quinta-feira, 8 de novembro de 2012

ÍNDIOS HOMICIDAS



Ontem, na divisa do Mato Grosso com o Pará, índios que faziam garimpo ilegal atacaram a Polícia Federal. No conflito, oito pessoas ficaram feridas. É cada vez mais normal a prisão de índios fortemente armados, para defender o garimpo ilegal, a extração de madeira ou simplesmente para assaltar transeúntes em terras indígenas. Veja notícia abaixo:


Um conflito entre índios caiabis e agentes da Polícia Federal deixou ontem um saldo de oito feridos -seis indígenas e dois policiais- às margens do rio Teles Pires, norte de Mato Grosso. De acordo com a Polícia Federal, o confronto ocorreu pela manhã, quando policiais explodiam uma balsa usada pelos índios para extração ilegal de ouro no rio. A balsa pertencia a um cacique conhecido como Camaleão. Os índios chegaram atirando e lançando flechas, ainda segundo o relato da PF, e os agentes então revidaram.


No fim da tarde de ontem, segundo a direção do Hospital Regional de Alta Floresta, no extremo norte do Estado, nenhum dos índios feridos corria risco de morte. Dois índios caiabis foram feridos a bala no braço, perderam muito sangue e ficaram em situação crítica até receberem os primeiros atendimentos no hospital.


Um deles foi operado em Alta Floresta, enquanto o outro seria levado ontem à noite para Cuiabá, para passar por cirurgia vascular. Não havia informações sobre os outros índios feridos. De acordo com a direção do hospital, os dois policiais, feridos a flecha, permaneceram acampados na base montada pela PF na área da operação, a pouco mais de 200 km da sede de Alta Floresta.

Ainda não há informações sobre o motivo da reação dos índios: se defendiam o patrimônio, no caso, a balsa, ou se teriam ficado contrariados com uma suposta ação truculenta dos policiais na ação. Ontem, no fim da tarde, a PF deslocou de carro e de avião cerca de 30 homens para Alta Floresta. Eles foram remanejados de Cuiabá, capital do Estado, e de Sinop, no norte mato-grossense. Hoje pela manhã esse reforço deve seguir para o local do conflito com os índios.


No mesmo dia, a Polícia Federal também desarmou indígenas no Paraná, para evitar uma matança entre eles, em briga pelo poder na aldeia. Como sempre, a FUNAI não soube explicar o que estava ocorrendo.


A Polícia Federal desencadeou ontem uma operação para desarmar um grupo de índios no sul do Paraná. Seis indígenas, entre eles o cacique Valdir Kokoj Santos, foram presos na reserva de Mangueirinha (a 408 km de Curitiba). A operação teve como objetivo desarmar líderes que estariam coagindo os demais indígenas. O cacique enfrenta oposição de um grupo que estaria disposto a assumir o comando da aldeia.


A Funai (Fundação Nacional do Índio) não soube informar o número de habitantes da aldeia. Disse apenas que, no local, vivem índios das etnias caingangue e guarani. O delegado Maurício Todeschini, que comandou a operação, disse que há histórico de violência dentro da reserva, mas ressaltou que apenas o grupo liderado desse cacique age com brutalidade.


No fim da tarde, antes de ser transferido para a carceragem da PF em Curitiba, o cacique pagou fiança de R$ 7.000 e foi solto. O delegado disse que o pagamento foi feito por outros índios. Os demais indígenas presos foram levados para Pato Branco. As denúncias contra Santos foram feitas pelos próprios índios. A PF confirmou as acusações que levaram a Justiça a emitir 27 mandados de busca e apreensão. A ação envolveu cerca de 100 policiais. Foram apreendidas cinco espingardas e três revólveres.

A VITORIA DO OBAMA


A Vitoria do Obama - A Quem Ele Deve Sua Reeleição ?


Images (13)

Romney recebeu 52% dos votos do sexo masculino contra 45% do Obama. Isto mesmo. 

Justamente daqueles homens que apostavam na capacidade do Romney de consertar a economia e gerar os empregos que eles tanto precisam. 

Obama ganhou graças as mulheres, tendo 55% dos votos, contra 44% do Mitt Romney. Mulheres representam 53% dos eleitores, mais um bônus. 

Porque esta maciça preferencia das mulheres por Obama? 

Afinal são casadas, e tenderiam a votar com seus maridos (ou vice versa, como é hoje em dia ), portando a diferença dos sexos deveria ser bem menor. 

Foi aí que eu errei. 

Fiz minha mini pesquisa quando estava em Nova York, e detectei que muitos homens negros não estavam nada felizes com Obama, e votariam mais por solidariedade, do que na avaliação de suas qualificações. 

Estavam respondendo as pesquisas de forma "politicamente correta" mas na hora poderiam simplesmente não votar. 

Mas esqueci de entrevistar mulheres negras. 

Lição, nunca mais falar sobre assuntos que você não tenha todos os fatos, e não entende profundamente, que foi o meu caso. Me perdoem. 

Obama teve 96% dos votos das mulheres negras, Romney somente 4%. 

Como elas são 8% do eleitorado, elas representam 7,6% da diferença entre Obama e Romney, que foi somente 2%. 

Foram elas que fizeram a diferença, são elas o ponto fora da curva. 

Porque mulheres negras não influenciaram os seus maridos na mesma proporção? 

Porque 70% são mães solteiras, que vivem do Bolsa Família Americano. Chama se Food Stamps, e outras benesses. 

Romney também perdeu na Florida, nos condados dominados por velhos americanos aposentados fugindo do clima inóspito do norte dos Estados Unidos. 

Outro Bolsa Família dos Estados Unidos, que cresce exponencialmente ano a ano. 

Estes apoiam o Obama Care com unhas e dedos, forma de receber benefícios de saúde sem ter poupado para o necessário, cujas despesas recairão sobre a nova geração de contribuintes, que ficarão bem mais pobres do que seus pais. 

Que por sinal mais votaram em Obama. 

Desavisados, 60% dos jovens entre 18 a 29 votaram nele, sem entender o que Romney e Bush tem dito há mais de 12 anos. 

Que a dívida atuarial e médica dos Estados Unidos já atingiu 100 a 200 trilhões de dólares, dependendo de quem faz a conta. E são estes jovens que terão de pagar a farra dos velhos. 

Estados Unidos está virando uma Europa, uma Grécia. 

O dólar virará um Euro, teremos inflação e juros altos, a medida que a velha geração vai endividar o país, quando a nova geração recusar a pagar as benesses que os velhos se auto conferiram. 

Prometo nunca mais palpitar em política, porque resultados assim eu realmente não entendo, muito menos a lógica dos jovens eleitores. Fonte : http://edition.cnn.com/election/2012/results/race/president#exit-polls

Por: Stephen Kanitz

O ESTADO DA SÍNDROME DE ESTOCOLMO


Quando se pergunta o que um político fez em seu mandato para justificar sua reeleição, é muito comum ouvir que tal político ampliou a quantidade de pessoas beneficiadas pelo bolsa-família, construiu mais hospitais públicos, trouxe mais unidades do SUS para a cidade, instituiu escolas públicas voltadas para atender às necessidades especiais de crianças marginalizadas, aprovou a lei de cotas para minorias ou desprivilegiados, aumentou o seguro-desemprego, manteve o nível dos preços dos transportes públicos ou ainda que aumentou o policiamento na cidade para a guerra ao tráfico, trazendo maior sensação de segurança à população.


Chega quase a ser verossímil acreditar que é desumano votar contra esses políticos e não ser a favor de medidas como as listadas anteriormente, as quais não seriam possíveis sem o aparato público. Sim, é verdade, as medidas que caracterizam o estado do "bem-estar-social" não seriam possíveis sem este aparato, porque é este justamente o responsável pelas ações cujas consequências tornam necessária a própria intervenção estatal.

Confuso? Você vai entender melhor quando reconhecer a semelhança que guarda as consequências de algumas políticas públicas com o quadro psicológico desenvolvido por pessoas vítimas de sequestro, vítimas dos cenários de guerra ou submetidas à grave violência doméstica ou familiar. Esse quadro é mais comumente conhecido pelo nome de Síndrome do Estocolmo e é bem caracterizado pelo trecho a seguir extraído da Wikipédia:

As vítimas começam por identificar-se emocionalmente com os sequestradores, a princípio como mecanismo de defesa, por medo de retaliação e/ou violência. Pequenos gestos gentis por parte dos captores são frequentemente amplificados porque, do ponto de vista do refém é muito difícil, senão impossível, ter uma visão clara da realidade nessas circunstâncias e conseguir mensurar o perigo real. As tentativas de libertação, são, por esse motivo, vistas como uma ameaça, porque o refém pode correr o risco de ser magoado.

O fato é que as engrenagens que movem esse aparato político têm dentes pequenos, mas afiados. As reentrâncias compartimentadas em forma de ausência de informação são tão minúsculas que tornam quase impossível às vítimas conseguirem discernir a realidade, isto é, as causas daquilo que torna a situação tão penosa para elas.

É muito compreensível, então, que o seguro-desemprego seja tão desejável quando existem inúmeros impostos/"contribuições" e uma liberdade contratual tão escassa, tornando o processo de contratação/demissão e abertura de novas empresas tão demorada e custosa, que fica quase impraticável alguém sair do trabalho atual para um novo em um curto período. Torna-se ainda mais compreensível, quando a vítima é auxiliada por tal seguro, afinal é esta ferramenta que a impediu de sofrer privações nesse período de transação.

É completamente plausível a vítima ser a favor de ações de "distribuições de renda", quando o governo paga seus títulos imprimindo dinheiro, distorcendo e inflacionando os preços no mercado, e quando tributa acentuadamente produtos alimentícios. Torna-se até quase irrefutável quando o benfeitor governo subsidia grandes fazendeiros de modo a tornar a nossa comida mais barata para o exterior e mais cara para o consumidor brasileiro!

É inteiramente factível a vítima ser a favor de políticos que mantenham o preço das passagens de ônibus, quando estes tomam sua renda e a usam para subsidiar uma gasolina taxada em mais de 100% sobre o custo e, ainda assim, cada vez mais aguada. É só você imaginar o quanto essa tributação é convertida em ruas esburacadas e engarrafamentos grotescos que você começa a entender que isso é o mínimo que se pode pedir em um ambiente em que a iniciativa privada praticamente não tem atuação, o transporte coletivo.

Chega a doer os olhos, assim como dói quando você fica muito tempo no escuro e vê a luz exterior, de tão claro que é o fato de o sistema público de saúde ser imprescindível quando o cidadão de baixa renda possui péssimas condições de saneamento, esgoto, se alimenta mal, fica estressado no trânsito e carece de serviços de prevenção médica.

Emociona, assim como emociona ouvir o canto dos pássaros depois de nada mais ter escutado que silêncio e pensamentos sombrios na sua cabeça, o bravo clamor à igualdade de oportunidades que é propiciada pelo estado por meio de cotas, quando se é refém de um sistema público básico, fundamental e médio de ensino de péssima qualidade que por si só é um dos principais responsáveis pela manutenção da pobreza, da imobilidade econômica de certos indivíduos e pela atratividade de atividades ilícitas em um ambiente em que ser honesto exige cada vez mais sacrifícios.

É tão palpável a violência causada pelo tráfico de drogas, a qual se materializa em diversos roubos e assassinatos, que se torna absolutamente plausível ser a favor da proibição do consumo de entorpecentes e a favor da guerra às drogas. É completamente compreensível (e aqui, como nos parágrafos anteriores, falo com toda sinceridade) ser a favor da proibição quando você teve um parente vítima da violência causada pela guerra ao tráfico ou vítima do vício irrefreável das drogas. Sim, admito e me compadeço, podem acreditar; mas ainda assim é necessário enxergar que quem lhe leva à guerra é o mesmo que lhe cede a arma e o condecora ao término, vivo ou morto. Quem combate o tráfico é o mesmo que confere a pessoas de má índole o monopólio da comercialização de drogas e, portanto, lhes confere poder.

Há indivíduos que argumentam, e esse tipo de argumento não provém de vítimas dessa situação, que pessoas que estão no estado de baixa renda não teriam condições de ter suas necessidades atendidas pela iniciativa privada. Porém, elas realmente o são agora pelo sistema público? Se a população não tem condições de arcar com o custo de hospitais e escolas privadas, por que ela teria condições de pagar, sumultaneamente, por péssimos hospitais, por péssimas escolas públicas e, principalmente, por uma péssima administração pública para administrá-los? A iniciativa privada no âmbito principalmente da educação, saúde e empreendedorismo é realmente livre ou também é refém, afinal?Para a última pergunta, eu diria que sim, a iniciativa privada infelizmente também é refém, mas é uma vítima que talvez se torna menos alheia à própria situação, e, mesmo sob condições adversas, é capaz de operar alguns milagres por ter uma janela de reação maior. É assim, sob condições adversas ao empreendedorismo, que médicos do Sírio e do Einstein abriram uma clínica na entrada da favela de Heliopólis, em São Paulo (veja aqui). É assim, sob condições que no Brasil denominamos de penúria, que em Gana pais ganhando cerca de cinquenta dólares por semana preferem matricular seus filhos em escolas particulares às públicas disponíveis (veja estevídeo).

A visão de quem foi vítima desse aprisionamento de idéias, sem dúvida, merece ser respeitada, porém urge que chamemos a atenção para o fato de que o melhor médico não é necessariamente aquele que um dia contraiu a doença que está combatendo. A realidade, infelizmente, pode não ser a mesma para todos, mas a razão ainda segue ao lado daqueles que enxergam um pouco mais longe e conseguem vislumbrar o jogo por um ângulo melhor. Daqueles que percebem isso a tempo antes de serem acometidos por esse estado nada saudável de coisas, o estado da Síndrome de Estocolmo. 
Por: Johel Rodrigues é aluno do 5º ano de Engenharia de Fortificação e Construção do Instituto Militar de Engenharia

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

PRODUTOS QUE SE 'AUTOCONSERTAM'




Bactérias no concreto são ativadas pela água da chuva, corrigindo rachaduras

Um concreto experimental que se conserta sozinho ao rachar está em fase de testes, com o objetivo de se tornar um entre vários produtos que podem ganhar habilidades "autocurativas".

O concreto é o material de construção mais usado no mundo, mas a ação da água e de produtos químicos tende, ao longo do tempo, a corroê-lo.

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O material em fase de testes na Universidade Técnica de Delft (Holanda) contém bactérias que produzem calcário e são ativadas pela água da chuva. Os esporos da bactéria - adicionados à fórmula do concreto - ficam dormentes até serem atingidos pela água da chuva corroendo as estruturas do material. Então, a bactéria, que é inofensiva, produzirá calcário e "curará" as rachaduras causadas pela água.

"Vimos em laboratório o conserto de rachaduras de 0,5 mm de largura", mais do que o estabelecido por normas, explica o microbiologista Henk Jonkers, autor do projeto.

Se a ideia der certo, Jonkers espera comercializar o produto daqui a dois ou três anos, após testes externos e em diferentes tipos de concreto.

O principal desafio é garantir que o agente "curador" seja forte o suficiente para sobreviver ao processo de mistura do concreto. Para isso, é preciso aplicar uma cobertura às partículas, algo que encarece o processo.

Mas mesmo que o agente aumente em 50% o custo do concreto, isso ainda representará apenas 1% a 2% do total dos custos de construção. Já a manutenção de concreto deteriorado representaria um custo maior, diz Jonkers.
Celulares sob o sol

No futuro, telas de smartphones e tablets talvez sejam consertadas com a exposição ao sol

Não é só no concreto que cientistas buscam desenvolver capacidades de autoconserto.

Uma aplicação possível dessa propriedade seria em smartphones e tablets, que tão comumente sofrem riscos e quebras na tela. A equipe do professor Ian Bond, da Universidade de Bristol (Grã-Bretanha), fez um estudo de viabilidade a respeito de um problema parecido, que afeta vidros à prova de balas. "O vidro suporta a bala, mas racha", explica.

Bond avaliou a possibilidade de encharcar o vidro com alguma substância que preencha as rachaduras. "Esse mesmo princípio poderia ser aplicado em escala menor", em aparelhos eletrônicos, agrega o professor.

Bond acredita que um sistema com um gatilho - talvez a luz do sol - também pode funcionar: "Soldados (em combate) poderiam ferver seus óculos protetores para consertar riscos ou rachaduras na superfície. Você não pode fazer isso com seu celular, mas talvez possa colocar o aparelho na janela, sob o sol durante 24 horas, para consertar alguns riscos".

No caso de smartphones, trata-se apenas de um projeto. Mas já existe um spray que pode ser aplicado em motores para prevenir ou minimizar vazamentos, caso eles sejam atingidos por balas de baixo calibre. O sistema, construído pela empresa HIT-USA, já foi usada por militares americanos no Iraque.

Há três camadas no spray, e as duas exteriores são feitas de um plástico especialmente formulado que se espalha ao redor do projétil. Entre o plástico há uma camada especial com um componente absorvente. Quando esse componente entra em contato com o combustível, forma-se uma camada seladora.
Circuitos de metal

Experimento na Universidade de Bristol mostra agentes curativos sendo injetados em produtos

Os primeiros estudos sérios sobre esse tipo de tecnologia começaram nos anos 1960, por pesquisadores soviéticos. E, em 2001, um estudo da Universidade de Illinois (EUA) deu o pontapé para avanços nessa área.

Os pesquisadores injetaram um polímero semelhante ao plástico com cápsulas microscópicas contendo um líquido de agentes curativos. Se o material rachasse, isso ativava a ruptura das cápsulas e a liberação do agente curativo. E uma reação química reparava o produto. O polímero é capaz de recompor cerca de 75% de suas características originais.

Para ser testada, a superfície recebeu um golpe de martelo e ficou com a mancha acima

Na última década, essa equipe avançou e criou um circuito elétrico que se autoconsertava quando danificado. Microcápsulas no circuito liberavam metal líquido em caso de danos, restaurando a condutividade.

O grupo já está comercializando seu trabalho por intermédio da empresa Autonomic Materials, que obteve investimentos de cerca de US$ 4 milhões. Segundo o executivo-chefe Joe Giuliani, as primeiras aplicações das microcápsulas devem ser em tintas e adesivos para serem usados em ambientes afetados pela corrosão.

Mas o agente curativo injetado faz com que o produto se "cure" sozinho. Em questão de segundos, a mancha diminui até quase desaparecer

O setor de petróleo e gás pode ser beneficiado: produtos autocurativos podem ser úteis em plataformas, em oleodutos e em refinarias.

Scott White, do Instituto Beckman da Universidade de Illinois, opina que o conserto em equipamentos esportivos e aeronáuticos, por exemplo, é um "alvo de médio prazo" para a ciência.

Segundo ele, todo o conceito de autoconserto tem despertado grande interesse na última década, com cerca de 200 estudos acadêmicos publicados a respeito no ano passado. Há projetos em direções distintas, como polímeros e compostos que se autorreparem.

A inspiração, em alguns casos, é o sistema vascular humano, que depende de uma rede capilar para transportar agentes curativos ao local de feridas no corpo. Ao mesmo tempo, exploram a natureza reversível de alguns compostos químicos para incorporar neles essas habilidades curativas.
'Aeronave autocurativa'

Bond, da Universidade de Bristol, está desenvolvendo uma rede vascular baseada em fibras ocas, que transmitiriam agentes curativos por meio de polímeros. Sua ideia final é "uma aeronave autocurativa".

A ideia é minimizar danos em elementos estruturais de aviões, que podem ser alvo de rachaduras. O desafio será convencer as autoridades aeroviárias da segurança dessa tecnologia.

Por isso, Bond trabalha para superar alguns obstáculos enfrentados por sistemas vasculares: passar de microcápsulas para uma rede bi ou tridimensional, por exemplo, é um grande desafio industrial. Outro problema é garantir e controlar o fluxo do líquido curativo pelo material.

"No caso do sangue, ele só coagula quando está fora da veia", diz o professor. "Queremos algo assim, já que o perigo de compostos químicos simples é de que ele solidifique toda a rede capilar."

LIVRE MERCADO, MORALIDADE E CESARISMO

LeBon

O socialismo pavimenta o caminho para a tomada do poder pelos criminosos, pois ele avança em conjunto com a desintegração da ordem moral.


Gustave Le Bon, já em 1898, viu onde iríamos parar: “O socialismo moderno é muito mais um estado mental que uma doutrina”.



No livro Psychology of Socialism de Gustave Le Bon, há um excepcional aviso contra a experimentação socialista. “Não devemos nos iludir”, escreveu Le Bon, “como alguns fizeram, a ponto de permitir que o socialismo mostre sua finalidade para que se prove sua fraqueza, pois o socialismo imediatamente dará origem ao cesarismo e prontamente se suprimirá todas as instituições democráticas”. Isso foi publicado por Le Bon em 1898 e desde então tem sido invariavelmente profético quando se vê a Revolução Bolchevique na Rússia dezenove anos depois e a Revolução Nacional Socialista na Alemanha em 1933-34. Quando os princípios socialistas tomaram o controle na Rússia e na Alemanha, o cesarismo em Lênin, Stálin e Hitler logo apareceu. A liberdade de expressão logo foi espezinhada juntamente com os direitos de propriedade. Quando Le Bon escreveu Psychology of Socialism, a palavra “totalitarismo” não havia sido inventada. Uma palavra bem mais antiga designava a mesma coisa: era o “cesarismo”.

Foi Caio Júlio César quem cruzou o Rio Rubicão com suas legiões em 49 a.C. para derrubar a constituição romana para que pudesse instituir uma ditadura absoluta. “A maior e praticamente única contribuição de César foi a destruição da república” disse John Dickinson no livro Death of a Republic. “Na apatia dos eleitores [...] César viu uma oportunidade para introduzir um novo método [...] Era o método da desordem: as brigas de rua e intimidações levadas a cabo por bandidos. Era mais barato que o suborno [...] Eleitores que poderiam ser induzidos a votar apenas mediante suborno, por outro lado também poderiam ser forçados a ficar em casa caso corressem sérios riscos de danos físicos ou até risco de perder a vida; Deste modo, o corpo de votantes pôde ser reduzido aos poucos que votariam da maneira que o líder da bandidagem desejasse”.

Não foi acidental o fato de que os bolcheviques e nazistas também tenham contado com criminosos e gangues. A emersão de forças similares aqui nos Estados Unidos deveria servir também como aviso. Uma vez inseridos certos elementos no cerne da sociedade, deixa de ser possível o retorno à liberdade. Uma vez que se permitir que os criminosos intimidem a sociedade, é quando se aceitou ser acorrentado; e essas correntes não são fáceis de remover. Daí em diante todos estão subjugados pelo poder do crime organizado – ou qualquer nome que se chame isso, mesmo que eles usem slogans nobres. O sistema de mercado atual, assim como o sistema republicano desde os primórdios, dependem dos conceitos de lei e ordem e das instituições fundadas segundo esses princípios. Mas agora nós temos algo diferente.

Quando um demagogo declara que um empresário ou comerciante trabalhando legalmente é um ladrão, há aí um corolário nessa afirmação; nomeadamente diz-se aí que os ladrões e criminosos são os libertadores. Tão logo o bandido de rua é glorificado, o respeitável empresário ou comerciante é vilipendiado. “Tão logo nos adentramos um pouco no mecanismo das civilizações”, escreveu Le Bon, “logo descobrimos que uma sociedade com suas instituições, crenças e artes representam um tecido de ideias, sentimentos, costumes e modos de pensar [...] é essa coesão que constitui sua força”. Substitua sentimentos morais por sentimentos imorais e o que se consegue? Substitua empresários e comerciantes por criminosos e o quê se construiu? O que se alcança é um Estado criminoso – como a Alemanha Nazista ou a Rússia Soviética. Pode se chamar isso de liberdade, democracia ou socialismo, mas o que se tem é o gangsterismo; ou em outras palavras, o cesarismo.

Como manter a criminalidade distante? Como se opor ao cesarismo? A liberdade depende da intensidade das nossas convicções morais, assim como o livre mercado. “Nenhuma sociedade se mantém firmemente unida a menos que sua herança moral esteja firmemente estabelecida não em códigos, mas na natureza dos homens”, escreveu Le Bon, “[a sociedade] decai quando ela se fragmenta; e quando sua herança moral é finalmente desintegrada, a sociedade está fadada a desaparecer...” E o que é mais perturbador na nossa sociedade contemporânea? A derrocada moral está demasiadamente evidente em meio a uma epidemia de trapaças, roubos e mentiras. Seria necessário nos dar ao trabalho de dar esses exemplos?

Tampouco o crescente desuso de sólidos princípios pode se considerar como insignificante. Sem dúvida fomos tomados por uma corrupção generalizada das ideias. Por conta dessa corrupção perdemos nosso senso de certo e errado, amizade e inimizade. Parece que não podemos mais distinguir um criminoso de um patriota, um inimigo de um parceiro. Quanto mais se sobe na academia, governo ou mídia, maior fica o ego, mais perturbado fica o intelecto e mais atenuado fica o amor pelo país. Alguns meses atrás, um oficial da inteligência aposentado que voltava para a América após anos de trabalho no exterior, escreveu o triste comentário: “Morando no estrangeiro desde 1984, posso honestamente dizer que esse não é o mesmo país”.

A erosão do caráter romano, escreveu Dickinson, foi uma das “causas fundamentais da instabilidade da república...”. E a erosão do caráter americano está sujeito a produzir um resultado similar nos dias de hoje. A liberdade e o livre mercado podem ser sustentados apenas por uma forte moral. Quando a moralidade desaparece, o que toma o seu lugar deve ser definitivamente imoral (seja qual for a roupagem, mesmo que seja algo que venha em nome da defesa dos “pobres”). Logicamente, o socialismo pavimenta o caminho para a tomada do poder pelos criminosos, pois ele avança em conjunto com a desintegração da ordem moral. É como Patrick Buchanan observou: “Os Estados Unidos sofreram uma revolução cultural, moral e religiosa [...] Enquanto os conservadores venceram a Guerra Fria contra o comunismo político e econômico, nós perdemos a guerra cultural para o marxismo [...] que é agora a cultura dominante”. (Veja o documentário Cultural Marxism: The Corruption of America.)

A contradição na observação de Buchanan é óbvia. A Guerra Fria não foi vencida no final das contas e o sistema de livre mercado dificilmente pode ser considerado vitorioso. Ele foi flanqueado por um ataque em suas bases culturais. Assim que cumprido, uma erosão generalizada do sistema econômico e político é consequência certa. Junto do colapso da moralidade vem o colapso do discernimento. Hoje em dia não há uma solidez de julgamento nas classes dirigentes que consiga sustentar o sistema de mercado por mais uma década. Até mesmo Gustave Le Bon, já em 1898, viu onde iríamos parar: “O socialismo moderno é muito mais um estado mental que uma doutrina”. Segundo ele, “O que torna o socialismo tão ameaçador é [...] suas já instauradas mudanças de grande porte causadas na mente das classes dirigentes. A burguesia moderna não está mais certa dos seus direitos. Ou sequer estão certos de qualquer coisa. Eles dão atenção a tudo e tremem diante do mais deplorável falaz”.

Apesar do “deplorável falaz” de Le Bon, as revoluções advêm de cima, e não de baixo. Raramente são as massas que insurgem; são as classes dirigentes que adotam novas ideias – ou perdem a fé nas antigas. Essa crise de fé, esse colapso de moralidade e senso comum, é algo absolutamente real. Não devemos ter ilusões de que uma futura guinada em direção ao socialismo será algo temporário. Na verdade, ele promete deixar tudo mais inteligível (NT.: No sentido de mostrar seus verdadeiros objetivos). “O corpo social é um organismo delicado”, escreveu Le Bon, “que deveria ser tocado o mínimo possível”. Hoje em dia, é claro, o corpo social tem sido molestado em todas as partes. E assim nós esperamos a vinda de César.Por: POR JEFFREY NYQUISt Publicado no Financial Sense.

terça-feira, 6 de novembro de 2012

O ÓBVIO ESOTÉRICO



papinhadealface msm
Neste país, o óbvio vai-se tornando cada vez mais um segredo esotérico, só acessível a um círculo de iniciados: num campeonato de esquerdismo, vence, por definição, o mais esquerdista.




A derrota do sr. José Serra em São Paulo demonstra, pela enésima vez, que é impossível vencer o PT e seus aliados sem fazer precisamente as duas coisas que a oposição tem evitado a todo preço: (1) livrar-se do resíduo ideológico “politicamente correto”, adotando um discurso conservador sem concessões nem atenuações; (2) denunciar incansavelmente a aliança criminosa de partidos comunistas e quadrilhas de narcotraficantes – o Foro de São Paulo.

Quem duvida que o sucesso de Magalhães Neto, em contrapartida, deveu muito à nostalgia de um conservadorismo linha-dura que o seu nome de família ainda evoca na imaginação do eleitorado baiano? Antonio Carlos Magalhães nunca foi um conservador em sentido estrito, mas, faute de mieux, a esquerda fez dele o símbolo quintessencial da direita, e, ao menos nos seus últimos anos, ele vestiu a camiseta com alguma bravura, cujo prestígio agora reverte em benefício do seu neto.

Uma das razões mais óbvias do triunfo da esquerda, não só no Brasil mas em toda parte, é a solidariedade profunda, a aliança inquebrantável entre seus setores moderados e radicais, sempre articulados para bater no adversário com duas mãos. Na direita, ao contrário, os moderados, menos ciosos do seu futuro político que da imagem que exibem na mídia esquerdista, tratam de marcar distância dos radicais, seja fingindo ignorá-los, seja mesmo insultando-os, ao menos da boca para fora.

A mensagem que isso transmite ao eleitor é clara: o esquerdismo é um remédio bom, do qual se pode, no máximo, discutir a dosagem; o direitismo, ao contrário, é um veneno que só pode ser bom em doses mínimas.

É preciso ter subido muito na escala da idiotice para não entender que isso é a política de quem já se acostumou tanto com a derrota que já não pode viver sem ela.

O PT não se inibe de aliar-se ao PSOL, ao PSTU, aos Sem-Terra e até, mais discretamente, às Farc. Mas quem pode imaginar os homens do DEM – para não falar de José Serra – posando numa foto em visita, mesmo de pura cortesia, ao Instituto Plínio Correia de Oliveira ou ao Clube Militar? Cito essas entidades de caso pensado: elas nada têm de radical, mas assim as rotulou a mídia esquerdista para isolá-las da direita oficial, que, como sempre, aceitou servilmente jogar segundo a regra imposta pelo adversário.

O mais elementar bom-senso político ensina que toda maioria moderada precisa dos radicais - ou de quem o pareça - para dizer em público o que ela não pode dizer. Ensina também que a minoria enfezada só pode ser posta sob controle quando inserida numa aliança. A esquerda já aprendeu isso há décadas. A direita nem começou a pensar no assunto.

Na França, a vitória da esquerda teve como causa principal ou única a impossibilidade de um diálogo entre a direita gaullista e o Front National. Nos EUA, em 2008, John McCain jamais teria perdido a eleição se não houvesse caprichado tanto naquele bom-mocismo centralista que os conservadores abominam. E no Brasil o sr. José Serra teria tido uma carreira mais brilhante se atirasse à lata de lixo da História um passado esquerdista que, quanto mais ostentado, mais honra e eleva a imagem dos seus inimigos. Desculpem-me por insistir no óbvio, mas, neste país, o óbvio vai-se tornando cada vez mais um segredo esotérico, só acessível a um círculo de iniciados: num campeonato de esquerdismo, vence, por definição, o mais esquerdista. O eleitorado brasileiro é maciçamente conservador, mas, não tendo quem o represente na política, acaba votando a esmo, conforme simpatias de momento ou interesses de ocasião que no fim o tornam tão corrupto, ao menos psicologicamente, quanto os políticos que ele despreza. O voto interesseiro vai, necessariamente, para quem está no poder, para quem controla a usina de favores. A oposição teria tudo a ganhar se contrapusesse a esse estado de coisas um discurso ideologicamente carregado, restaurando o senso da política como conflito de valores em vez de mera disputa de cargos. Mas ela não vai fazer isso. Há tempos ela já se persuadiu de que acumular derrotas é mais confortável do que fazer um exame de consciência.Por: POR OLAVO DE CARVALHO Publicado no Diário do Comércio.

DOS ESTADOS UNIDOS À EUROPA

1. Os americanos vão hoje às urnas. Não sou vidente. Não vou cansar o leitor com análises detalhadas sobre os "swing states", os votos colegiais, as últimas pesquisas. Tudo é possível.
Mas, dentro do possível, confesso que gostaria muito que Mitt Romney ganhasse. Eu sei, heresia: lemos a imprensa "liberal" (no sentido americano da palavra, ou seja, esquerdista) e Romney é apresentado como um fanático que acredita em extraterrestres. Pior: um fanático que pretende entregar os Estados Unidos à plutocracia doméstica, de que ele faz parte.

Barack Obama, pelo contrário, é a personificação da bondade e do realismo. Mesmo Guantánamo, que continua a funcionar, tem outro sabor com Obama: no tempo de Bush, a prisão era o inferno terreno e a prova da malignidade republicana. Com Obama, Guantánamo é um jardim de infância.

Sejamos sérios: o julgamento sobre Obama, quatro anos depois, não pode ser brando ou entusiasmante. Fato: em 2008, Obama recebeu de herança uma nação quebrada. Novo fato: em 2008, Obama dispunha de condições incomparáveis --aprovação popular em níveis estratosféricos, Congresso favorável etc.-- para fazer mais e melhor.

Não fez. Um crescimento econômico que se arrasta penosamente nos 2% é tímido, para usar um eufemismo. O desemprego perto dos 8% seria o suficiente para que ele perdesse a reeleição. E a República, agravando o desvario iniciado por George W. Bush, continua dramaticamente endividada --e a endividar-se.

Como escreveu certeiramente Tim Stanley, no "Daily Telegraph", o problema de Obama não é ser o anti-Bush. É, ironia das ironias, repetir os erros de Bush ao permitir um Estado sem controle na despesa e disposto a infiltrar-se na vida comum do cidadão comum.

É por isso que a eleição de hoje não é apenas mais uma eleição na história da América. É, como afirma Romney e sobretudo o seu candidato a vice, Paul Ryan, uma espécie de plebiscito sobre o tipo de sociedade que a América pretende ser no século 21.

Para Obama, o ideal seria que a América se aproximasse da Europa e do modelo de bem-estar social.

Infelizmente, alguém deveria explicar ao presidente Obama que a crise corrente que ameaça destroçar a União Europeia está diretamente relacionada com a insustentabilidade desse modelo social.

Cuidado, América: para Europa, já basta a que temos.

2. E por falar em Europa: leio no "Times Literary Supplement" uma passagem notável das memórias de Madame de Staël.

Conto rápido: já depois da Revolução de 1789, o ministro de guerra Louis de Narbonne-Lara discursava na Assembleia Legislativa.

A páginas tantas, o infeliz ministro introduziu no discurso a expressão "apelo aos mais distintos membros desta Assembleia". Foi a revolta geral, com os jacobinos a relembrarem ao ministro que, naquela Assembleia, todos os membros eram igualmente distintos.

A história é interessante para conhecermos a cabeça do fanatismo igualitário em ação. Mas mais interessante é a observação de Madame de Staël: "para os jacobinos", escreve ela, "a aristocracia de talento era tão repugnante como a aristocracia de berço".

Relembro esta história, hoje, ao saber que na mesma França da Bastilha o presidente François Hollande pretende banir do sistema educativo os deveres de casa.

Corrijo: Hollande não quer banir os deveres. Pretende apenas que eles sejam integralmente realizados na escola, não em casa. Isso permitirá que as diferenças socioeconômicas das famílias não tenham qualquer interferência no respectivo mérito escolar dos filhos. Todos iguais, todos na escola.

Claro que, para sermos perversos, poderíamos perguntar ao senhor presidente o que tenciona ele fazer se alguns alunos, em manifesto desrespeito igualitário, violarem a medida. Como?

Estudando na escola e, depois, estudando um pouco mais em casa, ou nos cafés, ou nas bibliotecas. Será permitida essa busca da excelência extracurricular?

Ou o Estado francês, em nome da igualdade, também pretende instalar um policial em cada casa, café ou biblioteca, disposto a vigiar e punir o mais leve sintoma de curiosidade intelectual?

Esperemos pelas cenas dos próximos capítulos. Por: João Pereira Coutinho, Folha de SP

A CHINA PODERÁ SER O TITANIC DO SÉCULO XXI


“A desaceleração econômica corrente em Pequim não é nem cíclica nem resulta de uma demanda externa fraca por bens chineses. Os males econômicos da China têm raízes muito mais profundas”.


“Tudo o que você acha que sabe sobre a China está errado”, escreveu peremptoriamente Minxin Pey, da acatada revista Foreign Policy. A China não é a potência econômica, política e militar que se acha comumente, explicou.

A afirmação pega de surpresa, mas Pey apresenta uma argumentação sólida e convincente em seu artigo.

De início, Pey sublinha que enganos do gênero não são coisa nova. “Nos últimos 40 anos”, escreve, “os americanos demoraram a perceber o quanto seus rivais estrangeiros decaíram. Nos anos 70, eles pensavam que a União Soviética era um gigante. No fim dos anos 80, temiam que o Japão fosse superar economicamente os Estados Unidos”.

Para ele, o Ocidente está cometendo erro de apreciação análogo em relação à China.

A seguir ele enumera sinais assustadores da fragilidade chinesa: “desaceleração persistente do crescimento econômico, grande quantidade de bens sem vender, crescimento dos empréstimos bancários podres, bolha imobiliária prestes a estourar, e uma luta acirrada pelo poder no topo combinada com intermináveis escândalos políticos. Muitos fatores que favoreceram a ascensão da China — como dividendo demográfico, descaso pelo meio ambiente, mão de obra super barata e acesso virtualmente ilimitado a mercados externos — estão minguando ou desaparecendo”, diz Pey.

No entanto, o mundo político e a grande mídia fingem não perceber, agem enganosamente e desinformam o público. O caso da política adotada pelo presidente Obama na Ásia é um caso paradigmático, entre muitos outros.

O Center for American Progress e o Center for the Next Generation, dois think tanks de esquerda, reforçaram essa visão enviesada com um relatório prevendo que a China terá 200 milhões de estudantes diplomados em 2030, e, em função disso, pintando um quadro deprimente do declínio americano.

Os promotores dessa visão errada sobre a China já não podem fingir que não percebem a anarquia e o eventual desabamento catastrófico da economia e do estado de coisas ditatorial vigente no país.

Então, pretendem que a China estaria passando apenas por uma crise econômica cíclica como já se verificou em países capitalistas, ligada à crise maior que assola a União Europeia e, em menor medida, aos EUA, e à queda da demanda internacional.

Porém, diz Pey, “a desaceleração econômica corrente em Pequim não é nem cíclica nem resulta de uma demanda externa fraca por bens chineses. Os males econômicos da China têm raízes muito mais profundas: um Estado autoritário dilapidando capital e afugentando o setor privado, ineficiência sistêmica e falta de inovação, uma elite governante rapace interessada exclusivamente no enriquecimento pessoal e na perpetuação de seus privilégios, um setor financeiro dolorosamente subdesenvolvido, e crescentes pressões ecológicas e demográficas”.

Infelizmente, esse descompasso entre a percepção americana da força chinesa e a realidade da fraqueza chinesa tem consequências adversas reais. 

Pey pede que a opinião pública americana e seu governo – e o mesmo vale para o Brasil – reavaliem as premissas básicas de sua política com a China e considerem seriamente uma estratégia alternativa.

Do contrário, poderemos ser tragados por catástrofes impensadas.

Como foi impensado o afundamento do Titanic para seus ricos e despreocupados passageiros, que dançavam no salão enquanto o iceberg rasgava irreparavelmente o ventre do famoso e infeliz navio símbolo da prosperidade.
Por: Luis Dufaur, 

sábado, 3 de novembro de 2012

ALGUNS CONSELHOS PARA AQUELES QUE GENUINAMENTE QUEREM AJUDAR OS POBRES

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Se você está preocupado com a 'justiça social' e quer genuinamente ajudar os pobres a subir na vida de maneira permanente e independente, há alguns procedimentos que você pode seguir.

Sua primeira e imprescindível obrigação para com os pobres é: não se torne um deles e não faça com que outros se tornem um deles. Será muito mais difícil ajudar pessoas pobres se você ou seu vizinho se tornar pobre. Assim como você não deve se tornar pobre, você também não deve defender políticas que levem ao empobrecimento de ricos na crença de que isso levará ao enriquecimento dos pobres. Para o pobre, não interessa se foi você ou o seu vizinho que empobreceu por meio de medidas do governo; a situação dele não melhorará. Um rico empobrecido não cria um pobre enriquecido. A economia não é um jogo de soma zero.

Não sendo pobre, você tem uma escolha: você pode dar o peixe para os pobres comerem ou você pode lhes arrumar um emprego e ensiná-los a pescar o peixe por conta própria — isto é, ensiná-los a serem seres humanos produtivos.

O que nos leva à sua segunda obrigação: se você quer ensinar os pobres a serem independentes e capazes de se auto-ajudar, comece dando o exemplo ainda dentro de sua própria casa. Crie seus filhos de maneira austera. Filhos independentes e não-mimados se tornam mais produtivos, mais solícitos, mais realistas e menos propensos a roubar ou a ser desonestos. No futuro, seu filho poderá servir de exemplo comportamental para aquelas pessoas que você está preocupado em ajudar.

Dado que todos vivemos no mesmo planeta (e não há como fugir dele — vivos), todos enfrentamos o mesmo problema sobre como alocar recursos escassos da maneira mais eficiente possível do modo a satisfazer desejos cada vez maiores (já são quase 7 bilhões de pessoas na terra). Há duas maneiras de se alocar recursos: 1) por meio da força, ou seja, por meio de decretos e coerções governamentais; ou 2) voluntariamente, por meio do sistema de preços fornecido pelo mercado. 

Esta segunda maneira é mais duradoura e, logo, preferível para ser adotada com o intuito de sustentar a vida de um enorme número de pessoas. Por isso, é também sua obrigação explicar às pessoas — principalmente aos seus amigos igualmente sedentos por 'justiça social' — como funciona uma economia de mercado e por que apenas ela pode criar a maior quantidade possível de bens e serviços para os mais pobres, melhorando seu padrão de vida. Todo e qualquer sistema econômico socialista sempre culmina em escassez e em racionamento de recursos, exatamente o contrário do que você quer para os mais pobres.

Sua terceira obrigação para com os pobres é dar bons exemplos, de modo que eles se sintam estimulados a emular seu sucesso. Não minta, não roube, não trapaceie e não tome dinheiro das pessoas, tampouco utilize o governo para fazer isso por você. Não enriqueça por meio de políticas governamentais. Não aceite dinheiro nem privilégios do governo — dado que o governo nada cria, tudo o que ele lhe dá foi adquirido coercivamente de terceiros (na esmagadora maioria dos casos, contra a vontade de seus legítimos proprietários), uma medida que gera apenas ressentimento destes pagadores de impostos. Uma civilização que é erigida sobre o roubo e sobre privilégios não pode ser duradoura. Dê o exemplo não contribuindo para o perpetuamento deste arranjo.

Em um futuro muito próximo, será cada vez mais difícil para um indivíduo preservar sua riqueza. Governos falidos ao redor do mundo — consequência econômica inevitável de estados assistencialistas e inchados — estarão sedentos para confiscar quaisquer ativos remanescentes em uma desesperada tentativa de prolongar sua sobrevivência (mas sempre em nome do "bem público"). Os direitos individuais serão abolidos em nome do 'bem comum' e várias leis serão criadas com o intuito de tornar ilegal qualquer medida que vise a proteger a riqueza dos indivíduos mais ricos — e aí sim veremos uma verdadeira caça às bruxas.

Algumas pessoas acreditam que poderão evitar problemas caso voluntariamente entreguem seu dinheiro para o governo (ou peçam para que o governo o tribute). Pode ser, mas o fato é que durante a hiperinflação da França nos anos 1790, os ricos que não fugiram foram decapitados. Talvez a França tenha sido um caso extremo, mas a história mostra que sempre que os ricos foram pilhados por políticos populistas, os resultados não foram bonitos. Portanto, não empreste sua retórica e nem dê seu apoio a políticos ou movimentos políticos que defendam o confisco direto da riqueza dos mais ricos. Além de os pobres nunca terem sido beneficiados por tais medidas (algo economicamente impossível), você estará apenas aumentando o número de pobres.

Portanto, sua quarta obrigação para com os pobres é assegurar parte da sua riqueza para as gerações futuras. Dado que você genuinamente quer ajudar os pobres, acumule o máximo possível de ativos, trabalhe bastante e produza muita riqueza durante seu tempo de vida. Ao produzir riqueza, você não apenas estará empregando pessoas e enriquecendo-as também, como estará produzindo para toda a humanidade uma maior quantidade de bens e serviços. É assim que você fará com que as pessoas subam na vida. 

Caso prefira o assistencialismo puro, você também tem a opção de distribuir toda a sua riqueza quando se aposentar ou quando morrer. Quanto mais riqueza você produzir, mais você poderá distribuir. Você tem liberdade de escolha. Em vez de folgadamente defender o esbulho da riqueza alheia, crie você próprio a sua riqueza e então a distribua para os pobres — ou, melhor ainda, empregue-os neste processo de criação de riqueza.

Durante este processo, você terá de saber manter seus ativos a salvo do perigo, evitando que sejam confiscados pelo governo ou que simplesmente sejam esbanjados e dissipados. É neste quesito que você terá seus maiores problemas, muito embora várias famílias já tenham demonstrado ser possível manter sua riqueza ao longo de gerações. Sua riqueza provavelmente estará na forma de ativos produtivos que são difíceis de serem movidos de um país para o outro. Isso tornará mais difícil se proteger do governo doméstico, que estará ávido para confiscar sua riqueza quando ele precisar do dinheiro. Conclusão: você terá de diversificar seus ativos ao redor do mundo, de modo que, quando o governo de um país se tornar muito ganancioso (sempre para ajudar os pobres), você terá outra base de operações da qual operar. Isso irá garantir que você se mantenha fiel à sua primeira obrigação para com os pobres. Quem disse que é fácil concorrer com o amor do governo pelos pobres?

Caso continue preferindo ensinar a pescar em vez de dar o peixe, sua quinta e última obrigação para com os pobres é legar em herança sua riqueza para alguém (ou para um grupo de pessoas) que irá dar continuidade ao seu trabalho de fazer deste mundo um lugar melhor para os pobres viverem, com uma maior produtividade e uma mais eficiente alocação de ativos. Esta poderá ser a tarefa mais difícil de todas. 

Ser caridoso com a riqueza dos outros é uma delícia. Arregaçar as mangas e produzir por conta própria aquilo que você quer ver distribuído já é um pouco mais trabalhoso. Mas seu amor genuíno aos pobres servirá de estímulo todas as manhãs. Boa sorte!

Hans F. Sennholz  (1922-2007) foi o primeiro aluno Ph.D de Mises nos Estados Unidos.  Ele lecionou economia no Grove City College, de 1956 a 1992, tendo sido contratado assim que chegou.  Após ter se aposentado, tornou-se presidente da Foundation for Economic Education, 1992-1997.  Foi um scholar adjunto do Mises Institute e, em outubro de 2004, ganhou prêmio Gary G. Schlarbaum por sua defesa vitalícia da liberdade.

Tradução de Leandro Roque

NÃO SE DEIXE EDUCAR PELO ESTADO


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Não é nenhuma coincidência que os governos de todos os países do mundo queiram estar no controle da educação das crianças. Os serviços de educação fornecidos pelo aparato estatal supostamente devem ser vistos como uma evidência da bondade do estado e da preocupação de seus burocratas para com nosso bem-estar. Mas o real objetivo é bem menos bajulador, e muito fácil de entender: se toda a propaganda governamental inculcada nas salas de aula conseguir criar raízes dentro das crianças à medida que elas crescem e se tornam adultas, estas crianças não serão nenhuma ameaça ao aparato estatal. Elas mesmas irão prender os grilhões aos seus próprios tornozelos.

H.L. Mencken certa vez disse que o estado não quer apenas fazer com que você obedeça às suas ordens inquestionavelmente. O estado quer fazer com que você queira obedecê-lo voluntariamente. E isso é algo que a educação controlada pelo estado — não importa muito se as escolas são públicas ou privadas, desde que seja o estado quem esteja ditando os currículos — faz muito bem.

Um pensador político há muito esquecido, Étienne de la Boétie, nunca deixava de se questionar por que as pessoas sempre toleravam regimes opressivos. Afinal, os governados estão em maioria esmagadora em relação aos governantes. Sendo assim, as pessoas poderiam pôr um fim a todo o autoritarismo se elas realmente quisessem. E, no entanto, isso raramente acontecia.

Por ora, gostaria apenas de entender como pode ser que tantos homens, tantos burgos, tantas cidades, tantas nações suportam às vezes um tirano só, que tem apenas o poderio que eles lhe dão, que não tem o poder de prejudicá-los senão enquanto eles têm vontade de suportá-lo, que não poderia fazer-lhes mal algum senão quando preferem tolerá-lo a contradizê-lo. Coisa extraordinária, por certo; e, porém, tão comum que se deve mais lastimar-se do que espantar-se ao ver um milhão de homens servir miseravelmente, com o pescoço sob o jugo, não obrigados por uma força maior, mas de algum modo (ao que parece) encantados e enfeitiçados apenas pelo nome de um...

Chamaremos isso de covardia? ... Se cem, se mil aguentam os caprichos de um único homem, não deveríamos dizer que eles não querem e que não ousam atacá-lo, e que não se trata de covardia e sim de desprezo ou desdém? Se não vemos cem, mil homens, mas cem países, mil cidades, um milhão de homens se recusarem a atacar um só, de quem o melhor tratamento fornecido é a imposição da escravidão e da servidão, como poderemos nomear isso? Será covardia? ... Quando mil ou um milhão de homens, ou mil cidades, não se defendem da dominação de um homem, isso não pode ser chamado de covardia, pois a covardia não chega a tamanha ignomínia. . . Logo, que monstro de vício é esse que ainda não merece o título de covardia, que não encontra um nome feio o bastante . . . ?

De la Boétie concluiu que a única maneira pela qual qualquer regime poderia sobreviver seria se o público lhe desse seu consentimento. Tal consentimento poderia ser tanto um apoio entusiasmado quanto uma resignação estóica. Mas se tal consentimento desaparecesse, os dias do regime estariam contados.

E, de fato, é necessário um sistema educacional enormemente distorcido para fazer com que as pessoas emprestem seu consentimento a qualquer arranjo estatal. Afinal, o que é o estado? É um grupo dentro da sociedade que clama para si o direito exclusivo de controlar e espoliar a vida de todos. Para isso, ele utiliza um arranjo especial de leis que permite a ele fazer com os outros tudo aquilo que esses outros são corretamente proibidos de fazer: atacar a vida, a liberdade e a propriedade.

Por que uma sociedade, qualquer sociedade, permitiria que tal quadrilha desfrutasse incontestavelmente desse privilégio? Mais ainda: por que uma sociedade consideraria legítimo esse privilégio? É aqui que o controle da mente entra em cena. A realidade do estado é inquestionável: trata-se de uma máquina de extorsão, pilhagem e autoritarismo — tudo isso em larga escala. Sendo assim, por que tantas pessoas clamam por sua expansão? Aliás, por que sequer toleramos sua existência? A própria ideia da instituição estado é tão implausível por si só que é preciso que ele, o estado, coloque sobre si um manto de santidade para que consiga apoio popular

E é por isso que a educação autônoma — a verdadeira educação — é uma enorme ameaça para qualquer regime. É por isso que ela é combatida tão veementemente pelo estado e seus burocratas. Se o estado perder o controle daquilo que entra em sua mente, ele perde o segredo de sua própria sobrevivência.

E o estado já está começando a perder este controle. A mídia tradicional, aquela que sempre se esforçou disciplinadamente para carregar água na peneira pelo estado desde tempos imemoriais, já está se sentindo ameaçada por vozes independentes na internet. Não creio que hoje qualquer pessoa com menos de 25 anos leia algum jornal. Algumas escolas públicas nos EUA já estão implementando um programa abertamente despótico, mas necessário para sua sobrevivência: as crianças têm de usar braceletes eletrônicos que monitoram sua exata localização durante os horários de aula. A intenção clara é se certificar de que as crianças estão comparecendo regularmente à escola para ouvir o que o estado tem a lhes dizer.

Como tudo isso irá acabar? Impossível saber de antemão, mas os prospectos da liberdade são animadores. Por mais que a mídia e a classe política operem em conjunto para sustentar a santidade do estado, tal blindagem já foi rompida. E esta tendência é irreversível.

É por isso que o nosso desafio é o mais radical que já foi apresentado ao estado. Nossa intenção não é tornar o estado mais "eficiente", ou dar ideias de como ele pode aumentar suas receitas. Tampouco queremos mudar seu padrão de protecionismo, de privilégios e de redistribuição de riqueza. Nossa intenção não é dizer qual programa de subsídio é o melhor e qual deve ser alterado, ou qual tipo de imposto faria com que o sistema fosse gerido mais harmoniosamente. Não queremos alterações pontuais no estado. Rejeitamos o atual sistema por completo.

E não nos opomos a essa máquina de extorsão, pilhagem e autoritarismo que é o estado por ele ser 'ineficiente' ou 'improdutivo'. Nós nos opomos ao estado porque extorsão, pilhagem e autoritarismo nunca podem ser medidas moralmente aceitáveis.

O estado moderno nada mais é do que uma disputa de poder entre quadrilhas, cada qual visando seus próprios interesses e os de sua base de apoio. Quem está interessado apenas em liberdade, não apenas está sem representação como também é obrigado a sustentar ambos os grupos. Por isso, não imploramos pelas migalhas que eventualmente caem da mesa do banquete totalitário. Tampouco queremos um assento a esta mesa. O que queremos é derrubar a mesa totalmente.

Há muito trabalho a ser feito. Um número incontável de indivíduos foi persuadido de que é do interesse deles ser roubado, proibido de adquirir bens estrangeiros, ter seu poder de compra destruído e ter de obedecer a todas as ordens ditadas por uma elite governamental que na realidade não está nem aí para nosso bem-estar e cujo único objetivo é aumentar seu poder e sua riqueza à custa do nosso padrão de vida.

A mais letal e antissocial instituição da história da humanidade continua a se autodescrever como sendo a fonte essencial de toda a civilização. A partir do momento em que o governo assumiu o controle da educação, as pessoas aprenderam que o estado está ali para protegê-las da pobreza, dos remédios estragados e até dos dias chuvosos; para dar estímulos quando a economia estiver ruim e para nos defender de todos aqueles elementos perigosos ou gananciosos que estão fora da máquina estatal (pois dentro dela eles não existem). Esta visão, por sua vez, é diariamente reforçada e intensificada pela mídia impressa e eletrônica, os porta-vozes do regime.

Se o público foi iludido, cabe a nós a imprescindível tarefa de desiludi-lo. É necessário rasgar o manto de santidade sob o qual o estado se esconde. Esta é a tarefa mais crucial de nossa época. E qualquer um pode fazer sua parte.

Comece consigo próprio. Eduque-se. Aprenda tudo o que puder sobre uma sociedade livre. Leia os grandes, como Frédéric Bastiat, Ludwig von Mises, Murray Rothbard, Henry Hazlitt, Hans Sennholz, George Reisman, Tom Woods,Thomas DiLorenzo e Jesús Huerta de Soto. À medida que você for aprofundando seus conhecimentos, compartilhe o que você está lendo e aprendendo. Crie um blog. Crie um canal no YouTube. Oragnize um grupo de estudos. O que quer que faça, aprenda e espalhe seu conhecimento. Jamais pare.

Se foi por meio da propaganda que as pessoas irrefletida e insensatamente aceitaram as alegações do estado, então será por meio da educação que elas serão trazidas de volta ao seu juízo.

Com a mídia — o suporte indispensável do estado — em franca decadência, será cada vez mais difícil para o aparato estatal fazer com que suas alegações sejam prontamente aceitas; será difícil o estado continuar persuadindo as pessoas a aceitarem suas mentiras e propagandas.

Você certamente já ouviu dizer que a pena é mais poderosa que a espada. Pense na espada como se ela fosse o estado. Pense na pena como se ela fosse você divulgando as ideias da liberdade. Qual, no final, terá mais chances de ganhar os corações e a mente das pessoas?

Tenha sempre em mente esta constatação de Étienne de la Boétie: todo e qualquer governo depende do consentimento das pessoas; tão logo o público retirar seu consentimento, qualquer regime estará condenado.

É por isso que o regime ora nos ridiculariza, ora nos teme. E é por isso que, não obstante todos os horrores que lemos diariamente, podemos ter a ousadia de olhar para o futuro com alguma esperança.

Lew Rockwell é o presidente do Ludwig von Mises Institute, em Auburn, Alabama, editor do website LewRockwell.com, e autor dos livros Speaking of Liberty e The Left, the Right, and the State.


Tradução de Leandro Roque

ENGANA QUE A GENTE PAGA

Coisa de 200 anos atrás, jornalistas do “Times” de Londres já utilizavam um critério original para saber o que deviam ou não apurar e publicar. “Notícia, diziam, é tudo aquilo que alguém não quer ver publicado; o resto é propaganda.”

Desse ponto de vista, tudo que o governo fala, em qualquer país, deve ser entendido como propaganda e marketing. Claro, não é mesmo? Os governantes só falam aquilo que gostariam de ver publicado com o devido destaque.

No Brasil de hoje, isso faz muito sentido. Os governos, em todos os níveis, carregam na propaganda, em volume e conteúdo. Reparem, por exemplo, nos anúncios do Banco do Brasil e da Caixa.

Tem financiamento barato para todo mundo, quem toma empréstimo está felicíssimo porque comprou seu carro ou abriu seu negócio, todos prosperam e por isso riem o tempo todo. Um espetáculo: não tem inadimplência, os juros são baratíssimos. Parece que só os mais bobos, ou desconfiados, não correm lá para pegar dinheiro fácil.

Pode-se dizer que aqueles bancos estão no mercado, disputando clientes com as outras instituições. Mas não é bem assim. A propaganda dos bancos federais, assim como da Petrobras, outras estatais e de ministérios, não oferece propriamente um produto. Seu principal propósito é passar uma imagem positiva do país e, sobretudo, das ações do governo.

Regra do jogo, pode-se argumentar. Trata-se de propaganda paga, o governo, como qualquer outro anunciante, diz o que quer e ninguém é obrigado a acreditar.

Sabemos que não é bem assim. Nem precisa argumentar muito. É intuitivo. Trata-se de dinheiro público, mesmo no caso dos bancos comerciais, como BB e Caixa. Eles não funcionam como os privados. Recebem dinheiro do governo, já foram resgatados com injeções de capital público mais de uma vez e todo mundo sabe que não vão quebrar porque o governo, ou seja, o contribuinte, estará lá para cobrir eventuais buracos.

Necessariamente, portanto, deveriam agir de modo diferente, como instituições públicas, e estas, como todo governo, têm compromisso com a informação correta.

O que nos leva ao outro lado da história. Hoje em dia, entende-se que mesmo empresas privadas têm compromisso com o público. Propaganda enganosa não pode ser tolerada. Claro, é difícil definir e apurar a tentativa de ludibriar o consumidor, mas é outro problema, de regulação.

E, se isso vale para empresas privadas, por que não se aplica ao governo, suas empresas e suas repartições? Na verdade, a propaganda enganosa pública é mais grave, porque o governo tem também a obrigação de informar e, assim, orientar a sociedade.

Isso é especialmente importante no caso da política econômica. O governo, ator decisivo em qualquer economia, precisa dizer claramente o que vai fazer, prestar contas regularmente sobre o que está fazendo, dar as regras do jogo, mostrar como vê o andamento da situação e esclarecer o cenário com o qual trabalha.

Há rituais definidos para isso, aqui no Brasil e em toda parte. Os ministérios da área econômica e o Banco Central divulgam regularmente suas mensagens. Assim, em qualquer país organizado, os agentes econômicos, ao planejar e agir, consideram os cenários do governo para crescimento, inflação, arrecadação, gastos orçamentários etc.

Por isso, quando o nosso Ministério da Fazenda sustenta que o país crescerá 4,5%, quando todo mundo já viu que não vai dar, isto é, sim, um tipo de propaganda enganosa. Idem quando o Banco Central diz que cumpriu a meta de inflação quando o índice bateu em 6,5%, dois pontos acima. Há mesmo uma confusão, que parece deliberada, entre meta, centro da meta e margem de tolerância. Resultado: ficamos sem saber se o objetivo de fato é uma inflação de 4,5% (a meta ou o centro) ou qualquer coisa abaixo de 6,5% (o teto da margem de tolerância) ou até mais do que isso, como ocorreu recentemente.

Do mesmo modo, é uma informação enganosa quando o governo jura que vai cumprir a meta de superávit primário sem truques. Nestes casos, a informação do governo causa menos danos porque todo mundo já sabe que o cenário oficial não vai se realizar. Vale para todos os anúncios do setor público, federal, estadual e municipal, que simplesmente afirmam que tudo vai maravilhosamente bem.

Mas isso desmoraliza a informação pública e cria o ambiente, negativo, de que é assim mesmo: o governo mente e a gente não acredita ou deixa pra lá. Só que nós, cidadãos e contribuintes, fazemos o papel de trouxas. Nós pagamos pela farsa. Por: Carlos Alberto Sardenberg, O GLOBO

A VOLTA DO PERFEITO FRACASSADO BRASILEIRO

Os desenvolvimentistas ficaram longe do comando da política econômica no país da volta das eleições livre até o fim do governo Lula, com exceção do relâmpago governo Itamar e suas políticas pró-fusquinhas.

Nesse período, talvez justamente por causa disso, o país conseguiu realizar dois importantes avanços: econômico, com a estabilidade macroeconômica, e social, com uma melhora na distribuição de renda e no padrão de vida do brasileiro médio.

Mas, no governo Dilma, infelizmente eles voltaram. Não é difícil entender como conseguiram, mas é fácil ver que é algo a se lamentar.

De fato, com a crise mundial, vários governos passaram a adotar políticas impensáveis há pouco tempo.

O governo suíço estabeleceu um piso para a sua moeda. O Fed (banco central americano) escolhe setores a serem beneficiados através da compra de papéis diretamente no mercado. O governo americano assumiu a gestão de empresas para evitar a falência. O governo argentino persegue consultorias com previsões de inflação diferentes das oficiais, expropria empresas e impõe controles comerciais e cambiais.

Parece que, de repente, todos os experimentos econômicos, por mais esdrúxulos, são permitidos para substituir o fracasso do mercado. No Brasil, os desenvolvimentistas voltaram com o seu receituário para resolver os problemas do país.

Eis: basta desvalorizar a moeda, reduzir a taxa de juros para padrões internacionais e com isso obter maiores taxas de crescimento, mesmo com a inflação mais alta. Basta escolher os setores da indústria a serem beneficiados com crédito subsidiado, aumento das alíquotas de importação, redução selecionada de impostos, estabelecimento de um mínimo de conteúdo nacional na compra governamental.

Voltar com essa mesma combinação de políticas fracassadas no passado é esquecer as lições da história.
Em primeiro lugar, o Banco Central do Brasil deveria continuar com um único mandato: baixa inflação.

Num país com tradição de taxas de inflação elevadas, brincar com a inflação é um crime. É oferecer uma cervejinha para um ex-alcoólatra. É arriscar com a volta da indexação da economia, com consequências nefastas para os ganhos sociais dos últimos anos. Política monetária simplesmente não é capaz de gerar crescimento econômico sustentado.

O argumento de que até o país mais desenvolvido do mundo, os EUA, tem um duplo mandato para a política monetária (e que portando deveríamos imitá-lo) é um equívoco.

Os EUA estão em guerra contra a depressão econômica. Numa guerra vale muita coisa. Mas essa certamente não é a situação brasileira.

Desenvolvimentistas se inspiram nas experiências asiáticas para justificar a escolha de setores prioritários da indústria. Mas mesmo os burocratas considerados mais competentes do mundo, os japoneses, escolheram, em geral, empresas "losers" em vez de "winners" na implantação da sua política industrial. Na Coreia, os setores beneficiados não registraram taxas de crescimento da produtividade maiores do que os demais, e várias empresas beneficiadas simplesmente faliram. Uma leitura mais apropriada é que os países foram bem sucedidos apesar da intervenção dos seus burocratas.

Mesmo que burocratas asiáticos soubessem escolher os setores de forma apropriada, os nossos não sabem. A nossa experiência atesta que quem se beneficia das benesses governamentais, em geral, são empresas grandes, com poder de pressão e lobby, e em setores com déficit comercial, sem relação com eficiência.

Quem paga a conta são os consumidores e os produtores (que se tornam ineficientes), obrigados a comprar, respectivamente, produtos e insumos caros e de baixa qualidade.
O peruano Álvaro Vargas Llosa escreveu os livros "Manual do Perfeito Idiota Latino-Americano" (Bertrand Brasil) e "A Volta do Idiota" (Odisseia), este se referindo ao retorno do velho populismo na região, com Hugo Chávez, Evo Morales e Néstor Kirchner. O termo é ofensivo, talvez apropriado para os políticos. No caso dos desenvolvimentistas, cabe lamentar a volta do perfeito fracassado brasileiro.

Por: EDUARDO DE CARVALHO ANDRADE, 45, doutor em economia pela Universidade de Chicago, é professor da faculdade Insper