quarta-feira, 26 de outubro de 2016

PALESTINOS: "VOCÊS NOS ENCHEM DE ORGULHO. VOCÊS MATARAM JUDEUS!"

- Abu Sbeih já é considerado o "herói" mais recente por muitos palestinos e não apenas por sua família. Ele está sendo festejado como um homem "corajoso" e um "herói" porque ele acordou de manhã, pegou um fuzil automático M-16 e saiu com o intuito de matar o maior número possível de judeus.

- Esses chamamentos estão sendo feitos não só pelos grupos extremistas Hamas e Jihad Islâmica, mas também pelos líderes "moderados" como o Presidente da Autoridade Palestina Mahmoud Abbas e sua facção Fatah.

- "Nós abençoamos cada gota de sangue derramada por Jerusalém, que é sangue limpo e puro, sangue derramado em nome de Alá, se Alá o assim desejar. Cada mártir alcançará o paraíso e todos os feridos serão recompensados por Alá" − Mahmoud Abbas, líder palestino.

- Uma vez possuidores de carteiras de identidade israelense eles ainda têm o direito de dirigir carros com placas de Israel, e foi o que Abu Sbeih fez aproveitando-se disso para desferir o ataque em Jerusalém. Sua família é proprietária de pelo menos dois imóveis na cidade e é considerada de classe média. Mesmo assim, isto não impediu que Abu Sbeih se engendrasse em sua missão assassina. Isso também não impediu que os membros de sua família comemorassem o ataque.

- Este é o resultado inevitável -- assim como ocorreu na inquisição espanhola, revolução francesa, genocídio turco dos armênios, Ruanda, Darfur ou Alemanha nazista -- da intoxicação de um povo.

A família de Musbah Abu Sbeih diz estar "muito orgulhosa" com o que seu filho de 40 anos de idade fez. Assim também se sentem os palestinos que representam todas as camadas da sociedade palestina. Integrantes de sua família, incluindo pais e filha, apareceram em duas emissoras de TV para acompanhar o desenrolar dos acontecimentos e elogiar Abu Sbeih. Eles chegaram a sair nas ruas para distribuir doces, cheios de júbilo pelo ataque terrorista por ele cometido em Jerusalém nesta semana, que resultou na morte de uma avó de 60 anos e um policial de 29.

Abu Sbeih já é considerado o "herói" mais recente por muitos palestinos e não apenas por sua família. Ele está sendo festejado como um homem "corajoso" e um "herói" porque ele acordou de manhã, pegou um fuzil automático M-16 e saiu com o intuito de matar o maior número possível de judeus. Sua missão foi um "sucesso": ele conseguiu atirar e matar dois judeus, antes que ele próprio fosse eliminado pelos policiais.

Em um vídeo, Abu Sbeih alega ter cometido o ataque terrorista em resposta às visitas ao Monte do Templo pelos judeus. Ele alega (falsamente) que as visitas fazem parte de um esquema montado por Israel para destruir a Mesquita de Al-Aqsa no Monte do Templo.

É a mesma falsa alegação feita originalmente pelo amigo de Hitler, o Mufti de Jerusalém, na época, Haj Amin al-Husseini, que fabricou uma boa desculpa para atacar os judeus, isto é, como podemos ver, esta alegação continua emergindo de tempos em tempos para "justificar" o assassinato de judeus.

Que fique bem claro, trata-se de uma mentira − assim como o são as acusações palestinassegundo as quais Israel está envenenando os poços de água, que o Presidente da Autoridade Palestina (AP), Mahmoud Abbas foi obrigado, mais tarde, a retirar por falta de provas.

Como muitos palestinos que cometeram ou tentaram cometer ataques terroristas no ano passado, Abu Sbeih na verdade estava simplesmente atendendo à convocação de seus líderes para impedir os judeus de "profanarem com seus pés imundos" a Mesquita Al-Aqsa. Esses chamamentos estão sendo feitos há meses não só pelos grupos extremistas Hamas e Jihad Islâmica, mas também pelos líderes "moderados" como Mahmoud Abbas e sua facção Fatah.

São estes os líderes palestinos que, ao que tudo indica, os líderes europeus veneram. Esses líderes europeus, principalmente os franceses, alfinetam Israel para que negocie com grupos que dizem abertamente que nã oquerem que Israel exista e que na melhor das hipóteses não se interessam pela verdade − quer seja sobre os israelenses quer seja sobre os palestinos.

Esses líderes europeus querem que Israel continue fazendo de conta que os interlocutores com os quais estão negociando estão realmente agindo de boa fé. Parece que eles estão tentando oferecer até aos árabes, muçulmanos e à Organização de Cooperação Islâmica (OIC), a destruição de Israel − física, diplomática, econômica, enfim qualquer coisa ao seu alcance − provavelmente uma espécie de suborno para que os muçulmanos parem deaterrorizá-los. Em breve saberão que nada do que eles oferecem será visto como adequado. Os europeus logo descobrirão, assim como os persas, turcos, gregos, norte-africanos e europeus orientais descobriram, que qualquer coisa menos do que a submissão será vista como um sinal de pagamento de uma conta bem mais alta que virá.

Esses líderes europeus se satisfazem em fazer com que nós nesta região, muçulmanos, cristãos e judeus, vivamos debaixo da brutal ditadura islâmica o máximo de tempo possível − segundo sua ingênua fantasia − para que eles tenham sossego. Eles estão prestes a sofrer um choque.

De qualquer maneira, em setembro de 2015, Abbas repetiu as mesmas palavras ditas pelo Haj Amin al-Husseini em 1924, dias antes de começar a atual onda de esfaqueamentos, atropelamentos e tiroteios.

Desde então, o incitamento com respeito às visitas dos judeus ao Monte do Templo está alimentando o que muitos palestinos chamam de a "Intifada de Al-Quds". Abbas garantiu que aqueles que morrerem defendendo a Mesquita de Al-Aqsa irão direto para o céu:

"Nós abençoamos cada gota de sangue derramada por Jerusalém, que é sangue limpo e puro, sangue derramado em nome de Alá, se Alá o assim desejar. Cada mártir alcançará o paraíso e todos os feridos serão recompensados por Alá".

Repetindo: Abbas fez o pronunciamento acima duas semanas antes dos palestinos desencadearam a nova onda terrorista contra Israel. Sabemos portanto o que estimulou estes ataques. Eles são o resultado direto da doutrinação e incitamento em curso contra Israel que está sendo empreendido por palestinos representando praticamente todas as instituições palestinas e partidos da Cisjordânia e da Faixa de Gaza. As palavras de Abbas não foram em vão. O ataque terrorista desta semana, perpetrado por Abu Sbeih, mostra que a "Intifada de Al-Quds" está longe de diminuir. Muito pelo contrário, há o temor de que a campanha terrorista possa escalar do uso de facas, veículos e pedras para pistolas e fuzis.
Musbah Abu Sbeih (direita) é o mais novo "herói" de muitos palestinos, porque ele assassinou dois judeus esta semana, atuando sob influência do incitamento do Presidente da Autoridade Palestina Mahmoud Abbas (esquerda).


Por que este cenário não é surreal? Não apenas por causa da motivação dos perpetradores como também por conta do que aparenta ser o amplo apoio popular dos palestinos a qualquer ataque contra os israelenses. Nem um único representante palestino se atreveu a se manifestar abertamente contra o ataque terrorista em Jerusalém. E nenhum palestino comum ousou questionar a consequência dos danos que os ataques causam à população palestina, especialmente àqueles que são diretamente prejudicados pelas medidas retaliatórias israelenses, como por exemplo as restrições às viagens.

Longe de se manifestarem contra esse tipo de carnificina, muitos palestinos prestam homenagens ao assassino.

Abu Sbeih, que como residente permanente de Jerusalém possuía uma carteira de identidade israelense, desfrutando portanto de todos os direitos e privilégios concedidos aos cidadãos israelenses (menos votar nas eleições gerais), não veio de uma família humilde. Diferentemente de seus colegas palestinos da Cisjordânia e Faixa de Gaza, ele podia se movimentar livremente em Israel, ir e vir de qualquer lugar e a qualquer hora, como bem entendesse.

Tanto ele quanto a família dele tinham condições de acordar de manhã e ir de carro para a praia de Tel Aviv ou comer em algum restaurante em Israel sem ter que passar pelos postos de controle israelenses. Uma vez possuidores de carteiras de identidade israelense eles ainda tinham o direito de dirigir carros com placas de Israel e foi o que Abu Sbeih fez aproveitando-se disso para desferir o ataque em Jerusalém. Sua família é proprietária de pelo menos dois imóveis na cidade e é considerada de classe média. Mesmo assim, isto não impediu que Abu Sbeih se engendrasse em sua missão assassina. Isso também não impediu os membros de sua família de comemorarem o ataque.

Eman, filha de 15 anos de Abu Sbeih, foi a primeira a expressar "alegria" e "orgulho" com respeito à morte de dois judeus. "Graças a Deus, estamos muito felizes e orgulhosos do meu pai", disse ela em uma entrevista concedida a uma rede de televisão palestina local.

Como aconteceu em casos anteriores, alguns palestinos, incluindo a irmã de Abu Sbeih, distribuíram doces para "simpatizantes" como forma de expressar sua alegria em relação ao ataque terrorista. Horas depois do ataque, dezenas de palestinos se reuniram na frente da casa da família, entoando palavras de ordem, elogiando o homicida como "herói", conclamando o Hamas e outros grupos palestinos a intensificarem seus ataques contra Israel. Essas cenas são corriqueiras no cenário palestino e se assemelham àquelas que costumavam ocorrer durante a onda de atentados suicidas contra os israelenses durante a Segunda Intifada.

Inúmeras facções palestinas elogiaram Abu Sbeih, conclamando a intensificação das "operações armadas contra o inimigo sionista". Khaled Mashaal, líder do Hamas que juntamente com sua família vive no conforto do Qatar, num piscar de olhos telefonou à família do homicida para "felicitá-la" sobre o "martírio" de seu filho. "Nosso povo e nação estão orgulhosos do heroísmo e coragem exibidos pelo seu filho, que sacrificou sua vida por amor a Alá," ressaltou Mashaal aos pais de Abu Sbeih. Ele realçou que seu filho era um exemplo para os palestinos de sua geração.

Ainda não está claro se o líder do Hamas fez o telefonema de sua suíte em um dos hotéis cinco estrelas do Qatar ou de sua academia particular.

Portanto, para o Hamas e para um grande contingente de palestinos, um homem que mata dois judeus é o exemplo a ser desejado com veemência e seguido pelos jovens palestinos. Nesse sentido, os simpatizantes de Abu Sbeih invadiram as redes sociais com o intuito deelogiá-lo e exortar os palestinos a seguirem seus passos. Pelo fato dele ter conseguido matar dois judeus, Abu Sbeih agora está sendo festejado no Twitter e no Facebook como o "Leão de Al-Aqsa". Do ponto de vista deles o que ele fez foi um ato nobre, um esforço para salvar a Mesquita de ser "profanada" pelos "pés imundos" dos judeus.

O apoio a Abu Sbeih, ao que tudo indica, permeia todas as facções políticas palestinas. Mesmo aquelas pertencentes à facção Fatah do Presidente Abbas vieram à casa de Abu Sbeih para mostrar solidariedade à família dele. A Fatah também declarou que Abu Sbeih era um "mártir". Um palestino que sai para encontrar com um judeu é condenado com veemência e acusado de buscar a "normalização" com o inimigo. Mas um palestino que carrega uma faca ou um fuzil e se prepara para matar judeus ganha as estrelas de "mártir" e recebe elogios praticamente unânimes dos palestinos. Esta é a mentalidade atual na sociedade palestina, fruto de décadas de incitamento palestino e deslegitimação de Israel. Este é o resultado inevitável -- assim como ocorreu na inquisição espanhola, revolução francesa, genocídio turco dos armênios, Ruanda, Darfur ou Alemanha nazista -- da intoxicação de um povo.
Por: Bassam Tawil, pesquisador estabelecido no Oriente Médio 19 de Outubro de 2016
Tradução: Joseph Skilnik Do site: https://pt.gatestoneinstitute.org

terça-feira, 25 de outubro de 2016

A RÚSSIA E A BOMBA DE PULSO ELETROMAGNÉTICO (EMP)


A Rússia vem desenvolvendo uma arma ultra-sofisticada que pode destruir a rede elétrica dos Estados Unidos e condenar à morte milhões de pessoas. 

E pior: aliados de Vladimir Putin também já possuem ou estão em vias de obter tal arma, o que pode mudar o equilíbrio de forças a favor de nações inimigas da democracia.

Imagine uma arma secreta que emitisse raios gama capazes de danificar a rede elétrica de um país inteiro, inutilizar aviões, armas, bombas atômicas e submarinos; e destruir satélites, componentes eletrônicos e computadores, interrompendo todo o sistema de comunicações. Imagine ainda que essa arma, ao ser detonada, fizesse parar de funcionar aeronaves e mísseis em pleno voo, ou mesmo destruir todo o arsenal nuclear inimigo. Pode parecer coisa de vilão de história em quadrinhos ou de filmes de 007, mas não é. É algo muito próximo de se tornar realidade e que vem sendo desenvolvido pela Rússia há mais de 50 anos. Há suspeitas de que a China e a Coréia do Norte também já possuam tecnologia para construir essa superarma. Ela se chama EMP: Electromagnetic Pulse (Pulso Eletromagnético).

Mas em que consiste exatamente o EMP? Conforme explica o analista militar e escritor Jeffrey Nyquist, é uma ogiva nuclear detonada em elevada altitude - entre 30 e 200 quilômetros de altura -, onde o campo magnético da Terra é mais forte. O impacto da explosão não atingiria a superfície do planeta, mas geraria um pulso eletromagnético com um raio de milhares de quilômetros, e capaz de penetrar em equipamentos eletrônicos e na rede elétrica, causando um pico de energia gigantesco que literalmente “fritaria” os circuitos. Quanto maior a altitude da explosão, maior o raio de ação. Dessa forma, o país atingido deixaria de funcionar, ao ter a sua rede de energia seriamente afetada, e voltaria ao século XIX, com consequências catastróficas. Segundo Nyquist, os Estados Unidos deixaram de desenvolver sua própria versão da bomba de pulso eletromagnético, e estão vulneráveis a um possível ataque conduzido por seus inimigos. Hoje em dia, já se sabe que a Rússia mantém o mais avançado arsenal nuclear do mundo, e que também possui superioridade nuclear no campo de batalha europeu, segundo relatou Nyquist em artigo traduzido para o Mídia Sem Máscara, em março de 2015. E não somente a Rússia, mas a China também está em vias de superar tecnologicamente os EUA no arsenal nuclear. 

Após o teste nuclear conduzido pela Coréia do Norte no começo de setembro – o segundo realizado em 2016 e o mais poderoso até agora, com potência de 10 quilotons (http://edition.cnn.com/2016/09/11/asia/south-korea-north-korea/) as autoridades da Coréia do Sul já se preparam para um eventual conflito militar envolvendo armas atômicas contra seu vizinho. Desde 2009, o exército norte-coreano já realizou cinco testes nucleares, e analistas internacionais temem que, em breve, o país seja capaz de implantar ogivas nucleares em seus mísseis de longo alcance. Segundo o analista de segurança nacional americano Peter Vincent Pry, é possível que a Coréia do Norte já tenha feito testes nucleares envolvendo o EMP. Em um deles, realizado em maio de 2009, a emissão em altos níveis de raio gama, combinada com uma explosão relativamente pequena de 3 quilotons (http://www.financialsense.com/contributors/jr-nyquist/emp-and-the-shield-act) podem ser uma indicação de que o regime ditatorial de Pyongyang estivesse fazendo experimentos com o pulso eletromagnético, utilizando tecnologia recebida da Rússia. 

Peter Vincent Pry também é diretor da EMP Task Force, comissão que atua no congresso americano, e afirma que um ataque de pulso eletromagnético (http://www.vice.com/read/we-asked-a-military-expert-how-scared-the-us-should-be-of-an-emp-attack-508) reduziria drasticamente o acesso da população dos EUA a alimentos, uma vez que um corte no fornecimento de energia prejudicaria toda a infra-estrutura de fornecimento, deixando a populança sem comida. “Nove entre cada dez norte-americanos morreriam de fome”, afirma. Por sua vez, o site Secrets of Survival enumera uma curiosa lista de lugares a serem evitados no caso de um ataque de EMP e dá dicas de sobrevivência. Apesar dos alertas parecerem exagerados à primeira vista (desde elevadores até hospitais devem ser evitados, e as pessoas devem recorrer a bicicletas para meio de transporte), o site apresenta argumentos bastante convincentes e dá uma boa idéia do caos que reinaria em tal situação. 

Em abril do ano passado, o exército dos EUA começou a armazenar equipamentos em bunkers para protegê-los de um possível ataque. Um desses abrigos, localizado sob a montanha Cheyenne, no Colorado, e que data dos tempos da Guerra Fria, estava desativado até recentemente, mas voltou a operar, ao receber aparelhos de comunicação do Comando do Espaço Aéreo Norte-Americano (NORAD). Nos últimos anos, dois projetos de lei regulamentando a criação de um sistema de proteção da infra-estrutura da rede elétrica norte-americana contra danos letais chegaram a tramitar no congresso daquele país, mas não obtiveram aprovação. O mais recente deles, conhecido como Shield Act, conseguiu passar na Câmara dos Deputados, mas acabou barrado no Senado. Pelo menos nisso o governo de Barack Obama resolveu agir e está investindo 1 bilhão de dólares para tornar o NORAD mais resistente a um ataque nuclear envolvendo o pulso eletromagnético. Mas será que essas medidas são suficientes? O quão protegida estaria a população dos EUA - e a dos demais países do Ocidente -, na eventualidade de um ataque de EMP?

Além da Rússia, da China e da Coréia do Norte, o Irã pode estar próximo de fabricar sua primeira bomba atômica. Mesmo assim há, entre os conselheiros de Obama, quem demonstre total ignorância do problema, como é o caso de Peter W. Singer, consultor de Estado-Maior do presidente norte-americano. Em uma entrevista, em abril de 2016, Singer classificou como "piada” a hipótese de um ataque de EMP. Enquanto muitos dentro do Congresso americano e da administração Obama consideram fantasiosa e exagerada essa ameaça, as nações inimigas da democracia vem desenvolvendo armas cada vez mais sofisticadas e letais, o que poderá em breve causar um desequilíbrio de forças que pode ser decisivo para o Ocidente.
Por: Alexandre Cegalla é jornalista. Do site: http://www.midiasemmascara.org/

domingo, 23 de outubro de 2016

JIHADISTAS VISAM A ESPANHA

"As ações de seus antepassados são o motivo de nossas ações de hoje".


- O documento do Estado Islâmico sustenta que desde o estabelecimento da inquisição espanhola de 1478, a Espanha "fez de tudo para destruir o Alcorão". Ele denota que a Espanha torturava muçulmanos, incluindo queimá-los vivos. Assim sendo, de acordo com o Estado Islâmico, "a Espanha é um estado criminoso que usurpa a nossa terra". O documento incita os jihadistas a "fazerem reconhecimento das rotas das companhias aéreas e de trens para futuros ataques". Ele também conclama seus seguidores a "envenenarem a água e os alimentos" com inseticidas.

- "Nós iremos matar qualquer infiel espanhol inocente que encontrarmos em terras muçulmanas, e... independentemente se somos de origem europeia ou não, nós iremos matá-los em suas cidades de acordo com nosso plano". — Documento do Estado Islâmico, 30 de maio de 2016.

- "Recuperaremos a al-Andalus, se Alá assim o desejar. Ó querida Andalus! Você achou que esquecemos de você. Juro por Alá que nunca esquecemos de você. Nenhum muçulmano pode esquecer Córdoba, Toledo ou Xátiva. Há muitos muçulmanos fiéis e sinceros que juram que voltarão à al-Andalus". — Vídeo do Estado Islâmico, 31 de janeiro de 2016.

- "A Espanha é a terra de nossos ancestrais e nós a recuperaremos com o poder de Alá". — Vídeo do Estado Islâmico, 7 de janeiro de 2016.


Militantes islâmicos estão intensificando a guerra de propaganda contra a Espanha. Nos últimos meses o Estado Islâmico e outros grupos jihadistas produziram uma enxurrada de vídeos e documentos, convocando os muçulmanos a reconquistarem a al-Andalus.

Al-Andalus é o nome árabe dado às regiões da Espanha, Portugal e França ocupadas pelos conquistadores muçulmanos (também conhecidos como Mouros) de 711 a 1492. Muitos muçulmanos acreditam que os territórios perdidos por eles durante a Reconquista cristã da Espanha ainda pertençam ao mundo islâmico. Eles sustentam que a lei islâmica lhes dá o direito de reestabelecer o domínio muçulmano naquela região.

Um recente documento do Estado Islâmico inclui uma lista de reivindicações em relação à Espanha pelas injustiças cometidas contra os muçulmanos desde a batalha de Las Navas de Tolosa em 16 de julho de 1212, quando as forças cristãs do Rei Alfonso VIII de Castela derrotaram os muçulmanos almôadas da parte sul da Península Ibérica. Mais de 100.000 muçulmanos foram mortos na batalha, vitória crucial da "Reconquista" dos reis católicos da Espanha.

O documento sustenta que desde o estabelecimento da inquisição espanhola de 1478, a Espanha "fez de tudo para destruir o Alcorão". Ele denota que a Espanha torturava muçulmanos, incluindo queimá-los vivos. Assim sendo, de acordo com o Estado Islâmico, "a Espanha é um estado criminoso que usurpa a nossa terra". O documento incita os jihadistas a "fazerem reconhecimento das rotas das companhias aéreas e de trens para futuros ataques". Ele também conclama seus seguidores a "envenenarem a água e os alimentos" com inseticidas.

O documento conclui que: "as ações de seus antepassados são o motivo de nossas ações de hoje".

Em 15 de julho de 2016 o Estado Islâmico divulgou seu primeiro vídeo de propaganda com legendas em espanhol. A alta qualidade da tradução para o espanhol, tanto na escrita quanto na sintaxe, levou alguns analistas a concluírem que a língua-mãe do tradutor é o espanhol e que a legendagem pode até ter sido feita dentro da Espanha.

Em 3 de junho o Estado Islâmico divulgou o vídeo — "Mês do Ramadã, Mês da Conquista" — que menciona a al-Andalus quatro vezes. A Espanha é o único país não muçulmano, mencionado no vídeo.

Em 30 de maio o Estado Islâmico divulgou um documento de duas páginas em espanhol onde fazia ameaças diretamente à Espanha. O documento anunciava:


"Nós iremos matar qualquer infiel espanhol inocente que encontrarmos em terras muçulmanas, isso para não dizer em sua própria terra. Nossa religião e nossa fé está em seu meio e, muito embora vocês não saibam nossos nomes ou como é a nossa aparência ou se a nossa origem é europeia ou não, nós iremos matá-los em suas cidades de acordo com nosso plano, da mesma forma que vocês estão matando nossas famílias".

Em 31 de Janeiro o Estado Islâmico divulgou um vídeo no qual um de seus jihadistas espanhol adverte a Espanha que ela "irá pagar um preço muito alto" por expulsar os muçulmanos da al-Andalus. O vídeo de oito minutos inclui a seguinte declaração:


"Eu juro por Alá que vocês pagarão um preço muito alto e sua morte será muito sofrida. Recuperaremos a al-Andalus, se Alá assim o desejar. Ó querida Andalus! Você achou que esquecemos de você. Juro por Alá que nunca esquecemos de você. Nenhum muçulmano pode esquecer Córdoba, Toledo ou Xátiva. Há muitos muçulmanos fiéis e sinceros que juram que voltarão à al-Andalus".
Jihadista armado do Estado Islâmico aparece em um vídeo de propaganda no qual adverte a Espanha que ela "pagará um preço muito alto" por expulsar os muçulmanos da al-Andalus há centenas de anos. A legenda em espanhol acima diz "Ó querida Andalus! Você achou que esquecemos de você. Juro por Alá que nunca esquecemos de você. Nenhum muçulmano pode esquecer Córdoba, Toledo ou Xátiva".

Em 7 de Janeiro, a Al-Qaeda no Magreb Islâmico, que está lutando contra o Estado Islâmico pela hegemonia do Norte da África, divulgou um vídeo conclamando por ataques jihadistas em Madrid, como estratégia para ajudar os muçulmanos a recuperarem os enclaves espanhóis de Ceuta e Melilha no norte da África.

Outro vídeo do Estado islâmico jurou libertar al-Andalus das mãos dos não muçulmanos. Um jihadista falando em espanhol com um forte sotaque norte-africano adverte:

"Digo ao mundo inteiro como alerta: vivemos sob a bandeira islâmica, o califado islâmico. Morreremos por ele até libertar as terras ocupadas, de Jacarta à Andaluzia. E eu declaro: a Espanha é a terra dos nossos antepassados e nós a tomaremos de volta com o poder de Alá. "

Enquanto isso 33 jihadistas foram presos na Espanha em 17 batidas policiais nos primeiros nove meses de 2016, de acordo com o Ministério do Interior espanhol.

Mais recentemente dois cidadãos espanhóis de origem marroquina — Karim El Idrissi Soussi, de 27 anos de idade e outro homem identificado como O.S.A.A de 18 — foram presos em Madrid acusados de atividades terroristas jihadistas. Karim, um dos detidos, estudante de ciência da computação assistiu aos vídeos de propaganda jihadista durante as aulas e ameaçou massacrar seus colegas estudantes.

De acordo com o Ministério do Interior, Soussi tentou se juntar ao Estado Islâmico, mas foi detido pelas autoridades turcas ao tentar cruzar a fronteira com a Síria. Ele foi deportado e acaba de retornar à Espanha.

O Ministério do Interior assinalou que a forte inclinação de Soussi pelo Islã radical ficou evidente em novembro de 2015, quando o centro de treinamento técnico onde ele estudava ciência da computação fez um minuto de silêncio em homenagem às vítimas dos ataques jihadistas em Paris. Segundo os professores e alunos, Soussi gritava palavras de ordem em apoio aos ataques que mataram 130 pessoas, incluindo 89 na casa noturna Bataclan.

Em outras ocasiões, Soussi justificava publicamente os ataques jihadistas desfechados pelo Estado islâmico, que segundo ele era a forma ideal de governo para todos os muçulmanos. De acordo com o Ministério do Interior, Soussi ia a uma biblioteca pública quase que diariamente para se conectar à Internet e navegar pelos sites jihadistas. Ao que tudo indica ele criava perfis falsos e postava material jihadista em sites de redes sociais. Soussi também criticava os assim chamados muçulmanos moderados e expressava a esperança de que um dia a Espanha se tornasse um emirado islâmico.

Soussi, ao que tudo indica, assistiu os vídeos de propaganda do Estado Islâmico durante as aula de ciência da computação e constantemente ameaçava levar armas para a escola para matar seus colegas.

O outro jihadista, O.S.A.A., foi preso pelos crimes de "glorificar o terrorismo jihadista" e "doutrinar-se para fins terroristas". O Ministério do Interior não deu maiores esclarecimentos.

Um total de 636 jihadistas foi detido no país desde os atentados ao trem de Madrid em março de 2004 nos quais cerca de 200 pessoas foram mortas e mais de 2.000 feridas.

Um estudo recente realizado pelo Instituto Elcano Institute de Madrid constatou que dos 150 jihadistas presos na Espanha nos últimos quatro anos, 124 (81,6%) estavam ligados ao Estado Islâmico e 26 (18,4%) à al-Qaeda.

Dos ligados ao Estado Islâmico, 45,3% são cidadãos espanhóis, 41,1% são marroquinos e 13,6% de outras nacionalidades. Em termos de naturalidade, 45,6% nasceram no Marrocos e 39,1% nasceram na Espanha. Somente 15,3% nasceram em outros países.

No tocante à imigração, 51,7% são imigrantes da primeira geração, 42,2% da segunda ou terceira gerações e 6,1% não têm nenhum background relacionado à imigração, o que significa que são espanhóis convertidos ao Islã.

Quanto à residência, 29,8% foram presos em Barcelona, 22,1% no enclave espanhol de Ceuta no Norte da África e 15,3% em Madrid. Os demais foram presos em mais de uma dozena de outras localidades ao redor do país.

O Estado Islâmico sofreu uma série de reveses nos campos de batalha do Oriente Médio, mas a ameaça de terrorismo jihadista permanece inalterada. Nas palavras do analista espanhol especializado em terrorismo Florentino Portero: "o Estado Islâmico está respondendo às derrotas militares com mais terrorismo".
Por: Soeren Kern, colaborador sênior do Gatestone Institute sediado em Nova Iorque. Ele também é colaborador sênior do European Politics do Grupo de Estudios Estratégicos / Strategic Studies Group sediado em Madri. Siga-o no Facebook e no Twitter.Original em inglês: Jihadists Target Spain
Tradução: Joseph Skilnik Do site: https://pt.gatestoneinstitute.org


sexta-feira, 21 de outubro de 2016

O SOCIALISMO CLÁSSICO JÁ FOI RECHAÇADO; O INIMIGO AGORA É OUTRO


Keynesianismo, social-democracia e o conluio entre políticos e empresários são o atual problema

O século XX testemunhou o surgimento, a expansão e o fim do mais trágico experimento da história humana: o socialismo. O experimento resultou em significativas perdas humanas,destruição de economias potencialmente ricas, e colossais desastres ecológicos. O experimento terminou, mas a devastação irá afetar as vidas e a saúde das futuras gerações.

A real tragédia deste experimento é que Ludwig von Mises e seus seguidores — que estão entre as melhores mentes econômicas deste século — já haviam explicitado a verdade sobre o socialismo ainda em 1920, mas seus alertas foram ignorados. — Yuri Maltsev (1990).

O socialismo está morto tanto como ideologia quanto como movimento político. Trata-se de um exemplo de um deus que fracassou.

O socialismo é uma forma muito específica de opinião econômica. Um socialista acredita que o governo deve ser o proprietário dos meios de produção. É isso que o socialismo sempre significou: controle estatal dos meios de produção.

Quando Ludwig von Mises refutou o socialismo em 1920, ele tinha em mente exatamente esse enfoque econômico. 

Eis o seu argumento comprovando que o socialismo é uma impossibilidade prática: se o governo detém todos os bens de capital (máquinas, ferramentas, instalações etc.) de uma economia, então não há um mercado para esses bens. Não havendo mercado para esses bens, não há uma correta formação de preços para eles. Sem preços, os planejadores não têm como estabelecer o valor dessas ferramentas. Consequentemente, não há como uma agência de planejamento central determinar quais são os custos de produção dos bens de consumo mais demandados. Com efeito, não há sequer como determinar quais os bens de consumo mais demandados. É necessário haver um livre mercado para que haja uma precificação dos bens de consumo e dos bens de capital. Em uma economia socialista, não há nenhum dos dois. Portanto, disse Mises, um planejamento econômico socialista é inerentemente irracional.

Esse argumento de Mises foi ignorado pela vasta maioria dos socialistas, e nunca foi levado a sério pelos keynesianos.

No entanto, quando a economia da União Soviética entrou em colapso no final da década de 1980, ficou claro pelo menos para Robert Heilbroner, professor de economia multimilionário e de esquerda, que Mises estava certo. Ele próprio admitiu isso em um artigo na revista The New Yorkerintitulado "Após o Comunismo" (10 de setembro de 1990). Ele literalmente disse a frase: "Mises estava certo". 

Ato contínuo, Heilbroner disse que os socialistas teriam de mudar de tática, parando de acusar o capitalismo de ineficiência e desperdício, e passar a acusá-lo de destruição ambiental. Consequentemente, deveriam ser criadas inúmeras burocracias, regulamentações e leis com a explícita intenção de subverter totalmente as características do capitalismo a ponto de fazer com que, segundo os próprios socialistas, o novo arranjo social gerado não possa de modo algum ser considerado capitalismo. 

Adicionalmente, Heilbroner disse que o socialismo era simplesmente uma ideologia morta.

No momento, não há virtualmente ninguém fora da América Latina, da Coréia da Norte e do Zimbábue que abertamente argumente em favor do socialismo clássico. Coréia do Norte e Cuba oficialmente são economias comunistas. Como consequência, são assolados pela miséria. Suas economias não têm influência nenhuma no mundo. Ninguém mentalmente são utiliza esses países como modelo econômico. O Zimbábue é gerido por uma tribo marxista, e também ninguém quer imitá-lo.



Embora os marxistas costumassem alegar que as deficiências da União Soviética nada tinham a ver com o marxismo, o fato é que a humilhante dissolução de um regime que sempre afirmou ser marxista representou um profundo e fatal golpe para a ideologia.

Conheci vários marxistas no norte da Nigéria. Eles eram jovens e confusos, mas acreditavam em uma explicação vagamente marxista para seu descontentamento. Eles não eram militantes, exceto mentalmente. Se houvesse uma manifestação, eles talvez se juntassem a ela, mas não matariam ninguém pela ideologia. Eles se contentavam meramente em proferir palavras.

Com o colapso da União Soviética, surgiu um vácuo ideológico para aquelas pessoas que buscavam uma explicação total para seu descontentamento — pessoas que, graças à difusão cultural, eram provavelmente mais numerosas e estavam mais desesperadas do que nunca. A única alternativa disponível, e uma muito mais profunda do que o marxismo, era o islamismo fundamentalista. O islã prospera naqueles locais onde o marxismo não mais possui grande influência.

O principal inimigo é outro

Com o colapso do socialismo clássico ocorreu o fortalecimento dos social-democratas. 

Estes aceitam a existência de uma economia de mercado e também aceitam a propriedade privada sobre a maior parte dos meios de produção. Aceitam também que o mercado precifique grande parte dos bens de consumo de uma economia. 

Mas, assim como os socialistas, eles defendem políticas redistributivistas. Assim com os socialistas, eles defendem o confisco de uma fatia da renda dos indivíduos produtivos da sociedade e sua subsequente distribuição para os não-produtivos. Assim como os socialistas, eles acreditam que os burocratas do governo devem intervir no mercado e redistribuir riqueza. Eles não se importam se isso irá reduzir o crescimento econômico. Eles são motivados pela inveja. Eles estão dispostos a ver uma economia produzindo menos desde que isso satisfaça sua demanda por algo que seja semelhante a uma igualdade econômica.

Mas há diferenças.

Ao passo que, para os socialistas clássicos, o objetivo era a estatização dos meios de produção, a erradicação da classe capitalista, e a tomada de poder pelo proletariado, os social-democratas entenderam ser muito melhor um arranjo em que o estado mantém os capitalistas e uma truncada economia de mercado sob total controle, regulando, tributando, restringindo e submetendo todos os empreendedores às ordens do estado. 

O objetivo social-democrata não é necessariamente a "guerra de classes", mas sim um tipo de "harmonia de classes", na qual os capitalistas e o mercado são forçados a trabalhar arduamente para o bem da "sociedade" e do parasítico aparato estatal. Os social-democratas, muito mais espertos que os socialistas, entenderam que têm muito mais a ganhar caso permitam que os capitalistas continuem produzindo e gerando riquezas, ficando os social-democratas com a tarefa de confiscar uma fatia dessa riqueza e redistribuí-la para suas bases.

Politicamente, os socialistas clássicos queriam uma ditadura do partido único, com todos os dissidentes sendo enviados para os gulags. Já os social-democratas preferem uma ditadura "branda" — aquilo que Herbert Marcuse, em outro contexto, rotulou de "tolerância repressiva" —, com um sistema bipartidário em que ambos os partidos concordam em relação a todas as questões fundamentais, discordando apenas polidamente acerca de detalhes triviais — "a carga tributária deve ser de 37% ou de 36,2%?".

E há características de atuação ainda mais nefastas.

Ao mesmo tempo em que os social-democratas mantêm os pequenos empresários sob restritos controles e regulamentações, eles fornecem trânsito livre para os grandes empresários, os quais, em troca de propinas e doações de campanha, usufruem a liberdade de fazer conluio com políticos e burocratas e, com isso, auferirem grandes privilégios e favores. Políticos concedem a seus empresários favoritos uma ampla variedade de privilégios que seriam simplesmente inalcançáveis em um livre mercado. Os privilégios mais comuns são contratos privilegiados com o governo,restrições de importação, subsídios diretos, tarifas protecionistas, empréstimos subsidiados feitos por bancos estatais, e agências reguladoras criadas com o intuito de cartelizar o mercado e impedir a entrada de concorrentes estrangeiros

(E estamos aqui desconsiderando os privilégios ilegais, como as fraudes em licitações e o superfaturamento em prol de empreiteiras, cujas obras são pagas com dinheiro público).

Em troca desses privilégios (legais e ilegais), os grandes empresários beneficiados lotam os cofres de políticos e burocratas com amplas doações de campanha e propinas.

Ou seja, neste arranjo social-democrata, quem realmente arca com a fatura são os pequenos empresários e os assalariados que trabalham nessas pequenas empresas.

Economicamente, os social-democratas são keynesianos. Mas é um grande erro dizer que o keynesianismo é socialista. O keynesianismo claramente não é socialista. O keynesianismo defende as características básicas do capitalismo. Sempre defendeu. O próprio Keynes poderia ser considerado um defensor do capitalismo. Ele acreditava que, para aditivar a economia, o estado deveria intervir no mercado aumentando seus gastos. Para isso, ele defendia que o estado ou criasse dinheiro do nada ou pegasse dinheiro emprestado dos capitalistas. Keynes queria que o estado saísse comprando bens e serviços para estimular a economia. Ele queria ver uma expansão do capitalismo, mas ele acreditava que os déficits orçamentários do governo e a inflação monetária do banco central seria a melhor maneira de restabelecer a produtividade econômica do capitalismo durante uma recessão.

Na prática, o keynesianismo é uma política que beneficia grandes empresários. Sempre que o governo aumenta os gastos públicos e incorre em déficits orçamentários, ele aumenta os lucros de alguns empresários privilegiados (ou ineficientes) à custa dos pagadores de impostos.

Como explicado aqui, se o governo disser que irá gastar mais com assistencialismo, os bancos irão financiar o déficit e os pagadores de impostos ficarão com os juros. Se o governo disser que irá gastar mais com saúde, além dos bancos, as empresas do ramo médico — desde as grandes fornecedoras de equipamentos caros aos mais simples vendedores de luvas de borracha — também irão lucrar mais. Se o governo disser que irá gastar mais com obras e investimentos públicos, além dos bancos, todas as empreiteiras selecionadas serão beneficiadas.

Quando o governo decide "estimular" a economia por meio de mais gastos, ele pode fazer duas coisas: ou ele pode contratar uma empresa privada para fazer alguma obra de infraestrutura, ou ele pode executar seus dispêndios por meio de alguma estatal, o que inevitavelmente também gerará toda uma série de lucros privados, não apenas em prol de seus empregados, mas também e principalmente em prol de empreiteiras, fornecedores, clientes etc.

Reconheça o inimigo

Social-democratas são keynesianos e são defensores do estado assistencialista e do capitalismo de estado. Eles defendem regulação da economia, impostos sobre todo o setor produtivo e privilégios para grandes empresas. Isso custa caro em termos de impostos e regulamentações para os pequenos empresários.

Eles querem dirigir o sistema capitalista da mesma maneira que os fascistas da década de 1930

Eles defendem que os meios de produção sejam propriedade privada, mas querem especificar aos proprietários o que eles podem e o que eles não podem fazer com seu capital. Eles querem dirigir a produtividade do capitalismo. 

Em troca disso, concedem favores e privilégios aos grandes empresários.

Eles, a princípio, não defendem estatização dos meios de produção (isso é um fetiche marxista). Eles apenas querem ter o porrete para dirigir o sistema produtivo, mas não querem a responsabilidade por ter feito isso.

Eles estão satisfeitos em ter um sistema corporativo produtivo o suficiente para beneficiar o governo com grandes receitas. Eles gostam dessa galinha dos ovos de ouro. Parasitas não querem matar seus hospedeiros. 

Já o socialismo é, por definição, uma filosofia econômica na qual o hospedeiro é morto. A esquerda atual é majoritariamente composta por parasitas, idealistas e bon vivants, e não por comunistas linha dura. A esquerda atual quer manter os ovos de ouro fluindo para seus cofres.

O keynesianismo, a social-democracia e o conluio entre políticos keynesianos e grandes empresários são os inimigos atuais.
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Leia também:

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Murray N. Rothbard (1926-1995) foi um decano da Escola Austríaca e o fundador do moderno libertarianismo. Também foi o vice-presidente acadêmico do Ludwig von Mises Institute e do Center for Libertarian Studies.

Gary North, ex-membro adjunto do Mises Institute, é o autor de vários livros sobre economia, ética e história.

Juan Ramón Rallo, diretor do Instituto Juan de Mariana e professor associado de economia aplicada na Universidad Rey Juan Carlos, em Madri. É o autor do livro Los Errores de la Vieja Economía.
Do site: http://www.mises.org.br/

quinta-feira, 20 de outubro de 2016

FRANÇA: O QUE ESTÁ POR TRÁS DA "PROIBIÇÃO DO BURQUINI"

- Em trinta anos a França passou por um processo acelerado de islamização.


- Yusuf al-Qaradawi, líder espiritual do principal movimento islâmico da França, explicou como os muçulmanos que vivem no Ocidente devem proceder: eles podem apelar para o terrorismo, eles podem fazer uso da sedução, explorar o sentimento de culpa dos cidadãos do Ocidente, ocupar espaços públicos, mudar as leis e criar sua própria sociedade dentro das sociedades ocidentais até que estas se tornem sociedades muçulmanas.

- A França costumava ser um país onde a neutralidade religiosa no espaço público era vista como ponto nevrálgico. Ao que tudo indica, os extremistas muçulmanos estão usando as vestimentas islâmicas e os véus islâmicos que cobrem a cabeça como símbolos ostensivos para criar a impressão de que o Islã é onipresente.

- Os políticos afirmam que respeitam os direitos humanos, mas parece que esqueceram os direitos humanos das mulheres que não usam o véu -- daqueles que sofrem com a islamização, que já não estão livres para escrever, pensar ou simplesmente dar uma volta pela rua.

- Os políticos se recusam a "estigmatizar" o Islã e não querem ver as consequências: assédio, estupros, desmantelamento da liberdade.

- Os jornalistas franceses escrevem sob a ameaça de ações na justiça ou ataques e quase nunca usam a frase "terrorismo islâmico". Praticamente todos os livros que tratam do Islã à venda nas livrarias francesas foram escritos por islamistas ou por autores que elogiam o Islã.

- Será que os não muçulmanos perderam a vontade de lutar?

Na cidade de Sisco na Córsega, em 13 de agosto um grupo muçulmano chegou a uma praia acompanhado de mulheres usando "burquínis" (trajes de banho que cobrem todo o corpo). Os muçulmanos pediram grosseiramente aos banhistas que lá se encontravam que saíssem da praia e ainda afixaram cartazes com os dizeres: "Entrada Proibida". Assim que alguns adolescentes se opuseram, os muçulmanos reagiram com um arpão e tacos de beisebol. A polícia interveio -- mas isso era apenas o começo.

Nos dias que se seguiram, nas praias ao redor da França, muçulmanos foram aparecendo acompanhados de mulheres usando burquínis, pedindo aos banhistas para saírem das praias. Os turistas arrumaram seus pertences e fugiram. Inúmeros prefeitos dos resorts à beira-mar resolveram proibir o traje de banho, foi assim que começou o escândalo da "proibição do burquíni".

Alguns políticos salientaram que proibir o burquíni "estigmatizava" os muçulmanos e violava os "direitos humanos" deles de usarem o que bem entendessem. Outros políticos, incluindo o primeiro-ministro Manuel Valls e o ex-presidente Nicolas Sarkozy, classificaram o burquíni como "provocação", pedindo a elaboração de uma lei proibindo seu uso. O Conselho de Estado, a mais alta instituição jurídica do país, proferiu que a proibição do burquíni era ilegal, assim sendo a proibição foi suspensa.

O importante aqui é explicar o que está por trás da "proibição do burquíni".

Há trinta anos o Islã já estava presente na França mas as exigências islâmicas eram, a grosso modo, ausentes e os véus islâmicos eram raros.

Em setembro de 1989, em um subúrbio ao norte de Paris, três estudantes do sexo feminino resolveram participar das aulas do ensino médio com as cabeças cobertas com véu. Quando o reitor da escola se negou a aceitar a prática, os pais, com o apoio das recém formadas associações muçulmanas, entraram com uma representação contra a medida. Os pais venceram.

De repente os véus se multiplicaram nas escolas de ensino médio e também nas ruas, logo sendo substituídos por longos véus pretos. Associações muçulmanas exigiram o "fim da discriminação", pleitearam comida halal nas cantinas das escolas e reclamaram contra o "conteúdo islamofóbico" nos livros de história. Mulheres que não usavam o véu nos bairros muçulmanos eram atacadas ou estupradas.

Depois que o governo francês criou uma Comissão de inquérito, foi aprovada em 2003 uma lei proibindo "símbolos religiosos nas escolas públicas". Em nome da recusa de "estigmatizar" o Islã e por "respeito aos direitos humanos", cruzes e quipás judaicas também foram banidas, além do véu islâmico.

Fora das escolas, véus pretos continuam a proliferar, nicabes e burcas que também cobrem o rosto começaram a aparecer e as exigências das organizações muçulmanas aumentaram.

De repente, menus halal começaram a aparecer nas cantinas das escolas. Estudantes muçulmanos começaram a comer em mesas separadas e se recusaram a sentar ao lado de não muçulmanos. Livros didáticos de história foram reescritos para mostrar um ângulo mais positivo do Islã. Em escolas de ensino médio onde também havia estudantes muçulmanos, os professores pararam de lecionar determinados tópicos, como por exemplo o Holocausto. Em bairros muçulmanos, ataques a mulheres sem véu são constantes. Em um subúrbio de Paris, uma menina muçulmana sem véu foi queimada viva. Bairros muçulmanos se transformaram em "zonas proibidas".

O governo francês criou uma nova Comissão de inquérito. Em 2011, oito anos após a promulgação da lei que proíbe símbolos religiosos nas escolas, uma nova lei foi aprovada: passou a ser ilegal usar vestimentas que cobrem o rosto em lugares públicos. Em nome da recusa de "estigmatizar" o Islã e por "respeito aos direitos humanos", a lei não mencionou a burca nem a nicabe pelo nome.

Desde então, véus pretos proliferaram ainda mais, e as nicabes que cobrem o rosto, apesar da proibição, não desapareceram. Menus Halal estão presentes em praticamente todas as escolas, os estudantes que não comem comida halal são assediados. Livros de históriaexaltam a civilização islâmica e na maioria das escolas, está subentendido que é proibido falar sobre o Holocausto ou mencionar o judaísmo. Em bairros muçulmanos, cada vez menos mulheres saem sem o véu e regiões muçulmanas se transformaram em "zonas da sharia".

Em trinta anos a França passou por um processo acelerado de islamização.

A França costumava ser um país onde a neutralidade religiosa no espaço público era vista como ponto nevrálgico da República. Hoje, ao que tudo indica, os extremistas muçulmanos estão usando as vestimentas islâmicas que cobrem a cabeça como símbolos ostensivos para criar a impressão de que o Islã é onipresente. O ato de cobrir a cabeça parece ser uma forma de demarcar território, uma maneira de estabelecer a visibilidade do Islã.

O desejo, no sentido mais amplo da palavra, utilizado pelos extremistas muçulmanos parece ser o de usar a visibilidade do Islã para impor uma visão de mundo islâmica em domínios cada vez mais extensos.

A influência do Islã já ultrapassou a fase da transformação de cantinas nas escolas, salas de aula e bairros. Seus efeitos estão na mídia, na cultura, em todos os lugares. É mais difícil ainda, isso para não dizer perigoso, publicar qualquer coisa que questione o Islã. O assassinato dos cartunistas na redação da revista Charlie Hebdo mostrou que a "blasfêmia" pode levar a uma morte violenta.

O cotidiano já não é mais o mesmo. Muitas mulheres não saem de casa sozinhas à noite, os judeus sabem que eles estão sendo vigiados.

Quando os véus islâmicos apareceram pela primeira vez, a classe política francesa não se manifestou -- para não, segundo ela, "estigmatizar" o Islã. Os políticos permanecem cegos quando se trata da estigmatização das mulheres que não cobrem a cabeça. Eles se recusam a ver o assédio, os ataques sexuais, o desmantelamento da liberdade.

A classe política francesa que afirmou que o burquíni é uma provocação estava certa. As mulheres que se encontravam na praia na Córsega estavam acompanhadas de homens armados com um arpão e tacos de beisebol -- o encontro não aconteceu por acaso. A chegada repentina de outras mulheres com vestimentas islâmicas de cima até em baixo ou de burquínis em outras praias parece ter sido algo planejado com antecedência. Homens com câmeras estavam presentes, esperando, e os lugares são conhecidos por serem monitorados pela polícia.

Os políticos afirmam que respeitam os direitos humanos, mas eles parecem ter esquecido os direitos humanos das mulheres que não usam véu. Eles não estão preocupados com os direitos humanos daqueles que sofrem com a islamização, que já não são livres para escrever, pensar ou simplesmente dar uma volta pela rua.

Ao que tudo indica, os extremistas muçulmanos declararam uma guerra multifacetada na França. Alguns usam a violência para criar medo, outros usam meios menos violentos para criar medo. O objetivo é o mesmo: extremistas muçulmanos já transformaram a França, em grande medida, e eles querem ainda mais.

Eles sabem o que os políticos franceses fazem questão de não saber: que o Islã é não somente uma religião e sim um estilo de vida em sua plenitude, uma doutrina de conquista de um e submissão de outro.

Os extremistas muçulmanos nem tentam esconder o que estão fazendo. Em seu livro Priorities of the Islamic Movement in the Coming Phase, Yusuf al-Qaradawi, presidente da União Internacional de Sábios Muçulmanos e líder espiritual da União das Organizações da França (UOIF), principal movimento islâmico da França, explicou como os muçulmanos que vivem no Ocidente devem proceder: eles podem apelar para o terrorismo, eles podem fazer uso da sedução, explorar o sentimento de culpa dos cidadãos do Ocidente, ocupar espaços públicos, mudar as leis e criar sua própria sociedade dentro das sociedades ocidentais até que estas se tornem sociedades muçulmanas.



Yusuf al-Qaradawi (à esquerda), líder espiritual do principal movimento islâmico da França, explicando que os muçulmanos no Ocidente podem apelar para o terrorismo, eles podem fazer uso da sedução, explorar o sentimento de culpa dos cidadãos do Ocidente, ocupar espaços públicos, mudar as leis e criar sua própria sociedade dentro das sociedades ocidentais até que estas se tornem sociedades muçulmanas. Direita: extremistas muçulmanos na França estão usando as vestimentas islâmicas e os véus islâmicos que cobrem a cabeça como símbolos ostensivos para criar a impressão de que o Islã é onipresente.

Os islamistas na França usam a estratégia de Qaradawi. E dá certo.

Eles não irão parar. Por que deveriam? Ninguém os está pressionando.

Parece que eles acreditam que o futuro lhes pertence. A Taxa de Natalidade também lhes dá esperança. A transformação da França mostra que eles estão certos.

Eles sabem muito bem que a população muçulmana está crescendo, que a maioria dos muçulmanos franceses com trinta anos ou menos se considera antes de mais nada muçulmana e que quer uma França islâmica.

Eles estão vendo que praticamente nenhum político francês, nem mesmo os mais corajosos, se atreve a dizer que o Islã cria problemas e que os jornalistas franceses escrevem sob a ameaça de ações na justiça ou ataques e quase nunca usam a frase "terrorismo islâmico".

Eles estão vendo que praticamente todos os livros que tratam do Islã à venda nas livrarias francesas foram escritos por islamistas ou por autores que elogiam o Islã.

E eles também veem que a população francesa não muçulmana está cada vez maispessimista em relação ao futuro do país.

As pesquisas de opinião mostram que os não muçulmanos irão votar na candidata populista de "direita" nas eleições presidenciais de 2017. As pesquisas também mostram que os não muçulmanos na França, independentemente de quem seja o vencedor, não esperam grandes melhorias.

Após cada atentado na França, o rancor dos não muçulmanos contra os muçulmanos envenena o clima. Mas, de maneira geral, os não muçulmanos são mais velhos do que os muçulmanos e décadas de correção política tiveram uma consequência. Será que os não muçulmanos perderam a vontade de lutar?
Por: Dr. Guy Millière, professor da Universidade de Paris, é autor de 27 livros sobre a França e a Europa. 30 de Setembro de 2016
Tradução: Joseph Skilnik  Do site: https://pt.gatestoneinstitute.org


terça-feira, 18 de outubro de 2016

UMA NOVA GUERRA FRIA

Nota do editor: o general Ion Mihai Pacepa (foto) é o oficial de mais alta patente que desertou do Bloco Soviético para o Ocidente. Em dezembro de 1989, o presidente romeno Nicolae Ceauscescu foi executado após um julgamento no qual as acusações foram, quase palavra por palavra, tiradas do livro Red Horizons, de Pacepa, subsequentemente publicado em 27 países. Após o presidente Carter ter aprovado o seu pedido de asilo político, Pacepa se tornou cidadão americano e trabalhou com agências de inteligência americanas contra o Bloco Oriental. A CIA elogiou a colaboração de Pacepa por ter proporcionado “uma contribuição importante e única para os Estados Unidos”. O seu livro mais recente, Disinformation, em coautoria com Ronald Rychlak, foi publicado pela WND Books em 2013.


A análise de que a mais recente onda de violência islâmica mundial – incluindo o ataque mortal à embaixada americana na Líbia e as novas ameaças do Irã – seja, de alguma forma, uma reação “espontânea” ao filme de baixo orçamento A Inocência dos Muçulmanos tem se revelado, na melhor das hipóteses, ingenuidade política e, na pior, um uso do episódio como bode expiatório, por ignorância ou intencionalmente.

Afinal de contas, até mesmo o presidente da Líbia, Yousef El-Magariaf, afirmou que, “sem dúvida”, o ataque havia sido “planejado”, enfatizando que os terroristas haviam escolhido uma “data específica para essa auto-denominada demonstração”.

Como quer que seja, o dia do assassinato do nosso embaixador, 11 de setembro de 2012, coincidiu com o exato dia em que o Kremlin comemorou um aniversário importante – 125 anos do nascimento de Feliks Dzerzhinsky, fundador da KGB, agora rebatizada FSB.

A minha experiência no topo da comunidade de inteligência do Bloco Soviético me dá uma sólida base para garantir que os ataques islâmicos às embaixadas americanas e o assassinato do nosso embaixador na Líbia, levados a cabo por lança-granadas, Kalashnikovs e coquetéis Molotov, foram tão “espontâneos” quanto os desfiles de Dia das Mães em Moscow – e também garanto que eles tẽm os mesmos organizadores.

Em 1972, tomei café da manhã com o então chefe da KGB, Yuri Andropov, em Moscow. O Kremlin, ele me disse, havia decidido converter o anti-semintismo árabe em credo anti-americano para todo o mundo muçulmano. A idéia era retratar os EUA como um país sionísta bélico financiado pelo dinheiro dos judeus e governado por um voraz “Conselho dos Sábios de Sião” (epíteto irônico da KGB para o Congresso americano) empenhado em fazer do resto do mundo um feudo judeu. Andropov salietou que um bilhão de inimigos poderia causar um dano muito maior do que apenas 150 milhões. Mesmo Maomé, disse ele, não havia restringido a sua religião aos países árabes.

O chefe da KGB descreveu o mundo muçulmano como uma placa de petri pronta para que nela cultivássemos o ódio contra os americanos, gerado a partir da bactéria do pensamento marxista-leninista. O anti-semitismo islâmico era profundo, disse ele. Os muçulmanos tinham uma tendência para o nacionalismo, jacobinismo e vitimologia, e as suas multidões iletradas e oprimidas poderiam ser facilmente insufladas até um ponto de ebulição. Tínhamos apenas de continuar repetindo, dia após dia, que os Estados Unidos eram um país sionísta bélico ávido por se apropriar do mundo inteiro.

A comunidade da KGB enfiou milhões de dólares e milhares de pessoas naquele projeto gigantesco. Até 1978, quando eu deixei a Romênia para sempre, apenas o meu serviço de espionagem romeno havia enviado cerca de 500 agentes infiltrados para diversos países islâmicos. Muitos deles eram religiosos, engenheiros, médicos, professores e instrutores de arte. De acordo com uma estimativa grosseira recebida de Moscow, até 1978 a comunidade de inteligência do Bloco Soviético como um todo havia enviado cerca de quatro mil agentes de influência para o mundo islâmico.

Até onde chegou a influência de todo esse esforço? Ninguém pode saber ao certo, mas mais de 20 anos de efeito cumulativo da disseminação de milhões de traduções árabes dos “Protocolos dos Sãbios de Sião” em todo o mundo islâmico retratando os Estados Unidos como um criminoso sionista deve ter deixado alguma marca. Veja a invasão à embaixada americana em Teerã em 1979, o atentado ao quartel dos marinesamericanos em Beirute em 1983, o atentado ao World Trade Center em Nova Iorque em 1993, a destruição das embaixadas americanas no Quênia e na Tanzânia em 1998 e os abomináveis ataques terroristas ao próprio EUA em setembro de 2001 que mataram quase três mil americanos.

Até 1978, quando eu finalmente criei coragem para romper com o maligno império soviético, fui testemunha dos esforços da inteligência do Kremlin para transformar o mundo muçulmano. Em 2006, relatei esses esforços à colunista americana Kathryn Jean Lopez e, dias depois, os descrevi em um artigo publicado por ela no National Review sob o título Russian Footprints (Pegadas Russas). No último mês de março, o artigo foi publicado novamente no site do historiador Daniel Pipes, diretor do Middle East Forum e editor da revista Middle East Quarterly, sob o título “Why has Pacepa been ignored on the cause of global terrorism and on the cause of the Arab Israeli conflict?”

Como repetitio est mater studiorum, permita-me tomar a liberdade de repetir, aqui e agora, alguns dos assuntos de que tratei naquele artigo. Hoje, eles realmente parecem fazer pleno sentido. Esses assuntos estão mais aprofundados e melhor documentados no meu livro “Disinformation”, escrito em co-autoria com o professor Ronald Rychlak, a ser lançado pela WND Books no início de 2013.

Sequestro de aviões comerciais: a arma escolhida pela KGB
De volta a 1969, Andropov me apresentou a uma nova arma no arsenal da KGB: o sequestro de aviões da companhia aérea nacional de Israel, a El Al. Andropov havia começado os seus imprecedentes 15 anos como chefe da KGB poucos meses antes da Guerra de Seis Dias em 1967 entre árabes e israelenses na qual Israel humilhou os mais importantes aliados da União Soviética no mundo árabe na época – Egito e Síria. Naqueles dias, esses dois países eram, na verdade, governados por conselheiros soviéticos. Como novo chefe da KGB, Andropov decidiu restabelecer o prestígio da KGB humilhando internacionalmente Israel.

Antes de 1969 terminar, terroristas palestinos, treinados na escola de operações especiais da KGB na cidade de Balashikha, a leste de Moscow, haviam sequestrado o primeiro avião da El Al e pousado na Argélia, onde 32 passageiros judeus foram mantidos reféns por cinco semanas. O sequestro havia sido planejado e coordenado pelo 13° Departamento da KGB conhecido no jargão de inteligência do Bloco Soviético comoDepartment for Wet Affairs (wet – úmido – era um eufemismo da KGB para sangrento). Para esconder a mão da KGB, Andropov fez a Frente Popular para a Libertação da Palestina (criada e financiada pela KGB) assumir o crédito pelo sequestro. Nos dois anos seguintes, vários terroristas palestinos (treinados pela KGB) assumiram o crédito pelo sequestro de 13 aviões de passageiros israelenses e ocidentais e pela explosão de um avião da Swissair em pleno vôo, matando 47 passageiros e a tripulação. Todos esses sequestros foram arquitetados pela KGB.

Certamente, não foi por acaso que os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001 foram cometidos por terroristas islâmicos usando aviões sequestrados.

Terrorismo – a principal arma do Kremlin contra o seu “Principal Inimigo”
“No mundo atual, em que as armas atômicas tornaram obsoleta a força militar, o terrorismo deveria ser a nossa principal arma contra contra o sionismo americano”. Isso era o que Andropov começou a pregar no início dos anos 1970. O enorme “sucesso” político granjeado pelo sequestro de aviões o encorajou a expandir o terrorismo internacional e mirar diretamente os Estados Unidos, durante anos chamado pela KGB de “Principal Inimigo” (glavnyy protivnik em Russo).

Em 1971, Andropov lançou a operação “Tayfun” (Tufão, em Russo), destinada a expandir o terrorismo anti-americano na direção da Europa Ocidental. Ele até estabeleceu uma “divisão socialista do trabalho” para mobilizar todo o bloco soviético em apoio ao seu novo terrorismo internacional. O serviço de inteligência tchecoslovaco foi encarregado de fornecer explosivo plástico inodoro (Semtex-H), indetectável por cães farejadores nos aeroportos. Em 1990, Vaclav Havel, presidente tchecoslovaco, reconheceu que o antigo regime comunista do seu país enviou secretamente cerca de mil toneladas desse explosivo para terroristas palestinos e líbios. Segundo Havel, apenas 200 gramas são o suficiente para explodir um avião comercial durante o vôo.

“O terrorismo mundial tem um estoque de Semtex para 150 anos” estimou Havel.

Por seu lado, os alemães orientais tinham de prover os terroristas com armas e munição. De acordo com documentos secretos descobertos nos arquivos da Stasi (clone da KGB na Alemanha Oriental) após a queda do Muro de Berlim, apenas em 1983 a Stasi abasteceu organizações terroristas secretas na Alemanha Ocidental com o equivalente a US$ 1.877.600 em munição para AK-47.

Os cubanos ficaram encarregados da produção em massa de dispositivos de disfarce para contrabandear os explosivos plásticos para os países-alvo. Em 1972, eu passei um “feriado de trabalho” em Havana como hóspede de Raul Castro, na época comandante das forças militares e das forças de segurança, e visitei o que se mostrou ser a maior fábrica do bloco soviético para a manufatura de malas de parede dupla e outros dispositivos de disfarce para infiltração secreta de armas em diversos países não comunistas. Sergio del Valle, chefe das forças de segurança de Cuba, me disse que o contrabando de armas para organizações terroristas era uma das suas principais tarefas na época.

O pedaço de pizza da Romênia nessa joint venture era produzir passaportes ocidentais falsos para os “guerreiros da liberdade” de Andropov. Durante os meus últimos seis anos na Romênia, a Securitate, polícia política do país, tornou-se o principal fabricante de passaportes falsos – alemão-ocidentais, austríacos, franceses, britânicos, italianos e espanhóis – do Bloco Soviético, os quais eram regularmente entregues a diversos grupos e organizações terroristas internacionais.

Em meados dos anos 1970, uma onda de terrorismo varreu a Europa Ocidental. A primeira maior realização da operação Tayfun foi o assassinato de Richard Welsh, chefe da representação da CIA em Atenas em 23 de dezembro de 1975. Seguiu-se um atentado a bomba ao general Alexander Haig, comandante da OTAN, em Bruxelas que, felizmente, não foi ferido, embora a sua Mercedez blindada tenha sido destruída. Depois, em rápida sucessão, vieram o ataque a míssil contra o general Frederick J. Kroesen, comandante das forças armadas americanas na Europa, que também escapou com vida; o ataque a granada contra Alfred Herrhausen, um dos principais presidentes do Deutsche Bank favoráveis aos americanos, que foi morto; e a tentativa de assassinato de Hans Neusel, secretário de estado pró-americano no Ministério do Interior da Alemanha Ocidental responsável pelos assuntos de segurança interna, que foi ferido.

Quando a União Soviética ruiu, aquelas operações terroristas felizmente acabaram e inúmeros terroristas patrocinados pela KGB foram presos na antiga Alemnha Oriental. Peter-Michael Diestel, que se tornou Ministro do Interior na Alemanha Oriental após a queda do governo comunista, reconheceu em 1990 que o Aeroporto Schõnefeld em Berlim Oriental havia sido durante anos um “trampolim da KGB para terroristas de todos os tipos”. Christian Lochte, oficial sênior do serviço de contra-inteligência da Alemanha Ocidental, afirmou que a KGB e o seu clone na Alemanha Oriental, a Stasi, fizeram “todo o possível para desestabilizar esse país e também o resto da Europa Ocidental”

Andropov: pai do anti-semitismo e do terrorismo internacional atuais
Na discussão do legado de Andropov, sovietologistas ocidentais normalmente se limitam a recordar a brutal supressão dos dissidentes políticos, o seu papel no planejamento da invasão da Tchecoslováquia em 1968 e sua pressão sobre o regime polonês para impôr a lei marcial. Por contraste, os líderes da comunidade de inteligência do Pacto de Varsóvia, quando eu era um deles, olharam para Andropov como o pai da nova era de influência política internacional concebida para ressuscitar o anti-semitismo em todo o mundo e converter o mundo islâmico no mortal inimigo do sionismo americano.

Em agosto de 1998, dois meses após o pupilo de Andropov e ex-general da KGB, Yevgeny Primakov, ter se tornado primeiro ministro da Rússia, o general Albert Makashov, um membro da Duma, alegou que os judeus estavam sendo pagos pelo sionismo americano para arruinar a pátria russa e clamou pelo “extermínio de todos os judeus da Rússia”. Dia após dia, as telas dos televisores russos mostraram-no gritando na Duma: “Vou capturar todos os Yids (denominação pejorativa para judeus) e mandá-los para o outro mundo”. No dia 4 de novembro de 1998, a Duma apoiou o pogrom de Makashov votando contra uma moção parlamentar (121 a 107) que censurava o seu discurso de ódio. No dia 7 de novembro de 1998, numa marcante demonstração do 81° aniversário da Revolução de Outubro, multidões de antigos oficiais da KGB mostraram o seu apoio ao general, cantando “hands off Makashov” e carregando cartazes com slogans anti-semitas.

A terrível decapitação do repórter do Wall Street Journal, Daniel Pearl, em 2002, resume o legado de Andropov. Khalid Sheikh Mohammed, mentor dos ataques de 11 de setembro de 2001, cometeu o repulsivo assassinato de Pearl somente porque ele era um judeu americano.

Não é de admirar que, por ser profundamente anti-semita e anti-americano, Andropov tenha se tornado o primeiro chefe da KGB a galgar o trono do Kremlin. Em 1989, Andropov também se tornou o único chefe da KGB a ter o seu escritório transformado em santuário. Jornalistas ocidentais foram convidados a visitar Lubianka e devotamente conduzidos para ver a sala de conferências com a sua lareira de mármore, o seu escritório particular com outra lareira e o dormitório contíguo mobiliado de modo espartano com cama, refrigerador e mesa. Pelas descrições dos jornalistas, todos os ambientes se parecem exatamente com o que me lembro de ter visto da última vez que estive lá. Ainda mais admirável é o relato de que o santuário de Andropov tenha sobrevivido à queda da União Soviética.

A Rússia de hoje: a primeira ditadura de inteligência da história
A Rússia pós-comunismo realmente tem se transformado de forma imprecedente e positiva e uma jovem geração de intelectuais tem lutado para desenvolver uma nova identidade nacional para o país. Não obstante, independentemente do que lemos nos jornais, vemos na tv ou é dito pelo Departamento de Estado, a Rússia ainda não é uma democracia. Na verdade, a Rússia se tornou a primeira ditadura de inteliência da história e assim deve ser tratada.

Em 31 de dezembro de 1999, Vladimir Putin – outrora meu colega na KGB em minha outra vida – que meses antes havia manobrado para se tornar o primeiro ministro da Rússia, se entronizou no Kremlin como líder supremo, após um golpe no palácio da KGB. Em seguida, Boris Yeltsin, o primeiro presidente livremente eleito da Rússia, abandonou o campo de batalha e em rede nacional de TV anunciou a sua aposentadoria: “Entendo que é meu dever fazer isso” disse ele “e a Rússia deve entrar no novo milênio com novos políticos, com novas faces, com novas pessoas inteligentes, fortes e enérgicas. Em seguida, Yeltsin assinou um decreto transferindo o seu poder a Putin. Por seu lado, Putin assinou um decreto perdoando Yeltsin – que, diziam, estava envolvido em gigantescos escândalos de suborno – “quanto a quaisquer possíveis crimes” e garantindo a ele “imunidade total” contra ser processado (ou mesmo investigado) por “toda e qualquer” ação cometida durante o exercício do cargo. Putin também deu a Yeltsin uma pensão vitalícia e uma dacha do governo. Quid pro quo, diríamos.

Durante a Guerra Fria, a KGB era um estado dentro do estado. Sob o presidente Putin, a KGB, rebatizada FSB, é o estado. Três anos após Putin ter se sentado com estrondo no trono do Kremlin, cerca de seis mil antigos oficiais da KGB – a organização responsável por, sozinha, ter massacrado pelo menos 20 milhões de pessoas na União Soviética – estavam tocando o governo federal e os governos locais. Cerca da metade detodos os outros altos postos governamentais eram ocupados por antigos oficiais da KGB. Após ter cuidado disso, o recentemente nomeado presidente Putin trouxe de volta o velho e bom hino de Stalin, proibido desde a queda da União Soviética. Apesar do “novo” hino ter letra nova, ela fora escrita pelo mesmo velho poeta, Sergey Mikhalkov, autor da letra original louvando Stalin, Lênin, o Partido Comunista e a “indestrutível” União Soviética. Yelena Bonner, viúva de Andrey Sakharov, ganhador do Prêmio Nobel da Paz, chamou o ressuscitado hino soviético de uma “profanação da história”. Putin discordou e disse: “Ultrapassamos as diferenças entre passado e presente”.

Em 12 de fevereiro de 2004, Putin afirmou que a fim da União Soviética foi uma “tragédia nacional em escala enorme” e, em julho de 2007, ele previu uma nova Guerra Fria contra o Ocidente.

“A guerra começou” anunciou Putin no dia 8 de agosto de 2008, minutos após o presidente George W. Bush e outros líderes mundiais, reunidos em Pequim para assistir a cerimônia de abertura das Olimpíadas, terem ficado chocados ao saberem que tanques russos haviam invadido a Geórgia.

Seria muito irreal sugerir que essa nova Rússia lembra a imagem hipotética de uma Alemanha pós-guerra governada por antigos oficiais da Gestapo, que restabelecessem o “Deutschland Über Alles” de Hitler como hino nacional, qualificassem o fim da Alemanha Nazista como uma “tragédia nacional em escala enorme” e invadissem um país vizinho, talvez a Polônia, do mesmo modo como Hitler ocasionou a Segunda Guerra Mundial?

Na Rússia, quanto mais as coisas mudam, mais parecem ficar na mesma
Durante aqueles dias em que Andropov era o chefe da KGB e eu estava no topo da comunidade de inteligência exterior do Bloco Soviético, havia uma faixa em meu escritório dizendo, em letras maiúsculas: A ESPIONAGEM CAPITALISTA RELATA A HISTÓRIA. NÓS A FAZEMOS. No bloco soviético, os nossos oniscientes ditadores não queriam que lhes mandássemos informações. Eles sempre sabiam mais e, na verdade, eles se sentiam ofendidos quando nós, chefes da inteligência, tentávamos contar a eles algo novo. Como exemplo clássico desse tipo de mentalidade, ainda se conserva um relatório de inteligência enviado a Stalin em maio de 1941 prevendo que Hitler poderia atacar a União Soviética em junho daquele ano. Nesse relatório, Stalin rabiscou uma nota dizendo: “Pode mandar a sua ‘fonte’ para a pqp. Ele é um dezinformator.” Em 22 de junho de 1941, Hitler realmente invadiu a União Soviética, que pagou um alto preço por Stalin ter usado mal o serviço de inteligência dando a ele apenas a função de dizer ao mundo o quão grande ele – Stalin – era. Dez milhões de militares e 14 milhões de civis foram mortos. Mais 5 milhões foram feitos prisioneiros pelos nazistas.

Stalin e os seus sucessores no Kremlin continuaram usando os seus aparatos de inteligência para engrandecer as suas próprias regras e a sua própria estatura, por meio, simplesmente, da estratégia de alterar o passado histórico e o presente visível para que se acomodassem aos seus planos para o futuro. Dentro da nossa comunidade de inteligência do Bloco Soviético, isso era chamado de dezinformatsiya, e era apresentada como uma ciência eminentemente russa e extraordinariamente efetiva. Durante a Guerra Fria, mais gente trabalhou para a dezinformatsiya do que para todo o exército soviético e indústria de defesa somados. Poucos outsiders sabiam disso, porque o assunto ficava imerso em segredo.

Essa prática secreta e esse exército de desinformação invisível foram ressuscitados sob a presidência de Putin, conforme descrito com riqueza de detalhes no livro sobre desinformação, a ser lançado em breve, cuja autoria dividi com o professor Rychlak. O totalitarismo precisa sempre de um inimigo tangível, e os Estados Unidos, retratado pela KGB durante os 47 anos da Guerra Fria como o seu “Principal Inimigo”, continua a ser pintado pela administração de Putin como o principal inimigo do país.

Tão logo o presidente Putin e os seus antigos oficiais da KGB começaram a governar a Rússia, eles levaram o país de volta ao acampamento dos tradicionais clientes da União Soviética – os quais haviam sido os mais mortais inimigos dos EUA. Putin já começou favorecendo precisamente os três governos classificados pelos EUA como o “eixo do mal” – Irã, Iraque e Coréia do Norte.

Em março de 2002, Putin silenciosamente retomou a venda de armas para o ditador do Irã, Aiatolá Khamenei, e, secretamente, começou a ajudar o governo terrorista daquela nação a alcançar a produção de armas nucleares e a desenvolver mísseis balísticos capazes de transportar ogivas nucleares ou armas químicas até qualquer alvo no Oriente Médio ou na Europa. Em agosto de 2002, Putin concluiu um acordo comercial de 40 bilhões de dólares com o tirânico regime iraquiano de Saddam Hussein. Em seguida, pouco antes de setembro de 2002, quando os EUA se preparavam para chorar as vítimas do ataque terrorista do ano anterior, Putin recebeu em Moscow, com grandes honras, o desprezível ditador da Coréia do Norte, Kim Jong II.

Em seguida, os antigos oficiais da KGB instalados no Kremlin começaram a armar os terroristas árabes anti-americanos, exatamente como haviam feito no tempo da União Soviética. Em 12 de julho de 2006, militantes do Hezbollah (“Partido de Deus”), uma organização fundamentalista muçulmana anti-semita, lançou um grande ataque de foguetes contra Israel, que foi seguido por uma contra-ofensiva israelense de 34 dias de duração. Muitas das caixas de armas do Hezbollah capturadas pelas forças de Israel durante o episódio traziam a identificação: “Cliente: Ministério da Defesa da Síria. Fornecedor: KBP, Tula, Rússia.”

Em outubro de 2010, o mesmo Hezbollah apoiado pela Rússia realizou um treinamento simulando a invasão de Israel. O Gulf Research Centre, financiado pela União Européia, que fornece a jornalistas uma vista interna da área do Oriente Médio, descobriu que as forças militares do Hezbollah estavam armadas com uma grande quantidade de “foguetes Katyusha-122 de fabricação soviética, que carregam uma ogiva de 15 kg.” O Hezbollah também estava armado com fogutetes Fajr-5, projetados pela Rússia e fabricados pelo Irã, capazes de alcançar o porto israelense de Haifa, e com foguetes Zelzal-1 projetados pela Rússia, com capacidade de alcançar Tel Aviv. O Hezbollah também possuía os infames mísseis russos Scud, bem como os mísseis russos anti-tanques AT-3 Sagger, AT-4 Spigot, AT-5 Spandrel, AT-13 Saxhorn-2 e AT-14 Spriggan Kornet.

Em março passado, o candidato presidencial americano Mitt Romney classificou a Rússia como inimigo geopolítico número 1 dos EUA. Enquanto dizia que a maior ameaça atual ao mundo é um “Irã nuclear”, o presidenciável falou dura e esperançosamente contra o Kremlin por ele, consistentemente, “apoiar os piores atores mundiais”, referindo-se ao veto da Rússia à resolução do Conselho de Segurança da ONU sobre a Síria.

O expansivo presidente russo da época, Dmitry Medvedev, afirmou que as observações de Romney tinham um quê hollywoodiano e mandou o americano olhar o relógio. “Estamos em 2012, não na década de 1970” disse Medvedev.

Os EUA precisam de uma política externa realista
A política americana atual em relação à Rússia de Putin é denominada “Reset”, erroneamente traduzida pelo Departamento de Estado como peregruzka, cujo significado é “overcharged”. Há alguns poucos significados para “reset” nos dicionários, mas todos tendem a significar “restore” (exceto na Escócia, onde “reset” é o termo legal para receptação).

A ditadura de inteligência da Rússia é, não obstante, um fenômeno político totalmente novo e precisamos de uma política externa totalmente nova para lidar com ele. Caso contrário, podemos enfrentar uma nova Guerra Fria, uma guerra que ameaça ser não apenas fria mas também sangrenta.

Não sei qual deve ser a nossa nova política externa em relação à Rússia. Não tenho acesso a informações confidenciais e não tenho vontade de representar o papel de general de poltrona. Os tagarelas sabe-tudo da mídia americana não são mais espertos do que eu. Eu tenho, entretanto, boas razões para sugerir que a nossa administração e o Congresso dêem uma boa olhada no documento NSC 68/1950 do presidente Truman.

O relatório NSC 68/1950 do National Security Council não culpa filmes ou livros pela Guerra Fria e pelos ataques terroristas contra os Estados Unidos. Aquele documento “pé-no-chão” de 58 páginas descrevia os desafios que os Estados Unidos enfrentavam em termos realistas.

“As questões que enfrentamos são graves” afirmou NSC 68/1950 “envolvendo a sobrevivência ou a destruição não apenas dessa República mas da própria civilização.”

Por isso, o NSC 68/1950 focou na criação de uma “nova ordem mundial” centrada nos valores americanos liberal-capitalistas e continha uma estratégia política dupla: poder militar superior e uma “Campanha da Verdade”, definida como uma “luta, acima de tudo, pelas mentes dos homens.” Truman argumentou que a propaganda usada pelas “forças do comunismo imperialista” somente podia ser vencida pela “verdade nua e crua”. A Voice of America, Radio Free Europe e Radio Liberation (depois Radio Liberty) se tornaram parte da “Campanha da Verdade” de Truman.

Se você ainda quer saber como os Estados Unidos foi capaz de vencer a Guerra Fria sem disparar um único tiro, eis uma explicação do segundo presidente romeno pós-comunista, Emil Constantinescu:

A Radio Free Europe tem sido muito mais importante do que os exércitos e os mais sofisticados mísseis. Os “mísseis” que destruíram o comunismo foram lançados pela Radio Free Europe e esse foi o mais importante investimento de Washington durante a Guerra Fria. Não sei se os americanos percebem isso hoje, sete anos após a queda do comunismo, mas nós entendemos isso perfeitamente bem.

A metáfora do presidente Constantinescu não é exagerada. De acordo com a mídia romena pós-comunista, em 1988 e 1989, quando a Radio Free Europe estava serializando o meu livro Red Horizons, as ruas de Bucareste estavam vazias. Os romenos estavam ansiosos para ver o seu glorificado tirano nu, como ele realmente era – um iletrado traficante de drogas e terrorista internacional que amealhou uma fortuna pessoal vendendo secretamente armas e o povo romeno em troca da moeda ocidental. No Natal de 1989, Ceausescu foi executado pelo seu próprio povo, ao fim de um julgamento no qual as principais acusações haviam sido tiradas do meu livro. Hoje, a Romênia é um membro da União Européia e da OTAN.
Artigo de Ion Mihai Pacepa publicado no World Net Daily em 23 de setembro de 2012.
Tradução: Ricardo Hashimoto  Do site: http://www.midiasemmascara.org/