terça-feira, 11 de dezembro de 2012

SANTOS E PECADORES

Jornalistas não são santos. Colunistas muito menos. De mim falo: teria uns 18 ou 19 anos quando respondi pela primeira vez em tribunal por abuso de liberdade de imprensa.


Nada de especial: escrevi um artigo; o visado não gostou de certas comparações, digamos, zoomórficas; e moveu-me um processo para limpar a sua honra e dignidade.

Pessoalmente, teria preferido um duelo. Mas defendi-me como pude --e ainda hoje recordo a cara do juiz, um homem com sessenta e poucos anos, estupefacto com a criança que tinha à frente e que, nas alegações finais, resolveu fazer uma longa dissertação sobre John Milton e o seu "Areopagitica", um notável panfleto de 1644 a favor da liberdade de expressão.

De nada valeu. Fui condenado. Justo? Injusto? Honestamente, isso interessa? Sei apenas que, olhando para as fotos desse tempo, tenho saudades: do rapaz que ali estava, tenro como um cordeirinho; e, claro, do meu advogado, já falecido, e que por acaso também era meu pai.

Passaram-se todos esses anos. Devo ter escrito umas duas mil colunas depois dessa. E, pelos vistos, os tribunais continuam a gostar de mim: agora mesmo, no momento em que bato essas linhas, creio que corre no Brasil uma queixa contra uma coluna minha neste site da Folha.

Estou pronto para o que der e vier. Qualquer pretexto é válido para voltar a São Paulo e, por essa ordem, almoçar no Dalva e Dito, jantar no Epice e beber com os meus amigos onde eles quiserem.

Repito: jornalistas não são santos. Colunistas muito menos. E a melhor forma de lidar com ambos --sim, faço uma distinção, porque jornalistas não gostam de colunistas, e vice-versa-- é pelos mecanismos normais de um Estado de Direito. Tribunais. Não através de comissões de "sábios", órgãos reguladores ou outras aberrações parajudiciais, ou extrajudiciais, que adquirem sempre um poder intolerável e potencialmente censório.

Ninguém está acima da lei. E não pode existir nenhuma lei especial que esteja acima da lei geral só para vigiar e punir uma classe profissional em particular.

Infelizmente, parece que o Reino Unido já esqueceu estas preciosas lições que garantiram a liberdade de imprensa no país desde a abolição da censura em finais do século 17.

E esqueceu porque entrou em pânico com o comportamento criminoso dos tabloides do país, em especial do defunto "News of the World", que grampeou telefones de celebridades, políticos e até vítimas de sequestro e homicídio. Sem falar de outros actos igualmente grotescos, como a chantagem e a corrupção de agentes policiais. Tudo em nome do "direito de informar".

Qualquer destes actos repugna uma pessoa civilizada. Mas nenhum deles precisa de legislação extraordinária. Muito menos de um novo órgão regulador respaldado pela lei, tal como proposto pelo juiz Brian Leveson no seu relatório apresentado na última semana.
Paul Hackett/Reuters
Brian Leveson, que sugeriu promulgação de nova lei para garantir a regulação eficaz da imprensa britânica


São quase duas mil páginas que, entre outras inovações perigosas, defendem a constituição de uma entidade autorreguladora composta por membros da imprensa e exteriores a ela, com poderes para supervisionar abusos e multar ou punir os jornalistas abusadores.

David Cameron, o premiê conservador, aplaudiu o esforço do relatório Leveson. Mas, com coragem e sensatez, não parece disposto a cruzar esse Rubicão (palavras dele), mesmo que tenha de enfrentar a revolta do seu parceiro de coalização, o "liberal" Nick Clegg.

Cameron tem razão: o problema do relatório não está na existência de um órgão autorregulador, que aliás já existe (a Comissão de Reclamações contra a Imprensa, que faz recomendações e defende vítimas de abusos jornalísticos).

O problema está na proposta de um novo órgão sujeito a pressões políticas e constituído por agentes políticos, que passaria a ter sobre o jornalismo um poder incontrolado e incontrolável.

John Milton, no seu "Areopagitica", embora desaprovasse as ideias blasfemas e sediosas, deixou um conselho que transcende o horizonte curto do seu tempo: numa sociedade livre, mesmo as más ideias têm direito a existir. Porque é pelo confronto com elas, e em contraste com elas, que chegaremos à verdade e ao bem - uma observação sábia sobre a qual John Stuart Mill, dois séculos depois, edificaria a sua igreja.

Espero que David Cameron se lembre desses ilustres antepassados. Respeitando a liberdade de expressão, sim. Mas respeitando também o papel dos tribunais, e apenas dos tribunais, para punir os seus abusos. Por: João Pereira Coutinho  Folha de SP

A HERANÇA MALDITA

A coisa mudou: quem for pego com a boca na botija será defenestrado sem choro nem vela


Não pertenço a nenhum partido político nem tenho compromisso com nenhum deles, quer apoiem ou se oponham ao governo. Por isso, quando opino acerca de fatos políticos e critico ações de decisões governamentais, faço-o na condição de cidadão que, há muitos anos, observa e reflete sobre a vida política nacional.

Nessas condições, seria quase impossível calar-me diante do que tem ocorrido no Brasil nestes últimos anos, como é o caso do mensalão, que se tornou um episódio dominante no cenário nacional. Tanto mais depois do julgamento do Supremo Tribunal Federal, que não deixou dúvidas quanto ao comprometimento dos processados nele envolvidos.

Esse julgamento, como nenhum outro, foi feito às claras, transmitido na íntegra pela televisão, sem nada esconder. Resultado: José Dirceu, José Genoino, Delúbio Soares e quase todos os demais foram condenados a penas cuja dosimetria os ministros discutiram acaloradamente. Não obstante, o PT e os sentenciados, sem qualquer pudor, passaram a afirmar que foram injustiçados por um julgamento político, e não jurídico. E decidiram promover uma campanha nacional para denunciar essa injustiça.

Isso certamente não ocorrerá, mesmo porque, no dia seguinte àquela manifestação do PT, um novo escândalo tomou conta do noticiário: a Polícia Federal acusou Rosemary Nóvoa de Noronha, chefe do escritório da Presidência da República em São Paulo, indiciada por corrupção ativa.

Rosemary foi nomeada para esse cargo pelo então presidente Lula e o acompanhava nas viagens que fazia. Bastante estranho, não? Antes, nos anos 1990, assessorava José Dirceu, que a apresentou a Lula.

No início do governo deste, em 2003, foi nomeada assessora especial do gabinete pessoal da Presidência da República, antes de ser alçada à direção do escritório presidencial em São Paulo.

A pedido de Lula, Dilma a manteve no cargo, e é nesse escritório que Lula e Dilma se encontram para acertar os ponteiros quando a situação política o exige.

Pois bem, naquela sexta-feira, a Polícia Federal prendeu seis pessoas e indiciou outras 12, acusadas de participar de um esquema que fraudava pareceres técnicos em agências reguladoras e órgãos federais. Entre os presos, estão os irmãos Paulo Rodrigues Vieira, diretor da Agência Nacional de Águas (ANA), Rubens Carlos Vieira, diretor de Infraestrutura Aeroportuária da Agência Nacional de Aviação (Anac) e Marcelo Rodrigues Vieira. Os irmãos Vieira foram indicados para aqueles cargos por Rosemary, que mantinha com eles estreita ligação no esquema de fraudes descoberto pela PF.

Além de Rosemary, foram indiciados 11 servidores, entre os quais o advogado-geral da União adjunto, José Weber Holanda, o segundo na Advocacia Geral da União (AGU), órgão diretamente ligado à Presidência da República.

Em face de tamanho escândalo, envolvendo ocupantes de importantes cargos de confiança do governo federal, a presidente Dilma Rousseff convocou uma reunião de emergência com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e as ministras Gleisi Hoffmann e Ideli Salvatti, para avaliar a situação. Disso resultou a exoneração imediata de Rosemary e o afastamento dos irmãos Vieira de seus cargos. Dada a estreita ligação de Lula com Rosemary, foi a ele comunicada a sua exoneração, antes que se efetuasse.

Desta vez, Dilma agiu mais rápido do que quando demitiu os ministros corruptos que Lula lhe deixara como herança maldita. Naquela ocasião, ela chegou a defender alguns dos acusados e só os demitiu quando a situação se tornou insustentável. Agora, porém, em face do desgaste sofrido com o julgamento do mensalão e a condenação de dirigentes petistas, a coisa mudou: quem for pego com a boca na botija será defenestrado, de imediato, sem choro nem vela.

A verdade é que mais uma vez Dilma foi surpreendida por "malfeitos" envolvendo pessoas de sua equipe vinculadas ao ex-presidente Lula, que teria se queixado ao saber do novo escândalo: "Fui apunhalado pelas costas", expressão semelhante à que pronunciou por ocasião da descoberta do mensalão, em 2005. Por isso, não se surpreendam se, amanhã, ele vier a afirmar que tudo isso não passou de uma farsa, inventada pela imprensa.
Por: Ferreira Gullar     Folha de SP


segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

MELANCOLIA E REVOLTA

Não sou propenso a queixas nem a desânimos. Entretanto, ao pensar sobre o que dizer neste artigo senti certa melancolia. Escrever outra vez sobre o "mensalão" e sobre o papel seminal do Supremo Tribunal Federal? Já tudo se sabe e foi dito. Entrar no novo escândalo, o do gabinete da Presidência da República em São Paulo? Não faz meu estilo, não tenho gosto por garimpar malfeitos e jogar mais pedras em quem, nessa matéria, já se desmoralizou bastante.


Tentei mudar de foco indo para o econômico. Mas de que vale repetir críticas aos equívocos da política petrolífera, que começaram com a redefinição das normas para a exploração do pré-sal? As novas regras criaram um sistema de partilha que se apresentou como inspirado no "modelo norueguês" - no qual os resultados da riqueza petrolífera ficam num fundo soberano, longe dos gastos locais, para assegurar bem-estar às gerações futuras -, quando, na verdade, se assemelha ao modelo adotado em países com regimes autoritários. Até aqui o novo modelo gerou apenas atrasos, custos excessivos e estagnação na produção de petróleo, além de uma briga inglória (e injusta para com os Estados produtores) a respeito de royalties que ainda não existem e que, quando existirem, serão uma torneira aberta para gastos correntes e pressões inflacionárias. A contenção do preço da gasolina já se tornou rotina, mesmo que afete a rentabilidade da Petrobrás e desorganize a produção de etanol. O objetivo é segurar a inflação por meio de artifícios e garantir a satisfação dos usuários. Calo sobre os efeitos da redução continuada do IPI para veículos e do combustível artificialmente barato. Os prefeitos que cuidem de aumentar ruas e avenidas para dar cabida a tanto bem-estar... E os moradores das grandes cidades que se munam de ainda maior paciência para enfrentar mais congestionamentos.

E que dizer da tentativa de cortar o custo da energia elétrica, que teve como resultado imediato a perda de valor das ações das empresas? E essa agora de altos funcionários desdizerem o anunciado e, sem qualquer segurança sobre como será ajustado o valor do patrimônio das empresas do setor elétrico, provocarem súbitas altas nas ações? O pior é que ninguém será responsabilizado por eventuais ganhos de especulação advindos da falta de compostura verbal. Valerá a pena insistir em que o trem-bala é um desvario na atual conjuntura, pois terminará sendo pago pelos contribuintes, como estão sendo pagas as usinas mal licitadas? Para a construção destas, pelas condições estabelecidas pelo próprio governo, praticamente só acorrem empresas estatais financiadas pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) com dinheiro transferido do Tesouro, quer dizer, seu, meu, nosso. E as rodovias e os aeroportos? Uma novela que já vai longe, numa trama desencontrada. Tomara ainda tenhamos final feliz...

Olhando em retrocesso, nos anos da grande ilusão, lá pelos finais de 1970 e meados dos 1980, os "projetos-impacto", como a Transamazônica, a Ferrovia do Aço e outros tantos, feitos a partir de decisões tecnocráticas nos gabinetes ministeriais, nos estarreciam. Clamávamos também contra indícios de corrupção. Não poderíamos imaginar que, depois das greves de São Bernardo do Campo e das Diretas-Já, as mesmas distorções seriam praticadas por alguns que então as combatiam. Criticava-se tanto o nepotismo e o compadrio, a falta de profissionalismo na administração e de transparência nas decisões, e se imaginava com tanta fé que o Congresso Nacional livre daria cobro aos desmandos, que é difícil esconder a desilusão. As proezas de cinismo e leniência praticadas por alguns dos personagens que apareciam como heróis-salvadores são chocantes. Dá lástima ver hoje uns e outros confundidos na coorte de dúbios personagens que alegam nada saber dos malfeitos.

O que entristece, porém, não é somente a conduta de algumas pessoas. É o silêncio das instituições democráticas. A mídia fala e cumpre o seu papel. Cumpre-o tão bem que é confundida pelos que sustentam os malfeitos como se fosse ela, e não a polícia, quem descobre os desatinos ou como se servisse à oposição interessada em desgastar o governo. Recentemente, algumas instituições de Estado começaram a agir responsavelmente: o Ministério Público pouco a pouco perdeu o ranço ideológico para se concentrar no que lhe é devido, a defesa da lei em nome da sociedade. Os tribunais, especialmente depois de o Conselho Nacional de Justiça ser organizado, começam a sacudir a poeira e a julgar, dando-lhes igual o réu ser potentado ou pobretão. Mas o Congresso e os partidos estão longe de corresponder aos anseios dos que escrevemos a Constituição de 1988.

O Congresso, que na Carta de 88, por sua inspiração inicial parlamentarista, ficou com responsabilidades enormes de fiscalização, prefere calar e se submeter docilmente ao Executivo. Voltamos aos tempos da República Velha, com eleições a bico de pena e as Comissões de Verificação dos Poderes, que cassavam os oposicionistas. Só que agora somos "modernos": não se frauda o voto, asseguram-se maiorias pelos balcões ministeriais ricos em contratos e por emendas parlamentares distorcidas. Com maiorias de 80% parece até injusto pedir que a oposição atue. Como?

De qualquer maneira, é preciso bradar e mostrar indignação e revolta, ainda que pouco se consiga de prático, mesmo sem esperança de vitória ou retribuição imediata, como se fazia no tempo do autoritarismo. Não há bem que sempre dure nem mal que não acabe. Chegará o momento, como chegou nos anos 1980, em que, com toda a aparência de poder, o sistema fará água. Entre as centenas, talvez milhares de pessoas que se beneficiam da máquina do poder e os milhões de pessoas "emergentes" ávidas por melhorar sua condição de vida por este Brasil afora, há espaço para novas pregações? Novas ilusões? Quem sabe... Mas, sem elas, é a rotina do já visto, das malfeitorias e dos "não sei, não vi, não me comprometo".
Por: Fernando Henrique Cardoso  O Estado de S.Paulo - 02/12

CONTRIBUINTE PAGA VIDA SEXUAL DO GARANHÃO DE GARANHUNS

Mês passado, Lula voltou de um périplo pela África e Ásia, em busca de apoio oficial para disputar o prêmio Nobel da Paz. Faz sentido. A África é um continente adequado para expor sua genialidade. Um leitor de Veja se irrita. “Se instituíssem o Prêmio Nobel da Corrupção, com certeza ele estaria entre os primeiros colocados”.


O leitor talvez nem tenha idéia da verdade que está afirmando. O prêmio da Paz é o que mais acolhe vigaristas e corruptos. Vamos lá: Luther King, Madre Teresa de Calcutá, Arafat. Lula quer sentir-se entre seus pares, quando for receber o galardão em Oslo. Quem quer que conheça a lista dos laureados com o Nobel da Paz sabe que Lula tem boas chances.

Mas Lula está ocupando a primeira página dos jornais da semana não por suas nobres tentativas de oferecer ao Brasil seu primeiro Nobel, mas por questões mais bem prosaicas. E bem previsíveis. Um homem que não tem escrúpulos em comprar um Congresso, obviamente tampouco teria escrúpulos em comprar mais uma mulher para seu uso. Neste sentido, deve estar se espelhando em estadistas de escol, como Kennedy, Mitterrand, Clinton. Descobriu-se o que há muito muitos políticos e jornalistas estavam sabendo: que o homem dividia seu leito com mais uma dessas prostitutazinhas de palácio.

Não serei eu a condená-lo por essa humana pretensão. Logo eu, que tanto curti as profissionais, e que jamais prometi fidelidade a mulher nenhuma. Sei que há casais que se satisfazem um com o outro. São raros, mas existem. Pessoalmente, nunca tive temperamento para a monogomia. Isso é coisa de cristãos e sou ateu. Mas há abissais diferenças entre mim e o Sumo Analfabeto. Por um lado, não sou analfabeto nem presidente da República. Por outro, abomino a mentira e particularmente a mentira conjugal.

Anônimo cidadão, posso me permitir tantas relações quantas quiser e comportar-me como bem entender, desde que não infrinja lei nenhuma. Este espaço é muito grande. Talvez eu tenha ferido a ética de muita gente, mas ferir ética não é crime. Se alguém um dia me surpreendesse num bordel, tanto faz como tanto fez. Aliás, os bordéis fizeram parte de minha vida. Pena que não existam mais.

Já com um presidente da República é diferente, e esta é uma das razões pelas quais eu jamais desejaria estar na pele de um deles. Há uma coisa que se chama liturgia do cargo. Supõe-se que o primeiro mandatário de uma nação seja um símbolo dessa nação, e símbolos não podem andar galinhando por aí a torto e a direito. Tivesse eu a desgraça de ser presidente da República, me manteria fiel - mais ou menos fiel, digamos – durante meu mandato. E provavelmente sóbrio. Não se permite que um presidente ande tomando porres pelos botecos da vida. Até Jânio Quadros era discreto neste sentido.

Quisesse eu curtir os prazeres de uma prostituta, acho que colocaria o SNI a investigar sua vida pregressa pelo menos até a primeira comunhão. Um homem de Estado não pode dividir sua cama com qualquer piguancha. É uma questão até mesmo de segurança nacional. Uma vez na condição de ex-presidente, eu voltaria serenamente a cair na gandaia. Isto é, se ainda tivesse ganas. A idade nos torna mais seletivos.

Mais ainda. Fosse eu presidente, por mais avançadinha que fosse minha mulher, ela também teria de entrar em recesso, pelo menos por quatro anos. Não fica bem a um presidente ser cornificado. Um presidente resiste à pecha de corrupto, ditatorial, desonesto. Mas não há mandato que perdure para um corno. Depois do mandato, tudo bem. Quatro anos passam rápido. Ainda sobra juventude para folgar.

Os jornais estão insistindo na infidelidade conjugal de Lula e parecem querer intrigá-lo com Dona Marisa Letícia. Vã tentativa. Dona Marisa já provou das delícias do Planalto e não será besta em mandar para a panela a galinha de ovos de ouro. Certamente seguirá o sábio exemplo da senadora Hillary Clinton. Relevará, e ainda passará por moderninha, mantendo seus privilégios na planície.

Ao ser infiel à sua galega – como Lula a chamava – o futuro Nobel da Paz está no fundo encarnando uma vocação nacional, a de trair a própria mulher. As mulheres em geral sabem disso, mas não querem incomodar-se. Desde que não seja em seus círculos de amizade, os maridos que pulem a cerca à vontade. 

Não, o problema não reside na infidelidade. O problema é que Lula aliou-se a uma mulher com ambições de mando e de dinheiro. E sem nenhum escrúpulo. Com a mesma nonchalance com que o PT comprou parlamentares, Dona Rose comprou favores para maridos e amigos, utilizando o poder que a intimidade com Lula lhe conferia. No fundo, não bastasse o contribuinte estar pagando o Aerolula e seus lençóis egípcios, a compra de parlamentares e o êxito profissional de seu filho, está também pagando a vida sexual do garanhão de Garanhuns.

Em Napoleão e as Mulheres, Guy Bretton conta um episódio da vida do imperador. Napoleão, para aliviar-se das tensões da guerra, mandou buscar a um acampamento uma de suas favoritas. A moça chegou e fez-se anunciar. Com a objetividade de um general em campanha, Napoleão enviou-lhe uma ordem:

- Que se vá despindo.

O tempo transcorria e o general não se fazia presente ao bivouac da moça. Com frio, ela pediu ao ordenança de Napoleão que o lembrasse de sua presença. Napoleão, imerso em seu prazer predileto, a guerra, deu nova ordem:

- Que se vá deitando.

E nada do general comparecer ao encontro. Angustiada, a moça pediu novamente que o ordenança o lembrasse de sua presença. Napoleão, qual estratego em batalha, foi curto e grosso:

- Que vá embora.

As leitoras que me perdoem, mas a meu ver este deveria ser o comportamento de um presidente ante seus biscates. Frieza e distância. Não se pode misturar vontade de poder com meros desejos sexuais. Em algum momento, vai dar confusão. Ainda há pouco, dois generais nos Estados Unidos perderam seus galões por confundir as duas vontades. Já que falei em Jânio, volto a lembrá-lo. Certa vez, uma jornalista perguntou-lhe:

- Olá, Jânio. Que é que há de novo? 

Jânio, que podia ser acusado de tudo, menos de lerdo de pensamento, reagiu de bate-pronto:

- Esta nossa intimidade. Intimidade gera filhos e aborrecimentos, duas coisas que não quero ter com você.

Se a intimidade com a Presidência não gerou filhos, dos aborrecimentos o nobelizável não escapou. Quem nunca comeu melado, quando come se lambuza. Estranho no ninho, Lula esqueceu de tomar as providências necessárias para preservar intacta sua máscara de honestidade.

Abomino a mentira conjugal, escrevi lá atrás. Obviamente, Lula escondia a Outra da Perpétua. Tanto que as duas jamais viajavam juntas em seus turismos ao Exterior. Nisto reside outro erro seu. Provavelmente, o episódio terá desdobramentos que não ocorreriam se Dona Marisa Letícia estivesse ciente das escapadelas do marido.

Mais ainda: Brasília é um prostíbulo a céu aberto. Freqüentado não por pobres meninas que giram bolsinha nas ruas. Mas por ancas soberbas que ondulam nos corredores da Câmara e do Senado. É óbvio que o garanhão de Garanhuns, dotado de tanto poder que se permitia até mesmo comprar parlamentares, não terá sido insensível a tais tentações. 

Ninguém se surpreenda se outras Roses surgirem.
Por:  Janer Cristaldo

A LIMITAÇÃO DO DIREITO DE PROPRIEDADE, AS EXTERNALIDADES E AS OBRAS ESTATAIS


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Os direitos de propriedade, tais como limitados pelas leis e protegidos pelo poder judicial e pela polícia, são o resultado de um longo período de evolução. A história de todo esse tempo é o registro dos violentos esforços feitos com o objetivo de abolir a propriedade privada. Seguidamente, déspotas e movimentos populares têm tentado restringir os direitos de propriedade privada ou aboli-los inteiramente. Essas tentativas falharam, é verdade. Mas deixaram traços nas ideias que influenciaram a forma legal e a definição de propriedade. Os conceitos legais de propriedade não levam na devida conta a função social da propriedade privada. Existem certas deficiências e incongruências que perturbam o desenvolvimento dos fenômenos do mercado.

O direito de propriedade, considerado de forma consistente, deveria, por um lado, conferir ao proprietário o direito de usufruir todas as vantagens que o bem possuído pode gerar, e deveria, por outro lado, onerá-lo com todos os inconvenientes resultantes de seu emprego. Assim sendo, as consequências seriam de exclusiva responsabilidade do proprietário, que, ao lidar com sua propriedade, levaria em conta todos os resultados esperados de sua ação, tanto os favoráveis como os desfavoráveis. Mas, se alguns dos benefícios de sua ação não podem ser auferidos e alguns dos inconvenientes não lhe são debitados, o proprietário, ao elaborar os seus planos, não se preocupará com todos os feitos de sua ação. Não considerará os benefícios que não aumentam a sua própria satisfação, nem os custos que não o oneram. Sua conduta se afastará da linha que teria seguido se as leis refletissem melhor os objetivos econômicos da propriedade privada. Realizará certos projetos só porque as leis o desobrigam da responsabilidade de alguns dos custos incorridos. Ele deixará de realizar outros projetos simplesmente porque as leis o impedem de colher todas as vantagens decorrentes dos mesmos.

As leis relativas à responsabilidade e à indenização por danos causados eram e ainda são deficientes sob muitos aspectos. De um modo geral, aceita-se como um princípio o fato de que cada um é responsável pelos danos que suas ações infringirem a outras pessoas. Mas esse princípio sempre teve suas brechas, suas exceções legais. Em alguns casos, esse privilégio foi concedido intencionalmente àqueles que se dedicavam a atividades que as autoridades desejavam impulsionar. Quando, no passado, em muitos países, os proprietários das fábricas e das estradas de ferro não foram responsabilizados pelos danos que suas empresas infringiam à propriedade e à saúde de seus vizinhos, clientes, empregados e outras pessoas (através de fumaça, fuligem, barulho, poluição da água e acidentes causados por equipamento inadequado ou defeituoso), a ideia subjacente era a de que não se deveria enfraquecer o progresso da industrialização e o desenvolvimento dos meios de transporte.

As mesmas doutrinas que inspiraram e ainda continuam inspirando muitos governos a incentivarem investimentos em fábricas e estradas de ferro por meio de subsídios, isenção de impostos, tarifas e crédito barato, contribuíram para o surgimento de uma situação jurídica na qual a responsabilidade dessas empresas foi prática ou formalmente aliviada. Mais tarde, começou a prevalecer a tendência oposta, e a responsabilidade dos industriais e das estradas de ferro passou a ser tratada com maior severidade do que a dos demais cidadãos e firmas. Também, nesses casos, os objetivos são políticos. Os legisladores desejavam proteger os pobres, os assalariados, os camponeses, contra os ricos capitalistas e empresários.

Que o fato de desobrigar o proprietário de algumas das desvantagens que resultam da maneira como ele conduz o seu negócio seja fruto de uma política deliberada adotada pelos governos e pelos legisladores — ou seja, um efeito não intencional da redação tradicional das leis — é, de qualquer forma, um dado que precisa ser levado em conta. Estamos diante do problema dos denominados custos externos. Esta situação faz com que algumas pessoas escolham certas maneiras de satisfazer suas necessidades simplesmente em função do fato de que uma parte dos custos incorridos não lhes é debitada, mas recai sobre outras pessoas.

O exemplo extremo nos é proporcionado pelo caso das terras sem dono. Se a terra não tem dono, embora o formalismo jurídico possa qualificá-la de propriedade pública, as pessoas utilizam-na sem se importar com os inconvenientes de uma exploração predatória. Quem tiver condições de usufruir de suas vantagens — a madeira e a caça dos bosques, os peixes das extensões aquáticas e os depósitos minerais do subsolo — não se preocupará com os efeitos posteriores decorrentes do modo de exploração. Para essas pessoas, a erosão do solo, o esgotamento dos recursos exauríveis e qualquer outra redução da possibilidade de utilização futura são custos externos, não considerados nos cálculos pessoais de receita e despesa. Cortarão as árvores sem qualquer consideração para com as que ainda estão verdes ou para com o reflorestamento. Ao caçar e pescar não hesitarão em empregar métodos contrários à preservação das reservas de caça e pesca. 

Nos primórdios da civilização, quando ainda havia abundância de terras de qualidade não inferior à já utilizada, o uso de métodos predatórios era corrente. Quando a produtividade diminuía, o lavrador abandonava sua terra e se mudava para outro lugar. Só mais tarde, à medida que a população crescia e não havia mais disponibilidade de terra virgem de primeira classe, as pessoas começaram a considerar tais métodos predatórios um desperdício. Consolidava-se assim a instituição da propriedade privada da terra; a princípio, nas terras aráveis, e depois, passo a passo, estendendo-se aos pastos, às florestas, aos pesqueiros. As novas colônias de ultramar, especialmente os vastos espaços dos Estados Unidos, cujas fantásticas potencialidades agrícolas estavam praticamente intactas, quando lá chegaram os primeiros colonizadores, passaram pelos mesmos estágios. Até as últimas décadas do século XIX havia sempre uma zona geográfica aberta aos recém-chegados: a fronteira. Nem a existência dessas regiões inexploradas, nem o seu desaparecimento são peculiares à América. O que caracteriza as condições americanas é o fato de que, ao esgotarem-se as terras inexploradas, fatores institucionais e ideológicos impediram que os métodos de utilização da terra se ajustassem à nova circunstância.

Nas áreas centrais e ocidentais da Europa continental, onde a instituição da propriedade privada já estava firmemente estabelecida há muitos séculos, as coisas foram diferentes. Não houve erosão de solos já cultivados. Não houve devastação de florestas, apesar do fato de as florestas particulares terem sido, durante gerações, a única fonte de madeira para construção e mineração, e de combustível para as fundições e os fornos, para as cerâmicas e para as fábricas de vidro. Os proprietários dessas florestas foram impelidos a conservá-las movidos pelos seus próprios interesses egoístas. Nas áreas mais densamente habitadas e industrializadas, até alguns anos atrás, entre um quinto e um terço da superfície era ocupado por florestas de primeira classe administradas segundo os melhores métodos da tecnologia florestal.[1]

O cálculo econômico torna-se ilusório e os seus resultados enganadores sempre que uma parte considerável dos custos incorridos sejam custos externos. Mas isto não é uma consequência das alegadas deficiências inerentes ao sistema de propriedade privada dos meios de produção. É, ao contrário, uma consequência das brechas deixadas no sistema. Poderiam ser eliminadas por meio de uma reforma das leis relativas à responsabilidade por danos infringidos e pelo cancelamento das barreiras institucionais que impedem o pleno funcionamento do sistema de propriedade privada.

O caso dos benefícios externos não é simplesmente uma inversão do caso dos custos externos. Ele possui características e campo de aplicação próprios.

Quando os resultados de uma ação não beneficiam apenas o agente atuante, mas também outras pessoas, existem duas alternativas:

1 — O ator considera as vantagens que espera auferir para si mesmo tão importantes que está disposto a arcar com todos os custos. O fato de sua ação também beneficiar outras pessoas não o impedirá de realizar aquilo que promoverá o seu próprio bem-estar. Quando uma companhia de estrada de ferro constrói um dique para proteger a sua linha férrea de deslizamentos ou avalanches, também está protegendo as casas nos terrenos adjacentes. Mas esse benefício auferido pelos vizinhos não impedirá a companhia de realizar um investimento que considera vantajoso.

2 — Os custos necessários à realização de um projeto são tão grandes que nenhum dos possíveis beneficiários está disposto a suportá-los inteiramente. O projeto só poderá ser realizado se um número suficiente de interessados compartilhar os seus custos.

Não seria necessário dizer mais nada sobre benefícios externos, se não fosse o fato de esse fenômeno ser inteiramente deturpado na literatura pseudoeconômica corrente.

Um projeto P não será lucrativo se os consumidores preferirem a satisfação derivada de outro projeto à satisfação prevista com a realização de P. A execução de P desviaria capital e trabalho de algum outro projeto, considerado mais urgente pelos consumidores. O leigo e o pseudoeconomista não chegam a perceber esse fato. Teimosamente se recusam a reconhecer a escassez dos fatores de produção. No seu entendimento, P poderia ser realizado sem qualquer inconveniente, isto é, sem renúncia a qualquer outra satisfação; seria apenas a insensibilidade do sistema de lucro que estaria a impedir que a nação desfrutasse graciosamente os benefícios de P.

Ora — continuam esses críticos de visão curta e mentalidade estreita —, o absurdo do sistema de lucro torna-se especialmente ultrajante se a não lucratividade de P se dever ao fato de o empresário não considerar nos seus cálculos as vantagens de P que para ele são benefícios externos. Do ponto de vista da sociedade como um todo, dizem esses críticos, tais vantagens não são externas; beneficiam pelo menos alguns membros da sociedade e aumentam o "bem-estar total". A não realização de P seria portanto uma perda para a sociedade. Por isso, quando a iniciativa privada, egoisticamente, se recusa a realizar tais projetos não lucrativos, o dever do governo é preencher esse vazio.

O governo deveria ou realizá-los por meio de empresas públicas ou subsidiá-los para torná-los atrativos ao empresário privado e ao investidor. Os subsídios poderiam ser concedidos seja diretamente em dinheiro, à custa do erário público, seja por meio de tarifas cuja incidência recairia sobre os compradores dos produtos. Os que assim argumentam não percebem que os meios que o governo utiliza para fazer funcionar uma empresa deficitária ou para subsidiar um projeto não rentável terão de ser retirados da capacidade de gastar e investir dos contribuintes ou terão de ser obtidos de modo inflacionário. 

Nem o governo nem qualquer indivíduo têm a possibilidade de criar algo do nada. Maiores gastos do governo representam menores gastos do público. As obras públicas não são realizadas pelo poder milagroso de uma varinha de condão; são pagas com recursos tomados dos cidadãos. Se o governo não houvesse interferido, os cidadãos os teriam empregado em projetos lucrativos, os quais agora não mais serão realizados porque os meios correspondentes lhes foram subtraídos. Para cada projeto não rentável realizado com a ajuda do governo, há um outro que deixa de ser realizado em virtude da intervenção governamental. Com uma diferença: o projeto não realizado teria sido lucrativo, isto é, teria empregado os escassos meios de produção de maneira a atender às necessidades mais urgentes dos consumidores. Do ponto de vista dos consumidores, o emprego desses meios de produção para realização de um projeto não lucrativo é um desperdício. Priva-os daquelas satisfações que preferem, dando-lhes em troca aquelas que o projeto estatal pode lhes oferecer.

As massas crédulas incapazes de ver além do que a vista alcança se entusiasmam com as realizações maravilhosas de seus governantes. Não chegam a perceber que são elas, as massas, que pagam a conta e que, consequentemente, têm que renunciar a muitas satisfações de que teriam usufruído se o governo tivesse gasto menos com projetos não rentáveis. Não têm imaginação suficiente para sequer vislumbrar as possibilidades que o governo não permitiu que viessem a existir.

Esses entusiastas da intervenção estatal ficam ainda mais extasiados quando a ação governamental possibilita que produtores submarginais continuem produzindo, competindo com usinas, lojas ou fazendas mais eficientes. Nesses casos, dizem eles, é óbvio que a produção total aumentou e que alguma coisa — que se não fosse a ajuda das autoridades não teria sido produzida — foi acrescentada à riqueza geral. O que ocorre, na realidade, é exatamente o oposto; o montante da produção total e da riqueza total diminui. Instalações que produzem por custos maiores entram em funcionamento, enquanto outras instalações que produzem por custos menores são forçadas a diminuir ou a paralisar a sua produção. Os consumidores não estão obtendo mais, e sim, menos.

Uma ideia que habitualmente tem muita aceitação é a de que o governo deve promover o desenvolvimento agrícola daquelas regiões do país maldotadas pela natureza. Nessas regiões, os custos de produção são maiores do que em outras áreas; é precisamente este fato que torna o seu solo submarginal. Se não forem ajudados por recursos públicos, diz o senso comum, os agricultores que trabalham essas terras não conseguiriam suportar a competição das fazendas mais férteis. A agricultura desapareceria ou não se desenvolveria e a região se tornaria uma parte atrasada do país. Com pleno conhecimento dessa realidade, as empresas que visam ao lucro evitam investir na construção de estradas de ferro que liguem essas regiões inóspitas aos centros de consumo.

A situação difícil dos agricultores não é causada pela falta de meios de transporte. A causalidade é no sentido inverso: como as empresas percebem que as perspectivas agrícolas da região não são favoráveis, abstêm-se de investir em estradas de ferro que provavelmente não serão lucrativas, porque há falta de uma quantidade suficiente de bens a serem transportados. 

Se o governo, cedendo aos grupos de pressão interessados, constrói a estrada de ferro e a opera com déficit, certamente estará beneficiando os proprietários de terras dessas regiões pobres. Podem então esses agricultores, uma vez que uma parte dos custos de transporte é absorvida pelo erário público, competir com os que cultivam terras melhores e que não recebem ajuda oficial. Mas quem paga os favores concedidos a esses agricultores privilegiados são os contribuintes, que terão de prover os fundos necessários para cobrir o déficit. Tal liberalidade não afeta o preço nem a quantidade total disponível de produtos agrícolas. Simplesmente torna rentável a operação de fazendas que até então eram submarginais, e marginaliza outras fazendas cuja operação era até então lucrativa. Desloca a produção das terras, que poderiam produzir por custos menores, para terras cujos custos de produção são maiores. Em vez de aumentar, diminui a riqueza e a disponibilidade total de mercadorias, uma vez que as quantidades adicionais de capital e trabalho, necessárias ao cultivo de campos que exigem custos de produção maiores, são retiradas de outros empregos que tornariam possível a produção de outros bens de consumo. O governo consegue beneficiar algumas regiões do país, dando-lhes o que lhes falta, mas em detrimento de outros setores e gerando custos que excedem os ganhos deste pequeno grupo privilegiado.


[1] No final do século XVIII, os governos europeus começaram a promulgar leis visando à conservação de florestas.  Entretanto, seria um grave erro atribuir a essas leis qualquer importância na conservação das florestas.  Na segunda metade do século XIX, ainda não havia uma estrutura administrativa capaz de fazer com que essas leis fossem cumpridas.  Além disso, os governos da Áustria e da Prússia, para não mencionar os estados alemães menores, não tinham suficiente poder para obrigar a aristocracia a respeitá-los.  Nenhum funcionário público antes de 1914 teria tido a audácia de causar irritação a um magnata da Boêmia ou da Silésia, ou a um Standesherr alemão (aquele cujo feudo tivesse sido anexado a uma dos estados soberanos do império).  Esses príncipes e condes cuidavam espontaneamente de suas florestas porque estavam seguros quanto à posse de seus domínios e porque procuravam preservar a fonte de suas rendas e o valor venal de suas terras.

Ludwig von Mises  foi o reconhecido líder da Escola Austríaca de pensamento econômico, um prodigioso originador na teoria econômica e um autor prolífico.  Os escritos e palestras de Mises abarcavam teoria econômica, história, epistemologia, governo e filosofia política.  Suas contribuições à teoria econômica incluem elucidações importantes sobre a teoria quantitativa de moeda, a teoria dos ciclos econômicos, a integração da teoria monetária à teoria econômica geral, e uma demonstração de que o socialismo necessariamente é insustentável, pois é incapaz de resolver o problema do cálculo econômico.  Mises foi o primeiro estudioso a reconhecer que a economia faz parte de uma ciência maior dentro da ação humana, uma ciência que Mises chamou de "praxeologia".

domingo, 9 de dezembro de 2012

QUEM ERAM OS RATOS?

Os “meios de difusão” tornaram-se “meios de ocultação” numa escala tal que já não há nenhum exagero em dizer que a mídia popular tem hoje por missão principal ou única tornar a verdade inverossímil ou inalcançável.

As épocas luminosas da História são aquelas em que um mesmo corpo de crenças é compartilhado pelo povo e pelos sábios, diferindo apenas no grau de compreensão refletida com que apreendem substancialmente as mesmas verdades.

Nas épocas de obscuridade, ao contrário, aquilo que os estudiosos sabem se torna dificilmente comunicável à população em geral, não por um mero descompasso de vocabulário técnico, mas por um abismo de diferença entre duas concepções do mundo mutuamente incompatíveis e intraduzíveis. É numa dessas épocas que vivemos.

Um setor da experiência humana onde isso se mostra evidente são as ciências. Enquanto nos círculos de estudiosos high brow ninguém ignora que uma ciência cada vez menos inteligível e mais reduzida a produzir aplicações práticas em lugar de explicações teóricas representa no fim das contas um fracasso colossal da inteligência humana, na mídia e na educação popular essas mesmas aplicações são festejadas como a prova final da autoridade da ciência, do seu domínio sobre o mistério do mundo. Os cientistas vivem num inferno de dúvidas, perplexidades e temores; a massa, num paraíso de certezas inabaláveis, garantidas, segundo imagina, por esses mesmo cientistas.

É como se no século XIII a população fiel continuasse a orar piedosamente enquanto nos conventos e nos claustros os monges e santos se vissem obsediados por toda sorte de dúvidas cépticas e rejeições ateísticas. Isso não aconteceu, é claro. A religião de Sto. Tomás e do quase ilegível John Duns Scot não era diferente da do camponês analfabeto. Era só mais elegante intelectualmente. Mas hoje um big shot como Brian Ridley, membro da Royal Society e portador da Medalha Paul Dirac por suas contribuições à física teórica, pode confessar que acha a relatividade e a teoria quântica cada vez menos compreensíveis, ao passo que a mesma confissão, publicada na mídia popular, atrairia sobre seu autor toda sorte de invectivas e chacotas. Definitivamente, Brian Ridley e o leitor de jornais não vivem no mesmo universo de crenças como Sto. Tomás e o camponês medieval.

No setor da política, então, a diferença entre o mundo do connoisseur e o do leigo ampliou-se de tal modo que os fatos se tornam tanto mais inverossíveis e inaceitáveis para o público geral quanto mais documentados e comprovados cientificamente. Quando o matemático Christopher Monckton, visconde de Brenchley, calculou que era da ordem de 1 para 75 trilhões a possibilidade de serem acidentais os pequenos e grandes defeitos da certidão de nascimento de Barack Hussein Obama, esse cálculo estatisticamente impecável não afetou em nada o sentimento de verossimilhança popular, o qual, sem cálculo nenhum, continua jurando que a possibilidade de um falsário eleger-se presidente dos EUA é ainda menor ou nula.

Foi assim que, no Brasil de 2002, o sr. Luís Inácio Lula da Silva se elegeu presidente com a estampa de reformador democrático, legalista e paladino da moralidade, quando doze anos de desempenho no Foro de São Paulo já o mostravam como um leninista cínico, disposto a todas as mentiras e todas as trapaças para manter o seu grupo no poder pelos séculos dos séculos. Um vídeo da campanha do PT de 2002 exibe um bando de ratos roendo a bandeira nacional, enquanto ao fundo uma voz soturna adverte: “Ou a gente acaba com eles, ou eles acabam com o Brasil” (vejam em http://jorgeifraim.blogspot.com.br/2012/10/video-profetico.html). O vídeo, de autoria de Duda Mendonça, foi visto por todo mundo; as atas do Foro de São Paulo, por meia dúzia de pesquisadores curiosos cuja palavra, àquela altura, soava como a mais pura e doida “teoria da conspiração”. Hoje até as crianças sabem que os ratos eram os próprios petistas, mas por que esperar uma década para admitir o que já estava bem provado em 2002?

O livro chinês dos Seis Estratagemas, que já citei aqui, ensina: “Todo fenômeno é no começo um germe, depois termina por se tornar uma realidade que todo mundo pode constatar. O sábio pensa no longo prazo. Eis por que ele presta muita atenção aos germes. A maioria dos homens tem a visão curta. Espera que o problema se torne evidente, para só então atacá-lo.”

O pior é que, no tempo decorrido para o problema se tornar visível na praça pública, os meios de atacá-lo podem ter-se tornado cada vez mais escassos, débeis ou inacessíveis. Se desafiado pelo Parlamento e pela OEA, terá ainda o nosso STF o poder de fazer valer a condenação dos mensaleiros? Terá, a respaldá-lo, as Forças Armadas, ou estas, temendo o rótulo de golpistas, tomarão o partido de quem fala mais grosso?

O fato é que o germe cresceu demais, tornou-se um monstro arrogante, seguro de si, dificilmente controlável. Isso jamais teria acontecido sem a proteção da mídia cúmplice, que por dezesseis anos se recusou a manchar a reputação do seus queridinhos com alguma menção aos planos criminosos do Foro de São Paulo. Mesmo agora, quando tremem sob a ameaça do controle estatal, jornais e canais de TV ainda sonegam ao público o essencial da história, para não confessar sua parcela de culpa no embelezamento publicitário dos ratos.

Os “meios de difusão” tornaram-se “meios de ocultação” numa escala tal que já não há nenhum exagero em dizer que a mídia popular tem hoje por missão principal ou única tornar a verdade inverossímil ou inalcançável. Qualquer pessoa que tenha os jornais e a TV como sua fonte principal de informações está excluída, in limine, da possibilidade de julgar razoavelmente a veracidade e a importância relativa das notícias. A política tornou-se um assunto esotérico, onde somente um reduzido círculo de estudiosos pode atinar com o que está acontecendo. Por: Olavo de Carvalho Publicado no Diário do Comércio.

CIÊNCIAS NATURAIS E CIÊNCIAS SOCIAIS


Duas diferenças fundamentais entre as ciências naturais e as ciências sociais
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Quais são as diferenças essenciais, do ponto de vista metodológico, entre as ciências naturais e as ciências sociais? A primeira e mais direta resposta pode soar estranha e difícil de acreditar, mas é a mais perfeita definição da diferença entre ambas: as ciências naturais estudam fenômenos relativamente simples e fáceis. Já as ciências da ação humana estudam fenômenos relativamente complexos. Ou, ainda mais apropriado, fenômenosextremamente complexos.

Logo, em termos mais práticos, o que distingue um praticante das ciências naturais — como um químico, um físico, um biólogo, um médico — de um economista é o fato de que o químico, o físico, o biólogo e o médico estudam fenômenos simples e fáceis, em termos relativos, ao passo que estudiosos das ciências sociais lidam com fenômenos de extrema complexidade.

É isso mesmo? Procede dizer que, por exemplo, físicos que estudam assuntos aparentemente herméticos e esotéricos, como mecânica quântica, gravitação quântica, teoria quântica de campos, buraco negro, termodinâmica de buracos negros, quantum de energia, fótons, magnetismo, cargas elétricas, mecanismo de Higgs etc. executam uma tarefa mais fácil do que a daqueles que se propõem a estudar a sociedade, algo que aparentemente todo e qualquer político e burocrata está sempre fazendo? O que pode haver de difícil em determinar se se deve subir o salário mínimo, aumentar impostos, reduzir impostos, intensificar regulamentações, diminuir regulamentações, desburocratizar, expandir a oferta monetária, reduzir juros, elevar juros, aumentar subsídios, cortar subsídios etc.? Tal tarefa certamente não deve exigir o mesmo intelecto exigido de um físico, que, para ser um bom físico, tem de se entregar a vários anos de intensos e pesados estudos. Certo?

Apesar das aparências, a realidade é exatamente contrária. Digo mais: são tão complexos os fenômenos estudados pelas ciências sociais, que quase ninguém os entende de fato. E isso, paradoxalmente, faz com que eles pareçam simples e irresistíveis demais para não se dar palpites a respeito. É justamente por isso que todos os ignorantes se atrevem a pontificar com desenvoltura e segurança sobre assuntos aparentemente simples, mas genuinamente complexos, dos quais não possuem os mais básicos conhecimentos a respeito. Quanto mais aparentemente simples um assunto, maior a gama de ignaros que ele atrai.

Ninguém se atreve a palpitar resolutamente sobre fissão nuclear sem ser um especialista doutorado em física atômica. Tampouco é comum ver um leigo perorando profundamente sobre as reações de um organismo em decorrência de uma quimioterapia. No entanto, todas as pessoas falam com total pretensão e afetação sobre o que deve ser feito a respeito de salários, previdência social, relações trabalhistas, regulamentações, juros, impostos, tarifas de importação, bancos centrais, ajuda aos pobres etc., desconsiderando que os fenômenos sociais são extremamente mais complexos e completamente mais imprevisíveis do que os do mundo da física, da astronomia, da química ou da medicina.

Justamente por serem mais complexos, somos capazes de entender apenas uma mínima fração deles. E é exatamente por isso, por entenderem tão pouco, que a imensa maioria das pessoas se atreve a dar palpites sobre o assunto. É difícil ser genuinamente consciente da complexidade daquilo que se ignora totalmente.

Os fenômenos do mundo da economia são extremamente mais complicados que os do mundo das ciências naturais porque o grau de complexidade conceitual e categórico é infinitamente maior. Ao passo que na física você pode isolar variáveis e trabalhar com constantes, nas ciências sociais são sete bilhões de seres humanos interagindo entre si de forma espontânea, imprevisível e criativa. Cada interação humana cria um conhecimento que antes simplesmente não existia. Nenhum átomo, nenhum elétron, nenhuma supernova é capaz de ter ideias, de criar, de descobrir, de compor sinfonias, de projetar novos modelos de televisão ou de carros, de conceber novos sistemas operacionais para computadores etc.

Hayek sempre dizia que, de longe, a ordem mais complexa do universo é o processo da ordem espontânea de um mercado. E o grande paradoxo, nunca é demais repetir, é que, quanto menos o ser humano realmente entende a respeito desse complexo processo espontâneo, mais ele se julga apto a parolar sobre um assunto do qual absolutamente nada sabe ou entende. Dependendo dos poderes que um indivíduo ou um conjunto de indivíduos possua, sua intromissão nesta ordem espontânea pode trazer danos irreversíveis. No extremo, pode destruir toda uma civilização. Uma única regulamentação, um único tributo, um único processo burocrático pode impedir que um determinado ser humano venha a interagir de forma criativa com outro ser humano, e, como consequência desse impedimento, deixem de pôr em prática uma ideia empreendedorial. É impossível quantificar quantas coisas benéficas à humanidade não foram criadas por causa de intromissões engendradas por cientistas sociais nas interações empreendedoriais humanas.

Uma segunda diferença entre as ciências naturais e as ciências sociais é que o objeto de estudo das ciências naturais são as coisas, as matérias, as substâncias: uma pedra, um mineral, uma planta, uma vesícula biliar. Já o objeto de investigação ou estudo das ciências humanas não são coisas, mas sim ideias — as ideias que os seres humanos têm a respeito de seus objetivos e dos meios com os quais alcançar esses seus objetivos. Esta é uma diferença essencial entre o mundo da ciência natural e o mundo da ciência social. Nas ciências naturais, seus profissionais estão sempre fazendo experimentos em laboratório, observando e analisando como reagem coisas externas a nós; nas ciências sociais, investigamos as ideias que outros indivíduos têm, investigamos como agem e o que fazem — ou seja, investigamos seus objetivos e os meios utilizados para alcançarem estes objetivos.

Em seu livro The Counter Revolution of Science, Hayek fornece o seguinte exemplo: um cosmético, como um creme de rosto, não é um cosmético por causa de seu composto químico (os elementos descritos em seu rótulo); ele é um cosmético porque determinados seres humanos, homens e mulheres, acreditam que esse creme que passam em seu rosto todas as noites possui uma utilidade — acreditam que fará bem à sua pele, revigorando-a para o dia seguinte, reduzindo as rugas etc. O creme pode muito bem não ter eficácia nenhuma, mas não importa; basta que um indivíduo acredite que o creme lhe trará um benefício para que aquele composto de produtos químicos passa a ser visto como um cosmético. Em termos econômicos, esse cosmético não é classificado de acordo com seu composto químico, mas sim de acordo com a ideia que outros têm a respeito dele; de acordo com a maneira como elas acreditam que esse cosmético irá servir para elas alcançarem um determinado fim.

O cosmético, portanto, é um meio para se alcançar um objetivo (uma pele revigorada). Como todo meio, ele possui a sua utilidade. A utilidade é a valoração subjetiva que um indivíduo dá a um meio em função do valor (também subjetivo) do fim que ele pode alcançar com aquele meio.

Um exemplo que particularmente gosto de fornecer, pois ilustra esse princípio à perfeição — e que virou curiosidade no YouTube —, é um vídeo em que rasgo uma cédula de 10 euros.

Quem vê uma pessoa rasgando uma cédula de dinheiro fica compungida não pelo composto de celulose e tinta que foi rasgado, mas sim por inevitavelmente pensar em tudo aquilo que aquele pedaço de papel poderia lhe propiciar. Isso significa que aquela cédula é um meio para se adquirir coisas de valor; é um meio para se alcançar múltiplos fins. Como todo meio, ela também possui uma utilidade. 

Para muitas pessoas, esta utilidade é extremamente alta, pois aquela cédula é um meio necessário para que consigam se alimentar, se locomover ou mesmo para se divertir indo ao cinema. A destruição de uma cédula de dinheiro gera pesar em muitas pessoas justamente pelas ideias que elas têm a respeito dos desejos que poderiam ser satisfeitos com aquela cédula. Ao rasgar uma cédula de papel, destruí algo que a outra pessoa faz falta.

As pessoas concedem uma categoria econômica à cédula não em função de seu composto de celulose e tinta, mas sim em função das ideias que podem satisfazer com aquela cédula, dos fins que podem alcançar com aquela cédula. A cédula, portanto, é um meio e seu valor é subjetivamente determinado por um indivíduo de acordo com o contexto de sua ação.

Conclusão

A ciência econômica, que é a ciência da ação humana, lida com as ideias que outros seres humanos possuem a respeito do que fazem, do que querem alcançar, e dos meios que utilizam para tal. Já as ciências naturais lidam com coisa externas às relações e ações humanas. Embora esta última tenha a fama de ser hermética e inalcançável para a maioria dos mortais, é a primeira que realmente não pode de maneira alguma ser confiada a leigos, aventureiros, ou idealistas. O estrago pode ser irreversível para toda uma civilização.

Jesús Huerta de Soto , professor de economia da Universidade Rey Juan Carlos, em Madri, é o principal economista austríaco da Espanha. Autor, tradutor, editor e professor, ele também é um dos mais ativos embaixadores do capitalismo libertário ao redor do mundo. Ele é o autor da monumental obra Money, Bank Credit, and Economic Cycles.

sábado, 8 de dezembro de 2012

TRISTE PIADA

A constatação de que o que o ministro Guido Mantega considerava em junho “uma piada” é simplesmente uma triste realidade, o crescimento do PIB brasileiro este ano por volta de 1%, talvez menos até, dá a dimensão da crise em que estamos metidos, sem aparentemente haver uma luz no fim do túnel.


O governo parece perdido em suas ações pontuais, e se aparentemente está fazendo tudo para criar um ambiente favorável ao crescimento econômico - redução de juros, desvalorização do Real, redução do custo da energia elétrica, desoneração da folha de pagamentos de alguns setores, investimento em infraestrutura – é justamente a maneira como age para alcançar esses objetivos que cria um clima de desconfiança no empresariado e inibe os investimentos.

As intervenções no sistema bancário para abaixar os juros, e agora a negociação na base da mão de ferro com as concessionárias de energia elétrica para conseguir uma redução de 20% na casa do consumidor já anunciada por uma cadeia de televisão nacional, são exemplares dessas intervenções governamentais que, se têm objetivos louváveis e desejáveis até, representam bem o espírito controlador deste governo, que assusta quem tem que investir e receia ficar exposto aos humores da “presidenta”.

Ao mesmo tempo, quem se coloca contra as investidas governamentais, corre o risco de ser execrado como responsável pelas altas taxas de juros ou pelo custo estratosférico das tarifas de energia. É o uso desse sistema de pressão na opinião pública que faz com que a imagem da presidente Dilma para alguns se aproxime da de Cristina Kirchner na Argentina, embora a comparação seja tão exagerada quanto comparar Lula a Chavez.

Mas o relacionamento quase amigável com figuras tão caricatas de nossa política regional e, mais que isso, certas proximidades de pensamento, fazem com que as comparações não sejam tão descabidas ao final, embora longe de se tornarem realidade. Mesmo que se anuncie um governo pró-mercado, é através de intervenções setoriais e não de negociações e reformas que tenta alcançar os objetivos.

Da mesma maneira, quase manipulando a inflação atuando pontualmente para segurar o preço da gasolina ou para baratear o preço da energia elétrica, o governo vai tentando equilibrar mal e porcamente o tripé que tem sido a base da economia brasileira desde o segundo governo de Fernando Henrique.

Apesar de tudo, a inflação está acima da meta já há algum tempo, o equilíbrio fiscal fica vulnerável com a não realização do superávit primário e o câmbio está sendo monitorado pelo governo para um nível que os empresários supõem seja de R$ 2,30, mas não há certeza quanto a isso.

Para os investidores, nacionais e estrangeiros, o fundamental é transparência e “regras do jogo” estáveis. A manutenção dos contratos já firmados na exploração do petróleo pelo sistema de concessão, como decidiu ontem a presidente Dilma, é um passo importante nessa direção, muito embora toda essa celeuma em torno do novo sistema de partilha esteja prejudicando a exploração do pré-sal, paralisada desde que se mudou o marco regulatório desnecessariamente.

Os prejuízos que a Petrobrás vem tendo devido à politização de suas atividades são demonstrações claras do caminho equivocado. O recente escândalo envolvendo nomeações para agências reguladoras é outro exemplo de precariedade de nossa organização econômica. O governo petista não gosta de privatizações e muito menos de agências autônomas, fora do controle da máquina estatal. Por isso transformou as agências em cabides de empregos subordinadas aos ministérios.

Também as obras de infraestrutura nos portos e aeroportos estão prejudicadas pela indefinição do governo, que privatiza dizendo que está apenas fazendo concessões à iniciativa privada, e ainda tenta colocar estatais como a Infraero controlando os investidores privados. 

A expectativa não é de um cenário de ruptura para a economia brasileira, mas, certamente, o País deve continuar atrás em relação ao crescimento de países emergentes como Chile, Peru e Colômbia, que caminham no sentido de aperfeiçoar a gestão macroeconômica e melhorar o ambiente de negócios, além de formalizarem contratos bilaterais de comércio com grandes economias.

Nós, por outro lado, estamos destruindo o tripé de política econômica, piorando o ambiente de negócios, com as alterações tributárias e intervenções setoriais, e, além disso, persistimos com o Mercosul com Argentina e Venezuela. A situação só não está pior porque o consumismo, das famílias e dos governos, cada vez mais endividados, segurou vendas, mas estas descolam da produção de hoje, e de amanhã, porque investimento despencando hoje significa menor capacidade de produção amanhã. Por: Merval pereira

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

O LIVRE MERCADO É O MELHOR AMIGO DA MULHER



O capitalismo muitas vezes é culpado por muitas coisas que não é responsável. Essa é simplesmente uma realidade que nós, defensores do livre mercado, aprendemos a lidar. 

Entre as acusações feitas contra o capitalismo é que ele é ruim para as mulheres. Umas semanas atrás eu discuti sobre a diferença de salários entre sexos, que geralmente é alegado como um exemplo de como o capitalismo causa discriminação contra as mulheres. Ouvimos outros argumentos como o capitalismo apóia “patriarquia” e de outro modo leva as mulheres a serem tratadas como cidadãs de segunda-classe. Na verdade o capitalismo tem feito muito mais bem para as mulheres do que mal. 

Um dos melhores exemplos é a forma que o capitalismo tem tornado possível o avanço econômico feminino, principalmente sua presença crescente no mercado de trabalho. O aumento constante da participação das mulheres no mercado de trabalho talvez seja o fato demográfico mais importante dos últimos 100 anos. Dando as mulheres sua própria fonte de renda, o capitalismo deu-lhes poder de várias maneiras; por exemplo, a dinâmica de mudança do casamento permitiu as mulheres saírem de relacionamentos que anteriormente não poderiam sair. A independência econômica das mulheres transformou a família também de outras formas. 

Podemos observar a participação crescente das mulheres no mercado de trabalho por dois lados, como geralmente fazemos na Economia. O capitalismo não só demandou mais trabalho feminino como também ofertou as condições que tornaram mais fácil para as mulheres fornecê-lo. 

Demanda Crescente 

O lado da demanda talvez seja mais óbvio. O crescimento econômico que o capitalismo gerou após a Revolução Industrial no começo do século vinte teve duas consequências. Primeiro, aumentou a demanda por trabalho em geral. À medida que os salários aumentaram e os trabalhadores (a maioria homens) tornaram-se mais ricos, eles começaram a comprar mais do que antes. A demanda crescente por produtos finais aumentou a demanda para todos os insumos que levam a eles. É claro que um desses insumos é o trabalho. 

Essa demanda crescente por trabalho significou que as empresas tinham que achar mais trabalhadores em algum lugar. Uma opção era tentar desvincular os homens de outros empregos, mas a única forma de fazer isso era pagando salários maiores. A outra opção era contratar mais mulheres em empregos que anteriormente eram restritos aos homens. Na verdade isso é o que as firmas começaram a fazer no começo do último século. O resultado foi que as mulheres que antes não trabalhavam for a do lar começaram a conseguir empregos. O crescimento criado pelo capitalismo e a industrialização tornou isso possível. 

O crescimento teve um segundo efeito na demanda por trabalho feminino. À medida que a industrialização progrediu e a escala de operações aumentou, o número de trabalhos auxiliares como secretárias e balconistas aumentou. Além disso, parte do aumento na demanda de consumo citada acima foi mais de serviços do que de bens. Ao invés de comprar uma galinha e abatê-la, as pessoas estavam dispostas a pagar mais pelas partes da galinha. Comer for a tornou-se mais comum, e a demanda por serviços pessoais como cabeleireiras aumentou. As mulheres podiam competir com os homens por muitos desses trabalhos de escritório e de serviço mais eficientemente que podiam por outros trabalhos físicos mais pesados. O resultado foi de mais oportunidades de trabalho para as mulheres. Por volta de 1940 a demanda por trabalho feminino era intensa o suficiente para as empresas começarem a oferecer a opção de trabalho por meio-período para satisfazer a necessidade das mulheres casadas por flexibilidade. 

Trabalho Doméstico – Dispositivos para Poupar Tempo 

O capistalismo também forneceu as condições que tornaram mais fácil para as mulheres satisfazerem essa demanda por trabalho. O maior problema que as mulheres casadas, especialmente com crianças, encontravam se quisessem trabalhar era cuidar da casa. Com a tecnologia disponível na virada do último século, manter a casa limpa era um trabalho integral. O período entre as guerras mundiais, entretanto, testemunhou-se o desenvolvimento de todos os tipos de novos aparelhos domésticos que reduziram significativamente o tempo necessário para limpar a casa e cozinhar. Lavar a roupa passou de um trabalho de várias pessoas por três dias para apenas uma questão de horas. Essas invenções liberaram as mulheres de muita da labuta do trabalho doméstico e tornou possível ao menos se pensar em trabalhar for a de casa (esse ponto é apresentado grandemente nesse vídeo de Hans Rosling). 

As mulheres também tornaram-se crescentemente educadas, tanto no ensino médio e no ensino superior. Aqui também a riqueza criada pelo capitalismo tornou possível para as famílias bancarem a educação de suas crianças por mais tempo, incluindo suas filhas. Essa riqueza também foi suficiente para a renda das crianças se tornar desnecessária para a sobrevivência. O potencial feminino mais educado e mais produtivo significava que era mais provável das mulheres serem contratadas. 

Embora dificilmente receba o crédito, o capitalismo liberou as mulheres de séculos do estigma de cidadãs de segunda-classe.Por Steven Horwitz Tradução de Robson da Silva. Revisão de Juliano Torres.

OS "LIMITES" DO PROGRESSO ECONÔMICO


 Algumas semanas atrás, ouvi um trecho de um programa de rádio no qual o comentarista argumentou que o progresso econômico tem limites. Ele usou um hamster como exemplo:

Nas primeiras semanas de sua vida, o hamster dobra de tamanho a cada semana. Se ele mantivesse tal ritmo por um ano, ele iria pesar nove bilhões de libras. Obviamente, seria um absurdo. O mesmo é verdadeiro para uma economia. Se uma economia cresce a uma taxa de 7% anualmente, ela iria dobrar a cada 10 anos. Simplesmente, não existem recursos suficientes para produzir tal crescimento.

Desde que me recordo, os profetas da desgraça tem feito previsões semelhantes. Por exemplo, no final do século XVIII e início do século XIX, Thomas Malthus argumentou que a produção econômica não poderia acompanhar o crescimento da população. Mais recentemente, em 1968, Paul Ehrlich previu que ocorreria uma escassez de alimentos generalizada nas décadas de 1970 e 1980. Ehrlich argüiu que a humanidade não iria ser capaz de expandir a produção para alimentar uma crescente população humana. Hoje, nós ouvimos terríveis previsões de que as reservas petrolíferas estão esgotando-se e que é necessário desenvolver fontes de energias renováveis. 

Essas previsões possuem muitas coisas em comum: elas nunca se tornam realidade, elas são acompanhadas de pedidos por maior controle governamental da economia e de nossas vidas, e elas envolvem uma grande evasão de fatos históricos e filosóficos. (Malthus poderia ser desculpado nesse último ponto, pois ele escreveu no início da Revolução Industrial)

No seu livro, The Population Bomb (ainda sem tradução para o português), Ehrlich sugeriu diversas medidas para reduzir o crescimento populacional:

Ele sugere um regime fiscal no qual as crianças adicionais iriam pesar sobre a carga fiscal da família a taxas crescentes para novas crianças, assim como taxação de luxo sobre mercadorias de cuidado infantil. Ele propõe incentivos para homens que estejam de acordo com esterilização permanente (vasectomia) antes de terem dois filhos, bem como uma variedade de outros incentivos monetários. Ele propõe um poderoso Departamento de População e Meio Ambiente o qual “deveria ser edificado com o poder de tomar quaisquer medidas necessárias para estabelecer um tamanho razoável de população (isto é, ter o poder sobre políticas de controle populacional) nos Estados Unidos e colocar um fim à progressiva deteriorização do meio ambiente.” O departamento deveria apoiar a pesquisa no que diz respeito ao controle de população, como melhores contraceptivos, agentes de esterilização em massa, e discernimento do sexo da criança no Pré-Natal (pois as famílias, freqüentemente, continuam a ter filhos até que nasça um homem. Ehrlich sugere que se elas pudessem escolher um filho homem, isso reduziria as taxas de natalidade). Leis deveriam ser promulgadas garantindo o direito ao aborto, e a educação sexual deveria ser expandida. 

Enquanto a sugestão de Ehrlich de um “poderoso Departamento de População e Meio Ambiente” não se tornou realidade, a Agência de Proteção Ambiental tem poderes quase ilimitados no que diz respeito ao uso e desenvolvimento da terra. Combinado com os poderes do FDA (a agência sanitária, semelhante à ANVISA do Brasil), sem mencionar de várias outras agências federais como o IRS (Receita Federal dos EUA), para ditar o que podemos e não podemos ingerir, o governo federal tem quase controle total sobre as nossas vidas. Mas isso é não é o principal.

A questão principal é se nós estamos ficando sem recursos. E que isso é conseqüência, em ultima instância, da engenhosidade humana e da produção. Em outras palavras, clamar que os recursos estão se acabando é clamar que os seres humanos irão parar de descobrir, inovar e expandir a produção. Enquanto o homem for livre, isso não irá acontecer.

Considere o fato que o universo é um grande recurso natural. Enquanto a humanidade ainda tem que descobrir como utilizar muitos desses recursos, houve um tempo que os possíveis usos do petróleo eram desconhecidos. Enquanto a humanidade ainda tem que descobrir como minar a lua e transportar esses materiais de volta à Terra, houve um tempo em que o homem não sabia como viajar através dos oceanos.

Mas o homem descobriu como viajar através dos oceanos. O homem descobriu como produzir petróleo e silicone, como liberar o poder do átomo, como construir arranha-céus e jatos. Homens livres transformaram a selva na América do Norte na mais poderosa economia do mundo. Eles encontraram usos para os recursos naturais e descobriram novos recursos. E essas descobertas criaram crescimento econômico e progesso.

A humanidade não está ficando sem recursos. A humanidade está ficando sem liberdade. Governos ao redor do mundo estão controlando, restringindo, e regulamentando as ações dos indivíduos. Governos estão impedindo os indivíduos de usarem os recursos que são conhecidos, e os governos estão impedindo que novos recursos sejam descobertos. 

Aqueles que se preocupam verdadeiramente com o progresso econômico ou o esgotamento de recursos não deveriam estar pedindo mais intervenção e controles governamentais. Ao invés disso, eles deveriam estar pedindo maior liberdade. Quando os homens são livres, não existem limites para o progresso econômico. Por Brian Phillips Tradução de Matheus Pacini. Revisão de Juliano Torres.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

LUCRO: ODE OU ÓDIO

Novamente, o governo adotou várias medidas para combater a desaceleração da economia causada pelos efeitos globais da crise europeia.


Tais medidas ilustram bem os defeitos da economia brasileira. Somos o país do plano B. Falta o plano A. Não planejamos, nem temos um modelo de desenvolvimento. Também na economia, somos o país do puxadinho, do combate à doença, ao invés da prevenção. Já dizia Peter Drucker que a melhor maneira de prever o futuro é criá-lo. Nós não prevemos, não criamos, nem agimos. Apenas reagimos.

O governo alega que a crise europeia e suas consequências eram imprevisíveis. Mentira. Meus leitores já sabem disto faz tempo.

Nossos governos, todos eles, quase nunca atacam as causas dos desarranjos, apenas suas consequências. Distorções causadas por gastos públicos excessivos – impostos elevados, infraestrutura precária, juros altos e câmbio apreciado – limitam a competitividade de vários setores. As respostas? Tentar forçar, na marra, a queda dos juros e a queda do Real, ou então elevar impostos de produtos importados. Isto transfere a conta das empresas para o consumidor, através de uma alta da inflação, transformando o Brasil em um país caro, ao invés de um país rico.

Reações favoráveis da maior parte da opinião pública a algumas medidas recentes mostram o quanto o capitalismo ainda tem de evoluir por aqui.

O melhor exemplo é o uso de bancos públicos para forçar bancos privados a reduzirem suas taxas de juros. Sou favorável ao máximo de competição possível em qualquer setor da economia. Entretanto, não dá para esperar que um país com os mais altos níveis de juros básicos, tributação do sistema financeiro e alíquotas de depósitos compulsórios do mundo não tenha também as mais altas taxas de juros ao consumidor e às empresas. “Mas os bancos lucram demais.” Este argumento carrega uma contradição que nos condena ao fracasso. Vivemos em um sistema capitalista onde lucrar é pecado.

Com sua atuação onipresente, o Estado quebra um dos pilares do capitalismo: a livre iniciativa. Casos de favorecimento a grupos, empresas e indivíduos pelo Estado – sem falar em uma cachoeira de corrupção – criaram a percepção de que, no capitalismo brasileiro, qualquer lucro é suspeito. Um histórico de lucros privados e prejuízos socializados distorceu ainda mais a percepção da sociedade em relação aos empresários e empreendedores. Nos EUA, um empresário de sucesso desperta admiração, no Brasil, desconfiança. Somos um pássaro com vergonha de voar. Esta não é uma receita de desenvolvimento, mas de atraso.

Faria melhor o governo retirando entraves à competitividade da economia, o que só será possível com redução de gastos públicos e fim do envolvimento do Estado em tudo, e das benesses que já chamei aqui de Bolsa-Brasil. Feito isso, ele precisa abolir os entraves à competição, abolindo “resgates” de setores ou empresas em dificuldade. Em um regime capitalista, para que haja vencedores, também haverá perdedores.

O Brasil tem de adotar políticas de redistribuição de oportunidades e capacitação, que tornam não apenas os pobres, mas toda a sociedade mais rica. Políticas diretas de redistribuição de renda, na maioria das vezes, tornam os ricos e a sociedade permanentemente mais pobres, e os pobres apenas temporariamente mais ricos. Já passou da hora de garantirmos a todos uma boa educação e substituirmos o ódio ao lucro por uma ode ao lucro. Por: Ricardo Amorim

ENTENDA ESTE PÍFIO CRESCIMENTO DO PIB

Dilma está preocupada e convocando economistas para entender porque o Brasil não cresce além do crescimento populacional. Um fiasco e tanto.

Ela usou todos os conhecimentos da ciência econômica: estímulos fiscais, redução de juros, PAC, bolsa família e bolsa consumo, empréstimos políticos via BNDES a juros de amigo, e nada. 

Guido Mantega, outro economista no governo, além de não ter previsto o fracasso, diz que "nós economistas não sabemos ainda o que aconteceu". Assustador. 

DIlma anda perguntando como aumentar os "espíritos animais dos empresários" e como "tirá-los do armário", uma falta de tato mercadológico ainda mais assustador.

Eliana Cardoso, economista do MIT, faz uma importante mea culpa no o Estadão de 28/11/2012.

"Nós economistas pulamos da fase teocrática para a caótica, o que explica tantas falhas no entendimento do nosso desenvolvimento". Parabens Eliana. 

Finalmente, diz Eliana, poucos economistas ainda acreditam em Caio Prado Jr. em Formação do Brasil Contemporâneo, e Celso Furtado em Formação Econômica do Brasil, adotados por 40 anos nas melhores escolas. 

"Também desacreditada fica a hipótese de uma produção para a exportação", grande bandeira dos economistas da Cepal. 

E agora vem a nova descoberta de Eliana.

"O desenvolvimento da economia depende dos empresários inovadores". 

Não acertam uma. Eliana mostra o seu total desconhecimento do Brasil administrativo, mais "uma falha de entendimento". 

Robert Coase, que se intitula "Prêmio Nobel De Economia", escreve um poderoso artigo Precisamos Salvar a Economia dos Economistas, que todo economista deveria ler.

Tese que este blog vem defendendo há 40 anos e aceito de bom gardo o apoio de um Robert Coase. Obrigado, poderia ter me apoiado antes. 

Nunca tivemos no Brasil empresários inovadores, Eliana, e não foram eles que fizeram o país crescer.

Nossos empresários foram copiadores.

Copiavam inovações que deram certo nos Estados Unidos e introduziram estas inovações no Brasil.

Roberto Marinho introduziu "television", Abílio Diniz o "supermarket", Walter Moreira Salles, o "retail banking", Roberto Young "franchising", Bob's introduziu o "fast food", sem falar da "internet", "email", "blog", "leasing", "credit card", etc.. 

No Brasil, esta teoria de "empresários inovadores" é furada. Basta ver as nossas patentes. 

O que é triste, Dilma, Eliana, e jornalistas como Celso Ming, estão na realidade copiando teorias econômicas de Shumpeter e Coase, e não pesquisando a realidade brasileira.

Mais uma categoria de "copiadores", como nossos empresários. 

E nem copiar direito souberam.

Muitos dos nossos setores foram copiados muito mais tarde do que deveriam, outros vieram muitos antes.

A Revista Veja amargou prejuízos por 11 anos seguidos, colocando a própria Abril em risco.

Por outro lado, a edição Melhores e Maiores, cujo lucro foi imediato, e que manteve a revista Exame por 11 anos no equilíbrio, mostra que deveria ter sido introduzido muito antes, mas não foi.

Estes senhores supriram é "capital", não inovação, capital muitas vezes de amigos no BNDES ou Banco do Brasil, a juros subsidiados.

Assim até eu.

Portanto estes "empresários" brasileiros não foram assim tão necessários, não inovaram, simplesmente copiaram e supriram capital.

Quem fez estas empresas crescer foram seus administradores que implantaram as suas ideias, copiadas.

Tanto é que nos Estados Unidos, Bill Gates, Steve Jobs, Mark Zukerman não eram "empresários" e sim alunos e sem capital.

As próprias Universidades os estimulavam a criarem empresas, quando aqui estimulam os alunos a nunca trabalhar numa empresa e sim ter um emprego público. 

O Brasil não cresce, porque está nas mãos de pessoas que confessadamente não entendem nada deste Brasil.

Não foi a "visão" de Abílio Diniz, Walter Salles, que fez suas empresas crescerem. Foram os executivos destas empresas. 

Quer saber como fazer o Brasil crescer ?

Basta seguir o conselho de Eliana Cardoso, Robert Coase, e tantos outros.

Precisamos salvar a economia brasileira dos economistas.

Agora não sou eu somente que digo isto. Até que enfim. Por: Stephen Kanitz