segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

CAPITALISMO É LIBERDADE E DIGNIDADE


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Querer que a liberdade seja o princípio organizador de uma sociedade e de todo um modo de vida é um objetivo simples, porém trabalhoso. Aquele que quer esta liberdade deve continuamente batalhar pela liberdade de expor suas ideias, de expressar e discutir suas visões, de se organizar livremente em associações ou grupos não coercitivos, de arranjar sua vida econômica e social da maneira que mais lhe aprouver (desde que seja pacífica) e, principalmente, de poder escolher a forma de governo sob a qual quer viver. Para o homem, desfrutar a liberdade significa trabalhar com o que gosta e com o que lhe dá prazer, encontrar emprego ou fornecer emprego como achar mais adequado, comprar e vender livremente seus bens e serviços, e poder manter suas remunerações. Ser livre é estar desimpedido e desobstruído para buscar seus objetivos econômicos.

A ideologia e o programa político que defende a liberdade individual é o liberalismo. Pelo menos foi assim que tal programa foi rotulado durante a maior parte da história, e foi assim que Ludwig von Mises também o rotulou em suas prodigiosas obras. O liberalismo foi a ideologia dominante entre a Revolução Gloriosa (1688) e a Lei de Reforma de 1867 (que duplicava o número do eleitorado), além de ter sido uma vasta tendência política e social por todo o mundo ocidental. Suas demandas primordiais eram a tolerância e a liberdade religiosa, e o constitucionalismo e os direitos individuais — os quais, por sua vez, forneceram grande ímpeto para a teoria e a prática da liberdade econômica. Os fisiocratas franceses e os economistas liberais ingleses erigiram o postulado econômico do laissez-faire ao defenderem a propriedade privada irrestrita dos meios de produção e os mercados livres e desimpedidos, não sujeitos a nenhuma intervenção política. 

Para Ludwig von Mises, a ordem social baseada na propriedade privada, comumente chamada de capitalismo, era a única ordem econômica e social exequível e duradoura. Foi ela quem deu origem à civilização moderna e a todas as conveniências econômicas já criadas. 



Há apenas a alternativa entre propriedade comunal e propriedade privada dos meios de produção. São inúteis todas as formas alternativas de organização social, as quais na prática se mostram auto-anuladoras. Se também se conclui que o socialismo é inviável, não se pode então deixar de reconhecer que o capitalismo é o único sistema possível de organização social, baseada na divisão do trabalho. Esse resultado, vindo de investigação teórica, não será surpresa ao historiador ou ao filósofo da história. Se o capitalismo tem obtido êxito em manter sua existência apesar da inimizade que sempre encontrou quer dos governos quer das massas, se o capitalismo ainda não foi obrigado a abrir caminho para outras formas de cooperação social, as quais têm gozado, em grau muito maior, das simpatias dos teóricos e de homens de negócios de conhecimento apenas prático, isto deve ser atribuído, tão somente, ao fato de que nenhum outro sistema de organização social é factível. (Ludwig von Mises. Liberalismo — Segundo a tradição clássica)

Não importa o tanto que conheçamos sobre o funcionamento do capitalismo — se muito ou muito pouco —, o fato é que é impossível não admirar suas qualidades resilientes e duradouras. Professores e escritores o fustigam por causar exploração e desigualdades, por gerar monopólios e oligopólios, por contribuir para o desemprego e para o desperdício por sua suposta falta de mecanismos que assegurem o pleno emprego. E, ainda assim, não obstante todas essas acusações falaciosas e paradoxais (quem produz exploração, desigualdade, monopólios e oligopólios, desemprego e desperdício são justamente os sistemas intervencionistas e socialistas), o capitalismo consegue resistir e se manter indiferente a estas críticas.

Moralistas e intelectuais de araque o reprovam em termos morais e culturais, e ainda assim o capitalismo sobrevive, não obstante as censuras e condenações. Políticos falam sobre as urgentes necessidades de se dar mais poder ao setor público, e ainda assim o capitalismo perdura não obstante toda a extorsão e confisco de sua riqueza em prol do setor parasitário. As características mais básicas do capitalismo seguem intactas mesmo nos mais lúgubres e inóspitos cantos do mundo não obstante todas as leis criadas por políticos autoritários contra o capitalismo e toda a força bruta que os governos utilizam contra os cidadãos. Seria porque a propriedade privada e a ordem social baseada nela são elementos profundamente arraigados na própria natureza do ser humano?

É difícil encontrar uma ordem capitalista genuinamente livre e desobstruída em algum lugar do mundo. Governos, que nada mais são do que aparatos políticos de coerção e compulsão, interferem em praticamente todas as manifestações da vida econômica. Governos impõem tributos confiscatórios sobre a produção e a distribuição, e ainda assim empreendedores e capitalistas conseguem produzir vários bens e ofertar uma ampla gama serviços com as migalhas que os governos lhes permitem manter. Governos regulam e restringem a produção, e ainda assim a ordem social baseada na propriedade privada, embora algemada e mutilada, consegue perseverar e produzir bens e serviços. 

Governos estipulam salários e interferem continuamente no sistema de preços, e ainda assim a ordem de mercado consegue continuar respirando na economia subterrânea e nas atividades "informais". Governos inflacionam a moeda, destroem seu poder de compra, expandem o crédito de maneira populista e impõem leis de curso forçado à sua moeda, e ainda assim a produção capitalista consegue sobreviver em meio ao caos da destruição monetária. Governos concedem privilégios econômicos e imunidades legais para sindicatos e permitem que eles perturbem a produção e impeçam empreendedores de utilizar livremente seus meios de produção, e ainda assim, no final, a produção econômica consegue ser retomada, mesmo que a mão-de-obra e a divisão do trabalho parem de funcionar eficientemente. Governos praticam guerras e causam destruição em massa, e ainda assim, quando a carnificina acaba e nada mais existe para o governo planejar, racionar e distribuir à força, ainda há resquícios de capitalismo permitindo a sobrevivência dos vivos. E, no final, é o capitalismo quem produzirá os milagres da reconstrução e as maravilhas da recuperação.

Na maior parte do mundo, o capitalismo é o sistema de última instância. Em economias na qual a liberdade econômica é severamente tolhida pelo governo, é ao capitalismo que seus cidadãos recorrem quando estão na pior e finalmente percebem que sua situação tem de melhorar urgentemente por uma questão de vida ou morte. É ao capitalismo que indivíduos recorrem quando simplesmente querem viver com mais dignidade e mais liberdade. 

Quando a ordem socialista culminar em pobreza e fome, quando absolutamente todas as medidas de coerção política fracassarem abismalmente, quando a mentalidade dos políticos se mostrar incapaz de inventar alguma outra medida autoritária, quando as autoridades policiais finalmente se exaurirem de regular a produção econômica e os tribunais estiverem completamente paralisados por uma infinidade de processos por "crimes contra a economia", a era da ordem de mercado baseada na propriedade privada finalmente terá chegado. Ela não necessita de nenhum plano político, de nenhuma legislação econômica e nem de nenhuma autoridade reguladora. Para surgir e prosperar, ela necessita apenas de liberdade.

Hans F. Sennholz  (1922-2007) foi o primeiro aluno Ph.D de Mises nos Estados Unidos.  Ele lecionou economia no Grove City College, de 1956 a 1992, tendo sido contratado assim que chegou.  Após ter se aposentado, tornou-se presidente da Foundation for Economic Education, 1992-1997.  Foi um scholar adjunto do Mises Institute e, em outubro de 2004, ganhou prêmio Gary G. Schlarbaum por sua defesa vitalícia da liberdade.

Tradução de Leandro Roque

PARA O PT A HISTÓRIA SEMPRE SE REPETE

Uma nova operação da Polícia Federal atingiu o Partido dos Trabalhadores. Não é a primeira vez. Mesmo com todo o estardalhaço causado pelo julgamento do mensalão, parece que nada detém a ânsia de saquear o Erário. Agora, uma das acusadas é a chefe do escritório da Presidência da República em São Paulo, Rosemary Nóvoa de Noronha, que teria negociado pareceres técnicos fraudulentos. Os agentes da PF foram ao escritório chefiado por Rosemary para a devida busca e apreensão de documentos. Indignada, a funcionária não fez o que seria considerado plausível: entrar em contato com seu advogado. Não. Buscou algo superior: o sentenciado José Dirceu. Isto mesmo, leitor. E veja como o Brasil continua de ponta-cabeça. A funcionária petista ligou para Dirceu, com quem tinha trabalhado durante 12 anos, em busca de proteção. O amigo, que, como é sabido, está condenado a dez anos e dez meses de prisão, nada pode fazer. Em seguida, ela tentou falar com o ex-presidente Lula, de quem é amiga. Mas o antigo mandatário está fora do país. Restou Gilberto Carvalho, o onipresente para assuntos deste jaez, mas que também não pode ajudá-la. A sequência dos contatos e a naturalidade são indicativas de como os petistas pouco estão se importando com o clamor popular em defesa da moralização. Continuam se considerando acima do bem e do mal. E, principalmente, acima da lei.


Para piorar — e reafirmar o desprezo pela ética na política e na administração pública — o segundo homem na hierarquia da Advocacia Geral da União, José Weber Holanda, está sendo acusado de fazer parte deste grupo (a expressão correta, claro, deveria ser outra). Fica a impressão de que na administração petista tudo pode, que o governo está à venda.

Frente às denúncias, a presidente Dilma Rousseff vai agir da forma já sabida: exonera o acusado da função, diz que não admite malfeitos e nada vai apurar. Foi este o figurino nestes quase dois anos de governo. Isto explica a sucessão de escândalos. Se o procedimento tivesse sido o de apurar uma denúncia de corrupção, os casos não se sucederiam. Mas o governo sabe que conta com o tempo e o esquecimento. O leitor lembra da primeira denúncia de corrupção? Sabe se foi apurada? E o acusado foi processado? Alguém foi preso?

As últimas denúncias só reforçam o entendimento da lógica de poder do PT. O controle do Estado é um instrumento para se perpetuar no poder. Transformaram o exercício de uma função pública em meio de vida. Vimos no processo do mensalão como o sentenciado José Dirceu resolveu o problema de uma das suas ex-mulheres. Ela queria porque queria um apartamento maior (e quem não quer?). O então todo-poderoso ministro da Casa Civil transferiu o clamor para Marcos Valério, que, prontamente, atendeu a ordem do chefe. O ministro Marco Aurélio, do Supremo Tribunal Federal, em um dos seus votos, destacou este ponto, de como uma “sofisticada organização criminosa” resolvia também problemas pessoais dos seus membros. A história se repetiu: a senhora Rosemary queria fazer uma cirurgia. Resolveu, de acordo com a denúncia, recebendo um suborno. Queria fazer uma viagem em um cruzeiro. E fez. Como? Da mesma forma como realizou a cirurgia.

Nada indica que os detentores do poder vão mudar sua forma de agir. Farão de tudo para manter este estilo — vamos dizer — despojado de tratar a coisa pública. É como se o Estado brasileiro fosse propriedade partidária. E pobre daquele que se colocar no meio deste caminho nada luminoso. Será atacado, vilipendiado, caluniado.

Porém, não podem controlar tudo, todos os poderes da República. Ainda bem. Hoje, o maior obstáculo para a transformação completa da coisa pública em coisa petista é o Poder Judiciário. É sabido — e eu já escrevi sobre isso — que o Judiciário tem muitos problemas e defeitos. É verdade. Mas na quadra histórica que vivemos é o único poder que não é controlado plenamente pelo petismo. Daí o ódio manifestado diuturnamente pelos seus porta-vozes (e não faltam línguas de aluguel), como ainda é possível observar no julgamento do mensalão. A sucessão de derrotas — com as condenações dos réus petistas — deixou transtornados os petistas. Basta ler declarações racistas contra o ministro Joaquim Barbosa, as pressões para a nomeação de um novo ministro “companheiro” — na vaga aberta pela aposentadoria de Ayres Brito — ou simplesmente ter observado o descaso da presidente Dilma Rousseff quando da posse do novo presidente do STF.

O novo passo para sufocar o Judiciário é o projeto, com apoio do PT, que está tramitando na Câmara dos Deputados que retira do Ministério Público o poder investigativo. É uma evidente retaliação. Há uma relação direta entre o julgamento do mensalão, a brilhante denúncia apresentada pelo procurador Roberto Gurgel e a consequente condenação dos petistas e seus asseclas, e esta nova investida. É como se o Ministério Público tivesse cometido uma traição ao produzir provas que levaram a liderança petista de 2005 à cadeia.

Nada indica que o PT vai aceitar a prisão dos seus líderes, apesar do devido processo legal, do amplo direito de defesa, da transmissão de todas as sessões do julgamento pela televisão. Vai fazer de tudo para “melar o jogo”. Criar situações de desconforto político e até, se necessário, uma crise institucional. Suas principais lideranças nunca admitiram a existência de qualquer obstáculo às suas pretensões de exercer o poder sem qualquer prurido. A máxima petista é a de que o bom poder é aquele que é exercido sem qualquer limitação legal.
Marco Antonio Villa é historiador e professor da Universidade Federal de São Carlos

APARIÇÕES

A democracia promove, sem cessar, aparições. Começa a ficar complicado para quem governa domesticar fantasmas. Os espíritos surgem naquilo que Tocqueville descobriu como sendo o espírito da vida democrática: a opinião pública. Esse poder inventado pela igualdade que ele chamava de força geradora da vida liberal.


Sem opinião pública, as aparições somem ou são controladas. Hitler e sua camarilha domesticavam o fantasma do projeto de extermínio de judeus e de categorias marginais como os deficientes, os ciganos e os homossexuais. Havia suspeição do extermínio, não a prova cabal que apareceu na derrocada do nazismo, em 1945, confirmando as atrocidades. O mesmo ocorreu com as torturas da ditadura militar. As torturas eram negadas, ninguém era responsável e até hoje há quem nelas não creia ou admita e, no entanto, tal como os fantasmas, elas existiram.

O fantasma é parente do boato, do banal "ouvi dizer" que serve como alerta, aviso ou premonição. Os antigos psicólogos sociais escreveram sobre o boato como um desejo secreto (a notícia da morte de uma figura pública repudiada, por exemplo); e pelo menos um antropólogo da minha decadente tribo - Max Gluckman - revelou como a intriga e o escândalo eram elementos fundamentais de controle social. De fato, a igualdade de todos perante a lei era uma fantasia no Brasil. Hoje, graças e uma imprensa livre que honra a reportagem investigativa, pois sabe que falcatruas jamais vão ser impressas no Diário Oficial da União, começamos a assistir ao julgamento e à condenação de poderosos membros do governo do PT. Se eles vão mesmo para a prisão é uma outra história, já que pelo menos um ministro do Supremo defende multas pecuniárias em vez de cadeia para crimes de "colarinho branco", essa excrecência jurídica nacional. Ademais, com a figura da prescrição, é possível que nós, o povo - as pessoas comuns, os governados -, tenhamos que indenizar os responsáveis pela politicalha do mensalão e adjacências cujos responsáveis já teriam cumprido suas penas. Os seus ilícitos seriam fuxicos, fantasias, fantasmas e projeções.

O fuxico é a fumaça, o fato que a concretiza é o fogo. Onde há fumaça, há fogo, diz-se confirmando uma perspectiva de plausibilidade humana sem a qual a vida social seria impossível. O fuxico é a fantasia que configura um ato antes de ele ocorrer ou surgir como fato, daí o seu poder controlador. O boato tem que ser tratado com cuidado, tal como se faz com as fantasias, porque certos eventos despertam o lado nosso vingativo. Inimigos políticos tendem a fuxicar com exagero. São inventores de fantasmas porque, muitas vezes, suas fantasias são como os 40 moinhos de vento que Dom Quixote via como gigantes. Quem não se lembra da campanha contra o Plano Real e a sua "herança maldita"? Mark Twain, cuja independência de pensamento causava inveja até mesmo na América dos livres e iguais, disse uma vez que as notícias (ou boatos) sobre sua morte eram muito exagerados.

Isso é suficiente para estabelecer o elo entre a projeção que aciona o desejo e a fantasia. O desejo de morte do inimigo surge antes de sua morte. O adversário vira um fantasma antes mesmo de ser enterrado.

O Brasil da era Lula está coalhado de fantasmas e, mais do que isso, de aparições. É o que leio nos jornais com pavor e vergonha. O julgamento do mensalão deixa ver melhor o queijo suíço de falcatruas, nomeações indevidas e das roubalheiras programadas desses tempos. A todo momento uma nova aparição, como é o caso da super-Rosemary Noronha, essa prova de um aparelhamento deslavado do estado pelo partido no poder que, obviamente, quer ser o poder. O partido que eu e milhões de brasileiros supúnhamos que iria liquidar esse estado provedor, mas ao mesmo tempo canalha, que sempre foi pai dos pobres e mãe dos ricos e, hoje, é a madrinha dos correligionários que, com ele e por meio dele, mas em nome do povo pobre, se tornam milionários!

O procurador-geral da República no seu libelo contra os mensaleiros deu uma medida precisa dos atos vergonhosos que fizeram. O fantasma tornou-se aparição e a aparição virou um cadáver que - espero - tenhamos a coragem de sepultar, ao lado dos crimes cometidos contra o espírito humano nos tempos da ditadura militar. Uma coisa tem uma óbvia ligação com a outra. E uma não pode ser tratada como fantasma (o mensalão) e a outra como verdade, ou vice-versa. Cabe a todos nós rasgar esse véu de uma histórica hipocrisia, sempre justificada pela fantasia dos elos pessoais: aos amigos o heroísmo de um passado que lhes permite tudo; aos inimigos o opróbio da falsidade e dos interesses ocultos. O Supremo liquidou essa lógica, colocando-a nos seus devidos termos. Todos, inclusive e principalmente os amigos, são também sujeitos da lei.

A aparição é como os boatos e fuxicos um exemplo da operação da opinião pública. Essa figura que, numa democracia, representa o todo e a alma de um país democrático. Esse modo de existir que não é mais um fantasma, mas uma realidade de nossas vidas.
Por: Roberto da Matta Estado de SP

domingo, 2 de dezembro de 2012

MOCINHO E BANDIDO

A insegurança de que padecemos tem muito a ver com a ideologia da luta de classes e com o ressentimento da esquerda que nos governa desde 1995.

No meu tempo de infância, em Santana do Livramento, o passatempo preferido das crianças do sexo masculino, superando de longe o futebol em número de adeptos, era brincar de mocinho e bandido. Tratava-se de uma reprodução das perseguições e tiroteios típicos do gênero de filme que mais animava as platéias nas sessões dominicais - o bom e velho bangue-bangue. O resultado era sempre previsível. O sorteado para o papel de bandido enfrentava todos os outros e acabava preso.

As notícias das últimas semanas sobre a exasperação da violência em São Paulo me fez pensar naqueles folguedos infantis. Ao fim e ao cabo, também no Brasil real, todo bandido que não morre antes, um belo dia acaba preso. Mas na manhã seguinte se apresenta de novo para brincar. Prenderam e soltaram. Vamos deixar essa frase assim, na base do sujeito oculto porque, de hábito, os responsáveis pelo soltar jogam a culpa uns sobre os outros. Em novembro de 2010, quando o Rio de Janeiro iniciou a ocupação dos morros com apoio das Forças Armadas, escrevi um artigo - "O Rio espana o morro" - afirmando que a bandidagem, como o pó submetido à ação do espanador, saía dali, mas iria posar em outro lugar. Li, recentemente, no Estadão, que o Primeiro Comando da Capital (o PCC paulista) está abrigando criminosos do Rio, ligados ao Comando Vermelho (o CV). Segundo a matéria, essa interação das duas organizações começou, de fato, com a ocupação do Morro do Alemão e com a subsequente construção de quatro Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) no local.

O fato me leva a algumas certezas. Primeira, fracassará irremediavelmente toda política de segurança pública que não incluir a ampliação dos contingentes policiais e a construção de estabelecimentos prisionais em números suficientes para atender a demanda. Segunda, o mero controle de território e a simples pressão sobre tal ou qual atividade criminosa apenas fazem com que os agentes do crime migrem para outro local ou para outro ramo. Terceira, será infrutífera toda legislação que desconhecer o fato de que a cadeia é o lugar onde os bandidos devem estar. Carência absoluta de penitenciárias é o sonho sonhado por todo delinquente.

A insegurança de que padecemos tem muito a ver com a ideologia da luta de classes e com o ressentimento da esquerda que nos governa desde 1995 (FHC cabe aí dentro, sim senhor) em relação à atividade policial e de segurança pública. Para essa mentalidade, polícia civil, polícia militar, repressão ao crime é tudo aparelho direitista contra os oprimidos. Duas décadas dessa mentalidade nos levaram à situação atual. Não há presídios, os quadros policiais estão esvaziados, as leis penais e processuais têm mais furo do que queijo suíço, e o crime compensa. Sim, o crime, no Brasil, virou um negócio de escasso risco e enorme rentabilidade. E, pior de tudo, sob uma proteção legal e institucional que se impõe à vontade dos próprios agentes da lei. POR PERCIVAL PUGGINA

O IMPÉRIO DAS PURAS COINCIDÊNCIAS


“Afinal, você vai crer em mim ou nos seus próprios olhos?”(Groucho Marx)
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O visconde Christopher Monckton de Brenchley, matemático inglês que deu assessoria ao gabinete de Margaret Thatcher como especialista na aplicação da teoria das probabilidades à avaliação da autenticidade de documentos, firmou duas semanas atrás uma declaração juramentada a respeito da certidão de nascimento de Barack Hussein Obama tal como divulgada pela Casa Branca.

Segundo seus cálculos, a possibilidade de que as pequenas e grandes irregularidades encontradas na certidão sejam puramente acidentais é de 1 para 75 trilhões.

Tal é o grau de confiabilidade do documento. Monckton colocou os resultados da sua análise à disposição dos tribunais americanos, sob pena de perjúrio. Charles Neal Delzell, professor de Matemática da Universidade Estadual da Louisiana, fez por sua vez uma declaração juramentada de que os cálculos do visconde estão corretos.

Mas se a Presidência americana, o Partido Democrata e a grande mídia em peso podem exigir que os eleitores apostem numa probabilidade tão ínfima, ridicularizando e estigmatizando como louco quem quer veja nisso um risco excessivo, por que não poderiam também impor a crédula genuflexão ante outras tantas coincidências fortuitas com margem de erro até mais modesta, reduzida, digamos, a alguns bilhões ou milhões? Por que não poderiam exigir que, para não ser acusados de adeptos de “teorias da conspiração” todos se tornassem devotos da “teoria das puras coincidências”?

Por pura coincidência, o general David Petraeus, que estava marcado para depor no Parlamento sobre a omissão de socorro à legação americana na Líbia, foi repentinamente pego em flagrante vexame de adultério com sua biógrafa Paula Broadwell, sendo forçado a pedir demissão do cargo de chefe da CIA, e, para alívio geral do alto comando obamista, automaticamente dispensado de prestar o depoimento.

Os parlamentares não se deixaram ludibriar e decidiram convocar o general para depor assim mesmo. O que ele disse foi, em substância, que desde o primeiro momento informara à Casa Branca que o ataque em Benghazi fora um ato terrorista premeditado, e que alguém do governo convencera a embaixadora Susan Rice a modificar a história, atribuindo tudo a um protesto popular espontâneo contra um ridículo vídeo anti-islâmico amador divulgado pelo Youtube.

O testemunho do general foi tanto mais importante porque agora se sabe que o embaixador assassinado, Chris Stevens, estava distribuindo armas aos insurgentes sírios, entre os quais se encontravam muitos membros da Al-Qaeda e do Hamas que viriam a participar do ataque ao escritório da legação. Depois essas armas foram também usadas para assassinar 28 civis cristãos. O caso assume portanto as dimensões de um crime de alta traição -- que a lei americana define como “dar ajuda e conforto ao inimigo” – seguido de uma operação de acobertamento.

O FBI declarou oficialmente que teria descoberto o affair Paula Broadwell meses atrás, por acaso, por mero acaso, quando estava investigando outra coisa. Ao espalhar essa desculpa, porém, a agência dava com a língua nos dentes, confessando que decidira adiar a divulgação até depois das eleições. Isso sugeria uma premeditação duplamente maquiavélica: se o adiamento livrou Obama de um escândalo à véspera da votação, a súbita pressa de divulgar o caso antes do depoimento do chefe do seu serviço de inteligência foi um esforço desesperado para livrá-lo de um escândalo maior ainda. Na lentidão como na pressa, o controle do fluxo de informações pelo FBI correspondeu ao timing perfeito para evitar danos à imagem do presidente. Mas, evidentemente, quem pensa assim é teórico da conspiração. As pessoas sãs e equilibradas acreditam piamente que foi tudo coincidência, mera coincidência.

Mera coincidência foi também que o computador da campanha republicana, com a lista dos partidários preguiçosos e recalcitrantes a ser visitados nas últimas horas pelos cabos eleitorais e persuadidos a votar, entrasse em pane justamente no dia da eleição, deixando longe das urnas muitos votos que poderiam fazer diferença em favor de Romney. Novamente, o timing perfeito? Honni soit qui mal y pense. Tudo coincidência, mera coincidência.

Mais coincidência ainda foi que Obama saísse perdendo em todas as zonas eleitorais que exigiam carteiras de identidade com foto dos eleitores, e vencedor naquelas que aceitavam identidades sem foto ou mesmo identidade nenhuma. Coincidência, igualmente, o fato de que até agora todas as máquinas de votar apontadas como defeituosas trocassem sempre os votos de Romney para Obama, jamais deste para aquele.

E também quem, senão um paranóico reacionário, veria algo de suspeito no fato de que, em todas as zonas eleitorais das quais foram excluídos os fiscais republicanos, Obama tivesse entre 99 e 100 por cento dos votos, chegando ao prodígio de ter 108 em uma delas? Coincidência, coincidência, pura coincidência.

As autoridades e a grande mídia têm, por definição, o dom daquilo que se chama “fé pública”: expressam o que a sociedade e as pessoas de bem têm a obrigação de acreditar. Quando, porém, os detentores da fé pública desafiam reiteradamente o cálculo das probabilidades, quando o simples uso da lógica se torna uma abominação e quase um crime, é evidente que se atingiu aquele ponto em que o esquema partidário dominante já desfruta da “autoridade onipresente e invisível de um mandamento divino, de um imperativo categórico”, que Antonio Gramsci descrevia como a situação ideal para a mutação revolucionária da sociedade. Por: Olavo de Carvalho Publicado no Diário do Comércio.

SALVANDO O TRIUNVIRATO GLOBAL



Ninguém ignora que a escolha de Barack Hussein Obama como candidato do Partido Democrata em lugar de Hillary Clinton, em 2008, foi uma imposição, um diktat do Grupo Bilderberg.

A política da elite fabiana não coincide em absolutamente nada com os interesses geopolíticos da nação americana. A demolição do “Império Americano” está no seu programa tanto quanto nos do bloco russo-chinês e do Califado.

O mais óbvio dos erros a que me referi no artigo anterior é o de medir os gigantes pelo seu coeficiente de visibilidade apenas. Nessa escala, o establishment anglo-americano – para usar o termo de Carroll Quigley – fica tão mais volumoso, que os outros dois parecem pigmeus inofensivos empenhados bravamente num combate desproporcional. 

O prof. Alexandre Duguin aproveita-se dessa ilusão de ótica para dar às platéias do Terceiro Mundo a impressão de que os blocos russo-chinês e islâmico são seus companheiros de infortúnio, gemendo juntos sob o tacão do “poder unipolar”.

Ele sabe que essa visão das coisas é falsa, que os três grandes esquemas globalistas são igualmente poderosos, ricos, temíveis, ambiciosos e amorais, além de cúmplices uns dos outros. Quando os favelados mentais da USP o aplaudem, ele ri entre dentes. Imaginem com que satisfação sádica ele não vê a juventudeenragée apoiar, por puro ódio aos EUA, o regime que proíbe a propaganda gay e se apresenta ao público conservador como a nova e puríssima encarnação dos valores cristãos tradicionais, explorando, com destreza admirável, duas credulidades opostas.

Mas não é só o senso das proporções que aí sai distorcido por completo. É a trama real das relações entre os três blocos, que o duguinismo reduz à simploriedade postiça de um conflito esquemático entre dois.

Ninguém ignora que a escolha de Barack Hussein Obama como candidato do Partido Democrata em lugar de Hillary Clinton, em 2008, foi uma imposição, um diktat do Grupo Bilderberg. Também é preciso ter feito juramento de cegueira para não enxergar que, durante o seu primeiro mandato, o ungido do globalismo fez tudo para desbancar o dólar e debilitar a posição dos EUA no cenário internacional, estancou a produção nacional de petróleo, gás e carvão, atrofiou o sistema americano de defesa, pôs seu país de joelhos ante a China e a Rússia e, tanto no Oriente Médio quanto em suas políticas de segurança interna, deu mão forte aos arautos do Califado universal. Igual favorecimento à expansão islâmica tem orientado a política da União Européia e de vários governos do Velho Mundo abençoados pela internacional fabiana.

Bastam esses fatos para mostrar, acima de qualquer possibilidade de dúvida, que:

(1) A política da elite fabiana não coincide em absolutamente nada com os interesses geopolíticos da nação americana. A demolição do “Império Americano” está no seu programa tanto quanto nos do bloco russo-chinês e do Califado.

(2) O único “poder unipolar” que existe não tem um centro geopolítico, mas reside na área de interseção entre os três grandes esquemas globalistas.

(3) O futuro do mundo, a curto e médio prazo, depende de saber se a frágil unidade que ainda vigora nessa área de interseção vai predominar sobre os interesses de cada esquema globalista em particular ou se o tripé vai ceder, jogando os três esquemas um contra o outro, ou dois contra um. Na primeira dessas hipóteses, teremos uma ditadura mundial. Na segunda, a guerra mundial. Dos três blocos, o único que está preparado para a segunda hipótese, militar e ideologicamente, é o russo-chinês. O islâmico – com a exceção do Irã, que é um boi-de-piranha de Moscou -- tem mais a ganhar com a expansão pacífica e a chantagem terrorista, ao passo que o bloco Ocidental procura desarmar-se a olhos vistos, tudo apostando na unidade da ditadura mundial em que os Estados nacionais perdem autonomia na esfera internacional ao mesmo tempo que enrijecem seus controles sociais internos. A vitória de Barack Hussein Obama é mais um passo nessa direção, um indicador claríssimo de que os EUA vão prosseguir na sua política de autodesmantelamento militar e econômico aliado à expansão ilimitada dos mecanismos de controle policial da sociedade, segundo os mesmos cânones “politicamente corretos” que os organismos internacionais vêm impondo a todos os países do hemisfério Ocidental. Até onde será possível prosseguir nessa via é algo que depende de como a elite ocidental vai manejar a sua contradição constitutiva: ela tem de debilitar o poderio americano para subjugá-lo ao comando internacional, mas de outro lado continua precisando dele, por enquanto, como sua base militar. Nada poderia evidenciar mais claramente a sua natureza de parasita.

A pergunta decisiva, para os próximos anos, é: a Rússia e a China vão se contentar em prosseguir desfrutando do seu quinhão na partilha do mundo entre os três grandes blocos, ou vão tentar um golpe de mão para livrar-se dos parceiros e apossar-se de tudo de uma vez?

Obama já foi pego de calças na mão em pleno ato de prometer aos russos que, no seu segundo mandato, fará toda sorte de concessões para aplacá-los e salvar a unidade do triunvirato global. Foi sob o mesmo pretexto que ele afagou as pretensões da Fraternidade Islâmica, obtendo como únicos resultados o acréscimo da violência terrorista e o fiasco de Benghazi.

Vladimir Putin sabe que, em última instância, a unidade é inviável. Ele tira proveito dela, por enquanto, mas, entre o triunvirato global e o Império Eurasiano, sua escolha já está feita.

Por: POR OLAVO DE CARVALHO Publicado no Diário do Comércio

ENTENDA ESTE PÍFIO CRESCIMENTO DO PIB


Mantega-1


Dilma está preocupada e convocando economistas para entender porque o Brasil não cresce além do crescimento populacional. Um fiasco e tanto. 

Ela usou todos os conhecimentos da ciência econômica: estímulos fiscais, redução de juros, PAC, bolsa família e bolsa consumo, empréstimos políticos via BNDES a juros de amigo, e nada. 

Guido Mantega, outro economista no governo, além de não ter previsto o fracasso, diz que "nós economistas não sabemos ainda o que aconteceu". Assustador. 

DIlma anda perguntando como aumentar os "espíritos animais dos empresários" e como "tirá-los do armário", uma falta de tato mercadológico ainda mais assustador. 

Eliana Cardoso, economista do MIT, faz uma importante mea culpa no o Estadão de 28/11/2012. 

"Nós economistas pulamos da fase teocrática para a caótica, o que explica tantas falhas no entendimento do nosso desenvolvimento". Parabens Eliana. 

Finalmente, diz Eliana, poucos economistas ainda acreditam em Caio Prado Jr. em Formação do Brasil Contemporâneo, e Celso Furtado em Formação Econômica do Brasil, adotados por 40 anos nas melhores escolas. 

"Também desacreditada fica a hipótese de uma produção para a exportação", grande bandeira dos economistas da Cepal. 

E agora vem a nova descoberta de Eliana. 

"O desenvolvimento da economia depende dos empresários inovadores". 

Não acertam uma. Eliana mostra o seu total desconhecimento do Brasil administrativo, mais "uma falha de entendimento". 

Robert Coase, que se intitula "Prêmio Nobel De Economia", escreve um poderoso artigo Precisamos Salvar a Economia dos Economistas, que todo economista deveria ler. 

Tese que este blog vem defendendo há 40 anos e aceito de bom gardo o apoio de um Robert Coase. Obrigado, poderia ter me apoiado antes. 

Nunca tivemos no Brasil empresários inovadores, Eliana, e não foram eles que fizeram o país crescer. 

Nossos empresários foram copiadores. 

Copiavam inovações que deram certo nos Estados Unidos e introduziram estas inovações no Brasil. 

Roberto Marinho introduziu "television", Abílio Diniz o "supermarket", Walter Moreira Salles, o "retail banking", Roberto Young "franchising", Bob's introduziu o "fast food", sem falar da "internet", "email", "blog", "leasing", "credit card", etc.. 

No Brasil, esta teoria de "empresários inovadores" é furada. Basta ver as nossas patentes. 

O que é triste, Dilma, Eliana, e jornalistas como Celso Ming, estão na realidade copiando teorias econômicas de Shumpeter e Coase, e não pesquisando a realidade brasileira. 

Mais uma categoria de "copiadores", como nossos empresários. 

E nem copiar direito souberam. 

Muitos dos nossos setores foram copiados muito mais tarde do que deveriam, outros vieram muitos antes. 

A Revista Veja amargou prejuízos por 11 anos seguidos, colocando a própria Abril em risco. 

Por outro lado, a edição Melhores e Maiores, cujo lucro foi imediato, e que manteve a revista Exame por 11 anos no equilíbrio, mostra que deveria ter sido introduzido muito antes, mas não foi. 

Estes senhores supriram é "capital", não inovação, capital muitas vezes de amigos no BNDES ou Banco do Brasil, a juros subsidiados. 

Assim até eu. 

Portanto estes "empresários" brasileiros não foram assim tão necessários, não inovaram, simplesmente copiaram e supriram capital. 

Quem fez estas empresas crescer foram seus administradores que implantaram as suas ideias, copiadas. 

Tanto é que nos Estados Unidos, Bill Gates, Steve Jobs, Mark Zukerman não eram "empresários" e sim alunos e sem capital. 

As próprias Universidades os estimulavam a criarem empresas, quando aqui estimulam os alunos a nunca trabalhar numa empresa e sim ter um emprego público. 

O Brasil não cresce, porque está nas mãos de pessoas que confessadamente não entendem nada deste Brasil. 

Não foi a "visão" de Abílio Diniz, Walter Salles, que fez suas empresas crescerem. Foram os executivos destas empresas. 

Quer saber como fazer o Brasil crescer ? 

Basta seguir o conselho de Eliana Cardoso, Robert Coase, e tantos outros. 

Precisamos salvar a economia brasileira dos economistas. 

Agora não sou eu somente que digo isto. Até que enfim. Por: Stephen kanitz

sábado, 1 de dezembro de 2012

CÍMPLICE DOS MENSALEIROS ASSUME PRESIDÊNCIA DO STF

O país todo parece estar obnubilado pelo brilho da careca de Joaquim Barbosa. Por sua atuação no julgamento do mensalão, já foi lançado por ingênuos como candidato à Presidência da República. A imprensa toda, demonstrando um racismo empedernido, saúda o primeiro ministro negro do STJ. Que interessa a cor da pele? O que importa é que tenha competência, isenção, cultura jurídica. 


Outros, mais apressados, defendem que a nomeação de Barbosa evidencia o absurdo da lei de cotas: o afrodescendentão teria sido nomeado por seus próprios méritos. “O novo presidente tem origem humilde. Filho de pedreiro, aos 16 anos viajou sozinho à capital federal, onde trabalhou como faxineiro e em uma gráfica. Formou-se em Direito pela Universidade de Brasília, foi oficial de chancelaria e advogado de órgãos públicos até iniciar sua carreira como procurador”.

Devagar com o andor, gente. Como por seus próprios méritos? Barbosa pode ter chegado à magistratura por seus próprios méritos. Mas foi nomeado ministro exatamente por ser negro. Lula quis ser o primeiro presidente a colocar um negro na Suprema Corte e hoje deve estar se arrependendo amargamente de sua idéia.

Ao assumir a Presidência do STJ, Barbosa defendeu o tratamento igualitário das pessoas que apelam ao Judiciário. "É preciso ter honestidade intelectual para dizer que há um grande déficit de justiça entre nós. Nem todos os brasileiros são tratados com igual consideração quando buscam o serviço público da Justiça. O que se vê aqui e acolá, nem sempre, é claro, é o tratamento privilegiado, o by-pass (ignorar, em inglês), a preferência desprovida sem qualquer fundamentação racional", disse Barbosa durante seu discurso. 

Quem está afirmando isto é o homem que votou pela instituição das cotas raciais. Isto é, defendeu a idéia de que negro tem mais direitos que branco só por ser negro. Votou pelo tratamento privilegiado, pela preferência desprovida sem qualquer fundamentação racional. Pior ainda, rasgou a Constituição ao fazer letra morta do artigo que versa sobre a igualdade de todos perante a lei. A bem da verdade, desta decisão racista participaram todos os demais membros do egrégio sodalício - como eles, ministros, adoram definir o STF.

Não bastasse esta manifestação evidente de racismo às avessas, Barbosa criou agora uma nova categoria, a dos jornalistas brancos. Quando o jornalista Luiz Fara Monteiro, da TV Record, perguntou-lhe se estava "mais tranquilo, mais sereno", após a sua primeira sessão presidindo o STF, Barbosa reagiu com animosidade. 

"Logo você, meu brother! Ou você se acha parecido com a nossa Ana Flor [repórter da agência Reuters, que é loira]? A cor da minha pele é igual à sua. Não siga a linha de estereótipos porque isso é muito ruim. Eles [os demais jornalistas, majoritariamente brancos] foram educados e comandados para levar adiante esses estereótipos. Mas você, meu amigo?"

Fara é negro. Ou seja, há perguntas que um jornalista negro não pode fazer. Só são admissíveis em jornalistas brancos. Assim é o homem que a imprensa hoje saúda como salvador da pátria.

Os jornalistas esquecem – e parece que sou o único a lembrar – que o juiz que hoje pune a compra de votos é o mesmo que ratificou a legislação decorrente da compra de votos. O Joaquim Barbosa que hoje é visto como herói é o mesmo Joaquim Barbosa que votou pela improcedência da ADI 3104/07, sacramentando assim a compra de votos. O STF que hoje envia mensaleiros para a cadeia é o mesmo que um dia rasgou a Constituição, avalizando a tunga dos aposentados e negando o direito adquirido.

Ora, direis, o ministro não sabia. Difícil não saber, quando o mensalão foi denunciado em 2005. Mesmo que Joaquim Barbosa – aliás, como Lula – de nada soubesse, Joaquim Barbosa votou contra o direito adquirido. Será por isso que o STF faz boquinha de siri quando se fala em anular a lei comprada. Afinal seus juízes avalizaram a compra de parlamentares. 

Barbosa, caríssimos, foi cúmplice dos mensaleiros. E jornal algum fala nisso.

Por: Janer Cristaldo

DIA DA CONSCIÊNCIA INDIVIDUAL

Cada indivíduo possui diversas características que ajudam a identificá-lo, entre elas: crença religiosa, altura, classe social, sexo, visão política, nacionalidade e cor da pele. O coletivista é aquele que seleciona arbitrariamente alguma dessas características e a coloca no topo absoluto da hierarquia de valores. Para o nacionalista, a nacionalidade é a coisa mais relevante do mundo. Para o socialista, a classe é tudo que importa. Para o racialista, a “raça” define quem somos. Todos eles ignoram a menor minoria de todas: o indivíduo. 


Schopenhauer disse: “A individualidade sobrepuja em muito a nacionalidade e, num determinado homem, aquela merece mil vezes mais consideração do que esta”. De fato, parece estranho se identificar tanto com alguém somente com base no local de nascimento. O mesmo pode ser dito sobre a cor da pele. Deve um liberal negro ter mais afinidade com um marxista negro do que com um liberal branco? Fica difícil justificar isso. 

Entretanto, o “Dia da Consciência Negra” apela exatamente para este coletivismo. Consciência é algo individual; não existe uma “consciência negra”. Compreende-se a luta contra o racismo, justamente uma forma de coletivismo que deprecia um grupo de indivíduos por causa de sua cor. Mas não creio ser uma boa estratégia de combate ao racismo enaltecer exatamente aquilo que se pretende atacar: o conceito de “raça”. Um mundo onde indivíduos são julgados por seu caráter, não pela cor da pele, como sonhava Martin Luther King, não combina com um mundo que celebra a consciência de uma “raça”. 

A origem do feriado coloca mais lenha na fogueira. Zumbi dos Palmares, ao que tudo indica, tinha escravos. Era a coisa mais natural do mundo em sua época. Ele lutava, portanto, pela sua própria abolição, não da escravidão em si. A humanidade conviveu com a escravidão desde sempre. Diferentes conquistadores transformaram em escravos os conquistados. Os gregos, romanos, incas, astecas, otomanos, todos fizeram escravos. As principais religiões consideravam isso algo normal. Não havia um critério racial para esta nefasta prática. Os próprios africanos eram donos de escravos. 

Somente o foco no indivíduo, com o advento do iluminismo, possibilitou finalmente enterrar as correntes da escravidão. A Declaração da Independência Americana seria a síntese desta nova mentalidade. Os principais abolicionistas usaram suas poderosas palavras como argumento definitivo contra a escravidão. No famoso caso Amistad, em 1839, o ex-presidente John Quincy Adams fez uma defesa eloqüente dos africanos presos: “No momento em que se chega à Declaração de Independência e ao fato de que todo homem tem direito à vida e à liberdade, um direito inalienável, este caso está decidido”. 

O Brasil apresenta um agravante prático: a própria noção de “raça”. Afinal, aqui predomina a mistura, como o recém-falecido Lévi-Strauss percebeu em Tristes Trópicos. Para o antropólogo, ‘negro’ é um termo que “não tem muito sentido num país onde a grande diversidade racial, acompanhando-se de pouquíssimos preconceitos, pelo menos no passado, possibilitou misturas de todo tipo”. Como celebrar a “consciência negra” num país de mestiços, caboclos e cafuzos? Deve o mulato priorizar uma parte de sua origem, em detrimento da outra? A mãe negra é mais importante que o pai branco, ou vice-versa? 

Eu gostaria muito de viver num país onde não houvesse racismo. Infelizmente, acho que feriados que enaltecem a consciência da “raça” não ajudam. Seria melhor criar o “Dia da Consciência Individual”.
Publicado no Blog do Rodrigo Constantino 

fonte original O GLOBO 

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

¿Y sí?

A pergunta mais importante em economia é também a mais difícil de ser respondida: o que ocorreria caso, em vez de adotarmos determinada política A, adotássemos a política B?


Esta é também uma pergunta recorrente na vida comum: se tivesse entrado à esquerda, em vez de à direita, teria chegado mais cedo ao trabalho? Ou, se tivesse me dedicado à medicina, como queria minha mãe (de acordo com a tradição judaica, o feto não é considerado viável até se formar médico), que caminhos minha vida teria tomado?

Algumas dessas questões não têm resposta fora do campo da ficção, pois são experimentos únicos, para tristeza da minha mãe. No que tange a outras, porém, se há regularidades teóricas e empíricas, podemos imaginar como certos fenômenos teriam se desenrolado caso decisões diferentes tivessem sido tomadas em momentos cruciais.

Estava pensando nisso ao observar os desenvolvimentos recentes na Argentina. Não há de ter escapado da atenção do leitor mais atento a magnitude do protesto contra a presidente Cristina Kirchner nem a queda abrupta de sua popularidade pouco tempo depois de sua reeleição.

A verdade é que a Argentina tem, há tempos, adotado um conjunto de políticas econômicas “heterodoxas” que, embora lhe tenha dado certo alívio por um período, foi minando gradativamente sua capacidade de crescimento.

A começar pela despreocupação com a inflação. No começo de 2004, tempos em que o Indec [o IBGE local] ainda era uma instituição confiável, livre do tacão do governo, a inflação havia recuado para níveis muito baixos (cerca de 2%), uma vez dissipados os efeitos da maciça desvalorização do peso no começo de 2002. A atividade econômica, por sua vez, vinha em franca recuperação e o país reunia, assim, as condições ideais para consolidar o controle da inflação.

No que se refere ao desempenho fiscal, a deterioração também foi marcante.Naquele momento crucial, contudo, mais uma oportunidade foi desperdiçada. As autoridades desprezaram a questão inflacionária e elegeram o crescimento como único objetivo. Ao final de 2005, a inflação já ultrapassava os dois dígitos e, para lidar com o problema, o governo recorreu a controles diretos de preços e subsídios; com o fracasso destes, passou a adulterar o índice de inflação. Hoje a inflação oficial se encontra ao redor de 10% nos últimos 12 meses, enquanto estimativas privadas sugerem um índice cerca de três vezes mais alto.

O superavit primário do governo federal, que superava os 3% do PIB até 2008, vem em queda acentuada e equivalia a mero 0,3% do PIB no ano passado, evaporando ao longo de 2012.

Por fim, para a alegria de vários economistas pátrios, a taxa de câmbio argentina foi administrada, supostamente mantida a patamares que tornariam a indústria local competitiva. Obviamente, com a aceleração da inflação, isso não passou de ilusão. A Argentina chegou a ter uma fatia de mercado equivalente a 9% das importações brasileiras (seu principal mercado, que absorve cerca de 20% das exportações platinas); hoje, essa participação caiu para 7%, a menor em quase 20 anos.

Dados esses desenvolvimentos, o surpreendente não é que a Argentina esteja enfrentando problemas sérios; o inusitado, na verdade, é que eles tenham demorado tanto a se manifestar, provavelmente atenuados pelo forte aumento de preços das commodities, assim como pelo bom desempenho brasileiro entre 2004 e 2010.

O interessante é que, embora pouca se ouça dos nossos keynesianos de quermesse sobre a Argentina hoje, a combinação de política por ela adotada de 2004 para cá era cantada em verso e prosa como a receita para o Brasil crescer aceleradamente.

O desempenho argentino pode ser considerado, contudo, como o que poderia ocorrer com o Brasil caso tivéssemos ouvido o canto das sereias heterodoxas. E também como o que pode nos acontecer a continuar a deterioração segura e implacável da nossa política econômica. Por: Alexandre Schwartsman

Fonte: Folha de S. Paulo, 21/11/2012

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

NEM ESQUERDA, NEM DIREITA


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"Que esquisito, você não é nem de esquerda nem de direita!". Essa observação, feita logo após um discurso que proferi, mostrou uma rara perspicácia. Foi rara porque era extremamente raro ouvir alguém chegando a essa conclusão por conta própria. E foi perspicaz porque foi acurada.

A maioria das pessoas sempre parece estar à procura de termos simplistas e simplificadores, de generalizações cômodas e convenientes, pois ajudam em seus discursos e definições. Estes termos servem para substituir definições longas e tediosamente complexas. No entanto, é essencial ter cuidado ao escolher estes termos, pois é comum que tais simplificações gerem truques semânticos e produzam um desserviço para aqueles que as utilizam. Receio ser esse o caso dos termos "esquerda" e "direita" quando utilizados por libertários que, como espero demonstrar, não estão nem à esquerda e nem à direita no que concerne ao espectro ideológico aceitável de nossa era.

"Esquerda" e "direita" descrevem, cada uma, posições autoritárias. A liberdade não possui relação horizontal com o autoritarismo. A relação do libertarianismo com o autoritarismo é vertical; está muito acima dessa podridão de homens escravizando indivíduos. Mas vamos começar do início.

Houve uma época em que "esquerda" e "direita" eram denominações apropriadas e nada imprecisas para diferenças ideológicas. Os primeiros esquerdistas foram um grupo de recém-eleitos representantes para a Assembléia Nacional Constituinte da França, no início da Revolução Francesa, em 1789. Eles foram rotulados "esquerdistas" simplesmente porque, por acaso, estavam sentados do lado esquerdo da câmara legislativa francesa.

"Os legisladores que estavam assentados do lato direito eram chamados de Partido da Direita, ou Direitistas. Os Direitistas ou 'reacionários' defendiam um governo nacional altamente centralizado, leis especiais e privilégios para sindicatos e vários outros grupos e classes, monopólios estatais sobre os setores estratégicos e básicos para a vida, e uma continuação dos controles governamentais sobre preços, produção e distribuição." — Dean Russell, The First Leftist [Irvington-on-Hudson, N.Y.: Foundation for Economic Education, 1951], p. 3.

Os esquerdistas da época eram, para todos os propósitos práticos, ideologicamente similares àqueles que hoje podem ser chamados de "libertários". Já os direitistas representavam o oposto ideológico: estatistas, intervencionistas — em suma, autoritários. "Esquerda" e "direita" na França, durante o período 1789-90, eram termos que apresentavam, ao mesmo tempo, uma conveniência semântica e um alto grau de acurácia.

Mas aí vieram os autoritários Jacobinos, e o termo "esquerdista" foi rapidamente expropriado por eles, passando a ter um significado oposto. "Esquerdista" passou a ser sinônimo de igualitarista, sendo depois associado às vertentes do socialismo marxista: comunismo, socialismo, fabianismo. O que ocorreu, então, com o termo "direitista"? Onde ele caberia agora, após essa reviravolta semântica do termo "esquerdista"? Os camaradas de Moscou se encarregaram dessa tarefa, e em proveito próprio: qualquer coisa que não fosse comunista ou socialista foi decretada e propagandeada como "fascista". Logo, qualquer ideologia que não coubesse integralmente dentro do rótulo comunista (esquerda) passou a ser popularmente denominada de fascista (direita).

Eis a definição de fascismo segundo o dicionário Webster: "Qualquer programa visando à criação de um regime nacional centralizado e autocrático, com políticas severamente nacionalistas e que exerça um intenso programa de arregimentação da indústria, do comércio e das finanças, com rígida censura e enérgica supressão da oposição".

Qual é, na prática, a diferença entre comunismo e fascismo? Ambos são formas claras de estatismo e autoritarismo. A única diferença entre o comunismo de Stalin e o fascismo de Mussolini é um insignificante detalhe na estrutura organizacional. Mas um é "esquerda" e o outro é "direita"! Sendo assim, onde tudo isso deixa o libertário em um mundo em que os termos foram definidos por Moscou? O libertário é, na realidade, o oposto do comunista. No entanto, se o libertário empregar os termos "esquerda" e "direita", ele estará caindo na armadilha semântica de se tornar um "direitista" (fascista) pelo simples fato de não ser um "esquerdista" (comunista). Isso seria um suicídio semântico para os libertários, um invento artificioso que excluiria automaticamente sua existência. Ao passo que comunistas e socialistas continuarão utilizando essa definição, há vários motivos para os libertários evitá-la.

Um enorme problema que surgirá caso o libertário opte por utilizar a terminologia esquerda-direita é a grande tentação que tal postura cria para se aplicar a doutrina do meio-termo. Durante aproximadamente vinte séculos, o homem ocidental aceitou a teoria aristotélica de que a posição sensata é aquela entre quaisquer dois extremos, que hoje é conhecida politicamente como a posição moderada, conciliatória, a terceira-via, ou simplesmente o centro. Se os libertários utilizarem os termos "esquerda" e "direita", eles estarão se anunciando como sendo de extrema direita pela simples virtude de estarem extremamente distantes em suas crenças do comunismo. Mas "direita" é um termo que passou a ser exitosamente identificado com o fascismo. Portanto, cada vez mais pessoas são levadas a crer que a posição sensata seria em algum lugar entre o comunismo e o fascismo, uma vez que ambos significam autoritarismo.

Só que a doutrina do meio-termo não pode ser aplicada indiscriminadamente. Por exemplo, ela é sensata o bastante quando se está decidindo entre, de um lado, o jejum total e, do outro, a gulodice. Mas ela é evidentemente insensata quando se quer decidir entre não roubar nada ou roubar $1.000. O meio-termo recomendaria roubar $500. Logo, o meio-termo não é mais sensato ou racional quando aplicado para comunismo e fascismo (dois rótulos para o mesmo autoritarismo) do que quando aplicado para dois tipos de roubo. O libertário não pode querer nada com "esquerda" ou "direita" simplesmente porque ele desdenha qualquer forma de autoritarismo — o uso do aparato estatal para tolher e controlar a criatividade e o empreendedorismo do indivíduo. 

Para ele, comunismo, fascismo, nazismo, fabianismo, assistencialismo — todos formas de igualitarismo — cabem na descrição definitiva que Platão, talvez cinicamente, nos forneceu séculos antes de qualquer um desses sistemas coercivos terem se desenvolvido:



O maior de todos os princípios é o de que ninguém, homem ou mulher, deve prescindir de um líder. Nem deverá a mente de um indivíduo habituar-se a deixá-lo fazer qualquer coisa nem por iniciativa própria, nem por zelo, nem mesmo por prazer. Tanto na guerra quanto na paz, a seu líder ele deve direcionar seus olhos e segui-lo fielmente. E mesmo nos assuntos mais ínfimos ele deve se sujeitar a alguma liderança. Por exemplo, ele deve se levantar, se mover, se lavar ou se alimentar . . . somente se tiver recebido ordens para tal . . . Em suma, ele deverá ensinar sua alma, por meio do hábito e da prática reiterada, a nunca sonhar agir de forma independente. Com efeito, deve ensiná-la a se tornar totalmente incapaz disso.

Pairando sobre a degradação

Os libertários rejeitam esse princípio e, ao fazê-lo, não se colocam nem à direita e nem à esquerda dos autoritários. Eles, assim como os espíritos humanos que libertariam, ascendem — estão acima — sobre esta degradação. Sua posição no espectro ideológico, se fossemos usar analogias direcionais, seria acima — como um vapor que se separa do esterco e sobe a uma atmosfera saudável. Se a idéia de extremismo for aplicada a um libertário, que seja baseada em quão extrema é a sua oposição às crenças e tentações autoritárias.

Estabeleça este conceito de emersão, de libertação — o qual é o próprio significado do libertarianismo —, e o significado da doutrina do meio-termo passará a ser inaplicável, pois não é possível haver uma posição de meio caminho entre o zero e o infinito. E é absurdo sugerir que possa haver.

Qual termo simples os libertários deveriam aplicar para se distinguirem das variedades de "esquerdistas" e "direitistas"? Não consegui inventar nenhum, mas até que eu consiga, contento-me em dizer que "sou libertário", e estou disposto a explicar a definição do termo a qualquer pessoa que procure significados em vez de rótulos.

Leonard Read foi o fundador do instituto Foundation for Economic Education -- o primeiro moderno think tank libertário dos EUA -- e foi amplamente responsável pelo renascimento da tradição liberal no pós-guerra.

PRÊMIO NOBEL PARA A PRAXEOLOGIA


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Introdução

A praxeologia ou a ciência da ação humana é o método cientifico utilizado pelos economistas austríacos no estudo da economia. Ela é uma ferramenta poderosa que decorre de um sistema apriorístico de causa e efeito, baseado em categorias da ação humana, a qual nos permite analisar todos os fatos e teoremas econômicos. Nesse artigo, enfatizo a importância e a superioridade do método praxeológico como ferramenta de análise e derivação de teoremas econômicos. Descrevo os processos de derivação da lei da utilidade marginal decrescente, preferência temporal, juros e custo de oportunidade, com ênfase no caráter subjetivo dessas categorias da ação humana. Na última parte, levanto argumentos mostrando a inadequação do uso da psicologia experimental para a contribuição à teoria econômica e apresento a derivação praxeológica da Teoria do Prospecto, dos psicólogos laureados em economia Kehneman e Tversky (2002).

O que é praxeologia e porque utilizá-la?

A praxeologia foi sistematizada por Ludwig von Mises. Ele realizou um grande feito ao inferir que todas as categorias de ação sobre bens econômicos estão assentadas numa proposição verdadeira a priori sobre a realidade, denominada por ele de "o axioma da ação". Este axioma baseia-se na proposição auto evidente de que os humanos agem de forma proposital, para sair de uma situação de menor conforto para maior conforto. Todo individuo que tentar negá-la por meio de qualquer ação entrará em contradição, acabando por confirmá-la. Por exemplo, ao tentar negar "o axioma da ação", um indivíduo necessariamente estará se utilizando de argumentos (ação meio) para atingir um objetivo ou um fim desejado, qual seja: refutar o axioma da ação. Porém, ao tentar refutá-lo entrará em contradição, pois estará empreendendo uma ação humana proposital para sair de uma situação de desconforto.

Hoppe vai mais longe ao retratar a importância e as consequências do feito de Mises para a epistemologia:



(...). Com seu reconhecimento de que a ação é o elo entre a mente e a realidade exterior, ele encontrou a solução do problema kantiano de como é possível a existência de proposições sintéticas a priori verdadeiras. E ele ofereceu alguns insights extremamente valiosos relativos às fundamentações definitivas de outras proposições epistemológicas centrais, como identificar a lei da contradição como o pilar essencial da lógica. E deste modo ele abriu caminho para investigações filosóficas futuras que, pelo que me consta, permanece praticamente inexplorado.

De acordo Selgin, com a priori, Mises não quis defender a possibilidade de proposições verdadeiras independentemente de qualquer tipo de "experiência" — ainda que independam de qualquer experiência sensorial, do tipo daquelas enfatizadas por empiristas e positivistas — mas, sim, que as proposições desse tipo são independentes de qualquer tempo ou lugar em particular. Assim, um teorema econômico deduzido praxeologicamente deve ser válido tanto para o Egito antigo quanto para a economia brasileira.

Já para Rothbard, as proposições praxeológicas estão assentadas na experiência interior e não simplesmente em experiência exterior, sendo evidenciadas de forma reflexiva mais do que física. É a consciência individual sobre a capacidade de agir e a consequente percepção humana sobre as categorias de ação que devem servir de base para a derivação de sistemas praxeológicos de causa e efeito, que por sua vez são capazes de fornecerinsights para a dedução de todos os teoremas econômicos.

O sistema praxeológico é como a lógica e a matemática. Da mesma forma que o teorema pitagórico é uma relação geométrica inerente a todos os triângulos retângulos, os teoremas econômicos já estão contidos nas categorias de ação de um sistema praxeológico. Dessa forma, qualquer experiência de cunho empirista é incapaz de refutar teorias econômicas derivadas praxeologicamente. Seria como sair por aí medindo os lados dos triângulos retângulos a fim de encontrar falhas no Teorema de Pitágoras. Algo impensável.

Somente é possível refutar uma teoria praxeológica por meio da descoberta de falhas na cadeia de raciocínio empregada pelo praxeologista. De acordo com Mises, evidências empíricas não "falseiam" a teoria, apenas servem para estabelecer o quão apropriada é uma aplicação teórico-praxeológica para a análise de um evento em particular.

Como bem destaca Mises, a derivação de teoremas econômicos a partir da história é um procedimento inadequado, podendo levar a erros graves. A história econômica só pode ser entendida com base numa teoria pré-concebida. Não há uma via de mão dupla quando se fala em derivação de teorias econômicas. O caminho flui da teoria concebida para a história. E nesse processo, o entendimento da praxeologia é fundamental:



A praxeologia não é uma ciência histórica, mas uma ciência teórica e sistemática. Seu escopo é a ação humana como tal. Independentemente de quaisquer circunstâncias ambientais, acidentais ou individuais que possam influir nas ações efetivamente realizadas. Sua percepção é meramente formal e geral, e não se refere ao conteúdo material nem às características particulares de cada ação. Seu objetivo é o conhecimento válido para todas as situações onde as condições correspondam exatamente àquelas indicadas nas suas hipóteses e inferências. Suas afirmativas e proposições não derivam da experiência. São como a lógica e a matemática. Não estão sujeitas a verificação com base na experiência e nos fatos. São tanto lógica como temporalmente anteriores a qualquer compreensão de fatos históricos. É um requisito necessário para qualquer percepção intelectual dos eventos históricos. Sem sua ajuda, nossa percepção do curso dos eventos históricos ficaria reduzida ao registro de mudanças caleidoscópicas ou de uma desordem caótica. 

Derivações Praxeológicas

O apriorismo, ou a cognição a partir de raciocínio meramente dedutivo, nos fornece insights antes inacessíveis sobre as categorias da ação humana, entretanto, a derivação de teoremas econômicos a partir da identificação de categorias implícitas no "axioma da ação" não é um trabalho fácil. As categorias e suas derivações não são evidentes. Para a análise de um caso em particular é necessário realizar um exercício reflexivo por meio de um encadeamento lógico-dedutivo entre categorias de ação (ex: causa e efeito).

Dentre as categorias derivadas a partir do "axioma da ação" podemos destacar: meios, fins, custos, benefícios, compra e venda, lucro e prejuízo, valores, escolha, preferência, tempo, causalidade. Importante ressaltar que as categorias "tempo" e "causalidade" já se encontram implícitas em qualquer sistema praxeológico. Qualquer ação humana pressupõe a ideia de mais cedo ou mais tarde e de causa e efeito. É exatamente isso, de acordo com Mises, o que difere epistemologicamente o sistema praxeológico do sistema lógico:



"(...). A diferença entre um e outro reside no fato de a praxeologia ter a mudança como um de seus elementos; as noções de mais cedo ou mais tarde e de causa e efeito fazem parte do sistema. Anterioridade e consequência são conceitos essenciais no raciocínio praxeológico; o mesmo ocorre com a irreversibilidade dos eventos. No contexto do sistema praxeológico, qualquer referência à correspondência funcional é tão metafórica e ilusória quanto a referência à anterioridade e consequência no sistema lógico."

Como se vê, o tempo e a causalidade da ação exercem um papel preponderante na análise de um sistema praxeológico. A percepção humana sobre o tempo é inerente à ação humana. Toda ação objetiva um fim, uma situação mais confortável, um futuro desejado, que pode ou não ser atingido. A ação empreendida ocorre em algum momento no tempo e rapidamente vira passado. Ela se confunde com o tempo, com a percepção de presente. E leva-se algum tempo até a verificação do sucesso ou insucesso da ação empreendida. Mas o tempo passa, é finito. Assim, dado a escassez do tempo, o agente homem busca economizá-lo por meio da priorização de ações numa escala de valores. Podemos dizer, a partir do axioma da ação, que toda ação realizada no momento é aquela a qual se atribui maior valor. Ela é considerada a mais urgente, simplesmente porque é a ação que está sendo executada no momento.

Nesse contexto, e considerando o fato de sermos incapazes de realizar tudo ao mesmo tempo, chegamos ao conceito de utilidade marginal decrescente. Esse teorema decorre do fato de que, ao escolhermos entre produtos homogêneos, a primeira unidade consumida ser considerada mais urgente (de maior utilidade) do que a segunda, e assim sucessivamente. Nota-se aqui a influência do tempo; a antecedência temporal da primeira unidade ou porção em relação à segunda. Podemos dizer que à ação do momento é sempre atribuída um maior valor (utilidade) em comparação às ações do mesmo tipo que estão por vir e, em decorrência disso, a utilidade marginal é o valor subjetivo atribuído a um bem pela necessidade menos urgente que ainda resta a ser satisfeita por esse bem.

Também em decorrência do axioma da ação humana, que como dito pressupõe a escassez do tempo, surge o conceito de preferência temporal. Este conceito está relacionado ao fato de preferirmos eliminar um dissabor futuro o quanto antes, por meio de ações que atribuímos um maior valor, e assim economizarmos tempo. É por isso que preferimos bens presentes a bens futuros, ou seja, para desistirmos de uma satisfação presente, geralmente exigimos uma recompensa, pois consideramos um sacrifício o fato de adiarmos essa satisfação. Daí a existência da taxa de juros, que é o preço resultante da relação entre o valor atribuído à satisfação imediata e à satisfação futura. Numa determinada economia, quanto mais os indivíduos valorizarem as satisfações imediatas em relação às futuras, maior tenderá a ser a recompensa para que desistam da satisfação presente em troca da satisfação futura.

E ao realizarmos o quanto antes ações que atribuímos um maior valor, estamos automaticamente desistindo o quanto antes daquelas ações que nos satisfazem menos. Assim, pela impossibilidade de exercermos todas as ações ao mesmo tempo, estamos constantemente abandonando o que nos satisfaz menos com o intuito de atingir o fim que julgamos ser mais valioso. E o valor subjetivo atribuído ao fim que estamos abandonando é o preço pago ou o custo incorrido para atingir o objetivo desejado. Eis aqui a derivação do conceito econômico de custo de oportunidade.

Já à diferença entre o valor do que se abandona (custo de oportunidade) e o valor do fim obtido, após um cenário de incerteza, chamamos de lucro ou prejuízo. Podemos também dizer que, por meio da ação humana, estamos constantemente incorrendo em custos subjetivos com o intuito de obter benefícios subjetivos.

Psicologia, Economia e a Derivação Praxeológica da "Teoria do Prospecto"

Como visto acima, em nenhum momento foi necessário recorrer a conceitos psicológicos ou fisiológicos no processo de derivação dos teoremas econômicos. Para isso, bastou partirmos do "axioma da ação" de Mises e das categorias de ação subjacentes a ele. Economia e psicologia são diferentes, tratam de objetos diferentes. Enquanto a psicologia está preocupada com o porquê dos fins objetivados, a economia está preocupada em compreender as relações de causa e efeito no âmbito da ação humana sobre bens econômicos, sem qualquer julgamento de valor sobre os fins almejados.

Os problemas praxeológicos não têm relação com os aspectos psicológicos, apesar de ser possível encontrar explicações psicológicas para o problema da preferência temporal, por exemplo. Mas de acordo com Mises: "É preciso conceber e não apenas compreender. É preciso conceber que um homem que não prefira uma satisfação mais cedo à mesma satisfação mais tarde jamais chegará a consumir e a desfrutar." Nesse caso, a ação humana seria eternamente postergada. Algo fora da realidade.

A economia lida com a ação em si e não com as motivações psíquicas que as justificam. É nesse sentido que Mises ressalta que:



"...a psicologia jamais poderá demonstrar a validade de um teorema praxeológico. Poderá demonstrar que algumas pessoas ou muitas se deixam influenciar por certos motivos, mas jamais poderá evidenciar que em cada ação humana há necessariamente certo elemento categorial que, sem qualquer exceção, está presente em todas as ações."

Um exemplo interessante sobre essa inadequação do uso da psicologia e do empirismo para a derivação de teoremas econômicos e, ao mesmo tempo, da superioridade da Praxeologia, pode ser demonstrada ao analisarmos o fenômeno descrito pela "teoria da perspectiva" ou "teoria do prospecto", dos psicólogos laureados em economia Kehneman e Tversky. A Teoria do Prospecto está inserida no âmbito da contribuição da chamada economia comportamental (experimental) aplicada ao mercado financeiro, chamada de finanças comportamentais, que estuda o comportamento dos agentes no mercado financeiro quando da tomada de decisões.

Apesar de toda ação humana ser racional, o mérito da Teoria do Prospecto foi descobrir que os agentes não agiam racionalmente, segundo a teoria da utilidade esperada de Bernoulli e Von Neumann?Morgenstern. Ou seja, a teoria mostrou que os agentes se comportavam de maneira diferente quando estavam em situações de ganho e em situações de perda. A teoria da utilidade esperada não incorpora o fato de que, por exemplo, a desutilidade de perder 200 reais pode ser maior do que a utilidade de ganhar a mesma quantia. E foi essa incapacidade da Teoria adotada pelo mainstream que os laureados identificaram: que os agentes apresentam uma aversão ao risco quando estão ganhando e uma propensão ao risco quando estão perdendo.

Para sustentar a Teoria do Prospecto, lançaram mão de "três características cognitivas": ponto de referência neutro (água na tigela), sensibilidade decrescente a incremento de luz (lei da psicofísica) e aversão à perda (histórico evolucionário dos organismos). Tudo isso para traduzir uma tendência que esse fenômeno exerce sobre os investidores no momento da tomada de decisão no mercado de ações; uma venda muito rápida de ações com desempenho positivo (vencedoras) e a manutenção por muito tempo de ações com desempenho negativo (perdedoras).

Ao analisar a teoria acima, cabe perguntarmos: como poderemos entendê-la por meio da praxeologia? Afinal, se a Teoria do Prospecto, empiricamente "testada e aprovada", se encontrar no campo da ação humana, a praxeologia deve ser capaz de decifrá-la sem grandes problemas. Ao enquadrarmos o fenômeno acima nas categorias de ação meio (comprar e vender ações) e fim (lucro ou prejuízo), considerando a passagem do tempo, podemos ter uma clara noção do fenômeno econômico envolvido.

Primeiramente, nos parece evidente que os agentes ao comprarem e venderem ações objetivam um lucro. Ou seja, podemos visualizar de forma clara que os agentes se utilizam de meios (no caso, negociar ativos por meio da "manutenção" e "realização" de suas posições durante um período de tempo) objetivando um fim; a obtenção de lucro num ambiente de incerteza genuína. O insight é entender, por meio do axioma da ação, que todo ser humano busca sair de uma situação de menor conforto — no caso a situação financeira de entrada no mercado — para entrar numa situação de maior conforto; no caso o lucro, ou, de outra forma, o valor de venda desejado.

Com esse encadeamento praxeológico em mente, podemos compreender porque há uma tendência para que os agentes, no terreno das perdas, "segurem" por mais tempo (vendam mais tarde) suas posições perdedoras e, no terreno dos ganhos, para que "realizem" ou vendam suas posições o quanto antes. Não obstante os agentes estarem agindo racionalmente — objetivando um lucro — a expectativa de realização do objetivo final (realização de lucros) faz com que eles se comportem de forma diferenciada no terreno das perdas e dos ganhos, com diferentes propensões ao risco. Quando no terreno das perdas, há uma maior tendência de manutenção das posições do que de realização (venda) delas, simplesmente pelo fato do objetivo final (o lucro ou os ganhos desejados) ainda não ter sido atingido. O investidor permanece em situação de prejuízo a espera do seu objetivo principal; o lucro. Já no campo dos ganhos, há uma maior tendência para a venda das posições o quanto antes, pelo fato de já estarem operando próximo ou ter atingido o nível desejado de lucro.

De fato, a Teoria do Prospecto trata de um fenômeno econômico que se verifica independentemente de tempo e lugar. Onde quer que tenhamos investidores comprando e vendendo ações com o objetivo de lucro, haverá uma tendência para que eles sejam propensos ao risco no campo das perdas e avessos ao risco no campo dos ganhos. Assim, de uma vez por todas — o que serve para todos os teoremas econômicos derivados praxeologicamente — teses e monografias que busquem testar empiricamente a Teoria do Prospecto, em determinado tempo e lugar, não fazem sentido lógico.

Conclusão

Neste artigo procurei mostrar a importância e a vantagem da utilização da praxeologia para a análise de teoremas econômicos. Observamos que a derivação praxeológica dos teoremas econômicos não é uma questão trivial, apesar de num primeiro momento nos parecer simples. Para compreendermos e derivarmos os teoremas econômicos é necessário um trabalho de reflexão sobre o evento econômico que se pretende analisar, de modo a enquadrá-lo num sistema praxeológico, ou seja, em um sistema de categorias de ação logicamente encadeadas (causa e efeito), derivado a partir do axioma da ação humana. Não precisamos lançar mão de argumentos fisiológicos ou psicológicos como níveis de saciedade e intensidade de resposta humana a estímulos físicos, tão aludidos em sala aula pelos acadêmicos experimentalistas e do mainstream. Será principalmente por meio do exercício constante da praxeologia que os economistas austríacos disseminarão o sólido conhecimento econômico em que estão assentados.


[1] Exemplos de categorias de ação: meios, fins, custos, benefícios, compra e venda, lucro e prejuízo, valores, escolha, preferência, tempo, causalidade.
[3] HOPPE, H.H.A Ciência Econômica e o Método Autríaco. São Paulo: Instituto Mises Brasil, 2010. 1ª Edição(pg. 19)
[4] SELGIN, G.A. Praxeology and Undertanding: An Analysis of the Controversy in Austrian Economics. Ludwig von Mises Institute, Auburn University, Auburn, Alabama, 1990. (Pag. 14).
[5] ROTHBARD, M. In defense of "Extreme Apriorism". Southern Economic journal XXIII (3) (January 1957), pp. 314-20.
[6] MISES,LvM. Epistemological Problems of Economics, p. 30.
[7] MISES, L. Ação Humana. São Paulo: Instituto Mises Brasil, 2010. 3ª Edição (pg. 59)
[8] MISES, L. Ação Humana. São Paulo: Instituto Mises Brasil, 2010. 3ª Edição (pg. 66)
[9] HOPPE, H.H. A Ciência Econômica e o Método Autríaco. São Paulo: Instituto Mises Brasil, 2010. 1ª Edição
[10] MISES, L. Ação Humana. São Paulo: Instituto Mises Brasil, 2010. 3ª Edição (pg. 134)
[11] MISES, L. Ação Humana. São Paulo: Instituto Mises Brasil, 2010. 3ª Edição (pg. 130 e 131)
[12] MISES, L. Ação Humana. São Paulo: Instituto Mises Brasil, 2010. 3ª Edição (pg. 563)
[13] MISES, L. Ação Humana. São Paulo: Instituto Mises Brasil, 2010. 3ª Edição (pg. 565)
[15] http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/1961/000362539.pdf?sequence=1
[16] KAHNEMAN,D. Rápido e Devagar: duas formas de pensar. Rio de Janeiro: Objetiva, 2012.(pg.350/51)