sábado, 20 de agosto de 2016

O ISLAMISMO SE LEVANTA A PARTIR DO SECULARISMO DA EUROPA

- Na França, o governo socialista impôs uma "carta de secularismo" em todas as escolas banindo o cristianismo do sistema educacional. Certos municípios já mudaram o formulário de inscrição para crianças em idade escolar, eliminando as palavras "pai" e "mãe", substituindo-as por "gestor legal 1" e "gestor legal 2". É a "Novilíngua" de George Orwell.


- Após dois ataques terroristas de grandes proporções em 2015, a França, em vez de promover uma "jihad" cultural baseada em valores ocidentais, respondeu ao fundamentalismo islâmico com um ridículo "Dia do Secularismo" a ser comemorado todo dia 9 de dezembro.

- Esse secularismo tacanho também impediu a França de apoiar abertamente os cristãos orientais oprimidos pelos islamistas.

A igreja Oude Kerk do século XIII de Amsterdã, ora vazia, é usada para exposições e pode ser alugada para jantares de gala. Do outro lado da rua fica o "Sexyland", apresentando "shows de sexo ao vivo", uma "coffee shop" para venda de drogas e um "supermercado erótico" para a venda de vibradores. Por sete euros é também possível visitar a igreja.

Em outubro de 2000, na ensolarada cidade francesa de Nice, a Convenção Europeia com 105 membros esboçou a Carta dos Direitos Fundamentais da União Europeia.

Elaborada pela comissão do ex-presidente francês Valéry Giscard d'Estaing, o documento se referia apenas ao "patrimônio cultural, religioso e humanista da Europa". O Parlamento Europeu rejeitou uma proposta de Membros Democratas Cristãos do Parlamento Europeu e do Papa João Paulo II de incluir no texto as "raízes judaico-cristãs" da Europa.

Na Carta de 75.000 palavras não há sequer uma menção ao cristianismo. Desde então, uma onda de secularismo agressivo tem permeado todas as políticas da UE. Por exemplo, o Tribunal Europeu de Direitos Humanos pediu a retirada dos crucifixos das salas de aula: eles eram hipoteticamente uma ameaça à democracia.

A cidade de Nice -- onde há exatamente 16 anos os governantes da Europa decidiram eliminar as raízes judaico-cristãs da Constituição da UE (nunca aprovada) -- acabaram de testemunhar a sangrenta manifestação de outra religião: o Islã radical. "A natureza abomina o vácuo": esta é a verdade que nossas elites não querem ouvir; o islamismo se levanta a partir do que William McGurn, autor de discursos de George W. Bush, chamava de "secularismo irresponsável da Europa".

Isto é possível ver não só nas igrejas da Europa, três quartos delas vazias, e no crescimento vertiginoso da conversão dos europeus ao Islã, mas também no que está acontecendo nas escolas da Europa. Essas tendências não dão suporte à visão de Viktor Orbán de uma Europa cristã.

Há alguns dias, a Bélgica que recentemente foi alvo de ataques terroristas, decidiu que as aulas de religião nas escolas de língua francesa de ensino fundamental e médio serão cortadas pela metade a partir de outubro de 2016 e substituídas por uma hora de "aulas de cidadania": lições de secularismo. Em Bruxelas, 50% das crianças em escolas públicas já optaram por frequentar aulas sobre o Islã.

Na França, o governo socialista impôs uma "carta de secularismo" em todas as escolas banindo o cristianismo do sistema educacional. A carta é o manifesto da "révolution douce" ("revolução adocicada"), melhor dizendo: secularismo extremo da França. É uma tentativa de eliminar qualquer asserção de identidade. A quipá judaica, a cruz cristã e o véu islâmico são tratados da mesma maneira. O secularismo é o que tem sido corretamente definido como "o ponto cego da esquerda em relação ao Islã".

Além de tudo é um secularismo que endoidou. A título de exemplo a escola de ensino fundamental Yves Codou, que fica no vilarejo de La Môle, comemorou o "Dia dos Pais" em vez do Dia das Mães, a fim de não causar dissabores aos casais gays. Certos municípios já mudaram o formulário de inscrição para crianças em idade escolar, eliminando as palavras "pai" e "mãe", substituindo-as por "gestor legal 1" e "gestor legal 2". É a "Novilíngua" de George Orwell.

Após dois ataques terroristas de grandes proporções em 2015, a França, em vez de promover uma "jihad" cultural baseada em valores ocidentais, respondeu ao fundamentalismo islâmico com um ridículo "Dia do Secularismo" a ser comemorado todo dia 9 de dezembro.

Não é que o secularismo "exacerbou" essas tensões culturais como afirmam muitos liberais. É que este secularismo afastou a cultura francesa dos ideais que criaram o Ocidente. O afastamento fez com que esta cultura ficasse cega em relação à incompatibilidade do islamismo com os valores seculares. Após o massacre na redação da revista satírica Charlie Hebdo, a professora francesa Isabelle Rey ressaltou que

"muitos dos nossos estudantes não compartilham da nossa consternação em relação aos acontecimentos. Podemos fingir que há consenso, mas a realidade é que uma parcela significativa da população acredita que os jornalistas mereceram o fim que tiveram ou que os irmãos Kouachi (os assassinos) morreram como heróis".

Esse secularismo tacanho também impediu a França de apoiar abertamente os cristãos orientais oprimidos pelos islamistas. O conjunto musical "The Priests" planejava anunciar a próxima apresentação em Paris com uma faixa no poster dizendo que haverá arranjos em apoio à causa dos cristãos perseguidos no Iraque e na Síria -- mas a empresa que opera o sistema metroviário em Paris inicialmente proibiu o anúncio, alegando que considerava a faixa uma violação ao secularismo.

Suécia, um dos países europeus onde há mais infiltração do islamismo radical, é considerada a nação "menos religiosa" do Ocidente. De acordo com a agência Statistics Sweden, apenas 5% dos suecos são religiosos praticantes e um em cada três casais se casam somente no civil. Como é que a Suécia chegou a esse ponto? Há muitos anos o governo sueco proibiu qualquer atividade religiosa nas escolas, exceto aquelas diretamente relacionadas às aulas de religião.

Como se isso não fosse o bastante, o secularismo também não tem respostas para a questão de como lidar com o terrorismo; além disso o secularismo deixa os europeus inseguros sobre o que vale a pena lutar, matar e morrer. Se você acredita, como os secularistas acreditam, que os nossos valores são meros acidentes da história e que o bem maior é o conforto, então você não irá dar a mínima pelo futuro da civilização.

O símbolo deste 'euro-secularismo' é a igreja Oude Kerk, uma das igrejas mais famosas de Amsterdã, datada do século XIII. A igreja, ora vazia, é usada para exposições e pode ser alugada para jantares de gala. Do outro lado da rua fica o "Sexyland", apresentando "shows de sexo ao vivo", uma "coffee shop" para venda de drogas e um supermercado "erótico" para a venda de vibradores. Por sete euros é também possível visitar a igreja.


O símbolo desse 'euro-secularismo' é a igreja Oude Kerkem em Amsterdã, A igreja ora vazia é usada para exposições e pode ser alugada para jantares de gala. Do outro lado da rua fica o "Sexyland", apresentando "shows de sexo ao vivo", uma "coffee shop" para venda de drogas e um supermercado "erótico" para a venda de vibradores. (Imagem: Wikimedia Commons)


Bem-vindo a Amsterdã, onde a religião mais praticada é a do Islã.
Por: Giulio Meotti, Editor Cultural do diário Il Foglio, é jornalista e escritor italiano.Original em inglês: Islamism Rises from Europe's Secularism
Tradução: Joseph Skilnik  Do site: https://pt.gatestoneinstitute.org


quarta-feira, 17 de agosto de 2016

10 MENTIRAS QUE SEU PROFESSOR DE HISTÓRIA CONTOU E VOCÊ SEMPRE ACREDITOU

“Se a versão é melhor do que os fatos, publique-se a versão.”

A icônica frase do filme de John Ford – O Homem que Matou o Facínora – foi dita em outro contexto, mas sua precisão em relação ao modo como a imprensa age tratou de torná-la famosa. Narrar um fato, seja ele jornalístico ou histórico, quase nunca é uma tarefa fácil. Em boa parte das vezes, é possível deparar-se com versões conflitantes. Em outras, uma espécie de “telefone sem fio” toma conta da história, e distingui-la da verdade torna-se quase impossível. Leve esta dificuldade para áreas onde o interesse em fomentar um espírito crítico é parte fundamental, como o ensino da História, e não é difícil imaginar que certos enganos não sejam tão inocentes assim.

Sherlock Holmes jamais disse “Elementar, meu caro Watson” nos livros escritos por Conan Doyle. Maria Antonieta por sua vez não foi a autora da infame frase “Pois que comam brioches”, em resposta à ausência de pão na França pré-revolução. Seja por que a frase dita por William Gillete em sua apresentação teatral conseguiu sintetizar perfeitamente a relação entre Sherlock e seu parceiro Watson, ou por que interessava aos revolucionários franceses passar a imagem de uma rainha distante do povo e pouco preocupada com eles, ambas as máximas tornaram-se hoje quase indistinguíveis da realidade a que pertencem.

No entanto, nenhum dos pecados que cometemos ao analisar a história, nem mesmo nossa constante tentação de enquadrá-la num imaginário que pertence à modernidade, se equipara à ideia hollywoodiana de que podemos reduzir a história sempre a dois lados, o dos mocinhos e o dos vilões. Tão complexo quanto os próprios seres humanos que participam da narrativa, o contexto histórico é, quase sempre, ignorado.

Sob o título de “história crítica”, estas novas versões, ou versões parciais da história, tomam as salas de aula. Abaixo, selecionamos 10 exemplos de como a história pode ser contada visando muito mais do que o simples aprendizado.

#1. O VELHO OESTE NÃO ERA TÃO VIOLENTO QUANTO OS FILMES DÃO A ENTENDER.

A imagem de conflitos e duelos constantes é provavelmente a imagem mais difundida sobre o oeste americano no século XIX, o chamado “Velho Oeste”. A ideia parece simples: durante a migração americana em direção ao Oeste, o número de pessoas portando armas era bastante alto, ao mesmo tempo em que a presença de forças policiais ou do próprio sistema judiciário, quase mínimo. Bandidos como Billy the Kid deitavam e rolavam em um pedaço quase anárquico dos Estados Unidos.

A realidade dos números, porém, mostra que a fama de pessoas como Billy não era tão justificada assim. Quando a fonte para os crimes do bandido não é ele próprio, o número de suas vítimas se limita a apenas 4, longe das dezenas que ele encorajava que se propagasse.

Não é difícil entender por que a fama dos bravos e valentes habitantes do Velho Oeste chegou onde chegou. A quem interessaria, por exemplo, retratar um filme onde a vítima de um crime denunciaria o agressor por meio de uma carta escrita a um jornal ou fazendo uma queixa à polícia? Como cidades pequenas na região conseguiriam atrair aventureiros sem exagerar em seus contos e causos? Imagine você ter de contar a realidade sobre o quão precárias eram as armas fabricadas na época (o que tornava quase irrelevante a velocidade do saque do revólver)?

Quantas mortes você acredita terem ocorrido na mais violenta cidade do Oeste americano em 1 ano? Cem? Pouco mais do que isso? Muito longe disso. Cidades como Tombstone não registraram nunca um número maior do que 5 mortes. Na média, a taxa de homicídios na região não era muito distinta da atual.

Pela média de 1,5 homicídios por 100 mil habitantes, registrada na mesma Tombstone, você teria ao menos 20 vezes mais chances de ser assassinado na Porto Alegre de 2016, e quase 50 vezes mais chances em Fortaleza hoje, do que no anárquico velho Oeste.

#2. WILLIAM WALLACE NÃO ERA UM PLEBEU E JAMAIS USOU KILT.


O revolucionário escocês William Wallace, interpretado nos cinemas por Mel Gibson, tornou-se sinônimo de valentia e resistência contra os invasores britânicos que teimavam em dominar a Escócia. Em Hollywood, Wallace virou um símbolo de liberdade.

Para apimentar a história, o revolucionário é constantemente citado como um plebeu, ou um fazendeiro extremamente humilde, cujo respeito de seus compatriotas veio por meio da valentia em campo de batalha. A realidade, no entanto, é um pouco diferente: Wallace era um dos nobres da região, possuindo terras, e portanto servos.

Para piorar – ou não – a situação, o tradicional saiote escocês só viria a ser inventado séculos após a luta de Wallace. A famosa cena do filme em que os guerreiros escoceses mostram a bunda para os ingleses é tão ou mais improvável do que a história de um revolucionário clássico, daqueles que ascendem apenas pelas idéias e valentia.

#3. CUBA NÃO ERA UM PAÍS MISERÁVEL ANTES DA REVOLUÇÃO.

Fulgêncio Batista em pouco se diferenciava de outros ditadores, tão comuns na América Latina. Tinha pouca ou nenhuma vontade de realmente fazer o seu país se desenvolver. Estava mais interessado em lucrar com o poder, custasse o que custasse. Em um caso pitoresco, Fulgêncio recebeu da companhia americana AT&T um telefone de ouro para celebrar um acordo que traria a empresa para operar em Cuba.

As relações entre Estados Unidos e Cuba nesse tempo foram quase sempre bastante próximas. Partiu dos Estados Unidos, por exemplo, a iniciativa de combater o domínio espanhol sobre a ilha do Caribe. Para os EUA, o domínio de um país europeu sobre um país latino-americano contrariava a noção de que deveriam ser eles, e não os europeus, a grande nação a influenciar a região.

Ao contrário do que se tornou comum pensar, porém, Cuba não era um destino abandonado e utilizado como um “cabaré” americano. Por décadas a relação entre ambos os países se estreitou, e bilhões de dólares em investimento americano foram despejados no país, ajudando a construir inúmeras usinas de açúcar – o que colaborou para fazer de Cuba um dos 3 países mais ricos do continente. A renda per capita de um cubano equivalia em 1959 a US$ 11,3 mil dólares em valores atualizados, quase 10% maior do que a renda atual, e semelhante à renda de um britânico no mesmo período.

O país era o quinto do mundo em número de televisões per capita. A maior taxa de telefones da América Latina (2,6 por 100 habitantes), a segunda maior taxa de veículos, atrás apenas da Venezuela, e números de mortalidade infantil menores do que os registrados nos Estados Unidos e Canadá. Ainda em 1958, o país registrava o 8º maior salário industrial do mundo.

Durante o período da revolução, os Estados Unidos não mais apoiavam o governo de Fulgêncio, fato que levou Fidel a tentar apoio dos próprios americanos para sua revolução. Foi apenas em 1961 que Cuba alinhou-se à União Soviética.

#4. BIN LADEN NÃO FOI O PRIMEIRO TERRORISTA A ATACAR OS EUA EM SEU TERRITÓRIO.

Depois de passar por duas guerras mundiais sem ter de enfrentar inimigos no próprio território, os Estados Unidos são constantemente considerados como um dos poucos países na história a não ter encarado adversários bélicos dentro de suas fronteiras. Este seria, segundo alguns, um dos motivos pelos quais o ataque orquestrado pela Al-Qaeda provocou tamanho impacto. Nem mesmo Hitler conseguiu causar tantos danos quanto Bin Laden.

Nos quase três séculos de história americana, porém, em outros 3 momentos o país sofreu ataques externos. No primeiro e mais antigo, a sede do governo, a Casa Branca, chegou a ser incendiada, quando britânicos tomaram Washington na guerra de 1812. Na segunda vez, em 1916, Pancho Villa cruzou a fronteira entre o México com os EUA para atacar a cidade de Columbis. Por último, há o ataque a Pearl Harbor, durante a Segunda Guerra Mundial, onde japoneses atacaram a base militar americana com o intuito de destruir a frota do pacífico.

Pancho Villa, o revolucionário mexicano, chegou a trabalhar como ator em Hollywood, onde interpretou a si mesmo. Villa vendeu os direitos autorais de seus filmes para financiar parte de suas batalhas na revolução mexicana (o filme original gravado com Villa foi refilmado em 2003, tendo Antonio Banderas no papel principal).

#5. OS PAÍSES NÃO SÃO RICOS PORQUE TIVERAM COLÔNIAS OU POBRES PORQUE FORAM EXPLORADOS.

Tentar descobrir a causa da riqueza das nações foi o que fez Adam Smith ficar conhecido como “pai da economia”. Para Smith, um país enriquece não pelo acúmulo de ouro e prata, mas pela divisão do trabalho dentro da economia. Sua defesa tinha um ponto claro: combater o mercantilismo e suas idéias de que um país seria rico apenas exportando e acumulando ouro.

Ainda hoje, estas ideias são bastantes comuns. É muito provável que você já tenha ouvido que os ingleses são ricos graças ao ouro brasileiro, ou coisas do tipo. Na realidade, no entanto, o lucro que os ingleses obtiveram com o ouro brasileiro foi bem diferente daquilo que comumente se pensa. Para acabar com o ouro, os ingleses não precisaram roubá-lo, e nem mesmo minerá-lo no Brasil. Bastou que desenvolvessem uma manufatura capaz de produzir aquilo que os portugueses desejam comprar.

Aqueles que exploravam o ouro no Brasil tornaram-se pobres em pouco tempo, pois não produziam por meio do trabalho a riqueza. Não foram construídas fábricas em Portugal com o ouro obtido por aqui.

Não restam dúvidas de que o colonialismo europeu tenha feito a África ter dificuldades para se desenvolver, mas a forma como isso ocorreu vai além de uma análise simples de que “riquezas foram roubadas”. O grande entrave gerado pela colonização européia foi aumentar conflitos políticos locais e impedir que instituições verdadeiramente livres se desenvolvessem nestes países.

Países como Suécia ou Suíça não tiveram colônias. Outros como a Dinamarca colonizaram apenas locais inóspitos como a Groenlândia. Na Etiópia, por sua vez, não houveram colônias – a monarquia perdurou até o final da década de 60, quando o país sofreu uma revolução comunista. Ainda assim, mesmo sem esse passado, ainda é um país pobre. No caso de Botswana, por exemplo, houve o efeito contrário: mesmo tendo sido colônia, o país acabou desenvolvendo instituições sólidas, capaz de resistir à tentação das inúmeras ditaduras que assolaram o continente africano.

#6. O ESCALPELAMENTO NÃO FOI INVENTADO PELOS ÍNDIOS AMERICANOS.


A luta americana contra os índios nativos é constantemente tema de livros e filmes. O massacre promovido por generais no intuito de “pacificar” territórios é mais do que conhecido. Ao contrário da América Central e da América do Sul, onde doenças fizeram parte do trabalho de exterminar os povos indígenas, nos Estados Unidos esta tarefa coube quase exclusivamente ao exército.

Para colaborar com a imagem de selvagens atribuída aos índios, a ideia de que eles eram responsáveis por cortar o escalpo de suas vítimas (retirar o couro cabeludo) se espalhou rapidamente. O problema com esta história é justamente a inversão que ela carrega. Cortar o escalpo foi uma tradição introduzida inicialmente por franceses, seguida por holandeses, mexicanos e americanos. O motivo era simples: com o escalpo indígena em mãos, um soldado poderia provar que matou de fato um indígena, e assim receber alguma recompensa.


#7. A ESCRAVIDÃO NA ÁFRICA NÃO FOI IMPOSTA PELO IMPERIALISMO EUROPEU.

Ao longo dos séculos, poucas práticas configuraram-se tão mortíferas quanto a escravidão. Condições degradantes e desumanas foram impostas a centenas de milhões de seres humanos, por inúmeros países. Se na Europa a escravidão era guardada aos tempos antigos e períodos de guerra (como os escravos de Roma, por exemplo), na África a prática manteve-se por muito mais tempo.

Quando se aventuraram no mar e começaram a invadir outras terras, países como Portugal estabeleceram bases comerciais em determinados países africanos. Por meio destas bases, milhões de negros foram levados em direção ao novo mundo – o continente americano.

Ao contrário do que se pensa, porém, capturar os escravos não era uma tarefa feita por portugueses, mas por outros africanos. Capturar e vender povos inimigos como escravos era algo bastante comum no continente africano, muito antes de os europeus pensarem nesta ideia.

Ao contrário do tráfico de escravos para o Atlântico, o tráfico para o oriente não era feito em navios, mas em caravanas. Milhões de indivíduos eram sequestrados em suas aldeias e forçados a caminhar em direção ao Oriente Médio. Apenas nesta rota, 18 milhões de pessoas morreram, contra 8 milhões dos mortos na travessia do Atlântico.

Sob o sol escaldante do Saara, os povos árabes levavam milhões de africanos para servirem como escravos em seus países, sempre com a benção de reis e chefes locais.

Nem Ford, nem Rockefeller. O homem mais rico da história é um africano, Mansa Musa, imperador do Mali. Muçulmano, Mansa fez sua peregrinação a Meca em 1324, levando consigo uma comitiva que incluía 60 mil homens e 12 mil escravos. Na comitiva, iam ainda 80 camelos carregados com 50 kg de pó de ouro cada, algo que foi distribuído pelas cidades onde o imperador passou.

A riqueza de Mansa, estimada hoje em US$ 400 bilhões, teve como base a exploração de ouro no continente, mas especialmente o tráfico de escravos para o oriente.

#8. NÃO HAVIA PRESOS POLÍTICOS NA BASTILHA DURANTE A REVOLUÇÃO FRANCESA.

A Bastilha, antiga prisão política no centro de Paris, é usualmente reconhecida como um dos maiores símbolos do regime absolutista derrubado pela revolução. A data de tomada da prisão é considerada ainda hoje como a data oficial da Revolução Francesa, o 14 de julho de 1789.

Segundo a versão mais comum, a tomada da prisão representaria o fim da perseguição política promovida pelo imperador. Só há um problema com esta história: não havia de fato presos políticos na época em que a prisão foi tomada. Apenas oito prisioneiros estavam no local, a maioria por crimes de honra (como matar alguém em um duelo). Dentre eles, o Marquês de Sade.

Na Bastilha, porém, estava o estoque de pólvora detido pelo imperador, que deveria suprir as tropas enviadas do interior para conter a rebelião na capital. Sua tomada foi, portanto, muito mais relevante militarmente do que politicamente. Apesar de não existir mais hoje, o prédio da antiga prisão ainda persiste como marco histórico francês.

#9. MARCO POLO NÃO FOI O RESPONSÁVEL POR LEVAR A MASSA ATÉ A ITÁLIA.

Marco Polo foi um dos mais conhecidos aventureiros em toda a história. Filho de um mercador, conviveu durante anos na corte do imperador mongol Kublai Khan, neto de Gengis Khan. Por lá, aprendeu inúmeros costumes e tradições chinesas, uma vez que Kublai, o “imperador chinês”, construiu sua capital em território chinês (Kublai foi o primeiro a conseguir unificar a China, antes dividida em três impérios).

Em suas mais de duas décadas viajando sob ordens de Kublai, Marco percorreu quase 25 mil km’s, além de dezenas de nações distintas. Já no retorno a Veneza, relatou suas viagens em um livro que lhe tornou conhecido posteriormente.

Dentre aquilo que é atribuído a Marco Polo, porém, a introdução do macarrão na Itália é considerado um “exagero”, uma vez que a massa já era conhecida no país séculos antes, em função dos fenícios.

Durante séculos, chineses foram responsáveis por criar boa parte das inovações até então conhecidas. O arado (atribuído erroneamente aos ingleses), o papel, a moeda, a pólvora. Daí a importância atribuída aos relatos de Marco, considerado o maior explorador da idade antiga.

#10. CRISTÓVÃO COLOMBO NÃO DESCOBRIU A AMÉRICA, E NEM PEDRO ÁLVARES CABRAL, O BRASIL.

Sob o comando de três navios, Cristóvão Colombo aportou no Caribe em 12 de outubro de 1492. Esta, segundo a história oficial, foi a primeira vez que povos do continente americano fizeram contato com povos europeus.

Segundo o próprio Colombo, no entanto, a descoberta não teria sido uma novidade. Para ele, que não havia se dado conta de ter chegado em um novo continente, sua embarcação havia aportado em um local anteriormente descrito por Marco Polo. Segundo especulações, quase dois séculos antes de Colombo, Polo teria desembarcado no continente americano. Para outros autores, no entanto, a descoberta estaria a cargo dos chineses, que em 1421 empreenderam uma grande expedição ao redor do mundo, em navios dezenas de vezes maiores que as caravelas portuguesas.

Relatos de exploradores nórdicos, como o islandês Leif Ericson, mostram que os vikings estiveram no continente americano quase cinco séculos antes de Colombo.

No Brasil, a história ainda fica “dentro de casa” para os portugueses. Segundo sabe-se hoje, dois anos antes de Cabral chegar por aqui, o explorador Duarte Pereira Pacheco teria explorado a foz do rio Amazonas, além do Estado do Maranhão. Para evitar conflitos com a coroa espanhola, porém, os portugueses mantiveram a história em segredo. Em outros relatos, o explorador espanhol Vicente Pinzon teria chegado ao Ceará três meses antes de Cabral, em janeiro de 1500, portanto.Por:  Do site: http://spotniks.com/

terça-feira, 16 de agosto de 2016

REPETINDO ALGUMAS LIÇÕES BÁSICAS DE ECONOMIA

Repetindo algumas lições básicas de economia - que, inexplicavelmente, seguem sendo ignoradas

N. do E.: o artigo a seguir foi acrescido de temas econômicos com o intuito de torná-lo mais próximo da realidade brasileira


Entender de economia é saber reconhecer as consequências secundárias e nem sempre perceptíveis de uma política econômica. Entender de economia é entender as consequências gerais de tudo. 

A economia é a ciência que examina os efeitos de alguma política proposta ou existente, não apenas em relação a algum interesse especial, a curto prazo, mas também em relação ao interesse geral, a longo prazo.

Entendendo que a economia é a ciência que examina consequências, então, por definição, assim como a lógica e a matemática, a economia é a ciência que reconhece implicações inevitáveis.

Podemos ilustrar esse ponto por meio de uma elementar equação algébrica. Suponha que alguém diga que, se x é igual a 5, então x + y = 12. A "solução" dessa equação é que y é igual a 7. A equação não faz essa asserção diretamente, mas, inevitavelmente, indica isso.

O que é verdadeiro nessa equação elementar é também verdadeiro para as mais complicadas e abstrusas equações que se encontram na matemática. A resposta encontra-se na própria enunciação do problema. Ela tem de, é verdade, ser "calculada". O resultado, é verdade, pode às vezes chegar ao homem que resolve a equação como uma formidável surpresa. Pode ser ainda que ele tenha a sensação de estar descobrindo alguma coisa inteiramente nova, sensação semelhante à de "algum observador dos céus quando um novo planeta lhe surge à vista". Sua sensação de descoberta talvez seja justificada pelas consequências teóricas ou práticas da solução. Contudo, sua solução já se continha na formulação do problema. Apenas não fora reconhecida imediatamente, pois a matemática nos lembra que implicações inevitáveis não são, necessariamente, implicações óbvias.

Tudo isso é igualmente verdadeiro no que concerne a economia. A esse respeito, poderíamos também comparar a economia à engenharia. Quando um engenheiro tem um problema, ele deve em primeiro lugar determinar todos os fatos que com ele se relacionam. Se ele projeta uma ponte, para ligar dois pontos, ele deve primeiro conhecer a distância exata entres esses dois pontos, bem como sua precisa natureza topográfica, a carga máxima que a ponte estará destinada a suportar, a força de tensão e compressão do aço com que a ponte será construída e as vibrações e tensões a que será submetida. Boa parte dessas pesquisas factuais já foram feitas por outros.

Seus antecessores também já resolveram equações matemáticas complicadas pelas quais, conhecendo a resistência dos materiais e a tensão a que estes estão sujeitos, puderam determinar diâmetro, forma, número e estrutura das torres, cabos e vigas da ponte.

Igualmente, aquele economista a quem foi proposto um problema prático deve conhecer os fatos essenciais desse problema e as deduções válidas a serem tiradas desses fatos. O aspecto dedutivo da economia não é menos importante que o factual. Pode-se, sobre ele, dizer aquilo que George Santayana disse sobre a lógica (e que poderia, igualmente, ter dito sobre a matemática): "Ela investiga a radiação da verdade", de modo que "quando se sabe que um termo de um sistema lógico descreve um fato, todo o sistema ligado a esse termo torna-se, por assim dizer, incandescente".

Ora, poucas são as pessoas que reconhecem as necessárias implicações das declarações sobre economia que constantemente estão fazendo. 

Quando dizem que o governo deve estimular o crédito para salvar a economia, estão na realidade dizendo que a maneira de salvar a economia é aumentando o endividamento das pessoas. Crédito e dívida são nomes distintos para a mesma coisa, vista de lados opostos.

Quando dizem que o caminho para a prosperidade é aumentar os gastos do governo, estão na realidade dizendo que o governo deve ou tributar mais as pessoas ou incorrer em déficits ou imprimir dinheiro. 

A tributação retira renda (logo, capacidade de consumo e investimento) das pessoas e empresas. 

Déficits significam que pessoas e empresas estão emprestando para o governo, em vez de utilizarem esse dinheiro na própria economia. Significa também que os bancos, em vez de financiarem investimentos produtivos, estão financiando a folha de pagamento do governo. E significa também que haverá aumento de impostos no futuro para que o governo possa arcar com o serviço dessa dívida. 

E, por fim, a mera impressão de dinheiro gera inflação de preços, o que significa que as pessoas perdem poder de compra e as empresas ficam sem dinheiro suficiente para bancar os custos dos investimentos.

Portanto, aumentar os gastos do governo gera o contrário de prosperidade.

Quando dizem que o governo deve proteger a indústria nacional por meio de tarifas de importação, estão na realidade dizendo que o grande empresariado do país deve ser protegido das escolhas voluntárias dos consumidores, que agora ficam proibidos de comprar bens estrangeiros e acabam sendo obrigados a comprar bens nacionais mais caros e de menor qualidade deste baronato nacional. Proteção à indústria nacional significa criar uma reserva de mercado para grandes empresários e, com isso, garantir artificialmente seus lucros, à custa do bem-estar do povo, especialmente dos mais pobres, que agora estão proibidos de adquirir bens estrangeiros baratos e de qualidade. 

Quando dizem que o governo deve estimular a indústria nacional por meio de subsídios ou empréstimos subsidiados pelo governo, estão na realidade dizendo que o grande empresariado deve receber dinheiro de impostos do povo e, com isso, levar vantagem sobre os concorrentes menores. 

Quando dizem que o câmbio deve ser desvalorizado para estimular as exportações e frear as importações, estão na realidade dizendo que o poder de compra da moeda deve ser reduzido e a população deve ter seu bem-estar afetado apenas para garantir os lucros do grande empresariado nacional.

Quando dizem que as exportações devem ser aumentadas e as importações devem ser restringidas, estão na realidade dizendo que a quantidade de produtos à disposição da população nacional deve ser duplamente reduzida — gerando, no mínimo, mais carestia.

Quando dizem que as empresas devem ser controladas por agências reguladoras, estão na realidade dizendo que essas empresas devem operar dentro de um cartel protegido pelo estado, com preços garantidos e sem liberdade de entrada para potenciais concorrentes.

Quando dizem que os agricultores devem ter os preços de seus produtos elevados por programas de compras governamentais, estão na realidade dizendo que toda a população do país deve ter sua comida encarecida.

Quando dizem que todos têm direito a saúde, educação e transporte gratuitos, estão na realidade dizendo que toda a população deve dar mais dinheiro para burocratas do governo, os quais irão repassar esse dinheiro (retendo para si uma fatia) para outras pessoas, as quais irão então prover esses serviços de acordo com critérios especificados por burocratas e políticos, e não pelos consumidores.

Quando dizem que os salários — principalmente o salário mínimo — devem ser aumentados por decreto, estão na realidade dizendo que o segredo para a prosperidade econômica é aumentar os custos de produção.

Quando dizem que as empresas devem utilizar mais conteúdo nacional em seus produtos, estão na realidade dizendo que os fornecedores desse conteúdo nacional têm direito a uma reserva de mercado, podendo assim elevar seus preços e reduzir a qualidade de seus produtos despreocupadamente.

Quando dizem que um pouco mais de inflação gera mais crescimento econômico, estão na realidade dizendo que uma perda mais acentuada do poder de compra da moeda e uma maior incerteza quanto aos custos futuros estimulam mais empreendedores a fazerem investimentos produtivos de longo prazo.

Quando dizem que um pouco mais de inflação gera mais consumo e emprego, estão na realidade dizendo que um aumento no custo de vida estimula as pessoas a contratarem mais serviços (como empregadas domésticas) e a irem mais vezes aos shopping centers.

Quando dizem que mais gastos do governo estimulam o empreendedorismo, estão na realidade dizendo que a contratação de mais burocratas e a criação de mais burocracia, mais leis e mais regulamentações incentivam a produção e levam a mais geração de riqueza.

Conclusão

Para se fazer uma verdadeira análise econômica, ambas as faces da moeda devem ser consideradas, de modo que todas as implicações de uma proposta sejam devidamente entendidas e estudadas. E isso raramente é feito.

A análise dos exemplos acima nos mostra, incidentalmente, outra lição: quando estudamos os efeitos de várias propostas, não apenas sobre determinados grupos e a curto prazo, mas sobre todos os grupos e a longo prazo, as conclusões a que chegamos correspondem às do senso comum. Não ocorreria a pessoa alguma dizer que é economicamente estimulante ter vitrinas quebradas e cidades destruídas; que criar projetos públicos inúteis é uma boa maneira de gastar o dinheiro do povo; que as máquinas, que aumentam a produção e economizam o esforço humano, devem ser temidas; que obstruir a produção e o consumo aumenta a riqueza; que a nação se torna mais rica quando sua moeda perde poder de compra; que a prosperidade aumenta quando o comércio com os outros países é restringido; que poupar é algo prejudicial e que o consumismo e o endividamento trazem prosperidade.

"O que é prudência na conduta de toda família em particular" — disse o bom senso de Adam Smith em resposta aos sofistas de seu tempo — "dificilmente pode ser loucura na de um grande reino." Homens menores, entretanto, perdem-se em complicações. Não reexaminam seus raciocínios mesmo quando emergem com conclusões que se evidenciam absurdas. 

Dependendo de suas próprias crenças, o leitor pode ou não aceitar o aforismo de Bacon, segundo o qual "uma pequena filosofia inclina o espírito do homem para o ateísmo, ao passo que a profundidade na filosofia conduz seu espírito para a religião". É verdade, no entanto, que uma pequena noção de economia pode, facilmente, conduzir às conclusões paradoxais e ridículas que acabamos de expor, ao passo que a profundidade nessa noção fará com que o homem retorne ao bom senso. 

A profundidade, na economia, está em procurar todas as consequências de uma política, em vez de apenas dirigir o olhar para as que são imediatamente visíveis.

Henry Hazlitt 
(1894-1993) foi um dos membros fundadores do Mises Institute. Ele foi um filósofo libertário, economista e jornalista do The Wall Street JournalThe New York TimesNewsweek e The American Mercury, entre outras publicações. Ele é mais conhecido pelo seu livro Economia em uma Única Lição. Do site: http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=2491

segunda-feira, 15 de agosto de 2016

FRANÇA: DEPOIS DO TERCEIRO ATAQUE JIHADISTA

- Sucessivos governos franceses montaram uma armadilha; os franceses, que estão dentro dela, pensam apenas em uma maneira de escapar. A situação é bem mais grave do que muitos imaginam. Regiões inteiras da França estão sob controle de gangues e imãs radicais.


- O Primeiro Ministro Manuel Valls repetiu o que já havia dito há 18 meses: "a França está em guerra." Ele identificou o inimigo: "islamismo radical", mas logo se apressou acrescentando que o "islamismo radical" "nada tem a ver com o Islã." Ele então repetiu a mesma ladainha enfatizada em tantas ocasiões: os franceses terão que se acostumar a conviver com a "violência e com os ataques".

- Os franceses estão ficando cada vez mais cansados das tentativas de exonerar o Islã. Eles sabem muito bem que nem todos os muçulmanos são culpados. Eles também sabem que todos que cometeram atentados na França nos últimos anos eram muçulmanos. Os franceses não querem de jeito nenhum se acostumar com "violência e ataques." Eles não querem estar no lado dos derrotados e já sentem que estão sendo derrotados.


Nice, 14 de julho de 2016: Dia da Queda da Bastilha. As festividades da noite estavam chegando ao fim. Conforme a multidão assistia a queima de fogos de artifício começava a se dispersar, o motorista de um caminhão de 19 toneladas, dirigindo em zigue-zigue, atropelava todos que estavam em seu caminho. Dez minutos mais tarde, após ter assassinado 84 pessoas, ele foi baleado e morto. Dezenas ficaram feridas; muitos ficarão aleijados para o resto da vida. Sobreviventes atordoados vagavam pelas ruas da cidade durante horas.

Âncoras das redes de notícia da televisão francesa se apressaram em realçar que, com certeza, se tratava de um "acidente", quando as autoridades francesas começaram a falar de terrorismo, ressaltaram que o motorista só podia ser um louco. Quando a polícia divulgou o nome e a identidade do assassino, e que no passado ele já tinha estado em depressão, elaaventou que ele poderia ter atuado em um rompante de "alta ansiedade". Os policiais entrevistaram testemunhas que atestaram que ele "não era um muçulmano devoto" -- talvez nem sequer muçulmano.

O Presidente François Hollande fez um pronunciamento algumas horas mais tarde afirmando sua determinação em "proteger a população."

O Primeiro Ministro Manuel Valls repetiu o que já havia dito há 18 meses: "a França está em guerra." Ele identificou o inimigo: "islamismo radical", mas logo se apressou acrescentando que o "islamismo radical" "nada tem a ver com o Islã." Ele então repetiu o que já havia enfatizado em tantas ocasiões: os franceses terão que se acostumar a conviver com a "violência e com os ataques".

A reação popular mostrou que Valls não convenceu praticamente ninguém. Os franceses estão ficando cada vez mais cansados das tentativas de exonerar o Islã. Eles sabem muito bem que nem todos os muçulmanos são culpados. Eles também sabem que, no entanto, todos que cometeram atentados na França nos últimos anos eram muçulmanos. Eles não se sentem protegidos por François Hollande. Eles estão vendo que a França está sendo atacada com mais intensidade e que o Islã radical declarou guerra, mas não estão vendo a França reagir também declarando guerra ao Islã radical. Eles não querem de jeito nenhum se acostumar com "violência e ataques". Eles não querem estar no lado dos derrotados e já sentem que estão sendo derrotados.

Pelo fato do partido Frente Nacional usar uma linguagem mais robusta, boa parcela dos eleitores votarão em seus candidatos. A líder da Frente Nacional Marine Le Pen, vencerá, sem a menor sombra de dúvida, o primeiro turno da eleição presidencial no próximo ano. Ela provavelmente não será eleita no segundo turno, mas se nada for feito rápida e inequivocamente, ela terá boa chance da próxima vez.

Os políticos moderados leem as pesquisas de opinião, endurecem a sua retórica e recomendam políticas mais duras. Alguns podem exigir medidas mais duras, tais como a expulsão de terroristas detidos que têm dupla cidadania e a detenção daqueles que defendem os ataques. Há outros que até já pediram a instauração da lei marcial.

A calma voltará gradualmente, mas não há dúvida que a situação na França está se aproximando do ponto de ebulição.

Os recentes ataques serviram de catalisador. Quatro anos atrás, quando Mohamed Merah assassinou soldados e judeus em Toulouse, a população não reagiu. A maioria dos franceses não se sentiu diretamente afetada; soldados eram apenas soldados e judeus eram apenas judeus. Quando em janeiro de 2015 os cartunistas da redação da revista Charlie Hebdo foram massacrados, uma reação emocional tomou conta do país, desaparecendo logo em seguida. Foi organizada uma grande manifestação em nome da "liberdade de expressão" e dos "valores da república". Centenas de milhares entoavam palavras de ordem: "Je Suis Charlie" ("Eu sou Charlie"). Dois dias depois, novamente quando judeus foram assassinados em uma mercearia kasher, praticamente ninguém disse: "Eu sou Judeu."

Aqueles que tentaram se pronunciar sobre a jihad foram imediatamente silenciados. Nem mesmo um ano depois, em novembro, quando do banho de sangue na casa noturna Bataclan não motivou protestos mas causou um choque profundo. A grande mídia e o governo já não podiam mais esconder que se tratava de um ato de jihad. O número de mortos era tremendamente alto; já não era mais possível simplesmente seguir adiante. A grande mídia e o governo fizeram o máximo para minimizar a raiva e a frustração e maximizar a tristeza.Cerimônias solenes com flores e velas estavam por toda parte. Foi declarado "estado de emergência" e soldados foram para as ruas.

Então a sensação do perigo foi se esvaecendo. O campeonato de futebol Euro 2016 foi organizado na França e o bom desempenho da equipe francesa criou uma falsa sensação de união.

O ataque em Nice foi mais um sinal de alerta. Ele lembrou, de forma brutal, a todos que o perigo ainda estava presente, mais mortal do que nunca, e que as medidas tomadas pelas autoridades não passavam de gesticulações inúteis. Voltaram as lembranças das mortes anteriores.

Esforços para esconder que Mohamed Lahouaiej-Bouhlel, o terrorista de Nice, era jihadista não enganava mais ninguém. Apenas enfureceu mais, frustrou mais e aumentou o desejo para que houvesse uma atuação eficiente.

Dias antes do ataque em Nice, a mídia informou que o relatório da Comissão Parlamentar de Inquérito sobre o ataque à casa noturna Bataclan revelou que as vítimas foram brutalmente torturadas e mutiladas e que o governo tentou encobrir os fatos. Agora o público inteiro descobriu a extensão do horror, colocando mais lenha na fogueira.

Parece que agora a França está à beira de um momento revolucionário; não irá demorar muito para que haja uma explosão. A situação é muito mais grave do que muitos imaginam.

Regiões inteiras da França estão sob controle de gangues e imãs radicais. O governo delicadamente as chama de "zonas urbanas sensíveis". Em outros lugares são chamadas, franca e diretamente, de "zonas proibidas." Há mais de 570 delas.

Centenas de milhares de jovens muçulmanos vivem naquelas regiões. Muitos são bandidos, traficantes de drogas e ladrões. Outros tantos alimentam um ódio profundamente enraizado pela França e pelo Ocidente. Os recrutadores de organizações jihadistas dizem a eles, diretamente ou através das redes sociais, que se matarem em nome de Alá obterão o status de mártires. Centenas estão a postos. Eles são granadas sem o pino de segurança quepodem explodir em qualquer lugar, a qualquer momento.

Embora a posse, transporte e venda de armas sejam rigorosamente regulamentadas na França, armas de guerra circulam livremente. E obviamente o ataque em Nice demonstrou novamente que não há necessidade de arma de fogo para se cometer assassinato em massa.

Vinte mil pessoas estão na lista dos "arquivos-S" do governo, um sistema de alerta para identificar indivíduos ligados ao Islã radical. A maioria não é monitorada. Mohamed Merah o assassino de Toulouse, os assassinos dos cartunistas da revista Charlie Hebdo e muitos dos terroristas que atacaram a casa noturna Bataclan constavam dos arquivos-S. Mohamed Lahouaiej-Bouhlel, o terrorista que atacou em Nice, não estava na lista.

O chefe de inteligência da França ressaltou recentemente que mais ataques estão por vir e que muitos assassinos em potencial perambulam livremente, sem serem detectados.

Fazer o que o governo francês está fazendo hoje não vai ajudar em nada. Muito pelo contrário. A França está à mercê de outro ataque que irá incendiar o barril de pólvora.

Fazer mais do mesmo irá piorar as coisas antes que elas melhorem. Reconquistar o controle de muitas regiões acarretará mobilizar o exército; os esquerdistas e anarquistas com certeza se empenharão em aumentar ainda mais a desordem.

Colocar na prisão qualquer um que tenha algum motivo de estar preso em nome da segurança pública implicaria em algo mais do que a lei marcial; seria a suspensão das liberdades democráticas e mesmo assim seria uma tarefa impossível. As prisões da França já estão lotadas. A polícia está em desvantagem numérica, dando sinais de esgotamento. O exército francês está no limite da sua capacidade para a ação: ele já patrulha as ruas da França e está posicionado na África e no Oriente Médio.
O exército francês está no limite de sua capacidade de ação: ele já patrulha as ruas da França e está posicionado na África e no Oriente Médio. Foto: soldados franceses protegem uma escola judaica em Estrasburgo, fevereiro de 2015. (Imagem: Claude Truong-Ngoc/Wikimedia Commons)

Sucessivos governos montaram uma armadilha; os franceses, que estão dentro dela, pensam apenas em uma maneira de escapar.

Os responsáveis por isso são o Presidente François Hollande e o Primeiro Ministro Manuel Valls. Por anos a fio, muitos na França apoiaram qualquer movimento que condenasse o "racismo islamofóbico". Eles aprovaram leis definindo críticas ao Islã como "crime de ódio". Eles dependiam cada vez mais do voto muçulmano para vencer eleições. O mais importante instituto interdisciplinar de estudos de esquerda da França, Terra Nova, considerado próximo ao Partido Socialista, publicou vários levantamentos explicando que a única maneira da esquerda vencer eleições é atrair os votos dos imigrantes muçulmanos e incluir mais muçulmanos na população do país.

A direita moderada também é culpada. O Presidente Charles de Gaulle criou a "política árabe da França", um sistema de alianças com algumas das piores ditaduras árabes-muçulmanas do mundo, na crença de que a França iria recuperar seu poder graças a este sistema. O Presidente Jacques Chirac seguiu os passos de Charles de Gaulle. O Presidente Nicolas Sarkozy ajudou a derrubar o regime de Gaddafi na Líbia e carrega enorme responsabilidade pelo caos que se seguiu.

Há uma década a armadilha revelou seus efeitos letais. Em 2005 distúrbios em toda a França mostraram que as manifestações muçulmanas poderiam levar a França à beira da destruição. O incêndio foi extinto graças aos apelos de organizações muçulmanas pedindo calma. Desde então a França ficou à mercê de mais distúrbios.

A opção foi a de apaziguamento. O que não impediu a deterioração de ganhar terreno.

François Hollande tomou decisões precipitadas que colocaram a França no olho do furacão. Percebendo que os interesses estratégicos da França corriam perigo, lançou operações militares contra grupos islamistas na África Subsariana. Notando que muçulmanos franceses estavam indo treinar e participar ativamente da jihad na Síria, ele decidiu usar o exército francês em ações contra o Estado Islâmico.

Ele não previu que grupos islâmicos e o Estado Islâmico iriam retaliar e atacar a França. Ele não percebeu a extensão da vulnerabilidade da França, exaurida por dentro.

As consequências expuseram à luz do dia um cenário assustador. O islamitas viram o cenário e não deixaram de gostar do que viram.

Em seus Websites, eles muitas vezes citam uma mensagem de Osama bin Laden: "quando as pessoas veem um cavalo forte e um cavalo fraco, naturalmente irão querer ficar com o cavalo forte."

Ao que tudo indica eles acreditam que a França é um cavalo fraco e que o Islã radical pode fazer a França ficar de joelhos em cima de um amontoado de poeira e escombros. Também parece que eles acreditam que o tempo está a favor deles -- assim como a demografia. Os muçulmanos já compõem cerca de 10% da população francesa; 25% dos adolescentes na França são muçulmanos.

O número de muçulmanos franceses que querem a Lei Islâmica (Sharia) implementada na França cresce ano a ano, bem como o número de muçulmanos franceses que aprovam a jihad violenta. Franceses em número cada vez maior deploram o Islã, mas estão tomados pelo medo. Até mesmo os políticos que parecem estar prontos para lutar não mexem com o Islã.

Ao que tudo indica os islamitas acreditam que nenhum político francês irá superar o que mais parece uma perfeita tempestade árabe. Eles parecem ter a sensação de que o Ocidente já está derrotado e não tem mais condições de levar a melhor. Eles estão errados?
Por: Dr. Guy Millière, professor da Universidade de Paris, é autor de 27 livros sobre a França e a Europa. Original em inglês: France: After the Third Jihadist Attack
Tradução: Joseph Skilnik Do site: pt.gatestoneinstitute.org

domingo, 14 de agosto de 2016

A UTILIDADE DO INÚTIL E A NECESSIDADE DO SUPÉRFLUO

Louvre: quem diria que só há coisas inúteis nele?

Nem só de pão vive o homem. O materialismo utilitarista moderno, que transforma tudo em cálculo monetário, acaba deixando de lado o intangível, o “inútil” que, contudo, mostra-se fundamental para nossas vidas humanas. Vários pensadores enalteceram a “utilidade” desse inútil, ou a necessidade do “supérfluo”, tanto da esquerda como da direita (o caso, por exemplo, de Ortega y Gasset, que já comente iaqui).

Em A utilidade do inútil: um manifesto, o italiano Nuccio Ordine compila várias dessas defesas intelectuais das artes, da poesia, da literatura, desde Aristoteles até pensadores modernos, passando por Montaigne, Shakespeare, Kant e muitos outros. Seu tom é ácido demais contra o lucro, o mercado, a austeridade. Ordine pensa que o capitalismo é o grande vilão dessa vida mais espiritual, voltada ao belo. Faz uma defesa apaixonada das áreas de humanas nas universidades, lamentando o sucateamento crescente de verbas para se preservar o foco nesse “inútil”.

Mas não é preciso concordar com seu diagnóstico, tampouco com sua receita, para admitir que sua crítica tem um ponto legítimo. Creio, aliás, que esse seja o problema de muito liberal, principalmente da área econômica: a fim de rechaçar, com razão, as propostas estatizantes desses “intelectuais”, recusa-se a sequer escutar suas críticas ao sistema capitalista, muitas vezes válidas.

Vamos, antes de mais nada, aos maiores erros que vejo no manifesto. Ordine parece projetar que todos são ou deveriam ser como ele, mais contemplativos e menos “executores”, preocupados em admirar o belo em vez de acumular riquezas. Acha, como tantos socialistas, que todos poderiam ser caçadores de dia, pescadores de tarde e filósofos de noite. É uma visão elitista e arrogante do mundo.

Cada um é cada um, com seus interesses diversos, com suas fugas diferentes para as angústias inerentes à condição humana. Não nego que a “fuga” pelas artes seja mais atraente, refinada e talvez superior à “fuga” pelo consumismo, pelo acúmulo de bens, ou coisa do tipo. Mas não somos todos iguais, e é uma forma de autoritarismo querer impor nosso estilo de vida “superior” aos outros.

No mais, há sempre a questão da hipocrisia. Esses “intelectuais” gostam de cuspir no “sistema”, no lucro, mas não costumam dispensar as maravilhas que só o capitalismo pode lhes oferecer. Além disso, manter bibliotecas, orquestras sinfônicas, cursos de línguas clássicas e museus custa dinheiro, que não cai do céu nem brota do solo. Alguém precisa pagar por isso. Deve o trabalhador labutar no campo para o intelectual desfrutar de sua ópera? Também adoraria viver imerso em livros, músicas e obras de arte, mas quem pagaria por isso?

Julgar que a alocação de recursos escassos é equivocada por negligenciar tais áreas é adotar uma visão de mundo, que não necessariamente estará de acordo com a dos demais cidadãos. Condenar a austeridade em si, quando tantos governos europeus estão literalmente quebrados, é fingir que há alternativa, que é possível simplesmente abandonar a aritmética, ou que manter um museu é mais relevante do que manter um hospital. Não é maduro fingir que a escassez não existe.

Feitas essas ressalvas, considero o grande mérito do livro o ataque aos excessos do materialismo, tentando chamar a atenção para coisas que parecem efetivamente mais elevadas. É verdade que devemos tomar cuidado aqui, lembrando do alerta de Joãozinho Trinta: quem gosta de pobreza é intelectual; pobre gosta é de luxo. Todos queremos conforto material, e é fácil falar que não precisa de dinheiro quando se tem.

Isso não quer dizer que devemos simplesmente ignorar todos os argumentos desses intelectuais. Talvez seu maior defeito seja o monopólio da virtude: defendem coisas boas, importantes, mas acham que o único meio de preservá-las é com a intervenção estatal e o uso de mais recursos públicos. Quando mostramos como as matérias de humanas nas universidades se transformaram em antros de proselitismo ideológico e combate ao capitalismo, e talvez por isso vêm perdendo cada vez mais apoio e prestígio também, eles viram a cara e fogem das críticas.

Eis o ponto-chave: a obsessão das sociedades modernas com PIB, por exemplo, deixa de lado essa questão importante, fundamental até, eu diria, que acaba definindo sua identidade, sua cultura, seus valores. Os alertas que considero válidos vão na linha de lembrar que só enriquecer materialmente não pode ser o único objetivo, já que pode ocorrer um empobrecimento espiritual no processo. Não é preciso ser de esquerda para entender isso: muitos conservadores o fazem.

Em outras palavras: aquele que só pensa em ter, acaba esquecendo da relevância do ser. Não concordo com a premissa rousseauniana do autor, de que são o capitalismo, a propriedade privada e o lucro que causam isso, que afastam as pessoas de uma vida mais voltada para o ser. Acho que isso é culpar bodes expiatórios. E a tentativa de se criar o “novo homem” sob o comunismo se mostrou desastrosa ao extremo.

Vários liberais, como Thomas Sowell e Hayek, escreveram sobre o flerte dos intelectuais com o socialismo. O livro de Ordine demonstra esse perigo: no afã de defender coisas nobres, elevadas, ele acaba direcionando sua metralhadora giratória para o alvo errado, o capitalismo, o lucro, o mercado. Acha que se abandonarmos tais coisas todos irão, de repente, viver suas vidas procurando o sublime. É uma visão romântica demais, e perigosa.

Mas, repito, isso não deve ser sinônimo de jogar fora toda a sua crítica, que é válida. Qual o lugar mais útil de uma casa? A latrina. Mas não podemos viver voltados apenas para isso, para o útil, pois a latrina é também o lugar mais feio da casa. Reconhecer que a busca do belo é crucial em nossas vidas, e que o foco comercial excessivo ajuda a nos afastar dessa busca, é algo que podemos fazer sem cuspir no capitalismo ou abraçar o socialismo.

Basta citar como exemplo o mercado das “artes” pós-modernas, dominado pela lógica financeira ao extremo, invadido por ricaços de olho apenas na valorização de seus preços investidos ou em modismos, e que acabou deturpando completamente o conceito de arte tradicional, aquela que buscava o transcendental, o sublime, o eterno.

O autor argumenta que o mesmo teria acontecido na educação e na ciência, com o fim da busca desinteressada pelo saber, pelo conhecimento, bom por si mesmo, não somente por ser “útil” em alguma aplicação prática. Ou seja, não podemos abandonar jamais a preocupação com o qualitas, buscando apenas o quantitas. Em tempos em que tudo que importa para alguns parece ser a quantidade de curtidas, isso vem bem a calhar.

“Eu devo estudar a política e a guerra para que meus filhos possam ter liberdade para estudar a matemática e a filosofia. Meus filhos devem estudar matemática e filosofia, geografia, história natural, arquitetura naval, navegação, comércio e agricultura, a fim de dar aos seus filhos o direito de estudar pintura, poesia, música, arquitetura, tapeçaria, e porcelana”. Quem disse isso foi John Adams, um dos “pais fundadores” mais conservadores. 

Focar nas artes é crucial, mas também é preciso sobreviver, pagar as contas, derrotar inimigos. Ou seja, viver no mundo real. O maior perigo que existe não é só, como alega Ordine, os homens abandonarem de vez as artes para só pensar em acumular mais; mas também os artistas e intelectuais ignorarem aquilo que, para começo de conversa, possibilita a contemplação do sublime: o maior conforto material, que só o capitalismo nos garante.

Quando se vive sem o básico, quando falta até papel higiênico, fica mais difícil contemplar as belas artes e valorizar o ser, em vez do ter. Ou alguém acha que na Venezuela de hoje, destruída pelo socialismo, há espaço para a admiração da beleza natural e das artes humanas?
Por: Rodrigo Constantino  Do site: http://rodrigoconstantino.com/

quinta-feira, 11 de agosto de 2016

PARA FRANCISCO E O DECLÍNIO DO OCIDENTE


Papa Francisco fez comentários na semana passada que revelam a única coisa mais importante que você precisa saber sobre o mundo moderno: a religião mais dinâmica dos últimos cem anos tem sido o esquerdismo. Não o cristianismo, não o Islã, mas o esquerdismo.

O esquerdismo conquistou as instituições educacionais líderes do mundo, os meios de comunicação do mundo e o entretenimento popular do mundo, e tem influenciado o cristianismo (e judaísmo) muito mais do que o cristianismo (ou o judaísmo) influenciou qualquer coisa.

Em 26 de julho, dois muçulmanos cortaram a garganta de um padre católico francês, o Rev. Jacques Hamel, 85, enquanto ele estava rezando missa em sua igreja.

Cinco dias depois, durante seu voo de volta a Roma do Dia Mundial da Juventude em Cracóvia, Polônia, o Papa Francisco deu uma coletiva de imprensa. Ele foi questionado sobre o padre francês e o Islã por Antoine-Marie Izoard, jornalista da I.Media, uma agência de notícias católica francesa. Izoard disse:

“Os católicos estão em estado de choque – e não só na França – após o assassinato bárbaro do padre Jacques Hamel em sua igreja, enquanto ele estava celebrando a Santa Missa. Quatro dias atrás… você nos disse mais uma vez que todas as religiões querem a paz. Mas esse santo sacerdote, oitenta e seis anos de idade, foi claramente morto em nome do Islã. Então, tenho duas perguntas breves, Santo Padre. Quando você fala desses atos de violência, por que você sempre fala de terroristas, mas não do Islã? … E então, qual … iniciativa concreta você pode lançar ou talvez sugerir, a fim de combater a violência islâmica?”

O papa Francisco respondeu:

“Eu não gosto de falar de violência islâmica porque todos os dias quando eu abro os jornais eu vejo atos de violência, aqui na Itália: alguém mata sua namorada, outro sua sogra… e essas pessoas violentas são batizadas católicos! Eles são católicos violentos… Se eu falar sobre a violência islâmica, eu também teria que falar sobre a violência Católica”.

O papa da Igreja Católica Romana, quando perguntado sobre o terror islâmico e o corte da garganta de um padre católico romano por terroristas islâmicos, responde que também há terror católico – que um homem que foi batizado católico que “mata a namorada” é o equivalente moral e religioso de muçulmanos que se envolvem em assassinatos em massa em nome do Islã.

Como alguém pode comparar: 

- uma pessoa que acontece de ter sido batizada católica quando criança – e pode não ter nenhuma identidade católica como um adulto – com um adulto que afirma uma identidade religiosa? 

- o assassinato de uma namorada (provavelmente um crime passional) com o assassinato ritual de um padre católico porque ele era um padre? 

- assassinatos individuais que não têm nada a ver com ideologias com assassinatos em massa cometidos em nome de uma ideologia? 

O papa Francisco acrescentou:

“O terrorismo está em todos os lugares! … O terrorismo … aumenta sempre que não há outra opção, quando a economia global está centrada no deus do dinheiro e não na pessoa humana, homens e mulheres. Isso já é uma primeira forma de terrorismo. Você expulsa a maravilha da criação, homem e mulher, e coloca dinheiro em seu lugar. Esse é um ato básico de terrorismo contra toda a humanidade. Devemos pensar sobre isso.”

O terrorismo aumenta “sempre que não há outra opção”?

A premissa de que o terrorismo islâmico é um ato desesperado decorrente da pobreza é amplamente difundida na esquerda. Mas ela é falsa. A maioria dos terroristas islâmicos vem da classe média ou acima. No caso recente dos terroristas de Bangladesh, por exemplo, quase todos vieram de algumas das famílias mais ricas em Bangladesh. E, como é bem conhecido, a maioria dos sequestradores de 11/9 veio de famílias de classe média e média-alta.

O terrorismo islâmico não vem da economia; ele vem da sua teologia.

O terrorismo aumenta “quando a economia global está centrada no deus do dinheiro”?

A busca de dinheiro e terror não têm nada a ver um com o outro. Terrorismo cresce somente quando alguma ideologia o prega. Tudo que esta declaração faz é fornecer uma desculpa para o terrorismo islâmico, culpando a “economia global” e o “deus do dinheiro” em vez de os terroristas e seu deus da morte.

Uma “primeira forma de terrorismo” ocorre quando “a economia global está centrada no deus do dinheiro”?

É uma coisa ruim quando o dinheiro se torna um deus, mas não há comparação entre o “deus do dinheiro” e os horrores do terrorismo islâmico. As mulheres Yazidi não foram estupradas e queimadas vivas por causa da “economia global” e seu “deus do dinheiro”.

A única explicação para essas declarações é que o papa Francisco herdou sua teologia do catolicismo, mas ao contrário de seu antecessor imediato, o Papa Bento XVI, herdou boa parte de sua visão moral do esquerdismo.

A combinação ocidental da moral judaico-cristã e o liberalismo político – com a sua doutrina de responsabilidade moral, absolutos morais, confrontando o mal, e a liberdade política e social – tem produzido sociedades mais morais na história do mundo.

O papa da Igreja Católica Romana deveria ser seu maior defensor. Mas, por conta de seu esquerdismo, ele não é.
Por Dennis Prager * Publicado originalmente no Townhall.com