quarta-feira, 15 de março de 2017

O NOMINALISMO E O DEFICIT NOMINAL ZERO


Como reduzir a dívida com toda esta má vontade política? 

Só existe uma forma de reduzir os juros em um país.

A única forma de reduzir os juros é reduzindo a dívida.

Todos estes apelos para reduzir os juros diretamente são ingênuos, porque o problema é outro.

Se o governo chegasse para os bancos e dissesse: “Toma seu dinheiro de volta, não quero mais estes empréstimos caríssimos”, os bancos ficariam com um monte de dinheiro parado nas mãos e teriam de reduzir os juros e emprestar novamente para o setor produtivo.

O Estado pagaria juros menores, e mais importante, sobre um total de dívida menor.

Só que todos os nossos governos se recusam a devolver as dívidas que governos anteriores contraíram.

Não há interesse nem estímulo político em pagar o que o governo anterior tomou emprestado e gastou.

Todo prefeito, governador e presidente quer gastar em obras, para se reeleger.

Marta Suplicy se recusou a devolver uma dívida de um bilhão de São Paulo na época, e isso nos custou uns 30 nos próximos 20 anos.

Economistas do PT falavam abertamente em repúdio às dívidas.

Pagar dívida de outro, de fato, não tem a menor graça.

O ex-Ministro da Fazenda Delfim Netto ficou famoso em 1982, ao defender que “Dívida não se paga. Dívida se rola”.

Foi o que todo governo fez desde então, aumentando a dívida cada vez mais ao longo do caminho, e por tabela, os juros.

Como reduzir a dívida com toda esta má vontade política?

O truque seria enganar os políticos, levando-os a devolver finalmente a dívida de governos passados sem que eles soubessem disto.

Nisto está a sutileza e o maquiavelismo da Proposta do Deficit Nominal Zero.

A proposta agora não é mais “rolar a dívida”, mas que o governo pague todas as suas despesas incluindo o “Juro Nominal” da dívida.

1 O “juro” nominal não é juro, é uma ficção da Escola Nominalista, mas todo mundo, a imprensa, a maioria dos professores de economia, os próprios investidores acreditam.

O “juro” nominal é na realidade a soma de um juro real (o verdadeiro juro) mais uma inflação futura, ambos incertos.

2 Pagando-se os “juros” nominais na sua totalidade, a dívida não se manterá constante, como muitos irão acreditar, mas a dívida interna diminuirá em termos reais.

Portanto, o truque é esse.

A inflação embutida no juro, é uma amortização ou devolução do seu próprio empréstimo.

Você fica feliz achando que está ganhando um juro elevado, mas na realidade é seu próprio dinheiro que estão devolvendo.

Esta prática é feita para enganar o aplicador, que acha os “juros” maiores do que “realmente” são e o “juro” nominal mais atraente ao aplicador facilita a vida do Ministro da Fazenda, que tem de colocar títulos do governo no mercado.

Mas com um governo falido, isto se torna um tiro no pé. Nem devolver parte da dívida eles são capazes de fazer.

O Deficit Nominal Zero, simplesmente obriga o governo a reduzir despesas ao ponto de terem como reduzir a dívida em termos reais, e não mais como uma porcentagem do PIB como vinha acontecendo.

Agora a dívida cai mesmo, em vez de aumentar, embora menos do que o PIB. Se a inflação for de 3,5% em 2006, 3,5% da dívida interna será devolvida. Se em 2007 a inflação for de 9%, a dívida será corroída ou devolvida, via “juro” nominal, em 9%.

Este é o primeiro problema do plano, ele sofre da incerteza quanto a inflação futura.

O plano do Deficit Nominal Zero, nunca saberá ao certo em quanto a dívida será reduzida, muito menos quanto de despesas precisam ser cortadas.

Em termos de gestão o plano é impossível de ser gerido.

Se tivermos 100% de inflação a dívida cairia pela metade, mas o governo conseguiria cortar a metade de suas despesas?

O Deficit Nominal Zero, evita o uso das palavras Superavit e Lucro, palavras riscadas do ideário nacional.

Usam o termo Deficit, tão querido pelos intelectuais e economistas de governo.

O Deficit Nominal Zero é na realidade um Superavit Real Positivo.

Um investidor ficará mais tranquilo se ouvir que finalmente haverá de fato um Superavit Positivo ou se ele ouvir esta bobagem semântica de Deficit Nominal Zero?

Paulo Skaf, Presidente da Fiesp, também não entendeu a proposta, ao declarar em nome dos empresários de São Paulo, “Queremos um Superavit Nominal, ainda que seja de 1% ou menos.

Precisamos pagar todas as contas e juros, e ainda sobrar algum dinheiro.

Do contrário, não adiantará nada, o esforço será desperdiçado.”

Não há necessidade de se ter um superavit nominal, o Deficit Nominal Zero já é superavitário, vai sobrar dinheiro até para devolver parte da dívida!

Todos os economistas entrevistados nos primeiros dias de discussão não entenderam.

Uns falaram que só daria para reduzir a dívida se reduzisse os juros, ou seja, justamente o contrário da proposta do Delfim.

O que preocupa é que mentira tem perna curta.

Algum professor de Economia da Unicamp vai ler este meu artigo e descobrir a verdade.

É tão elementar o truque proposto, que não demorará outros descobrirem o que escrevo por si mesmos.

E o plano já recebe “fogo amigo” da Fiesp, porque o plano não é claro, como tudo no Nominalismo.

E se não é claro, como fazer um choque de gestão, se gestão requer ação conjunta sobre metas claras e definidas?

Se não é claro, por que os “juros” iriam despencar de um dia para outro, por que os investidores ficariam mais tranquilos com esta falta de clareza? Um economista realista ou administrador financeiro teria proposto algo muito mais operacional e transparente.

Teria proposto uma política onde o Estado se comprometeria a pagar a totalidade de um juro-real, transparente e definido, o que por si só reduziria os juros pela metade. Seria o juro de mercado, o que permitiria o Banco Central a fazer uma política monetária.

Pérsio Arida também não entendeu o plano do Delfim.

Ao mesmo tempo, o Estado se comprometeria a devolver ao povo brasileiro, digamos, 3, 4 ou 5% da dívida interna ao ano, ou outra taxa politicamente viável.

Seria uma política clara e transparente, o que reduziria ainda mais os juros, por antecipação.

Em 10 anos poderíamos reduzir a dívida em 30, 40, ou até 50%.

De uma forma clara e transparente. Isto sim, reduziria os juros. Na fórmula do Delfim, daqui a 10 anos a dívida terá sido reduzida em quanto? Ninguém sabe, mesmo depois de 10 dias de manchetes, com mais de 50 economistas sendo entrevistados.

Assusta a persistência do pensamento Nominalista neste país que engloba praticamente todas as faculdades de economia daqui, e está por trás de quase todos os nossos erros econômicos nesta história recente.

O brasileiro quer ser enganado para sempre? Engenheiros, contadores, juízes, advogados, professores, psicólogos, querem ser enganados por economistas Nominalistas para sempre?

Vocês querem comprar títulos que dizem pagar 19,75% de “juros” nominais, e achar que estão de fato ganhando esta mentira para sempre?

3 Pior, O Deficit Nominal Zero, deixará os banqueiros torcendo por uma inflação zero, o que mantém a dívida e os juros como estão.

Os industriais, por sua vez, irão torcer por uma inflação de 20%, para que o governo devolva rapidamente a dívida, permitindo que estes recursos sejam reciclados pelos bancos para uma atividade produtiva.

Uma Ideia Antiga.

A ideia do Deficit Nominal Zero é antiga, e foi a causa da estagnação da economia brasileira por 10 anos. A década perdida!

Na crise da dívida externa, nossos ministros da economia, incluindo Delfim, adotaram esta ideia, sem saber.

Nossos economistas Nominalistas da época não perceberam que ao pagar o “juro” nominal aos bancos internacionais, eles estavam pagando muito mais do que os juros, estavam também amortizando a dívida, de forma acelerada, antecipada e injusta.

Gerou uma recessão brutal e desnecessária, mas reduziu, como previ na época, a dívida em termos reais a ponto de não ser mais um problema nacional. Mas, se Delfim tivesse estudado economia real e não nominal teria percebido na época que este mesmo Deficit Nominal Zero foi exatamente o que o FMI e os Bancos na época nos impuseram.

Deficit Nominal Zero não é um plano administrativamente bem construído, porque seus resultados dependem de fatores fora de seu controle, isto é, a inflação futura, mas é um enorme avanço no pensamento social-democrata deste país, ao admitir que dívidas precisam ser devolvidas após um certo tempo, e que a sociedade, o povo e seus trabalhadores não podem pagar juros indefinidamente só para manter a dívida na mão do Estado.

Talvez, somente com a ilusão monetária que o Deficit Nominal Zero proporciona, ao não revelar as suas verdadeiras intenções, possamos iniciar o processo de redução da dívida interna.

A clareza e transparência do Realismo Econômico viriam depois.
Por: Stephen Kanitz  Do site: http://blog.kanitz.com.br/

terça-feira, 14 de março de 2017

SEGUNDO A LEI INTERNACIONAL QUEM SERÁ O RESPONSÁVEL PELAS PRÓXIMAS GUERRAS EM GAZA?

- Os recorrentes ataques com foguetes lançados pelo Hamas contra israelenses não combatentes são atos de terrorismo. Este terrorismo -- todos os tipos de terrorismo, independentemente daqueles assim chamados de "justa causa" -- representam um crime inequívoco segundo a Lei Internacional.


- Quando o terrorismo palestino é o reflexo das populações que entusiasticamente apoiam ataques terroristas e, onde os terroristas podem encontrar refúgio acolhedor no seio da população local, a responsabilidade legal por todos os danos resultantes das ações antiterroristas que se seguirem está nas mãos dos perpetradores.

- De acordo com o direito internacional, que também faz parte da lei dos Estados Unidos, todos os terroristas palestinos são hostes humani generis: "inimigos comuns da humanidade."

- A não distinção aqui entre "judeus" e "israelenses" é intencional. Para o Hamas, o verdadeiro inimigo é identificável pela religião, não pelo território, sendo portanto irremediável. No tocante "aos judeus", isto significa que a única maneira de evitar o terrorismo árabe é desaparecer ou se submeter ao controle islâmico -- se tornarem cidadãos dhimmi, perseguidos, de segunda classe em seu próprio país, assim como os cristãos autóctones agora o são no Egito e em grande parte do Oriente Médio.
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

"A Segurança do Povo Deverá Ser a Lei Maior." — Cícero, Tratado das Leis.

Já está começando de novo. À medida que os terroristas do Hamas estão atacando, indiscriminadamente civis israelenses com foguetes, na cidade de Sderot ao sul de Israel, as retaliações de autodefesa israelense já estão sendo rotuladas como "excessivas" e "desproporcionais". Como de costume, a opinião pública internacional está rapidamente, ainda que de forma estapafúrdia, se mobilizando contra a suposta e subentendida "ocupação" de Israel por meio dos judeus que vivem em sua própria terra bíblica.

Mas e quanto aos fatos? Desde 2005 pelo menos, quando todos os judeus, até não sobrar nem unzinho, deixaram Gaza, não tem como haver "ocupação".

As sistemáticas deturpações do Hamas pioram gradualmente.

Qualquer acusação dessa natureza, no entanto, não tem nenhuma base legal. Em relação à "proporcionalidade", a verdadeira exigência legal quanto à proporcionalidade contida nas Leis Humanitárias Internacionais (a lei sobre os conflitos armados) não tem nada a ver com o número lamentável de mortes que possa haver em qualquer um dos lados. Proporcionalidade não tem nada a ver com a equivalência de mortes causada por cada lado.

Luis Moreno-Ocampo, procurador-geral do Tribunal Penal Internacional, investigou as acusações de crimes de guerra cometidos durante a invasão do Iraque em 2003 e publicou em 2006 uma carta aberta contendo suas conclusões. Constava nesta cláusula o item proporcionalidade:

Segundo as Leis Humanitárias Internacionais e o Estatuto de Roma, a morte de civis que ocorrem durante um conflito armado, não importando o quão grave e lamentável sejam, não constituem em si crime de guerra. As Leis Humanitárias Internacionais e o Estatuto de Roma permitem às partes beligerantes realizarem ataques proporcionais contra objetivos militares, mesmo quando é sabido que haverá um certo número de feridos ou fatalidades civis.

Ocorre um crime se houver um ataque proposital direcionado contra civis (princípio da distinção) ou quando um ataque é lançado contra um objetivo militar mesmo com o conhecimento de que os ferimentos acidentais nos civis seriam claramente exagerados em relação à esperada vantagem militar (princípio da proporcionalidade). [1]

Sob nenhuma circunstância, pelo menos as documentadas, os israelenses são culpados de tais excessos em suas retaliações.

Os recorrentes ataques com foguetes lançados pelo Hamas contra israelenses não combatentes são, basicamente, exemplos de terrorismo. Este terrorismo -- todos os tipos de terrorismo, independentemente daqueles assim chamados de "justa causa" -- representam um crime inequívoco segundo a Lei Internacional.
Nas palavras do líder do Hamas Ismail Haniyeh (esquerda), os túneis que o Hamas cava a partir de Gaza para dentro de Israel (direita), usados para desfechar ataques terroristas não têm apenas o propósito de "defender a Faixa de Gaza, mas também para servir de plataforma de lançamento para atingir toda a Palestina".

Quando o terrorismo palestino é o reflexo das populações que entusiasticamente apoiam ataques terroristas e, onde os terroristas podem encontrar refúgio acolhedor no seio da população local, a responsabilidade legal por todos os danos resultantes das ações antiterroristas que se seguirem está nas mãos dos perpetradores.

Compreendida em termos de um ciclo do terrorismo palestino ainda em curso e da legítima defesa israelense contra o terrorismo, o lado palestino deve assumir total responsabilidade jurídica quanto às vítimas civis que ocorrem em Gaza. Se não houvesse ataques terroristas premeditados contra populações civis israelenses, não haveria nenhum dano infligido por Israel aos palestinos.

É simples assim.

De acordo com o direito internacional, que também faz parte da Lei dos Estados Unidos,[2] todos os terroristas palestinos são hostes humani generis: "inimigos comuns da humanidade". De maneira significativa, segundo a lei, esses assassinos devem ser punidos exemplarmente, onde quer que estejam. Em relação a sua detenção em potencial e a posterior ação judicial são, segundo a jurisdição atual após os julgamentos e os princípios de Nuremberg pós-Segunda Guerra Mundial, expressamente "universais".

Terrorismo, incluindo o terrorismo palestino, é sempre cruel. Além dos foguetes, os assassinos palestinos muitas vezes usam bombas recheadas de pregos, lâminas de barbear e parafusos banhados em veneno de rato, que procuram mutilar e queimar civis israelenses. Este objetivo é normalmente anunciado com elogios e repletos de bênçãos de diversos líderes do clero islâmico.

Nas recorrentes acusações apresentadas pelo clero nomeado pelo Hamas consta a alegação de que "aos judeus falta santidade". A não distinção aqui entre "judeus" e "israelenses" é intencional. Ela ressalta o que a maioria dos observadores parece ainda não entender: para o Hamas o verdadeiro inimigo é identificável pela religião, não pelo território, sendo portanto irremediável.

Se os inimigos do Hamas fossem meramente "os israelenses" e não "os judeus", talvez ainda houvesse uma boa razão para a busca de um "processo de paz" político ou diplomático. Mas para os palestinos, especialmente para o Hamas e os grupos terroristas a ele aliados, os inimigos são, conforme expresso no Estatuto do Hamas, imutavelmente "os judeus". [3]

Com um inimigo desses, jamais haverá um acordo. No tocante "aos judeus",seja em Israel propriamente dito ou em um "território ocupado", isto significa que a única maneira de evitar o terrorismo árabe é desaparecer ou se submeter ao controle islâmico -- ao que tudo indica, tornar os judeus mais uma vez cidadãos dhimmi, perseguidos, de segunda classe em seu próprio país, assim como os cristãos autóctones agora o são no Egito e em grande parte do Oriente Médio.

Há mais ironias. Os comandantes palestinos, mais ou menos ricos, que controlam diretamente o caos dos homens-bomba (que ficaram ricos com as enormes somas de dinheiro sistematicamente roubadas dos fundos da agência da ONU), evidentemente preferem se esconder amedrontados em suas cidades, normalmente tomando muito cuidado para encontrar segurança própria em regiões árabes densamente povoadas.

Atuando em conjunto com diferentes unidades da Força Aérea de Israel (IAF), elementos especiais de contraterrorismo e comando das Forças de Defesa de Israel (IDF) identificam meticulosamente o alvo e têm como objetivo apenas líderes terroristas. Israel sempre procura minimizar qualquer efeito colateral. Ainda assim, não é possível sempre evitar danos, mesmo pela IDF, que obedece seu código de "Pureza das Armas" de forma mais rigorosa do que qualquer outra força armada do mundo.

Ciladas são legalmente aceitáveis em conflitos armados, mas as Convenções de Genebra vetam o posicionamento de combatentes, produção e/ou estocagem de armamentos militares em áreas civis densamente povoadas. Armazenar armamentos militares em áreas civis densamente povoadas é considerado, nos termos do direito internacional "perfídia". É amplamente reconhecido que estas leis também são compulsórias com base no direito internacional consuetudinário.

Perfídia representa uma violação especialmente grave das Leis da Guerra, identificada como "violação grave" no Artigo 147 da Convenção de Genebra IV, que proclama que,

Graves violações às quais o artigo acima se refere são aquelas que envolvem qualquer um dos seguintes atos, se cometidos contra pessoas ou bens protegidos pela presente Convenção: matança deliberada, tortura ou tratamento desumano, incluindo experimentos biológicos que causam intencionalmente grande sofrimento ou ferimentos graves ao corpo ou a saúde, deportação ilegal, transferência ou confinamento ilegal de uma pessoa protegida (segundo as Leis Humanitárias Internacionais), obrigar uma pessoa protegida a servir nas fileiras das forças hostis, privar deliberadamente uma pessoa protegida aos direitos de um julgamento justo e normal prescrito na presente Convenção, tomada de reféns e extensa destruição e apropriação de propriedade não justificada pela necessidade militar, realizada ilegal e desenfreadamente.

O efeito jurídico crucial da perfídia cometida pelos líderes terroristas palestinos em Gaza é imunizar Israel de qualquer responsabilidade por quaisquer danos involuntários causados aos civis árabes resultantes de ações antiterroristas. Mesmo que o Hamas não ataque deliberadamente de forma pérfida, qualquer ligação criada pelos palestinos entre civis e atividades terroristas concederia plena justificativa jurídica a Israel para a realização de todas as ações defensivas necessárias.

De acordo com a lei, o uso da força, qualquer que seja ela, é regido por regras estabelecidas. Todos os combatentes, incluindo os insurgentes palestinos, são obrigados a respeitar as Leis Internacionais da Guerra. Este requisito encontra-se no Artigo 3º, comum às quatro Convenções de Genebra de 12 de agosto de 1949 e também aos dois protocolos das referidas Convenções.

O Protocolo I estende as Leis Humanitárias Internacionais a todos os conflitos que envolvam "autodeterminação", objetivo declarado por todos os combatentes palestinos. Produto da Conferência Diplomática sobre a Reafirmação e Desenvolvimento das Leis Humanitárias Internacionais Aplicáveis aos Conflitos Armados (1977), o protocolo traz todas as forças irregulares para a esfera do Direito Internacional. Neste âmbito, os termos "combatente" e "irregular" são flagrantemente generosos ao descreverem os terroristas palestinos como criminosos fanáticos que "normalmente" visam apenas civis, cujo modo característico de "combate" não é o confronto militar e sim o equivalente ao sacrifício religioso.

No mundo antigo, o estadista romano Cícero escreveu no Tratado das Leis: "A Segurança do Povo Deverá Ser a Lei Maior".[4] na realidade nada mudou. Segundo o Direito Internacional de hoje, Israel tem tanto o direito quanto a obrigação de proteger os seus cidadãos de crimes de terrorismo.

Por: Louis René Beres, Professor Emérito de Direito Internacional na Universidade Purdue.Original em inglês: Who is Responsible under International Law for the New Gaza Wars?
Tradução: Joseph Skilnik 

[1] O Artigo 8(2)(b)(iv) do Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional criminaliza:


"Lançar intencionalmente um ataque com o conhecimento de que o ataque causará perda de vidas ou ferimentos a civis ou danos, generalizados ou não à propriedade, graves e duradouros danos ao meio ambiente natural ainda que contingenciais, que seriam claramente excessivos em relação à concreta e direta vantagem militar antevista como um todo".

[2] Consulte em especial no Artigo 6º da Constituição dos Estados Unidos, a "Supremacy Clause" e diversas decisões da Suprema Corte dos EUA, sobretudo Paquete Habana (1900).

[3] O Estatuto do Hamas estipula:

O Profeta, que Deus o abençoe e lhe conceda a salvação, afirmou: "o Dia do juízo não virá até que os muçulmanos combatam os judeus (matem os judeus) quando o judeu se esconder atrás de pedras e árvores. As pedras e as árvores dirão Ó Muçulmanos, Ó Abdulla, há um judeu atrás de mim, venha e mate-o. Somente a árvore Gharkad, (evidentemente um determinado tipo de árvore) não fará isso porque ela é uma das árvores dos judeus". (segundo al-Bukhari e Muçulmano).

[4] Cícero De Legibus (livro III, parte III, sub. VIII), conforme Ollis salus populi suprema lex esto.

sexta-feira, 10 de março de 2017

COMO GADO PARA O ABATEDOURO?

Se um direito é natural, inerente à condição humana, o Estado pode não o reconhecer, mas ele não deixa de existir.

No Brasil de 2017, a posse e o porte de armas deveria ser objeto de clamor nacional ante o Estado omisso no cumprimento das obrigações.


Quem se alinha com teses sempre desastrosas, como os defensores do desarmamento, por exemplo, senta-se sobre o lado esquerdo do traseiro. Por que será? As exceções são tão raras que não ocupam lugar na arquibancada dos fatos sociais. Não contentes com fincarem pé nos fracassos, nem com andarem por aí arredondando pilar quadrado até que a casa caia, esse pessoal se esmera em espancar o bom conselho e em desqualificar a divergência. Você é contra o desarmamento? Então você é raivoso, da turma da bala; está a serviço da indústria da guerra. Potencialmente, um assassino de aluguel.

No entanto, a entrega compulsória de todas as armas das pessoas de bem tem lugar de merecido destaque na lista das iniciativas absurdas e maléficas já adotadas em nosso país. Responde, diretamente, pelo aumento da criminalidade, tanto em razão do quantitativo quanto da desfaçatez com que os bandidos passaram a agir nos mais variados ambientes e circunstâncias. Percebem-se – e de fato são – “donos do pedaço”, tocadores de gado para o abatedouro ou para o brete da marcação. Rapidamente vamos adquirindo destreza em preencher boletins de ocorrência, aos quais já tratamos na intimidade como "os meus BOs".

Nós, os conservadores, e boa parte dos liberais, cremos que a pessoa humana é titular de direitos aos quais denominamos naturais. Entre eles, o direito à vida, à liberdade e à propriedade dos bens legitimamente havidos. Para os estatistas, socialistas, comunistas e outros totalitários em geral, as coisas não são assim. Entendem que os direitos nos são dados pelo Estado, motivo por que, fonte de todos os direitos, ele se torna, simultaneamente, objeto de reverência e de assédio. Estados vão à falência por conta do assédio. Sociedades são escravizadas por conta da reverência.

O leitor destas linhas pode estar pensando: “Mas se o Estado diz que eu não posso isto ou aquilo, na prática eu não posso mesmo; na prática eu não tenho tais direitos". Ora, se um direito é natural, inerente à condição humana, o Estado pode não o reconhecer, mas ele não deixa de existir. Os criminosos sentenciados têm a liberdade justificadamente tolhida; os presos políticos em regimes não democráticos, tem a liberdade injustificadamente contida. Mas o direito? Ah, o direito permanece na pessoa!

Isso é tão significativo quanto objeto de abuso. Se olharmos a pauta das postulações daqueles corpos políticos a que me referi no início, veremos que atuam invocando o reconhecimento de supostos direitos que seriam naturais aos grupos que manipulam. Normalmente, não são.

Pois bem, a turma das teses desastrosas acabou, simultaneamente, com o sistema penitenciário e com a possibilidade de dar devida vigência repressiva ao Código Penal. A realidade social evidencia que já há mais criminosos soltos do que presos. As baixas contabilizadas pelas estatísticas são indicativas de estado de guerra, e de guerra sangrenta. Em tais condições, nosso direito à vida não pode ser preservado, defendido ou exercido na ausência de legítimo e proporcional direito de defesa. No Brasil de 2017, a posse e o porte de armas deveria ser objeto de clamor nacional ante o Estado omisso no cumprimento das obrigações. Esse não cumprimento se torna ainda mais grave quando, simultaneamente, nos recusa o direito à posse e ao porte de armas de defesa pessoal. Como gado para o abatedouro, não!
Por: Percival Puggina   http://puggina.org 

quinta-feira, 9 de março de 2017

ELIZABETH: MULHER INDEPENDENTE MUITO ANTES DAS FEMINISTAS

Seu pai mandou cortar a cabeça de sua mãe quando ela tinha dois anos e meio de idade.

O casamento dos seus pais foi anulado e ela foi considerada ilegítima, perdendo o direito de suceder o rei. Quando tinha 20 anos, sua meia-irmã se tornou rainha e ela foi presa por suspeita de traição. Aos 25 anos, com a morte da irmã, conseguiu assumir o reino da Inglaterra e Irlanda.

Em 1588, a maior potência do mundo na época, Espanha, construiu a “Invencível Armada” para invadir a Inglaterra, tirar a rainha do trono e anexar o país. Ela venceu a guerra, a Espanha quebrou financeiramente e perdeu parte do protagonismo no mundo.

Seu apoio aos holandeses contra os espanhóis foi fundamental para a independência dos Países Baixos no final do séc. XVI, criando as bases para o “século de ouro holandês” e o nascimento do primeiro país capitalista do mundo. Da Holanda do início do séc. XVII saíram também os colonos para os primeiros assentamentos britânicos na América que criaram os EUA como conhecemos.

Durante seu longo e estável reinado, a Inglaterra viu o florescimento das artes e o nascimento do “teatro elisabetano”, que tinha como seu mais conhecido autor ninguém menos que William Shakespeare.

Mesmo com vários pretendentes, ela preferiu não se casar, sendo conhecida no reino até a morte como “a rainha virgem”. O estado americano da Virgínia foi batizado em sua homenagem.

Seu reinado durou 44 anos e durante o período a Inglaterra se tornou a maior potência econômica, militar e cultural da Europa, conquistando um forte sentimento de identidade nacional.

Mesmo Elizabeth tendo sido um dos grandes monarcas da história há quase 500 anos e durante meio século, professores, jornalistas e ativistas-lacradoras-empoderadas vão dizer que o feminismo foi inventado por eles anteontem. Alguém precisa avisar que não foi.
Por: Alexandre Borges  Do site: https://www.facebook.com/lulaborges?fref=ts

segunda-feira, 6 de março de 2017

"O ISLÃ ESTÁ GANHANDO FORÇA NA EUROPA COM A BENÇÃO DA IGREJA"

- Já há inúmeros observadores católicos questionando a cegueira da Igreja em relação ao perigo que a Europa está enfrentando.


- "O Islã conta com todas as oportunidades para fortalecer, de maneira expressiva, sua presença na Europa com a bênção da Igreja... a Igreja não só está conduzindo o continente a um impasse como também está dando um tiro no pé." — Laurent Dandrieu, editor cultural da revista francesa Valeurs Actuelles.

- "É claro que os muçulmanos têm um objetivo final: conquistar o mundo...O Islã, por intermédio da Lei Islâmica (Sharia), permite o uso da violência contra os infiéis, como por exemplo os cristãos...E qual é a conquista mais importante? Roma". — Entrevista concedida pelo Cardeal Raymond Burke ao Il Giornale.

- "Eles não são refugiados, isso é uma invasão, eles vêm para cá com gritos de 'Allahu Akbar', eles querem assumir o poder". — Laszlo Kiss Rigo, chefe da comunidade católica do sul da Hungria.

- François Fillon publicou um livro que leva o título: Conquistando o Totalitarismo Islâmico, ele subiu nas pesquisas por ter prometido controlar o Islã e a imigração: "temos que reduzir a imigração para o mínimo dos mínimos", salientou Fillon. "Nosso país não é uma soma de comunidades, é uma identidade"!
--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Em breve todos na Itália e no resto da Europa "serão muçulmanos" devido à nossa "estupidez", alerta o Monsenhor Carlo Liberati, Arcebispo Emérito de Pompeia. Liberati afirmou que graças ao grande número de migrantes muçulmanos, aliado ao crescente secularismo dos europeus autóctones, em breve o Islã se tornará a principal religião da Europa. "Toda essa decadência moral e religiosa favorece o Islã", esclarece o arcebispo Liberati.

Decadência também é o título de um novo livro do filósofo francês Michel Onfray, no qual ele sugere que a era judaico-cristã pode ter chegado ao fim. Ele compara o Ocidente ao Islã: "nós temos o niilismo, eles têm o fervor, nós estamos exaustos, eles têm o vigor, nós temos o passado, eles têm o futuro".

O Arcebispo Liberati pertence a uma crescente parcela de líderes católicos que se recusa a aceitar que o futuro irá pertencer ao Islã na Europa. Eles se manifestam abertamente contrários ao Papa Francisco, que não parece estar muito impactado com o colapso do cristianismo devido à queda na natalidade, acompanhada pela apatia religiosa e sua substituição pelo Islã.



Monsenhor Carlo Liberati, Arcebispo Emérito de Pompeia (esquerda) pertence a uma crescente parcela de líderes católicos que se recusam a aceitar que o futuro irá pertencer ao Islã na Europa e que se manifestam abertamente contrários ao Papa Francisco (direita).

A visão oficial do Papa Francisco é personificada pelo Bispo Nunzio Galantino que foi nomeado pelo Pontífice ao posto de Secretário Geral dos Bispos da Itália. Em dezembro passado Galantino concedeu uma entrevista à imprensa na qual ele descartou que qualquer motivação religiosa esteja por trás dos ataques jihadistas afirmando que na realidade eles estão atrás do "dinheiro".

Já há inúmeros observadores católicos questionando a cegueira da Igreja em relação ao perigo que a Europa está enfrentando. Um desses observadores é o editor cultural da revista francesa Valeurs Actuelles, Laurent Dandrieu, que salienta:

"O Islã conta com todas as oportunidades para fortalecer, de maneira expressiva, sua presença na Europa com a bênção da Igreja. A Igreja contempla o estabelecimento de milhões de muçulmanos na Europa... e o culto muçulmano em nosso continente como inevitável manifestação da liberdade religiosa. Mas simplesmente jamais se menciona a questão civilizacional... Ao se afastar dos povos autóctones da Europa e dos seus legítimos temores, a Igreja não só está conduzindo o continente a um impasse como também está dando um tiro no pé".

Dandrieu apresenta uma série de gestos e discursos do Papa Francisco a favor do Islã e dos migrantes:

"Em 01 de outubro de 2014 o Papa recebeu sobreviventes eritreus de um naufrágio ocorrido na costa de Lampedusa, em 8 de Fevereiro de 2015 ele fez uma visita surpresa a um campo de refugiados em Ponte Mammolo que fica na região nordeste de Roma, em 18 de abril ele aproveitou a primeira visita oficial do novo presidente italiano Sergio Mattarella para exigir "um comprometimento muito maior" no tocante aos migrantes, em 6 de Setembro de 2015 no final das orações do Angelus na Praça de São Pedro, ele conclamou cada paróquia, comunidade religiosa, mosteiro e santuário na Europa a acolher uma família de refugiados, em 24 de Março de 2016 ele escolheu um alojamento que abrigava 900 refugiados para celebrar a Quinta-Feira Santa e lavar os pés de doze candidatos a asilo, em 28 de maio ele recebeu crianças cujos pais tinham falecido em um barco que naufragou repleto de migrantes, durante a audiência geral de 22 de junho o Papa Francisco se misturou à multidão para resgatar quinze refugiados".

No entanto, conforme mostra o caso de Liberati, a resistência à visão do Papa Francisco em relação à Europa está aumentando dentro da Igreja Católica.

"É claro que os muçulmanos têm um objetivo final: conquistar o mundo", salientou o Cardeal Raymond Burke .

"O Islã, por intermédio da Lei Islâmica (Sharia), quer dominar o mundo, permitindo o uso da violência contra os infiéis, como por exemplo contra os cristãos. Mas achamos difícil reconhecer esta realidade e responder defendendo a fé cristã (...) Tenho escutado inúmeras vezes a seguinte ideia islâmica: 'o que não conseguimos fazer com as armas no passado, estamos fazendo hoje com a taxa de natalidade e imigração'. A população está mudando. Se continuar assim, em países como a Itália a maioria será muçulmana (...) O Islã alcança a sua meta na conquista. E qual é a conquista mais importante? Roma".

O primeiro a assinalar esse rumo dramático foi o missionário mais importante da Itália, Padre Piero Gheddo, ressaltando que devido à queda da fertilidade somada ao fervor muçulmano", o Islã irá, mais cedo do que se imagina, conquistar a maior parte da Europa". Esse temor não se restringe apenas à ala conservadora da Igreja Católica.

O Cardeal Christoph Schönborn, Arcebispo de Viena, cotado como candidato a ser o próximo papa, muito próximo do Papa Francisco, é um centrista. Em setembro passado, no aniversário do Cerco à Viena, quando tropas otomanas da Turquia por pouco não conquistaram a Europa, Schönborn emitiu um apelo dramático para salvar as raízes cristãs da Europa. "Muitos muçulmanos querem e dizem que a Europa está acabada", enfatizou o Cardeal Schönborn, em seguida acusou a Europa de "esquecer sua identidade cristã". Ele então alertou, de forma contundente, sobre a possibilidade da "conquista islâmica da Europa.

Depois que um tunisiano, que chegou em meio à avalanche de imigrantes à Alemanha, assassinou 12 pessoas em uma feira natalina em Berlim, o arcebispo católico da capital alemã Heiner Koch, outro líder católico "moderado" nomeado pelo Papa Francisco, também soou o alarme: "talvez nós nos ativemos demais em cima da imagem radiante da humanidade, no que é louvável. A esta altura, no último ano ou talvez também nos últimos anos, vimos que não, também há o perverso".

O chefe da Igreja Católica Romana Tcheca, Miloslav Vlk, também fez um alerta sobre a ameaça da islamização. "Os muçulmanos na Europa têm muito mais filhos do que as famílias cristãs, isso explica porque os demógrafos chegaram à conclusão de que em determinado momento a Europa se tornará muçulmana", segundo afirmou o Cardeal Vlk. Ele também culpou a própria Europa pela conquista islâmica:

"A Europa vai pagar muito caro por ter abandonado seus fundamentos espirituais, este é o último período que não irá continuar por décadas, quando ainda é possível fazer algo a respeito. A menos que os cristãos acordem, a vida será islamizada e o cristianismo não terá forças para marcar seu caráter na vida das pessoas, isso sem falar na sociedade".

O Cardeal Dominik Duka, Arcebispo de Praga e Primaz da Boêmia também questionou a "cultura de boas-vindas" do Papa Francisco.

No âmbito dos bispos católicos orientais há muitas vozes levantando temores quanto à revolução demográfica e religiosa na Europa. Uma dessas vozes é a do líder dos Católicos do Líbano, os quais pagaram um preço altíssimo em virtude da islamização de seu próprio país, incluindo assassinato e exílio e agora vê o mesmo perigo vindo para a Europa. "Tenho ouvido muitas vezes de muçulmanos que seu objetivo é conquistar a Europa com duas armas: a fé e a taxa de natalidade", ressaltou o Cardeal Bechara Rai.

Outra voz é a do Bispo Paul Desfarges, natural da França, que dirige a diocese de Constantine na Argélia: "não é de se admirar que o Islã assumiu uma importância dessa envergadura", salientou Desfarges. "É um problema que preocupa a Europa". O Cardeal de Sydney, George Pell, logo urgiu "um debate sobre as consequências da presença islâmica no mundo ocidental". Pell foi ecoado por Laszlo Beijo Rigo, chefe da comunidade católica do sul da Hungria, que afirmou: "eles não são refugiados, isso é uma invasão, eles vêm para cá com gritos de 'Allahu Akbar', eles querem assumir o poder".

Na esfera política há outra propensão, a de fortes líderes católicos que desafiam o Papa Francisco na questão islâmica e da imigração. O mais importante deles é o candidato à presidência da França François Fillon, um dos primeiros políticos que "não esconde o fato de ser católico". Fillon publicou um livro que leva o título: Conquistando o Totalitarismo Islâmico, ele subiu nas pesquisas por ter prometido controlar o Islã e a imigração: "temos que reduzir a imigração para o mínimo dos mínimos", salientou Fillon. "O nosso país não é uma soma de comunidades, é uma identidade"!

Estes políticos, bispos e cardeais podem convencer o Papa Francisco a não abandonar a Europa, o berço do cristianismo e da civilização ocidental a um iminente e sombrio destino tomando forma no horizonte. Michel Onfray escreveu no final de seu livro: "os valores judaico-cristãos governaram por dois milênios. Um período honroso para uma civilização. O barco está afundando neste momento: só nos resta afundar com elegância". É urgente evitar isso. Já!
Por: Giulio Meotti, Editor Cultural do diário Il Foglio, é jornalista e escritor italiano.
28 de Fevereiro de 2017
Tradução: Joseph Skilnik Do site: https://pt.gatestoneinstitute.org




quinta-feira, 2 de março de 2017

MINHA QUERIDA ESTATAL - E COMO OS POBRES SUBSIDIAVAM MEUS PASSEIOS DE TREM

Cem pessoas sentam-se em um círculo, cada uma com seu bolso cheio de centavos. Um político caminha por fora do círculo, pegando um centavo de cada pessoa. Ninguém se importa; quem se importa com um centavo?


Quando o político dá toda a volta em torno do círculo, joga 50 centavos para uma pessoa, que se sente cheia de alegria com a sorte inesperada.

O processo é repetido. Um centavo é novamente recolhido de cada uma das 100 pessoas e, ao final, 50 centavos são entregues para outra pessoa.

E assim vai, até que cada uma das cem pessoas tenha recebido 50 centavos.

Após cem voltas, cada indivíduo está 100 centavos mais pobre e 50 centavos mais rico. E todos estão felizes.

Essa história acima foi criada por David Friedman, e explica não apenas por que os brasileiros gostam de programas governamentais, como também por que eles torcem o nariz para privatizações.

Se alguém perguntasse aos participantes do jogo se eles defenderiam o fim do sorteio dos 50 centavos, muitos diriam que não, claro que não.

Seria injusto acabar com o jogo que deixa tanta gente feliz e que "enriquece" cada uma em 50 centavos (os 100 centavos perdidos paulatinamente não são notados; os 50 centavos ganhos de uma só vez são perfeitamente percebidos).

As universidades públicas, por exemplo, representam os ganhos de 50 centavos. Quem entra em uma universidade pública ganhou os 50 centavos do exemplo acima. O curso de um aluno na Unicamp, segundo os cálculos de Felippe Hermes, pode custar 79 anos de impostos de um trabalhador que ganha salário mínimo. Mas ninguém vê esse custo — ele é disperso entre todos, enquanto a universidade gratuita é concreta, grandiosa e sem mensalidade.

É claro que, se um jornal sugerir a venda das universidades, como fez O Globo recentemente, as pessoas reagirão com histeria.

Uma enquete do Instituto Paraná Pesquisas, divulgada esta semana, mostrou que 61% dos brasileiros não querem que o governo Temer privatize os Correios, os bancos públicos ou a Petrobras.

Estatais (e o serviço público em geral) têm benefícios concentrados e aparentes, enquanto os custos são ocultos e dispersos entre os cidadãos. Você não sente pagar, mas sabe muito bem quando está recebendo alguma coisa que parece de graça. Por que ser a favor de empresas privadas se elas raramente dão coisas gratuitamente?

Trens e aviões

Semanas atrás, uma reportagem do Jornal do Comercio afirmou que a malha de trens de passageiros no Nordeste sofreu desmonte depois que as ferrovias foram privatizadas.

Eu tive uma impressão parecida quando a RFFSA foi privatizada no Paraná. Na época da "rede" estatal, pagávamos uma ninharia para descer a Serra de trem até Paranaguá; depois da venda, o preço explodiu. Maldita privatização!

A mesma reação tiveram os espanhóis diante da privatização da Iberia, a empresa de aviação. "Quando era estatal, era uma delícia", me contou uma amiga espanhola tempos atrás. "Custava pouco e tinha espumante liberado pra todo mundo." Depois da privatização, fim da mordomia.

O que eu, os universitários, minha amiga espanhola e os passageiros de trens do Nordeste não percebíamos é o custo do serviço público. Todos pagávamos para manter linhas de trem deficitárias, obras superfaturadas, universidades em greve e trens e aviões sucateados. Mas esse custo chegava em forma de impostos, dívida pública e inflação, que afetavam majoritariamente os mais pobres, enquanto os mais ricos ainda auferiam alguns benefícios. 

E, ironicamente, é exatamente em nome dos mais pobres que muitos defendem a existência de estatais.

Os serviços "grátis" criaram a hiperinflação dos anos 1980 e tornaram nossos pais incapazes de pagar a faculdade dos filhos, mas era difícil relacionar a ferrovia estatal ou a universidade pública à crise do país.

A privatização ajudou a diminuir o rombo das contas públicas e, com isso, ajudou no fim da hiperinflação. Mas tornou aparentes custos que antes eram invisíveis, enquanto a carga tributária só aumentou.

Não é à toa que tantos brasileiros ainda hoje rejeitam vender as estatais.
Por: Leandro Narloch Do site: http://www.mises.org.br/


terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

OS TEMPOS DE HOJE, COMO NOS TEMPOS DE ROMA

É impossível não relacionar a decadência moral do Império Romano à fragilidade dos costumes apregoados pela modernidade.


Olhar para alguns capítulos mais distantes da história pode ser ocasião para grandes aprendizados: a lição dos heróis e dos gigantes de outros tempos pode indicar-nos a direção a trilhar enquanto, por outro lado, as imprevisões e erros antigos aconselham ao homem moderno qual caminho não tomar.

A história da Roma Antiga tem suas páginas memoráveis – e isto comprovam tanto os belos monumentos artísticos produzidos na época quanto as importantes obras arquitetônicas que uniam um extremo ao outro do Império. O próprio ambiente de pax romana que surgiu ao alvorecer do primeiro milênio foi o que possibilitou aos habitantes da Cidade Eterna granjear relativa estabilidade e tranquilidade, além de presenciar a expansão da religião cristã, cuja semente só caiu em terreno fértil porque aquela era, no dizer de São Paulo, "a plenitude dos tempos" (Gl 4, 4).

Ao mesmo tempo, porém, à narrativa de alguns costumes decadentes no Império Romano é impossível não relacionar a fragilidade moral dos tempos atuais. Enquanto Jesus nascia, em Belém, na Palestina, o ambiente que o circundava era repleto das mais terríveis maldades, práticas que, infelizmente, o homem contemporâneo tem descido para recuperar, precipitando a civilização em uma nova – e mais devastadora – ruína.

E as semelhanças não são poucas, a começar pela excessiva intervenção do Estado na vida dos indivíduos. O historiador francês Daniel-Rops avalia: "Em todos os tempos e países, a substituição das tendências naturais do homem pela vontade do Estado é sempre um indício de decadência. Um povo está muito doente quando, para viver honestamente e ter filhos, necessita de prêmios ou de regulamentos" [1].

Em Roma, "uma massa popular mais ou menos ociosa, formada por camponeses desenraizados, trabalhadores autônomos agora privados de trabalho, escravos libertos e estrangeiros cosmopolitas" formou um terreno fértil para o parasitismo estatal:

"O antigo romano, tão sólido no seu trabalho, torna-se o 'cliente', o parasita, a quem a 'espórtula' remunera uma fidelidade suspeita. Os imperadores têm de contar com esta plebe lamentável e por isso a rodeiam de atenções. Mas um povo não se habitua à mendicidade e à preguiça sem que a sua alma seja atingida. Em breve a covardia e a crueldade andarão de mãos dadas com o vício, e o vício, como diz a sabedoria popular, é a mãe de todos os males. Já não há quem queira combater nas fronteiras, como não há quem queira trabalhar a terra. E assim aquela imensa multidão, para se distrair, irá procurar nos jogos do circo os prazeres que acabam por degradar a sensibilidade humana." [2]

Muitos dos nossos contemporâneos têm substituído a livre iniciativa, os seus próprios sonhos e projetos, para viver à custa do Estado, granjeando benefícios sem passar pelo fardo duro do trabalho; têm preferido a medíocre política panem et circenses a uma vida de batalha diária na família, no trabalho ou nos estudos - uma vida de sacrifícios, sim, mas de muito maior e mais nobre valor moral.

Ao lado desta dependência lamentável do Estado, é crescente o drama de uma sociedade estéril. Vários países europeus, para conter o "inverno demográfico", veem-se obrigados a dar incentivos à sua população para que ela queira ter filhos. O antinatalismo hoje reinante na Europa é, pouco a pouco, exportado para os países subdesenvolvidos, fazendo com que as famílias diminuam o número de seus filhos aos limites de seu egoísmo. Há até um lobby a nível mundial comprometido com a redução em massa da população do planeta.

Este lobby, pesadamente financiado por grandes organizações internacionais, não se contenta em distribuir à população os instrumentos para a contracepção artificial, transformando o sexo em um "parque das diversões", como também procura implantar, em todo o mundo, o chamado "aborto livre e seguro". Como causa e consequência disto está o grande número de mulheres que procuram clínicas para assassinar seus próprios filhos.

Qualquer semelhança com o decadente Império Romano não é mera coincidência. "Uma inscrição do tempo de Trajano dá-nos a conhecer que, de cento e oitenta e um recém-nascidos, cento e setenta e nove são legítimos, e destes, apenas trinta e cinco são meninas, o que prova suficientemente a facilidade com que as pessoas se desembaraçavam das meninas e dos filhos naturais" [3].

Ao fundo de tudo isto, estava a cegueira de um povo que, ludibriado pelas benesses estatais, divinizava seu imperador. "O culto imperial não cessará de crescer ao longo dos dois primeiros séculos. Todos os sucessivos senhores do Império o estimularão (...) por verem nele, em última análise, uma forma de lealismo e a expressão visível da dedicação dos súditos ao seu senhor" [4].

Se é verdade que o culto a personalidades políticas é bem evidente em países que sofreram com a dominação socialista, todavia o que mais se assemelha à pretensão romana de uma religião universal é, sem dúvida, o projeto globalista new age. Em uma das conferências do Milênio promovidas pela ONU, em 2000, organizou-se uma coalizão chamada United Religions Initiative["Iniciativa das Religiões Unidas"], cujo propósito é nada menos que "superar as religiões dogmáticas" [5], rumo à ereção de uma nova religião universal.

É claro que esta pretensão internacionalista não pode conviver pacificamente com a religião cristã, essencialmente dogmática, assim como a comunidade dos primeiros seguidores de nosso Senhor representava um verdadeiro insulto ao culto ao Imperador. Novamente, o poder maligno da Besta, narrado no Apocalipse de São João, manifesta-se em toda a sua impiedade e malvadeza. Nunca se viu tanto esforço para emular a decadência de um Império.
Por Equipe Christo Nihil Praeponere Do site: https://padrepauloricardo.org

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

QUEBEC: A CRISE DO OCIDENTE

- Quebec, assim como todo o Ocidente está enfrentando uma crise existencial, religiosa e demográfica.


- A escalada de óbitos em Quebec está inequivocamente ligada aos apelos para o aumento da imigração. O primeiro-ministro do Canadá Justin Trudeau, que pôs um fim à campanha militar contra o Estado islâmico, simplesmente convidou migrantes muçulmanos a virem ao seu país.

- A resistência ao dramático colapso do cristianismo em Quebec não requer necessariamente um novo abraço ao velho catolicismo, mas com certeza necessita de uma redescoberta racional sobre o que a democracia ocidental deveria ser. O que inclui a apreciação da identidade ocidental e dos valores judaico-cristãos - tudo o que o governo de Trudeau e grande parte da Europa, ao que tudo indica, se recusam a aceitar.
--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Bem-vindo a Quebec, com o seu sabor de uma antiga província francesa, com suas belas paisagens, onde as ruas levam o nome de santos católicos e onde um atirador acaba de assassinar seis pessoas em uma mesquita.

A violência pode ser a consequência de convulsões sociais, como no massacre na ilha de Utoya na Noruega em 2011, um país que se orgulhava ser ultrasecularizado, parte da "boa sociedade" global. Quebec também, assim como todo o Ocidente está enfrentando uma crise existencial, religiosa e demográfica.

George Weigel escreveu recentemente uma matéria na revista norte-americana First Things chamando Quebec de "bairro livre de catolicismo". "Não existe um lugar mais árido em termos religiosos", ressaltando: "provavelmente não há um lugar mais árido, em termos religiosos no planeta entre o Polo Norte e a Tierra del Fuego".

Sandro Magister, um dos mais proeminentes jornalistas da Itália em assuntos católicos salientou ": enquanto se conversa em Roma, Quebec já está perdida".

As edificações católicas em Quebec estão vazias, o clero está envelhecendo. Hoje em dia no interior da Igreja de Saint-Jude em Montreal os instrutores de fitness tomaram o lugar dos padres católicos. O Théatre Paradoxe em Montreal agora se encontra onde estava anteriormente a igreja de Notre-Dame-du-Perpétuel-Secours antes de fechar. A antiga nave cristã agora é usada para concertos e conferências, aos domingos os hinos cristãos foram substituídos por shows de discoteca.
A Igreja de Saint-Jude em Montreal virou o "spa Saint-Jude" dos "adoradores do bem-estar", totalmente equipado com personal trainers, festas badaladas com coquetéis e bancos estilosos em forma de crucifixo nos vestiários (Imagem: captura de tela de vídeo da Montreal.TV).


A Diocese de Montreal vendeu 50 igrejas e outros edifícios religiosos nos últimos 15 anos. Em 24 de Maio de 2015 foi celebrada a última missa na famosa Igreja de São João Batista, dedicada ao padroeiro dos franco-canadenses. O Bispo Auxiliar de Quebec Gaetan Proulx disse que a "metade das igrejas de Quebec" irão fechar nos próximos dez anos.

No filme "The Barbarian Invasions (As Invasões dos Bárbaros)" de Denys Arcand, "há uma cena em que um padre católico analisa peças de arte religiosa sem muito valor, que abarrotam a sua diocese, para mostrar a sua irrelevância. O velho padre diz:

"Quebec costumava ser tão católica quanto a Espanha ou a Irlanda, todos eram religiosos. Em um determinado momento nos idos do ano de 1966, a bem da verdade, as igrejas de repente, em questão de meses, ficaram vazias, Um fenômeno estranho que ninguém jamais foi capaz de explicar".

"O homem sem história, sem cultura, sem país, sem família e sem civilização não é livre: ele está nu e condenado ao desespero", ressalta o filósofo de Quebec Mathieu Bock-Côté.

O estado em que se encontra hoje o catolicismo em Quebec é realmente desesperador. Em 1966 havia 8.800 padres, hoje há 2.600, cuja maioria é idosa, muitos já residem em lares para idosos. Em 1945 a missa semanal contava com a participação de 90% da população católica, hoje são 4%. Centenas de comunidades católicas simplesmente desapareceram.

O Conselho de Quebec do Patrimônio Religioso reportou que somente em 2014 um número recorde de 72 igrejas foram fechadas. A situação é ainda pior na Arquidiocese de Montreal. Das 257 paróquias em 1966, havia 250 em 2000 e em 2013 apenas 169 paróquias. O cristianismo parecia estar em risco de extinção. O Arcebispo de Montreal Christian Lépine impôs uma moratória sobre a venda de igrejas.

À medida que as autoridades de Quebec impunham um secularismo agressivo como ferramenta para promover o multiculturalismo, Quebec testemunhava um aumento dramático no número de muçulmanos jovens que se juntaram ao Estado Islâmico. − Foram cometidos ataques terroristas por convertidos ao Islã - pessoas que rejeitaram o relativismo canadense para abraçar o fanatismo islamista. "O fundamentalismo secularista de Quebec chegou ao extremo de impor a todas as escolas públicas e privadas - a primeira instância dessa natureza em todo o mundo - um curso obrigatório sobre ética e cultura religiosa" ressaltou Sandro Magister.

Um relatório acadêmico concluiu:

"Dados do censo canadense mostram que o Islã é a religião que mais cresce no país e que embora a maior parte do crescimento da população muçulmana esteja relacionada com as taxas de natalidade dos muçulmanos e migração, desde 2001 a população muçulmana também aumentou em consequência das conversões religiosas dos canadenses não muçulmanos".

O declínio demográfico de Quebec também é revelador. A taxa de natalidade despencou de uma média de quatro filhos por casal para apenas 1,6 - bem abaixo do que os demógrafos chamam de "taxa de substituição populacional". Quebec é um caso singular em comparação aos países desenvolvidos no tocante à intensidade e velocidade com que as taxas de fertilidade total despencaram.

A escalada de óbitos em Quebec está inequivocamente ligada aos apelos para o aumento da imigração. O primeiro-ministro do Canadá Justin Trudeau, que pôs um fim à campanha militar contra o Estado islâmico, simplesmente convidou os migrantes muçulmanos a virem ao seu país.

Segundo os demógrafos, somente a província de Quebec precisa de 70.000 a 80.000 imigrantes por ano para compensar a sua baixa taxa de natalidade. Mas o que acontece quando um dos mais famosos territórios católicos do mundo passa por uma revolução dessa natureza cultural e religiosa, para compensar a queda demográfica?

A resistência ao dramático colapso de Quebec não requer necessariamente um novo abraço ao velho catolicismo, mas com certeza necessita de uma redescoberta racional sobre o que a democracia ocidental deveria ser. O que também inclui a apreciação da identidade ocidental e dos valores judaico-cristãos - tudo o que o governo de Trudeau e grande parte da Europa, ao que tudo indica, se recusam a aceitar. Metade dos ministros de Trudeau não foram empossados com um juramento religioso. Eles se recusaram até a dizer "com a ajuda de Deus".

O lema de Quebec é: "je me souviens": Eu me lembro. Mas do que, exatamente? No "bairro livre de catolicismo" o vencedor será o Islã?
Por: Giulio Meotti, Editor Cultural do diário Il Foglio, é jornalista e escritor italiano.Original em inglês: Quebec: The Crisis of the West
Tradução: Joseph Skilnik Do site: https://pt.gatestoneinstitute.org

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

O QUE EXATAMENTE É "RACISMO"?


Gostaria de analisar duas palavras que o estado e seus parasitas empregaram com muito sucesso obtendo aumentos no poder do governo. Uma é racismo. A outra é igualdade.

O que exatamente é “racismo”? Quase nunca ouvimos uma definição. Duvido que alguém realmente saiba o que é. Se não acredita, pergunte a si mesmo por que, se racismo é algo realmente claro e determinado, há esta incessante discordância sobre quais pensamentos e comportamentos são “racistas” e quais não são?

Se pressionada, uma pessoa comum provavelmente definiria racismo nos termos que Murray N. Rothbard definiu antissemitismo, envolvendo ódio e/ou a intenção de usar violência, seja conduzida pelo estado ou de outra forma, contra o grupo desprezado:

Me parece que existem apenas duas definições defensáveis e sustentáveis de antissemitismo: uma, se concentrando no estado mental subjetivo da pessoa, e a outra, “objetivamente”, nas ações que ela desempenha ou as medidas que ela defende. Para a primeira, a melhor definição de antissemitismo é simples e conclusiva: uma pessoa que odeia todos os judeus. . . .

Como, a menos que sejamos um amigo íntimo, ou seu psiquiatra, podemos saber o que está dentro do coração da pessoa? Então, talvez, o foco deveria ser, não no subjetivo estado mental ou emocional da pessoa, mas em uma proposição que possa ser checada pelos observadores que não a conhecem pessoalmente. Neste caso, deveríamos focar no objetivo, ao invés do subjetivo, que são as ações e opiniões da pessoa. Bem, neste caso, a única definição racional de um antissemita seria alguém que defende que desvantagens políticas, legais, econômicas e sociais sejam impostas aos judeus (ou, claro, tenha participado dessas imposições).

Então, o que parece ser razoável é: (1) alguém é racista se ele odeia um grupo racial específico, mas (2) já que não conseguimos ler a mente das pessoas, e já que acusar alguém de odiar todo um grupo de pessoas é uma acusação muito grave, ao invés de tentar ler a mente do suspeito devemos ver se ele defende que desvantagens sejam impostas contra o grupo em questão.

De volta a Rothbard:

Mas dessa forma não estou fazendo a definição de antissemitismo perder o sentido? Claro que não. Na definição subjetiva, pela própria natureza da situação, eu não conheço nenhuma pessoa assim, e duvido que Smear Bund conheça. Na definição objetiva, onde observadores podem obter mais conhecimento, e deixando de lado os evidentes antissemitas do passado, temos nos EUA moderno antissemitas autênticos: grupos como o movimento Christian Identity, ou a Aryan Resistance, ou o autor do romance Turner’s Diaries. Mas estes são grupos marginais, você diria, sem importância q que não valha a pena se preocupar? Sim, companheiro, e este é exatamente o ponto.

Por outro lado, talvez um “racista” seja alguém que acredite que grupos diferentes tendem a ter características comuns, mesmo concordando com o ponto axiomático de que cada indivíduo é único. Mas seja estrutura familiar, uma inclinação ao alcoolismo, uma reputação de trabalhador dedicado, ou uma variedade de outras qualidades, Thomas Sowell reuniu uma vasta quantidade de estudos que mostram que essas características não estão nem perto de serem distribuídas igualmente nas populações.

Os chineses, por exemplo, ficaram conhecidos em países pelo mundo todo por trabalharem muito duro, geralmente sob condições particularmente difíceis. (Na verdade esta é uma das razões porque os sindicatos trabalhistas americanos desprezaram os trabalhadores chineses no século XIX.) Na metade do século XX, a minoria chinesa dominou os mais importantes setores da economia malaia mesmo sendo oficialmente discriminados na constituição malaia, e tinham o dobro do rendimento do malaio médio. Eles eram donos da grande maioria dos moinhos de arroz na Tailândia e nas Filipinas. Eles conduziam mais de 70% do comércio de varejo na Tailândia, Indonésia, Camboja, Filipinas e Malásia.

Podemos contar uma história semelhante sobre os armênios em várias partes do mundo, assim como os judeus e os indianos ocidentais. Americanos-japoneses, uma vez discriminados severamente a ponto de serem confinados em campos durante a Segunda Guerra Mundial, chegaram a se igualar com os brancos em rendimentos no ano de 1959, e ultrapassaram em 1/3 o rendimento dos brancos uma década depois.

Da mesma forma os alemães, cuja reputação e feitos em artesanatos, ciência e tecnologia foram evidentes não apenas na Alemanha, mas também entre alemães nos EUA, Brasil, Austrália, Tchecoslováquia e Chile. Eles tiveram mais fazendas prósperas que os fazendeiros irlandeses na Irlanda do século XVIII, que fazendeiros brasileiros no Brasil, fazendeiros russos na Rússia e fazendeiros chilenos no Chile.

Judeus têm rendimentos maiores que hispânicos nos EUA; isto, nos dizem solenemente, é resultado da “discriminação”. Sério? Como Sowell aponta, então como explicamos por que judeus têm rendimento superiores que hispânicos em países hispânicos?

De acordo com as regras ilógicas em vigor na sociedade Americana, Sowell, sendo negro, tem permissão de discutir estes fenômenos, enquanto o resto de nós é demonizado, tem a carreira destruída e a reputação arruinada se mencionamos qualquer um destes indícios proibidos.

Portanto, para não levantar suspeitas de “racismo”, deve-se evitar riscos pelo menos fingindo acreditar nas seguintes proposições:

– disparidades de rendimentos entre grupos são totalmente ou em grande parte explicáveis pela “discriminação”;

– se uma minoria é “subrepresentada” em uma profissão específica, a causa tem que ser “racismo”;

– se estudantes de alguma minoria são desproporcionalmente castigados na escola, a causa tem que ser “racismo”, mesmo se os próprios professores envolvidos pertençam a mesma minoria;

– se resultados de testes – tanto nas escolas como no setor privado – são diferentes por grupos raciais, é evidência que os testes são culturalmente tendenciosos, mesmo que as questões com as maiores disparidades sejam as com menos conteúdo cultural.

Não é preciso dizer que nenhuma dessas declarações é defensável, mas é preciso acreditar em todas elas. Céticos, logicamente, são “racistas”.

As seguintes opiniões ou proposições foram todas declaradas “racistas” em um momento ou outro,or uma fonte ou outra:

– ação afirmativa é indesejável;

– leis antidiscriminação são uma violação dos direitos de propriedade privada e da liberdade de contrato;

– Brown vs. Board of Education foi baseado em falhas de raciocínio;

– a extensão do racismo na sociedade americana é exagerada.

Alguém poderia desenvolver estas declarações sob as mais variadas bases. Porém, já que de acordo com websites esquerdistas bem populares como Daily Kos, ThinkProgress e Media Matters, é “racista” acreditar em qualquer uma delas, não importa quais sejam seus argumentos. Você é um “racista”. Proteste o quanto quiser, mas quanto mais tentar, mais os comissários te difamam e ridicularizam. Você pode fazer parecer que tenha razões logicamente consistentes e moralmente impecáveis para justificar suas opiniões, mas tudo isso não passa de cortina de fumaça para o “racismo”, no que tange aos comissários. A única maneira de satisfaze-los é abandonando suas opiniões (e mesmo assim eles ainda irão por em dúvida sua sinceridade), mesmo que você não tenha vergonha delas.

Então, acusações de “racismo” quase sempre envolvem tentativas de leitura de mentes – e.g., aquela pessoa alega ser contra leis antidiscriminação por causa de algum tipo de princípio, mas sabemos que é porque ele é um racista.

Ver libertários, que deveriam ter uma maior noção das coisas, embarcando no trem do controle de pensamento, ou fingindo que todo esse tema é sobre a liberdade de ser um imbecil, é extremamente tacanho e lastimável. O estado usa a fraude do “racismo” como justificação para mais crescimento do seu poder sobre a educação, o emprego, a distribuição de riqueza e muitas outras coisas. Enquanto isso, ele silencia os críticos da violência estatal com a palavra mágica e nunca definida “racismo”, uma acusação que o crítico tem que passar o resto da sua vida tentando contestar, apenas para descobrir que os vigaristas raciais não irão retirar a maldição até que ele se humilhe completamente e repudie toda sua filosofia.

Se ele tentar se defender alegando que ele tem grandes amigos que pertencem aquele grupo, ele é acusado de ódio, ele será ainda mais ridicularizado. A seguir Rothbard novamente:

Eu também gostaria de florear um ponto: Por toda a minha vida ouvi anti-antissemitas ridicularizarem gentios que, ao se defenderem de acusações de antissemitismo, protestaram dizendo que “alguns dos meus melhores amigos são judeus”. Esta frase é sempre ridicularizada, como se uma simples ridicularização fosse uma refutação de um argumento. Mas me parece que a ridicularização é normalmente usada aqui precisamente porque o argumento é conclusivo. Se alguns dos melhores amigos do Senhor X são realmente judeus, é absurdo e autocontraditório acusa-lo de ser antissemita. E isso deveria se encerrar ai.

É difícil discordar de Rothbard nessa. Se alguém foi acusado de não gostar de carne, mas pudermos demonstrar que ele gosta muito de hambúrgueres e bolo de carne, isto iria virtualmente destruir a acusação, não?

Não conheço ninguém que odeie grupos inteiros de pessoas , e as que o fazem são uma minoria tão minúscula que suas organizações são formadas por partes iguais de lunáticos e informantes do FBI. Do mesmo modo, não conheço ninguém que defenda o uso de violência oficial contra grupos específicos.

Deveríamos querer tratar as pessoas com justiça e respeito. Qualquer pessoa decente sente que deveria ser assim. Mas como e quando a “igualdade” entrou no jogo, excetuando-se o trivial e óbvio sentido libertário que devemos todos igualmente abster-se de agredir um ao outro?

O que o estado mais gosta é declarar guerra, contra as drogas, ou o terrorismo, ou a pobreza, ou a “desigualdade”. O estado ama a “igualdade” como um princípio organizacional, porque ela nunca pode ser alcançada. E no curso de se tentar, o estado adquire cada vez mais poder sobre cada vez mais práticas e instituições. Qualquer um que questione a premissa da igualdade é açoitado para fora da sociedade “civilizada” – uma bela fraude ela é, e sem dúvida não é um lugar para libertários.

Se é a igualdade material que queremos, ela iria desaparecer no momento que fosse alcançada, assim que as pessoas retomassem seus padrões de gastos normais e os bens e serviços oferecidos por algumas pessoas fossem mais valorizados do que os oferecidos por outras. Se é “igualdade de oportunidades”, então teríamos que abolir a família, como tantos planos socialistas seriamente contemplaram, já que as condições domésticas possuem um grande peso no sucesso dos filhos.

É claro que nos opomos a desigualdade que resulta de privilégios estatais especiais gozados por certas pessoas e grupos. Mas a verdadeira questão aqui não é a desigualdade per se, mas justiça e propriedade privada.

Até mesmo o velho ditado sobre igualdade na visão de Deus não está certo. Erik von Kuehnelt-Leddihn, o tradicional católico e liberal clássico, notou que Judas, que traiu Cristo, não era de nenhuma forma “igual” ao amado discípulo, e que as origens da “igualdade” estavam na ânsia de Lúcifer ser igual a Cristo. Ele acrescentou:

O igualitarismo, na melhor das hipóteses, não passa de hipocrisia; se é aceitada e acreditada de coração, sua ameaça é maior. Deste modo, todas as desigualdades reais parecem sem exceção serem injustas, imorais e intoleráveis. Ódio, infelicidade, tensão, uma inadaptação geral é o resultado. A situação é ainda pior quando esforços brutais são feitos para estabelecer a igualdade através de um processo de nivelamentos artificiais (“engenharia social”) que só pode ser feito através da força, restrições, ou terror, e o resultado é a perda completa da liberdade.

Portanto, se queremos ser livres, temos que evitar o estado, seus métodos, e sua linguagem.
Por: Lew Rockwell, chairman e CEO do Ludwig von Mises Institute, em Auburn, Alabama, editor do website LewRockwell.com, e autor dos livros Speaking of Liberty e The Left, the Right, and the State.
Tradução Fernando Chiocca  Artigo original aqui  Do site: http://rothbardbrasil.com