorme:

"Eu discordo deles. A homossexualidade não é boa para a moral da sociedade e não é o que Jesus e Moisés defendiam. Seria melhor se toda essa história de homossexualidade na vida pública se tornasse um parêntese."

Enquanto isso, como a Igreja da Suécia está ocupada, elaborando o "Crislão", jamais reconhecerá que no Oriente Médio os cristãos estão sendo mortos e efetivamente erradicados. Em 2015, Eli Göndör, estudioso da religião, assinalou na revista Dagens Samhälle:

"O envolvimento que a Igreja da Suécia demonstrou em relação à vulnerabilidade dos cristãos palestinos, foi substituído pela indiferença para com a limpeza étnica dos cristãos da Síria e do Iraque. Naqueles países, as atrocidades são cometidas na maioria das vezes pelos muçulmanos, sendo evidentemente o bastante para que a Igreja da Suécia se debruce sobre questões ambientais e climáticas."

Para ser justo, em fevereiro de 2016 a Igreja da Suécia fez algo em relação aos cristãos do Oriente Médio -- ela incentivou congregações e indivíduos para que orassem por eles. As palavras Islã e muçulmanos não foram mencionadas no apelo.

O Gatestone entrou em contato com o serviço de informações da Igreja da Suécia para saber se as orações tinham dado algum resultado.

A voz do outro lado da linha respondeu: "não posso responder a esta pergunta". "Você poderia me enviar um e-mail com sua pergunta para que eu peça aos meus colegas que lhe enviem uma resposta?"
Por: Ingrid Carlqvist,uma jornalista e autora radicada na Suécia e Ilustre Colaboradora Sênior do Gatestone Institute.Original em inglês: The Imam Celebrated by the Church of Sweden: "The Jews are Behind the Islamic State!"
Tradução: Joseph Skilnik 


A DUPLA CRISE ECONÔMICA E COMO SAÍMOS DELA


Tenho feito algumas palestras a respeito da crise atual onde tento explicar como chegamos a uma situação tão grave. Minha primeira tarefa é convencer a audiência que vivemos de fato uma crise grave com potencial para ser a mais grave de nossa história. Não sou o único que pensa assim, de fato o próprio ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, afirmou que a crise atual pode ser mais grave que a da década de 30 do século passado, um período em que o mundo passava pela Grande Depressão. O leitor ainda cético pode se interessar pela figura abaixo, nela estão as taxas de crescimento do PIB desde 1901, repare que apenas duas vezes tivemos dois anos seguidos de queda do PIB, a primeira foi em 1930/31 e a segunda será 2015/16. Para piorar repare que em 1929 o PIB cresceu 1,1% enquanto em 2014 o PIB cresceu 0,1%, não fosse uma mudança no método de cálculo do PIB teríamos tido crescimento negativo também em 2014, no que seria a primeira vez de nossa história com três anos seguidos de queda no PIB.
Dados do Ipea de 1901 a 2013, para 2014 e 2015 usei dados do IBGE, para 2016 usei a projeção do Boletim Focus do BC

Como um país que em 2010 cresceu 7,5% e parecia ser um dos motores do crescimento mundial entrou em uma crise tão grande em menos de cinco anos? Esta é a pergunta que tento responder em minhas apresentações e que não é uma questão apenas acadêmica. O diagnóstico para a crise atual fornece a estratégia para superar a crise, um diagnóstico errado leva a “soluções erradas” que podem prolongar e/ou aprofundar a crise. Para entender o que aconteceu com nossa economia é preciso considerar que não vivemos apenas uma crise, são duas crises, não estou falando de uma crise política e uma crise econômica, estou falando de duas crises econômicas. Repare que não nego a existência de uma crise política, apenas registro que além de quaisquer outras crises (política, moral, de valores, institucional, dentre outras) que possam existir temos duas crises econômicas. A primeira é de médio e longo prazo e está na nossa baixa produtividade, na baixa taxa de crescimento da produtividade e baixa taxa de investimento. A segunda, de curto prazo, está caraterizada no desequilíbrio fiscal e na necessidade de controlar a inflação.

A crise de longo prazo e está associada a estrutura da economia e da sociedade brasileira. Para que a entendamos devemos considerar que para uma economia crescer é necessário que as pessoas trabalhem mais, e/ou que as empresas acumulem mais capital, e/ou que o capital e o trabalho existentes sejam usados de formas mais eficientes. Um dos resultados fundamentais da teoria do crescimento econômico é que no longo prazo o crescimento é explicado em sua maior parte pelo aumento da eficiência no uso do capital e/ou do trabalho, ou seja, pelo aumento da produtividade. Não vivemos melhor que nossos avós porque trabalhamos mais ou porque temos mais capital, vivemos melhor porque somos mais eficientes. A eficiência a que me refiro aqui não é necessariamente decorrente de novas tecnologias, longe disso, falo de qualquer coisa que permita obter mais produto com as mesmas quantidades de capital e trabalho. Como dizem alguns chefs modernos: menos é mais.

Pois bem, a produtividade da economia brasileira está estagnada a quase quarenta anos. Apresentei esse resultado em um artigo publicado na Revista Estudos Econômicos em parceira com Pedro Ferreira e Victor Gomes, em um capítulo de livro publicado pelo IPEA e em um outro artigo a ser publicado pela Revista de Economia Aplicada. Nos trabalhos uso metodologias diferentes para calcular produtividade e sempre chego ao resultado de quase estagnação. Outros autores chegaram ao mesmo resultado usando outras metodologias, uma boa coletânea de estudos sobre produtividade está no livro do IPEA que acabei de citar. A figura abaixo resume o que estou dizendo, note que nossa produtividade cresce bem menos que a dos EUA e a da Coreia do Sul, um país que já era rico e, por ser a economia líder, precisa de inovar para ficar mais produtivo e um país que é um exemplo de crescimento no período.
O leitor desconfiado pode questionar a escolha de países ou a medida de produtividade (feita a partir de dados da Penn World Table). Para acalmar o leitor ofereço uma comparação de nossa produtividade com a de vários outros países. No lugar da produtividade total dos fatores que utilizei na figura acima vou usar a produtividade do trabalho, um conceito simples que mede o quanto é produzido por um trabalhador em um determinado período. No lugar de comparar com um milagre de crescimento com a economia líder, comparo com quatro grupos distintos: países da América Latina, OCDE, países com PIB per capita próximo ao nosso e países com relação capital trabalho próximas a nossa. A figura abaixo mostras as comparações comparando com os países da América Latina ficamos em antepenúltimo, com os da OCDE ficamos em último, com os de PIB per capita próximos ao nosso ficamos em antepenúltimo e com os de relação capital trabalho próximas a nossa ficamos em penúltimo. Se nem assim o leitor está convencido que temos um problema de produtividade peço que leia um dos textos citados acima, se ainda não ficar convencido ou se não quiser ler os textos talvez seja o caso de parar por aqui e aceitar meus pedidos de desculpas pelo tempo que o fiz perder.

Lá por 2010 falar que tínhamos um problema de produtividade era aceitar um convite para ser chamado de doido, ou, se o crítico era um amigo, de um sujeito estranho. A economia crescia, o investimento crescia, o consumo crescia, a pobreza e a desigualdade diminuíam; só um sujeito muito chato podia falar que tínhamos problemas, ainda mais que tínhamos problemas graves. Hoje não é mais assim, vários economistas, inclusive os que reclamavam dos chatos, reconhecem que temos um problema de produtividade. Infelizmente esse (quase) consenso em torno da existência do problema não resolveu a questão, pelo contrário, criou uma oura questão sobre como resolver o problema da produtividade. Grosso modo podemos falar de duas estratégias para resolver nosso problema de longo prazo: a estratégia reformista e a estratégia desenvolvimentista.

A estratégia reformista foca em melhora no ambiente de negócios, na educação, reformas na legislação que tornem as instituições mais eficientes (e.g. redução da insegurança jurídica e do compadrio), abertura da economia e estabilidade macroeconômica (equilíbrio fiscal e controle da inflação). De uma forma rápida podemos dizer que os reformistas querem facilitar a criação e o crescimento das empresas, porém sem direcionar o processo. Deixe a terra fértil e, cedo ou trade, as pessoas saberão o que plantar. A estratégia desenvolvimentista busca direcionar a economia para o setor que seria o polo dinâmico da tecnologia e do crescimento da produtividade, tal setor a indústria. Para isso o governo direciona o investimento por meio de juros subsidiados, protege a indústria local por meio de tarifas e/ou políticas de desvalorização do câmbio, faz desoneração tributária de setores que considera importante, intervém em preços críticos como juros e energia e etc. Diga o que plantar que mesmo uma terra pouco fértil vai prosperar.

Note que as duas estratégias não são totalmente exclusivas, por exemplo, existem desenvolvimentistas que valorizam a estabilidade macroeconômica e existem reformistas que defendem juros subsidiados para setores estratégicos ou intervenção no câmbio. Porém, mesmo não sendo totalmente incompatíveis, as estratégias definem linhas e atuação diferentes que se refletem em um conjunto de políticas diferentes.

Pelo menos desde o pós-guerra o Brasil apostou na estratégia desenvolvimentista (tenha em mente que isso não exclui toda e qualquer medida reformista), o aparente sucesso da estratégia a tornou quase uma unanimidade. De radicais de esquerda que viam no desenvolvimentismo o caminho para criar a classe operária que faria e revolução a grandes empresários mirando nos ganhos propiciado pelo capitalismo de compadres, passando por tecnocratas encantados com o poder adquirido e políticos corruptos de olho nos ganhos de estado grande, todos tinham motivos para apoiar as políticas desenvolvimentistas. A crise da década de 1980, combinando recessão com inflação descontrolada, acabou com o encanto desenvolvimentista. Na década de 1990 o Brasil (o fenômeno foi observado em outros países da América Latina) apostou em uma agenda reformista. Apesar de acabar com estagnação de mais de uma década, controlar a inflação e testemunhar a queda na pobreza e na desigualdade a estratégia reformista foi abandonada na primeira década do século XXI. Como costuma ser o caso é praticamente impossível dizer exatamente quando a estratégia foi abandonada. Vou considerar que foi em 2006, mas se o leitor acredita que foi um pouco antes ou u pouco depois eu não tenho nada a reclamar.

A volta do desenvolvimentismo ocorreu em duas etapas. A primeira, um período de transição, ocorreu entre 2006 e 2010 e foi caracterizada pelo PAC, com o governo induzido o crescimento, com o reforço do BNDES, com o governo financiando o investimento, e com a política de conteúdo nacional, particularmente na extração de petróleo. A segunda fase, a época da Nova Matriz, mantém e/ou amplia as políticas da fase de transição de acrescenta a tentativa reduzir juros para estimular investimento, desvalorizar o câmbio para estimular a indústria, política fiscal anticíclica, controle de preços para estimular a economia (e.g. energia) ou para combater a inflação (e.g. combustíveis). A confiança nas novas políticas, que podemos chamar de contrarreformas, era tão grande que a presidente Dilma tomou posse em 2011 prometendo ser a presidente do PIBão.

Deu tudo errado. A despeito do BNDES ter se tornado o segundo maior banco de investimento do mundo, superando o Banco Mundial e só perdendo para o Banco de Desenvolvimento da China, a taxa de investimento do Brasil não disparou, pelo contrário, andou bem perto da de outros países do continente que não possuem um BNDES e depois despencou. A figura abaixo mostra como os mais de R$ 200 bilhões por ano desembolsados pelo BNDES parece ter sumido. Antes que alguém fale de corrupção eu aviso que não é isso, ou não é só isso, muito provavelmente os empresários que pegaram dinheiro no BNDES estavam dispostos a investir mesmo sem ajuda do banco, porém se podem pegar dinheiro a juros mais baixos não tinham porque não pegar, ou seja, houve uma substituição da fonte de financiamento do investimento, por isso nosso investimento não destoa do de outros países (mais detalhes aqui). Se não tiveram efeito aparente sobre o investimento os empréstimos do BNDES tiveram efeito sobre a consta do governo, parte da nossa crise fiscal está nos gastos do Tesouro para custear a diferença entre os juros que o governo paga e os juros que o governo empresta, a diferença, por vezes chamada de bolsa empresário é bem maior que a bolsa família.
A estratégia de câmbio também não deu resultado, pior, ao abandonar o regime de câmbio flexível o governo passou a pagar os custos de administrar o câmbio. Primeiro a intenção era desvalorizar, depois, assustados com a inflação, o esforço era para não ocorrer uma desvalorização brusca, que além de aumentar a inflação poderia complicar a vida de bancos e de algumas empresas como uma certa campeã nacional. A tentativa de baixar juros na marra também não funcionou, assim como no câmbio o governo foi obrigado e recuar deixando estragos sem benefícios. O mesmo pode ser dito da desastrada intervenção no setor de energia, no lugar da prometida queda nos preços uma série de aumentos de preços para evitar o colapso do sistema. A figura abaixo mostra um retrato do fracasso da tentativa de estimular a indústria, a participação da produção da indústria continuou caindo (os dados do ipeadata vão até 2013, mas, para os mais esperançosos, aviso que a queda continuou em 2014 e 2015) apesar de todo o esforço do governo. Mais uma vez a política desenvolvimentista não cumpriu o que prometeu, mas deixou custos que colaboraram para a crise fiscal que vivemos.

Eu não vejo a queda da participação da indústria de transformação no PIB como um problema, de fato, em tempos modernos é muito difícil separar a indústria do setor de serviços e mais difícil ainda localizar um ou outro como polo dinâmico tecnológico, seja lá o que for isso. Não são poucas as indústrias com modelos de negócios onde o lucro vem mais de serviços de manutenção do que da venda de equipamentos, não sei porque isso é um problema. De toda forma vários economistas desenvolvimentistas tem uma devoção a esta variável ainda maior pela que têm ao câmbio. Foi em nome desta variável que muitas das políticas que não deram resultados, mas deixaram uma conta salgada, foram implementadas. Aqui existe uma grande ironia que não resisto à tentação de registrar. O México apostou em uma estratégia de integração econômica com os EUA, não faltaram economistas desenvolvimentistas decretando o fim da indústria de transformação mexicana. A figura abaixo mostra o tamanho do erro, olhando a figura acima e a figura abaixo creio que nossos industriais têm todos os motivos para pedir a Deus que os protejam dos que os querem defender. Em tempo, antes de vir com conversa de maquiladoras lembre de como nosso governo comemorou a vinda da Foxconn para o Brasil e dê uma outra olhada no México para ver o que mudou por lá nos últimos dez anos.

Como todo brasileiro sabe a agenda desenvolvimentista que inspirou a Nova Matriz fracassou em entregar o crescimento prometido (claro que nem todo desenvolvimentista apoiou tudo da agenda, etc, etc, e etc, mas é impossível negar de onde veio a inspiração das contrarreformas), porém o fracasso não nos dispensou de pagar a conta que chegou na forma de uma crise fiscal e de uma inflação alta. Antes de gritar que nossa dívida é baixa comparada à do Japão ou a de outros países ricos tente encontrar um país em desenvolvimento que esteja confortável com uma dívida maior que 70% do PIB (mais sobre o assunto aqui), a figura abaixo pode te ajudar. A combinação da crise no rastro da Nova Matriz e nossa estagnação da produtividade causou a crise gigantesca em que estamos.

Negar as causas internas e responsabilizar o resto do mundo por nossa crise é uma atitude infantil, se o leitor dúvida basta olhar o que está acontecendo no resto do mundo. A figura abaixo mostra as projeções de crescimento feitas pelo FMI para todos os países do mundo (uma versão de 2015 da figura está aqui). A grande maioria dos países vai crescer este ano, dos que vão encolher, apenas cinco países devem encolher mais que o Brasil: Equador, Macau (não é exatamente um país, mas está na base do FMI), Guiné Equatorial, Sudão do Sul e Venezuela; uma busca rápida por cada um dos países na internet mostra ditaduras (Venezuela, Equador e Guiné Equatorial, os dois primeiros fazem parte do time dos bolivarianos) e guerra civil (Sudão do Sul). Os números são claros: a crise é nossa.

Sendo a crise o resultado da soma duas crises serão necessárias duas categorias de medidas para que saiamos da crise. O primeiro conjunto de medidas deve focar no longo prazo. Falo de reformas que melhorem o ambiente de negócios com simplificação e redução de regulação e processos burocráticos, inclusive com aumento da transparência e eficiência da justiça; de uma reforma completa na educação desde o financiamento até a organização didático- pedagógica de nossas escolas, sim, esta reforma vai enfurecer os sindicatos, inclusive o meu; reforma na saúde focando financiamento e procurando métodos mais eficientes de gestão hospitalar bem como priorizando a saúde preventiva e uma reforma da previdência que amorteça os efeitos das mudanças demográficas. O segundo conjunto de medidas deve consistir em um ajuste fiscal e a retomada do controle da inflação e da credibilidade do Banco Central. O ajuste fiscal deve romper com a estratégia de elevar a carga tributária, é preciso repensar toda a estrutura do gasto público, devemos trocar o “dá bilhão?” pelo “é realmente necessário?” quando da avaliação do gasto público. O controle da inflação vai exigir que o BC pare de apelar para sorte ou tentar terceirizar o trabalho dele e assumir as rédeas da política monetária, se for o caso de ter de aumentar ainda mais a taxa de juros, que seja. Não fazer agora significa um aumento ainda maior da taxa de juros em um futuro onde se deseje controlar a inflação. Sim, estou propondo a volta da agenda reformista!
Por Roberto Ellery, publicado pelo Instituto Liberal Do site: http://www.institutoliberal.org.br/

sexta-feira, 22 de julho de 2016

O ALIADO MAIS IMPORTANTE DO OCIDENTE: DISSIDENTES DO ISLÃ

- Hoje uma nova Cortina de Ferro está sendo construída pelo Islã contra o resto do mundo e os novos heróis são os dissidentes, os apóstatas, os heréticos, os rebeldes e os descrentes.


- Esse contingente de dissidentes muçulmanos, que aumenta rapidamente, é o melhor movimento de libertação para milhões de muçulmanos que aspiram praticar sua fé pacificamente, sem terem que se submeter aos ditames de fundamentalistas e fanáticos.

- Eles estão sozinhos contra todos. Contra o islamismo que usa Kalashnikovs e contra o terrorismo intelectual que os submete à intimidação da mídia. Vistos como "traidores" em suas comunidades, eles são acusados pelas elites do Ocidente de "estigmatização".

- Nós devemos apoiá-los -- a todos os dissidentes: alguns dos mais corajosos defensores da liberdade vêm dos regimes islâmicos. A Europa deveria dar apoio financeiro, moral e político a esses amigos da civilização ocidental, enquanto a nossa desonrosa elite, educada e intelectual, está ocupada difamando-os.

O Islã, alerta o autor de best sellers argelino Boualem Sansal, irá dividir a sociedade européia. Em uma entrevista concedida à mídia alemã, esse corajoso escritor árabe pintou um quadro da Europa subjugada pelo Islã radical. De acordo com Sansal, os ataques terroristas em Paris e Bruxelas estão direcionados ao modo de viver ocidental: "vocês não conseguem nem derrotar os fracos estados árabes, então eles trouxeram os quintas colunas para que o Ocidente se autodestrua. Se tiverem sucesso a sociedade cairá".

O Sr. Sansal, que vem sendo ameaçado de morte, pertence a um crescente contingente de dissidentes muçulmanos. Eles compõem o melhor movimento de libertação para milhões de muçulmanos que aspiram praticar sua fé pacificamente, sem terem que se submeter aos ditames de fundamentalistas e fanáticos. Esses muçulmanos dissidentes aspiram alcançar a liberdade de consciência, coexistência entre religiões, pluralismo na esfera política, direito de criticar o Islã e respeito à vigência do estado de direito. Para o mundo islâmico a mensagem dos muçulmanos dissidentes pode ser devastadora. É por isso que os islamistas estão à caça deles.

São sempre indivíduos que fazem a diferença, como por exemplo: Lech Walesa, que fez toda a diferença. A União Soviética foi derrotada por três pessoas apenas: Ronald Reagan, o Papa João Paulo II -- e os dissidentes. Quando o professor Robert Havemann faleceu na Alemanha Oriental, poucos ficaram sabendo. Este corajoso crítico do regime estava confinado em prisão domiciliar em Grünheide, sob os cuidados da Stasi. Mas o velho professor jamais se deixou intimidar. Ele continuou lutando pelos seus ideais.

O herói do anticomunismo tchecoslovaco, Jan Patočka, morreu sob pesado interrogatório policial. Patočka pagou com a vida o preço do silenciamento. Suas palestras brilhantes foram reduzidas a um seminário clandestino. A despeito de ser impedido de publicar, ele continuou trabalhando clandestinamente em um minúsculo apartamento.

Caçado pela KGB, Alexander Solzhenitsyn escreveu os capítulos do Arquipélago de Gulagentregando-os a amigos de confiança, de modo que nenhum deles tinha posse do manuscrito completo. Em 1973 havia apenas três cópias da obra. Quando a polícia política soviética extorquiu a datilógrafa Elizaveta Voronyanskya, para que ela delatasse um dos esconderijos, acreditando que a obra-prima estava perdida para sempre, ela se enforcou.

Hoje uma nova Cortina de Ferro está sendo construída pelo Islã contra o resto do mundo e os novos heróis são os dissidentes, os apóstatas, os heréticos, os rebeldes e os descrentes. Não é mera coincidência que a primeira vítima de uma fatwa tenha sido o escritor indiano/britânico Salman Rushdie, de família muçulmana.

Pascal Bruckner chamou-os de "os livres pensadores do mundo muçulmano". Nós devemos apoiá-los -- a todos os dissidentes. Porque se de um lado os inimigos da liberdade vêm de sociedades livres, aqueles que se ajoelham diante dos agentes de Alá, por outro alguns dos mais corajosos defensores da liberdade vêm dos regimes islâmicos. A Europa deveria dar apoio financeiro, moral e político a esses amigos da civilização ocidental, enquanto a nossa desonrosa elite, educada e intelectual, está ocupada difamando-os.

Por exemplo, o autor argelino Kamel Daoud, que chamou a Arábia Saudita de "ISIS que deu certo", recentemente causou uma confusão, sendo acusado de "islamofobia", por ter dirigido sua fúria contra um povo ingênuo, que ele diz ignora o abismo que separa o mundo muçulmano da Europa.

Outro exemplo, o jurista Afshin Ellian. exilado iraniano, atualmente na Holanda, trabalha na Universidade de Utrecht, e depois do assassinato de Theo Van Gogh, é protegido por guarda-costas. Após o massacre de Charlie Hebdo, enquanto a mídia europeia se empenhava em culpar os cartunistas "idiotas", Ellian promovia um apelo: "não deixem que os terroristas determinem os limites da liberdade de expressão".

Outra dissidente e autora corajosa Ayaan Hirsi Ali, teve que fugir da Holanda para os EUA, onde ela rapidamente se tornou uma das intelectuais mais proeminentes.

Ayaan Hirsi Ali, dissidente e autora corajosa, teve que fugir da Holanda para os EUA, onde ela rapidamente se tornou uma das intelectuais mais proeminentes. (Imagem : Gage Skidmore)


O prefeito marroquino de Roterdã Ahmed Aboutaleb, também vive sob proteção da polícia. Recentemente ele sugeriu aos seus 'companheiros' muçulmanos que protestavam contra as liberdades que encontraram no Ocidente que "fizessem as malas e se f...". Um cristão, heroico defensor dessas liberdades na Holanda, Geert Wilders, está sendo julgado sob a acusação de "discriminação". "Estou na prisão", disse ele, referindo-se aos locais seguros que ele tem que se esconder, "e eles passeiam por aí livremente".

Muitos desses dissidentes são mulheres. Shukria Barakzai, política e jornalista afegã, declarou guerra aos fundamentalistas islâmicos depois que polícia religiosa do Talibã a espancou por ela ter ousado sair sozinha sem uma escolta masculina. Um homem bomba detonou os explosivos amarrados ao seu corpo perto do carro dela, matando três pessoas. Kadra Yusuf, uma jornalista somali, se infiltrou em mesquitas de Oslo para criticar energicamente os imãs, principalmente no tocante à mutilação genital feminina, que sequer é exigida no Alcorão ou nos hádices (relatos sobre a vida de Maomé). No Paquistão, Sherry Rehman pediu "uma reforma nas leis paquistanesas que tratam da blasfêmia". Ela arrisca sua própria vida todos os dias. Ela é considerada pelos islamistas "adequada para ser morta" por ser mulher, muçulmana e ativista secular. A autora e psiquiatra síria/americana, Wafa Sultan, também foi considerada "descrente" merecendo morrer.

Recentemente o jornal Le Figaro publicou uma longa lista de personalidades muçulmano/francesas ameaçadas de "execução". "Colocadas sob permanente proteção policial, consideradas traidoras por fundamentalistas muçulmanos, vivem um inferno. Aos olhos dos islamistas, a liberdade dessas pessoas é um ato de traição à ummah (comunidade)". Elas são escritoras e jornalistas da cultura árabe/muçulmana que criticam a ameaça islamista e a violência inerente do Alcorão. Elas estão sozinhas contra o islamismo que usa o terrorismo concreto das Kalashnikovs e também contra o terrorismo intelectual que as submete à intimidação da mídia. Vistas como "traidoras" em suas comunidade, elas são acusadas pelas elites do Ocidente de "estigmatização".

A jornalista francesa Zineb El Rhazoui tem mais guarda-costas do que muitos ministros do governo de Manuel Valls e, por medida de segurança, vem mudando de casa com frequência nos últimos meses em Paris. Para esta jovem estudiosa, natural de Casablanca, que trabalha na revista semanal francesa Charlie Hebdo, caminhar pelas ruas de Paris se tornou algo inimaginável. Em 7 de janeiro de 2015 uma fatwa foi emitida que diz: "matem Zineb El Rhazoui para vingar o profeta".

Ameaças contra outra dissidente Nadia Remadna, não vêm de Raqqa na Síria, mas de sua própria cidade: Sevran, em Seine-Saint-Denis. Elas refletem a crescente influência dos islamistas nos territórios perdidos da República Francesa. Por qual "crime" ela foi considerada culpada? Ela criou a "Brigada da Mães" para combater a influência islamista sobre jovens muçulmanos.

O professor de filosofia, Sofiane Zitouni, teve que pedir demissão do emprego em uma escola muçulmana/francesa por conta do "islamismo insidioso".

O jornalista e ensaísta francês/argelino Mohamed Sifaoui, autor de diversas investigações sobre círculos islamistas, é vítima de dupla ameaça. Ele é alvo primordial tanto de fundamentalistas quanto dos "tolerantes" grandes inquisidores. Sentenciado a dois anos de prisão pelo regime argelino por ofensas à imprensa", depois assediado por islamistas, Sifaoui pediu asilo político na França em 1999, jamais voltando a por os pés na Argélia. Desde então Sifaoui tem visto sua foto e nome juntamente com as palavras "le mourtad", o apóstata em websites islamistas, o que quer dizer que ele está marcado para morrer. A proteção policial francesa em torno dele tem sido total desde 2006, quando ele defendeu a liberdade de expressão da revista satírica francesa Charlie Hebdo.

Cerca de quinze testemunhas prestaram depoimento a favor da revista Charlie Hebdo. Entre elas se encontrava o falecido ensaísta muçulmano/tunisiano Abdelwahab Meddeb, que teve a coragem de desafiar todo o establishment muçulmano/francês que tentou calar a revistaCharlie Hebdo. Meddeb queria mostrar que "não se tratava de ninguém contra o Islã e sim o Islã evoluído contra o Islã atrasado."

Também na França, Hassen Chalghoumi, o corajoso imã de Drancy, prega usando um colete a prova de bala. Quando ele sai na rua cinco policiais o acompanham armados com armas semiautomáticas. Isso não está situado fora da Linha Verde de Bagdá, está sim no centro de Paris. Chalghoumi apoiou a proibição do uso das burcas; fez uma visita sem precedentes ao memorial do Holocausto em Jerusalém; prestou homenagem às vítimas da redação da revistaCharlie Hebdo se posicionou a favor de um diálogo com os judeus franceses.

Naser Khader, muçulmano liberal com cidadania dinamarquesa, que defendeu "uma reforma muçulmana", autor do livro "Honra e Vergonha", está sendo ameaçado de morte por grupos islâmicos.

Na Itália, o escritor Magdi Cristiano Allam, natural do Egito, vive sob proteção de guarda-costas por ter criticado o Islã político. O editor adjunto do principal jornal da Itália, Corriere della Sera, Sr. Allam, publicou um livro cujo título apenas já seria o suficiente para por sua vida em perigo: "Viva Israele."

Ibn Warraq vive atrás de um pseudônimo desde que escreveu o influente livro "Porque Eu Não Sou Muçulmano".

O blogueiro palestino Walid Husayin também é uma raridade. Na prisão por ter "satirizado o Alcorão, ele publicou recentemente um livro na França sobre sua experiência nos territórios palestinos, onde seu "ateísmo" quase lhe custou a vida.

Na Tunísia há um punhado de produtores de cinema e intelectuais que lutam pela liberdade de expressão, especialmente depois que o líder secular da oposição Chokri Belaid, foi assassinado. Também Nadia El Fani, diretora de "Ni Allah ni maître" ("Nem Alá Nem Mestre"), e Nabil Karoui, diretor da TV Nessma, estão ameaçados de morte e sendo processados, acusados de "blasfêmia". A "Primavera Árabe" na Tunísia não se transformou em um inverno islamista, como em outros lugares, isso graças principalmente a esses dissidentes.

Esses heróis sabem o que aconteceu com seus antecessores em "a guerra contra os intelectuais árabes". Escritores como Tahar Djaout foram mortos em 1993 pelos islamistas na Argélia, bem como o jornalista Farag Foda, famoso pelas fortes sátiras sobre o fundamentalismo islâmico. Antes de seu assassinato, Foda foi acusado de "blasfêmia" pela grande mesquita de al-Azhar. Uma dozena de blogueiros bengaleses também foram assassinados a sangue frio pelos islamistas pelo "crime" de "secularismo".

No ano passado o Presidente do Egito Abdel Fattah al- Sisi defendeu a reforma do Islã e a maneira como é ensinado, o clérigo do Islã sunita Sheikh Ahmed al Tayeb, chefe da Universidade al-Azhar do Cairo, centro do Islã sunita, se pronunciou da mesma maneira. E ele disse isso nada menos do que em Meca. Os conservadores do Egito fizeram de tudo para abafar o caso – pelo menos por enquanto.

Há contudo cada vez mais dissidentes se manifestando com sucesso, liderando com coragem e visão de futuro. Nos EUA M. Zuhdi Jasser, autor de "A Battle for the Soul of Islam" (Uma Batalha Pela Alma do Islã) e médico, criou o American Islamic Forum for Democracy. No ano passado mais de duas dezenas de personalidades muçulmanas promoveram um apelo "para abraçar uma interpretação pluralista do Islã, rejeitar todas as formas de opressão e abusos cometidos em nome da religião".

No Canadá Raheel e Sohail Raza fundaram "Muslims Facing Tomorrow", onde se encontra o Professor Adjunto de Ciência Política da Universidade de Western Ontario, Salim Mansur que diz o que pensa.

No Reino Unido Maajid Nawaz dirige a influente Quilliam Foundation e Shiraz Maher, que deixou a organização islamista, Hizb-ut-Tahrir, agora trabalha como Senior Fellow no International Center for the Study of Radicalization no King's College em Londres.

Estes são apenas alguns dos poucos heróis de hoje. Outros tiveram que ser deixados de fora; há muitos nomes para serem incluídos.

A orgulhosa e dolorosa resistência desses "rebeldes de Alá" é um dos mais belos testamentos dos nossos tempos. Esses "rebeldes de Alá" também são a única e real esperança de reforma para o mundo islâmico -- e de preservar a liberdade para todos nós.
Por: Giulio Meotti, Editor Cultural do diário Il Foglio, é jornalista e escritor italiano.Original em inglês: The West's Most Important Ally: Islam's Dissidents
Tradução: Joseph Skilnik Do site: http://pt.gatestoneinstitute.org/

quinta-feira, 21 de julho de 2016

FGTS, INSS, E AVISO PRÉVIO - UMA ASSALTO AO TRABALHADOR, DISFARÇADO DE DIREITO


Todo político adora falar que defenderá "os direitos" dos trabalhadores custe o que custar, que jamais cederá, e que manterá os "benefícios conquistados".

A questão é: há realmente algum ganho para o trabalhador? Ou há apenas ônus?

Na prática, ao impor encargos sociais e trabalhistas — todos eles custeados pelo próprio trabalhador, como será mostrado mais abaixo —, o governo está dizendo que sabe administrar melhor o dinheiro do que o próprio trabalhador. 

Mais ainda: se o trabalhador é obrigado a pagar por seus "direitos", então ele não tem um direito, mas sim um dever.

Os tais "direitos trabalhistas" nada mais são do que deveres impostos pelo governo ao trabalhador. E, para arcar com esses deveres, a maior parte do salário do trabalhador é confiscada já na hora do pagamento.

Somente para bancar os benefícios básicos — férias, FGTS, INSS, encargos sobre aviso prévio — são confiscados R$ 927 mensais de um trabalhador que recebe em suas mãos salário mensal de R$ 1.200.

Um funcionário trabalhando em regime CLT, com um salário contratado de R$ 1.200, custará efetivamente ao seu empregador 80% a mais do que o seu salário. 

Confira a tabela abaixo:



Fonte: http://www.campesi.com.br/custofunc.htm

Ou seja, por causa dos encargos sociais e trabalhistas impostos pelo governo, o patrão tem um gasto de R$ 2.127 com o trabalhador, mas o trabalhador recebe apenas R$ 1.200. Toda a diferença vai para o governo (exceto o item férias, o qual, por sua vez, será disponibilizado apenas uma vez por ano, e que seria mais bem aproveitado pelo trabalhador caso tal quantia fosse aplicada).

E há quem acredite que isso configura uma "conquista trabalhista" e um "direito inalienável do trabalhador".

Mais ainda: esses não são os únicos custos para o patrão. Em primeiro lugar, os custos podem variar ainda mais conforme o sindicato de classe, o regime de apuração da empresa e o ramo de atividade. Há ocasiões em que os encargos sociais e trabalhistas podem chegar a quase 102% do salário. Adicionalmente, a empresa também tem de ter uma reserva para gastar em tribunais, pois sempre há funcionários saindo e acionando a empresa na Justiça do Trabalho. Há também os custos de recrutamento de funcionários, os quais aumentaram muito em decorrência da política de seguro-desemprego e bolsa- família. E quem paga todos esses custos são os trabalhadores.

Eu mesmo, na condição de empresário, preferiria pagar R$ 2.200 por mês para um funcionário em um país sem encargos e leis trabalhistas do que R$ 1.200 no Brasil. Com esse salário mais alto eu teria, no mínimo, funcionários mais motivados. Mas, como não sou uma fábrica de dinheiro, não tenho condições de fazer isso.

Mas a espoliação do trabalhador é ainda pior do que parece. Veja, por exemplo, o que acontece com o FGTS. Essa quantia, que poderia ser incorporada ao salário do trabalhador, é desviada para o governo e só pode ser reavida em casos específicos (ou após a aposentadoria). 

Na prática, o governo "pega emprestado" esse dinheiro do trabalhador e lhe paga juros anuais de míseros 3%. Dado que a caderneta de poupança rende 7% ao ano, e a inflação de preços está em 7,2% ao ano, o trabalhador não apenas deixa de auferir rendimentos maiores, como ainda perde poder de compra real com a medida. 

E para onde vai o dinheiro do FGTS? Uma parte vai para subsidiar o BNDES e a outra vai para financiar a aquisição de imóveis — algo completamente sem sentido, pois a aplicação desse dinheiro na caderneta de poupança já permitiria ao trabalhar obter o dobro do rendimento e, com isso, ter mais dinheiro para comprar imóveis.

E vamos aqui dar de barato e desconsiderar as cada vez mais frequentes notícias de uso indevido desse dinheiro. (R$ 28 bilhões de reais do FGTS foram investidos pelo BNDES em várias empresas, mas não há nenhuma informação sobre quais empresas receberam o dinheiro, quanto receberam, e quais as condições de pagamento).

No caso do INSS, R$ 398,46 são confiscados mensalmente com a promessa de que o trabalhador irá receber saúde (SUS), seguro de vida e previdência. Não irei aqui comentar sobre a qualidade e a confiabilidade destes três. Irei apenas dizer que, caso o trabalhador tivesse a opção de ficar com este dinheiro, ele poderia recorrer ao mercado privado e voluntariamente contratar um plano de saúde, um seguro de vida e previdência por R$ 300 e ainda receber um serviço melhor do que o do SUS.

(E, se o governo eliminasse os impostos sobre esses setores, bem como abolisse toda a regulamentação, o valor poderia baixar para R$ 200, e o trabalhador poderia obter um serviço de maior qualidade.)

Por fim, o aviso prévio faz com que muitas empresas demitam os funcionários sem necessidade. Por exemplo, se uma empresa está passando por uma fase difícil e não tem certeza de que poderá manter o funcionário por mais de um mês, será mais racional demitir para não correr o risco de mantê-lo por mais tempo e, consequentemente, não poder honrar suas obrigações trabalhistas depois. 

O aviso prévio também trava as empresas, que podem se ver obrigadas a demitir um funcionário produtivo, mas que ainda está no período de experiência, e ao mesmo tempo manter um funcionário improdutivo, mas que já cumpriu o período de carência. Tudo isso só para não pagar o aviso prévio.

Esse custo da improdutividade será descontado de todos os funcionários.

E tudo isso para não mencionar os outros impostos que incidem sobre as empresas e que afetam sobremaneira sua capacidade de investir, de contratar e de aumentar salários. No Brasil, a alíquota máxima do IRPJ é de 15%, mas há uma sobretaxa de 10% sobre o lucro que ultrapassa determinado valor. Adicionalmente, há também a CSLL (Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido), cuja alíquota pode chegar a 32%, o PIS, cuja alíquota chega a 1,65% e a COFINS, cuja alíquota chega a 7,6%. PIS e COFINS incidem sobre a receita bruta. Há também o ICMS, que varia de estado para estado, mas cuja média nacional beira os 20%, e o ISS municipal. Não tente fazer a conta, pois você irá se apavorar.

O custo de todo esse sistema para o trabalhador é muito maior do que as eventuais vantagens que ele possa oferecer (se é que há alguma). 

Dado o atual arranjo, seria muito mais proveitoso tanto para o trabalhador quanto para as empresas dobrar o salário-mínimo e eliminar os encargos sociais e trabalhistas. Haveria mais dinheiro nas mãos de cada trabalhador, haveria uma mão-de-obra mais motivada, e ainda atrairíamos muito mais empresas para o país, o que naturalmente forçaria ainda mais o aumento natural dos salários. Isso, por si só, tornaria obsoleta a lei do salário-mínimo, levando à sua extinção.

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Leandro Roque contribuiu para este artigo.

Renato Furtado é cristão, empresário do setor madeireiro, e líder do Movimento Revolucione-SE. 
Do site: http://www.mises.org.br/