segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

QUEM É SUSTENTÁVEL?


Quem é sustentável? Brasil tem 62% de cobertura florestal, França apenas 31%, e Marrocos só 2% 

O Brasil possuía 519 milhões de hectares de cobertura florestal, em 2000, de acordo com dados do www.globalforestwatch.org. Isso representa 62% de cobertura florestal. Confira os dados abaixo:


Primária: nenhuma indicação visível de atividade humana ou distúrbio ecológico significativo;

Naturalmente regenerada: floresta naturalmente regenerada de espécies nativas, com indicações claras de atividades humanas;


Plantada: floresta estabelecida através do plantio.


Fonte: FAO, 2015.

O setor florestal contribuiu com US$ 22,5 bilhões à economia em 2011, que é aproximadamente 1,1% do PIB.

Além disso, 722 mil pessoas são diretamente empregadas pelo setor florestal, de acordo com dados de 2011 da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO).

Em 2010, a taxa de reflorestamento foi de 519 kha/ano.

Comparação

França

A título de comparação, a França, que foi sede da Conferência do Clima de Paris, oficialmente conhecida como a 21ª Conferência das Partes (ou COP-21) da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas, possuía 31% de cobertura florestal no ano 2000 (17 milhões de hectares), como mostra a figura abaixo:




Marrocos

Já o Marrocos, sede da Conferência das Nações Unidas sobre o Clima desse ano (COP-22) possuía apenas 2% de cobertura florestal no ano 2000 (649 mil hectares), como mostra a figura abaixo:






Veja abaixo, uma comparação entre os três países:




Você pode acessar um mapa interativo com os dados de todos os países clicando na imagem abaixo:




Fonte: http://www.globalforestwatch.org, traduzida e adaptada pela Equipe BeefPoint.

domingo, 1 de janeiro de 2017

A CONFUSÃO DO VEGANISMO


Um dos grandes problemas ambientais é que as verdades se movem arrastando-se lentamente pela selva, enquanto as mentiras voam rápido pelo céu. Outro dos problemas é que, das boas intenções, podem-se tomar más decisões.

Por isso, dedico esse artigo a quem deixou de se alimentar com carne por compaixão ou solidariedade com os animais. Não o dirijo, então, a quem evita seu consumo por motivos nutricionais, filosóficos ou religiosos. Tampouco será apto para fanáticos, fundamentalistas ou para quem não duvida de suas crenças e opiniões. Não pretendo ferir ninguém.

Há pessoas que acham que, ao evitar o consumo de carne, não matam animais. Tenho uma péssima notícia para elas: isso não é verdade. O mais inocente prato de arroz ou um simples pedaço de pão também implica um impacto mortal para muitos animais. Que a gente não possa ver ou saber é outro assunto, mas a morte está presente de um modo inevitável.

Não existe o desenvolvimento humano com impacto ambiental zero: para que nós possamos viver, muitas formas de vida devem morrer. Essa afirmação é chocante, mas é uma das verdades mais óbvias da ecologia, que é a ciência que estuda as relações dos seres vivos entre si e com seu ambiente.


Vegetariano ou onívoro

Esclareço que fui vegetariano. Em minha adolescência, acreditava que era uma forma de evitar o sofrimento e a morte dos animais. Depois de alguns anos, voltei a ser onívoro. Explicarei os motivos, advertindo que não pretendo converter ninguém a nenhuma filosofia ou estilo de vida. Somente busco levantar informações, impressões e experiências para ajudar quem quiser revisar suas decisões alimentícias com implicações ambientais.

O que me fez mudar de opinião e de conduta? A constatação da realidade ambiental no terreno e, fundamentalmente, a comparação dos campos onde se produzem nossos alimentos. Por isso, proponho a vocês repetir o exercício. Visitem um campo de produção pecuária e outro de produção agrícola na mesma região e anotem a diversidade de formas de vida que veem em cada um deles. Esse exercício se pode fazer registrando somente a presença de aves, anfíbios, repteis, peixes, mamíferos, mariposas, fungos ou plantas, ou de todos esses grupos.

O resultado será inequívoco: um cultivo (soja, trigo, milho ou arroz, para citar os mais difundidos) não convivem com muito mais que si mesmo. Inclusive, acontece isso com a horta mais orgânica do mundo. As espécies animais não somente não são benvindas, mas também, nos cultivos não orgânicos (a maioria), são combatidas com biocidas ou agrotóxicos, quando não, tiros ou outras formas de luta para evitar a presença de predadores que causam danos ou perdas econômicas.

Uma das impressões mais contundentes foi o contraste entre a abundante vida silvestre dos estuários e córregos do nordeste argentino com as plantações de arroz vizinhas. Nessas últimas, não havia lugar para capivaras, veados do pântano, lontras, boas curiyú, garças, galeirões e patos.
Para cultivar arroz, os estuários, os córregos e os riachos são drenados para que se derive sua água e, muitas vezes, terminam secos ou mortos, sem vida. Como se empobrecem ou destroem esses ambientes naturais, muitos animais silvestres desamparados buscam refúgio ou comida nos cultivos que os estão substituindo. E assim se desata um segundo golpe. Para evitar que as aves ou mamíferos comam os grãos ou brotos, são espalhadas sementes envenenadas ou se trazem caçadores selvagens ou, ainda, são dados tiros de chumbo (também contaminante). Ninguém que saiba disso pode dizer que, por não comer carne e se alimentar com arroz, por exemplo, não se matam animais.

Claro, a morte é diferente, porque ocorre mais longe, de um modo difícil de ver e variada em sua forma (alterando o ambiente, envenenando ou disparando balas). Uma característica fundamental é que não se matam pontualmente os animais domésticos a consumir (para os que têm uma sensibilidade mais desenvolvida), mas sim, uma enorme quantidade de animais de uma grande diversidade de espécies silvestres: desde invertebrados até peixes, anfíbios, répteis, aves e mamíferos. Esses impactos se tornam “invisíveis” à distância de uma grande cidade e, em consequência, são pouco emotivos. E o que não emociona, não é evocado.

Por desconhecimento, então, tem-se muito mais sensibilidade pelos animais domésticos que pelos silvestres (como se esses últimos tivessem menos direitos), quando o nível de preocupação deveria ser inverso. Diferentemente do que ocorre com as variedades domésticas, as espécies silvestres que se extinguem não têm reposição. Esse disparate tem um correlato coerente, ainda que irracional. Entre muitos vegetarianos e veganos, há dor ou lamento constante pela morte de animais domésticos (que vale a pena esclarecer, estão fora de perigo de extinção, porque são criados em grande escala) e um silêncio sepulcral diante da morte da variedade de indivíduos de espécies diferentes da fauna selvagem. Ou, o que é pior, diante do desaparecimento do ambiente em que convivem milhares de formas de vida, muitas vezes, de espécies ameaçadas.

Pecuária e agricultura

Por outro lado, com relação à pecuária, quando se pratica de um modo extensivo (ou seja, a campo), podem-se ver garças, rãs, cobras, peixes, gambás, raposas, gatos selvagens, doninhas, perdizes, fungos e muitas outras formas de vida entre os bovinos, os ovinos de lã ou cavalos. E se for realizada sobre pastos nativos, é possível a convivência até com espécies ameaçadas, como veados das pampas e tesoura-do-campo.

Porém, a pecuária vem cedendo terreno à agricultura. E, de fato, a expansão da fronteira agrícola (junto com a urbana) vem sendo há décadas a principal ameaça para a natureza argentina, dado que vão arrasando com nossos bosques, selvas, montes, savanas, estuários e pastos para substitui-los por campos de cultivo. Se a humanidade se tornasse vegana, para a natureza seria uma tragédia.

Está claro que, de uma forma ou de outra, a humanidade deve se alimentar e isso gera inevitavelmente um distúrbio na natureza, seja para substitui-la ou para intervir nela. E quando nossa população cresce com faz há séculos, de um modo irresponsável ou desentendido da capacidade de carga do planeta, a agricultura se transforma no mecanismo mais fácil para fornecer alimentos em grande escala e, em consequência, com grande impacto ambiental.

Já existem formas mais amigáveis de cultivar, mas não se praticam em grande escala e menos no contexto de crescimento populacional mundial.

Também existem formas menos sangrentas de matar os animais, mas quando se é sensível, até a eutanásia programada dói. O certo é que existem técnicas para aplicar uma “morte humanitária”, que é imediata, evitando maus-tratos, crueldade e agonia. Se aplicadas nos matadouros ou “criadouros”, poderia evitar os maus-tratos e a agonia que caracteriza muitos deles. Oxalá tivesse essa oportunidade os milhares de animais silvestres que morrem cotidianamente envenenados pelo uso de agroquímicos, gravemente feridos ou baleados por caçadores associados com a defesa dos cultivos ou os que ficam famintos e sem refúgio, porque seu ambiente foi arado.

Para evitar que se matem animais, a única solução é deixar de comer. Já vimos que qualquer dieta capaz de nos sustentar acarreta mais mortes do que imaginamos. Um dos grandes temas a resolver em escala mundial é como transformar a atual produção industrial de alimentos em um modelo compatível com a conservação dos espaços silvestres. Não somente praticando agricultura e pecuária sustentáveis, mas também, sendo mais humanitários com as demais formas de vida.

Esse caso exemplifica o quanto é difícil catalogar de “branco” ou “negro” um tema ambiental. A realidade tem abundantes tonalidades de “cinzas” e é mais complexa, à medida que nos aprofundamos nela. A princípio, parece ingrato fazê-lo porque – sem anestesia – destrói ideias utópicas próprias de um mundo ideal. Assim, concluiremos em escolher a opção menos ruim em lugar da melhor.

Nosso mundo real é imperfeito e não temos outro. É difícil mudar se nós não mudarmos. O historiador escocês, Thomas Carlyle (1795-1881) deixou uma reflexão oportuna para essa situação: “Que esta é uma época ruim? Pois bem, estamos aqui para torná-la melhor”. Se aceitarmos o desafio, torna-se inevitável parar e contrastar ideias e realidades para tomar decisões inteligentes e boas.
Por Claudio Bertonatti, museólogo, docente da Cátedra Unesco de Turismo Cultural, Escola Argentina de Naturalista e da Universidade do Museu Social Argentino. Conselheiro da Fundação Ambiente e Recursos Naturais (FARN) e assessor da Fundação de História Natural “Féliz de Azara”, para o Notícias Agropecuárias, traduzida pela Equipe BeefPoint.
Do site: http://www.beefpoint.com.br/

sábado, 31 de dezembro de 2016

SOCIEDADE IGUALITÁRIA - QUE DIABOS É ISSO?


A justiça, ao lado da liberdade e do desenvolvimento socioeconômico, são as principais vítimas do igualitarismo. 


Recentemente (eu continuo impressionado com o fato) uma turma de ministros do STF, argumentando em defesa do direito de abortar, alinhou o princípio da igualdade, que seria ferido gravemente pelo fato de que só a mulher engravida... A igualdade (justiça, para aqueles que impropriamente assemelham os dois conceitos) exigiria, em favor da mulher, o direito de abortar. A ideia do igualitarismo, da sociedade igualitária, está produzindo loucuras. É como se todas as diferenças, inclusive as determinadas pela natureza, devessem ser corrigidas, declaradas fora da lei, inconstitucionais, com vistas ao império final de um determinado conceito de Justiça.

Outro dia, lendo uma dessas revistas que se debruçam sobre as exuberantes prodigalidades do beautiful people, me vi diante da instransponível desigualdade entre o meu padrão de vida e o daqueles personagens. Dei-me conta, simultaneamente, de que bilhões de pessoas, se tivessem a possibilidade de olhar para mim – para mim! – experimentariam a mesma sensação. Armei-me de coragem e fui adiante nas divagações. Pensei em tantas habilidades notáveis, como as reveladas nas piruetas de um atleta olímpico, no escrutínio dos sentimentos humanos por um bom poeta, no arrebatador desempenho de um bom ator, na virtuosidade de um pianista consagrado (e fico por aqui porque a lista é inesgotável). Em todos sobram capacidades que não só me faltam como me fazem falta. Eu gostaria de tê-las! No entanto eu, o atleta, o ator, o bilionário, o virtuose e o poeta, somos iguais. "Iguais em quê?", perguntaria – carteiro de minhas próprias mensagens – ao Eterno Poeta. Iguais naquilo que mais conta e não nessas coisas de pouca monta, responderia Ele, porque os poetas, às vezes, dizem frases assim, irônicas, metafísicas, de pé-quebrado com a cadência mundana. Sim, muitos se desconcertam com a disparidade entre o deserto e a várzea, quer estejam na natureza ou nas habilidades do corpo e do espírito.

Ao criar com tão caprichosa variedade, Deus expressa desígnios que relutamos em aceitar. Diante da desigualdade, é comum, por exemplo, cairmos em uma ou outra de duas tentações. Na primeira, incorrem aqueles que sonham com essa ISO 9001 da qualidade humana, onde todos seriam perfeitos e haveria, pela engenharia genética e pela engenharia social, equânime provimento dos atributos que valorizamos, como beleza, saúde, inteligência, força. Várias utopias foram construídas sob essa inspiração, confundindo a igualdade de direitos e a igualdade perante a lei, com igualdade por força de lei. Levadas às vias de fato, redundaram em povos privados de seus bens e de sua liberdade, sob cruentos totalitarismos que beneficiaram suas elites políticas com os confortos da vida fácil. Na segunda tentação, incorrem aqueles que, revogando por conta própria o Mandamento do Amor, desconhecem a igual dignidade de todos os filhos de Deus, a solidariedade como virtude, e se deixam conduzir pelo egoísmo.

Uma ordem social justa nada tem a ver com sociedade igualitária. A justiça, ao lado da liberdade e do desenvolvimento socioeconômico, são as principais vítimas do igualitarismo. Embora seja apresentado como suposta virtude estatal, ele é mera arrogância política que afronta a Criação e o Plano de Deus.
Por: Percival Puggina   19 de dezembro 2016 
http://puggina.org  Do site: http://www.midiasemmascara.org/

quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

PARA EVITAR DOUTRINAÇÃO, FILOSOFIA SÓ DEVE SER ESTUDADA AOS 30 ANOS

1. Tempos atrás, um amigo brasileiro contava-me que a filosofia poderia desaparecer do ensino médio. Verdade? Mentira? Espero que seja verdade. A minha posição sobre essa matéria é simples e antiga: a filosofia é inútil (já explico) e só deve ser estudada a partir dos 30 anos. Exatamente como Platão aconselhava.


Aliás, por falar em Platão, confesso que a melhor parte da sua "República" lida com questões educacionais (e os vitorianos, nesse quesito, sabiam do que falavam). Adaptando livremente o espírito do filósofo, seria importante começar pelo básico (ler, escrever, contar). Depois, cultivar a ginástica e a música (tradução: desenvolver o corpo e refinar o espírito).

As artes militares viriam a seguir (algo que poderia ser substituído, para os pacifistas, por serviço cívico obrigatório –limpar ruas, ajudar os mais pobres etc.).
Binho Barreto/Folhapress 

Por último, e antes da filosofia, as ciências "duras" (matemática, geometria etc.). As vantagens desse currículo são óbvias: o indivíduo chegaria à idade da razão –que, como se sabe, começa perto dos 30 – com o mínimo de doutrinação ideológica possível.

Além disso, o meu estudante ideal iniciaria os seus estudos filosóficos depois de ter sofrido algumas cicatrizes fundamentais que só a idade permite. Grandes paixões. Grandes perdas. A necessidade básica de ganhar a vida e pagar as contas. O confronto pessoal com a coragem e a covardia, a bondade e o ressentimento. A doença –sua ou dos outros. A consciência plena da mortalidade.

Só então poderia iniciar a leitura e a conversa –sim, por essa ordem: leitura, conversa– com os textos filosóficos fundamentais que sobreviveram às modas do tempo.

E quando lhe perguntassem para que serve a filosofia, ele responderia com novas perguntas: "E para que serve a grande pintura? Ou a grande escultura?".

Citando o título, e apenas o título, do filósofo espanhol Daniel Innerarity, a filosofia seria vista como uma das belas artes. E, como acontece com a grande arte, a sua "utilidade" nunca poderia ser confundida com a utilidade da ciência ou da técnica. A filosofia vale por si própria –pelo prazer do conhecimento e do pensamento sobre a condição humana.

O contrário desse percurso, como hoje se vê, é chegar aos 30 anos com a cabeça em avançado estado de decomposição pela quantidade de propaganda política que é vendida como "filosofia" a crianças indefesas. Ainda estamos a tempo de evitar este crime.

2. As mídias sociais estão inundadas por notícias falsas. E notícias falsas levam os leitores a atos tresloucados –um deles, informa esta Folha, entrou numa pizzaria de Washington e começou a disparar. Parece que a pizzaria servia de fachada para uma rede de pedofilia liderada por Hillary Clinton, diziam as "notícias". Felizmente, não houve mortes.

Leio sobre este admirável mundo novo e penso em Nelson Rodrigues. Eu sei: ando obcecado por ele. Paciência. Sou obrigado a repetir aqui o que não me canso de escrever em todo lado.

Nelson Rodrigues é admirável por muitas razões: a beleza da prosa, as obsessões do autor, os aforismos fulminantes e aquela deliciosa "escrita corretiva", que avança e recua ao sabor do pensamento –e das teclas da máquina.

Mas se tivesse que escolher um tema que ocupava e preocupava Nelson com a força de "uma tempestade de quinto ato de Rigoletto", seria a emergência e a onipresença do idiota.

Escrevia Nelson que, antigamente, o idiota conhecia a sua própria idiotia. Sentia certa vergonha. Caminhando pela rua, encostava na parede e, com deferência, deixava passar quem não era idiota.

Mas certo dia houve um membro da espécie que ganhou coragem, subiu no caixote e resolveu testar a humanidade com as suas proclamações idiotas.

Surpresa: os restantes idiotas saíram dos seus buracos e constataram que o mundo era deles. Numericamente falando, as existências clandestinas não tinham razão de ser.

Os idiotas tomaram conta de tudo –governo, empresas, hospitais, universidades. E os outros, que não eram idiotas, passaram a fingir-se idiotas por medo dos verdadeiros idiotas.

Nelson Rodrigues escreve essa epopeia com a força e a beleza de um Wagner. E eu só lamento que nunca tenha existido um compositor e um libretista para levar ao palco esta ópera fortemente visual, visceral, universal. E mais contemporânea do que nunca.

Pode ser que as notícias falsas sejam o estímulo que faltava. 
Por: João Pereira Coutinho Publicado na Folha de SP

O SUICÍDIO DA ALEMANHA

- Dos 1,2 milhões de migrantes que chegaram à Alemanha em 2014 e 2015 apenas 34.000 encontraram trabalho.

- Nada melhor descreve o estado atual da Alemanha do que o triste destino de Maria Landenburger, uma adolescente de 19 anos de idade, assassinada no início de dezembro. Maria Landenburger, membro de uma organização de ajuda aos refugiados, estava entre aqueles que acolheram migrantes em 2015. Ela foi estuprada e assassinada por um dos indivíduos que estava ajudando. A família dela pediu a qualquer um que quisesse prestar uma homenagem à sua filha que doasse dinheiro para as associações de refugiados, para que mais refugiados pudessem vir para a Alemanha.

- A lei que condena o incitamento ao ódio, que supostamente se destina a impedir o retorno às ideias nazistas, é usada como uma espada contra qualquer um que se manifeste de forma mais dura em relação à crescente islamização do país.

- A grande maioria dos alemães não quer enxergar que a Alemanha está em guerra porque um inimigo implacável declarou guerra contra eles. Eles não querem enxergar que foi declarada guerra contra a civilização ocidental. Eles aceitam a derrota e docilmente fazem o que os jihadistas lhes dizem para fazer, eles se curvam.

- Se Angela Merkel não vê a diferença entre judeus sendo exterminados pelos nazistas e muçulmanos que ameaçam exterminar cristãos, judeus e outros muçulmanos, ela é ainda mais ignorante do que parece.
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O ataque em Berlim de 19 de dezembro de 2016 era uma tragédia anunciada. A chanceler alemã Angela Merkel criou as condições que o tornaram factível. Cabe a ela uma enorme responsabilidade. Geert Wilders, membro do Parlamento da Holanda e um dos únicos líderes políticos com clara visão da Europa, a acusou de estar com as mãos sujas de sangue. Ele está certo.

Quando Merkel decidiu abrir as portas da Alemanha para centenas de milhares de muçulmanos do Oriente Médio e de países mais distantes ainda, ela deveria estar ciente que havia jihadistas escondidos nas multidões que inundaram o país. Ela também deveria saber que a polícia alemã não tinha condições de controlar o turbilhão de pessoas que entraram no país e que seria rapidamente sobrecarregada pelo número de pessoas que teria que controlar. Mesmo assim ela abriu as portas.

Quando ocorreram centenas de estupros e ataques sexuais em Colônia e outras cidades da Alemanha na véspera de Ano Novo do ano passado, ela assinalou que os responsáveis devem ser punidos", independentemente da sua origem", mas ela não mudou sua política. Quando os ataques ocorreram em Hanover, Essen, Wurzburg e Munique, ela demorou a verbalizar alguma coisa e na sequência pronunciou frases com palavras cuidadosamente calculadas no tocante à "necessidade" de combater o crime e o terror. Ainda assim ela não mudou a política.

Ela só mudou seu posicionamento recentemente, ao que tudo indica, porque quer se candidatar novamente em 2017 e viu sua popularidade em declínio.

Os comentários que ela fez imediatamente após os ataques de 19 de dezembro foram entorpecedores. Ela realçou que "se o criminoso for um refugiado" será "muito difícil de suportar" e será "particularmente repugnante para todos os alemães que ajudam os refugiados diariamente".

Comentários dessa natureza poderiam simplesmente ser considerados ingênuos se tivessem sido proferidos por alguém não informado, mas Angela Merkel não tem essa justificativa. Ela não podia ignorar os alertas dos serviços secretos alemães e norte-americanos dizendo que terroristas do Estado Islâmico estavam escondidos entre os refugiados e que estavam planejando usar caminhões em ataques relacionados ao Natal. A situação que os alemães estão suportando por mais de um ano tem sido extremamente complicada. A criminalidade "disparou", doenças extintas há décadas foram trazidas ao país e não há vacinas - por terem sido descontinuadas há tanto tempo - segundas moradias estão sendo desapropriadas pelo governo para abrigar migrantes sem nenhum tipo de compensação e assim por diante. Não demorou muito para se descobrir que o principal suspeito do ataque em Berlim era um requerente a asilo que morava em um abrigo para refugiados.

Em outro país Merkel estaria envergonhada e inclinada a renunciar, na Alemanha ela está concorrendo à reeleição.
A população alemã envelheceu e a taxa de natalidade é perigosamente baixa: 1,38 filhos por mulher. Os imigrantes estão substituindo a população alemã que está desaparecendo pouco a pouco. Os alemães que estão morrendo são cristãos ou mais frequentemente secularistas não religiosos. Como acontece em toda a Europa o cristianismo está desaparecendo, os imigrantes que estão substituindo os alemães são muçulmanos.

A economia alemã ainda é forte, mas está perdendo força. Retornos sobre o capital investido estão em declínio. Justamente numa época em que o capital humano é a principal fonte de lucros, o capital humano alemão está em colapso: indivíduos de países subdesenvolvidos não têm condições de substituir com facilidade os alemães altamente qualificados. A maioria não tem qualificação para ingressar no mercado de trabalho, recém-chegados permanecem por muito tempo desempregados e dependentes do Estado. Dos 1,2 milhões de migrantes que chegaram à Alemanha em 2014 e 2015 apenas 34.000 encontraram trabalho. A taxa de desemprego é baixa porque há uma crescente falta de emprego: hoje 61% dos alemães estão na faixa entre 20 e 64 anos de idade. Estima-se que em meados deste século esse número cairá para 41%.

Discursos de propaganda politicamente correta, que são inesgotavelmente transmitidos na Alemanha - assim como no resto da Europa - nunca falam da demografia. Em vez disso, eles refutam qualquer evidência de que a economia alemã não está indo bem. Eles também dizem que o Islã e o cristianismo são equivalentes, eles estão obstinadamente cegos diante do fato do Islã ser mais do que uma religião: é um sistema político, econômico e moral que engloba todos os aspectos da vida e nunca coexistiu por um período razoável ou de maneira pacífica em uma cultura diferente da sua. Esses discursos ignoram quase por completo a ascensão do Islã radical e do terrorismo jihadista. Em seu lugar argumentam que o Islã radical é uma seita marginal e que o terrorismo jihadista recruta unicamente lobos solitários ou doentes mentais. Acima de tudo, repetem constantemente que qualquer crítica à migração ou ao Islã é humilhante e racista.

A população alemã está intimidada pelo medo, tanto pelo comportamento antissocial de muitos migrantes como pelo patrulhamento ideológico policial de seu próprio governo. Muitos alemães sequer se atrevem a falar. Aqueles que usam o transporte público resignam-se aos insultos. Eles abaixam a cabeça e fogem para o refúgio de suas casas. Idas a restaurantes e teatros despencaram drasticamente. As mulheres se resignaram a usar roupas "discretas" e têm o cuidado de não saírem sozinhas. Protestos organizados pelo PEGIDA (Europeus Patriotas contra a Islamização do Ocidente) nunca atraíram um grande número de indivíduos depois que uma fotografia de seu fundador foi divulgada na qual ele aparecia estilizado como Hitler.

O partido Alternativa para a Alemanha (AFD), que exige a suspensão da imigração muçulmana para a Alemanha e continua angariando votos, no entanto, segue sendo um partido minoritário. A lei que condena o incitamento ao ódio (Volksverhetzung), que supostamente se destina a impedir o retorno às ideias nazistas, é usada como uma espada contra qualquer um que se manifeste de forma mais dura em relação à crescente islamização do país.

Em 20 de dezembro Angela Merkel foi depositar rosas brancas na cena do ataque ao mercado de Natal. Milhares de alemães fizeram o mesmo. Muitos trouxeram velas e choraram. Mas a raiva e a vontade de combater a ameaça continua praticamente ausente. Depois de algumas semanas, a página será virada - até que aconteça de novo.

Nada melhor descreve o estado atual da Alemanha do que o triste destino de Maria Landenburger, uma adolescente de dezenove anos de idade, assassinada no início de dezembro. Maria Landenburger, membro de uma organização de ajuda aos refugiados, estava entre aqueles que acolheram migrantes em 2015. Ela foi estuprada e assassinada por um dos indivíduos que estava ajudando. A família dela pediu a qualquer um que quisesse prestar uma homenagem à sua filha que doasse dinheiro para as associações de refugiados, para que mais refugiados pudessem vir para a Alemanha.

A grande maioria dos alemães não quer enxergar que a Alemanha está em guerra porque um inimigo implacável declarou guerra contra eles. Eles não querem enxergar que foi declarada guerra contra a civilização ocidental.

Eles aceitam a derrota e docilmente fazem o que os jihadistas lhes dizem para fazer, eles se curvam.

Ao analisar o ataque de 19 de dezembro na feira natalina, o jornalista alemão Josef Joffe, editor do Die Zeit, explicou a decisão de Angela Merkel de acolher os refugiados como "um ato de expiação" e uma maneira de acolher uma população ameaçada sete décadas depois do Holocausto. Ele também explicou a passividade de muitos alemães movidos por um sentimento de culpa coletiva.

Se Joffe estiver certo, se Angela Merkel não vê a diferença entre judeus sendo exterminados pelos nazistas e muçulmanos que ameaçam exterminar cristãos, judeus e outros muçulmanos, ela é ainda mais ignorante do que parece.

Se muitos alemães estão repletos de culpa coletiva a ponto de quererem compensar o que a Alemanha fez aos judeus acolhendo centenas de milhares de muçulmanos, muitos dos quais declaram abertamente que desejam substituir a cultura judaico-cristã da Alemanha pela do Islã e que estão substituindo a população cristã pela muçulmana - que incluirá assassinos cruéis em suas fileiras - mostra que os alemães de hoje se odeiam tanto que desejam a sua própria destruição ou então que simplesmente perderam a determinação de defender o lhes é precioso − ato este conhecido como rendição.
Por: Dr. Guy Millière, professor da Universidade de Paris, é autor de 27 livros sobre a França e a Europa. Original em inglês: The Suicide of Germany
Tradução: Joseph Skilnik  Do site: https://pt.gatestoneinstitute.org

quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

DERROTAR O POPULISMO POLÍTICO NÃO É FUNÇÃO DOS TRIBUNAIS


A Europa está transformada em samba de uma nota só. "Populismo", eis a palavra da moda. Encontramos artigos e artigos e artigos sobre o monstro.

As razões do medo são óbvias: depois da vitória de Donald Trump nos Estados Unidos, existe um espectro que paira sobre a Europa, para usar as velhas palavras do tio Karl.

Esse espectro são líderes "populistas" que prometem transformar os seus países em antros de ódio racial, oposição firme à União Europeia, ao capitalismo e à imigração.
Binho Barreto/Folhapress 

Esse clima de ansiedade e até de histeria convida a certos atos tresloucados. Um exemplo: no dia 9 de dezembro, Geert Wilders, líder do Partido Para a Vitória, foi condenado por "incitamento ao ódio" por um tribunal de Amsterdã. Em 2014, Wilders defendeu que a Holanda precisa de menos imigrantes marroquinos. Foi o que bastou para que os juízes punissem a sua conduta.

O caso já seria problemático do ponto de vista da liberdade de expressão. Mas ele é sobretudo grotesco quando sabemos que Wilders lidera as pesquisas para as eleições de 15 de março de 2017.

Os analistas são quase unânimes: depois dessa condenação, os juízes holandeses deram o prêmio que faltava para que Wilders fosse consagrado como "mártir da liberdade" e "defensor da Holanda".

Concordo com os analistas. E só lamento que um ensaio do politólogo grego Takis Pappas, publicado no "Journal of Democracy", não tenha sido lido na Holanda.

O título do estudo é relevante: "Distinguishing Liberal Democracy's Challengers". Tradução: antes de condenarmos aqueles que desafiam as democracias liberais, é preciso distingui-los nos seus princípios e objetivos. Fenômenos diferentes exigem respostas democráticas e legais diferentes.

Escreve Takis Pappas que é possível identificar três grupos problemáticos na Europa: os antidemocráticos, os nativistas e os populistas.

Os antidemocráticos são, como a palavra indica, inimigos da democracia liberal que sonham subvertê-la ou destruí-la. O Aurora Dourada, na Grécia, é um caso: um grupo neonazista que condena a "ditadura parlamentar" e defende, na teoria ou na prática, opções mais violentas de ação política.

O mesmo é válido para o Partido Comunista da Boêmia e Morávia, uma relíquia stalinista que é o terceiro partido mais votado na República Tcheca.

Depois vêm os nativistas: partidos que defendem os interesses das populações nativas contra os "outros". Os "outros", uma vez mais, podem ser a União Europeia, a globalização, a imigração.

A Frente Nacional de Marine Le Pen é o exemplo mais midiático, sobretudo porque a França terá eleições também em 2017. O partido de Geert Wilders, lógico, é outro. Sem esquecer o UKIP inglês que venceu as eleições europeias (em 2014) e foi o rosto do "brexit".

Em comum, os partidos "nativistas" aceitam a democracia liberal e a legalidade constitucional. Aliás, eles participam no jogo democrático para vencer esse jogo.

Finalmente, os "populistas" também aceitam o pleito eleitoral. Mas defendem princípios "iliberais", ou seja, princípios que exigem mudanças constitucionais autoritárias, diminuição dos direitos das minorias, maior controlo sobre a mídia, etc. etc. O caso de Viktor Orbán, premiê da Hungria, é o mais óbvio de todos.

Perante tudo isso, que fazer?

As propostas de Pappas parecem sensatas, embora incompletas em certos momentos. Sobre os antidemocráticos, o Estado deve usar "os meios legais e constitucionais disponíveis para restringir a ação dos extremistas", escreve ele.

Mas será que isso significa a proibição de partidos neonazistas ou neocomunistas que abertamente se assumam como inimigos da democracia liberal?

O autor não elabora sobre o tema. Eu tenho dúvidas: por um lado, participar no regime democrático deveria implicar respeito por esse mesmo regime; por outro, a exclusão constitucional de partidos extremistas é uma forma perversa de os alimentar e engrandecer.

Finalmente, o autor acerta sobre nativistas ou populistas: se eles aceitam as regras do jogo, devem ser vencidos em pleno jogo. Com melhores candidatos, melhores argumentos, melhores políticas. E nunca, jamais, por via judicial.

Na Holanda, o tribunal fez o trabalho sujo que deveria ser responsabilidade dos outros partidos do sistema. Eis um erro legal e político que o país pagará bem caro. 
Por João Pereira Coutinho Publicado na Folha de SP

terça-feira, 27 de dezembro de 2016

ISLAMISTAS VENCEM: CHARLIE HEBDO DESAPARECE

- "O jornal já não é mais o mesmo, Charlie se encontra sob asfixia artística e editorial". — Zineb el Rhazoui, intelectual e jornalista franco-tunisiana, autora de Destruindo o Fascismo Islâmico.


- "Temos que continuar retratando Maomé e Charlie, não fazer isso significa que não há mais Charlie". − Patrick Pelloux, outro cartunista que deixou a revista.

- "Se nossos colegas, no debate público, não dividirem parte do risco, então os bárbaros venceram." — Elisabeth Badinter, filósofa que testemunhou no tribunal a favor dos cartunistas franceses no documentário "Je suis Charlie."

- Depois que os irmãos Kouachi massacraram os jornalistas da Charlie Hebdo, eles saíram correndo para o meio da rua gritando: "vingamos Maomé. Matamos a Charlie Hebdo. "Dois anos mais tarde, parece que eles venceram mesmo. Eles conseguiram silenciar a última revista europeia disposta a defender a liberdade de expressão ceifada pelo islamismo.
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Em um espaço de vinte anos, o medo já devorou importantes parcelas da cultura e do jornalismo ocidental. Todas desapareceram em um sinistro ato de autocensura: as caricaturas de um jornal dinamarquês, o episódio do "South Park", as pinturas da Tate Gallery em Londres, um livro publicado pela Yale University Press, Idomeneo de Mozart, o filme holandês "Submissão", o nome e o rosto da cartunista americana Molly Norris, a capa do livro de Art Spiegelman e o romance "A Joia de Medina" de Sherry Jones, só para citar alguns. Inúmeros destes viraram fantasmas que vivem na clandestinidade, escondidos em alguma casa de campo ou então se recolheram à vida privada, vítimas de uma autocensura compreensível, porém trágica.

Somente a revista satírica francesa Charlie Hebdo não constava desta longa e triste lista. Isso até agora.

A decepção com o que Charlie Hebdo virou se reflete nas palavras da jornalista francesa Marika Bret: "da Itália recebemos inúmeras ameaças". A alusão não é em relação a uma determinada célula jihadista italiana, mas a uma capa da revista Charlie Hebdo de setembro que zombava das vítimas do terremoto ocorrido na Itália. Ao que tudo indica a revista semanal satírica, que quase foi destruída por islamistas franceses há dois anos, foi agora "normalizada".

Tomem as recentes capas da Charlie. Contra os terroristas? Não. Contra aqueles que os chamaram de "racistas"? Não. Foi contra Éric Zemmour, o corajoso jornalista francês do Le Figaro que provocou um debate público sobre a identidade francesa. "O Islã é incompatível com o secularismo, incompatível com a democracia e incompatível com o governo republicano", escreveu Zemmour.

Laurent Sourisseau, também conhecido como "Riss", atual diretor de publicação e proprietário majoritário da Charlie, foi baleado no ataque de 2015 contra a revista e vive sob proteção policial. Ele retratou Zemmour na capa usando um colete com explosivos, comparando-o de fato a um terrorista.

Charlie Hebdo também satirizou recentemente Nadine Morano, crítica contrária ao Islã, retratando-a como um bebê com Síndrome de Down.

Recentemente Riss também publicou uma revista em quadrinhos atacando outro alvo fácil dos conformistas submissos, que levava o título "O Lado Obscuro de Marine Le Pen. "Le Pen lidera o partido Frente Nacional da França, cuja plataforma é a luta pela soberania nacional e pela identidade judaico-cristã da Europa. Na Charlie, a líder política da "direita" francesa está vestida como Marilyn Monroe.

Para o primeiro aniversário do massacre ocorrido na redação da Charlie Hebdo, Riss publicou uma capa não com Maomé, mas com a figura de um Deus judaico-cristão assassino, como se os colegas de Riss não tivessem sido massacrados por islamistas e sim por católicos. Riss tinha, a bem da verdade, anunciado anteriormente que a revista "não mais retrataria Maomé".

O primeiro a capitular na Charlie foi "Luz", um consagrado cartunista. Ele se rendeu dizendo: "não farei mais desenhos de Maomé".



Charlie Hebdo, depois que terroristas islâmicos assassinaram grande parte de seu staff em 2015, anunciou que "não fará mais desenhos de Maomé". A revista agora priorizará seu foco em atacar os críticos do islamismo, zombando do Deus judaico-cristão.

"O transplante que menos dá certo", salientou Jeannette Bougrab, companheira do falecido editor da Charlie Stéphane Charbonnier, "é o transplante de testículos". Bougrab acusou os sobreviventes do ataque de se curvarem ao terrorismo e às ameaças ao traírem o legado da liberdade de expressão pelo qual estes homens de verdade foram assassinados.

Após o massacre de 7 de janeiro de 2015, o cartunista "Luz "chorou na frente das câmeras após apresentar uma capa retratando os sobreviventes, na qual Maomé foi retratado dizendo: "está tudo perdoado". Logo depois Luz apareceu no Le Grand Journal ao lado de Madonna e, num gesto de lamentável voyeurismo, exibiu seus órgãos genitais cobertos com o logotipo "Je suis Charlie".

A "normalização" da Charlie também se refletiu na dramática decisão, ocorrida recentemente, de rescindir o relacionamento da revista com outra sobrevivente, a intelectual e jornalista franco-tunisiana Zineb el Rhazoui, que agora também tem que viver sob proteção policial por suas críticas aos extremistas islâmicos.

"O jornal já não é mais o mesmo, Charlie se encontra sob asfixia artística e editorial", salientou ela ao jornal Le Monde. Rhazoui é autora de um novo livro que leva o título, "Détruire le fascisme Islamique"("Destruindo o Fascismo Islâmico").

"Temos que continuar retratando Maomé e Charlie, não fazer isso significa que não há mais Charlie", realçou Patrick Pelloux, outro cartunista que deixou a revista.

Havia sete cartunistas na Charlie Hebdo. Cinco foram assassinados em 07 de janeiro de 2015, foram eles: Charb, Cabu, Honoré, Tignous e Wolinski. Os outros dois, Luz e Pelloux, se demitiram após o massacre. A manchete da revista mensal Causeur capturou o clima: "Charlie Hebdo Comete Hara-Kiri", jogando com a forma japonesa de suicídio e o nome anterior da Charlie (que era "Hara Kiri"). Entre assassinatos, deserções e autocensura, a história da Charlie está praticamente acabada.

O que está acontecendo? Lamentavelmente as ameaças e os ataques dos islamistas estão dando certo. Uma crise semelhante atingiu o Jyllands-Posten, o jornal dinamarquês que foi o primeiro a publicar as 12 caricaturas de Maomé, que a Charlie Hebdo imediatamente, em nome da solidariedade, reproduziu. "A honra da França foi salva pela Charlie Hebdo," salientou Bernard-Henri Lévy quando a revista reeditou as charges dinamarquesas, muito embora diversos meios de comunicação de "pensamento correto" tivessem criticado a "islamofobia" daquelas caricaturas.

"A verdade é que para nós seria totalmente irresponsável publicar as charges hoje em dia", ressaltou o diretor da Jyllands-Posten, Jorn Mikkelsen, para justificar a autocensura. A "Jyllands-Posten tem a responsabilidade de cuidar de si e de seus funcionários". Como é o caso de Kurt Westergaard, autor da caricatura de Maomé com uma bomba no turbante que agora vive em uma casa feito fortaleza, com câmeras e janelas com vidros de segurança e guardas armados com metralhadoras do lado de fora.

Um choque ideológico já tinha tomado forma dentro da Charlie Hebdo bem antes do ataque terrorista. Zineb el Rhazoui chegou à revista semanal por meio do editor Stéphane Charbonnier, "Charb", o corajoso jornalista que liderou a batalha contra a intimidação islâmica na Europa. Até mesmo da sepultura, ele escreveu uma "Carta Aberta aos Fraudadores da Islamofobia que Fazem o Jogo dos Racistas". Mas conforme ressalta o Libération: "Riss se opôs a Charb, tem menos identificação política, é mais introvertido do que ele".

Charbonnier é da mesma geração de Philippe Val e Caroline Fourest, jornalistas libertários determinados a criticar o Islã, que, de 1992 a 2009, deram forma à revista semanal.

"Charb? Onde está Charb?", gritaram os terroristas na redação da Charlie Hebdo, para se certificarem de que tinham encontrado o jornalista que eles consideravam responsável pela controvérsia das caricaturas de Maomé.

Philippe Val, que na qualidade de ex-editor da Charlie Hebdo, foi processado em Paris por imprimir as charges, publicou o livro "Malaise dans l'inculture" ("Doença da Falta de Cultura"), que ataca "o ideológico Muro de Berlim" que foi erguido pela esquerda.

Em 2011, depois que um atentado com bombas incendiárias destruiu a redação da Charlie, um apelo dos jornalistas assustados e intimidados anunciou a recusa em apoiar a posição da revista no tocante ao Islã. Dois anos mais tarde, um dos signatários Olivier Cyran, ex-editor da Charlie Hebdo, acusou a revista de ser "obsessiva em relação aos muçulmanos". O mesmo aconteceu com o ex-jornalista da Charlie, Philippe Corcuff, que acusou seus colegas da revista de fomentarem "um choque de civilizações. "

Os ataques continuaram com outro ex-cartunista da Charlie Hebdo, Delfeil de Ton, que no Le Nouvel Observateur, depois do massacre de 2015, vergonhosamente acusou Charb de "arrastrar" o staff para o abate ao continuar satirizando Maomé.

Depois que os irmãos Kouachi massacraram o staff da Charlie Hebdo, eles saíram correndo para o meio da rua gritando: "vingamos Maomé. Matamos a Charlie Hebdo. "Dois anos mais tarde, parece que eles venceram mesmo. Eles conseguiram silenciar a última revista europeia disposta a defender a liberdade de expressão ceifada pelo islamismo. E eles mandaram um alerta especial a todas as outras. Porque depois da Charlie Hebdo, escrever artigos críticos ao Islã ou desenhar uma charge, os torna alvo de atentados e campanhas intimidatórias.

A feminista e filósofa Elisabeth Badinter, que testemunhou no tribunal a favor dos cartunistas franceses no documentário: "Je suis Charlie", ressaltou: "se os nossos colegas no debate público não dividirem parte do risco, então os bárbaros venceram".

A revista Paris Match perguntou a Philippe Val se ele imaginava o desaparecimento da Charlie Hebdo. Val respondeu: "isso seria o fim de um mundo e o começo da Submissão de Michel Houellebecq". Depois de ataques vem a autocensura: submissão. E se a Charlie Hebdo está cansada e fugindo das suas responsabilidades, quem poderá culpá-la? Mas e os outros, o restante?
Por: Giulio Meotti, Editor Cultural do diário Il Foglio, é jornalista e escritor italiano
19 de Dezembro de 2016
Tradução: Joseph Skilnik Do site: https://pt.gatestoneinstitute.org


segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

A VERDADEIRA TRAGÉDIA NEGRA

Muitas das patologias atuais vistas entre muitos negros é uma consequência do estado de bem estar social (welfare state), que tem feito o comportamento auto-destrutivo menos custoso para o indivíduo.


Vigaristas e pessoas com pouco entendimento desejam que acreditemos que os problemas atuais dos negros são o resultado continuado de um legado de escravidão, pobreza e discriminação racial. O fato é que a maioria das patologias sociais vistas nos bairros negros pobres é inteiramente nova na história dos negros.

Hoje a esmagadora maioria das crianças negras são criadas em famílias sob a responsabilidade de uma mãe solteira. Nos anos de 1880, três quartos das famílias negras eram biparentais. Em 1925, 85% das famílias negras, em Nova York, eram formadas por casais. Um estudo das famílias escravas no século XIX descobriu que em três quartos das famílias todas as crianças tinham o mesmo pai e a mesma mãe.

A taxa atual de ilegitimidade para crianças negras de aproximadamente 75% também é inteiramente nova. Em 1940 a ilegitimidade entre negros ficou em 14%. Cresceu para 25% em 1965, quando Daniel Patrick Moynihan escreveu “The Negro Family: The Case for National Action” e foi amplamente denunciado como um racista. Por volta de 1980, a taxa de ilegitimidade entre negros mais que dobrou para 56%, e tem crescido desde então. Tanto durante a escravidão como posteriormente na década de 1920, uma adolescente criando uma criança sem um homem presente era raro entre os negros.

Muitas das patologias atuais vistas entre muitos negros é uma consequência do estado de bem estar social (welfare state), que tem feito o comportamento auto-destrutivo menos custoso para o indivíduo. Ter uma criança sem o benefício do casamento é menos oneroso se a mãe recebe subsídios para moradia, pagamentos da assistência social e programas de alimentação. Adicionalmente, o estigma social associado à maternidade sem casamento desapareceu. Famílias lideradas por mulheres, sejam negras ou brancas, são um tíquete para a dependência e todos os seus problemas associados. Ignorado em todas as discussões é o fato de que a taxa de pobreza entre os casados negros tem estado em um dígito desde 1994.

O desemprego de jovens negros em algumas cidades é superior a 50%. Mas o desemprego do jovem negro também é novo. Em 1948 a taxa de desemprego para adolescentes negros era ligeiramente menor que a de sua contra parte branca – 9,4% comparada a 10,2%. Durante aquele mesmo período, jovens negros eram tão ativos, ou mais, na força de trabalho que os jovens brancos. Desde 1960, ambas, a taxa de participação na força de trabalho e a taxa de desemprego dos jovens negros, caíram para onde elas estão hoje. Por que? Os empregadores discriminam racialmente mais hoje que antes? Os jovens negros de antes eram mais habilidosos que os jovens brancos de então? A resposta a ambas as questões é um grande não.

A lei do salário mínimo e outras regulações trabalhistas cortam os degraus mais baixos da escada econômica. Coloque-se na posição do empregador e pergunte-se: se devo pagar U$7,25 a hora – mais benefícios obrigatórios, tais como Seguro Social e indenização de trabalhadores – compensaria eu empregar um trabalhador que é tão desafortunado que suas habilidades o capacitam a produzir apenas U$5 de valor por hora? Muitos empregadores veem esta posição como uma proposição econômica desvantajosa. Então, a lei do salário mínimo discrimina contra o emprego dos trabalhadores menos qualificados, que são quase sempre jovens, particularmente jovens negros.

A pequena quantidade de dinheiro que um adolescente pode ganhar num emprego de verão, de fim de semana ou depois da escola não é, nem de longe, tão importante quanto as outras coisas que ele ganha de uma experiência de trabalho precoce. Ele adquire habilidades e bons hábitos de trabalho, tais como ser pontual, seguir ordens e respeitar supervisores. Em adição, há o respeito próprio e o orgulho que o jovem conquista por ser financeiramente semi-independente. Todos estes ganhos das experiências de trabalho precoce são importantes para qualquer adolescente e ainda mais importante para os jovens negros. Se adolescentes negros não estão aprendendo nada que fará deles empregados mais valorizados no futuro, eles não aprenderão isto de suas péssimas escolas, suas famílias disfuncionais ou de sua vizinhança tomada pelo crime. Eles devem aprender isto no trabalho.

A maior parte dos problemas atuais de muitos negros são o resultado de políticos e organizações de direitos civis usando o governo em nome de ajudar os negros quando na verdade estão servindo a propósitos de poderosos grupos de interesse.

Por:Walter Williams, professor honorário de economia da George Mason University e autor de sete livros. Suas colunas semanais são publicadas em mais de 140 jornais americanos.
Publicado originalmente no The Patriot Post.
Tradução: Flávio Ghetti
Do site: http://www.midiasemmascara.org/


quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

DOM EVARISTO ARNS: O QUE A VEJA NÃO DISSE

Na Veja desta semana (21/12/2016) a revista dedica algumas páginas à morte do cardeal Dom Paulo Evaristo Arns. A matéria, cujo título é “Adeus ao Gigante”, resume a trajetória deste homem que, apesar de tudo, foi uma figura marcante na história contemporânea do Brasil. A reportagem, assinada por Pedro Dias Leite, tenta ser neutra, mas não parece, e o vocabulário empregado não difere muito da mídia “progressista”. Feita a introdução, vamos ao que de fato interessa.

Dom Evaristo Arns foi um religioso muito próximo de Dom Hélder Câmara, o “arcebispo vermelho”, e do frei Leonardo Boff, católicos da Teologia da Libertação, doutrina que une o cristianismo ao marxismo. Ademais, de acordo com a própria Veja, além de denunciar as torturas e desaparecimentos que realmente ocorriam naquele momento, Dom Evaristo Arns “Apoiou o movimento grevista no ABC (e seu principal líder, Luiz Inácio Lula da Silva)”. Com isso, o texto também alude ao fato de que “Se fosse hoje, dom Paulo provavelmente teria no papa Francisco, também ele um franciscano, um aliado”. Afinal de contas, no período de maior atuação de Dom Evaristo, o papa era um polonês que conheceu de perto as mazelas causadas pelo comunismo e pelas ideias chamadas “progressistas”, quer dizer, o papa era João Paulo II.

Mas afinal, o que é que a Veja não disse?

Se a matéria a qual me refiro abordou temas como tortura, censura, violência, repressão, etc., mas sempre com suas críticas – legítimas, vale dizer – voltadas a ditadura militar, deveria também explorar o outro lado da moeda, mas não o fez. O porquê eu não sei…>

A Veja cita um discurso feito pelo cardeal no dia 31 de outubro de 1975 no qual ele diz: “Ninguém toca impunemente no homem, que nasceu do coração de Deus para ser fonte de amor. Não matarás. Quem mata entrega a si próprio nas mãos do Senhor da história e não será apenas maldito na memória dos homens, mas também no julgamento de Deus.” Até aí tudo bem, já que este é um discurso que se espera de um cristão, porém, existe uma contradição nisso tudo.

Não haveria problema algum no discurso se o cardeal não tivesse, em 1969, ajudado dominicanos comunistas que entraram para a ALN (Ação Libertadora Nacional), um grupo terrorista chefiado por Carlos Marighella. (Se o leitor acredita que Marighella não foi um terrorista, recomendo o texto que trata sobre o livro Manual do Guerrilheiro Urbano, escrito pelo líder da ALN). Curioso é que no mesmo ano do discurso, um panfleto escrito por militantes da ALN declarava: “Todos nós somos guerrilheiros, terroristas e assaltantes e não homens que dependem de votos de outros revolucionários ou de quem quer que seja para se desempenharem do dever de fazer a revolução.” Um pouco disso pode ser encontrado no livro e no filme Batismo de Sangue que, embora tenha sido escrito por alguém não insuspeito como Frei Betto, dá uma dimensão do envolvimento dos religiosos dominicanos na luta armada e em ações extremistas. Se Dom Evaristo foi a favor dos direitos humanos, de uma forma ou de outra também foi a favor do terrorismo.

No discurso citado acima o cardeal defende a vida, relembra o quinto mandamento cristão, entretanto, defendeu guerrilheiros que, em suma, a partir de 1967, iniciaram seus assaltos a bancos, sequestros, entre outras ações criminosas. O próprio autor do Manual do Guerrilheiro Urbano, isto é, Marighella, logo no início de seu texto, aponta que um dos objetivos essenciais do guerrilheiro urbano é “A exterminação física dos chefes e assistentes das forças armadas e da polícia.” Também aponta que “todo guerrilheiro urbano tenha em mente que somente poderá sobreviver se está disposto a matar os policiais e todos àqueles dedicados à repressão.”

E tem mais. Marighella, um comunista obcecado e que aos olhos de muitos apaixonados é visto como alguém que lutava pela democracia, assinala que “matar um espião norte-americano, um agente da ditadura” deve ser uma ação realizada por um atirador “operando absolutamente secreto e a sangue-frio.” Enfim, dentre tantas instruções bizarras, Marighella afirma que “o terrorismo é uma arma que o revolucionário não pode abandonar.” Dentre os quatro sequestros de diplomatas realizados no Brasil, a ALN tomou parte na ação de dois. Foram eles: o sequestro do embaixador norte-americano Charles Burke Elbrick e do alemão Ehrefried Von Holleben.

Nas palavras de Stédile – o comandante do “exército” do PT, ou seja, do MST -, “Arns impulsionou o surgimento dos movimentos populares rurais que surgiram no país nas últimas décadas.” Ele complementa: “A maioria dos movimentos do campo que hoje existem – MST, MAB [Movimento dos Atingidos por Barragens], Movimento dos Pequenos Agricultores, Comissão Pastoral da Terra, Cimi [Conselho Indigenista Missionário] -, nascemos orientados por vossa sabedoria, que pregava: Deus só ajuda quem se organiza.” Sabemos que Stédile não é alguém muito simpático a democracia. E não para por aí, mas creio que por ora seja o suficiente.


Durante um longo tempo Dom Evaristo celebrou missas nos dias de finados e que tinham como homenageados aqueles que foram mortos sob a repressão dos militares. Resta saber se o religioso também rezou missas por aqueles que foram assassinados pelos guerrilheiros comunistas em seus “justiçamentos” – nome dado às execuções – ou pelos que foram afetados por suas explosões.

Mesmo assim não acho ético comemorar a morte de alguém. Não que eu seja defenda o politicamente correto, no entanto, creio que não seja necessário – como fizeram alguns católicos mais conservadores – comemorar a morte do cardeal. Conforme já apontou Rodrigo Constantino em vídeo, embora não devamos “canonizá-lo” pelo seu engajamento político à esquerda, como a grande mídia fez, celebrar sua morte é algo descabido. Quando Fidel Castro faleceu, por exemplo, preferi comemorar a possível libertação futura do povo cubano em vez de focar no cadáver de seu algoz.

E por falar em Fidel Castro, como se não bastasse tudo que citei acima, vale dizer que Dom Evaristo Arns chegou foi um admirador declarado do ditador cubano. Em uma carta enviada pelo cardeal a Fidel Castro e posteriormente publicada no jornal cubano Granma, Dom Evaristo Arns escreveu:

“Queridíssimo Fidel,

Paz e bem

Aproveito a viagem de Frei Betto para lhe enviar um abraço e saudar o povo cubano pela ocasião desde 30º aniversário da Revolução. […] A Fé cristã descobre nas conquistas da Revolução os sinais do Reino de Deus que se manifesta em nossos corações e nas estruturas que permitem fazer da convivência política uma obra de amor. […] Infelizmente ainda não se deram as condições favoráveis para que se efetue o nosso encontro. Tenho-o presente diariamente em minhas orações e peço ao pai que lhe conceda sempre a graça de conduzir os destinos da pátria. […] Receba meu fraternal abraço nos festejos pelo XXX Aniversário da Revolução cubana e os votos de um ano novo promissor para o seu país.

Fraternalmente,
Paulo Evaristo Cardeal Arns.”

Perceba que a carta foi escrita em 1988, isto é, quando Fidel Castro somava trinta anos no poder. Democracia? Em 1988 já era tempo de o cardeal perceber que os comunistas cubanos que mandavam na ilha há três décadas não estavam nem um pouco preocupados com democracia. Aliás, era essa a “democracia” que defendiam os dominicanos guerrilheiros os quais Dom Evaristo Arns defendeu com tanta veemência.

A Veja também poderia ter levado em consideração esse outro lado daquele que chamou de “gigante”, não é mesmo?

Viva la Revolución! Descansa en paz, cardenal!
Por Thiago Kistenmacher https://www.institutoliberal.org.brEm 21 de dezembro de 2016