segunda-feira, 8 de outubro de 2018

POR QUE DEVEMOS DEFENDER O DIREITO DE SER OFENSIVO


A lei não deve criminalizar opiniões que ofendam, mas proteger aqueles que as expressam.

Para pessoas como eu, educadas na Grã-Bretanha do pós-guerra, a liberdade de expressão tem sido uma firme premissa do modo de vida britânico. John Stuart Mill expressou o ponto:
O mal peculiar em silenciar a expressão de uma opinião é que isso rouba a raça humana; a posteridade, bem como a geração existente; aqueles que discordam da opinião, ainda mais do que aqueles que a defendem. Se a opinião é certa, eles são privados da oportunidade de trocar o erro pela verdade; se errada, eles perdem um benefício tão importante: a percepção mais clara e a mais viva impressão da verdade, produzida por sua colisão com o erro.

Esta célebre frase não é a última palavra sobre a questão, mas é a primeira palavra e foi, durante a minha juventude, a opinião vigente de todas as pessoas educadas.

A lei, acreditávamos, iria proteger os hereges, os dissidentes e os que duvidam contra quaisquer punições concebidas para intimidar ou silenciá-los, pela simples razão de que a verdade e o argumento são sagrados e devem ser protegidos contra aqueles que procuram suprimi-los.

Além disso, a opinião pública estava inteiramente do lado da lei, pronta para envergonhar aqueles que assumissem o direito de silenciar seus adversários, qualquer que seja o assunto em discussão, e por mais extremas ou absurdas que fossem as opiniões expressas.

Tudo isso está agora mudando.

Nos termos do Ato Religioso e Racial de 2006 (Racial and Religious Hatred Act 2006), é crime incitar o ódio contra grupos religiosos e raciais. “Incitar o ódio” é uma expressão tanto carregada quanto indefinida.

Estarei eu incitando o ódio contra um grupo religioso ao criticar suas crenças abertamente em termos francos e sem reservas? Sob os termos do Ato, eu teria que usar “palavras e comportamentos ameaçadores” e também ter a intenção de incitar ódio.

Mas ofender é razão para condenar alguém de um crime? A visão inglesa robusta costumava ser que a resposta correta para palavras ofensivas é ignorá-las ou respondê-las com uma repreensão. Se em último caso invocássemos a lei, seria para proteger aquele que ofende e não aquele que é ofendido. Agora, ao que parece, é tudo o contrário.

Na época dos ataques às torres gêmeas, muitos expressaram seu choque com o assassinato gratuito de 3.000 pessoas inocentes culpando a doutrina do Islã pela perversão dos criminosos responsáveis. Imediatamente uma nova palavra entrou no discurso público — islamofobia.
Um protesto em Londres, em 2006, contra a islamofobia.

fanatismo religioso dos que tinham voado contra as torres gêmeas e a chamada islamofobia de quem os criticou foram ambos representados como crimes, dificilmente distinguíveis em sua destrutividade.

O principal objetivo de futuras medidas políticas, estava claro, deveria ser o de assegurar que nenhum dos dois crimes fosse cometido novamente. A pressão aumentou para que se proibisse a islamofobia por lei — e de certa forma é o que o Ato Religioso e Racial tem tentado fazer.

Ed Miliband prometeu em abril passado que um futuro governo Trabalhista faria da islamofobia um crime de ofensa agravado e, enquanto isso, as consequências para um funcionário público, um policial ou um professor de serem acusados deste erro são sérias ao extremo.

Isso nos leva de volta para o que John Stuart Mill tinha em mente. Não é a mentira que causa a maior ofensa, mas a verdade.

Você pode suportar insultos e abusos quando sabe que esses são falsos. Mas, se os comentários que o ofendem são verdadeiros, sua verdade torna-se um punhal na alma — você grita “mentira!” com toda sua voz, e sabe que deve silenciar quem os profere.

Isso é o que aconteceu no caso da islamofobia. Os muçulmanos na nossa sociedade são frequentemente vítimas de preconceito, abuso e agressão, e esta é uma situação angustiante que a lei se esforça para remediar.

Mas quando as pessoas inventam uma fobia para explicar toda a crítica ao Islã não é esse tipo de abuso que eles têm em mente. Eles querem esconder a verdade, querem gritar “mentira!” à crítica e silenciar qualquer tentativa de discussão.

Em minha opinião, no entanto, é hora de trazer a verdade à tona, incluindo a verdade sobre o próprio Livro Sagrado.

Os filósofos clássicos islâmicos, os primeiros juristas e os poetas sufis todos tentaram interpretar o Alcorão de modo que esse fosse compatível com a vida no mundo real. Mas os seus esforços foram cada vez mais desaprovados, e agora é amplamente aceito entre sunitas ortodoxos que a interpretação não é mais permitida — ou, como diz o ditado, “o portão do ijtihad está fechado”.

Nenhuma das verdadeiras dificuldades deve ser discutida. E no entanto é justo agora, no encontro do Islã com a democracia ocidental, que a discussão é mais necessária.

Os muçulmanos devem se adaptar, assim como todos nós temos de nos adaptar, às circunstâncias novas em que vivemos.

E nos adaptamos colocando as coisas em questão, perguntando se esta ou aquela crença é verdadeira ou obrigatória e, em geral, abrindo nossos corações para os argumentos de outras pessoas e tentando responder a estes com os nossos próprios.

A liberdade de expressão não é a causa das tensões que estão crescendo ao nosso redor, mas a única solução possível para elas.

Se é para o governo ter sucesso em suas novas medidas para erradicar o extremismo islâmico ele deveria incentivar as pessoas a discutir o assunto abertamente, independentemente de quem possa se ofender.
Londres, 2015: Peter Tatchell, ativista dos direitos gay, protesta contra Dolce & Gabbana depois que seus fundadores criticaram a ideia de família gay.

Em 2008 tornou-se também um crime incitar o ódio contra grupos definidos por sua orientação sexual. A visão liberal ortodoxa é que a homossexualidade é inata e inocente. Como os islamitas, os defensores dessa visão inventaram uma fobia para denunciar os seus adversários.

Desvie-se da ortodoxia na menor questão e você vai ser acusado de homofobia e, embora esta ainda não seja um crime, ela é acompanhada, especialmente para aqueles com qualquer tipo de cargo público, por custos sociais reais.

O medo da acusação, de permanecer à margem da multidão, de não estar impecavelmente ao lado das opiniões vigentes, explica grande parte da legislação que ataca a liberdade de expressão nesse país.

Os políticos não têm examinado suficientemente o que queriam dizer com “incitar o ódio”. Eles têm sido ansiosos demais em mostrar que estão do lado dos muçulmanos e também de homossexuais não obstante o conflito manifesto entre os dois.

É precisamente por esta razão que eles deveriam ter sido cuidadosos com a introdução de frases vagas que poderiam ser usadas para silenciar discussões.

Podemos desaprovar da visão de que a homossexualidade é um pecado, mas isso não quer dizer que os pregadores de rua que foram recentemente detidos por dizer isso estão incitando o ódio.

Por mais equivocada que seja sua opinião, ela é uma contribuição legítima para um debate público muito necessário — um debate que agora não vai ocorrer, tão feroz é a condenação daqueles que se desviam da opinião permitida.

Qual, então, deveria ser o papel da lei em policiar o fórum do debate público? Parece-me que a lei não deve criminalizar opiniões que ofendam, mas proteger aqueles que as expressam.

No entanto, na era da internet, da multidão do Twitter e mídias sociais, é cada vez mais difícil para a lei intervir — o abuso e a perseguição rapidamente tornam-se generalizados e anônimos, evitando toda punição e culpa.

Um exemplo recente ilustra o que quero dizer.

No decurso de uma conferência científica na Coréia, o Professor Sir Tim Hunt, biólogo Prêmio Nobel, disse que quando “meninas” estão presentes em um laboratório de pesquisa “você se apaixona por elas, elas se apaixonam por você, e quando você as critica elas choram”.

Como resultado da subsequente caça às bruxas, Sir Tim foi forçado a renunciar ao seu cargo de professor na University College London. A Royal Society (dos quais ele é um membro colaborador) veio a público com uma denúncia e ele foi deixado de lado pela comunidade científica. Uma vida inteira de notável trabalho criativo terminou em ruína.

O bioquímico Sir Tim Hunt foi forçado a renunciar de sua posição como Professor após alegações de que teria feito comentários sexistas.

A visão ortodoxa, hoje, é que o sexo é em todos os aspectos irrelevante na busca de uma carreira científica. Eu não sei se essa visão é verdadeira, embora eu duvide que seja, e claramente Sir Tim também não a endossa completamente.

Como eu iria descobrir quem está certo? Certamente considerando os argumentos, pesando as opiniões concorrentes na balança da discussão racional e incentivando a livre expressão de ideias heréticas.

Isso é o que a liberdade de expressão é, e porque a lei tem a intenção de protegê-la. A verdade surge por uma mão invisível dos nossos muitos erros, e tanto o erro quanto a verdade devem ser protegidos.

O herege, no entanto, está agora exposto à intimidação pública e ao abuso em uma escala inconcebível antes da invenção da internet.

Claro, avançamos um pouco desde os tempos da Idade Média. Não é o homem que agora é assassinado, mas apenas seu caráter. Mas o efeito é o mesmo.

A discussão livre está sendo suprimida em todos os lugares, de modo que nunca saberemos quem está certo — os hereges ou aqueles que tentam silenciá-los.

Por: Roger Scruton: Publicado originalmente na BBC Magazine. Traduzido por Patricia K. de Camillis e André Luzardo e reproduzido no Blog Cético. Do site: https://medium.com

terça-feira, 2 de outubro de 2018

A IDIOTIZAÇÃO DA SOCIEDADE COMO ESTRATÉGIA DE DOMINAÇÃO

As pessoas estão tão imbuídas no sistema estabelecido que não conseguem conceber alternativas aos critérios impostos pelo poder.


Para conseguir isso, o poder usa o entretenimento vazio, com o objetivo de aumentar nossa sensibilidade social e se acostumar a ver a vulgaridade e a estupidez como as coisas mais normais do mundo, incapacitando-nos de alcançar uma consciência crítica da realidade.

No entretenimento vazio, explora-se ao máximo a mesmice de conteúdos sem nexo, como se pode ver constantemente na televisão ou na exploração massiva de shows musicais com “cantores” pre fabricados para esses fins. O futebol também serve como objeto de alienação, sendo assim, através deste, uma maneira eficaz que tem o sistema estabelecido para abortar a sociedade.

Nesta subcultura do entretenimento vazio, o que é promovido é um sistema baseado nos valores do individualismo possessivo, no qual a solidariedade e o apoio mútuo são considerados algo ingênuo.

No entretenimento vazio, tudo é projetado de modo que o indivíduo suporte estoicamente o sistema estabelecido sem questionar. A história não existe, o futuro não existe; apenas o presente e a satisfação imediata que o entretenimento vazio procura.

Por isso, não é estranho que proliferem os livros de auto-ajuda, o autêntico slop psicológico, ou o misticismo de Coelho, ou variantes infinitas do clássico “como se tornar um milionário sem esforço”.

Em última análise, o que está envolvido no entretenimento vazio é a ideia de nos convencer de que nada pode ser feito: que o mundo é como é e é impossível mudá-lo, e que o capitalismo e o poder opressor do Estado são tão naturais e necessários como a força da gravidade em si. É por isso que é comum ouvir: “É algo muito triste, é verdade, mas sempre houve oprimidos pobres e ricos opressores e sempre haverá. Não há nada que possa ser feito “.

O entretenimento vazio alcançou a extraordinária façanha de tornar os valores do capitalismo também os valores daqueles que são escravizados por ele. Isso não é algo recente, La Boétie, no longínquo século 16, viu isso claramente, expressando seu estupor em seu pequeno tratado Sobre a servidão voluntária, em que ele afirma que a maioria dos tiranos perdura apenas devido à aquiescência de próprio tiranizado.

O sistema estabelecido é muito sutil, com suas estupidências forja nossas estruturas mentais e, para isso, usa o púlpito que todos temos em nossos lares: a televisão. Nela não há nada que seja inocente, em todos os programas, em todos os filmes, em todas as notícias, sempre exala os valores do sistema estabelecido, e sem perceber, acreditando que a vida real é assim, eles introduzem seus valores em nossas mentes.

Entretenimento vazio existe para esconder a relação óbvia entre o sistema econômico capitalista e as catástrofes que assolam o mundo. É por isso que há a necessidade de um espetáculo vazio: de modo que enquanto o indivíduo se recusa a chafurdar no lixo que o alimenta na televisão, ele não vê o óbvio, não protesta e continua a permitir que os ricos e poderosos aumentem seu poder e riqueza. enquanto os oprimidos do mundo continuam sofrendo e morrendo em meio a existências miseráveis.

Se continuarmos permitindo que o entretenimento vazio continue modelando nossas consciências e, portanto, o mundo à vontade, isso acabará nos destruindo. Porque o seu objetivo não é outro senão criar uma sociedade de homens e mulheres que abandonam os ideais e aspirações que os tornam rebeldes, para se contentarem com a satisfação de necessidades induzidas pelos interesses das elites dominantes. Assim, os seres humanos são despojados de toda a personalidade, transformados em animais vegetativos, sendo completamente desativados a velha ideia de lutar contra a opressão, atomizada em um enxame egoísta desenfreado, deixando as pessoas sozinhas e desligadas umas das outras mais do que nunca, absorvidas a exaltação de si mesmas.

Assim, dessa forma, os indivíduos não têm mais energia, para mudar as estruturas opressivas (que não são percebidas como tal), não têm mais força ou coesão social para lutar por um novo mundo.

No entanto, se quisermos reverter essa situação de alienação a que estamos sujeitos, apenas à luta permanece como sempre, só podemos nos opor a outros valores diametralmente opostos aos do vazio, para que surja uma nova sociedade. Uma sociedade em que a vida dominada pelo absurdo do entretenimento vazio é apenas uma lembrança dos tempos estúpidos em que os seres humanos permitiam que suas vidas fossem manipuladas de maneira tão obscena.
Por Fernando Navarro Publicado originalmente no site https://www.lahaine.org
Do site: https://www.pensarcontemporaneo.com


sábado, 29 de setembro de 2018

A RAZÃO SECRETA DOS ÁRABES REPUDIAREM A LEI QUE DEFINE O PAÍS COMO ESTADO-NAÇÃO DO POVO JUDEU

Líderes árabes israelenses se manifestam de maneira depreciativa em relação a Israel com o intuito de alcançarem maior visibilidade. Eles sabem que nenhum jornal mencionaria o nome deles se estivessem às voltas com questões como esgoto ou falta de salas de aula em escolas árabes. No entanto, se eles disserem algo de ruim sobre Israel ou se provocarem os judeus, os holofotes com certeza estarão em cima deles.

Os líderes árabes israelenses podem incitar contra Israel o quanto eles quiserem. A difamação não mudará a realidade de que Israel é a única democracia próspera do Oriente Médio e que trata as minorias com respeito. Enquanto as minorias são perseguidas e assassinadas na Síria, Líbano, Egito, Iraque, Líbia e outros países árabes e islâmicos, os cidadãos árabes de Israel estão sendo integrados no país. Eles ocupam altos cargos na Suprema Corte, no Ministério das Relações Exteriores, no setor de saúde e até na Polícia de Israel. Eles podem trabalhar em qualquer lugar, podem viajar para qualquer lugar do país e continuarão desfrutando de todos os privilégios, benefícios e liberdades que os cidadãos judeus usufruem.

Certos líderes árabes querem que Israel desista de seu desejo de ser a pátria dos judeus, porque eles esperam que um dia os judeus se tornem minoria em seu próprio país. Por tempo demais, esses líderes têm incitado seus eleitores contra Israel e contra os judeus. Se esses líderes são tão infelizes em Israel, talvez devam considerar se mudar para Ramala, Faixa de Gaza ou qualquer outro país árabe. Quem sabe pensariam em renunciar ao Knesset. O que os impede? O fato de ser a pátria dos judeus, supostamente tão danosa a eles, onde eles e seus filhos podem viver e prosperar.
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A hipocrisia dos representantes dos cidadãos árabes de Israel, que estão chorando: 'não é justo', com respeito à nova Lei que Define o País como Estado-nação do Povo Judeu, atingiu novos patamares nos últimos dias.

São os mesmos representantes cujas palavras e ações causaram graves danos às relações entre judeus e árabes nas últimas duas décadas em Israel e também aos interesses de seus próprios eleitores, os cidadãos árabes de Israel.

Os líderes árabes israelenses, especificamente os membros do Knesset, dizem estar indignados, não só porque a lei define Israel como a pátria do povo judeu, mas também porque a nova legislação não diz nada sobre a plena igualdade de direitos a todos os cidadãos.

Para quem nunca viu uma tempestade num copo d'água, é esse o caso. Desnecessário seria dizer: a nova lei não rescinde a lei anterior ou a Declaração da Independência de Israel, que já abrange tudo isso. Em Israel, existem também outras Leis Básicas que garantem direitos iguais a todos. Por exemplo, a Lei Básica: Dignidade Humana e Liberdade, aprovada em 1992, estipula:

"O propósito dessa Lei Básica é proteger a dignidade e a liberdade do ser humano, com o propósito de estabelecer em uma Lei Básica os valores do Estado de Israel como um Estado judeu e democrático".
...

"Os direitos humanos fundamentais em Israel baseiam-se no reconhecimento do valor do ser humano, na santidade da vida humana e no princípio de que todas as pessoas são livres, esses direitos devem ser mantidos no espírito dos princípios estabelecidos na Declaração do Estabelecimento do Estado de Israel".

A Declaração da independência de Israel de 1948, que obviamente não é atingida pela nova Lei que Define o País como Estado-nação do Povo Judeu, também promete igualdade a todos os cidadãos, independentemente da sua religião, cor ou raça. Ela declara:

"O Estado de Israel fomentará o desenvolvimento do país a todos os habitantes, basear-se-á na liberdade, justiça e paz, conforme previsto pelos profetas de Israel, garantirá a completa igualdade de direitos sociais e políticos a todos os habitantes, independentemente de religião, raça ou sexo, garantirá a liberdade de religião, consciência, língua, educação e cultura, salvaguardará os Lugares Sagrados de todas as religiões e será fiel aos princípios da Carta das Nações Unidas".

Portanto, uma vez que as leis preexistentes de Israel e a Declaração da Independência permanecem inalteradas e garantem direitos iguais a todos os cidadãos, o que exatamente está por trás do feroz ataque dos líderes árabes israelenses à Lei do Estado-nação? Será que é realmente porque eles estão preocupados com a igualdade ou é outra coisa? A resposta está em suas próprias declarações: no fundo eles se opõem à ideia de Israel ser a pátria do povo judeu. Eles estão cansados de saber que a Lei do Estado-nação não afeta o status e os direitos dos cidadãos árabes como cidadãos iguais a todos em Israel.

Tomemos por exemplo o caso de Zouheir Bahloul, membro árabe do Knesset (União Sionista), que divulgou nesta semana a intenção de renunciar ao parlamento em sinal de protesto à Lei do Estado-nação. Ele reclama que o Knesset se tornou a "chancela da legislação racista".

Primeiro, Bahloul é o último cidadão árabe de Israel com direito a reclamar de discriminação. Por décadas a fio, ele foi um dos jornalistas esportivos mais famosos de Israel, reverenciado tanto por árabes como por judeus. Assim sendo, ele sempre desfrutou de uma vida confortável em Israel, vida que nem em sonho ele poderia ter em nenhum país árabe.

Segundo, se Bahloul não gosta da lei que define Israel como a pátria do povo judeu, o que ele está fazendo em um partido de nome União Sionista? Uma vez que você concorda em se juntar a um partido sionista, você não pode depois reclamar se Israel sustenta que quer ser a pátria do povo judeu. Será possível que alguém possa realmente acreditar que este parlamentar árabe não sabia durante todos esses anos que o sionismo é o movimento nacional do povo judeu que defende o restabelecimento de uma pátria judaica no território definido como a histórica Terra de Israel?
Zouheir Bahloul, membro árabe do Knesset, é o último cidadão árabe de Israel que tem o direito de reclamar de discriminação. Por décadas a fio ele foi um dos jornalistas esportivos mais famosos de Israel, reverenciado tanto por árabes como por judeus. Ele sempre desfrutou de uma vida confortável em Israel, vida que nem em sonho ele poderia ter em nenhum país árabe. (Foto: porta-voz do Knesset)

Terceiro, também é digno de nota que seu partido União Sionista, de qualquer maneira, já estava farto de Bahloul e planejava se livrar dele, especialmente depois que no ano passado ele resolveu boicotar uma cerimônia do Knesset que marcava o 100º aniversário da Declaração Balfour. Ironicamente, a segunda parte da Declaração Balfour estipulou que o estabelecimento de uma pátria judaica não deve "prejudicar os direitos civis e religiosos das comunidades não judaicas existentes na Palestina".

A atual controvérsia em relação à Lei do Estado-nação, portanto, não é sobre direitos iguais. Longe disso, trata-se na realidade sobre a aceitação da existência de Israel como a pátria do povo judeu. Bahloul boicotou a cerimônia da Declaração Balfour no Knesset, ao que tudo indica, porque ele se opõe à ideia de uma pátria do povo judeu. Se não fosse por isso, por que então um árabe que vive em Israel se opõe a uma declaração que declara aberta e categoricamente que a pátria judaica não "prejudicará" os direitos de não judeus?

O presidente da União Sionista, Avi Gabbay, criticou como "extremista" a decisão de Bahloul.

É bem provável que Bahloul sabia que ele seria expulso do partido, parece que ele resolveu usar a Lei do Estado-nação como pretexto para deixar o partido, difamar Israel chamando o país de "um estado com sintomas do apartheid" e o Knesset como "chancela da legislação racista".

Quarto, vale salientar que Bahloul não apresentou imediatamente a renúncia ao Knesset. Ele disse que vai apresentar a carta de renúncia quando o Knesset retornar de seu prolongado recesso de verão em meados de outubro. Em outras palavras, Bahloul evidentemente quer passar mais alguns meses no Knesset, provavelmente para continuar recebendo um belo salário e outros privilégios concedidos aos membros do parlamento. Ao adiar a renúncia, ele provavelmente espera que alguém venha implorar para que ele desista da ideia de sair, é como se ele estivesse dizendo: 'por favor, não me deixe sair do Knesset!' Bem, Sr. Bahloul, se o senhor está tão chateado com a lei e não quer mais fazer parte do sistema político israelense, por que não se levanta e sai agora? Por que o senhor quer ficar por mais alguns meses em um parlamento que o senhor acusa de "racista" contra os árabes?

O "pequenino sórdido segredo" é que mesmo se palavras sobre igualdade para todos os cidadãos fossem adicionadas à nova lei, Bahloul e alguns de seus colegas árabes do Knesset ainda assim teriam se oposto a ela. Eles simplesmente se opõem veementemente à própria noção de ser Israel um Estado judeu.

Alguns como Ahmed Tibi, tem consistentemente pleiteado a transformação de Israel de um "Estado judeu" em um "estado para todos os seus cidadãos" ou um "estado de todos os seus grupos nacionais (étnicos)".

Outro membro árabe do Knesset, Jamal Zahalka, recentemente ridicularizou os símbolos judaicos salientando: "eu prefiro morrer a cantar o hino nacional de Israel". Muitos membros árabes do Knesset jamais aceitaram o hino nacional de Israel ou a sua bandeira que porta o símbolo de seis pontas da estrela de David. Em relação à bandeira de Israel, Zahalka disse: "para mim qualquer bandeira é um trapo. É um pedaço de pano. É muito pior do que um trapo".

Hanin Zoabi, membro árabe do Knesset, sem a menor cerimônia manifestou com todas as letras sua oposição à definição de Israel como a pátria do povo judeu. O povo judeu não tem direito à autodeterminação, ressaltou ela em outubro de 2017.


"Os judeus não são uma nacionalidade, então não podemos falar de autodeterminação para o povo judeu... Os israelenses, eles podem ter uma autodeterminação, mas não como um Estado judeu, mas dentro de um estado democrático secular".

Vale dizer que Zoabi, que vem de um enorme clã de Nazaré, foi suspensa do Knesset em 2014 por incitamento, por ter justificado a chuva de foguetes que o Hamas lançou contra Israel e o sequestro (e subsequente assassinato) de três adolescentes israelenses por terroristas palestinos.

São figuras do naipe de Zoabi que têm e continuam causando graves danos às relações entre judeus e árabes em Israel. Sua execrável retórica anti-Israel e suas ações são a principal razão pela qual um número cada vez maior de judeus está começando a olhar para os cidadãos árabes de Israel. como se eles fossem uma "quinta coluna", um "inimigo de dentro".

Líderes árabes israelenses se manifestam de maneira depreciativa em relação a Israel com o intuito de alcançarem maior visibilidade. Eles sabem que nenhum jornal mencionaria o nome deles se estivessem às voltas com questões como esgoto ou falta de salas de aula em escolas árabes. No entanto, se eles disserem algo de ruim sobre Israel ou se provocarem os judeus, os holofotes com certeza estarão em cima deles.

A prioridade Nº 1 dos cidadãos árabes de Israel é reduzir a alta taxa de desemprego entre os universitários árabes formados. Os cidadãos árabes de Israel querem ser totalmente integrados em Israel. Eles estão lutando por melhores serviços do estado, em especial no que diz respeito à infraestrutura em suas cidades e aldeias. Mas em vez de representar os reais interesses de seus eleitores, Tibi, Zoabi, Zahalka e outros passam o tempo todo condenando Israel e se identificando com os inimigos do país.

As ações e palavras desses membros árabes do Knesset só serviram para aprofundar a cisão entre judeus e árabes, justamente quando há sérios esforços por parte do governo israelense em melhorar as condições de vida dos cidadãos árabes. Por exemplo, uma comissão parlamentar israelense anunciou em abril do ano passado a decisão de alocar 20 milhões de shekels (US$5,6 milhões) para um novo programa destinado a aumentar o número de árabes israelenses com empregos no setor de tecnologia. Em 2015, como parte de uma decisão do gabinete, o comitê anunciou que o governo de Israel já investiu US$1,2 bilhão dos US$4,2 bilhões destinados ao desenvolvimento econômico da comunidade árabe e de outras minorias.

Os árabes são cidadãos com direitos iguais em Israel e os direitos que desfrutam são infinitamente maiores do que gozariam em qualquer outro país do Oriente Médio. Em uma pesquisa de opinião publicada em 2016, 55% dos cidadãos árabes de Israel disseram estar orgulhosos de serem cidadãos israelenses. Outra enquetepublicada em 2017, constatou que 60% dos cidadãos árabes de Israel trazem consigo atitudes positivas em relação ao país.

Os líderes árabes israelenses podem incitar contra Israel o quanto eles quiserem. A difamação não mudará a realidade de que Israel é a única democracia próspera do Oriente Médio e que trata as minorias com respeito. Enquanto as minorias são perseguidas e assassinadas na Síria, Líbano, Egito, Iraque, Líbia e outros países árabes e islâmicos, os cidadãos árabes de Israel estão sendo integrados no país. Eles ocupam altos cargos na Suprema Corte, no Ministério das Relações Exteriores, no setor de saúde e até na Polícia de Israel.

A nova lei não mudou essa realidade, de fato, a maioria dos cidadãos árabes, ao que tudo indica, não dá a mínima para a nova lei. A maioria dos árabes em Israel continua acordando de manhã e continua seguindo em frente com suas vidas. Eles podem trabalhar em qualquer lugar, podem viajar para qualquer lugar do país e continuarão desfrutando de todos os privilégios, benefícios e liberdades que os cidadãos judeus usufruem.

Certos líderes dos cidadãos árabes de Israel, no entanto, têm algo bem diferente em mente. Eles querem que os israelenses desistam de seu desejo de Israel ser a pátria do povo judeu, porque eles esperam que um dia os judeus se tornem minoria em seu próprio país. Por tempo demais esses líderes têm incitado seus eleitores contra Israel e contra os judeus. Se esses líderes são tão infelizes em Israel, talvez devam considerar se mudar para Ramala, Faixa de Gaza ou qualquer outro país árabe. Será que não gostariam de renunciar ao Knesset? O que os impede? O fato de ser a pátria dos judeus, supostamente tão danosa a eles, onde eles e seus filhos podem viver e prosperar.
Por: Bassam Tawil, árabe muçulmano, radicado no Oriente Médio. 27 de Agosto de 2018
Tradução: Joseph Skilnik  Do site: https://pt.gatestoneinstitute.org

domingo, 23 de setembro de 2018

"A FALÁCIA DOS DESARMAMENTISTAS"

As mais de 60 mil mortes anuais de inocentes demonstram que a tese dos desarmamentistas, na prática, não tem dado certo: pelo contrário, tem facilitado a vida dos infratores


O número de mortes que ocorrem no país, por homicídio e latrocínio, é simplesmente assustador. Várias são as causas dessa matança incontrolável, como a omissão e a indiferença dos nossos legisladores federais e a leniência presidencial em relação à guarda das fronteiras; a impunidade dos infratores; a facilidade com que entram as armas contrabandeadas; acentuados desníveis sociais e econômicos; ausência de políticas públicas com o objetivo de interação, criando fontes de lazer e de cultura, ao lado de educação de qualidade e formação profissional; desarranjos e conflitos familiares; programas televisivos com o claro objetivo de promover a discórdia e a desagregação social (como é o caso das novelas).

O Governo Federal, com sua subserviência a privilégios, ao corporativismo e ao patrimonialismo que coloca o Estado a serviço de interesses particulares, contribui em mais de um terço com a concentração de renda registrada no país. Enquanto isso, na era Lula/Dilma essa situação se agravou ainda mais, porque em torno de R$ 1,3 bilhão foi repassado a países companheiros de ideologia (Venezuela, Cuba, Bolívia, Nicarágua, Guatemala, Angola, Moçambique e África do Sul), e nada para melhorar o saneamento básico – cuja ausência é sabidamente o mais alarmante agente de poluição do ambiente – das populações periféricas.

Todo cidadão acima de 18 anos deveria ser autorizado a reunir os meios de defesa da sua integridade pessoal e dos seus familiares

Já sobre o mito do desarmamento da população, com insistência divulgado por setores à esquerda do nosso espectro ideológico, existe muita lógica nas suas ações. Querem mesmo é ver o povo desarmado para não encontrar nenhuma resistência em suas ações. Os exércitos e as milícias da Nicarágua e da Venezuela estão armados até os dentes para matar inocentes que se opõem à destruição do seu país, tudo isso sob o ímpeto e inspiração do Foro de São Paulo, o acerto de Lula e Fidel Castro para conduzir as Américas aqui de baixo ao “paraíso comunista”.

É mister dizer que o direito à vida é um direito natural. Todo cidadão acima de 18 anos deveria ser autorizado a reunir os meios de defesa da sua integridade pessoal e dos seus familiares. É evidente que esse direito não deve existir sem restrições. O porte de arma somente será possível se o cidadão possuir registro, mediante nota fiscal; tiver concluído curso de treinamento e aprendizagem de tiro; obtiver atestado de bons antecedentes; tiver passado por testes psicológicos.

O porte de arma não é para o cidadão andar a torto e direito por aí, com liberdade para matar os seus semelhantes por motivo fútil e fugaz, como ocorre com as mortes no trânsito. Não é isso! Ele é um instrumento da legitima defesa, e só dela. E as situações que permitiram a sua utilização seriam as seguintes: no interior das residências; por motivo de viagem; por residir em locais ermos, afastados dos centros urbanos, tais como chácaras, sítios e fazendas; por exercer uma profissão cuja natureza enseja o porte de arma (vigilante, trabalho em portarias de fábricas e edifícios); por ameaça à vida do portador que registre esse fato nas delegacias policiais, com detalhes da situação e provas, se possível; e por aí afora.

Mais de 63 mil mortes de inocentes ocorreram no país em 2017. Essa é uma realidade dinâmica, pois cresce, ano após ano, o que demonstra que a tese dos desarmamentistas, na prática, não tem dado certo – pelo contrário, tem facilitado a vida dos infratores.
Por: Irineu Berestinas é graduado em Ciências Sociais  
Do site:https://www.gazetadopovo.com.br

sexta-feira, 21 de setembro de 2018

Olavo de Carvalho - Acordem, conservinhas

NOSSA FALÊNCIA MORAL SE REVELA NO SISTEMA PRISIONAL


Após décadas de administração tucana e proselitismo em prol dos direitos humanos, prisões paulistas continuam superlotadas e disseminando doenças...

Prisões no Brasil - décadas de governo...para nada mudar.


Ana Maria Detthow Pinheiro, uma das mais respeitáveis profissionais de recursos humanos no Brasil e reconhecida liderança da proteção animal, foi testemunha de uma história trágica e cruel.

Ana Maria relatou o drama no seu perfil de uma rede social da seguinte forma:

"O filho da minha empregada bateu na irmã, na mãe e depois de uma novela em delegacias ficou preso por dois meses no Centro de Detenção Provisória de Pinheiros. Saiu este fim de semana e foi para a casa de uns amigos dela. Está subnutrido, esquelético, com furunculose, sarna e pneumonia. Havia 42 homens na cela com ele. Para ela conseguir enviar um agasalho, um cobertor, foi outra novela. As famílias ficam em filas intermináveis para conseguir uma carteirinha que lhes permita um cadastro. Isso porque estamos falando do Centro de Detenção Provisória de Pinheiros, na cidade de São Paulo. A comida era insuficiente - e nós já ouvimos mil vezes na tv falar de casos de corrupção envolvendo alimentação de presos. O colchão em que ele estava ficava perto do chuveiro e da privada, por isso estava sempre meio molhado. O preso não pode se mexer à noite, porque não há espaço. Se um esbarrar no outro, sai uma briga. A forunculose foi provocada pela baixa resistência. A sarna ele pegou pelo acúmulo de passoas e pela falta de higiene. A pneumonia não estava sendo tratada. O banho não é de chuveiro, cada um tem direito a um garrafão. Dia de visita vão todos para o tal pátio, aguardar e vão sendo chamados. Não há cobertura, assim se chover o preso fica na chuva. Com esse tipo de tratamento, será que alguém que foi preso vai sair melhor? Claro que não. Quantos anos o PSDB ficou no poder em São Paulo? Será que não dava para ter melhorado alguma coisa? Uma maneira burra de lotar as prisões no Brasil é prender pessoas com uma quantidade pequena de droga. Se são dependentes deveriam fazer tratamento e não ir para a prisão. Dependência química é doença. Ninguém vai preso porque é diabético. Se soltarem os dependentes diminui muito a população carcerária. Por que os governantes não constroem mais prisões? Enquanto o Brasil se comportar dessa maneira medieval, vai estar produzindo bandidos dentro das prisões."

O drama acima narrado, revela a presença da droga no cotidiano sofrido da periferia de São Paulo, a falta de assistência às famílias em situação de risco, a solidariedade de quem emprega e assiste de perto o funcionário e o choque de realidade face a um sistema público absolutamente corroído pelo descaso e a corrupção.

Não acho que se deva "dar moleza" pra vagabundo. Prisão é lugar de constrição e disciplina. Porém, não se deve agir contra prisioneiros na administração carcerária como se o Estado fosse um deles. Isso não é "justiça" - é corrupção e covardia.

O foco, deste artigo, portanto, é o resultado pífio da tutela penal do Estado. 

Ana Maria tem razão. Não há qualquer desculpa para o que ocorre no sistema prisional paulista.

O governo tucano, paga salários estratosféricos para manter uma Secretaria Especial para cuidar do sistema - desde a saúde até a segurança, um Conselho Penitenciário e de Política Criminal, um Conselho de Direitos Humanos, uma arroga te Defensoria Pública e um soberbo Ministério Público. 

O contribuinte paulista ainda arca com um judiciário nababesco, varas de execução penal e corregedoria judiciária de presídios. 

O Estado ainda sustenta a Assembleia Legislativa Paulista, a qual mantém comissão especial de fiscalização com competências legais excepcionais para tanto.

Ou seja, os seres humanos, por piores que sejam, são tratados pelo Estado pior que animais, mantidos em celas infectas, demonstrando que NÃO SÃO os destinatários das verbas públicas carreadas para manter a caríssima administração prisional.

Não há dúvida: mais que os marginais... é a administração pública paulista que deveria estar atrás das grades.

Por outro lado, no campo das hipocrisias militantes, constatamos que pastorais, comissões de justiça e paz, entidades de direitos humanos, partidos políticos, OAB, CNBB, etc... agitaram por décadas para nada conseguirem. 

A paisagem de desolação e superlotação permanece, como se esses corpos intermediários nada houvessem feito.

A pergunta não quer calar: será que o discurso sempre importou mais que as ações?

Melancólica parábola... 

Ana Maria Pinheiro, em pleno século XXI pensou em fazer uso das vetustas normas de proteção animal contra maus tratos, tal como o fizera o advogado dos advogados brasileiros, o grande Dr. Sobral Pinto, ao denunciar as condições sub humanas em que se encontravam os presos políticos no cárcere do Estado Novo getulista, nos anos 1930. E talvez fosse mesmo o caso, apesar da Constituição e toda carga legislativa pretensamente libertária construída em todos esses anos de "Nova República", por obra e graça dos defensores de direitos humanos. 

Não por outro motivo, o que sobra no ambiente imundo das grades mal administradas e superlotadas... é a adesão do preso à facção criminosa. 

E assim fecha-se mais um ciclo de nossa falência moral, como sociedade e Estado... 

Leia também: 


1- PEDRO, Antonio Fernando Pinheiro, "A violência nas ruas, a rebelião nos presídios e a supremacia dos idiotas", in Blog "The Eagle View". Visto em 29Junho2018: www.theeagleview.com.br/2017/01/a-rebeliao-nos-presidios-dissimulacao-e.html

Por: Antonio Fernando Pinheiro Pedro é advogado (USP), jornalista e consultor ambiental. Sócio diretor do escritório Pinheiro Pedro Advogados. Integrante do Green Economy Task Force da Câmara de Comércio Internacional (Paris), membro do Instituto dos Advogados Brasileiros – IAB, Vice-Presidente Jurídico da API - Associação Paulista de Imprensa. É Editor-Chefe do Portal Ambiente Legal e responsável pelo blog The Eagle View.
Do site: 
https://www.theeagleview.com.br





sexta-feira, 14 de setembro de 2018

DEBILIDADES

Em artigo recente, expliquei que um dos mais velhos truques do movimento revolucionário é limpar-se na sua própria sujeira, cuja existência negava até a véspera.

Desde a queda da URSS, a maneira mais usual de aplicar esse truque consiste em jurar que tudo aquilo que durante setenta anos todos os comunistas do mundo chamaram de comunismo não foi comunismo de maneira alguma: foi capitalismo.

Mediante essa simples troca de palavras a ideia comunista sai limpa e inocente de todo o sangue que se derramou para realizá-la, e gentilmente solicita da plateia um novo crédito de confiança, isto é, mais sangue, jurando que desta vez vai ser um pouquinho só, um tiquinho de nada. Por exemplo, varrer Israel do mapa ou exterminar a raça branca.

O apresentador dessa modesta sugestão não explica nunca como bilhões de pessoas inspiradas na teoria histórica mais científica de todos os tempos – insuperável, no dizer de Jean-Paul Sartre –, puderam se enganar tão profundamente quanto àquilo que elas mesmas estavam fazendo, nem como foi que ele próprio, subindo acima de Lenin, de Stálin, de Mao Dzedong e de tantos luminares do marxismo, foi o primeirão a enxergar a luz.

Nem muito menos explica como é possível, de uma teoria que ensina a unidade substancial de ideia e prática, se pode obter uma separação tão radical dessas duas coisas que uma delas saia inteiramente limpa e a outra inteiramente suja.

Mas esse pessoal é assim mesmo: quando chega na página seguinte, já esqueceu a anterior.

Dois exemplos recentes vêm-nos da Sra. Lúcia Guimarães, que é talvez o caso mais típico de ignorância elegante no jornalismo brasileiro, e da srta. Yoani Sanchez, uma abnegada que procura salvar a imagem do comunismo cubano isolando-a de um breve erro de percurso de apenas meio século.

O argumento das duas é substancialmente o mesmo: não se pode culpar o comunismo por nada do que aconteceu na URSS, na China, no Camboja ou em Cuba, porque o comunismo é a posse e domínio dos meios de produção pelos proletários, e não pelo Estado como se viu nesses lugares.

Dona Lúcia chega a passar pito no dramaturgo David Mamet porque este diz que a doce promessa de Karl Marx, "De cada um conforme suas possibilidades a cada um conforme suas necessidades" não passa de uma expressão cifrada para justificar a espoliação de todos pelo Estado.

Em todos os regimes comunistas foi isso o que se deu realmente, mas ainda assim Dona Lúcia assegura que Mamet "levaria nota baixa em marxismo, porque o espantalho invocado por Mamet estava pensando numa utopia do proletariado, não do Estado".

No mesmo sentido pronuncia-se Yoani Sanchez para jurar que em Cuba nunca houve comunismo, apenas capitalismo de Estado.

Não é preciso observar que assim, com um estalar de dedos, a teoria que se apresentava como idêntica à sua encarnação histórica se torna uma ideia pura platônica, um ente metafísico separado, imune a toda contaminação deste baixo mundo.

Eu não seria cruel de esperar dessas duas criaturas a compreensão dessa sutileza, mas elas poderiam ao menos ter lido um dos mais célebres parágrafos de Karl Marx, no Manifesto Comunista:
"A última etapa da revolução proletária é a constituição do proletariado como classe dominante... O proletariado servir-se-á da sua dominação política para arrancar progressivamente todo o capital da burguesia, para centralizar todos os meios de produção nas mãos do Estado, isto é, do proletariado organizado..."

Aí não existe, no mais mínimo que seja, o antagonismo que aquelas duas inteligências iluminadas acreditaram enxergar entre o Estado e o proletariado: o Estado é o proletariado organizado, o proletariado organizado é o Estado. E o proletariado organizado não é outra coisa senão o Partido.

A profecia da "autodissolução do Estado" na apoteose dos tempos é somente uma figura de linguagem, um jogo de palavras, uma pegadinha infernal. Marx explica que, como tudo pertencerá ao Estado, este já não existirá como entidade distinta, mas a própria sociedade será o Estado.

É uma curiosa inversão da regra biológica de que quando o coelho come alface não é o coelho que vira alface, mas a alface que vira coelho. Se o Estado engole a sociedade, não é o Estado que desaparece: é a sociedade. Que a sociedade dominada, esmagada e anulada não sinta mais o peso da dominação não quer dizer que esta não exista, mas que o dominado está exausto e estupidificado demais para tomar consciência dela. É o totalitarismo perfeito em que, nas palavras de Antonio Gramsci, o poder do Partido-Estado já não é percebido como tal, mas se torna "uma autoridade onipresente e invisível como a de um imperativo categórico, de um mandamento divino".

Um exame atento dos textos de Karl Marx teria bastado, em plena metade do século 19, para perceber neles o Gulag, o Laogai e centenas de milhões de mortos, todo o terror e misérias dos regimes comunistas como consequências incontornáveis da própria lógica interna da teoria, caso tentasse sair do papel para encarnar-se na História.

Marx, Engels e Lenin em pessoa reconheceram isso inúmeras vezes, enaltecendo o genocídio e a tirania como "parteiros da História". Que, decorridos cento e sessenta e tantos anos, ainda haja tantas pessoas que insistam em explicar como fruto de desagradáveis coincidências aquilo que a própria teoria exige como condição sine qua non da sua realização é, decerto, uma das provas mais contundentes de uma debilidade intelectual que não deixa de refletir, talvez, alguma debilidade de caráter.
*Publicado originalmente em Diário do Comércio, 2 de junho de 2013
Por Olavo de Carvalho. 

sábado, 8 de setembro de 2018

COMO A LIBERDADE MORRE


George Orwell e 1984: Como a liberdade morre

Os escritos de George Orwell experimentaram um pico de popularidade na última década e por uma razão simples – as sociedades modernas estão se tornando cada vez mais parecidas com a distopia descrita no livro mais famoso de Orwell, 1984. Seja vigilância em massa, uso incessante de propaganda, perpétua guerra, ou o culto da personalidade em torno de líderes políticos, não é de surpreender que muitos vêem o romance de Orwell como presciente em muitos aspectos.

Com isso, o Ocidente continua muito mais livre do que a sociedade distópica de 1984, mas a tendência não é um bom presságio para aqueles que defendem uma sociedade livre. Orwell, de fato, acreditava que o totalitarismo do tipo que ele satirizava em seu romance era uma possibilidade distinta para o Ocidente e, às vezes, chegava a sugerir que, de fato, poderia ser inevitável.

“Quase certamente estamos nos movendo para uma era de ditaduras totalitárias.” (George Orwell, Obras Completas – Volume XII)

Neste artigo, veremos o que causou o pessimismo de Orwell, focalizando duas tendências em particular – o movimento em direção ao coletivismo e a ascensão do hedonismo.

O coletivismo é uma doutrina, ou um conjunto de ideologias, em que os objetivos de um determinado coletivo, como um estado, uma nação ou uma sociedade, têm precedência sobre os objetivos dos indivíduos. Socialismo, comunismo, nacionalismo e fascismo são todas ideologias coletivistas. Orwell acreditava que uma pré-condição para a ascensão do totalitarismo era o surgimento de uma estrutura social coletivista, pois isso permite a centralização do poder necessário para exercer o controle social total. A visão de Orwell da conexão entre o totalitarismo e o coletivismo provou ser intrigante, pois Orwell era um esquerdista convicto, um crítico do capitalismo e um socialista. Como poderia alguém que favoreceu o socialismo, uma ideologia coletivista, ao mesmo tempo escrever um romance distópico que retrata uma sociedade coletivista de maneira tão horrenda? Para entender sua posição,

“Não é certo que o socialismo seja em todos os aspectos superior ao capitalismo, mas é certo que, ao contrário do capitalismo, ele pode resolver os problemas de produção e consumo.” (George Orwell, Obras Completas – Volume XII)

O capitalismo era um sistema tão inadequado na mente de Orwell que, como muitos esquerdistas de sua época, ele acreditava que estava em seu leito de morte e logo seria substituído por alguma forma de coletivismo. Ele viu isso como inevitável. A questão para Orwell era que tipo de coletivismo tomaria seu lugar.

“A verdadeira questão é se o capitalismo, agora obviamente condenado, será dar lugar à oligarquia [totalitarismo] ou à verdadeira democracia [socialismo democrático]”. (George Orwell, Obras Completas – Volume XVIII)

Após a morte iminente do capitalismo, Orwell esperava que o socialismo democrático fosse adotado no Ocidente. Socialistas democratas, como Orwell, defendiam uma economia centralmente planejada, a nacionalização de toda a grande indústria e uma redução radical da desigualdade de riqueza. Eles também eram fortes defensores das liberdades civis, como liberdade de expressão e liberdade de reunião, que esperavam que pudessem ser mantidas em uma sociedade que privaria em grande parte as pessoas de suas liberdades econômicas.

O problema, no entanto, que Orwell e outros socialistas tiveram que enfrentar, foi a falta de exemplos, seja passado ou presente, de quaisquer países que adotassem com sucesso o socialismo democrático. Pior ainda, os estados que se voltaram para o coletivismo na primeira metade do século 20, como a Alemanha nazista e a Rússia soviética, estavam se tornando cada vez mais totalitários – eles estavam adotando o que Orwell chamou de coletivismo oligárquico, não de socialismo democrático. O coletivismo oligárquico é um sistema no qual uma elite de poucos, sob o disfarce de uma certa ideologia coletivista, centraliza o poder usando força e fraude. Uma vez no poder, esses oligarcas esmagam não apenas as liberdades econômicas de seus cidadãos, um movimento que socialistas como Orwell favoreciam, mas também suas liberdades civis. Orwell estava preocupado com o fato de que, após a morte do capitalismo, todo o mundo ocidental talvez sucumbisse ao coletivismo oligárquico. Esse medo foi em parte devido à sua percepção de que o hedonismo estava em ascensão nas sociedades ocidentais.

O hedonismo é uma posição ética que sustenta que o objetivo final da vida deve ser a maximização do prazer e a minimização da dor e do desconforto. Em um Ocidente cada vez mais urbano e consumista, Orwell acreditava que muitas pessoas estavam estruturando suas vidas de uma maneira hedonista e isso não augura nada de bom para a liberdade da civilização ocidental. Um estilo de vida hedonista, segundo Orwell, enfraquece as pessoas, torna-as fracas e incapazes de resistir a ideólogos fanáticos que desejam governar a sociedade.

Esse medo de Orwell se revelou infundado até este ponto. Enquanto o Ocidente, desde a sua morte em 1950, em muitos aspectos se tornou mais hedonista, isso não levou os ditadores totalitários a assumirem o controle. Em vez Aldous Huxley o autor de outro famoso romance distópico século 20, Admirável Mundo Novo, pode ter tido uma melhor compreensão da forma como as sociedades ocidentais se tornaria escravo no final dos anos do século 20 e início do 21.

Huxley, como Orwell, era um anti-hedonista, mas sua aversão ao hedonismo diferia da de Orwell. A principal preocupação de Huxley era que o hedonismo pudesse ser usado como uma ferramenta eficaz para oprimir uma sociedade porque as pessoas voluntariamente renunciariam à liberdade em troca de “prazer sensorial e consumo sem fim”. Se uma sociedade pode ser estruturada de modo que as pessoas possam dedicar grande parte do seu tempo à busca de prazeres, desejos materiais gratificantes e até se drogar para fugir da realidade, então a persuasão e o condicionamento, em vez da coerção física, serão suficientes para exercer um controle extremo sobre uma sociedade. Neil Postman em seu livro “Divertindo-se até Morrer” contrasta bem os diferentes medos de Orwell e Huxley:

“O que Orwell temia eram aqueles que baniriam livros. O que Huxley temia era que não haveria razão para proibir um livro, pois não haveria ninguém que quisesse ler um … Orwell temia que a verdade fosse escondida de nós. Huxley temia que a verdade fosse afogada em um mar de irrelevância. Orwell temia que nos tornássemos uma cultura cativa. Huxley temia que nos tornássemos uma cultura trivial … Em 1984, as pessoas são controladas pela dor infligida. Em Admirável Mundo Novo, elas são controlados por infligir prazer. Em resumo, Orwell temia que o que tememos nos arruinasse. Huxley temia que o que desejássemos nos arruinasse. ”( Neil Postman, Divertindo-se com a Morte: Discurso Público na Era do Show Business )

O Ocidente, ao que parece, se encontra em uma situação um pouco análoga ao que Huxley temia. Pois, como o proverbial sapo em água fervente, os cidadãos do Ocidente aceitam intrusões cada vez maiores em suas liberdades e com pouca resistência. A coerção física aberta que Orwell achava necessária para escravizar uma sociedade até agora se revelou desnecessária. Antes de ignorar completamente os medos de Orwell, porém, deve-se notar que Orwell estava familiarizado com a posição de Huxley e não negou que a sociedade hedonista que Huxley temia fosse uma possibilidade. Mas ele viu isso como um estágio temporário, criando as condições ideais para um regime mais brutal tomar o controle e impor sua vontade à sociedade. Se Orwell será provado correto no final, continua a ser visto. No entanto, como foi apontado, Orwell não acreditava que o totalitarismo que ele temia pudesse emergir em uma sociedade sem antes se tornar coletivista. Então, talvez, o que impediu que seus medos se tornassem realidade até agora é que o capitalismo não morreu como ele acreditava e o coletivismo ainda não emergiu completamente formado no Ocidente.
Esse artigo é uma copilação traduzida do vídeo George Orwell and 1984: How Freedom D
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segunda-feira, 27 de agosto de 2018

NÃO TE RENDAS


“Não te rendas”, o lindo poema de Mario Benedetti que vai motivá-lo a lutar pelos seus sonhos

Mario Benedetti, além de ser um grande escritor de origem uruguaia, é muito amado e lembrado até por sua filosofia de vida. Através do seu trabalho, ele nos ensinou a ver a vida de uma maneira simples, encontrando a felicidade na simplicidade da vida cotidiana, naqueles pequenos detalhes que qualquer um pode acessar, se você se propuser.

Em seguida, vamos ler um belo poema de Mario Benedetti.

Não te rendas, ainda estás a tempo
de alcançar e começar de novo,
aceitar as tuas sombras
enterrar os teus medos,
largar o lastro,
retomar o voo.

Não te rendas que a vida é isso,
continuar a viagem,
perseguir os teus sonhos,
destravar os tempos,
arrumar os escombros,
e destapar o céu.

Não te rendas, por favor, não cedas,
ainda que o frio queime,
ainda que o medo morda,
ainda que o sol se esconda,
e se cale o vento:
ainda há fogo na tua alma
ainda existe vida nos teus sonhos.


Porque a vida é tua, e teu é também o desejo,
porque o quiseste e eu te amo,
porque existe o vinho e o amor,
porque não existem feridas que o tempo não cure.

Abrir as portas,
tirar os ferrolhos,
abandonar as muralhas que te protegeram,
viver a vida e aceitar o desafio,
recuperar o riso,
ensaiar um canto,
baixar a guarda e estender as mãos,
abrir as asas
e tentar de novo
celebrar a vida e relançar-se no infinito.

Não te rendas, por favor, não cedas:
mesmo que o frio queime,
mesmo que o medo morda,
mesmo que o sol se ponha e se cale o vento,
ainda há fogo na tua alma,
ainda existe vida nos teus sonhos.
Porque cada dia é um novo início,
porque esta é a hora e o melhor momento.
Porque não estás só, por eu te amo.
Do site: https://www.pensarcontemporaneo.com

quarta-feira, 22 de agosto de 2018

GENERAL MOURÃO E A CRÍTICA DOS IGNORANTES

Pensar diferente atemoriza quem ignora o que existe além dos rótulos do politicamente correto

General Ex Hamilton Mourão

O General Mourão, em um evento ocorrido no dia 6 de agosto, na Câmara de Comércio de Caxias do Sul, afirmou termos todos nós, brasileiros, três heranças principais: a do "privilégio", trazida pelos ibéricos; da "indolência", que vem da cultura indígena; e da "malandragem", "oriunda do africano". 

"Então esse é o nosso caldinho cultural. Infelizmente gostamos de mártires, líderes populistas e macunaímas", afirmou o General Mourão, atribuindo essa característica psicossocial ao chamado "complexo de vira-lata". 

Pronto! Foi o que bastou para a militância imbecil sacar o rotulador, atribuindo pechas de preconceituoso, racista, etnofóbico... ao militar, tudo transmitido pelo teleprompter da mídia amestrada, e lido pelos porta-vozes robóticos do establishment. 

De fato, a reação é sintomática da ignorância intrínseca à militância do politicamente correto. Isso porque os ressentidos que seguem esse discurso, protegem sua forma tosca de ver o mundo rotulando tudo aquilo que não conhecem, e que exige um raciocínio para além do rancor. 

Como não conseguem fazê-lo (raciocinar para além do rancor), temem tudo o que foge de sua minúscula compreensão. 

Não por outro motivo, esse rotuladores tornam-se escravos dos sufixos. Sintomaticamente utilizam "fobia" para atacar aquilo que está no inconsciente deles próprios, quando não recorrem ao "ismo", para praticar exatamente o que pretendem combater. É a famosa "projeção psicológica", um mecanismo de defesa por meio do qual os incautos atribuem aos outros os próprios sentimentos, pensamentos, crenças ou até mesmo ações próprias que são para eles inaceitáveis. 

Imersos na ignorância dos que se ressentem, como reagiriam os críticos da fala do militar, se deparassem com a leitura do seguinte trecho: 
"(...)Era preto retinto e filho do medo da noite. Houve um momento em que o silêncio foi tão grande escutando o murmurejo do Uraricoera, que a índia tapanhumas pariu uma criança feia. Essa criança é que chamaram de Macunaíma.
Já na meninice fez coisas de sarapantar. De primeiro passou mais de seis anos não falando. Si o incitavam a falar exclamava:
– Ai! que preguiça!...
e não dizia mais nada. Ficava no canto da maloca, trepado no jirau de paxiúba, espiando o trabalho dos outros e principalmente os dois manos que tinha, Maanape já velhinho e Jiguê na força do homem. O divertimento dele era decepar cabeça de saúva. Vivia deitado mas si punha os olhos em dinheiro, dandava pra ganhar vintém. E também espertava quando a família ia tomar banho no rio, todos juntos e nus."

Preconceituoso? Racista? Como classificariam hoje, os arautos da nova ética sem moralidade, a obra prima de Mário de Andrade - "Macunaíma"? 

Sérgio Buarque de Holanda, com sua descrição do individualismo ibérico, a noção de nobreza advir do ócio e do trabalho ser atribuição dos escravos, a ideia de que a disciplina, no Brasil, ter sido sempre confundida com "obediência" (daí surgindo a noção da malandragem dos que se passavam por disciplinados fingindo obediência), será doravante descrito como um ser desconectado das verdadeiras "Raízes do Brasil" - e, com certeza, sua obra histórica estará prestes a ser jogada na fogueira dos rotuladores politicamente corretos. 

Gilberto Freyre, então... nem pensar! "Casa Grande e Senzala" e sua descrição antropológica das gerações de seres deformados pelas doenças venéreas e pela subnutrição, da violenta e poligâmica vida social dos isolados senhores de engenho, suas mulheres, feitor e escravos... seria motivo de editorial clamando por alguma atitude censória do ministério público da moralidade alheia... 

De fato, Mourão revelou, no seu discurso, um entendimento posicionado, fruto de estudo, análise, aplicação e conclusão, consentâneo com sua formação social e intelectual - passível ou não de discordância como qualquer outro posicionamento que se tenha na vida. 

Porém, o que abalou o vulgo imbecilizante, não foi o pensamento conservador do General. Foi Mourão ter revelado erudição, elaboração abstrata e conhecimento crítico e cultural. 

Essa qualidade revelada pelo militar atemoriza toda a geração de pós-doutores de teses rasas, habilitados por gerações de "obedientes" à ideologia da preguiça mental, que contaminou a academia, a análise política e a mídia no Brasil.

A nata do politicamente correto teme, vivamente, a possibilidade do pensamento divergente sobreviver à fábrica de rótulos. Afinal, ela foi implantada para esmagar o pluralismo e o pensamento crítico no Brasil - em especial o conservador. 

Assim, nada tinha ou tem de errado no discurso do General Mourão. 

O erro está na mente dos que, há muito, não mais raciocinam, no Brasil. 
Por: Antonio Fernando Pinheiro Pedro é advogado (USP), jornalista e consultor ambiental. Sócio diretor do escritório Pinheiro Pedro Advogados. Integrante do Green Economy Task Force da Câmara de Comércio Internacional, membro do Instituto dos Advogados Brasileiros – IAB. Vice-Presidente da Associação Paulista de Imprensa - API, é Editor - Chefe do Portal Ambiente Legal, do Mural Eletrônico DAZIBAO e responsável pelo blog The Eagle View. Do site: https://www.theeagleview.com.br



quinta-feira, 16 de agosto de 2018

EPÍTETO, UM SÁBIO DA ANTIGUIDADE

“Não são as coisas que nos acontecem que nos fazem sofrer, mas o que dizemos a nós mesmos sobre essas coisas.”

Com esta frase simples, mas precisa Epictetus da Frígia, um filósofo estóico do primeiro século dC, semeava as raízes da psicologia contemporânea. Epiceto nasceu no ano 55 em Hierápolis de Frígia e chegou a Roma como escravo de Epafrodito que lhe daria educação até seu exílio em Nicópolis no ano 93 onde fundaria uma prestigiosa escola à qual se dedicaria plenamente.

Apesar de ser escravo e receber espancamentos durante a maior parte de sua vida, Epíteto era uma pessoa feliz. Sua filosofia baseava-se em ter muito claro o que era controlável e o que não era, a fim de modificar o que era suscetível a modificações e aceitar o que não era. Desta forma ele evitou-se tormento e infelicidade.

Controle da mente
Epíteto aceitou que suas circunstâncias não eram controláveis e não podiam ser diretamente alteradas de qualquer forma, mas, no entanto, sua mente o fez. Nesse sentido, ele tinha todo o poder. Portanto, ele decidiu que as coisas só o afetariam se ele permitisse que elas o influenciassem. Ou seja, o fato de ter emoções positivas ou negativas não dependeria de eventos externos, mas de seu próprio interior, de seus pensamentos sobre esses fatos.

A maioria das pessoas quando têm um estado emocional negativo e disfuncional, como depressão, ansiedade, raiva, culpa … tendem a acreditar que isso é causado por circunstâncias ou situações que aconteceram em sua vida, mas a verdade é que não é assim na maioria das vezes

O que realmente causa nossos estados emocionais são nossa maneira de interpretar o mundo, nossa atitude, nossas próprias crenças e pensamentos. Uma prova é que a mesma situação gera emoções diferentes em cada pessoa. Logicamente, se a situação fosse responsável pelas emoções, todas as pessoas deveriam reagir da mesma maneira e é mostrado que não é esse o caso. Então, deve haver um filtro que determine minha situação emocional.

Vamos dar um exemplo sobre essa ideia. Imagine que você está de pé no ônibus preso à barra de apoio e de repente você é atingido por trás. Você fica com raiva porque alguns rudes não foram cuidadosos com você, então você está pronto para se virar para lhe dizer quatro coisas, mas de repente você percebe que ele é uma pessoa cega.

Nesse momento, os sentimentos de raiva são modificados por sentimentos de compaixão e misericórdia para com o pobre cego que não teve qualquer intenção de empurrá-lo.

Somos responsáveis pelo que sentimos

O estímulo que supostamente provocou sua raiva ainda é o golpe, mas agora que você sabe que ele é cego, você não diz que ele é mal educado, nem um grosseiro sem respeito ou consideração, mas você diz que ele é um pobre homem que não pretendia fazer isso. Com o qual, podemos concluir que o que irritou você não foi o golpe, mas você mesmo com seu diálogo interno, com o que você estava dizendo sobre o bruto que lhe deu o empurrão.

Como podemos ver, o pensamento sempre precede a emoção e a boa notícia é que podemos controlá-lo! Nós somos responsáveis ​​por isso!

E eu digo boas novas porque se não fosse assim, teríamos que nos resignar a sermos escravos do exterior, ser fantoches sem defesas que se movam de acordo com as situações ou as idéias dos outros.

Se, por exemplo, fico deprimido porque os outros me criticam, o principal responsável por essa depressão sou eu, estou acreditando em todas essas críticas e opiniões e fazendo delas as minhas. Se eu mudasse meus pensamentos sobre essas críticas e desse a elas a importância correta, meu estado emocional seria muito diferente.

Talvez fosse desagradável, mas eu não ficaria deprimido com as idéias que outras pessoas têm, porque essas são suas idéias, não minhas e eu apenas as tornarei minhas se eu decidir. Se não fosse assim, se meus pensamentos não pudessem intervir, eu sempre teria que me sentir deprimido, a menos que eu peça aos outros para mudarem suas opiniões sobre mim, algo que é quase impossível, assim como o trabalho duro.

Na realidade, o ser humano tem a maravilhosa capacidade de ser feliz quase em qualquer circunstância e situação. Se você tem os meios para sobreviver, você já tem tudo para ser muito bom, mas é necessário que essas idéias sejam internalizadas em profundidade, que você as adquira como filosofia de vida.

Se Epíceto foi feliz por ser um escravo graças a este modo de encarar a vida, também podemos ser escravos em circunstâncias que nada têm a ver com a escravidão. Talvez você esteja reclamando muito? É possível que você esteja exigindo demais do mundo, dos outros e de si mesmo? Você está cheio de ansiedade tentando controlar o incontrolável?

Pare de abrir a porta para o sofrimento, pare de reclamar sobre o que acontece lá fora. Resolva se puder e se não, deixe estar. Mude sua maneira de ver as coisas e as coisas vão mudar.
Artigo originalmente publicado em La Mente es Maravillosa
Por: Pensar Contemporâneo  Do site: https://www.pensarcontemporaneo.com

terça-feira, 14 de agosto de 2018

DEMOCRACIA DOS DEBOCHADOS


Quem mais suprime a democracia, tece loas a ela...
(maxresdefaut)

Antes de mais nada: sou contra intervenção militar.

No entanto, corruptos e boa parte da imprensa “livre” tecem, diariamente, loas à democracia.

Parece deboche...

Cabe perguntar: existe democracia de fato no país?

Quem garante que as eleições, ocorridas com o PT no poder, foram lícitas e transparentes, quando se sabe que um fantástico volume de dinheiro foi desviado dos cofres públicos, aplicado por todo o bloco governista, disfarçado de programas sociais , em descarada compra de votos? 

É democrático que o julgamento de inúmeros políticos comprovadamente desonestos, se arraste por décadas, até que seus crimes prescrevam?

É democrático que alguns ministros do STF anulem decisões do próprio plenário da corte e libertem, contra todas as evidências, condenados a mais de dez anos de prisão? 

É democrático que a Suprema Corte mantenha o país, já à beira do abismo pela incompetência do executivo, em permanente insegurança jurídica, contribuindo para desmoralizar as instituições?

É democrático que advogados, regiamente pagos por bandidos, se valham de um sistema arcaico e protelatório para interpor recursos indefinidamente, sobre o mesmo assunto, até que um julgamento atenda o desejo de seus clientes?

E depois, esses mesmos “democratas” fingem se surpreender quando a maioria pede “intervenção militar”...

Brasil acima de tudo!

Por: Augusto Heleno Ribeiro Pereira é General de Exército da Reserva do Exército Brasileiro
Do site: https://www.theeagleview.com.br