quarta-feira, 19 de agosto de 2015

AUTORIDADE LEGAL E AUTORIDADE LEGÍTIMA

A corrupção no Brasil tem uma longa trajetória, que aliada à impunidade nos infelicitou ao longo dos séculos. Sem me alongar sobre o tema recordo que o Estado brasileiro teve desde seu início ação centralizadora e tuteladora da Nação. Tudo dependia do governo e, assim, o comércio e a indústria estavam atados às autorizações, às tarifas protecionistas, às concessões, o que facilitava o suborno. Em essência nada mudou.


Em 2002, o PT chega à presidência da República jactando-se de ser único partido ético que vinha para acabar com as mazelas da política brasileira. E melhor: à frente do partido havia um “pobre operário” capaz de salvar a pátria, um padroeiro dos pobres e oprimidos.

Contudo, pode-se dizer que nunca antes nesse país houve um partido tão corrupto quanto o PT. Os petistas institucionalizaram a corrupção e convidaram aliados políticos e a inciativa privada para abrir franquias de roubalheira.

A força e a impunidade do PT se deveram basicamente a três fatores: a ilusão gerada pela propaganda, através da qual Lula da Silva foi endeusado. A inexistência de oposições, tanto partidárias quanto institucionais. A falta de cultura cívica do povo sempre dependente do Estado paternalista e indiferente aos escândalos de corrupção dos poderosos.

Além da corrupção o governo petista expandiu os males do Estado Brasileiro: o patrimonialismo, o nepotismo, a burocratização e, sobretudo a incompetência. Tudo sob a imagem da perfeição, das maravilhas que o magnânimo pai Lula prodigalizava aos desvalidos salvando-os da miséria.

Nos porões do poder, porém, muito mais lucravam os que Lula, para efeitos externos, chama de elites, várias das quais se associaram em contubérnios com a companheirada de modo nunca visto. E, assim, roubou-se em milhões, em bilhões, em avantajadas cifras no país do dá-se-um-jeito.

Primeiro, articulou-se o mensalão ou compra de congressistas como forma de sustentar o projeto de poder do PT. Inabalável, mesmo sob o efeito das condenações do STF onde se notabilizou o ministro Joaquim Barbosa que logrou enviar para as grades maiorais do PT como José Dirceu, José Genoíno, Delúbio Soares, João Paulo Cunha, além dos auxiliares dos criminosos, Lula logrou eleger uma mulher que não consegue sequer proferir um pensamento coerente.

Com ela deu-se o terceiro mandato de Lula da Silva. Foi o tempo do descalabro com todos os possíveis erros que se pode cometer em economia. Mesmo assim, Rousseff, com pouca margem de votação se reelegeu montada nas mentiras e no terrorismo politico do marqueteiro João Santana, que atribuiu ao adversário o apocalipse brasileiro, que se vê agora é da autoria da criatura de Lula e dele próprio.

O presidente de fato seguiu inimputável, sempre a repetir que não viu nada, não sabia de nada, não ouvia nada, enquanto a inflação, o desemprego, a inadimplência vão infelicitando eleitores e não eleitores do PT.

O megaescândalo do petrolão estilhaçou a Petrobrás, orgulho nacional, tomada de assalto pelo aqui citado contubérnio. Mas, assim como o ex-ministro Joaquim Barbosa surgiu alguém que fez a diferença, o juiz Sérgio Moro, destacando-se também o trabalho da Polícia Federal e de procuradores na 0peração Lava Jato. Nesta ação inédita no Brasil estão indo para cadeia não só doleiros e auxiliares da rapina chamados de operadores, mas também presidentes das maiores empreiteiras, seus diretores e ocupantes de altos cargos na Petrobras.

Possivelmente, o povo tomaria conhecimento desses fatos com indiferença se não fosse o esboroar da economia, pois é certo que não há governo que resista quando a economia vai mal. Junte-se a isso a inconformidade popular que não aceita pagar pela incompetência governamental e temos o resultado da última pesquisa Datafolha, na qual Rousseff aparece como a pior presidente que o Brasil já teve, com 71% de reprovação e só 8% de aprovação.

É dito, falseando a questão, que um impeachment da inoperante presidente levaria ao caos institucional. Quando Collor, com grande participação do PT, sofreu o impeachment por muito menos do que hoje ocorre, as instituições ficaram intactas.

Falso também a presidente dizer-se intocável porque foi eleita pelo voto. Uma coisa é autoridade legal, outra é autoridade legítima. No momento ela não é mais legitimada pela população e o que se chama de crise política pode ser traduzida por crise de representatividade. Ela não representa mais o povo cansado de seu estelionato eleitoral e de sua incompetência.

O PT legou ao Brasil uma crise política de representatividade, uma crise econômica e uma crise de valores. A saída de Rousseff da presidência, dentro dos trâmites legais não é golpe. Golpe é sua permanência. Afinal, a emblemática segunda prisão de Jose Dirceu demonstrou que o PT nunca agiu em nome da causa, mas em causa própria. Não dá para suportar mais um governo assim. A causa caiu.
Por:Maria Lucia Victor Barbosa é socióloga.  mlucia@sercomtel.com.br
Publidado no site: www.maluvibar.blogspot.com.br

terça-feira, 18 de agosto de 2015

O PATRONO DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA

Os americanos têm como ícones Benjamin Franklin, Thomas Jefferson, John Adams e George Washington. Já o Brasil encontrou em Paulo Freire uma grande inspiração. Cada povo tem o herói que merece


Uma das formas de se analisar uma sociedade é ver quem são seus heróis. Os americanos, por exemplo, têm nos “pais fundadores” grandes ícones, gente como Benjamin Franklin, Thomas Jefferson, John Adams e George Washington. Já o Brasil encontrou em Paulo Freire uma grande inspiração, a ponto de transformá-lo no “patrono” de nossa educação. Cada povo tem o herói que merece.

Pergunto ao leitor: já leu algum livro de Freire? É um exercício e tanto de paciência. Seu linguajar é enfadonho, diz algumas coisas um tanto óbvias de forma aparentemente profunda, que revela apenas uma mente confusa, e usa a “pedagogia” para, no fundo, pregar o marxismo radical. Foi seu grande “mérito”: levar Marx para dentro das salas de aula.

Seu ponto de vista é o dos “excluídos”, diz ele, monopolizando as virtudes e os fins nobres. Somente quem endossa seu viés “progressista” quer o bem dos mais pobres. O restante, os “neoliberais”, esses querem apenas manter o status quo, preservar um sistema opressor. São pessoas ruins. E contra eles, os “oprimidos” devem se rebelar, lutar pela utopia igualitária.

Era dada a justificativa para que professores se transformassem em militantes ideológicos, usando as salas de aula não mais para ensinar conteúdo de forma minimamente objetiva, mas para “transformar a sociedade”, para “formar novos cidadãos”, naturalmente marxistas empenhados na causa utópica, como o próprio Freire. A doutrinação ideológica ganhava ares de justiça, graças ao pedagogo marxista.

Contra o “fatalismo pragmático” dos “neoliberais”, Freire oferecia a “conscientização”, ou seja, os professores deveriam mostrar as “injustiças” do sistema capitalista, da globalização, conscientizando os alunos da necessidade de luta, de revolta contra os ricos, já que, para ele, a riqueza era fruto da exploração da pobreza, era uma “agressão” contra os desvalidos.

Postura minimamente neutra do professor, que oferece ao aluno diferentes pontos de vista, dá espaço ao contraditório, deixa o próprio jovem desenvolver um pensamento crítico e tirar suas conclusões por conta própria? Isso é uma ilusão que atende somente às elites opressoras. A prática educativa, diz Freire, é política por definição, não pode ser neutra, e por isso o professor “progressista” pode, deve levar todo seu viés para dentro de sala de aula.

Era a desculpa perfeita para militantes medíocres se tornarem “professores” e encherem a cabeça de nossa juventude com porcaria revolucionária. Hoje, os sindicatos dos professores, ligados aos partidos de extrema-esquerda, dominam o ensino público, todos inspirados em Freire. Nas aulas, o assassino Che Guevara é tratado como herói idealista, os invasores do MST como instrumentos de “justiça social”, e o lucro capitalista como exploração injusta.

“Nunca me foi possível separar em dois momentos o ensino dos conteúdos da formação ética dos educandos”, escreve ele em “Pedagogia da autonomia” (tem ainda a do oprimido, a da solidariedade, a da esperança...). O pequeno “detalhe” é o que ele entendia como “formação ética”, claro. No caso, era “formar” novos seres “conscientes” de sua situação de oprimidos, para que reagissem contra as “injustiças do sistema”. Ou seja, criar soldados comunistas!

Caso alguém ainda tenha dúvidas acerca de seus objetivos, ou pense que exagero na interpretação, deixemos o próprio explicar melhor: “Quando falo em educação como intervenção me refiro tanto à que aspira a mudanças radicais na sociedade, no campo da economia, das relações humanas, da propriedade, do direito ao trabalho, à terra, à educação, à saúde, quanto à que, pelo contrário, reacionariamente pretende imobilizar e manter a ordem injusta”.

Ou seja, de um lado temos os “progressistas” como ele, que querem salvar a humanidade das garras capitalistas e levar prosperidade aos mais pobres; do outro temos os “reacionários” e “neoliberais”, que pretendem apenas manter o quadro de exploração da miséria alheia. E esse “educador” virou o patrono da educação brasileira!

Deixo o comentário final com Dom Lourenço de Almeida Prado, esse sim um grande educador que o país teve, reitor por anos do prestigiado Colégio São Bento: “É uma lástima que o meio católico se tenha deixado contagiar por esse mestre equívoco da pedagogia que é Paulo Freire e por essa falsa elaboração que chama educação libertadora. Na verdade, ela nada tem de libertadora, como nada tem de pedagogia. É uma campanha política, de fundo marxista, isto é, fundada no dogma da luta de classes e na divisão da humanidade entre opressores e oprimidos”.
Por: Rodrigo Constantino é economista  Do site: http://veja.abril.com.br/blog/rodrigo-constantino

segunda-feira, 17 de agosto de 2015

"VELÓRIO EM CÂMERA LENTA"

José Dirceu fecha enfim o seu ciclo na paisagem pública brasileira. Acaba onde começou: numa prisão. Em outubro de 1968, aos 22 anos de idade, entrou em cena ao ser preso num congresso clandestino de estudantes no interior de São Paulo. Na semana passada, apanhado nessa prodigiosa chacina que a corrupção criou dentro e em torno da Petrobras, estava de volta à cadeia, desta vez num xadrez da Polícia Federal de Curitiba, para o ato final de sua jornada. Há uma gelada melancolia nisso tudo. Entre um momento e outro, Dirceu investiu 47 anos na luta sem descanso pelo poder. Chegou lá, depois de esforços maiores do que prometia a força humana, em 2003, quando o Partido dos Trabalhadores emergiu como a principal força política do Brasil ─ mas ao chegar conseguiu ficar apenas dois curtíssimos anos, lançado ao mar pelos companheiros nas primeiras trovoadas do que viria a ser o mensalão.


Quando começou a subida, José Dirceu era visto como um herói pela esquerda brasileira; sequestraram um embaixador dos Estados Unidos, nada menos que isso, para resgatá-lo da prisão do governo militar onde estava em setembro de 1969 e permitir assim sua ida para o exílio em Cuba. Agora, ao ser preso na Operação Lava-Jato, querem mais é que ele fique lá mesmo na cadeia. Ao entrar no prédio da Polícia Federal em Curitiba, tudo a que teve direito foi uma vaia de algumas dezenas de manifestantes. Não apareceu um único amigo, militante ou movimento social para lhe dar apoio; no dia de sua prisão o “exército do MST”, que ainda outro dia o ex-presidente Lula ameaçava botar na rua para defender “o projeto do PT”, estava empenhado em gritar “fora Levy” numa baderna no Ministério da Fazenda, em Brasília. É o que temos.

É uma dessas ciladas da vida o fato de que os problemas mais sérios de Dirceu com o sistema carcerário brasileiro não aconteceram durante o período sem lei em que a justiça era feita dentro dos quartéis; são de hoje, em pleno vigor das liberdades, do direito de defesa e do reinado do PT. Dirceu ficou preso pouco menos de onze meses no governo militar que tanto combateu. Agora, no governo em que tanto mandou, já está cumprindo pena há mais de vinte, desde 15 de novembro de 2013; ficou preso até 4 de novembro de 2014 em Brasília, na Penitenciária da Papuda e em regime semiaberto, depois em sua casa, e no momento está de volta à prisão fechada.

Há comparações ainda mais tristes. No passado Dirceu esteve preso por ser “um combatente da resistência contra a ditadura”. Hoje está na cadeia por conta da “Operação Pixuleco”, cortesia do companheiro João Vaccari Neto ─ é a isso que foi reduzido. Até pouco antes de ir para a Papuda, recebia em seu escritório o ex-presidente da Petrobras Sergio Gabrielli e era um dos colaboradores favoritos entre os magnatas da empreitagem de obras públicas. Quando ele foi despachado para a PF de Curitiba, os peixes gordos tinham sumido por completo do seu pesqueiro. “Libertar Dirceu” de sua primeira prisão foi um ponto de honra para toda uma geração da esquerda nacional.

Na semana passada não era nada: não deu para levantar o braço esquerdo chamando os companheiros “à luta”, como fizera menos de dois anos atrás, porque não havia em volta nenhum companheiro disposto a lutar por ele nem a gritar “guerreiro do povo brasileiro”. Mais que tudo, talvez, Dirceu viu os chefes petistas, que o bajularam durante anos, renunciarem às regras mais elementares da decência comum neste seu momento de infortúnio. Lula ficou absolutamente mudo. O Palácio do Planalto não disse sequer uma palavra ─ numa reunião feita ali no dia da prisão, segundo o ministro da Defesa, o assunto “não foi tratado”. Com Dirceu já preso, o PT conseguiu escrever duas declarações oficiais inteirinhas sem citar uma única vez o seu nome.

O fim da linha para José Dirceu chega num momento de terremoto político em formação acelerada. Dilma Rousseff já não governa ─ deixou o poder por abandono de cargo, já há bom tempo, por capitular diante da corrupção descontrolada que destruiu seu governo e por sua inépcia terminal para a função de governar qualquer coisa. Lula não é mais que uma sombra assustada, que há muito se preocupa apenas com a própria sobrevivência. O PT, enfim, solta notas com atividade cerebral próxima ao zero, nas quais transforma em bomba terrorista um buscapé de São João jogado contra o Instituto Lula, fala em “avanço da direita” e não consegue mostrar nenhuma ideia coerente em sua defesa. Junto com a despedida de Dirceu, é o velório em câmera lenta de um partido e de um governo que optaram pelo suicídio.
Por: J. R. GUZZO Publicado na Veja

domingo, 16 de agosto de 2015

O SENTIDO DAS COISAS

Sempre procurei, tantas vezes em vão, encontrar o significado de tudo. Por exemplo, por que há pessoas boas e más, por que as pessoas boas fazem coisas más e vice-versa, por que entre pessoas que se querem bem pode haver frieza ou até maldade, por que… lista infindável, ainda mais para quem tem um pouco de imaginação. A cada momento reinventamos o mundo, reinventamos a nós mesmos, reinventamos nossos afetos para que seja tudo menos doloroso.


Escrevendo sobre a situação do Brasil um pequeno livro que deve aparecer em breve, observo ainda mais intensamente o que acontece, tanta coisa inacreditável, mas real. Assim reflito quase constantemente sobre todas as loucuras, baixezas, perigos, sustos, desalentos atuais, aqui e ali uma luzinha minúscula que logo bruxuleia. Vai se apagar para sempre? Nada é para sempre. As coisas más, as fases ruins, também hão de passar. Mas, no momento, não sou otimista. Falsidade, mentiras, arzinho superior e palavras fantasiosas sobre questões fundamentais, apontar o dedo para o adversário, tudo é pior do que a dura verdade. Assustam-me discursos com que neste momento dramático alguns negam ou diminuem a gravidade da situação, revelando-se o desvio de inacreditáveis fortunas que deveriam atender o povo mais carente, a maior vítima desse desastre, um povo despossuído, sem as coisas essenciais que lhe têm sido negadas ─ não por uma fatalidade, mas por ganância de quem já tinha uma boa fortuna, mas queria mais, e mais.

Hoje, os acusados reagem com ironias, amea­ças, invenções: mas fizeram de nós um dos piores países do mundo em quase tudo, sobretudo educação e segurança. Ninguém assume sua responsabilidade, antes critica adversários ou países mais adiantados, como se fôssemos todos uns pobres crédulos. Começamos a perceber o que se passa no nevoento território da política que fragilizou a economia, e é cenário de tão grave incompetência e irresponsabilidade. Na grande negociata nunca vista, quase todos tinham seu preço: não foi barato. Pouco sobrou para o brasileiro que ignorava esses fatos que atingiram seu bolso, sua esperança e suas possibilidades de uma vida decente.

A política influenciou e dominou nossa existência nos últimos anos, com gestão incompetente, péssimo planejamento, desorganização nas contas públicas, maquiagem do desastre que foi escondido de um povo mal informado porque mal escolarizado (não é por acaso que negligenciamos tanto a educação). A pátria-mãe desvia o rosto; nós, os filhos, largados na floresta como num conto de fadas sinistro. Os próprios investigadores das gigantescas fraudes, impressionados, admitem estar diante de tramas de dimensão e sofisticação nunca vistas.

A paisagem brasileira está de pernas para o ar: nada faz muito sentido, tamanho o escândalo. Para começar, os salários com que tentamos manter uma vida honrada são patéticos diante das cifras roubadas, apresentadas pelos competentes e corajosos investigadores. Irresponsabilidade e incompetência comandaram as façanhas que esfacelaram o país, agora rebatizadas de “malfeitos”. Espantoso: os desvios não eram efetuados por bandidos oficiais, mas por grandes empresários que admitem, talvez forçados pelo medo, que, se não tivessem entrado no esquema de corrupção e pagado as irreais propinas, suas companhias teriam ficado “de fora” da roda dos mafiosos, prejudicando seus acionistas e trabalhadores. Quase todos afirmam com veemência que de nada sabiam: viviam em outro planeta. Não saber de nada passou a ser um triste refrão.

Os investigados, denunciados e presos continuam protestando contra tamanha maldade: todos vítimas do lobo mau da Justiça. Seus defensores encenam uma ópera-bufa de delirantes explicações: roubalheira mascarada de comportamento legal, nos parâmetros da decência. Se essas ficções patéticas fizessem sentido, nunca teria havido tantos inocentes no mundo: as elites e os estrangeiros seriam os culpados. Essa farsa acabou: não há desculpa perante uma nação ferida.
Por: Lya Luft Publicado na revista Veja

sexta-feira, 14 de agosto de 2015

UM PATRONO À ALTURA

Vivemos atualmente a dissolução de uma sociedade edificada ao longo de milênios. É uma longa e bela construção, fundada na filosofia grega e no personalismo judaico-cristão, e burilada ao longo dos séculos. Essa sociedade nos deu a noção de que todos têm direitos inalienáveis; que a natureza pode e deve ser estudada e, ao mesmo tempo, preservada; que o Belo e o Bom têm valor. Deu-nos as universidades, a democracia representativa, o reconhecimento da dignidade dos mais fracos.


Este imenso patrimônio cultural é a herança a que cada brasileiro tem – ou teria – direito. O que vemos, contudo, é o oposto. Mais de um terço dos universitários são analfabetos funcionais. As escolas servem à doutrinação política e à “desmitificação” dos valores da nossa sociedade, deixando de lado o ensino e a preservação da cultura.

A História e a Geografia passam a ser apenas denúncia de supostas monstruosidades; o vernáculo, na melhor das hipóteses, uma tentativa de reproduzir a verbalidade. As ciências – deixadas quase de lado –, uma sucessão de conteúdos “bancários”, no dizer dos seguidores do falso profeta recifense. Faz-se força para enfiar alguma ideologia nas ciências, mas não há luta de classes na Química ou opressão econômica na Física. Fica difícil.Paulo Freire, um dos maiores culpados deste estado de coisas no Brasil, recebeu, com razão, o título de “Patrono da Educação Brasileira”. É justo que ele seja o patrono de uma “educação” que não é capaz de ensinar a ler e escrever, mas que martela nos alunos uma visão tão deturpada do mundo que é mais fácil encontrar dez estudantes que creiam que a luta de classes é uma lei da natureza que achar um que saiba enunciar a Segunda Lei da Termodinâmica.

Só o que fez este triste patrono foi descobrir que o aluno é um público cativo para a doutrinação marxista. A educação deixa de ser uma abertura para o mundo, uma chance de tomar posse de nossa herança cultural, e passa a ser apenas a isca com a qual se há de fisgar mais um inocente útil para destruir a herança que não conhece.

As matérias pedagógicas da licenciatura resumem-se hoje à repetição incessante, em palavras levemente diferentes, das mesmas inanidades iconoclastas. Os cursos da área de Humanas, com raras exceções, são mais do mesmo, sem outra preocupação que não acusar aquilo que não se dá ao aluno a chance de conhecer. O que seria direito dele receber como herança.

Paulo Freire é o patrono da substituição de conhecimento por ideologia, de aprendizado por lavagem cerebral. Merece o título.
Por: Carlos Ramalhete Do site: www.gazetadopovo.com.br

CONSERVADORISMO OU LEI DA SELVA


Uma das brigas mais antigas na Filosofia é entre Parmênides e Heráclito. Aquele dizia que nada muda; este dizia que só há mudança. Ambos estão certos, e ambos estão errados.

Nos tempos de hoje, em que vivemos a transição de um modelo de civilização decorrente do pensamento iluminista, por sua vez uma versão antropocêntrica do pensamento medieval, para algo que ainda não se tem como saber o que será, este debate volta a ter importância.

O que é mutável? Muitos parecem crer que tudo o seja. A família, a ética, o certo e o errado ganham o peso de uma folha seca levada pelos ventos. E o que é imutável? Para uns, nada. Para outros, quase tudo, incluindo coisas que surgiram há pouquíssimo tempo.

A sociedade, contudo, é algo que se constrói de novo a cada geração. Cada criança que nasce precisa ter acesso àquilo que foi construído pelas gerações anteriores, precisa aprender de novo tudo o que foi descoberto, ou aquilo se perde. O médico inglês Theodore Darlrymple descobriu, horrorizado, que toda uma geração de ingleses das classes mais baixas nunca comeu em família. São frequentes os casos de escorbuto, causados por uma alimentação à base de batata-palha e cerveja.

Em uma geração foi possível desaprender a se alimentar. É muito mais fácil desaprender a música (quem toca um instrumento por partitura, hoje em dia?), desaprender a escrita, ou ao menos a sua norma culta, desaprender o convívio social mais elementar. Duas gerações de brasileiros sem chapéu já fizeram com que esquecêssemos que ele deva ser tirado à mesa, enquanto ela existe.

A conservação da sociedade passa pela conservação dos seus hábitos e saberes, pela percepção de que eles precisam ser retransmitidos e reensinados a cada nova geração.

Os entusiasmos sociais são passageiros: os mesmos que no Domingo de Ramos saudavam a entrada triunfal do Cristo em Jerusalém votaram, democraticamente, para que Barrabás fosse solto na Sexta-Feira da Paixão.

Os valores expressos nos hábitos provados pelo tempo, contudo, trazem em si algo que permanece, algo que merece ser conservado e retransmitido de geração em geração. Basta que uma não o faça para que algo seja perdido, para que seja dado mais um passo no rumo da entropia, da dissolução dos laços sociais.

É esta ordem conservada pelas gerações que garante aos mais fracos a sobrevivência na sociedade; quando ela é desprezada em prol de entusiasmos passageiros, prepara-se o sacrifício dos mais fracos. A única alternativa real ao conservadorismo é a lei da selva.
Por: Carlos Ramalhete Do site: www.gazetadopovo.com.br

quinta-feira, 13 de agosto de 2015

A CRISE BRASILEIRA DEVE PIORAR. BOM PARA VOCÊ.

Desde a crise financeira global de 2008, a economia brasileira foi sendo fragilizada por medidas preocupadas só com o curto prazo. Como um alcoólatra, o governo brasileiro respondia a qualquer contratempo com uns bons goles. Nossa doença foi se agravando. Na gestão de Guido Mantega como Ministro da Fazenda, a balança comercial de produtos manufaturados foi de um superávit de US$5 bilhões a um déficit de US$110 bilhões, a inflação saiu de controle, as contas públicas apresentaram déficits recordes e o crescimento econômico vem minguando desde 2011.

Neste ano, passadas as eleições e sob pena de colapso do doente, chegou a hora do tratamento de choque. Para ajustar as contas públicas, reduções de gastos públicos seriam a solução ideal. Na falta delas, aumentos de impostos tornaram-se inevitáveis. Para segurar a inflação impulsionada pela recomposição das tarifas públicas artificialmente contidas até as eleições, a taxa de juros dobrou, encarecendo o crédito e limitando as compras dos consumidores e a remarcação de preços das empresas.

Os efeitos da crise de abstinência vieram com força. O PIB despencou e a taxa de desemprego não para de aumentar.

A abstinência, se sustentada, controla o alcoolismo, mas os esforços para sustentá-la são hercúleos. No caso da economia brasileira, os esforços talvez sejam ainda maiores.

Em paralelo à crise econômica, a crise política come solta com o avanço das investigações da Operação Lava Jato e do TCU. O número e o patente dos políticos investigados não para de subir.

O script seguido pela Polícia Federal parece uma versão tropical da Operação Mãos Limpas, que desmantelou a máfia na Itália. Primeiro ato: comece a investigação focando em agentes privados, menos acostumados a serem investigados do que os políticos e com menos conexões para tentar bloquear a investigação. Segundo ato: alimente a mídia de novidades constantemente para garantir que o assunto não esfrie e a opinião pública, chocada, exija que as investigações continuem. Terceiro ato: julgue e prenda alguns dos culpados rapidamente, assustando outros investigados e os estimulando a cooperar com as investigações através de delações premiadas. Ato final: investigue os políticos e os leve a julgamento.

Há poucas semanas, entramos no início do ato final e o medo aumentou em Brasília, acirrando as disputas políticas e elevando as tensões entre o Executivo e o Judiciário. Com isso, a aprovação de medidas fundamentais ao ajuste fiscal pelo Congresso tornou-se inviável e o governo abandonou a promessa de abstinência e anunciou a redução da meta fiscal. Com a meta fiscal foi-se parte dos resultados dos sacrifícios desde o início deste ano para recuperar a credibilidade da economia brasileira. Mais que depressa, a agência de classificação de risco Standard & Poor´s adotou um viés negativo para a classificação brasileira. Se o viés for confirmado, o Brasil será jogado de volta ao clube dos maus pagadores, de onde saímos em 2008, após anos de esforços. As consequências foram as esperadas: os juros e o dólar subiram ainda mais e as ações caíram. Juntos com elas, projetos de investimentos no país foram por água abaixo. Com menos investimentos, teremos menos empregos. A crise econômica será mais longa e profunda. A recuperação econômica, que poderia começar na segunda metade deste ano, foi adiada para o ano que vem.

O processo de retroalimentação das crises política e econômica não parece já ter terminado. O avanço das investigações sobre o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha; o presidente do Senado, Renan Calheiros e o ex-presidente da República, Lula da Silva, jogará mais lenha na fogueira, aumentando o risco de que a presidente Dilma Rousseff – que já tem os mais baixos níveis de aprovação e apoio no Congresso de qualquer presidente nos últimos 30 anos - não chegue ao fim do seu mandato, em função de impeachment ou renúncia.

Tanta incerteza política contaminará a economia, que provavelmente ainda piorará mais antes de começar a melhorar.

E como, afinal, este quadro de caos pode ser bom para você? De várias formas.

Em primeiro lugar, o fosso econômico é inegavelmente profundo, mas ao menos devemos parar de cavá-lo até o final deste ano ou início do ano que vem, após a queda da inflação e o pico da crise política, o que em relação ao nosso passado recente não deixa de ser uma boa notícia considerando-se que o estamos cavando há pelo menos 5 anos.

Segundo, a crise política e as investigações sobre corrupção impactam negativamente a economia, mas se levarem à efetiva condenação dos culpados, podem reverter a cultura de impunidade reinante no país há tempos. Com o Supremo Tribunal Federal aparelhado politicamente, isto está longe de estar garantido, mas se a pressão popular ferver nas ruas na época dos julgamentos, como provavelmente acontecerá, será que os juízes ousariam terminar tudo em pizza? Se os poderosos forem condenados de forma exemplar, todos os outros brasileiros, bem menos poderosos, pensarão duas vezes sobre os riscos antes de praticarem atos ilícitos e os impactos positivos sobre a forma de se fazer negócios no Brasil serão enormes.

Terceiro, quando a economia está ajudando, até profissionais menos competentes e empresas menos eficientes conseguem sair-se relativamente bem. No deserto das crises, as diferenças de desempenho entre os melhores e os demais ficam mais gritantes, gerando oportunidades para profissionais e empresas capazes de tomarem decisões duras ou ousadas, que muitas vezes são postergadas em momentos de calmaria. No auge da crise 1929, por exemplo, a IBM investiu 6% do seu faturamento em um centro de pesquisas que acabou tornando-a, a única empresa capaz de processar os dados de 28 milhões de beneficiários do seguro social americano, criado em 1935 em resposta aos efeitos perversos da própria crise econômica. As empresas e os profissionais mais competentes costumam sair fortalecidos das crises. O desafio, mas também a oportunidade é usar a crise como um estilingue para catapultar-nos a um nível de eficiência maior. Sem a pressão da crise, talvez nunca fizéssemos isso. As melhores empresas e melhores profissionais nunca desperdiçam uma crise.

Quarto, há empresas, linhas de negócios e produtos que só nascem ou prosperam em função de crises econômicas. O Idealab, da Califórnia, que já lançou mais de 125 novas empresas, realizou uma pesquisa sobre as razões do sucesso destas e outras novas empresas e, para própria surpresa, descobriu que a razão mais importante para o sucesso ou fracasso de uma startup não é a ideia, a equipe, seu modelo de negócio ou sua forma de financiamento, mas quando a empresa é lançada. Mais surpreendente, muitas empresas só tiveram sucesso porque foram lançadas em crises econômicas. Os dois casos recentes mais marcantes são o Airbnb – uma empresa de reservas de acomodações em casas e apartamentos lançada em novembro de 2008, hoje presente em mais de 35.000 cidades e 192 países – e o Uber – uma empresa de caronas remuneradas criada em março de 2009. As ideias das duas empresas foram, inicialmente, recebidas com muito ceticismo por investidores que alegavam que ninguém aceitaria estranhos em seu carro ou casa e que, por consequência, as empresas não teriam viabilidade econômica. A crise imobiliária e financeira nos EUA e Europa mudou esta realidade. Com a alta do desemprego, muitos viram nos serviços da empresa a alternativa para aumentarem suas fontes de renda, o que permitiu que as empresas conseguissem atrair negócios e financiamento e crescessem. Com 6 anos de vida, o Airbnb vale hoje R$88 bilhões e o Uber vale R$176 bilhões. Com mais de 60 anos de existência, a Petrobras vale R$137 bilhões.

Quer conhecer mais casos de empresas grandes e pequenas que estão prosperando apesar ou por causa da crise ou contar o caso da sua empresa. Foi para isso que criei no começo do ano a página #TemJeitoSim. Confira, siga e deixe o seu depoimento.

Por: Ricardo Amorim, apresentador do Manhattan Connection da Globonews, presidente da Ricam Consultoria, único brasileiro na lista dos melhores e mais importantes palestrantes mundiais do Speakers Corner e economista mais influente do Brasil segundo a revista Forbes e uma das 100 pessoas mais influentes do Brasil segundo a Forbes Brasil.
Do site: https://www.linkedin.com/pulse/crise-brasileira-ainda-deve-piorar-bom-para-você-ricardo-amorim?trk=prof-post

quarta-feira, 12 de agosto de 2015

FUNDAMENTOS DO ESTADO


“O Estado é esta grande ficção através da qual todos tentam viver às custas de todos os demais”. Frédéric Bastiat (1801–1850)


I - Introdução

Vivemos momento histórico em que se evidenciam sérios problemas na condução macroeconômica e política de importantes países, inclusive do nosso. Muitos destes problemas foram consequências de políticas governamentais equivocadas e do inchaço do Estado, este ente cada vez mais voraz na cobrança de impostos e no endividamento junto ao público. Portanto, a temática da minha palestra, mais que tempestiva, se impõe, diante das crises econômicas recorrentes e da perda de confiança nas instituições públicas.

É certo que falar dos fundamentos do Estado, perante este Conselho onde pontificam expoentes do Direito, da Antropologia, da Sociologia, da História e da Ciência Política, é uma verdadeira temeridade. Temperarei, então, minha ousadia tratando, “en passant”, de questões relativas às Teorias do Estado e da Justiça, sem as quais não podemos bem situar a matéria. Mas, postos alguns princípios, passarei ao terreno das intervenções estatais no domínio econômico onde os de minha classe, estes especialistas em “secos e molhados”, aqui tão bem representados, têm, seguramente, algo a dizer. Vamos, então, à palestra, começando por tratar da origem do Estado:

II – A origem do Estado

Parece assentado que o homem é um animal complexo que, ao mesmo tempo que busca a liberdade plena, também busca a aproximação com seus semelhantes na vida em sociedade, quando então interage e sujeita-se a encontrar limites nos direitos alheios. O que nos diferencia uns dos outros é o grau com que estas buscas se manifestam em cada indivíduo. Uns, são mais propensos ao isolamento, ao resguardo do livre arbítrio; outros, a exemplo dos animais gregários: abelhas, formigas e cupins, almejam em dose maior a interação social e a segurança da vida comunitária.

Entre filósofos prosperaram diferentes teorias sobre a natureza humana no que diz respeito à bondade. Segundo Rousseau, o selvagem era puro, bom e vivia em perfeita harmonia com seus semelhantes. Teria sido corrompido pela sociedade que, ao delimitar direitos de propriedade, estimulou vaidades, invejas e conflitos. No extremo oposto, Hobbes dizia que “o homem é o lobo do homem”. Segundo ele no estado primitivo, prevaleceriam lutas e guerras, com os mais fortes se impondo aos mais fracos.

Hoje parece assentado, também, com respaldo inclusive na neurociência, que posições extremas não se sustentam. O mal e o bem estão sempre presentes na genética do homem. Nossa natureza complexa e surpreendente, que nos permite realizar gestos de grandeza e bondade absolutas, é a mesma que nos faz capazes dos mais torpes gestos de inveja, egoísmo, raiva, corrupção e violência contra nossos semelhantes. É óbvio que nem todos possuímos a mesma mistura genética. Há Madres Tereza de Calcutá e há Fernandinhos Beira Mar. Mas, tanto o bem como o mal, estão em todos nós.

Pois esta mesma natureza, onde o mal existe e onde se evidenciam benefícios da interação social, faz com que o homem esteja disposto a trocar liberdade por ordem. Surgiria então uma entidade superior – o Estado - capaz de zelar pelos interesses de todos promovendo a paz. Mais fracos estariam protegidos e os mais poderosos teriam a ganhar pela prevalência da cooperação econômica e da harmonia social.

É certo que alguns Estados embrionários foram criados apenas para a submissão pela força dos mais fracos e/ou vencidos. E que Marx e Engels postulavam que o Estado seria apenas um instrumento de dominação da burguesia sobre o proletariado, dispensável, portanto, quando de ascensão do proletariado ao poder. Mas a hipótese mais aceita, principalmente para a constituição dos Estados modernos, é a de um acordo comunitário que cria uma entidade superior capaz de promover a ordem e a defesa. Na visão liberal, buscar-se-ia um mal menor onde a concentração de poder em mãos do Estado seria menor que a concentração de poder anteriormente detida por alguns indivíduos ou por grupos de indivíduos.

Outra questão que se coloca é a de saber como orientar-se sobre o bem e o mal, sobre o que é certo e errado, para que efetivamente o interesse comunitário possa prevalecer a partir da ação do Estado. De início, o código básico de conduta dependeu fundamentalmente de revelações divinas recebidas por autoridades eclesiásticas. Com o tempo, a razão foi construindo, através da experimentação histórica e do raciocínio lógico, todo o arcabouço jurídico norteador da ação do Estado. Mas, nesta matéria, fiquemos por aqui, por hora, enquanto passamos os olhos pelo contrato social.

III – O Contrato Social

Já vimos que é preciso um certo tipo de acordo para que poderes sejam transferidos de particulares a uma entidade superior capaz de proteger direitos, garantir a ordem e promover a defesa contra inimigos externos. Filósofos que se dedicaram ao tema desenvolveram, com base em hipóteses evolutivas estruturadas a partir do chamado “estado da natureza”, a ideia de um “contrato social” onde o papel e a estruturação do Estado seriam definidos de forma consensual pelo povo. Entre os “contratualistas” destacaríamos as figuras de Thomas Hobbes (1588-1679), John Locke (1632-1704) e Jean Jacques Rousseau (1712-1778).

Segundo Hobbes a liberdade e a igualdade no estado de natureza levariam a uma realidade de lutas e guerras permanentes. Indivíduos, então, para melhorar sua condição humana, teriam de abdicar da liberdade para garantir a paz, o que fariam atribuindo a um governante soberano, ungido por vontade divina, poder coercitivo sobre todos os governados. A submissão ao soberano dar-se-ia de forma voluntária, através de um “contrato social”. Estava oferecido todo o “rationale” para justificar os regimes absolutistas da época.

Já Locke, embora também partindo de um estado da natureza conflituoso, apegava-se ao respeito aos direitos naturais – vida, liberdade e propriedade - na feitura do contrato social que se realizaria entre o povo e seus governantes. Ou seja, governantes teriam um mandato específico para defender os direitos naturais, direitos estes que deveriam nortear e se sobrepor à lei posta. Qualquer desrespeito aos direitos naturais poderia dar ensejo à deposição dos governantes. A importância da liberdade e do direito de propriedade no pensamento de Locke fez dele um ícone do liberalismo e explicou sua preferência por uma monarquia temperada, com poderes separados, onde a primazia do legislativo sobre os demais poderes se impunha por estar respaldada na ação vigilante da população.

Já Rousseau caminhou alguns passos além na restrição aos poderes dos monarcas. Sua teoria do contrato partia de uma população outrora livre e pura, que, não podendo mais subsistir sem interação social, foi se corrompendo e amarrando-se em grilhões impostos por desigualdades sociais (leia-se: desigualdades na distribuição de terras). Surgia a necessidade de um pacto que tentasse restabelecer a liberdade perdida e fizesse impor a “vontade geral”, que não é idêntica à vontade da maioria ou à vontade da totalidade dos cidadãos. Estava criada a figura de uma “pessoa coletiva”, com vontade própria, vontade esta que seria a síntese das mais nobres aspirações populares. E esta “vontade geral” seria a fonte principal do Direito e não o poder transitório dos governantes.

Como chegar a esta “vontade geral” nunca ficou bem explicado. O fato é que, na prática, a “vontade geral” passou a ser a vontade do Estado, “descoberta” pelos governantes de plantão. Estava posto por Rousseau o ovo da serpente coletivista, inspiradora de regimes estatizantes de viés populista.

IV – A Evolução Histórica do Estado

Para entendermos a dimensão atual do que Hobbes chamou de monstro Leviatã, nada melhor que tentar seguir a sua evolução através dos tempos.

As primeiras manifestações de estruturas estatais ocorreram entre 3.000 a.C. e os primeiros séculos da era cristã. Organizava-se o Estado Antigo ou Estado Oriental, assim chamado por surgir, de forma precária, entre os antigos povos do Oriente: chineses, indus, persas, assírios, hebreus, egípcios etc.

Caracteriza-se o Estado Oriental por ser teocrático e politeista. Como o misticismo dominava o pensamento popular e os governantes eram prepostos dos deuses - se não eles mesmos deuses - era enorme a concentração de poderes que permitia a eles, principalmente, coletar impostos e arregimentar exércitos visando as conquistas territoriais e a escravização dos povos vencidos.

Na sequência evolutiva, mas não necessariamente temporal, surge o que se convencionou chamar de Estado Grego, que nada mais era que um conjunto de cidades-Estado (as Polis), unidas pela mesma origem bem como por instituições sociais e religiosas comuns, mas independentes administrativamente. Caracterizou-se o Estado Grego por uma nítida separação entre a religião e a política e pela organização do governo com base numa estrutura composta de assembléias populares, Senado e um corpo executivo que variava de cidade para cidade (dois reis em Esparta e quatro arcontes em Atenas). Estavam aqui plantadas as sementes da democracia moderna.

Segue o Estado Romano, expressão máxima de concentração política e econômica. Nos seus primórdios era monárquico, de base patriarcal, mas evoluiu para a forma republicana, como as polis gregas, ao abandonar a realeza hereditária. Note-se que na república romana o governo era chefiado por dois cônsules eleitos pelos cidadãos e aconselhados pelo Senado. Os ofícios mais importantes eram geralmente exercidos pelos patrícios (descendentes dos fundadores de Roma) com mandatos de curta duração. E a população era consultada sobre as leis e outros assuntos importantes em assembleias realizadas em praça pública. Destaque-se que ao longo do tempo a Constituição romana sofreu sucessivos aperfeiçoamentos para acomodar direitos concedidos aos plebeus.

O regime republicano romano terminou quando, em 44 a.C., depois de uma guerra civil, Otávio, sobrinho de Júlio César, tornou-se imperador. Após durar mais de 5 séculos, finalmente o império caiu (476 d.C.), enfraquecido pelo grande crescimento territorial e tomado por invasões bárbaras.

Seguiu-se, então, ao Estado Romano, o Estado Medieval ou Feudal. Com a desintegração do Império Romano e as invasões bárbaras, houve o abandono das cidades e a fuga da população para o campo em busca de subsistência e da proteção dos grandes proprietários de terra. Ao mesmo tempo que crescia o poder dos senhores feudais, que passaram a ter controle total dentro de seus domínios, crescia também o poder da Igreja e das corporações de ofício atuantes nas cidades livres. Em suma, o Estado feudal caracterizou-se pela sobreposição de centros de poder, pela condição miserável da população e pela consequente aspiração por uma unidade perdida.

Segue-se, ao Estado Feudal, o Estado Moderno. A partir do século XI passa a haver fuga da população oprimida do campo para as cidades, onde esperava encontrar mais liberdade e melhores meios de subsistência. A burguesia cresce com a expansão das cidades e passa a apoiar a unificação do poder em mãos dos reis, já que isto significava paz e segurança para os negócios. Os reis, fortalecidos, se impõem sobre a Igreja romana, sobre os senhores feudais e sobre as cidades. Formam-se, então, por volta do século XV, os primeiros Estados Modernos (Inglaterra, França, Portugal, Espanha etc.), sob a forma de monarquias absolutistas com poder soberano sobre territórios definidos.

A partir da Renascença, no século XVI, cresce paulatinamente a confiança do homem em sua capacidade de encontrar a verdade fora das revelações divinas. Este movimento de libertação do homem encontra apoio na pregação dos grandes pensadores iluministas (séculos XVII e XVIII) no sentido de substituir a fé e a submissão pela razão e pelo questionamento. Na política a resultante desta revolução intelectual foi a criação dos Estados Liberais dos séculos XVIII e XIX, tendo como características básicas o controle do Estado pela Nação, a separação dos poderes, o reconhecimento dos direitos do homem, a representação popular, a adequada prestação de contas de governantes aos governados e a conquista de cidadania plena por grupos outrora alijados das decisões políticas.

Até aqui na História, os Estados tinham dimensões modestas. Suas funções quase que se limitavam à manutenção da ordem, à administração da justiça e à proteção contra agressões externas. Depois da primeira guerra mundial e principalmente a partir da grande depressão dos anos 30 o viés privatista que se estabelecera através da influência de grandes pensadores liberais como Locke, Smith, Hume, Voltaire, Montesquieu, Stuart Mill e Tocqueville deu lugar a uma crescente participação do Estado. As ideias de autores socialistas de diferentes matizes, assim como as ideias de Keynes, passaram a ter, no Estado Contemporâneo, também chamado de Estado Social, influência preponderante. O Estado passava a arrecadar mais impostos e a endividar-se para criar uma rede de proteção social e montar uma estrutura capaz de regulamentar e intervir diretamente na economia. Sua participação no PIB rapidamente cresceu da vizinhança de 20% para atingir a marca de 40% em alguns países, entre os quais o nosso. Com a expansão do Estado crescia também o volume de decisões tomadas no âmbito da política em detrimento das decisões de mercado. Nos dizeres de Delfim Netto, explicitava-se mais que nunca o conflito entre as urnas (democracia) e o mercado.

V – A Legitimação do Estado

Antes de avançarmos, convém passar rapidamente pelo tema da legitimação do Estado. Governantes e teóricos do Estado sempre acharam conveniente dar reforço ao poder derivado do monopólio da força, adicionando argumentos nobres que legitimassem este poder. Hobbes e Bodin baseavam-se no poder divino dos reis. Ao monarca caberia o direito de reinar por vontade de Deus e não por vontade dos súditos. Contrariar o monarca significava contrariar a Deus.

Já na visão de Locke o poder estaria legitimado pela defesa dos direitos naturais - direitos à vida, à liberdade e à propriedade – direitos estes que não teriam como ser preservados sem a ação estatal.

Há também o argumento utilitarista. Numa visão utilitarista, tão ao gosto de economistas, o Estado agiria tendo por objetivo maximizar a utilidade ou felicidade de todos. Teria legitimidade na medida em que o benefício de suas ações superasse o custo representado pelos impostos cobrados da população.

Note-se que os “founding fathers” americanos misturaram argumentos jusnaturalistas e utilitaristas ao fazerem constar da Declaração de Independência os direitos “to life, liberty and the pursuit of happiness”, no que substituíram o “direito de propriedade”, da formulação de Locke, pelo argumento utilitarista da “busca da felicidade”.

Max Weber, por sua vez indica três fontes de legitimidade política: a defesa das tradições do passado por aqueles que representariam estas tradições, o carisma que garante a devoção a um líder virtuoso e/ou heróico e, finalmente, a autoridade racional-legal derivada da crença de que a conquista do poder ocorre em respeito a um código específico de leis escritas. Sobre a legitimidade com base no respeito à lei, Habermas acrescenta o ponto de que o argumento só vale se se supõe a prévia moralidade das normas jurídicas, com o que aparta os conceitos de legalidade e legitimidade.

Finalmente, cabe destacar a argumentação de John Rawls. Segundo o filósofo de Harvard, para decidir sobre o que é justo, indivíduos deveriam ser cobertos por um véu de ignorância que permitisse total abstração sobre suas reais posições na sociedade. Feita a escolha desta forma, a conclusão seria pela prevalência de princípios de liberdade e igualdade. O “contrato social” de Rawls imporia idealmente aos governantes um regime liberal social em que desigualdades só seriam aceitas se pudessem ocorrer em benefício dos mais carentes. Registre-se que as idéias de Rawls sobre as desigualdades foram contestadas por seu colega Robert Nozick. Nozick, um libertário, defende que qualquer desigualdade decorrente de livres escolhas é justa e não deve merecer a preocupação de governantes.

VI – A Intervenção Estatal na Economia

“Uma transação no mercado é um problema político resolvido” (Aba Lerner)

Teóricos da Economia também adicionaram idéias relacionadas ao papel do Estado, indicando situações justificadoras de intervenções corretivas no domínio econômico. A argumentação dos colegas economistas assim se desenvolve: questões econômicas ou são solucionadas através do mercado ou são decididas politicamente pelo voto. Trocas voluntárias e bem informadas no âmbito do mercado são o meio mais eficiente de alcançar soluções. Em princípio, se alguém está disposto a comprar e alguém está disposto a vender, ou em qualquer outro tipo de troca, ambos os participantes ganham e ninguém perde com a transação. Já na solução política, a decisão de maioria gera ganhadores e perdedores e não tem como garantir um “ótimo de Pareto”, onde, hipoteticamente, vencedores seriam capazes de compensar perdedores. Dever-se-ia, portanto, manter reduzido o peso do Estado e só levar para suas instâncias aquelas questões para as quais o mercado muito claramente não encontra soluções adequadas.

Que situações especiais existiriam então que poderiam justificar a intervenção do Estado no livre jogo do mercado? A resposta é que estas “falhas do mercado” apareceriam principalmente no caso de externalidades, no caso dos bens públicos e nos monopólios naturais. Outra possível “falha” diria respeito à alegada incapacidade do mercado, se deixado solto, de impedir movimentos cíclicos recessivos.

As externalidades, que podem ser positivas ou negativas, aparecem quando há divergência entre custos e benefícios privados, de um lado, e custos e benefícios sociais, de outro. Indivíduos ou empresas seriam incapazes de ”internalizar” integralmente os efeitos maléficos ou benéficos de suas ações sobre terceiros e produziriam de mais ou de menos, conforme o caso. A externalidade negativa mais notada é a poluição, que estaria a demandar ações punitivas do Estado sobre quem a emite para que sua “quantidade ótima” seja alcançada. Cabe notar que, em muitos casos de externalidades, quando são baixos os custos de transação, a clara definição e garantia de direitos de propriedade pode ensejar negociações entre as partes interessadas conducentes a um ótimo alocativo. Como nos ensinou Ronald Coase, estaria dispensada, no caso, a intervenção punitiva ou premiadora do Estado.

Bens públicos, por sua vez, são aqueles para os quais o consumo de uns não impede ou prejudica o consumo de outros. Os casos clássicos são os de segurança interna, defesa contra inimigos externos, iluminação pública e parques/praças urbanos. Nestes casos, no âmbito dos mercados privados, seria difícil a cobrança de todos os beneficiados para remunerar adequadamente a produção, já que o “efeito carona” faria com que muitos escondessem seu interesse esperando que outros pagassem pelo bem. Deixados ao sabor do mercado, estes bens então seriam sub-ofertados.

Os monopólios naturais, também são apontados como falhas de mercado. Monopólios naturais ocorrem quando é tecnicamente eficiente ter apenas um provedor do bem. Os casos mais notórios são os de empresas telefônicas, distribuidoras de energia elétrica e empresas de água e saneamento, todas elas caracterizadas por elevadíssimos custos de investimento nas redes de distribuição. Nestes casos, em que se tornaria antieconômica a duplicação das redes, justifica-se ao menos a regulação e controle de tarifas por parte do Estado, para que o poder monopolístico privado não se exerça em sua plenitude. Cabe notar que inovações tecnológicas têm surgido para competir e retirar poder dos monopólios naturais, sendo o telefone celular o exemplo mais notório neste particular.

Finalmente, desde a Teoria Geral de Keynes, soma-se ao rol das “falhas do mercado” a alegada impossibilidade da economia em recuperar-se naturalmente de uma depressão deflagrada por crise de confiança generalizada. Nesta circunstância, o consumo e o investimento privados se retrairiam e só uma ação anticíclica do governo seria capaz de injetar o necessário ânimo para a recuperação. O argumento tem fundamento, mas convém lembrar que as digitais do governo normalmente são encontradas na origem das crises de confiança geradoras de recessões ou depressões. Além disso, não é demais lembrar que o governo, mesmo quando acerta no diagnóstico, geralmente erra no “timing” e na dosagem dos remédios adotados. Frequentemente, as emendas são piores que o soneto!

VII – O Estado no Brasil

A tendência para a criação do Estado, como o conhecemos hoje, formou-se a partir da Grande Depressão dos anos 30. Getúlio Vargas, um governante de viés centralizador e autoritário, aproveitou-se do clima reinante em todo o mundo para dar partida ao nosso processo de estatização. Ao suicidar-se, em 1954, deixou-nos, como legados, entre outros, uma legislação trabalhista inspirada na Carta del Lavoro de Mussolini, o BNDES, o Banco do Nordeste, a Petrobrás, a Vale do Rio Doce, a Cia. Siderúrgica Nacional (CSN) e a Fábrica Nacional de Motores (FNM). Mas a carga tributária, em seus tempos, apenas rondava os 15% do PIB.

Desde então só fizemos expandir a participação direta do Estado na nossa economia, embora seja correto notar que, nos tempos de Geisel, havia mais intervenção estatal indireta e era maior que o de hoje o peso relativo das empresas estatais.

Em seguida ao governo Geisel, o Estado foi reduzindo seu papel de planejador e de empresário, mas, em compensação, os orçamentos públicos, que ocupavam cerca de 25% do PIB em meados dos anos 70, foram crescendo para acomodar uma infinidade de programas. Papel relevante teve, neste aspecto, a nova Constituição de 1988, que estendeu em muito os chamados “direitos sociais”, concentrando obrigações no governo central.

Como consequência desta evolução, as despesas públicas se aproximam, em nossos dias, da marca de 40% do PIB e não é exagero afirmar que nossos governantes já comandam mais da metade do PIB, se também considerados os orçamentos das empresas estatais e de suas fundações previdenciárias.

Outra estimativa importante foi calculada recentemente pelo IBPT (Instituto Brasileiro para o Planejamento Tributário) para o que chamam de carga tributária potencial. Segundo o Instituto, caso não houvesse sonegação, inadimplência e economia informal, a nossa carga tributária atingiria a fabulosa percentagem de 59% do PIB. Ou seja, cidadãos, que agem em perfeito respeito às leis do país, entregam, em média, quase 60% de sua renda para o Estado.

Em termos de estrutura burocrática, o Conselheiro Cid Heráclito tem chamado nossa atenção para a existência de 39 ministérios e 128 autarquias federais, fontes inesgotáveis de leis, decretos, resoluções, portarias etc. a atormentar a vida de cidadãos e empresas.

Mudando o foco para os beneficiários da ação estatal, estima-se que mais de 15 milhões de famílias estejam recebendo recursos do Bolsa-Família e outros programas sociais. Se cada família tiver 3 eleitores, estamos falando de mais de 25% do eleitorado atingido pelos programas. Por outro lado, segundo o IBGE, os funcionários públicos (federais, estaduais e municipais) ativos já são mais de 10 milhões e não param de crescer. Destaque-se que, só de cargos comissionados, o governo federal tem a seu dispor cerca de 23 mil vagas de livre provimento.

Cabe finalmente notar que a União já paga benefícios assistenciais e previdenciários a cerca de 50 milhões de pessoas e que o “Bolsa-Empresário”, turbinado por subsídios concedidos pelos bancos oficiais, principalmente pelo BNDES, já é bem maior que o Bolsa-Família.

Com este quadro geral descrito, temos configurado um enorme risco de natureza econômica e ideológica para o país. É tanta gente empregada pelo Governo, ou com interesses em um Governo forte, que poderemos ter um Estado expansionista para sempre, diante da vontade, traduzida em votos, de uma majoritária e crescente parcela da população.

Outro risco presente é o da baixa alternância de Partidos no Poder. Se uma facção política despudorada está no governo e não tem escrúpulos em aparelhar os órgãos públicos e de usar a força do Estado para a obtenção de apoios do eleitorado, da classe política e de parcela do empresariado, cresce muito a perspectiva de que se possa perpetuar no poder. Ficamos aqui inteiramente dependentes de casos fortuitos, como o “petrolão”, ou de fortes crises econômicas, para que a alternância de poder vire hipótese palpável.

VIII – Considerações Finais

Como vimos, após os eventos magnos que marcaram a primeira metade do século XX, alterou-se significativamente a conformação do Estado Nacional, tanto em tamanho como em atribuições que lhe foram delegadas. As guerras mundiais suscitaram a presença maior do Estado para organizar o próprio esforço de guerra bem como para gerenciar o posterior período de reconstrução. E a depressão dos anos 30 induziu a criação de redes de proteção social (entidades previdenciárias, seguro desemprego etc.) assim como políticas governamentais anticíclicas.

Outra tendência delineada foi a de relativização do conceito de soberania nacional a partir da criação de diversas organizações internacionais para a cooperação entre Estados membros ou para a formação de verdadeiros Estados supranacionais. Liga das Nações, ONU, OTAN, OEA, União Européia, Mercosul, Banco Mundial, FMI, Banco Central Europeu, Corte Internacional de Justiça, etc. etc. são exemplos destas organizações internacionais que disputam poder com os Estados nacionais.

Além disso, o convencimento de que através do Estado poderiam ser eliminados ou atenuados muitos dos problemas humanos propiciou o surgimento de uma infinidade de programas estatais nas mais variadas áreas. Era o “welfare state” se instalando e cobrando uma elevada carga tributária da população.

Poucos se dão conta de que a intervenção estatal pode estar criando mais problemas que os que pretende resolver e que programas devem ser julgados por seus resultados e não por suas intenções. Poucos também têm a consciência de que o Estado - na verdade seus governantes - não deve ter vontade própria, nem deve se situar acima da Nação. E que é apenas um meio de instrumentar a vontade dos cidadãos quando esta vontade não pode ser adequadamente atendida pelo sistema de mercado.

Parece assentado que a democracia, que tomou conta do nosso mundo ocidental, é o melhor (ou menos pior) dos regimes políticos. Mas é fato que ela não consegue impedir um perigoso viés expansionista estatal. De um lado há a crença popular de que governantes são pessoas especiais, mais capazes e bem-intencionados que o cidadão comum para resolver problemas. De outro, há a captura do Estado por grupos de interesse que se organizam em prol do benefício próprio. Para os programas estatais há defensores ardorosos, enquanto que, para quem paga a conta de forma difusa, só resta a sensação de que recebe em benefícios muito menos que paga em impostos. A sociedade que cobra direitos e demanda benefícios crescentes é a mesma que, a partir de um certo ponto, se recusa a pagar mais impostos. A conta da democracia, principalmente em países de baixa educação política, simplesmente não fecha!

Contra esta tendência de inchaço e desequilíbrio nas contas do Estado, só a punição dos mercados parece funcionar. Quando as urnas abusam, as crises econômicas surgem e colocam freios no Estado. Mas é duro depender tanto assim de grandes crises, pois não?

John Kennedy em momento de rara felicidade ensinou que “a fórmula do sucesso não existe, mas a do fracasso é tentar agradar a todos”. Ronald Reagan foi um passo além e declarou que “o Estado não é a solução, é o problema”. Já Margareth Thatcher nos lembrava que “o problema com o socialismo é que um dia o dinheiro dos outros acaba”.

O Estado basicamente distribui recursos de um lado para outro, guardando para si uma gorda fatia. Com sua expansão desmesurada, cada vez temos mais gente dedicada à administração e à geração de privilégios e menos gente voltada à produção. Neste momento histórico em que governantes teimam em desrespeitar as leis maiores da escassez, melhor darmos especial atenção às advertências dos ex-chefes de Estado, colocando rédeas, com urgência, no monstro Leviatã.

Por: Rubem de Freitas Novaes, economista (UFRJ), com doutorado na Universidade de Chicago.

** Palestra realizada em 09 de junho/2015 perante o Conselho Técnico da CNC
Do site: http://ordemlivre.org/

NA CONTRAMÃO DA CRISE, SANTA CATARINA É EXEMPLO PARA OUTROS ESTADOS

Em meio à recessão, Estado projeta crescimento de 1,5% no PIB

Na contramão do cenário de recessão no país, Santa Catarina, ao lado da Bahia, projeta crescimento econômico em 2015. A perspectiva é aumentar o Produto Interno Bruto (PIB) em 1,5%, diante de estimativa de 0,6% do Estado nordestino, conforme dados das secretarias da Fazenda. Das 10 principais economias brasileiras, as duas unidades federativas também têm e melhor relação entre endividamento e receita.

A projeção de crescimento em SC se mantém, principalmente, pelo aquecimento na economia previsto pelos investimentos do Pacto por SC, conforme a avaliação do secretário da Fazenda, Antonio Gavazzoni. Mesmo com a arrecadação fraca e prejudicada pelo cenário do país, o Estado tem conseguido manter ajustado o quadro receita x despesa.


O Estado prevê investimento de R$ 3 bilhões em obras públicas em 2015. Aí estão incluídas ações em áreas como saúde, educação, rodovias, segurança e portos. Hoje, 68% dos recursos do Pacto por SC estão em execução — o pacote total prevê recursos de R$ 10 bilhões. A meta é fechar o ano com 90% do programa em execução.

Gavazzoni avalia que as economias dos três Estados do Sul são semelhantes (fundamentadas no agronegócio, mas com certa diversificação) e que a principal diferença é o cenário de disciplina fiscal. Ou seja: em SC, as despesas cabem dentro da receita. Conforme o secretário, o fato de os governos gaúcho e paranaense estarem "lutando para combater o desequilíbrio fiscal" ajuda SC.Turismo do Litoral Norte comemora movimento com alta do dólar

— Nesse cenário, no Sul do Brasil, acabamos levando uma certa vantagem. No passado, foi o inverso. Santa Catarina hoje é um destino de investimento muito seguro. Aqui, não se fala em aumento de tributos, não se descumprem obrigações, então, isso gera certa segurança jurídica — afirma.

Dever de casa cumprido

A conquista da Bahia e de SC é atribuída ao caminho de redução do endividamento na última década. Em 2005, o passivo da Bahia correspondia a 117% da arrecadação, percentual que caiu para 40% no ano passado. Em Santa Catarina, essa redução foi de 119% para 45%. A média nacional, passou de 153% em 2005 para 107% no ano passado, conforme a Secretaria do Tesouro Nacional.

Para José Carlos de Oliveira, professor de Economia da Universidade de Brasília, Bahia e SC "fizeram o dever de casa" após a primeira renegociação de dívidas com o governo federal, no final da década de 90. Os dois governos, lembra Oliveira, privatizaram seus bancos, o Baneb e o Besc.

O especialista afirma que fatores econômicos também ajudaram os dois Estados a atrair atividades e indústrias para seus territórios os últimos anos.


Principal desafio é a previdência

Vista como o calcanhar de aquiles, a previdência é o assunto a ser resolvido em SC. O déficit anual do governo é de R$ 3,5 bilhões nesse segmento. Para mudar essa realidade, o governo estuda a criação de um regime complementar.

Em março deste ano, Gavazzoni apresentou duas possibilidades de reforma no sistema previdenciário do Estado que estão em estudo junto ao Iprev. A ideia é chegar a uma fórmula conjunta e depois abrir negociação com os sindicatos.

Essas e outras propostas seguem em discussão e devem ser concluídas ainda em 2015, mas ao final, conforme explica Gavazzoni, a decisão de encaminhá-las ou não dependerá muito mais da questão política.

Governador quer reformulação

O governador Raimundo Colombo, em entrevistas, já manifestou publicamente a insatisfação com o atual modelo e a alta despesa gerada.

No ano passado, o valor alcançado pelas contribuições dos ativos e inativos da previdência somaram R$ 1,6 bilhão para uma conta final de R$ 4,2 bilhões.

Os R$ 3,5 bilhões que faltaram saíram direto do caixa do governo estadual (R$ 900 milhões referem-se à contrapartida patronal). Na ponta do lápis, o valor é equivalente a tudo o que foi gasto em 2014 com a saúde.
Cleidi Pereira e Diogo Vargas reportagem@diario.com.br Publicado no Diário Catarinense

terça-feira, 11 de agosto de 2015

AOS SOCIALISTAS, 60 PERGUNTAS DESCONCERTANTES

Abaixo, listo as perguntas que devemos fazer após ouvirmos algumas afirmações socialistas. São perguntas simples e objetivas, porém, que nunca são respondidas. Provocam apenas eufemismos, retóricas, tentativas de desqualificar o autor das perguntas ou simplesmente faniquitos às vezes sentimentais, às vezes agressivos.


1 – O capitalismo exclui os pobres.

Você quer dizer que o capitalismo é o sistema que dedica-se a produzir joias, roupas de grife, carros esportivos e aviões executivos?

2 – O capitalismo gera pobreza.

Essa é a sua conclusão ao comparar a lista dos países de melhor qualidade de vida com a lista dos países com maior liberdade econômica?

3 – O capitalismo cria desigualdades.

Você poderia apontar um regime socialista no qual seus líderes usufruem dos mesmos confortos que a população comum?

4 – O capitalismo não valoriza os esforços do trabalhador.

Como o socialismo valoriza os esforços do trabalhador se ele cobra que todos os trabalhadores de uma mesma categoria devem receber os mesmos salários?

5 – O capitalismo destrói a natureza.

Você consegue imaginar quantas árvores deixaram de ser cortadas desde o surgimento da informática e da internet?

6 – Os bancos exploram as pessoas mais pobres.

Você já comparou o quanto uma pessoa comum paga de anuidade de cartão de crédito em relação ao quanto esta mesma pessoa paga de impostos ao governo num único dia?

7 – A publicidade capitalista induz as pessoas ao consumo.

São as propagandas na TV e os outdoors na rua promovendo a maconha, a cocaína e o crack que fazem as pessoas a consumir essas drogas?

8 – A mídia manipula a população contra o governo.

Em qual sentido, já que a mídia há 12 anos noticia sucessivos casos de corrupção e mesmo assim o PT está em seu 4° mandato consecutivo?

9 – O capitalismo cria necessidades que as pessoas não têm.

Necessidades do tipo… produtos de higiene pessoal, medicamentos, roupas, energia elétrica, meios de comunicação mais confiáveis do que pombos-correios, moradias mais confortáveis do que cavernas, veículos de transporte mais rápidos do que cavalos e armazenamento de dados mais eficientes do que pedras?

10 – O capitalismo oprime o consumidor.

Você quer dizer que o capitalismo oprime as pessoas ao oferecer produtos e serviços cada vez mais variados e a preços cada vez mais baixos?

11 – Os países escandinavos são exemplos de sucesso do socialismo.

Você considera exemplos de países socialistas aqueles que registram as menores participações do Estado na economia, os maiores níveis de liberdade econômica, as maiores taxas de poupança, as legislações que mais garantem a propriedade privada e as políticas que mais restringem a imigração?

12 – Eu falo dos programas sociais desses países.

Se você enxerga que programa social é a mesma coisa que sistema político-econômico, então, devo considerar que você também enxerga como países socialistas Alemanha, Suíça, Canadá, Austrália, Singapura, Japão, Coreia do Sul e, claro, Estados Unidos, já que eles empenham amplos programas sociais?

13 – Como escreveu Marx, o socialismo é inevitável, já que o capitalismo está fadado ao colapso.

Sendo assim, qual a razão do ativismo revolucionário socialista?

14 – Marx foi deturpado.

Você pode explicar como o socialismo científico de Marx seria viabilizado com sucesso sendo que ele ignora completamente o calculo de preços e, em consequência, o princípio da escassez?

15 – A burguesia é egoísta, racista, fascista e homofóbica.

Você se sente uma aberração genética e social por ser branco, nascido e criado na burguesia mas, a despeito disso, tem a mente e o coração voltados apenas para o bem da humanidade?

16 – Os capitalistas são preconceituosos.

Os socialistas não são preconceituosos ao afirmar sobre o caráter e sobre o merecimento das pessoas a partir dos seus endereços e de suas contas bancárias?

17 – Os mais pobres estão se conscientizando sobre os males do capitalismo.

Você poderia apontar alguma pesquisa que mostra que a maioria da população mais pobre não tem ambições capitalistas, que não deseja acumular capital e propriedade?

18 – O liberalismo defende que as grandes empresas tenham liberdade para fazer o que bem entenderem.

Qual foi o último livro de autor liberal que você leu?

19 – Os empresários só pensam no lucro.

Você sabia que para um empresário obter lucro, antes ele precisa pagar salários, fornecedores, impostos, encargos e ainda satisfazer seus clientes?

20 – Os empresários nunca pagam salários justos.

Você não acha que já está na hora dos socialistas montarem suas próprias empresas e começar a produzir de acordo com as relações de trabalho que eles tanto pregam?

21 – O Estado tem que cobrar mais impostos dos mais ricos.

Você aceitaria que o condomínio onde você mora decidisse cobrar mensalidades e taxas proporcionais à renda de cada morador?

22 – O governo faz bem ao gerar emprego em sua própria máquina administrativa.

Você aceitaria que o condomínio de seu prédio contratasse ascensoristas?

23 – O trabalhador tem que ter estabilidade de emprego, não pode ficar a mercê da vontade do patrão.

Você contrataria alguém que não possa demitir?

24 – A iniciativa privada corrompe o Estado.

Seguindo este raciocínio, o policial corrupto deve ser tratado como vítima?

25 – O capitalismo corrompe a arte.

Você já procurou saber que a grande maioria dos eventos e projetos culturais são bancados pelo governo?

26 – O governo tem que proteger a sociedade do capital financeiro.

Quem protege a sociedade do governo?

27 – O Estado tem que proteger a sociedade dos monopólios privados.

Quem protege a sociedade do monopólio estatal?

28 – A iniciativa privada também comete seus abusos e oferece maus serviços.

O que lhe causaria mais indignação: ser assaltado por um ladrão qualquer ou por um policial?

29 – Enquanto o Estado não controlar os principais meios de produção, a sociedade será refém da ganância e da corrupção dos capitalistas.

Quem garantiria à sociedade que os agentes do governo que viessem a controlar os principais meios de produção não seriam igualmente ou mais gananciosos e corruptos que àqueles que viessem a ser depostos?

30 – É papel do Estado promover a justiça social.

Como o Estado conseguiria saber o que cada indivíduo merece?

31 – Não é justo uns poucos terem muito enquanto a maioria tem tão pouco.

Quando você passa por um bairro rico e por um bairro pobre você consegue, só de olhar, saber que todos os moradores do primeiro são pessoas de péssima índole e que todos os moradores do segundo são pessoas dotadas de caráter admirável?

32 – A diminuição da maioridade penal não diminuirá a violência urbana.

Devemos, então, deixar solto um assassino, já que sua prisão não resolveria o problema da violência urbana?

33– A violência urbana é uma reação das classes mais baixas à ostentação burguesa.

Sob esta ótica, o estupro é uma reação dos homens solitários à forma sensual com a qual algumas mulheres se vestem?

34 – Todos têm direito a vida.

Por que, então, cada indivíduo não pode defender sua própria vida?

35 – A liberação do porte de armas aumentaria a violência.

Seguindo seu raciocínio, se liberarem o consumo de drogas como você defende, mais pessoas passariam a se drogar?

36 – Todos têm direito a educação, saúde, moradia, alimentação, lazer e transporte.

E se todos resolverem parar de trabalhar e esperar que o governo lhes ofereça tudo isso?

37 – As mulheres devem ter mais espaço na política.

Elas querem?

38 – A ditadura militar brasileira foi financiada pelos Estados Unidos.

Os grupos que lutavam contra a ditadura brasileira eram patrocinados por quem?

39 – Os interesses coletivos devem prevalecer sobre os interesses individuais.

Sendo assim, uma sociedade de maioria homofóbica tem o direito de intimidar, perseguir e matar gays?

40 – O socialismo luta pelos direitos dos gays, dos negros e das mulheres.

Por que, então, os socialistas repudiam os Estados Unidos, o país governado por um negro de origem pobre, onde os gays e as mulheres mais gozam de liberdade?

41 – Todos devem ser tratados igualmente.

Por que, então, vocês cobram tratamento especial a gays, negros, mulheres e líderes dos movimentos de esquerda?

42 – Cobrar o fim da CLT é uma atitude fascista.

Mas a CLT não foi criada por Getúlio Vargas, o ditador brasileiro que inspirou-se em Mussolini, o ditador fascista italiano?

43 – Eu só quero que mais pessoas tenham acesso aos produtos, serviços e tecnologias produzidas pelo capitalismo.

Como o socialismo espera atingir esse objetivo agindo contra o capitalismo?

44 – A pobreza na África é resultado do capitalismo.

Você quer dizer que antes a África era um próspero continente povoado por inúmeras tribos que amavam umas as outras?

45 – O governo deve controlar o lucro das empresas.

E se os donos das empresas não aceitarem?

46 – O Estado deve intervir para fazê-las funcionar em função do interesse social.

Lembrando que isso já foi feito em muitos países e deu tragicamente errado em todos eles, qual a garantia de que com vocês tudo seria diferente?

47 – Não sou comunista.

Como você enxergaria alguém que vota e defende pessoas e partidos que realizam eventos e fazem referência positiva a ideias, personagens e símbolos nazistas?

48 – Cuba foi vítima do embargo econômico dos Estados Unidos.

Lembrando que uma das principais ideias da Revolução Cubana era o rompimento das relações comerciais com os Estados Unidos, por que Cuba não se desenvolveu economicamente relacionando-se com outros países?

49 – A medicina de Cuba é muito avançada.

Onde são fabricados os equipamentos utilizados na medicina cubana?

50 – A educação cubana é uma das melhores do mundo.

Ao cidadão cubano, para que lhe serve a educação?

51 – Ninguém morre de fome em Cuba.

Cuba é uma ditadura do bem?

52 – Eu não defendo o governo de Cuba, nem da Venezuela.

Quais suas críticas aos dois governos?

53 – Eu apoio a Rússia, o Irã e a Palestina apenas por eles fazerem frente ao imperialismo norte-americano.

Então você, que defende a causa dos gays, dos negros e das mulheres apoia governos oficialmente homofóbicos, racistas e machistas apenas por eles fazerem frente aos Estados Unidos, aquele país construído por imigrantes, cuja presidente de sua maior empresa privada é uma transexual?

54 – É hipocrisia crucificar o PT. Não foi ele quem inventou a corrupção.

Devemos, então, deixar solto um estuprador, já que não foi ele quem inventou o estupro?

55– O PT reduziu drasticamente a pobreza no Brasil.

Considerando que o governo do PT estabeleceu que uma pessoa só deve ser qualificada como pobre se tiver renda abaixo de R$ 291, em qual classe social você enquadra o porteiro do prédio onde você mora?

56 – O PT é vítima de uma conspiração das elites capitalistas.

O PT é inocente de quais acusações?

57 – Não há base legal para um processo de Impeachment contra Dilma.

Você pensaria da mesma maneira se as mesmas acusações pesassem sobre um presidente da república de um partido não alinhado à suas convicções ideológicas?

58 – O governo FHC quebrou o Brasil.

Devo concluir que você reconhece os governos Sarney e Collor-Itamar como ótimas administrações?

59 – As classe mais baixas reconhecem que foi graças ao PT que elas melhoraram de vida.

Você conhece a pesquisa realizada pelo Instituto DataFavela em 63 favelas brasileiras, na qual comprova-se que apenas 4% de seus moradores afirmam ter melhorado de vida por causa de programas do governo?

60 – Não sou petista.

De quais acusações o PT é culpado?

Por: Por João Cesar de Melo Do site: http://www.institutoliberal.org.br/blog/aos-socialistas-60-perguntas-desconcertantes/