domingo, 30 de outubro de 2016

EDUCAÇÃO EM QUE A VERDADE IMPORTA


Lembremo-nos dos grandes livros escritos por grandes homens, como Chesterton, Eliot, Lewis e Waugh.

O título deste ensaio, Educação em que a Verdade Importa, foi tirado do subtítulo do livro de Christopher Derrick, Escape from Scepticism: Liberal Education as if Truth Mattered, publicado em 1977. O subtítulo de Derrick por sua vez, foi uma adaptação do subtítulo do bestseller internacional de E.F. Schumacher, Small is Beautiful: Economics as if People Mattered, publicado quatro anos antes. Derrick e Schumacher eram amigos, sendo aquele fundamental em apresentar ao segundo o ensinamento social da Igreja, e estes livros têm mais coisas em comum do que seus assuntos aparentemente diferentes fazem crer. Em ambos, os autores ilustram como o materialismo filosófico da modernidade enfraqueceu os próprios fundamentos da vida civilizada, e como a solução para este problema é um retorno aos conceitos tradicionais de bom, belo e verdadeiro. Schumacher voltou-se para a sabedoria dos antigos para que ela o ajudasse a entender as imperfeições da economia; Derrick voltou-se para a sabedoria dos antigos para corrigir as falhas da academia. Seja abordando o estado precário da economia ou da academia, ambos demonstraram como denegrir o bem, fragmentgar a verdade, e destruir o belo resultaram num mundo falido em termos de riqueza verdadeira.

Num ensaio para The Imaginative Conservative, Chesterton and the Meaning of Education, salientei a sabedoria contida na crítica de G.K. Chesterton à educação moderna. Cabe notar, porém, que a crítica de Chesterton às tolices e falácias presentes no âmago da academia moderna foram ecoadas pela geração de grandes escritores que o seguiram neste caminho. Modern Education and the Classics, de T.S. Eliot, publicado em 1934, complementou Reflections on Education with Special Reference to the Teaching of English de C.S. Lewis, subtítulo de seu A Abolição do Homem. Ambos os livros insistem na ideia de que a a educação não pode ser divorciada da moralidade, e que esta última deve permear a primeira. Da mesma forma, The Idea of a Christian Society (1939) e Notes Towards the Definition of Culture (1948), também de Eliot, encaixam-se como uma luva na posição de Lewis no que concerne à necessidade do Cristianismo em qualquer tentativa de restauração genuína da cultura européia. Mais notável ainda é a descrição que Eliot faz do Homem Oco no poema de mesmo nome, publicado em 1925, que prenuncia os Homens sem Peitos de Lewis no livro A Abolição do Homem e que são ficcionalizados com grande efeito satírico em Essa Força Medonha, que contem uma deliciosa paródia da desintegração e estultificação da academia moderna.

Evelyn Waugh, na sua obra-prima Brideshead Revisited, um romance inspirado por uma frase de uma das histórias do Padre Brown de Chesterton, ridiculariza os homens ocos produzidos pela academia moderna nas figuras de Hooper e Rex Mottram. Hooper não possui nenhuma ilusão especial distinta da névoa envolvente e generalizada de onde ele observa o universo:

Hooper já chorou várias vezes, mas nunca pelo discurso de Henry no dia de São Crispin, nem pelo epitáfio das Termópilas. A história ensinada a ele tinha poucas batalhas; em vez disso, uma profusão de detalhes sobre legislação humana e as recentes mudanças industriais. Gallipoli, Balaclava, Quebec, Lepanto, Bannockburn, Roncesvales e Maratona estas, e a batalha no Ocidente onde Artur caiu, e uma centena de outros nomes cujos clamores, mesmo no meu atual estado árido e desregrado, chamavam irresistivelmente por mim através dos anos com toda a clareza e força da juventude, esses clamores soavam em vão para Hooper… [i]

Tal como Hopper, Rex Mottram serve para personificar o homem oco, o produto grosseiro da academia moderna e desintegrada. Nas palavras da esposa Julia, ele não apenas é ignorante como, ainda pior, é completamente ignorante da própria ignorância:

Você sabe que o Padre Mowbray percebeu a verdade sobre Rex imediatamente, quando custou a mim um ano de casamento para notar. Ele simplesmente não está inteiro ali. Ele não é, afinal, um ser humano completo. É um fragmento pequeno e anormalmente desenvolvido… Eu achava que era uma espécie de selvagem primitivo, mas ele era algo absolutamente moderno e atual, que só esta era pavorosa poderia produzir. Um pequeno pedaço de homem fingindo ser algo inteiro… [ii]

Deixemos os homens sem peitos ponderar com seus botões e os homens ocos com a própria vacuidade. E lembremo-nos dos grandes livros escritos por grandes homens, como Chesterton, Eliot, Lewis e Waugh. E lembremos que grandes homens escrevem grandes livros por causa dos Grandes Livros que eles mesmos leram. Se o século XXI quiser produzir mais grandes homens e livros, deverá restaurar a educação verdadeira; e uma educação verdadeira é uma educação em que a verdade importa.
Notas:

[i] Evelyn Waugh, Brideshead Revisited, New York: Alfred A. Knopf, Everyman’s Library, 1993, pp. 8–9.
[ii] Ibid., pp. 181–2.

Joseph Pearce. “Education as if Truth Mattered”. The Imaginative Conservative, 1 de Março de 2016.
ESCRITO POR JOSEPH PEARCE | 17 OUTUBRO 2016 
ARTIGOS - CULTURA
Tradução: Felipe Alves
Revisão: Rodrigo Carmo
http://tradutoresdedireita.org  Do site: http://www.midiasemmascara.org/


quarta-feira, 26 de outubro de 2016

A ÚLTIMA PALAVRA

Não queremos admitir que estamos fracos. 

Queremos continuar na ocupação agradável de negar a força da Rússia, e os preparativos militares da China.

É nossa desconsideração pelo que é nobre que nos condena. É a nossa desconsideração pela verdade.

“O problema hoje é que as pessoas estão tão monstruosamente auto centradas que elas são incapazes de verem a si mesmas como outra coisa senão como beneficiários exclusivos e como culminação da história, quando na verdade somos todos apenas lajotas na estrada do tempo que estende-se diante de nós. Todos têm sido ensinados que cada pessoa nasceu para a glória, fama e riquezas terrenas, e qualquer coisa aquém disso não pode estar correto e certamente não pode ser a vontade de Deus. Tenho ouvido, em mais de uma ocasíão, cristãos me dizerem com o tom mais sério, “A que propósito as pessoas podem servir e que bem elas podem fazer se estiverem mortas”?
Ann Barnhardt

Para esclarecer a declaração de Barnhardt, especialmente em relação a muitas de nossas autoridades eleitas: “A que propósito eles podem servir, e que bem eles podem fazer se estão vivos?” Se o principal objetivo éviver, e obter um alto cargo, então o que acontece à verdade? Pois o político deve falar o que o eleitor quer ouvir. Neste caso, se o político vive, prospera e obtém um alto cargo – quem vence?
Falsidade, corrupção e traição.

A falsidade preserva o carreirista político. Ele avança escada acima, passo a passo. Observe-os cuidadosamente. Se ele tivesse morrido quando criança, a sociedade teria sido abençoada. Mas ele vive, e avança. E o Demônio possui sua alma. Ele deve seguir um caminho determinado pelo Inferno. Ou do contrário ele pode cair vitimado por alguma verdade indesejável.

Recentemente o General Mark A. Milley, Chefe do Estado Maior do Exército do EUA declarou: “Conquanto o Exército esteja reduzindo sua força final (end-strength), tomamos a decisão deliberada de priorizar a prontidão”. (Em outras palavras, estamos excepcionalmente preparados, mas nossas forças estão diminuindo de tamanho).

Milley não explica a situação em linguagem clara. Ele usa o termo “reduzindo a força final”. Ele faz da prontidão e do obscurecimento uma virtude. Mas quão pronta está uma força pequena demais para triunfar? É um tipo engraçado de prontidão. E contudo o General Milley vive e avança.

Milley pode perguntar: “A que propósito as pessoas podem servir e que bem elas podem obter se elas não forem promovidas à patente de general?” E que general! Pois então, talvez, muitos homens corajosos não morreriam por conta de uma prontidão para ser assaltado por um inimigo superior.

Em 05 de outubro o General Milley disse, “quero ser claro para aqueles que querem nos fazer mal... as forças armadas dos EUA – a despeito de todos os nossos desafios, a despeito de nosso ritmo operacional, a despeito de tudo que temos feito – nós impediremos vocês e golpearemos mais duro do que vocês já tenham sido golpeados antes. Não se enganem quanto a isso”.

Mas Milley é um que está cometendo um engano. Pois a despeito de sua prontidão, ele não está pronto. Ele não está preparado. Ele está ultrapassado.

Ele faz o mesmo ruído que Napoleão III fez em 1870, antes de Sedan. É o mesmo ruído que o Coronel Custer fez antes de Little Bighorn. O exército dos EUA é pequeno, e ultrapassado, e tem um chefe peculiar com um nome peculiar. Todavia o país anseia por tranquilidade numa época de progressivo enfraquecimento nacional. E o general fornecerá tranquilidade se ele não fornecer nada mais. Não queremos admitir que estamos fracos. Queremos continuar na ocupação agradável de negar a força da Rússia, e os preparativos militares da China.

O General Milley citou o embaixador russo na Bretanha: “A ordem estabelecida no mundo está sendo submetida a uma reorganização fundamental... A Rússia pode agora lutar uma guerra convencional na Europa e vencer”. Ah sim, isto é o que os russos estão dizendo. Enquanto estas palavras são escritas, o presidente dos EUA, Barack Obama, incita uma guerra na Síria.

Por que ele faz isso?

Você deveria saber. Você deveria ter prestado mais atenção. Obama opôs-se à guerra no Iraque. Por que ele quer a guerra na Síria? Por que ele provoca uma guerra com a Rússia? O governo russo tem dito que eles irão para a guerra nuclear se os EUA atacarem a Síria. Eles têm dito isso ao povo russo. Eles realizaram um exercício massivo de defesa civil na semana passada. Eles estão se preparando para uma guerra nuclear.

Por que Obama incita a guerra?

Obama diz que uma catástrofe humanitária está se desenrolando na Síria. Portando devemos bombardear a Síria e entrar em guerra com a Rússia. Desta forma Obama previne uma perda de vidas – causando uma guerra nuclear na qual morrem milhões. Isto é o necessário para milhares em Aleppo.

A imprensa santarrona assenta em concordância. Nunca foram mestres da lógica. Pra que serve a lógica, afinal?

Coragem cívica não é algo que eles entendam. Uma pessoa recebe um golpe por dizer a verdade. Então outra recebe um golpe. Isto não ajuda a carreira de ninguém. E eles vivem por suas carreiras, e então têm vivido sempre de joelhos (para uma mentira).

“A que propósito as pessoas podem servir e que bem elas podem fazer se estiverem mortas”? Então a questão foi colocada por Ann Barnhardt. Sim, de fato. Se defendessem a verdade, se lutassem por seu país, se fizessem algo heroico ou importante – que possível bem poderia resultar?

Aquela palavra segura, racional – sem sentimento, sem amor, sem patriotismo, sem paixão – é covardia, e por fim esta covardia leva ao retrocesso. Resulta na promoção de anti-generais, anti-patriotas, que estão muito vivos, e escalaram aos altos cargos. Eles não podem refletir os sentimentos dos heróis mortos. Eles são o oposto de heróis. Interiormente vazios, disfuncionais, cheios de mentiras. Embriagados de ideologia e socialismo. Adoram um ídolo feito a sua própria semelhança vazia. Esses seres fragmentados, feitos de ar quente e papelão, são contrários a si mesmos, incapazes de tomar sentido de alguma coisa – eles são nossos líderes, nossos eruditos, nossos professores. Sim, e nós os temos aplaudido. Cortejamos o Bezerro de Ouro deles.

Em seu livro sobre Nietzsche, Erich Heller escreveu: “A única faculdade verdadeiramente impenetrável do homem é o amor”. Mas ele não quis dizer o tipo de amor que torpemente se agarra à vida. Ele referia-se ao tipo que heroicamente se agarra à verdade. Esta verdade é fundada em retidão, em bondade; e não, como Heller alertou, naquela traição rasteira da verdade que os intelectuais modernos tendem a favorecer, especialmente em sua “desconfiança desrespeitosa da ausência de sentido em qualquer coisa que escape à definição e prova experimental"... É nossa desconsideração pelo que é nobre que nos condena. É a nossa desconsideração pela verdade. 

Novamente, a pergunta formulada por Ann Barnhardt: “A que propósito as pessoas podem servir e que bem elas podem fazer se estiverem mortas?

Por esta pergunta entenderemos que a verdade é irrelevante. Mas na realidade, é a morte que é irrelevante. O que importa é nossa fidelidade à verdade enquanto vivemos.

(Imagem: 'A adoração do bezerro de ouro', Nicolas Poussin, óleo sobre tela, 1634.)
ESCRITO POR JEFFREY NYQUIST | 20 OUTUBRO 2016 
ARTIGOS - CULTURA
Tradução: Flavio Ghetti Do site: http://www.midiasemmascara.org/

PALESTINOS: "VOCÊS NOS ENCHEM DE ORGULHO. VOCÊS MATARAM JUDEUS!"

- Abu Sbeih já é considerado o "herói" mais recente por muitos palestinos e não apenas por sua família. Ele está sendo festejado como um homem "corajoso" e um "herói" porque ele acordou de manhã, pegou um fuzil automático M-16 e saiu com o intuito de matar o maior número possível de judeus.

- Esses chamamentos estão sendo feitos não só pelos grupos extremistas Hamas e Jihad Islâmica, mas também pelos líderes "moderados" como o Presidente da Autoridade Palestina Mahmoud Abbas e sua facção Fatah.

- "Nós abençoamos cada gota de sangue derramada por Jerusalém, que é sangue limpo e puro, sangue derramado em nome de Alá, se Alá o assim desejar. Cada mártir alcançará o paraíso e todos os feridos serão recompensados por Alá" − Mahmoud Abbas, líder palestino.

- Uma vez possuidores de carteiras de identidade israelense eles ainda têm o direito de dirigir carros com placas de Israel, e foi o que Abu Sbeih fez aproveitando-se disso para desferir o ataque em Jerusalém. Sua família é proprietária de pelo menos dois imóveis na cidade e é considerada de classe média. Mesmo assim, isto não impediu que Abu Sbeih se engendrasse em sua missão assassina. Isso também não impediu que os membros de sua família comemorassem o ataque.

- Este é o resultado inevitável -- assim como ocorreu na inquisição espanhola, revolução francesa, genocídio turco dos armênios, Ruanda, Darfur ou Alemanha nazista -- da intoxicação de um povo.

A família de Musbah Abu Sbeih diz estar "muito orgulhosa" com o que seu filho de 40 anos de idade fez. Assim também se sentem os palestinos que representam todas as camadas da sociedade palestina. Integrantes de sua família, incluindo pais e filha, apareceram em duas emissoras de TV para acompanhar o desenrolar dos acontecimentos e elogiar Abu Sbeih. Eles chegaram a sair nas ruas para distribuir doces, cheios de júbilo pelo ataque terrorista por ele cometido em Jerusalém nesta semana, que resultou na morte de uma avó de 60 anos e um policial de 29.

Abu Sbeih já é considerado o "herói" mais recente por muitos palestinos e não apenas por sua família. Ele está sendo festejado como um homem "corajoso" e um "herói" porque ele acordou de manhã, pegou um fuzil automático M-16 e saiu com o intuito de matar o maior número possível de judeus. Sua missão foi um "sucesso": ele conseguiu atirar e matar dois judeus, antes que ele próprio fosse eliminado pelos policiais.

Em um vídeo, Abu Sbeih alega ter cometido o ataque terrorista em resposta às visitas ao Monte do Templo pelos judeus. Ele alega (falsamente) que as visitas fazem parte de um esquema montado por Israel para destruir a Mesquita de Al-Aqsa no Monte do Templo.

É a mesma falsa alegação feita originalmente pelo amigo de Hitler, o Mufti de Jerusalém, na época, Haj Amin al-Husseini, que fabricou uma boa desculpa para atacar os judeus, isto é, como podemos ver, esta alegação continua emergindo de tempos em tempos para "justificar" o assassinato de judeus.

Que fique bem claro, trata-se de uma mentira − assim como o são as acusações palestinassegundo as quais Israel está envenenando os poços de água, que o Presidente da Autoridade Palestina (AP), Mahmoud Abbas foi obrigado, mais tarde, a retirar por falta de provas.

Como muitos palestinos que cometeram ou tentaram cometer ataques terroristas no ano passado, Abu Sbeih na verdade estava simplesmente atendendo à convocação de seus líderes para impedir os judeus de "profanarem com seus pés imundos" a Mesquita Al-Aqsa. Esses chamamentos estão sendo feitos há meses não só pelos grupos extremistas Hamas e Jihad Islâmica, mas também pelos líderes "moderados" como Mahmoud Abbas e sua facção Fatah.

São estes os líderes palestinos que, ao que tudo indica, os líderes europeus veneram. Esses líderes europeus, principalmente os franceses, alfinetam Israel para que negocie com grupos que dizem abertamente que nã oquerem que Israel exista e que na melhor das hipóteses não se interessam pela verdade − quer seja sobre os israelenses quer seja sobre os palestinos.

Esses líderes europeus querem que Israel continue fazendo de conta que os interlocutores com os quais estão negociando estão realmente agindo de boa fé. Parece que eles estão tentando oferecer até aos árabes, muçulmanos e à Organização de Cooperação Islâmica (OIC), a destruição de Israel − física, diplomática, econômica, enfim qualquer coisa ao seu alcance − provavelmente uma espécie de suborno para que os muçulmanos parem deaterrorizá-los. Em breve saberão que nada do que eles oferecem será visto como adequado. Os europeus logo descobrirão, assim como os persas, turcos, gregos, norte-africanos e europeus orientais descobriram, que qualquer coisa menos do que a submissão será vista como um sinal de pagamento de uma conta bem mais alta que virá.

Esses líderes europeus se satisfazem em fazer com que nós nesta região, muçulmanos, cristãos e judeus, vivamos debaixo da brutal ditadura islâmica o máximo de tempo possível − segundo sua ingênua fantasia − para que eles tenham sossego. Eles estão prestes a sofrer um choque.

De qualquer maneira, em setembro de 2015, Abbas repetiu as mesmas palavras ditas pelo Haj Amin al-Husseini em 1924, dias antes de começar a atual onda de esfaqueamentos, atropelamentos e tiroteios.

Desde então, o incitamento com respeito às visitas dos judeus ao Monte do Templo está alimentando o que muitos palestinos chamam de a "Intifada de Al-Quds". Abbas garantiu que aqueles que morrerem defendendo a Mesquita de Al-Aqsa irão direto para o céu:

"Nós abençoamos cada gota de sangue derramada por Jerusalém, que é sangue limpo e puro, sangue derramado em nome de Alá, se Alá o assim desejar. Cada mártir alcançará o paraíso e todos os feridos serão recompensados por Alá".

Repetindo: Abbas fez o pronunciamento acima duas semanas antes dos palestinos desencadearam a nova onda terrorista contra Israel. Sabemos portanto o que estimulou estes ataques. Eles são o resultado direto da doutrinação e incitamento em curso contra Israel que está sendo empreendido por palestinos representando praticamente todas as instituições palestinas e partidos da Cisjordânia e da Faixa de Gaza. As palavras de Abbas não foram em vão. O ataque terrorista desta semana, perpetrado por Abu Sbeih, mostra que a "Intifada de Al-Quds" está longe de diminuir. Muito pelo contrário, há o temor de que a campanha terrorista possa escalar do uso de facas, veículos e pedras para pistolas e fuzis.
Musbah Abu Sbeih (direita) é o mais novo "herói" de muitos palestinos, porque ele assassinou dois judeus esta semana, atuando sob influência do incitamento do Presidente da Autoridade Palestina Mahmoud Abbas (esquerda).


Por que este cenário não é surreal? Não apenas por causa da motivação dos perpetradores como também por conta do que aparenta ser o amplo apoio popular dos palestinos a qualquer ataque contra os israelenses. Nem um único representante palestino se atreveu a se manifestar abertamente contra o ataque terrorista em Jerusalém. E nenhum palestino comum ousou questionar a consequência dos danos que os ataques causam à população palestina, especialmente àqueles que são diretamente prejudicados pelas medidas retaliatórias israelenses, como por exemplo as restrições às viagens.

Longe de se manifestarem contra esse tipo de carnificina, muitos palestinos prestam homenagens ao assassino.

Abu Sbeih, que como residente permanente de Jerusalém possuía uma carteira de identidade israelense, desfrutando portanto de todos os direitos e privilégios concedidos aos cidadãos israelenses (menos votar nas eleições gerais), não veio de uma família humilde. Diferentemente de seus colegas palestinos da Cisjordânia e Faixa de Gaza, ele podia se movimentar livremente em Israel, ir e vir de qualquer lugar e a qualquer hora, como bem entendesse.

Tanto ele quanto a família dele tinham condições de acordar de manhã e ir de carro para a praia de Tel Aviv ou comer em algum restaurante em Israel sem ter que passar pelos postos de controle israelenses. Uma vez possuidores de carteiras de identidade israelense eles ainda tinham o direito de dirigir carros com placas de Israel e foi o que Abu Sbeih fez aproveitando-se disso para desferir o ataque em Jerusalém. Sua família é proprietária de pelo menos dois imóveis na cidade e é considerada de classe média. Mesmo assim, isto não impediu que Abu Sbeih se engendrasse em sua missão assassina. Isso também não impediu os membros de sua família de comemorarem o ataque.

Eman, filha de 15 anos de Abu Sbeih, foi a primeira a expressar "alegria" e "orgulho" com respeito à morte de dois judeus. "Graças a Deus, estamos muito felizes e orgulhosos do meu pai", disse ela em uma entrevista concedida a uma rede de televisão palestina local.

Como aconteceu em casos anteriores, alguns palestinos, incluindo a irmã de Abu Sbeih, distribuíram doces para "simpatizantes" como forma de expressar sua alegria em relação ao ataque terrorista. Horas depois do ataque, dezenas de palestinos se reuniram na frente da casa da família, entoando palavras de ordem, elogiando o homicida como "herói", conclamando o Hamas e outros grupos palestinos a intensificarem seus ataques contra Israel. Essas cenas são corriqueiras no cenário palestino e se assemelham àquelas que costumavam ocorrer durante a onda de atentados suicidas contra os israelenses durante a Segunda Intifada.

Inúmeras facções palestinas elogiaram Abu Sbeih, conclamando a intensificação das "operações armadas contra o inimigo sionista". Khaled Mashaal, líder do Hamas que juntamente com sua família vive no conforto do Qatar, num piscar de olhos telefonou à família do homicida para "felicitá-la" sobre o "martírio" de seu filho. "Nosso povo e nação estão orgulhosos do heroísmo e coragem exibidos pelo seu filho, que sacrificou sua vida por amor a Alá," ressaltou Mashaal aos pais de Abu Sbeih. Ele realçou que seu filho era um exemplo para os palestinos de sua geração.

Ainda não está claro se o líder do Hamas fez o telefonema de sua suíte em um dos hotéis cinco estrelas do Qatar ou de sua academia particular.

Portanto, para o Hamas e para um grande contingente de palestinos, um homem que mata dois judeus é o exemplo a ser desejado com veemência e seguido pelos jovens palestinos. Nesse sentido, os simpatizantes de Abu Sbeih invadiram as redes sociais com o intuito deelogiá-lo e exortar os palestinos a seguirem seus passos. Pelo fato dele ter conseguido matar dois judeus, Abu Sbeih agora está sendo festejado no Twitter e no Facebook como o "Leão de Al-Aqsa". Do ponto de vista deles o que ele fez foi um ato nobre, um esforço para salvar a Mesquita de ser "profanada" pelos "pés imundos" dos judeus.

O apoio a Abu Sbeih, ao que tudo indica, permeia todas as facções políticas palestinas. Mesmo aquelas pertencentes à facção Fatah do Presidente Abbas vieram à casa de Abu Sbeih para mostrar solidariedade à família dele. A Fatah também declarou que Abu Sbeih era um "mártir". Um palestino que sai para encontrar com um judeu é condenado com veemência e acusado de buscar a "normalização" com o inimigo. Mas um palestino que carrega uma faca ou um fuzil e se prepara para matar judeus ganha as estrelas de "mártir" e recebe elogios praticamente unânimes dos palestinos. Esta é a mentalidade atual na sociedade palestina, fruto de décadas de incitamento palestino e deslegitimação de Israel. Este é o resultado inevitável -- assim como ocorreu na inquisição espanhola, revolução francesa, genocídio turco dos armênios, Ruanda, Darfur ou Alemanha nazista -- da intoxicação de um povo.
Por: Bassam Tawil, pesquisador estabelecido no Oriente Médio 19 de Outubro de 2016
Tradução: Joseph Skilnik Do site: https://pt.gatestoneinstitute.org

terça-feira, 25 de outubro de 2016

A RÚSSIA E A BOMBA DE PULSO ELETROMAGNÉTICO (EMP)


A Rússia vem desenvolvendo uma arma ultra-sofisticada que pode destruir a rede elétrica dos Estados Unidos e condenar à morte milhões de pessoas. 

E pior: aliados de Vladimir Putin também já possuem ou estão em vias de obter tal arma, o que pode mudar o equilíbrio de forças a favor de nações inimigas da democracia.

Imagine uma arma secreta que emitisse raios gama capazes de danificar a rede elétrica de um país inteiro, inutilizar aviões, armas, bombas atômicas e submarinos; e destruir satélites, componentes eletrônicos e computadores, interrompendo todo o sistema de comunicações. Imagine ainda que essa arma, ao ser detonada, fizesse parar de funcionar aeronaves e mísseis em pleno voo, ou mesmo destruir todo o arsenal nuclear inimigo. Pode parecer coisa de vilão de história em quadrinhos ou de filmes de 007, mas não é. É algo muito próximo de se tornar realidade e que vem sendo desenvolvido pela Rússia há mais de 50 anos. Há suspeitas de que a China e a Coréia do Norte também já possuam tecnologia para construir essa superarma. Ela se chama EMP: Electromagnetic Pulse (Pulso Eletromagnético).

Mas em que consiste exatamente o EMP? Conforme explica o analista militar e escritor Jeffrey Nyquist, é uma ogiva nuclear detonada em elevada altitude - entre 30 e 200 quilômetros de altura -, onde o campo magnético da Terra é mais forte. O impacto da explosão não atingiria a superfície do planeta, mas geraria um pulso eletromagnético com um raio de milhares de quilômetros, e capaz de penetrar em equipamentos eletrônicos e na rede elétrica, causando um pico de energia gigantesco que literalmente “fritaria” os circuitos. Quanto maior a altitude da explosão, maior o raio de ação. Dessa forma, o país atingido deixaria de funcionar, ao ter a sua rede de energia seriamente afetada, e voltaria ao século XIX, com consequências catastróficas. Segundo Nyquist, os Estados Unidos deixaram de desenvolver sua própria versão da bomba de pulso eletromagnético, e estão vulneráveis a um possível ataque conduzido por seus inimigos. Hoje em dia, já se sabe que a Rússia mantém o mais avançado arsenal nuclear do mundo, e que também possui superioridade nuclear no campo de batalha europeu, segundo relatou Nyquist em artigo traduzido para o Mídia Sem Máscara, em março de 2015. E não somente a Rússia, mas a China também está em vias de superar tecnologicamente os EUA no arsenal nuclear. 

Após o teste nuclear conduzido pela Coréia do Norte no começo de setembro – o segundo realizado em 2016 e o mais poderoso até agora, com potência de 10 quilotons (http://edition.cnn.com/2016/09/11/asia/south-korea-north-korea/) as autoridades da Coréia do Sul já se preparam para um eventual conflito militar envolvendo armas atômicas contra seu vizinho. Desde 2009, o exército norte-coreano já realizou cinco testes nucleares, e analistas internacionais temem que, em breve, o país seja capaz de implantar ogivas nucleares em seus mísseis de longo alcance. Segundo o analista de segurança nacional americano Peter Vincent Pry, é possível que a Coréia do Norte já tenha feito testes nucleares envolvendo o EMP. Em um deles, realizado em maio de 2009, a emissão em altos níveis de raio gama, combinada com uma explosão relativamente pequena de 3 quilotons (http://www.financialsense.com/contributors/jr-nyquist/emp-and-the-shield-act) podem ser uma indicação de que o regime ditatorial de Pyongyang estivesse fazendo experimentos com o pulso eletromagnético, utilizando tecnologia recebida da Rússia. 

Peter Vincent Pry também é diretor da EMP Task Force, comissão que atua no congresso americano, e afirma que um ataque de pulso eletromagnético (http://www.vice.com/read/we-asked-a-military-expert-how-scared-the-us-should-be-of-an-emp-attack-508) reduziria drasticamente o acesso da população dos EUA a alimentos, uma vez que um corte no fornecimento de energia prejudicaria toda a infra-estrutura de fornecimento, deixando a populança sem comida. “Nove entre cada dez norte-americanos morreriam de fome”, afirma. Por sua vez, o site Secrets of Survival enumera uma curiosa lista de lugares a serem evitados no caso de um ataque de EMP e dá dicas de sobrevivência. Apesar dos alertas parecerem exagerados à primeira vista (desde elevadores até hospitais devem ser evitados, e as pessoas devem recorrer a bicicletas para meio de transporte), o site apresenta argumentos bastante convincentes e dá uma boa idéia do caos que reinaria em tal situação. 

Em abril do ano passado, o exército dos EUA começou a armazenar equipamentos em bunkers para protegê-los de um possível ataque. Um desses abrigos, localizado sob a montanha Cheyenne, no Colorado, e que data dos tempos da Guerra Fria, estava desativado até recentemente, mas voltou a operar, ao receber aparelhos de comunicação do Comando do Espaço Aéreo Norte-Americano (NORAD). Nos últimos anos, dois projetos de lei regulamentando a criação de um sistema de proteção da infra-estrutura da rede elétrica norte-americana contra danos letais chegaram a tramitar no congresso daquele país, mas não obtiveram aprovação. O mais recente deles, conhecido como Shield Act, conseguiu passar na Câmara dos Deputados, mas acabou barrado no Senado. Pelo menos nisso o governo de Barack Obama resolveu agir e está investindo 1 bilhão de dólares para tornar o NORAD mais resistente a um ataque nuclear envolvendo o pulso eletromagnético. Mas será que essas medidas são suficientes? O quão protegida estaria a população dos EUA - e a dos demais países do Ocidente -, na eventualidade de um ataque de EMP?

Além da Rússia, da China e da Coréia do Norte, o Irã pode estar próximo de fabricar sua primeira bomba atômica. Mesmo assim há, entre os conselheiros de Obama, quem demonstre total ignorância do problema, como é o caso de Peter W. Singer, consultor de Estado-Maior do presidente norte-americano. Em uma entrevista, em abril de 2016, Singer classificou como "piada” a hipótese de um ataque de EMP. Enquanto muitos dentro do Congresso americano e da administração Obama consideram fantasiosa e exagerada essa ameaça, as nações inimigas da democracia vem desenvolvendo armas cada vez mais sofisticadas e letais, o que poderá em breve causar um desequilíbrio de forças que pode ser decisivo para o Ocidente.
Por: Alexandre Cegalla é jornalista. Do site: http://www.midiasemmascara.org/

domingo, 23 de outubro de 2016

JIHADISTAS VISAM A ESPANHA

"As ações de seus antepassados são o motivo de nossas ações de hoje".


- O documento do Estado Islâmico sustenta que desde o estabelecimento da inquisição espanhola de 1478, a Espanha "fez de tudo para destruir o Alcorão". Ele denota que a Espanha torturava muçulmanos, incluindo queimá-los vivos. Assim sendo, de acordo com o Estado Islâmico, "a Espanha é um estado criminoso que usurpa a nossa terra". O documento incita os jihadistas a "fazerem reconhecimento das rotas das companhias aéreas e de trens para futuros ataques". Ele também conclama seus seguidores a "envenenarem a água e os alimentos" com inseticidas.

- "Nós iremos matar qualquer infiel espanhol inocente que encontrarmos em terras muçulmanas, e... independentemente se somos de origem europeia ou não, nós iremos matá-los em suas cidades de acordo com nosso plano". — Documento do Estado Islâmico, 30 de maio de 2016.

- "Recuperaremos a al-Andalus, se Alá assim o desejar. Ó querida Andalus! Você achou que esquecemos de você. Juro por Alá que nunca esquecemos de você. Nenhum muçulmano pode esquecer Córdoba, Toledo ou Xátiva. Há muitos muçulmanos fiéis e sinceros que juram que voltarão à al-Andalus". — Vídeo do Estado Islâmico, 31 de janeiro de 2016.

- "A Espanha é a terra de nossos ancestrais e nós a recuperaremos com o poder de Alá". — Vídeo do Estado Islâmico, 7 de janeiro de 2016.


Militantes islâmicos estão intensificando a guerra de propaganda contra a Espanha. Nos últimos meses o Estado Islâmico e outros grupos jihadistas produziram uma enxurrada de vídeos e documentos, convocando os muçulmanos a reconquistarem a al-Andalus.

Al-Andalus é o nome árabe dado às regiões da Espanha, Portugal e França ocupadas pelos conquistadores muçulmanos (também conhecidos como Mouros) de 711 a 1492. Muitos muçulmanos acreditam que os territórios perdidos por eles durante a Reconquista cristã da Espanha ainda pertençam ao mundo islâmico. Eles sustentam que a lei islâmica lhes dá o direito de reestabelecer o domínio muçulmano naquela região.

Um recente documento do Estado Islâmico inclui uma lista de reivindicações em relação à Espanha pelas injustiças cometidas contra os muçulmanos desde a batalha de Las Navas de Tolosa em 16 de julho de 1212, quando as forças cristãs do Rei Alfonso VIII de Castela derrotaram os muçulmanos almôadas da parte sul da Península Ibérica. Mais de 100.000 muçulmanos foram mortos na batalha, vitória crucial da "Reconquista" dos reis católicos da Espanha.

O documento sustenta que desde o estabelecimento da inquisição espanhola de 1478, a Espanha "fez de tudo para destruir o Alcorão". Ele denota que a Espanha torturava muçulmanos, incluindo queimá-los vivos. Assim sendo, de acordo com o Estado Islâmico, "a Espanha é um estado criminoso que usurpa a nossa terra". O documento incita os jihadistas a "fazerem reconhecimento das rotas das companhias aéreas e de trens para futuros ataques". Ele também conclama seus seguidores a "envenenarem a água e os alimentos" com inseticidas.

O documento conclui que: "as ações de seus antepassados são o motivo de nossas ações de hoje".

Em 15 de julho de 2016 o Estado Islâmico divulgou seu primeiro vídeo de propaganda com legendas em espanhol. A alta qualidade da tradução para o espanhol, tanto na escrita quanto na sintaxe, levou alguns analistas a concluírem que a língua-mãe do tradutor é o espanhol e que a legendagem pode até ter sido feita dentro da Espanha.

Em 3 de junho o Estado Islâmico divulgou o vídeo — "Mês do Ramadã, Mês da Conquista" — que menciona a al-Andalus quatro vezes. A Espanha é o único país não muçulmano, mencionado no vídeo.

Em 30 de maio o Estado Islâmico divulgou um documento de duas páginas em espanhol onde fazia ameaças diretamente à Espanha. O documento anunciava:


"Nós iremos matar qualquer infiel espanhol inocente que encontrarmos em terras muçulmanas, isso para não dizer em sua própria terra. Nossa religião e nossa fé está em seu meio e, muito embora vocês não saibam nossos nomes ou como é a nossa aparência ou se a nossa origem é europeia ou não, nós iremos matá-los em suas cidades de acordo com nosso plano, da mesma forma que vocês estão matando nossas famílias".

Em 31 de Janeiro o Estado Islâmico divulgou um vídeo no qual um de seus jihadistas espanhol adverte a Espanha que ela "irá pagar um preço muito alto" por expulsar os muçulmanos da al-Andalus. O vídeo de oito minutos inclui a seguinte declaração:


"Eu juro por Alá que vocês pagarão um preço muito alto e sua morte será muito sofrida. Recuperaremos a al-Andalus, se Alá assim o desejar. Ó querida Andalus! Você achou que esquecemos de você. Juro por Alá que nunca esquecemos de você. Nenhum muçulmano pode esquecer Córdoba, Toledo ou Xátiva. Há muitos muçulmanos fiéis e sinceros que juram que voltarão à al-Andalus".
Jihadista armado do Estado Islâmico aparece em um vídeo de propaganda no qual adverte a Espanha que ela "pagará um preço muito alto" por expulsar os muçulmanos da al-Andalus há centenas de anos. A legenda em espanhol acima diz "Ó querida Andalus! Você achou que esquecemos de você. Juro por Alá que nunca esquecemos de você. Nenhum muçulmano pode esquecer Córdoba, Toledo ou Xátiva".

Em 7 de Janeiro, a Al-Qaeda no Magreb Islâmico, que está lutando contra o Estado Islâmico pela hegemonia do Norte da África, divulgou um vídeo conclamando por ataques jihadistas em Madrid, como estratégia para ajudar os muçulmanos a recuperarem os enclaves espanhóis de Ceuta e Melilha no norte da África.

Outro vídeo do Estado islâmico jurou libertar al-Andalus das mãos dos não muçulmanos. Um jihadista falando em espanhol com um forte sotaque norte-africano adverte:

"Digo ao mundo inteiro como alerta: vivemos sob a bandeira islâmica, o califado islâmico. Morreremos por ele até libertar as terras ocupadas, de Jacarta à Andaluzia. E eu declaro: a Espanha é a terra dos nossos antepassados e nós a tomaremos de volta com o poder de Alá. "

Enquanto isso 33 jihadistas foram presos na Espanha em 17 batidas policiais nos primeiros nove meses de 2016, de acordo com o Ministério do Interior espanhol.

Mais recentemente dois cidadãos espanhóis de origem marroquina — Karim El Idrissi Soussi, de 27 anos de idade e outro homem identificado como O.S.A.A de 18 — foram presos em Madrid acusados de atividades terroristas jihadistas. Karim, um dos detidos, estudante de ciência da computação assistiu aos vídeos de propaganda jihadista durante as aulas e ameaçou massacrar seus colegas estudantes.

De acordo com o Ministério do Interior, Soussi tentou se juntar ao Estado Islâmico, mas foi detido pelas autoridades turcas ao tentar cruzar a fronteira com a Síria. Ele foi deportado e acaba de retornar à Espanha.

O Ministério do Interior assinalou que a forte inclinação de Soussi pelo Islã radical ficou evidente em novembro de 2015, quando o centro de treinamento técnico onde ele estudava ciência da computação fez um minuto de silêncio em homenagem às vítimas dos ataques jihadistas em Paris. Segundo os professores e alunos, Soussi gritava palavras de ordem em apoio aos ataques que mataram 130 pessoas, incluindo 89 na casa noturna Bataclan.

Em outras ocasiões, Soussi justificava publicamente os ataques jihadistas desfechados pelo Estado islâmico, que segundo ele era a forma ideal de governo para todos os muçulmanos. De acordo com o Ministério do Interior, Soussi ia a uma biblioteca pública quase que diariamente para se conectar à Internet e navegar pelos sites jihadistas. Ao que tudo indica ele criava perfis falsos e postava material jihadista em sites de redes sociais. Soussi também criticava os assim chamados muçulmanos moderados e expressava a esperança de que um dia a Espanha se tornasse um emirado islâmico.

Soussi, ao que tudo indica, assistiu os vídeos de propaganda do Estado Islâmico durante as aula de ciência da computação e constantemente ameaçava levar armas para a escola para matar seus colegas.

O outro jihadista, O.S.A.A., foi preso pelos crimes de "glorificar o terrorismo jihadista" e "doutrinar-se para fins terroristas". O Ministério do Interior não deu maiores esclarecimentos.

Um total de 636 jihadistas foi detido no país desde os atentados ao trem de Madrid em março de 2004 nos quais cerca de 200 pessoas foram mortas e mais de 2.000 feridas.

Um estudo recente realizado pelo Instituto Elcano Institute de Madrid constatou que dos 150 jihadistas presos na Espanha nos últimos quatro anos, 124 (81,6%) estavam ligados ao Estado Islâmico e 26 (18,4%) à al-Qaeda.

Dos ligados ao Estado Islâmico, 45,3% são cidadãos espanhóis, 41,1% são marroquinos e 13,6% de outras nacionalidades. Em termos de naturalidade, 45,6% nasceram no Marrocos e 39,1% nasceram na Espanha. Somente 15,3% nasceram em outros países.

No tocante à imigração, 51,7% são imigrantes da primeira geração, 42,2% da segunda ou terceira gerações e 6,1% não têm nenhum background relacionado à imigração, o que significa que são espanhóis convertidos ao Islã.

Quanto à residência, 29,8% foram presos em Barcelona, 22,1% no enclave espanhol de Ceuta no Norte da África e 15,3% em Madrid. Os demais foram presos em mais de uma dozena de outras localidades ao redor do país.

O Estado Islâmico sofreu uma série de reveses nos campos de batalha do Oriente Médio, mas a ameaça de terrorismo jihadista permanece inalterada. Nas palavras do analista espanhol especializado em terrorismo Florentino Portero: "o Estado Islâmico está respondendo às derrotas militares com mais terrorismo".
Por: Soeren Kern, colaborador sênior do Gatestone Institute sediado em Nova Iorque. Ele também é colaborador sênior do European Politics do Grupo de Estudios Estratégicos / Strategic Studies Group sediado em Madri. Siga-o no Facebook e no Twitter.Original em inglês: Jihadists Target Spain
Tradução: Joseph Skilnik Do site: https://pt.gatestoneinstitute.org


sexta-feira, 21 de outubro de 2016

O SOCIALISMO CLÁSSICO JÁ FOI RECHAÇADO; O INIMIGO AGORA É OUTRO


Keynesianismo, social-democracia e o conluio entre políticos e empresários são o atual problema

O século XX testemunhou o surgimento, a expansão e o fim do mais trágico experimento da história humana: o socialismo. O experimento resultou em significativas perdas humanas,destruição de economias potencialmente ricas, e colossais desastres ecológicos. O experimento terminou, mas a devastação irá afetar as vidas e a saúde das futuras gerações.

A real tragédia deste experimento é que Ludwig von Mises e seus seguidores — que estão entre as melhores mentes econômicas deste século — já haviam explicitado a verdade sobre o socialismo ainda em 1920, mas seus alertas foram ignorados. — Yuri Maltsev (1990).

O socialismo está morto tanto como ideologia quanto como movimento político. Trata-se de um exemplo de um deus que fracassou.

O socialismo é uma forma muito específica de opinião econômica. Um socialista acredita que o governo deve ser o proprietário dos meios de produção. É isso que o socialismo sempre significou: controle estatal dos meios de produção.

Quando Ludwig von Mises refutou o socialismo em 1920, ele tinha em mente exatamente esse enfoque econômico. 

Eis o seu argumento comprovando que o socialismo é uma impossibilidade prática: se o governo detém todos os bens de capital (máquinas, ferramentas, instalações etc.) de uma economia, então não há um mercado para esses bens. Não havendo mercado para esses bens, não há uma correta formação de preços para eles. Sem preços, os planejadores não têm como estabelecer o valor dessas ferramentas. Consequentemente, não há como uma agência de planejamento central determinar quais são os custos de produção dos bens de consumo mais demandados. Com efeito, não há sequer como determinar quais os bens de consumo mais demandados. É necessário haver um livre mercado para que haja uma precificação dos bens de consumo e dos bens de capital. Em uma economia socialista, não há nenhum dos dois. Portanto, disse Mises, um planejamento econômico socialista é inerentemente irracional.

Esse argumento de Mises foi ignorado pela vasta maioria dos socialistas, e nunca foi levado a sério pelos keynesianos.

No entanto, quando a economia da União Soviética entrou em colapso no final da década de 1980, ficou claro pelo menos para Robert Heilbroner, professor de economia multimilionário e de esquerda, que Mises estava certo. Ele próprio admitiu isso em um artigo na revista The New Yorkerintitulado "Após o Comunismo" (10 de setembro de 1990). Ele literalmente disse a frase: "Mises estava certo". 

Ato contínuo, Heilbroner disse que os socialistas teriam de mudar de tática, parando de acusar o capitalismo de ineficiência e desperdício, e passar a acusá-lo de destruição ambiental. Consequentemente, deveriam ser criadas inúmeras burocracias, regulamentações e leis com a explícita intenção de subverter totalmente as características do capitalismo a ponto de fazer com que, segundo os próprios socialistas, o novo arranjo social gerado não possa de modo algum ser considerado capitalismo. 

Adicionalmente, Heilbroner disse que o socialismo era simplesmente uma ideologia morta.

No momento, não há virtualmente ninguém fora da América Latina, da Coréia da Norte e do Zimbábue que abertamente argumente em favor do socialismo clássico. Coréia do Norte e Cuba oficialmente são economias comunistas. Como consequência, são assolados pela miséria. Suas economias não têm influência nenhuma no mundo. Ninguém mentalmente são utiliza esses países como modelo econômico. O Zimbábue é gerido por uma tribo marxista, e também ninguém quer imitá-lo.



Embora os marxistas costumassem alegar que as deficiências da União Soviética nada tinham a ver com o marxismo, o fato é que a humilhante dissolução de um regime que sempre afirmou ser marxista representou um profundo e fatal golpe para a ideologia.

Conheci vários marxistas no norte da Nigéria. Eles eram jovens e confusos, mas acreditavam em uma explicação vagamente marxista para seu descontentamento. Eles não eram militantes, exceto mentalmente. Se houvesse uma manifestação, eles talvez se juntassem a ela, mas não matariam ninguém pela ideologia. Eles se contentavam meramente em proferir palavras.

Com o colapso da União Soviética, surgiu um vácuo ideológico para aquelas pessoas que buscavam uma explicação total para seu descontentamento — pessoas que, graças à difusão cultural, eram provavelmente mais numerosas e estavam mais desesperadas do que nunca. A única alternativa disponível, e uma muito mais profunda do que o marxismo, era o islamismo fundamentalista. O islã prospera naqueles locais onde o marxismo não mais possui grande influência.

O principal inimigo é outro

Com o colapso do socialismo clássico ocorreu o fortalecimento dos social-democratas. 

Estes aceitam a existência de uma economia de mercado e também aceitam a propriedade privada sobre a maior parte dos meios de produção. Aceitam também que o mercado precifique grande parte dos bens de consumo de uma economia. 

Mas, assim como os socialistas, eles defendem políticas redistributivistas. Assim com os socialistas, eles defendem o confisco de uma fatia da renda dos indivíduos produtivos da sociedade e sua subsequente distribuição para os não-produtivos. Assim como os socialistas, eles acreditam que os burocratas do governo devem intervir no mercado e redistribuir riqueza. Eles não se importam se isso irá reduzir o crescimento econômico. Eles são motivados pela inveja. Eles estão dispostos a ver uma economia produzindo menos desde que isso satisfaça sua demanda por algo que seja semelhante a uma igualdade econômica.

Mas há diferenças.

Ao passo que, para os socialistas clássicos, o objetivo era a estatização dos meios de produção, a erradicação da classe capitalista, e a tomada de poder pelo proletariado, os social-democratas entenderam ser muito melhor um arranjo em que o estado mantém os capitalistas e uma truncada economia de mercado sob total controle, regulando, tributando, restringindo e submetendo todos os empreendedores às ordens do estado. 

O objetivo social-democrata não é necessariamente a "guerra de classes", mas sim um tipo de "harmonia de classes", na qual os capitalistas e o mercado são forçados a trabalhar arduamente para o bem da "sociedade" e do parasítico aparato estatal. Os social-democratas, muito mais espertos que os socialistas, entenderam que têm muito mais a ganhar caso permitam que os capitalistas continuem produzindo e gerando riquezas, ficando os social-democratas com a tarefa de confiscar uma fatia dessa riqueza e redistribuí-la para suas bases.

Politicamente, os socialistas clássicos queriam uma ditadura do partido único, com todos os dissidentes sendo enviados para os gulags. Já os social-democratas preferem uma ditadura "branda" — aquilo que Herbert Marcuse, em outro contexto, rotulou de "tolerância repressiva" —, com um sistema bipartidário em que ambos os partidos concordam em relação a todas as questões fundamentais, discordando apenas polidamente acerca de detalhes triviais — "a carga tributária deve ser de 37% ou de 36,2%?".

E há características de atuação ainda mais nefastas.

Ao mesmo tempo em que os social-democratas mantêm os pequenos empresários sob restritos controles e regulamentações, eles fornecem trânsito livre para os grandes empresários, os quais, em troca de propinas e doações de campanha, usufruem a liberdade de fazer conluio com políticos e burocratas e, com isso, auferirem grandes privilégios e favores. Políticos concedem a seus empresários favoritos uma ampla variedade de privilégios que seriam simplesmente inalcançáveis em um livre mercado. Os privilégios mais comuns são contratos privilegiados com o governo,restrições de importação, subsídios diretos, tarifas protecionistas, empréstimos subsidiados feitos por bancos estatais, e agências reguladoras criadas com o intuito de cartelizar o mercado e impedir a entrada de concorrentes estrangeiros

(E estamos aqui desconsiderando os privilégios ilegais, como as fraudes em licitações e o superfaturamento em prol de empreiteiras, cujas obras são pagas com dinheiro público).

Em troca desses privilégios (legais e ilegais), os grandes empresários beneficiados lotam os cofres de políticos e burocratas com amplas doações de campanha e propinas.

Ou seja, neste arranjo social-democrata, quem realmente arca com a fatura são os pequenos empresários e os assalariados que trabalham nessas pequenas empresas.

Economicamente, os social-democratas são keynesianos. Mas é um grande erro dizer que o keynesianismo é socialista. O keynesianismo claramente não é socialista. O keynesianismo defende as características básicas do capitalismo. Sempre defendeu. O próprio Keynes poderia ser considerado um defensor do capitalismo. Ele acreditava que, para aditivar a economia, o estado deveria intervir no mercado aumentando seus gastos. Para isso, ele defendia que o estado ou criasse dinheiro do nada ou pegasse dinheiro emprestado dos capitalistas. Keynes queria que o estado saísse comprando bens e serviços para estimular a economia. Ele queria ver uma expansão do capitalismo, mas ele acreditava que os déficits orçamentários do governo e a inflação monetária do banco central seria a melhor maneira de restabelecer a produtividade econômica do capitalismo durante uma recessão.

Na prática, o keynesianismo é uma política que beneficia grandes empresários. Sempre que o governo aumenta os gastos públicos e incorre em déficits orçamentários, ele aumenta os lucros de alguns empresários privilegiados (ou ineficientes) à custa dos pagadores de impostos.

Como explicado aqui, se o governo disser que irá gastar mais com assistencialismo, os bancos irão financiar o déficit e os pagadores de impostos ficarão com os juros. Se o governo disser que irá gastar mais com saúde, além dos bancos, as empresas do ramo médico — desde as grandes fornecedoras de equipamentos caros aos mais simples vendedores de luvas de borracha — também irão lucrar mais. Se o governo disser que irá gastar mais com obras e investimentos públicos, além dos bancos, todas as empreiteiras selecionadas serão beneficiadas.

Quando o governo decide "estimular" a economia por meio de mais gastos, ele pode fazer duas coisas: ou ele pode contratar uma empresa privada para fazer alguma obra de infraestrutura, ou ele pode executar seus dispêndios por meio de alguma estatal, o que inevitavelmente também gerará toda uma série de lucros privados, não apenas em prol de seus empregados, mas também e principalmente em prol de empreiteiras, fornecedores, clientes etc.

Reconheça o inimigo

Social-democratas são keynesianos e são defensores do estado assistencialista e do capitalismo de estado. Eles defendem regulação da economia, impostos sobre todo o setor produtivo e privilégios para grandes empresas. Isso custa caro em termos de impostos e regulamentações para os pequenos empresários.

Eles querem dirigir o sistema capitalista da mesma maneira que os fascistas da década de 1930

Eles defendem que os meios de produção sejam propriedade privada, mas querem especificar aos proprietários o que eles podem e o que eles não podem fazer com seu capital. Eles querem dirigir a produtividade do capitalismo. 

Em troca disso, concedem favores e privilégios aos grandes empresários.

Eles, a princípio, não defendem estatização dos meios de produção (isso é um fetiche marxista). Eles apenas querem ter o porrete para dirigir o sistema produtivo, mas não querem a responsabilidade por ter feito isso.

Eles estão satisfeitos em ter um sistema corporativo produtivo o suficiente para beneficiar o governo com grandes receitas. Eles gostam dessa galinha dos ovos de ouro. Parasitas não querem matar seus hospedeiros. 

Já o socialismo é, por definição, uma filosofia econômica na qual o hospedeiro é morto. A esquerda atual é majoritariamente composta por parasitas, idealistas e bon vivants, e não por comunistas linha dura. A esquerda atual quer manter os ovos de ouro fluindo para seus cofres.

O keynesianismo, a social-democracia e o conluio entre políticos keynesianos e grandes empresários são os inimigos atuais.
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Leia também:

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Murray N. Rothbard (1926-1995) foi um decano da Escola Austríaca e o fundador do moderno libertarianismo. Também foi o vice-presidente acadêmico do Ludwig von Mises Institute e do Center for Libertarian Studies.

Gary North, ex-membro adjunto do Mises Institute, é o autor de vários livros sobre economia, ética e história.

Juan Ramón Rallo, diretor do Instituto Juan de Mariana e professor associado de economia aplicada na Universidad Rey Juan Carlos, em Madri. É o autor do livro Los Errores de la Vieja Economía.
Do site: http://www.mises.org.br/

quinta-feira, 20 de outubro de 2016

FRANÇA: O QUE ESTÁ POR TRÁS DA "PROIBIÇÃO DO BURQUINI"

- Em trinta anos a França passou por um processo acelerado de islamização.


- Yusuf al-Qaradawi, líder espiritual do principal movimento islâmico da França, explicou como os muçulmanos que vivem no Ocidente devem proceder: eles podem apelar para o terrorismo, eles podem fazer uso da sedução, explorar o sentimento de culpa dos cidadãos do Ocidente, ocupar espaços públicos, mudar as leis e criar sua própria sociedade dentro das sociedades ocidentais até que estas se tornem sociedades muçulmanas.

- A França costumava ser um país onde a neutralidade religiosa no espaço público era vista como ponto nevrálgico. Ao que tudo indica, os extremistas muçulmanos estão usando as vestimentas islâmicas e os véus islâmicos que cobrem a cabeça como símbolos ostensivos para criar a impressão de que o Islã é onipresente.

- Os políticos afirmam que respeitam os direitos humanos, mas parece que esqueceram os direitos humanos das mulheres que não usam o véu -- daqueles que sofrem com a islamização, que já não estão livres para escrever, pensar ou simplesmente dar uma volta pela rua.

- Os políticos se recusam a "estigmatizar" o Islã e não querem ver as consequências: assédio, estupros, desmantelamento da liberdade.

- Os jornalistas franceses escrevem sob a ameaça de ações na justiça ou ataques e quase nunca usam a frase "terrorismo islâmico". Praticamente todos os livros que tratam do Islã à venda nas livrarias francesas foram escritos por islamistas ou por autores que elogiam o Islã.

- Será que os não muçulmanos perderam a vontade de lutar?

Na cidade de Sisco na Córsega, em 13 de agosto um grupo muçulmano chegou a uma praia acompanhado de mulheres usando "burquínis" (trajes de banho que cobrem todo o corpo). Os muçulmanos pediram grosseiramente aos banhistas que lá se encontravam que saíssem da praia e ainda afixaram cartazes com os dizeres: "Entrada Proibida". Assim que alguns adolescentes se opuseram, os muçulmanos reagiram com um arpão e tacos de beisebol. A polícia interveio -- mas isso era apenas o começo.

Nos dias que se seguiram, nas praias ao redor da França, muçulmanos foram aparecendo acompanhados de mulheres usando burquínis, pedindo aos banhistas para saírem das praias. Os turistas arrumaram seus pertences e fugiram. Inúmeros prefeitos dos resorts à beira-mar resolveram proibir o traje de banho, foi assim que começou o escândalo da "proibição do burquíni".

Alguns políticos salientaram que proibir o burquíni "estigmatizava" os muçulmanos e violava os "direitos humanos" deles de usarem o que bem entendessem. Outros políticos, incluindo o primeiro-ministro Manuel Valls e o ex-presidente Nicolas Sarkozy, classificaram o burquíni como "provocação", pedindo a elaboração de uma lei proibindo seu uso. O Conselho de Estado, a mais alta instituição jurídica do país, proferiu que a proibição do burquíni era ilegal, assim sendo a proibição foi suspensa.

O importante aqui é explicar o que está por trás da "proibição do burquíni".

Há trinta anos o Islã já estava presente na França mas as exigências islâmicas eram, a grosso modo, ausentes e os véus islâmicos eram raros.

Em setembro de 1989, em um subúrbio ao norte de Paris, três estudantes do sexo feminino resolveram participar das aulas do ensino médio com as cabeças cobertas com véu. Quando o reitor da escola se negou a aceitar a prática, os pais, com o apoio das recém formadas associações muçulmanas, entraram com uma representação contra a medida. Os pais venceram.

De repente os véus se multiplicaram nas escolas de ensino médio e também nas ruas, logo sendo substituídos por longos véus pretos. Associações muçulmanas exigiram o "fim da discriminação", pleitearam comida halal nas cantinas das escolas e reclamaram contra o "conteúdo islamofóbico" nos livros de história. Mulheres que não usavam o véu nos bairros muçulmanos eram atacadas ou estupradas.

Depois que o governo francês criou uma Comissão de inquérito, foi aprovada em 2003 uma lei proibindo "símbolos religiosos nas escolas públicas". Em nome da recusa de "estigmatizar" o Islã e por "respeito aos direitos humanos", cruzes e quipás judaicas também foram banidas, além do véu islâmico.

Fora das escolas, véus pretos continuam a proliferar, nicabes e burcas que também cobrem o rosto começaram a aparecer e as exigências das organizações muçulmanas aumentaram.

De repente, menus halal começaram a aparecer nas cantinas das escolas. Estudantes muçulmanos começaram a comer em mesas separadas e se recusaram a sentar ao lado de não muçulmanos. Livros didáticos de história foram reescritos para mostrar um ângulo mais positivo do Islã. Em escolas de ensino médio onde também havia estudantes muçulmanos, os professores pararam de lecionar determinados tópicos, como por exemplo o Holocausto. Em bairros muçulmanos, ataques a mulheres sem véu são constantes. Em um subúrbio de Paris, uma menina muçulmana sem véu foi queimada viva. Bairros muçulmanos se transformaram em "zonas proibidas".

O governo francês criou uma nova Comissão de inquérito. Em 2011, oito anos após a promulgação da lei que proíbe símbolos religiosos nas escolas, uma nova lei foi aprovada: passou a ser ilegal usar vestimentas que cobrem o rosto em lugares públicos. Em nome da recusa de "estigmatizar" o Islã e por "respeito aos direitos humanos", a lei não mencionou a burca nem a nicabe pelo nome.

Desde então, véus pretos proliferaram ainda mais, e as nicabes que cobrem o rosto, apesar da proibição, não desapareceram. Menus Halal estão presentes em praticamente todas as escolas, os estudantes que não comem comida halal são assediados. Livros de históriaexaltam a civilização islâmica e na maioria das escolas, está subentendido que é proibido falar sobre o Holocausto ou mencionar o judaísmo. Em bairros muçulmanos, cada vez menos mulheres saem sem o véu e regiões muçulmanas se transformaram em "zonas da sharia".

Em trinta anos a França passou por um processo acelerado de islamização.

A França costumava ser um país onde a neutralidade religiosa no espaço público era vista como ponto nevrálgico da República. Hoje, ao que tudo indica, os extremistas muçulmanos estão usando as vestimentas islâmicas que cobrem a cabeça como símbolos ostensivos para criar a impressão de que o Islã é onipresente. O ato de cobrir a cabeça parece ser uma forma de demarcar território, uma maneira de estabelecer a visibilidade do Islã.

O desejo, no sentido mais amplo da palavra, utilizado pelos extremistas muçulmanos parece ser o de usar a visibilidade do Islã para impor uma visão de mundo islâmica em domínios cada vez mais extensos.

A influência do Islã já ultrapassou a fase da transformação de cantinas nas escolas, salas de aula e bairros. Seus efeitos estão na mídia, na cultura, em todos os lugares. É mais difícil ainda, isso para não dizer perigoso, publicar qualquer coisa que questione o Islã. O assassinato dos cartunistas na redação da revista Charlie Hebdo mostrou que a "blasfêmia" pode levar a uma morte violenta.

O cotidiano já não é mais o mesmo. Muitas mulheres não saem de casa sozinhas à noite, os judeus sabem que eles estão sendo vigiados.

Quando os véus islâmicos apareceram pela primeira vez, a classe política francesa não se manifestou -- para não, segundo ela, "estigmatizar" o Islã. Os políticos permanecem cegos quando se trata da estigmatização das mulheres que não cobrem a cabeça. Eles se recusam a ver o assédio, os ataques sexuais, o desmantelamento da liberdade.

A classe política francesa que afirmou que o burquíni é uma provocação estava certa. As mulheres que se encontravam na praia na Córsega estavam acompanhadas de homens armados com um arpão e tacos de beisebol -- o encontro não aconteceu por acaso. A chegada repentina de outras mulheres com vestimentas islâmicas de cima até em baixo ou de burquínis em outras praias parece ter sido algo planejado com antecedência. Homens com câmeras estavam presentes, esperando, e os lugares são conhecidos por serem monitorados pela polícia.

Os políticos afirmam que respeitam os direitos humanos, mas eles parecem ter esquecido os direitos humanos das mulheres que não usam véu. Eles não estão preocupados com os direitos humanos daqueles que sofrem com a islamização, que já não são livres para escrever, pensar ou simplesmente dar uma volta pela rua.

Ao que tudo indica, os extremistas muçulmanos declararam uma guerra multifacetada na França. Alguns usam a violência para criar medo, outros usam meios menos violentos para criar medo. O objetivo é o mesmo: extremistas muçulmanos já transformaram a França, em grande medida, e eles querem ainda mais.

Eles sabem o que os políticos franceses fazem questão de não saber: que o Islã é não somente uma religião e sim um estilo de vida em sua plenitude, uma doutrina de conquista de um e submissão de outro.

Os extremistas muçulmanos nem tentam esconder o que estão fazendo. Em seu livro Priorities of the Islamic Movement in the Coming Phase, Yusuf al-Qaradawi, presidente da União Internacional de Sábios Muçulmanos e líder espiritual da União das Organizações da França (UOIF), principal movimento islâmico da França, explicou como os muçulmanos que vivem no Ocidente devem proceder: eles podem apelar para o terrorismo, eles podem fazer uso da sedução, explorar o sentimento de culpa dos cidadãos do Ocidente, ocupar espaços públicos, mudar as leis e criar sua própria sociedade dentro das sociedades ocidentais até que estas se tornem sociedades muçulmanas.



Yusuf al-Qaradawi (à esquerda), líder espiritual do principal movimento islâmico da França, explicando que os muçulmanos no Ocidente podem apelar para o terrorismo, eles podem fazer uso da sedução, explorar o sentimento de culpa dos cidadãos do Ocidente, ocupar espaços públicos, mudar as leis e criar sua própria sociedade dentro das sociedades ocidentais até que estas se tornem sociedades muçulmanas. Direita: extremistas muçulmanos na França estão usando as vestimentas islâmicas e os véus islâmicos que cobrem a cabeça como símbolos ostensivos para criar a impressão de que o Islã é onipresente.

Os islamistas na França usam a estratégia de Qaradawi. E dá certo.

Eles não irão parar. Por que deveriam? Ninguém os está pressionando.

Parece que eles acreditam que o futuro lhes pertence. A Taxa de Natalidade também lhes dá esperança. A transformação da França mostra que eles estão certos.

Eles sabem muito bem que a população muçulmana está crescendo, que a maioria dos muçulmanos franceses com trinta anos ou menos se considera antes de mais nada muçulmana e que quer uma França islâmica.

Eles estão vendo que praticamente nenhum político francês, nem mesmo os mais corajosos, se atreve a dizer que o Islã cria problemas e que os jornalistas franceses escrevem sob a ameaça de ações na justiça ou ataques e quase nunca usam a frase "terrorismo islâmico".

Eles estão vendo que praticamente todos os livros que tratam do Islã à venda nas livrarias francesas foram escritos por islamistas ou por autores que elogiam o Islã.

E eles também veem que a população francesa não muçulmana está cada vez maispessimista em relação ao futuro do país.

As pesquisas de opinião mostram que os não muçulmanos irão votar na candidata populista de "direita" nas eleições presidenciais de 2017. As pesquisas também mostram que os não muçulmanos na França, independentemente de quem seja o vencedor, não esperam grandes melhorias.

Após cada atentado na França, o rancor dos não muçulmanos contra os muçulmanos envenena o clima. Mas, de maneira geral, os não muçulmanos são mais velhos do que os muçulmanos e décadas de correção política tiveram uma consequência. Será que os não muçulmanos perderam a vontade de lutar?
Por: Dr. Guy Millière, professor da Universidade de Paris, é autor de 27 livros sobre a França e a Europa. 30 de Setembro de 2016
Tradução: Joseph Skilnik  Do site: https://pt.gatestoneinstitute.org