terça-feira, 8 de novembro de 2016

FRANÇA: A BOMBA-RELÓGIO DA ISLAMIZAÇÃO

O último grupo, definido como "Ultras", representa 28% dos entrevistados caracterizados como os de perfil mais autoritário. Eles afirmam preferir viver longe dos valores republicanos. Para eles, os valores islâmicos e a lei islâmica, ou seja, a sharia vem em primeiro lugar, antes mesmo da lei consuetudinária da República. Eles aprovam a poligamia e o uso da niqabe e da burca. 

"Estes 28% abraçam o Islã na sua versão mais retrógrada, que se tornou para eles uma espécie de identidade. O Islã é o esteio da sua revolta e essa revolta está incorporada em um Islã de ruptura, teorias da conspiração e antissemitismo" de acordo com Hamid el Karoui durante uma entrevista concedida ao Journal du Dimanche. 

Mais importante ainda é que estes 28% se encontram predominantemente entre os jovens (50% estão abaixo dos 25 anos de idade). Em outras palavras, um em cada dois jovens franceses muçulmanos é um salafista do tipo mais radical, ainda que não esteja filiado a uma mesquita. 

É inacreditável que as únicas ferramentas a nossa disposição são as inadequadas pesquisas de opinião. Sem conhecimento, nenhuma ação política — ou qualquer outra ação — será possível. É uma situação que beneficia, incomensuravelmente, os agressivos políticos islamistas. 

Cegueira deliberada é a mãe da guerra civil que está por vir − a não ser que o povo francês opte por sucumbir ao Islã sem esboçar nenhuma reação. 

Recentemente foram publicados na França dois estudos importantes sobre os muçulmanos franceses. O primeiro, com o título otimista: "É Possível um Islã Francês", foi publicado sob os auspícios do Institut Montaigne, um instituto francês, independente, interdisciplinar de estudos francês.

O segundo estudo, intitulado: "Trabalho, Empresa e Questão Religiosa", é a quarta análise conjunta que ocorre anualmente entre o Randstad Institute (uma empresa de recrutamento) e o Observatório da Experiência Religiosa no Trabalho Observatoire du fait religieux en entreprise, OFRE), uma empresa de pesquisa.

Os dois estudos preenchem uma enorme lacuna na esfera da demografia religiosa e étnica e foram amplamente divulgados na mídia. A França é um país que conta com bons demógrafos, estudiosos, professores e institutos de pesquisa, contudo, a coleta de dados oficiais ou estatísticas com base na raça, origem ou religião é proibida por lei.

A população da França é de 66,6 milhões de habitantes, de acordo com um relatório datado de 1º de janeiro de 2016 do Instituto Nacional de Estatística (Insee). No entanto, os questionários do censo proíbem qualquer pergunta sobre raça, origem ou religião. De modo que na França é impossível saber quantos muçulmanos, negros, brancos, católicos, árabes, judeus, etc. vivem no país.

A proibição está calcada em um antigo e saudável princípio que tem como objetivo evitar qualquer tipo de discriminação em um país onde a "assimilação" é o preceito. A assimilação, no estilo francês, significa que qualquer estrangeiro que queira viver no país deve seguir o código comportamental da população local e casar com um autóctone o mais rápido possível. Este modelo de assimilação funcionou perfeitamente para os descendentes de espanhóis, portugueses ou poloneses. Mas com os árabes e muçulmanos, não.

Agora, no entanto, apesar de todas as boas intenções, o preceito que proíbe a coleta de dados que possa levar à discriminação, se tornou um problema de segurança nacional.

Quando um grupo de pessoas, sem papas na língua, que agem com base na religião ou etnia, começam a combater de forma violenta os fundamentos da sociedade em que você vive, é necessário − na realidade urgente - saber que religiões e etnias são essas e quantas pessoas elas representam.

Consequentemente os dois estudos em questão não se baseiam em dados do censo e sim em pesquisas de opinião. O estudo realizado pelo Institut Montaigne, por exemplo, assinala que os muçulmanos representam 5,6% da população metropolitana da França, mais precisamente 3 milhões. No entanto, Michèle Tribalat, demógrafa, especializada em problemas de imigração, realçou que a marca dos 5 milhões já tinha sido ultrapassada por volta de 2014. O Pew Research Center estima que em meados de 2010 a população muçulmana da França era de 4,7 milhões. Outros estudiosos, como Azouz Begag, ex-ministro da igualdade (deixou o governo em 2007) estima que o número de muçulmanos na França gira em torno de 15 milhões.
Estudo do Institut Montaigne: A Secessão dos Muçulmanos Franceses

O estudo realizado pelo Institut Montaigne, divulgado em 18 de setembro, baseia-se em uma pesquisa conduzida pelo Ifop (Instituto Francês de Opinião Pública), que entrevistou 1.029 muçulmanos. O autor do estudo é o consultor Hakim el Karoui, ex-assessor do então primeiro-ministro Jean-Pierre Raffarin (de 2002 a 2005).

Foram destacados três principais perfis muçulmanos:

No topo encontra-se o assim chamado perfil "secular" (46%). Os indivíduos que se encaixam neste perfil afirmaram ser "totalmente seculares, mesmo quando a religião ocupa um lugar importante em suas vidas". Embora afirmem serem seculares, muitos pertencem ao grupo que é a favor do uso da hijab por todas as mulheres muçulmanas (58% dos homens e 70% das mulheres). Eles também se sobrepõem ao grupo (60%) que apoia o uso da hijab na escola, embora a hijab esteja proibida nas escolas desde 2004. Muitos destes "seculares" tambémpertencem a 70% dos muçulmanos que "sempre" consomem carne halal (somente 6% nunca a consomem). De acordo com o estudo, usar a hijab e comer somente carne halal são considerados, pelos próprios muçulmanos, "traços" significativos da identidade muçulmana.

O segundo grupo de muçulmanos, "Grupo Orgulho Islâmico", representa um quarto (25%) dos aproximadamente 1.000 entrevistados. Eles se definem acima de tudo como muçulmanos e reivindicam o direito de praticar sua religião (reduzida principalmente à hijab e alimentos halal) em público. No entanto, eles rejeitam a niqabe e a poligamia. Eles dizem respeitar o secularismo e as leis da República, mas a maioria diz não aceitar a proibição da hijab nas escolas.

O último grupo, definido como "Ultras", representa 28% dos entrevistados caracterizados como os de perfil mais autoritário. Eles afirmam preferir viver longe dos valores republicanos. Para eles, os valores islâmicos e a lei islâmica, ou seja, a sharia, vem em primeiro lugar, antes mesmo da lei consuetudinária da República. Eles aprovam a poligamia e o uso da niqabe e da burca.

"Estes 28% abraçam o Islã na sua versão mais retrógrada, que se tornou para eles uma espécie de identidade. O Islã é o esteio da sua revolta e essa revolta está incorporada em um Islã de ruptura, teorias da conspiração e antissemitismo" de acordo com Hamid el Karoui durante uma entrevista concedida ao Journal du Dimanche.

Hamid el Karoui, falando sobre as opiniões dos muçulmanos franceses em uma entrevista concedida ao Journal du Dimanche ressaltou: "estes 28% aderem ao Islã na sua versão mais retrógrada, que se tornou para eles uma espécie de identidade. O Islã é o esteio da sua revolta e essa revolta está incorporada em um Islã de ruptura, teorias da conspiração e antissemitismo." 

Mais importante ainda é que estes 28% se encontram predominantemente entre os jovens (50% estão abaixo dos 25 anos de idade). Em outras palavras, um em cada dois jovens franceses muçulmanos é um salafista do tipo mais radical, ainda que não esteja filiado a uma mesquita.

A pergunta é: quantos eles serão em cinco anos, dez anos, vinte anos? É importante perguntar porque as pesquisas sempre apontam para um determinado momento, o momento congelado de uma situação. Quando podemos observar que as restrições do véu e dos alimentos halal são impostas a toda a família pelos "big brothers", temos que nos conscientizar que há um processo em andamento, um processo de separação devido à re-islamização de toda a comunidade muçulmana pelos jovens.

A jornalista e autora Elisabeth Schemla assinalou no Le Figaro: para que se possa entender o significado da re-islamização é necessário que haja uma definição do islamismo. A definição mais precisa é dada por um de seus defensores mais fervorosos, o Conselheiro de Estado Thierry Tuot, um dos três juízes escolhidos neste verão para determinar a proibição ou não do uso do burquíni na praia (...). O islamismo, salienta ele, é a "declaração pública de um comportamento social apresentado como uma exigência divina que invade o cenário público e político." Em face desta definição, o relatório de Al Karoui mostra que o islamismo está inexoravelmente se espalhando.
O Islã em Atividade, o Islamismo em Movimento

Esta bomba-relógio está andando silenciosamente... funcionando.

Uma pesquisa de opinião, conduzida entre os meses de abril e junho de 2016 pelo Randstad Institute e pelo Observatory of the Religious Experience at Work (OFRE) Observatório da Experiência Religiosa no Trabalho, que entrevistou 1.405 executivos de diferentes empresas, revelou que de cada três executivos dois (65%) responderam que o "comportamento religioso" é uma manifestação normal no local de trabalho − um salto de 50% se comparado com 2015.

O professor Lyonel Honoré, diretor da OFRE e autor do estudo, reconhece de maneira discreta que "em 95% dos casos", o "comportamento religioso no trabalho está relacionado aos muçulmanos".

Para que se possa entender melhor a importância deste "Islã visível" presente nos escritórios e fábricas francesas nos dias de hoje, temos que levar em conta que, tradicionalmente, o local de trabalho era considerado espaço neutro. A lei não proíbe nenhum tipo de manifestação religiosa ou política no local de trabalho, mas segundo a praxe, tanto empregados quanto empregadores consideravam fundamental a discrição de todos no exercício de sua liberdade religiosa.

O estudo do Ranstad de 2016 mostra que a tradição acabou. Símbolos religiosos proliferam no local de trabalho e 95% dos símbolos visíveis são islâmicos. Expressões explícitas e símbolos do cristianismo e do judaísmo também estão presentes no local de trabalho, sem dúvida, mas são insignificantes se comparados com os do Islã.

O levantamento leva em consideração dois tipos de manifestações das convicções religiosas: 
Práticas pessoais, como por exemplo: direito de faltar ao trabalho nos feriados religiosos, horários de trabalho flexíveis, direito de rezar durante os intervalos do trabalho e direito de usar símbolos religiosos. 
Distúrbios durante o horário de trabalho ou quebra das normas, como a recusa dos homens de trabalharem com uma mulher ou obedecer ordens de uma executiva, recusa de trabalhar com pessoas que não são da mesma religião, recusa de executar tarefas específicas e proselitismo durante o horário de trabalho. 

"Em 2016", segundo o estudo, "o uso de símbolos religiosos (hijab) se transformou na expressão máxima da fé religiosa (21% dos casos, comparado com 17% em 2015 e 10% em 2014). Pedidos para se ausentar do trabalho por conta de feriados religiosos (18%) continua estável mas já ocupa o segundo lugar."

No item "perturbações no trabalho", este estudo politicamente correto observa que os conflitos entre empregados e empregadores por motivos religiosos são poucos: um "evento minoritário", "apenas" 9% dos distúrbios religiosos ocorridos em 2016. Mas apesar disso o número de conflitos aumentou cerca de 50%, se comparado aos 6% em 2015. Os conflitos também triplicaram desde 2014 (3%) e quase quintuplicaram desde 2013 (2%).

Eric Manca, advogado do escritório de advocacia August & Debouzy, especializado em legislação trabalhista, que participava de uma entrevista coletiva, assinalou que quando um conflito é em sua essência religioso e se transforma em litígio, "é invariavelmente um problema relacionado ao Islã. Cristãos e judeus nunca recorrem ao tribunal contra o seu empregador por motivos religiosos". Quando islamistas processam seus empregadores, a jurisprudência mostra que a acusação sempre se baseia em "racismo" e "discriminação" − acusações que, acima de tudo, só podem fazer com os empregadores lamentem tê-los contratado.

As raízes dos conflitos apresentados a seguir englobam o proselitismo (6%) e a recusa de executar tarefas (6%) — por exemplo: recusa do entregador entregar bebidas alcoólicas aos clientes, recusa de trabalhar com uma mulher ou sob a direção de uma mulher (5%) e solicitar trabalhar somente com muçulmanos (1%). Casos como os acima citados concentram-se em setores empresariais "como fornecedores de auto-peças, construção civil, tratamento de resíduos, supermercados... e estão localizados nas periferias das grandes cidades".
Conclusões

O modelo francês de assimilação está acabado. Conforme demonstrado, funciona para todos, menos para os muçulmanos franceses e, ao que tudo indica, as escolas públicas não têm mais condições de transmitir os valores republicanos, especialmente aos jovens muçulmanos. De acordo com Hakim el Karoui:


"Os muçulmanos franceses estão vivendo no olho do furacão com diversas crises ao mesmo tempo. A Síria, como não podia deixar de ser, é a que abala o espírito. Mas também a transformação das sociedades árabes, nas quais as mulheres estão assumindo um novo lugar: o número de estudantes do sexo feminino já ultrapassa o do sexo masculino, as meninas estão recebendo mais educação do que seus pais. A religião, em sua versão autoritária, é uma arma reacionária contra o processo de desenvolvimento. E finalmente, há a crise social: no caso dos muçulmanos, em que dois terços dos trabalhadores e empregados são menores de idade, são as primeiras vítimas da desindustrialização".

A islamização está se expandindo por todos os lados. Nos centros urbanos a maioria das mulheres árabes usa véu e nos bairros mais afastados, as burcas e os nicabes são cada vez mais comuns. No local de trabalho, onde o comportamento não religioso era normalmente a regra, os encarregados tentam aprender a lidar com as exigências islâmicas. Em grandes corporações, como a Orange (telecom), um "diretor de diversidade" foi encarregado de gerir as exigências e os conflitos. Nas pequenas empresas, os encarregados estão desnorteados. Conflitos e litígios estão se multiplicando.

O silêncio dos políticos. Apesar da ampla cobertura da mídia em relação a esses dois estudos, um impressionante silêncio foi a única coisa que se ouviu por parte dos políticos. Isto é muito preocupante, uma vez que também fazia parte do estudo realizado pelo Institut Montaigne algumas propostas para a edificação do "Islã da França", como por exemplo pôr um fim ao financiamento estrangeiro de mesquitas e a formação local de líderes civis e religiosos. Outras ideias, como lecionar árabe em escolas seculares "para evitar que os pais mandem seus filhos para escolas islâmicas" é muito estranho, porque isso iria perpetuar a estratégia fracassada de integrar o islamismo através das instituições. Jovens franceses muçulmanos, mesmo aqueles que nasceram na França, têm dificuldade em falar e escrever francês adequadamente. É por isso que eles precisam, antes da mais nada, falar e escrever francês corretamente.

Os dois estudos, embora sejam apenas um começo, são incrivelmente insatisfatórios. Políticos, jornalistas e todo cidadão precisa saber mais sobre o Islã, seus princípios e seus objetivos no país. É inacreditável que as únicas ferramentas a nossa disposição são as inadequadas pesquisas de opinião. Sem conhecimento, nenhuma ação política — ou qualquer outra ação — será possível. É uma situação que beneficia incomensuravelmente os agressivos políticos islamistas.

Sem mais conhecimento, a negação da islamização e a imobilidade em abordá-la fará com que ela avance. Cegueira deliberada é a mãe da guerra civil que está por vir − a não ser que o povo e os políticos optem por sucumbir ao Islã sem esboçar nenhuma reação.

Por: Yves Mamou, radicado na França, trabalhou por duas décadas como jornalista para o Le Monde. 13 de Outubro de 2016
Tradução: Joseph Skilnik Do site: https://pt.gatestoneinstitute.org
















segunda-feira, 7 de novembro de 2016

QUANTO MAIS O "ESTADO EMPREENDEDOR" FRACASSA , MAIS ADEPTOS ELE GANHA


Apesar de todos os exemplos práticos em contrário, quando iremos aprender?

Com a estrepitosa implosão de todos os recentes experimentos socialistas (Venezuela) e intervencionistas (Brasil e Argentina) na América Latina, restou apenas uma única bandeira a ser empunhada com algum vigor pela esquerda: o estado empreendedor.

O estado empreendedor seria aquele que faz parcerias com — e concede subsídios para — empresas e, com isso, se torna capaz de criar bens e serviços para a população.

Atualmente, a condutora intelectual deste movimento é a professora Mariana Mazzucato. Nascida em Roma a 16 de junho de 1968, mudou-se com os pais, quando ainda tinha 4 anos, para os EUA, país em que viveu quase toda a sua vida até o ano 2000. Atualmente, a doutora Mazzucato leciona "Economia da Inovação" na Universidade de Sussex, no Reino Unido.

Junto a Thomas Piketty e Paul Krugman, pode-se dizer que Mazzucato também já adquiriu um lugar cativo entre os "economistas estrelas" que defendem políticas governamentais intervencionistas, não importa o quanto estas já tenham se revelado desastrosas.

Mas, contrariamente a Piketty e Krugman, que fazem apenas repetir chavões e lugares-comuns, o argumento da professora Mazzucato é, convenhamos, um tanto provocador e original. Segundo suas pesquisas, o setor privado não deveria se queixar dos altos impostos que tem de pagar, e nem das travas regulatórias às quais tem de obedecer. Em vez de reclamar, as empresas e os consumidores deveriam, isso sim, agradecer ao governo, pois impostos e regulamentações são os principais impulsionadores da inovação e do crescimento.

Em seu livro O Estado Empreendedor, a autora se compromete a "demonstrar que o Estado não é um ente burocrático lento e pesado, mas sim a organização mais empreendedora do mercado, a qual assume os investimentos de maior risco."

Por este ponto de vista, quando o estado gasta o dinheiro dos pagadores de impostos com Pesquisa e Desenvolvimento, ele alcança descobertas científicas que o setor privado utilizará para fabricar novos produtos e serviços. Talvez sua frase mais provocadora seja a de que "sem o estado, o Google não existiria".

Mazzucato aplica a mesma lógica ao iPhone e a várias outras inovações que utilizamos no dia a dia, as quais, segundo ela, só existem por causa do estado, a quem deveríamos ser gratos por financiar pesquisas visando a descobertas — ao contrário dos empreendedores privados, que só pensam no lucro.

Esse raciocínio de Mazzucato pode até soar convincente à primeira vista, mas a pergunta inevitável é: não seria ele decorrente de uma análise apressada — para não dizer mal feita — em relação à sequência correta dos acontecimentos?

Para começar, a economista em momento algum se pergunta como o estado conseguiu o dinheiro para financiar pesquisas. Dado que o governo se financia ou por meio de impostos que confisca do setor privado ou por meio de endividamento (títulos públicos que vende ao setor privado), não estaríamos perante uma situação completamente oposta à apresentada por Mazzucato?

Pode ser que o Google só tenha surgido após todos os investimentos estatais feitos pela National Science Foundation (NSF — agência governamental americana que promove pesquisas em todos os campos da ciência e engenharia), mas a pergunta ainda permanece: quantas empresas privadas importantes tiveram necessariamente de existir antes para que o estado pudesse lhes cobrar impostos (ou tomar dinheiro emprestado) para assim poder financiar a criação da NSF?

Mais: a tese de Mazzucato simplesmente não consegue explicar processos fundamentais como a Revolução Industrial. Na época, o gasto estatal direcionado à Pesquisa e Desenvolvimento era praticamente inexistente. Com efeito, em 1930, o gasto estatal em P&D representava somente 14%de todo o gasto com P&D nos EUA (os outros 86% eram privados).

Essas constatações empíricas, por si sós, mostram que o setor privado, quando livre, não vê problema nenhum em assumir riscos e empreender, mesmo não havendo um governo que o subsidie.

Outro ponto completamente ignorado pela tese de Mazzucato é o famoso "custo de oportunidade". Dado que o governo tem de tomar dinheiro do setor privado para financiar pesquisas, então o setor privado inevitavelmente fica com menos recursos para que ele próprio faça pesquisa e desenvolvimento. E também com menos recursos que poderiam ser direcionados a melhores fins. Questão de lógica econômica.

Toda ação econômica carrega custos de oportunidade, e pode gerar consequências não-previstas. O investimento estatal feito com recursos extraídos do setor privado pode obstruir o desenvolvimento de outras áreas da economia, as quais agora, sem recursos suficientes (pois foram confiscados pelo estado), não mais terão como levar adiante seus projetos e inovações.

Apple e Google são os exemplos favoritos de Mazzucato. Segundo ela, sem o estado, tais empresas não existiriam. Além de todos os problemas de custos de oportunidades já citados acima, Mazzucato ignora que várias outras empresas também tiveram acesso ao mesmo investimento estatal em P&D utilizado por Google e Apple, mas nenhuma delas alcançou o êxito de ambas em termos de inovação tecnológica.

O êxito do iPhone, por exemplo, não se deve à tecnologia financiada pelo estado. Já havia outros dispositivos com as mesmas características do iPhone. O êxito do iPhone se deve a seu desenho e a seu sistema operacional. E este foi um desenvolvimento puramente interno, da empresa.

Exemplos práticos

Além de defender a tese de que o estado deve ser o maior responsável pelas pesquisas inovadoras nas áreas fundamentais da ciência e tecnologia, Mazzucato separa o que chama de invenções "ligeiras" — as produzidas pelo setor privado, como novos modelos de tablets — e inovações "grandes", de horizontes mais amplos, como as da área da saúde e mecanismos de "ciclo completo", como a Internet.

Ela afirma que as grandes inovações produzidas nos EUA foram todas financiadas e criadas pelo estado, como a Internet, o GPS (pelo Pentágono) e medicamentos (pelo Departamento de Saúde). E afirma que o setor privado tem "medo" de assumir riscos, o que não acontece com o estado. 

Mas vejamos algumas curiosidades.

A Internet, ou melhor, sua tataravó, foi de fato concebida em plena Guerra Fria por técnicos da NASA, mediante o ARPA (Advanced Research Projects Agency), mas só se expandiu e progrediu com o desenvolvimento da rede em ambiente mais livre, não militar — ou seja, privado —, em que não apenas os pesquisadores, mas também seus alunos e os amigos desses alunos, puderam ter acesso aos estudos já empreendidos e usaram sua inteligência e desenvolveram esforços para aperfeiçoá-los de uma forma fantástica. 

O mesmo processo se deu com a Internet propriamente dita: foram jovens da chamada "contracultura" — e não funcionários do estado —, ideologicamente defensores da difusão livre de informações, que realmente contribuíram decisivamente para a formação da Internet como hoje é conhecida.

Vinton Cerf foi o indivíduo que desenvolveu os protocolos TCP/IP, que são a espinha dorsal (a rede de transporte) da internet. Tim Berners-Lee merece os créditos pelos hyperlinks. Mas foi nos laboratórios da Xerox PARC, no Vale do Silício, na década de 1970, que a Ethernet foi desenvolvidapara conectar diferentes redes de computadores. 

Quanto ao GPS — e poucos sabem disso — foi uma ideia de uma estrela de Hollywood, a belíssima Hedy Lamarr, nome artístico de Hedwig Eva Maria Kiesler (1913-2000), nascida em Viena, estrela sexy de filmes como Idílio Perigoso (1944), Sansão e Dalila (1949), O Vale da ambição (1950) Meu Espião Favorito (1951), e A História da Humanidade (1957), entre muitos outros. Hedy criou a tecnologia básica para o Sistema de Posicionamento Global (GPS, na sigla em inglês) durante a II Guerra Mundial. 

Judaica de origem e horrorizada com o avanço nazista, queria ajudar os EUA e os aliados. Havia aprendido sobre radiocomunicação graças à convivência, ainda na Áustria, com o ex-marido, Fritz Mandl, um rico fabricante de armas e seus colegas engenheiros. E sua contribuição científica aconteceu quando já havia se divorciado de Mandl e fugido para os EUA.

Conforme relatado aqui, a famosa atriz inspirou-se no som do piano para bolar sua maior invenção: em 1940, conheceu o compositor George Antheil, também curioso por ciência. Certa noite, quando tocavam piano, ela se deu conta de que cada tecla emitia uma frequência de longo alcance diferente. E, assim como elas se alternavam rapidamente em uma música, talvez algo parecido pudesse ser aplicado aos espectros de comunicação militar. Aprimorada por Antheil, a análise de Lamarr originou o sistema "salto de frequência", no qual estações de radiocomunicação eram programadas para mudar de sinal 88 vezes seguidas (o mesmo total de teclas de um piano). Com isso, as forças inimigas teriam dificuldade em detectar esse registro alternado, que poderia ser então usado por navios e aviões, para orientar torpedos.

A dupla chegou a patentear a ideia e a ofereceu à Marinha dos EUA, mas foi rejeitada, sob o argumento de que seria demasiadamente cara (existe algo "caro" para governos)? A invenção perdeu — felizmente — exclusividade militar e se tornou a base de várias tecnologias atuais. Ela é aplicada, por exemplo, em satélites de orientação para meios de transporte civis — o famoso GPS (Global Position System) e também no wi-fi e no bluetooth.

E há mais.

Masaru Ibuka, um engenheiro, e Akio Morita, um físico, ambos japoneses, logo após a II Guerra Mundial, procuraram o Ministério da Indústria e Comércio do Japão em busca de recursos para desenvolverem suas ideias. Receberam um sonoro "não"! Resolveram, então, fundar a empresa Totsuko, em maio de 1946, em um grande armazém bombardeado pelos americanos, em Tóquio. A nova empresa não tinha qualquer maquinaria e possuía muito pouco equipamento científico e contava apenas com a inteligência, conhecimentos de engenharia e o espírito empreendedor de Ibuka e Morita. Trata-se, como o leitor já deve ter percebido, simplesmente, da Sony.

Como você poderá ver aqui e também aqui, graças ao espírito verdadeiramente empreendedor desses dois fantásticos homens, a Sony cresceu e hoje seu nome está associado a inovação, tecnologia avançada, qualidade e durabilidade. Ver televisão em uma Bravia, trabalhar em um laptop Vaio, tirar fotos com uma Cybershot, jogar Playstation, gravar com uma Handycam, ouvir música em um Walkman — essas são apenas algumas das "crias" tecnológicas de dois indivíduos, graças ao "não" recebido dos burocratas japoneses. 

Perguntemos à Professora Mazzucato se eles eram funcionários púbicos.

E o que dizer do próprio Steve Jobs, que revolucionou seis indústrias: computadores pessoais, filmes de animação, música, telefones, tablets e publicação digital? Era por acaso funcionário público? E Bill Gates e Paul Allen, criadores da Microsoft em 1975, em Albuquerque, no Novo México? Eram burocratas iluminados ou empreendedores que acreditaram em suas ideias e assumiram os riscos de colocá-las em prática?

Mais exemplos: Jorge Paulo Lehmann é um burocrata? E Alexandre Tadeu da Costa, fundador da Cacau Show? E Antônio Alberto Saraiva, criador da Habib´s? E Romero Rodrigues, da Buscapé Company? E Robinson Chiba, da China in Box? E Flavio Augusto da Silva, que, com apenas 23 anos, decidiu lançar um projeto inovador com o objetivo de, em 18 meses, dar fluência na língua inglesa a adultos, e que, para fundar sua empresa, a Wise Up, usou R$ 20 mil de seu cheque especial, com juros de 12% ao mês? 

Qual o papel exercido pelo estado em todos esses casos, a não ser o de recolher tributos para benefício próprio?

O BNDES nos trouxe algo de bom?

Em 2013, Mazzucato concedeu uma entrevista ao programa "Milênio", da Globonews. Elogiou o então governo brasileiro e o BNDES.

Compreensível. De certa forma, o BNDES faz aquilo que Mazzucato defende: financia, subsidia e participa das decisões de grandes empresas, tornando o estado um empreendedor.

E fazer do estado um empreendedor foi o exatamente o objetivo do BNDES fez na última década. O Tesouro se endividou emitindo títulos que pagam a SELIC e repassou esse dinheiro para o BNDES, o qual então emprestou esse dinheiro a grandes empresas cobrando juros abaixo de 5%, e em prazos que chegam a 30 anos.

Ou seja, utilizando dinheiro de impostos, o governo fez empréstimos subsidiados — e a condições artificialmente favoráveis — às grandes empresas escolhidas por ele. 

Estado empreendedor em sua melhor definição. Mazzucato, com razão, elogiou este arranjo.

Essa política de privilégios a grandes empresas ficou conhecida como a política das "campeãs nacionais", e tinha como objetivo criar empresas fortes e mundialmente competitivas em vários setores da economia: de empreiteiras a telefônicas, passando por frigoríficos, empresa de alimentos, de laticínios e de celulose.

Logo, a política de "campeãs nacionais" nada mais foi do que uma política industrial na qual o governo transferia renda da população para determinados setores ou empresas favorecidas, para que estas então pudessem se desenvolver com a ajuda do estado.

As consequências econômicas dessa política industrial do BNDES foram a explosão do endividamento do governo e a estagnação da economia (explicada em detalhes neste artigo). Já a consequência moral foi a Lava-Jato

E a ideia, em si, contou com o apoio de Mazzucato.

Conclusão

Criatividade só se converte em inovação quando o papel de descobrir as melhores oportunidades para as empresas cabe ao empreendedor, e não ao burocrata.

Mazzucato defende que governo trate o empreendedorismo como se este fosse algo relacionado a planejamentos estratégicos, quando, na verdade, é um processo de descobertas inovadoras.

E a competitividade de uma economia depende desse processo de descobertas.

A inovação e a criatividade são características intrínsecas do ser humano. E elas se desenvolvem com maior ímpeto naqueles países em que predomina a liberdade economia, a qual permite que as pessoas possam se arriscar e usufruir os benefícios de seus empreendimentos. A tese de que a intervenção estatal é a chave para que este processo se desenvolva não apenas atenta contra a lógica econômica, como também serve apenas como argumento para intensificar políticas intervencionistas, as quais sempre se comprovam nocivas para o desenvolvimento de longo prazo dos países.

Quem deve escolher os vencedores do mercado não são os burocratas do estado, como que Mazzucato, mas sim os milhões de consumidores.

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Iván Carrino é analista econômico da Fundación Libertad y Progreso na Argentina e possui mestrado em Economia Austriaca pela Universidad Rey Juan Carlos, de Madri.

Ubiratan Jorge Iorio é economista, Diretor Acadêmico do IMB e Professor Associado de Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Visite seu website.

Leandro Roque é o editor e tradutor do site do Instituto Ludwig von Mises Brasil.
Do site: http://www.mises.org.br/

sexta-feira, 4 de novembro de 2016

O PARASITISMO SINDICAL É OUTRA PRAGA QUE TEM DE SER EXTINTA


Por causa da legislação, sindicatos se tornaram uma maneira legalizada de espoliar o trabalhador

Os sindicatos se dizem organizações preocupadas em promover os interesses dos trabalhadores. Quando destituída de toda a retórica marxista, tal afirmação não é de todo inverossímil: em alguns casos, os trabalhadores de fato possuem interesses em comum, cuja defesa pode ser delegada a um agente especializado (os sindicatos).

Por exemplo, dentro de uma mesma empresa, os empregados podem se coligar para melhorarmarginalmente suas condições de trabalho ou para influenciar em como serão cumpridos alguns dos direitos acordados em contrato com o empregador (calendário laboral, jornadas, forma de alimentação oferecida, turnos de descanso etc.).

No entanto, para resolver esses detalhes — que são de cunho estritamente localizado, peculiares a cada empresa e que variam para cada equipe de trabalho —, não é necessário recorrer a megacorporações sindicais, estilo CUT, Força Sindical e UGT. Basta ter representantes especializados e independentes, os quais, inclusive, podem ser escolhidos entre os próprios integrantes da equipe de trabalho que está sendo representada. Afinal, cada equipe de trabalho é algo muito bem definido, e não uma irreal "classe social".

O motivo de existirem megaburocracias sindicais — só a CUT controla 2.319 sindicatos, ao passo que a Força Sindical e a UGT controlam, respectivamente, 1.615 e 1.277 sindicatos — tem muito pouco a ver com a defesa dos trabalhadores e muito a ver com a necessidade de adquirir influência junto a políticos para arrebatar privilégios concedidos pelo estado.

Perante a casta governante, uma central sindical que represente, de maneira realmente eficaz, algumas poucas dezenas de trabalhadores não tem a mesma importância que outra central sindical que represente, mesmo que de maneira torpe, centenas de milhares de empregados. Vale mais a quantidade do que a qualidade.

O sindicalismo brasileiro

No Brasil, os grandes sindicatos já se converteram naquilo que a literatura econômica classifica como "rentistas" ou "caçadores de renda" (rent-seekers): seu verdadeiro propósito de existir não é representar os trabalhadores (essa é apenas sua desculpa instrumental), mas sim se beneficiar das prebendas regulatórias e monetárias garantidas pelo estado, com as quais alimentam sua própria burocracia interna.

O modelo de organização sindical vigente no Brasil tem raízes na Carta Constitucional de 1937, a qual tinha o objetivo explícito de fazer com que os sindicatos dessem sustentação ao governo, ignorando os interesses dos trabalhadores afiliados.

Esse arranjo se mantém intacto até hoje. Sindicatos servem aos interesses de seus líderes e do governo que os apóia, e não aos interesses de seus membros.

Sendo assim, a pergunta inevitável é: por que os sindicatos prosperam se seus líderes são meros politiqueiros?

E a resposta é: por causa dos privilégios que as entidades sindicais usufruem. Além de serem verdadeiros monopólios protegidos pelo estado, graças à unicidade sindical, eles são financiados compulsoriamente com dinheiro público, a chamada Contribuição Social Sindical — popularmente chamado de Imposto Sindical.

Vale ressaltar: embora ninguém seja obrigado a se filiar a um sindicato, todos os trabalhadores sãoobrigados a contribuir anualmente com o imposto sindical.

A lei estabelece uma contribuição obrigatória equivalente a um dia de trabalho de quem tem carteira assinada ao sindicato de sua categoria. Isto é, há o desconto em folha do trabalhador,mesmo que ele não seja filiado, tampouco se sinta representado por seu sindicato de classe.

Os valores movimentados pelo Imposto Sindical chegam a R$ 3 bilhões por ano. Trata-se de uma mamata para os sindicalistas. E, se há mamata, jamais faltará demanda por ela.

Consequentemente, apenas nos últimos oito anos, houve uma média de mais de 250 sindicatos criados por ano. Já há mais de 15 mil sindicatos operando no Brasil, com mais outros 2 mil esperando o registro

Por uma questão de lógica, não é difícil concluir que criar um sindicato se tornou um grande negócio. Hoje, sindicatos são criados visando apenas a arrecadar a "contribuição obrigatória".

As fraudes, obviamente, só se avolumam. Há desde entidades que são somente um meio para que dirigentes se perpetuem em cargos com altos salários até organizações fantasmas.

Trata-se de uma verdadeira caixa-preta, tendo em conta que, apesar de financiados com recursos públicos, não há qualquer prestação de contas e transparência. Por tudo isso, é comum os sindicatos brasileiros serem considerados irrelevantes.

O que fazer

Por causa desta renda compulsória e garantida, criada pelo estado, os sindicatos foram completamente desvirtuados: de representantes dos trabalhadores, se transformaram emcaçadores da renda destes mesmos trabalhadores

Na prática, são meros parasitas do dinheiro público. Criar um sindicato, hoje, é uma maneira legal de se enriquecer à custa dos mesmos trabalhadores que esses sindicalistas dizem defender.

Obviamente, não deveria ser assim. A questão é simples: o trabalhador não pode ter descontos em seu salário se ele não apóia a luta daquele sindicato. Mais: ele não pode ter descontos em seu salário se ele nem mesmo apóia a própria existência daquele sindicato.

Nesse sentido, um Projeto de Lei que visa tornar facultativa a contribuição dos empregados aos sindicatos foi recentemente apresentado pelo Deputado Federal Paulo Eduardo Martins (PSDB-PR). (Paulo é leitor do IMB e já foi duas vezes entrevistado para o nosso Podcast. Ver aqui e aqui). 

A ideia é que o empregado assine uma declaração manifestando se deseja ou não contribuir para o seu sindicato, podendo, é claro, reconsiderar sua decisão posteriormente.

O ordenamento jurídico brasileiro atual contraria a Convenção 87 da Organização Internacional do Trabalho, que prevê liberdade de escolher e contribuir para o sindicato que o trabalhador preferir. O fim do imposto sindical e o estabelecimento de doações voluntárias dos empregados aos sindicatos gerariam a necessidade de sindicalistas apresentarem um trabalho de fato representativo, a fim de justificar doações e conquistar mais filiados.

Trata-se de algo tão óbvio que nem sequer deveria ser mencionado: sindicatos e as centrais sindicais devem viver do dinheiro pago voluntariamente por seus associados, e não dos repasses compulsórios dos trabalhadores que não são filiados. 

Conclusão

Na prática, o comportamento dos sindicatos de hoje em nada se distingue do das máfias clássicas, com a diferença de que os sindicatos atuam com o apoio do governo. Cobram uma "contribuição compulsória" de todos os trabalhadores e visam apenas ao interesse de sua própria hierarquia.

Uma verdadeira defesa aos interesses dos trabalhadores está no fim da contribuição sindical, uma imposição legislativa que beneficia sindicalistas que não representam ninguém e prejudicam, principalmente, os trabalhadores mais pobres.

Se isso acontecer, veremos quão realmente demandados são os serviços sindicais. Enquanto isso não ocorre, continuamos com a dicotomia 'sindicalismo rico, trabalhador desesperado'.

____________________________________________

Juan Ramón Rallo, diretor do Instituto Juan de Mariana e professor associado de economia aplicada na Universidad Rey Juan Carlos, em Madri. É o autor do livro Los Errores de la Vieja Economía.

Luan Sperandio é graduando em Direito pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e coordenador estadual dos Estudantes pela Liberdade. Fez parte do Movimento Empresa Júnior e atualmente integra os Núcleos de estudo em Arbitragem e em Análise Econômica de Direito Civil da Ufes.

Leandro Roque é o editor e tradutor do site do Instituto Ludwig von Mises Brasil.
Do site: http://www.mises.org.br/

segunda-feira, 31 de outubro de 2016

QUEM FOI CHE GUEVARA?

É hora de tirar a sorridente máscara de Che e revelar a sua verdadeira face.

Hollywood se despede de 2009 com uma fraude monumental: o épico Che, de Steven Soderbergh, com quatro horas de duração, em Castelhano, transformando um assassino marxista sádico num, de acordo com o New York Times, “genuíno revolucionário durante as estações do seu martírio”. [1] A palavra “estações” faz referência a Cristo nas Estações do Calvário – a Via Crucis. O protagonista do filme, Benicio del Toro, realmente comparou “o herói revolucionário cubano Ernesto Che Guevara” a Jesus Cristo. [2]


O Che de Soderbergh é uma ficção criada pela comunidade KGB, da qual fez parte o serviço de espionagem romeno ao qual pertenci – o DIE – numa época que me coloca diretamente na trama. O Che real foi um assassino que comandou pelotões de fuzilamento comunistas e fundou o terrível gulag cubano. Foi também um covarde que obrigou os outros a lutar até a morte pela causa comunista e que mandou para o patíbulo centenas de pessoas que se recusaram a fazê-lo, mas que se rendeu sem luta ao exército boliviano embora estivesse armado até os dentes. “Não me matem” implorou Che aos seus captores. “Valho mais vivo do que morto”. [3] O filme de Soderbergh omite este episódio – o qual demoliria o seu Che.

Eu poderia escrever um livro sobre como o terrorista Che foi transformado num ídolo esquerdista inspirador – como um belo príncipe emergindo lindamente de uma repulsiva lagarta – e pode ser que o faça algum dia. Por enquanto, aqui vai um resumo de como a KGB criou o seu Che de ficção.

Na década de 1960, a popularidade do bloco soviético estava em baixa. A brutal repressão soviética ao levante húngaro de 1956 e o seu papel na crise dos mísseis cubanos de 1962 enojaram o mundo, e cada um dos ditadores dos países satélites soviéticos tentou se safar como pôde. Khrushchev substituiu a “imutável” teoria marxista-leninista da revolução proletária mundial pela política de coexistência pacífica e fingiu ser um defensor da paz. Dubcek apostou num “socialismo com face humana” e Gomulka no lema “deixe a Polônia ser a Polônia”. Ceausescu proclamou a sua “independência” de Moscou e se retratou como um “dissidente” dentre os líderes comunistas.

Os irmãos Castro, que temiam qualquer tipo de liberalização, decidiram apenas maquiar, com uma romântica fachada revolucionária, o seu comunismo desastroso que estava matando o país de fome. Escolheram Che como garoto propaganda, já que ele havia sido executado na Bolívia – na época um aliado dos EUA – e assim podia ser retratado como um mártir do imperialismo americano.

A “Operação Che” foi lançada mundialmente pelo livro “Revolution in the Revolution” – uma cartilha para insurreição guerrilheira comunista escrito pelo terrorista francês Régis Debray – que elevou Che aos altares. Debray dedicou a sua vida a exportar a revolução estilo cubano por toda a América Latina; em 1967, entretanto, uma unidade das forças especiais bolivianas treinada pelos EUA o capturou, juntamente com todo o bando guerrilheiro de Che.

Che foi sentenciado à morte e executado por terrorismo e assassinato em massa. Debray foi sentenciado a 30 anos de prisão mas foi libertado depois de três anos devido à intervenção do filósofo francês Jean Paul Sartre, um comunista romanticamente envolvido com a KGB, que também era o ideólogo do bando terrorista Baader-Meinhof. Sartre aclamou Che Guevara como “o ser humano mais completo do nosso tempo”. [4] Em 1972, Debray retornou à França, onde trabalhou como conselheiro para a América Latina do presidente François Mitterrand, e dedicou o resto da vida a disseminar o ódio contra os Estados Unidos.

Em 1970, os irmãos Castro elevaram a santificação de Che a um novo patamar. Alberto Korda, oficial da inteligência cubana trabalhando secretamente como fotógrafo para o jornal cubano Revolución, produziu uma foto romantizada de Che. Aquele Che agora famoso, com longos cabelos ondulados e usando uma boina com estrela, olhando diretamente nos olhos de quem o vê, é o logo de propaganda do filme de Soderbergh.

É de se notar que esta foto de Che foi apresentada ao mundo por um agente da KGB trabalhando secretamente como escritor – I. Lavretsky –, num livro intitulado “Ernesto Che Guevara”, editado pela KGB. [5] A KGB chamou a foto de “Guerrillero Heroico” e a espalhou por toda a América do Sul – área de influência de Cuba. O editor milionário italiano Giangiacomo Feltrinelli, outro comunista romanticamente envolvido com a KGB, inundou o resto do mundo com a imagem de Che impressa em cartazes e camisetas. O próprio Feltrinelli virou terrorista e foi morto em 1972 enquanto plantava uma bomba nos arredores de Milão.

Ouvi o nome de Che pela primeira vez em 1959, da boca do general Aleksandr Sakharovsky, antigo chefe da inteligência soviética e conselheiro para a Romênia, que mais tarde dirigiu a “revolução” dos Castro e foi recompensado com a promoção a chefe da toda-poderosa organização de inteligência estrangeira soviética, posição que manteve por quinze anos. Ele chegou a Bucareste com o seu chefe, Nikita Khrushchev, para conferências sobre Berlim Oriental e sobre a “nossa Gayane cubana”. Gayane era o codinome geral para a operação de sovietização da Europa Oriental.

Na época, a burocracia soviética acreditava que Fidel Castro era apenas mais um aventureiro, e relutava em apoiá-lo. Mas Sakharovsky havia ficado impressionado com a devoção ao comunismo do irmão de Fidel, Raul, e do seu tenente, Ernesto Guevara, e fez deles os principais protagonistas da “nossa Gayane cubana”. Os dois foram levados a Moscou para serem doutrinados e treinados, e ganharam um conselheiro da KGB.

De volta a Sierra Maestra, Che provou ser um verdadeiro assassino sangue frio nos moldes da KGB – responsável pela morte de mais de 20 milhões de pessoas apenas na União Soviética. “Meti uma bala de calibre 32 no lado direito do seu cérebro, que vazou por toda a têmpora” escreveu Che no seu diário, descrevendo a execução de Eutimio Guerra, um “traidor da Revolução”, a quem matou em fevereiro de 1957. [6] Guerra era a sétima pessoa a quem Che matara. “Para enviar homens para o pelotão de fuzilamento não é preciso provas judiciais”, explicou. “Estes procedimentos são detalhes burgueses obsoletos. Isso aqui é uma revolução! E uma revolução deve se tornar uma fria máquina de matar movida por puro ódio.” [7]

No dia 1° de janeiro de 1959, a “Gayane cubana” venceu, e a KGB encarregou Che de limpar Cuba dos “anti-revolucionários”. Milhares de pessoas foram enviadas para “el paredón”. Javier Arzuaga, capelão da prisão Al Cabaña no início de 1959, escreveu em seu livro “Cuba 1959: La Galeria de la Muerte” ter testemunhado “o criminoso Che” ordenando a execução de cerca de duzentos cubanos inocentes. “Argumentei diversas vezes com Che a favor dos prisioneiros. Lembro-me especialmente de Ariel Lima, um garoto de apenas 16 anos. Che estava obstinado. Fiquei tão traumatizado que em maio de 1959 recebi ordens para deixar a paróquia Casa Blanca, onde ficava La Cabaña … Fui para o México receber tratamento.” [8]

De acordo com Arzuaga, as últimas palavras de Che para ele foram: “Quando tirarmos nossas máscaras, seremos inimigos”. [9] É hora de tirar a sorridente máscara de Che e revelar a sua verdadeira face. O Memorial Cubano no Parque Tamiami, em Miami, contém centenas de cruzes, cada uma com o nome de uma pessoa identificada, vítima do terror comunista de Raul e Che. [10]

Também é tempo de interromper a mentira de trinta anos, reforçada pelo filme de Soderbergh, de que os irmãos Castro e o seu carrasco Che eram nacionalistas independentes. Em 1972, eu estava presente a um discurso de seis horas no qual Fidel pregou a mesma mentira. No dia seguinte, fui a uma pescaria com Raul. Havia outro convidado no barco, um soviético que se apresentou como Nikolay Sergeyevich. O meu colega cubano, Sergio del Valle, sussurrou no meu ouvido “Aquele é o coronel Leonov”. Anteriormente, ele já havia explicado para mim que Leonov era conselheiro da KGB para Raul e Che nas décadas de 1950 e 1960. Lá, naquele barco, para mim ficou claro como nunca que a KGB estava nas rédas da carruagem revolucionária dos Castro. Dez anos mais tarde, Nikolay Leonov foi recompensado por seu trabalho de manipulação de Raul e Che com a promoção a general e representante chefe de toda a KGB.

Na década de 1970, a KGB era um estado dentro do estado. Hoje, a KGB, renomeada de FSB, é o estado na Rússia, e o Che de Soderbergh é o maná dos céus para os representanes dela na América Latina. Meses atrás, duas marionetes do Kremlin – Hugo Chávez e Evo Morales – expulsaram, no mesmo dia, os embaixadores americanos de seus países. Milhares de pessoas carregando o retrato do Che de Soderbergh tomaram as ruas pedindo a proteção militar russa. Navios de guerra russos estão de volta a Cuba – e, mais recentemente, chegaram à Venezuela – pela primeira vez desde a crise dos mísseis cubanos.

“A fraude trabalha como cocaína” costumava dizer para mim Yury Andropov, o pai da contemporânea era russa da fraude, quando ele era chefe da KGB. Em seguida, explicava: “Se você cheirar uma ou duas vezes, não mudará a sua vida. Mas, se você usá-la dia após dia, ela fará de você um viciado, um homem diferente”. Mao tinha a sua própria frase: “Uma mentira repetida centenas de vezes vira verdade”. O filme de Soderbergh sobre Che prova que ambos estavam certos.

Notas:

[1] A. O. Scott, “Saluting the Rebel Underneath the T-Shirt,” The New York Times, December 12, 2008.
[2] Guillermo I. Martínez, “Guevara biopic belies his ruthlessness,” The Sun Sentinel, January 1, 2009, p. 13A.
[3] Idem.
[4] Idem.
[5] I. Lavretsky, “Ernesto Che Guevara, “Progress Publishers, 1976, ASIN B000B9V7AW, p. 5. Initially published in Russian in 1973.
[6] Matthew Campbell, “Behind Che Guevara mask, the cold executioner,”The Sunday Times, September 16, 2007.
[7] Mark Goldblath, “Revenge of Che: no amount of Hollywood puferry will change the fact that commies aen’t cool,” The Wall Street Journal, December 19, 2008.
[8] “The Infamous Firing Squads,” p. 1, as published in http://therealcuba.com/page5.htm.
[9] Idem.
[10] Ibidem.

O general Ion Mihai Pacepa é o oficial soviético de mais alta patente que recebeu asilo político nos Estados Unidos. No Natal de 1989, Ceausescu e a sua esposa foram executados após um julgamento no qual as acusações eram, quase palavra por palavra, extraídas do seu livro “Red Horizons”, subsequentemente traduzido para 27 idiomas.

Publicado no FrontPageMagazine.com em 23 de janeiro de 2009.

ESCRITO POR ION MIHAI PACEPA | 20 NOVEMBRO 2014 
ARTIGOS - DESINFORMAÇÃO

Tradução: Ricardo Hashimoto, editor do blog Letters To Hungary. Do site: http://www.midiasemmascara.org/


domingo, 30 de outubro de 2016

O VERDADEIRO NELSON MANDELA

É falso como dizem os meios de comunicação e como se impôs que Mandela foi encarcerado por se opor ao apartheid. Outros ativistas como o bispo Desmond Tutu se opuseram a este sistema publicamente sem ser censurados ou encarcerados.

Mandela como político foi um fracassado que colapsou uma potência econômica, que fomentou o ódio e cujo legado é uma onda de mortes, violações e crimes que ainda perduram no país.

(Artigo foi escrito em junho de 2013.)

A notícia desta semana foi a saúde do líder político Nelson Mandela. Em seus 94 anos, Mandela está gravemente enfermo e conectado a um respirador artificial, logo morrerá e o mundo terá a imagem de um homem com sorriso que conquista corações que foi mitificado pelo sistema.

O mundo nunca conhecerá o verdadeiro Nelson Mandela e a justiça nunca cairá sobre este homem que encontra-se em uma cama de hospital com milhões de pessoas que choram por ele. Mandela é um ídolo com pés de barro. Por trás desse sorriso e dessa imagem de pacifista encontra-se um dos assassinos mais sem piedade da história. Falar do verdadeiro Nelson Mandela é um assunto incômodo. O sistema o santificou de tal forma que não se admite nenhuma crítica, nenhuma alusão a seu passado nem nada que pudesse manchar essa imagem limpa que ele tem.

Mandela faz parte desses ídolos com pés de barro que o sistema forma, tais como Martin Luther King, Mahatma Gandhi, John Lennon, Benito Juárez, só para mencionar uns quantos. Figuras inquestionáveis, ídolos no mais alto pedestal e cuja vida é uma obrigação admirar sem questionar.

Aos seus 94 anos, Mandela foi elevado à categoria de herói dos pacifistas, anti-racistas e uma figura quase divina para as massas, fazem-lhe homenagens, músicos e políticos lhe rendem sua admiração.

A mídia é uma criadora de mitos e uma tergiversadora da realidade. Eles pode fazer de um terrorista um herói e vice-versa.

O verdadeiro Nelson Mandela está muito distante dessa figura cálida que os meios de comunicação pintam. Seus crimes do passado foram apagados. Se você investigar a vida dele poderá encontrar uma vida de quase milagres, mas nada sobre seu lado obscuro. Porém, logo a verdade sai à luz e o mito Mandela se derruba.

Em 1961 Mandela foi o líder do braço armado do Congresso Nacional Africano (CNA), chamado Unkhonto We Sizwe, grupo responsável por assassinatos, bombas e roubos em lugares públicos. Mandela foi declarado culpado de 156 atos de violência pública e por essa razão foi encarcerado em 1963 e sentenciado a 27 anos de prisão.

É falso como dizem os meios de comunicação e como se impôs que Mandela foi encarcerado por se opor aoapartheid. Outros ativistas como o bispo Desmond Tutu se opuseram a este sistema publicamente sem ser censurados ou encarcerados. Se Mandela foi encarcerado foi por seus crimes, inclusive a organização Anistia Internacional não lhe deu apoio, já que havia considerado a sentença justa.

Mesmo quando saiu da prisão e até nossos dias, Mandela sempre apoiou o terrorismo e guardou um silêncio vergonhoso ante a matança dos boêres no continente africano. Apesar de ser considerado um “herói da liberdade”, Mandela apoiou descaradamente a ditadura comunista em Cuba, a qual chama “um baluarte da liberdade e da justiça”, mas claro que não menciona a pobreza na qual está afundada a população, nem a opressão do “santo” governo comunista. Também apoiou o sangrento regime de Robert Mugabe e o regime chinês.

Sua esposa Winnie Mandela tampouco fica atrás em seu apoio à violência. Nos anos oitenta realizou infames atividades contra seus opositores. Todos aqueles que a ela se opunham eram atados de pés e mãos para depois serem queimados vivos com pneus, inclusive gente de sua própria raça - uma tática de guerrilha própria do CNA. O Congresso Nacional Africano, partido cujo líder mais notável foi Mandela, foi uma organização terrorista culpada de atos terroristas e assassinatos contra a população civil, não só contra a gente branca mas também contra os negros que se negaram a apoiá-los.

Enquanto Mandela fazia sua campanha, o CNA assassinou e torturou camponeses brancos sem que os meios de comunicação falassem a respeito. Após o triunfo de Mandela o CNA passou de organização terrorista a um partido legal, e sua política racista continuou.

Muito dirão que Mandela abandonou a violência mas se equivocam. Durante seu tempo na prisão o presidente Botha ofereceu a Mandela sua liberdade em troca de que renunciasse à violência, mas seu oferecimento foi rechaçado e Mandela nunca renunciou à violência publicamente.

Deixando de lado seu apoio ao terrorismo, o governo do “beato” Mandela foi catastrófico para a África do Sul. Sendo um dos países mais estáveis e prósperos do continente africano passou a ser um país afundado na violência e na ruína econômica.

Atualmente a África do Sul é um dos países mais inseguros e violentos do mundo, tem a maior quantidade de infectados pelo vírus da AIDS e a violência é o pão de cada dia. Entre 20.000 e 25.000 pessoas morrem por ano vítimas da violência em um país multi-cultural e “pacífico”. Durante o governo de Mandela e o CNA, a economia próspera da nação foi para baixo trazendo pobreza, desemprego, violência e falta de oportunidades.

Mandela e o CNA trouxeram também a decadência moral do país. Foram eles que legalizaram o aborto, o jogo e a pornografia. Coisas típicas e legais nos regimes democráticos. As políticas racistas do CNA não são só contra as pessoas brancas senão contra os negros como as pessoas da etnia Zulu. No verão de 2008 o CNA cometeu uma multidão de assassinatos contra imigrantes procedentes de Moçambique, Malawi e Zimbabue.

A moeda sul-africana, que em outros tempos foi de alto valor, em que pese o bloqueio da extinta União Soviética, hoje vale quase nada na África do Sul, o fracasso econômico é evidente em que pese que os meios de comunicação pintarem o país como um paraíso tolerante e multi-cultural.

Concluindo, pode-se dizer que a revolução de Mandela deixou o país na ruína e no caos, porém isso trouxe a democracia, o governo tão santificado e perfeito que nos pintam, e que na realidade é uma falácia que custou milhões de vidas e a decadência da espécie humana.

Mandela como político foi um fracassado que colapsou uma potência econômica, que fomentou o ódio e cujo legado é uma onda de mortes, violações e crimes que ainda perduram no país. 

No ano de 2009 a ONU declarou o dia 18 de julho como o “Dia Internacional de Nelson Mandela”, uma mostra de até que ponto o sistema pode fabricar um ídolo para as massas em cumplicidade com os meios de comunicação e uma espécie decadente cheia de “heróis”.

Atualmente e enquanto o país está afundado na pobreza, enquanto milhares de africanos enfrentam diariamente a insegurança e o desemprego, Mandela viveu em sua mansão rodeado de segurança e a comodidade que o povo não tem.

Sabemos que morrerá dentro de pouco e que nunca pagará por seus crimes, que o mundo continuará admirando-o, mas o verdadeiro Nelson Mandela não desaparecerá, o político inepto, o racista, o terrorista, a mentira fabricada pelo Sistema. Por mais mentiras que os meios de comunicação continuem mantendo sobre este falso herói algum dia a verdade sairá à luz. Mandela morrerá em sua cama, as massas lhe vão chorar e fazer homenagens sem que o mundo saiba de seu lado obscuro. Um verdade que sairá à luz e então o ídolo com pés de barro se derrubará.

Notas da tradutora:
[1] Para corroborar o se diz nesse artigo, veja-se também esta carta do capo do bando terrorista do ELN, Nicolás Rodríguez Bautista, por ocasião da internação de Mandela em junho de 2013: https://www.eln-voces.com/index.php/es/nuestra-voz/comando-central/450-carta-abierta-del-eln-a-madiba

[2] E finalmente, no vídeo “De terrorista a Prêmio Nobel”, Olavo de Carvalho reafirma o que foi dito no artigo:
ESCRITO POR FERNANDO TRUJILLO | 09 DEZEMBRO 2013 
ARTIGOS - CULTURA
Tradução: Graça Salgueiro



EDUCAÇÃO EM QUE A VERDADE IMPORTA


Lembremo-nos dos grandes livros escritos por grandes homens, como Chesterton, Eliot, Lewis e Waugh.

O título deste ensaio, Educação em que a Verdade Importa, foi tirado do subtítulo do livro de Christopher Derrick, Escape from Scepticism: Liberal Education as if Truth Mattered, publicado em 1977. O subtítulo de Derrick por sua vez, foi uma adaptação do subtítulo do bestseller internacional de E.F. Schumacher, Small is Beautiful: Economics as if People Mattered, publicado quatro anos antes. Derrick e Schumacher eram amigos, sendo aquele fundamental em apresentar ao segundo o ensinamento social da Igreja, e estes livros têm mais coisas em comum do que seus assuntos aparentemente diferentes fazem crer. Em ambos, os autores ilustram como o materialismo filosófico da modernidade enfraqueceu os próprios fundamentos da vida civilizada, e como a solução para este problema é um retorno aos conceitos tradicionais de bom, belo e verdadeiro. Schumacher voltou-se para a sabedoria dos antigos para que ela o ajudasse a entender as imperfeições da economia; Derrick voltou-se para a sabedoria dos antigos para corrigir as falhas da academia. Seja abordando o estado precário da economia ou da academia, ambos demonstraram como denegrir o bem, fragmentgar a verdade, e destruir o belo resultaram num mundo falido em termos de riqueza verdadeira.

Num ensaio para The Imaginative Conservative, Chesterton and the Meaning of Education, salientei a sabedoria contida na crítica de G.K. Chesterton à educação moderna. Cabe notar, porém, que a crítica de Chesterton às tolices e falácias presentes no âmago da academia moderna foram ecoadas pela geração de grandes escritores que o seguiram neste caminho. Modern Education and the Classics, de T.S. Eliot, publicado em 1934, complementou Reflections on Education with Special Reference to the Teaching of English de C.S. Lewis, subtítulo de seu A Abolição do Homem. Ambos os livros insistem na ideia de que a a educação não pode ser divorciada da moralidade, e que esta última deve permear a primeira. Da mesma forma, The Idea of a Christian Society (1939) e Notes Towards the Definition of Culture (1948), também de Eliot, encaixam-se como uma luva na posição de Lewis no que concerne à necessidade do Cristianismo em qualquer tentativa de restauração genuína da cultura européia. Mais notável ainda é a descrição que Eliot faz do Homem Oco no poema de mesmo nome, publicado em 1925, que prenuncia os Homens sem Peitos de Lewis no livro A Abolição do Homem e que são ficcionalizados com grande efeito satírico em Essa Força Medonha, que contem uma deliciosa paródia da desintegração e estultificação da academia moderna.

Evelyn Waugh, na sua obra-prima Brideshead Revisited, um romance inspirado por uma frase de uma das histórias do Padre Brown de Chesterton, ridiculariza os homens ocos produzidos pela academia moderna nas figuras de Hooper e Rex Mottram. Hooper não possui nenhuma ilusão especial distinta da névoa envolvente e generalizada de onde ele observa o universo:

Hooper já chorou várias vezes, mas nunca pelo discurso de Henry no dia de São Crispin, nem pelo epitáfio das Termópilas. A história ensinada a ele tinha poucas batalhas; em vez disso, uma profusão de detalhes sobre legislação humana e as recentes mudanças industriais. Gallipoli, Balaclava, Quebec, Lepanto, Bannockburn, Roncesvales e Maratona estas, e a batalha no Ocidente onde Artur caiu, e uma centena de outros nomes cujos clamores, mesmo no meu atual estado árido e desregrado, chamavam irresistivelmente por mim através dos anos com toda a clareza e força da juventude, esses clamores soavam em vão para Hooper… [i]

Tal como Hopper, Rex Mottram serve para personificar o homem oco, o produto grosseiro da academia moderna e desintegrada. Nas palavras da esposa Julia, ele não apenas é ignorante como, ainda pior, é completamente ignorante da própria ignorância:

Você sabe que o Padre Mowbray percebeu a verdade sobre Rex imediatamente, quando custou a mim um ano de casamento para notar. Ele simplesmente não está inteiro ali. Ele não é, afinal, um ser humano completo. É um fragmento pequeno e anormalmente desenvolvido… Eu achava que era uma espécie de selvagem primitivo, mas ele era algo absolutamente moderno e atual, que só esta era pavorosa poderia produzir. Um pequeno pedaço de homem fingindo ser algo inteiro… [ii]

Deixemos os homens sem peitos ponderar com seus botões e os homens ocos com a própria vacuidade. E lembremo-nos dos grandes livros escritos por grandes homens, como Chesterton, Eliot, Lewis e Waugh. E lembremos que grandes homens escrevem grandes livros por causa dos Grandes Livros que eles mesmos leram. Se o século XXI quiser produzir mais grandes homens e livros, deverá restaurar a educação verdadeira; e uma educação verdadeira é uma educação em que a verdade importa.
Notas:

[i] Evelyn Waugh, Brideshead Revisited, New York: Alfred A. Knopf, Everyman’s Library, 1993, pp. 8–9.
[ii] Ibid., pp. 181–2.

Joseph Pearce. “Education as if Truth Mattered”. The Imaginative Conservative, 1 de Março de 2016.
ESCRITO POR JOSEPH PEARCE | 17 OUTUBRO 2016 
ARTIGOS - CULTURA
Tradução: Felipe Alves
Revisão: Rodrigo Carmo
http://tradutoresdedireita.org  Do site: http://www.midiasemmascara.org/


quarta-feira, 26 de outubro de 2016

A ÚLTIMA PALAVRA

Não queremos admitir que estamos fracos. 

Queremos continuar na ocupação agradável de negar a força da Rússia, e os preparativos militares da China.

É nossa desconsideração pelo que é nobre que nos condena. É a nossa desconsideração pela verdade.

“O problema hoje é que as pessoas estão tão monstruosamente auto centradas que elas são incapazes de verem a si mesmas como outra coisa senão como beneficiários exclusivos e como culminação da história, quando na verdade somos todos apenas lajotas na estrada do tempo que estende-se diante de nós. Todos têm sido ensinados que cada pessoa nasceu para a glória, fama e riquezas terrenas, e qualquer coisa aquém disso não pode estar correto e certamente não pode ser a vontade de Deus. Tenho ouvido, em mais de uma ocasíão, cristãos me dizerem com o tom mais sério, “A que propósito as pessoas podem servir e que bem elas podem fazer se estiverem mortas”?
Ann Barnhardt

Para esclarecer a declaração de Barnhardt, especialmente em relação a muitas de nossas autoridades eleitas: “A que propósito eles podem servir, e que bem eles podem fazer se estão vivos?” Se o principal objetivo éviver, e obter um alto cargo, então o que acontece à verdade? Pois o político deve falar o que o eleitor quer ouvir. Neste caso, se o político vive, prospera e obtém um alto cargo – quem vence?
Falsidade, corrupção e traição.

A falsidade preserva o carreirista político. Ele avança escada acima, passo a passo. Observe-os cuidadosamente. Se ele tivesse morrido quando criança, a sociedade teria sido abençoada. Mas ele vive, e avança. E o Demônio possui sua alma. Ele deve seguir um caminho determinado pelo Inferno. Ou do contrário ele pode cair vitimado por alguma verdade indesejável.

Recentemente o General Mark A. Milley, Chefe do Estado Maior do Exército do EUA declarou: “Conquanto o Exército esteja reduzindo sua força final (end-strength), tomamos a decisão deliberada de priorizar a prontidão”. (Em outras palavras, estamos excepcionalmente preparados, mas nossas forças estão diminuindo de tamanho).

Milley não explica a situação em linguagem clara. Ele usa o termo “reduzindo a força final”. Ele faz da prontidão e do obscurecimento uma virtude. Mas quão pronta está uma força pequena demais para triunfar? É um tipo engraçado de prontidão. E contudo o General Milley vive e avança.

Milley pode perguntar: “A que propósito as pessoas podem servir e que bem elas podem obter se elas não forem promovidas à patente de general?” E que general! Pois então, talvez, muitos homens corajosos não morreriam por conta de uma prontidão para ser assaltado por um inimigo superior.

Em 05 de outubro o General Milley disse, “quero ser claro para aqueles que querem nos fazer mal... as forças armadas dos EUA – a despeito de todos os nossos desafios, a despeito de nosso ritmo operacional, a despeito de tudo que temos feito – nós impediremos vocês e golpearemos mais duro do que vocês já tenham sido golpeados antes. Não se enganem quanto a isso”.

Mas Milley é um que está cometendo um engano. Pois a despeito de sua prontidão, ele não está pronto. Ele não está preparado. Ele está ultrapassado.

Ele faz o mesmo ruído que Napoleão III fez em 1870, antes de Sedan. É o mesmo ruído que o Coronel Custer fez antes de Little Bighorn. O exército dos EUA é pequeno, e ultrapassado, e tem um chefe peculiar com um nome peculiar. Todavia o país anseia por tranquilidade numa época de progressivo enfraquecimento nacional. E o general fornecerá tranquilidade se ele não fornecer nada mais. Não queremos admitir que estamos fracos. Queremos continuar na ocupação agradável de negar a força da Rússia, e os preparativos militares da China.

O General Milley citou o embaixador russo na Bretanha: “A ordem estabelecida no mundo está sendo submetida a uma reorganização fundamental... A Rússia pode agora lutar uma guerra convencional na Europa e vencer”. Ah sim, isto é o que os russos estão dizendo. Enquanto estas palavras são escritas, o presidente dos EUA, Barack Obama, incita uma guerra na Síria.

Por que ele faz isso?

Você deveria saber. Você deveria ter prestado mais atenção. Obama opôs-se à guerra no Iraque. Por que ele quer a guerra na Síria? Por que ele provoca uma guerra com a Rússia? O governo russo tem dito que eles irão para a guerra nuclear se os EUA atacarem a Síria. Eles têm dito isso ao povo russo. Eles realizaram um exercício massivo de defesa civil na semana passada. Eles estão se preparando para uma guerra nuclear.

Por que Obama incita a guerra?

Obama diz que uma catástrofe humanitária está se desenrolando na Síria. Portando devemos bombardear a Síria e entrar em guerra com a Rússia. Desta forma Obama previne uma perda de vidas – causando uma guerra nuclear na qual morrem milhões. Isto é o necessário para milhares em Aleppo.

A imprensa santarrona assenta em concordância. Nunca foram mestres da lógica. Pra que serve a lógica, afinal?

Coragem cívica não é algo que eles entendam. Uma pessoa recebe um golpe por dizer a verdade. Então outra recebe um golpe. Isto não ajuda a carreira de ninguém. E eles vivem por suas carreiras, e então têm vivido sempre de joelhos (para uma mentira).

“A que propósito as pessoas podem servir e que bem elas podem fazer se estiverem mortas”? Então a questão foi colocada por Ann Barnhardt. Sim, de fato. Se defendessem a verdade, se lutassem por seu país, se fizessem algo heroico ou importante – que possível bem poderia resultar?

Aquela palavra segura, racional – sem sentimento, sem amor, sem patriotismo, sem paixão – é covardia, e por fim esta covardia leva ao retrocesso. Resulta na promoção de anti-generais, anti-patriotas, que estão muito vivos, e escalaram aos altos cargos. Eles não podem refletir os sentimentos dos heróis mortos. Eles são o oposto de heróis. Interiormente vazios, disfuncionais, cheios de mentiras. Embriagados de ideologia e socialismo. Adoram um ídolo feito a sua própria semelhança vazia. Esses seres fragmentados, feitos de ar quente e papelão, são contrários a si mesmos, incapazes de tomar sentido de alguma coisa – eles são nossos líderes, nossos eruditos, nossos professores. Sim, e nós os temos aplaudido. Cortejamos o Bezerro de Ouro deles.

Em seu livro sobre Nietzsche, Erich Heller escreveu: “A única faculdade verdadeiramente impenetrável do homem é o amor”. Mas ele não quis dizer o tipo de amor que torpemente se agarra à vida. Ele referia-se ao tipo que heroicamente se agarra à verdade. Esta verdade é fundada em retidão, em bondade; e não, como Heller alertou, naquela traição rasteira da verdade que os intelectuais modernos tendem a favorecer, especialmente em sua “desconfiança desrespeitosa da ausência de sentido em qualquer coisa que escape à definição e prova experimental"... É nossa desconsideração pelo que é nobre que nos condena. É a nossa desconsideração pela verdade. 

Novamente, a pergunta formulada por Ann Barnhardt: “A que propósito as pessoas podem servir e que bem elas podem fazer se estiverem mortas?

Por esta pergunta entenderemos que a verdade é irrelevante. Mas na realidade, é a morte que é irrelevante. O que importa é nossa fidelidade à verdade enquanto vivemos.

(Imagem: 'A adoração do bezerro de ouro', Nicolas Poussin, óleo sobre tela, 1634.)
ESCRITO POR JEFFREY NYQUIST | 20 OUTUBRO 2016 
ARTIGOS - CULTURA
Tradução: Flavio Ghetti Do site: http://www.midiasemmascara.org/