quinta-feira, 31 de agosto de 2017

SANTO AGOSTINHO: SUAS RELAÇÕES ENTRE A FÉ E A RAZÃO

Santo Agostinho (354-430) foi um filósofo, escritor, bispo e importante teólogo cristão do norte da África, durante a dominação romana.

Suas concepções sobre as relações entre a fé e a razão, entre a Igreja e o Estado, dominaram toda a Idade Média.


Santo Agostinho, conhecido também como Agostinho de Hipona, nasceu em Tagaste, na cidade da Numídia (hoje Argélia), no norte da África, região dominada pelo Império Romano, no dia 13 de novembro de 354. Sua infância e adolescência transcorreram principalmente em sua cidade natal, em um ambiente limitado por um povoado perdido entre montanhas. Seu pai era pagão e sua mãe uma cristã devota que exerceu grande influência sobre a conversão do filho.

Aurélio Agostinho destaca-se entre os Padres como Tomás de Aquino se destaca entre os Escolásticos. E como Tomás de Aquino se inspira na filosofia de Aristóteles, e será o maior vulto da filosofia metafísica cristã, Agostinho inspira-se em Platão, ou melhor, no neoplatonismo. Agostinho, pela profundidade do seu sentir e pelo seu gênio compreensivo, fundiu em si mesmo o caráter especulativo da patrística grega com o caráter prático da patrística latina, ainda que os problemas que fundamentalmente o preocupam sejam sempre os problemas práticos e morais: o mal, a liberdade, a graça, a predestinação.

Aurélio Agostinho nasceu em Tagasta, cidade da Numídia, de uma família burguesa, a 13 de novembro do ano 354. Seu pai, Patrício, era pagão, recebido o batismo pouco antes de morrer; sua mãe, Mônica, pelo contrário, era uma cristã fervorosa, e exercia sobre o filho uma notável influência religiosa. Indo para Cartago, a fim de aperfeiçoar seus estudos, começados na pátria, desviou-se moralmente. Caiu em uma profunda sensualidade, que, segundo ele, é uma das maiores conseqüências do pecado original; dominou-o longamente, moral e intelectualmente, fazendo com que aderisse ao maniqueísmo, que atribuía realidade substancial tanto ao bem como ao mal, julgando achar neste dualismo maniqueu a solução do problema do mal e, por conseqüência, uma justificação da sua vida. Tendo terminado os estudos, abriu uma escola em Cartago, donde partiu para Roma e, em seguida, para Milão. Afastou-se definitivamente do ensino em 386, aos trinta e dois anos, por razões de saúde e, mais ainda, por razões de ordem espiritual.

Entrementes - depois de maduro exame crítico - abandonara o maniqueísmo, abraçando a filosofia neoplatônica que lhe ensinou a espiritualidade de Deus e a negatividade do mal. Destarte chegara a uma concepção cristã da vida - no começo do ano 386. Entretanto a conversão moral demorou ainda, por razões de luxúria. Finalmente, como por uma fulguração do céu, sobreveio a conversão moral e absoluta, no mês de setembro do ano 386. Agostinho renuncia inteiramente ao mundo, à carreira, ao matrimônio; retira-se, durante alguns meses, para a solidão e o recolhimento, em companhia da mãe, do filho e dalguns discípulos, perto de Milão. Aí escreveu seus diálogos filosóficos, e, na Páscoa do ano 387, juntamente com o filho Adeodato e o amigo Alípio, recebeu o batismo em Milão das mãos de Santo Ambrósio, cuja doutrina e eloqüência muito contribuíram para a sua conversão. Tinha trinta e três anos de idade.

Depois da conversão, Agostinho abandona Milão, e, falecida a mãe em Óstia, volta para Tagasta. Aí vendeu todos os haveres e, distribuído o dinheiro entre os pobres, funda um mosteiro numa das suas propriedades alienadas. Ordenado padre em 391, e consagrado bispo em 395, governou a igreja de Hipona até à morte, que se deu durante o assédio da cidade pelos vândalos, a 28 de agosto do ano 430. Tinha setenta e cinco anos de idade.

Após a sua conversão, Agostinho dedicou-se inteiramente ao estudo da Sagrada Escritura, da teologia revelada, e à redação de suas obras, entre as quais têm lugar de destaque as filosóficas. As obras de Agostinho que apresentam interesse filosófico são, sobretudo, os diálogos filosóficos: Contra os acadêmicos, Da vida beata, Os solilóquios, Sobre a imortalidade da alma, Sobre a quantidade da alma, Sobre o mestre, Sobre a música . Interessam também à filosofia os escritos contra os maniqueus: Sobre os costumes, Do livre arbítrio, Sobre as duas almas, Da natureza do bem .

Dada, porém, a mentalidade agostiniana, em que a filosofia e a teologia andam juntas, compreende-se que interessam à filosofia também as obras teológicas e religiosas, especialmente: Da Verdadeira Religião, As Confissões, A Cidade de Deus, Da Trindade, Da Mentira.

O Pensamento: A Gnosiologia

Agostinho considera a filosofia praticamente, platonicamente, como solucionadora do problema da vida, ao qual só o cristianismo pode dar uma solução integral. Todo o seu interesse central está portanto, circunscrito aos problemas de Deus e da alma, visto serem os mais importantes e os mais imediatos para a solução integral do problema da vida.

O problema gnosiológico é profundamente sentido por Agostinho, que o resolve, superando o ceticismo acadêmico mediante o iluminismo platônico. Inicialmente, ele conquista uma certeza: a certeza da própria existência espiritual; daí tira uma verdade superior, imutável, condição e origem de toda verdade particular. Embora desvalorizando, platonicamente, o conhecimento sensível em relação ao conhecimento intelectual, admite Agostinho que os sentidos, como o intelecto, são fontes de conhecimento. E como para a visão sensível além do olho e da coisa, é necessária a luz física, do mesmo modo, para o conhecimento intelectual, seria necessária uma luz espiritual. Esta vem de Deus, é a Verdade de Deus, o Verbo de Deus, para o qual são transferidas as idéias platônicas.

No Verbo de Deus existem as verdades eternas, as idéias, as espécies, os princípios formais das coisas, e são os modelos dos seres criados; e conhecemos as verdades eternas e as idéias das coisas reais por meio da luz intelectual a nós participada pelo Verbo de Deus. Como se vê, é a transformação do inatismo, da reminiscência platônica, em sentido teísta e cristão. Permanece, porém, a característica fundamental, que distingue a gnosiologia platônica da aristotélica e tomista, pois, segundo a gnosiologia platônica-agostiniana, não bastam, para que se realize o conhecimento intelectual humano, as forças naturais do espírito, mas é mister uma particular e direta iluminação de Deus.

A Metafísica

Em relação com esta gnosiologia, e dependente dela, a existência de Deus é provada, fundamentalmente, a priori , enquanto no espírito humano haveria uma presença particular de Deus. Ao lado desta prova a priori , não nega Agostinho as provas a posteriori da existência de Deus, em especial a que se afirma sobre a mudança e a imperfeição de todas as coisas. Quanto à natureza de Deus, Agostinho possui uma noção exata, ortodoxa, cristã: Deus é poder racional infinito, eterno, imutável, simples, espírito, pessoa, consciência, o que era excluído pelo platonismo. Deus é ainda ser, saber, amor. Quanto, enfim, às relações com o mundo, Deus é concebido exatamente como livre criador. 

No pensamento clássico grego, tínhamos um dualismo metafísico; no pensamento cristão - agostiniano - temos ainda um dualismo, porém moral, pelo pecado dos espíritos livres, insurgidos orgulhosamente contra Deus e, portanto, preferindo o mundo a Deus. No cristianismo, o mal é, metafisicamente, negação, privação; moralmente, porém, tem uma realidade na vontade má, aberrante de Deus. O problema que Agostinho tratou, em especial, é o das relações entre Deus e o tempo. Deus não é no tempo, o qual é uma criatura de Deus: o tempo começa com a criação. Antes da criação não há tempo, dependendo o tempo da existência de coisas que vem-a-ser e são, portanto, criadas.

Também a psicologia agostiniana harmonizou-se com o seu platonismo cristão. Por certo, o corpo não é mau por natureza, porquanto a matéria não pode ser essencialmente má, sendo criada por Deus, que fez boas todas as coisas. Mas a união do corpo com a alma é, de certo modo, extrínseca, acidental: alma e corpo não formam aquela unidade metafísica, substancial, como na concepção aristotélico-tomista, em virtude da doutrina da forma e da matéria. A alma nasce com o indivíduo humano e, absolutamente, é uma específica criatura divina, como todas as demais. Entretanto, Agostinho fica indeciso entre o criacionismo e o traducionismo, isto é, se a alma é criada diretamente por Deus, ou provém da alma dos pais. Certo é que a alma é imortal, pela sua simplicidade. Agostinho, pois, distingue, platonicamente, a alma em vegetativa, sensitiva e intelectiva, mas afirma que elas são fundidas em uma substância humana. A inteligência é divina em intelecto intuitivo e razão discursiva; e é atribuída a primazia à vontade. No homem a vontade é amor, no animal é instinto, nos seres inferiores cego apetite.

Quanto à cosmologia, pouco temos a dizer. Como já mais acima se salientou, a natureza não entra nos interesses filosóficos de Agostinho, preso pelos problemas éticos, religiosos, Deus e a alma. Mencionaremos a sua famosa doutrina dos germes específicos dos seres - rationes seminales . Deus, a princípio, criou alguns seres já completamente realizados; de outros criou as causas que, mais tarde, desenvolvendo-se, deram origem às existências dos seres específicos. Esta concepção nada tem que ver com o moderno evolucionismo , como alguns erroneamente pensaram, porquanto Agostinho admite a imutabilidade das espécies, negada pelo moderno evolucionismo. 

A Moral

Evidentemente, a moral agostiniana é teísta e cristã e, logo, transcendente e ascética. Nota característica da sua moral é o voluntarismo, a saber, a primazia do prático, da ação - própria do pensamento latino - , contrariamente ao primado do teorético, do conhecimento - próprio do pensamento grego. A vontade não é determinada pelo intelecto, mas precede-o. Não obstante, Agostinho tem também atitudes teoréticas como, por exemplo, quando afirma que Deus, fim último das criaturas, é possuído por um ato de inteligência. A virtude não é uma ordem de razão, hábito conforme à razão, como dizia Aristóteles, mas uma ordem do amor.

Entretanto a vontade é livre, e pode querer o mal, pois é um ser limitado, podendo agir desordenadamente, imoralmente, contra a vontade de Deus. E deve-se considerar não causa eficiente, mas deficiente da sua ação viciosa, porquanto o mal não tem realidade metafísica. O pecado, pois, tem em si mesmo imanente a pena da sua desordem, porquanto a criatura, não podendo lesar a Deus, prejudica a si mesma, determinando a dilaceração da sua natureza. A fórmula agostiniana em torno da liberdade em Adão - antes do pecado original - é: poder não pecar ; depois do pecado original é: não poder não pecar ; nos bem-aventurados será: não poder pecar . A vontade humana, portanto, já é impotente sem a graça. O problema da graça - que tanto preocupa Agostinho - tem, além de um interesse teológico, também um interesse filosófico, porquanto se trata de conciliar a causalidade absoluta de Deus com o livre arbítrio do homem. Como é sabido, Agostinho, para salvar o primeiro elemento, tende a descurar o segundo.

Quanto à família , Agostinho, como Paulo apóstolo, considera o celibato superior ao matrimônio; se o mundo terminasse por causa do celibato, ele alegrar-se-ia, como da passagem do tempo para a eternidade. Quanto à política , ele tem uma concepção negativa da função estatal; se não houvesse pecado e os homens fossem todos justos, o Estado seria inútil. Consoante Agostinho, a propriedade seria de direito positivo, e não natural. Nem a escravidão é de direito natural, mas conseqüência do pecado original, que perturbou a natureza humana, individual e social. Ela não pode ser superada naturalmente, racionalmente, porquanto a natureza humana já é corrompida; pode ser superada sobrenaturalmente, asceticamente, mediante a conformação cristã de quem é escravo e a caridade de quem é amo.

O Mal

Agostinho foi profundamente impressionado pelo problema do mal - de que dá uma vasta e viva fenomenologia. Foi também longamente desviado pela solução dualista dos maniqueus, que lhe impediu o conhecimento do justo conceito de Deus e da possibilidade da vida moral. A solução deste problema por ele achada foi a sua libertação e a sua grande descoberta filosófico-teológica, e marca uma diferença fundamental entre o pensamento grego e o pensamento cristão.

Antes de tudo, nega a realidade metafísica do mal. O mal não é ser, mas privação de ser, como a obscuridade é ausência de luz. Tal privação é imprescindível em todo ser que não seja Deus, enquanto criado, limitado. Destarte é explicado o assim chamado mal metafísico , que não é verdadeiro mal, porquanto não tira aos seres o lhes é devido por natureza.

Quanto ao mal físico , que atinge também a perfeição natural dos seres, Agostinho procura justificá-lo mediante um velho argumento, digamos assim, estético: o contraste dos seres contribuiria para a harmonia do conjunto. Mas é esta a parte menos afortunada da doutrina agostiniana do mal.

Quanto ao mal moral, finalmente existe realmente a má vontade que livremente faz o mal; ela, porém, não é causa eficiente, mas deficiente, sendo o mal não-ser. Este não-ser pode unicamente provir do homem, livre e limitado, e não de Deus, que é puro ser e produz unicamente o ser. O mal moral entrou no mundo humano pelo pecado original e atual; por isso, a humanidade foi punida com o sofrimento, físico e moral, além de o ter sido com a perda dos dons gratuitos de Deus. Como se vê, o mal físico tem, deste modo, uma outra explicação mais profunda. 

Remediou este mal moral a redenção de Cristo, Homem-Deus, que restituiu à humanidade os dons sobrenaturais e a possibilidade do bem moral; mas deixou permanecer o sofrimento, conseqüência do pecado, como meio de purificação e expiação. E a explicação última de tudo isso - do mal moral e de suas conseqüências - estaria no fato de que é mais glorioso para Deus tirar o bem do mal, do que não permitir o mal. Resumindo a doutrina agostiniana a respeito do mal, diremos: o mal é, fundamentalmente, privação de bem (de ser); este bem pode ser não devido (mal metafísico) ou devido (mal físico e moral) a uma determinada natureza; se o bem é devido nasce o verdadeiro problema do mal; a solução deste problema é estética para o mal físico, moral (pecado original e Redenção) para o mal moral (e físico).

A História

Como é notório, Agostinho trata do problema da história na Cidade de Deus , e resolve-o ainda com os conceitos de criação, de pecado original e de Redenção. A Cidade de Deus representa, talvez, o maior monumento da antigüidade cristã e, certamente, a obra prima de Agostinho. Nesta obra é contida a metafísica original do cristianismo, que é uma visão orgânica e inteligível da história humana. O conceito de criação é indispensável para o conceito de providência, que é o governo divino do mundo; este conceito de providência é, por sua vez, necessário, a fim de que a história seja suscetível de racionalidade. O conceito de providência era impossível no pensamento clássico, por causa do basilar dualismo metafísico. Entretanto, para entender realmente, plenamente, o plano da história, é mister a Redenção, graças aos quais é explicado o enigma da existência do mal no mundo e a sua função. Cristo tornara-se o centro sobrenatural da história: o seu reino, a cidade de Deus , é representada pelo povo de Israel antes da sua vinda sobre a terra, e pela Igreja depois de seu advento. Contra este cidade se ergue a cidade terrena , mundana, satânica, que será absolutamente separada e eternamente punida nos fins dos tempos.

Agostinho distingue em três grandes seções a história antes de Cristo. A primeira concerne à história das duas cidades , após o pecado original, até que ficaram confundidas em um único caos humano, e chega até a Abraão, época em que começou a separação. Na Segunda descreve Agostinho a história da cidade de Deus , recolhida e configurada em Israel, de Abraão até Cristo. A terceira retoma, em separado, a narrativa do ponto em que começa a história da Cidade de Deus separada, isto é, desde Abraão, para tratar paralela e separadamente da Cidade do mundo, que culmina no império romano. 

Esta história, pois, fragmentária e dividida, onde parece que Satanás e o mal têm o seu reino, representa, no fundo, uma unidade e um progresso. É o progresso para Cristo, sempre mais claramente, conscientemente e divinamente esperado e profetizado em Israel; e profetizado também, a seu modo, pelos povos pagãos, que, consciente ou inconscientemente, lhe preparavam diretamente o caminho. Depois de Cristo cessa a divisão política entre as duas cidades ; elas se confundem como nos primeiros tempos da humanidade, com a diferença, porém, de que já não é mais união caótica, mas configurada na unidade da Igreja.

Esta não é limitada por nenhuma divisão política, mas supera todas as sociedades políticas na universal unidade dos homens e na unidade dos homens com Deus. A Igreja, pois, é acessível, invisivelmente, também às almas de boa vontade que, exteriormente, dela não podem participar. A Igreja transcende, ainda, os confins do mundo terreno, além do qual está a pátria verdadeira. Entretanto, visto que todos, predestinados e ímpios, se encontram empiricamente confundidos na Igreja - ainda que só na unidade dialética das duas cidades , para o triunfo da Cidade de Deus - a divisão definitiva, eterna, absoluta, justíssima, realizar-se-á nos fins dos tempos, depois da morte, depois do juízo universal, no paraíso e no inferno. É uma grande visão unitária da história, não é uma visão filosófica, mas teológica: é uma teologia, não uma filosofia da história.
Do site: http://www.catolicismoromano.com.br









quarta-feira, 23 de agosto de 2017

CIDADES EUROPEIAS ASSIMILAM A LEI DA SHARIA

-  O prefeito de Londres, Sadiq Khan, proibiu anúncios que promovam "expectativas não realistas no tocante à imagem do corpo e da saúde das mulheres". Agora Berlim está planejando proibir imagens onde as mulheres são retratadas como "lindas mas fracas, histéricas, idiotas, loucas, ingênuas ou governadas pelas emoções". O escritor e jornalista do jornal Der Tagesspiegel, Harald Martenstein, afirmou que é possível que a orientação "tenha sido incorporada do manifesto do Talibã".


-  A ironia é que esta onda de moralidade e "virtude" vem de cidades governadas por políticos esquerdistas desinibidos, que durante anos fizeram campanha a favor da liberação sexual. Virou tema de discussão "feminista" defender a conduta da sharia.

-  Parafraseando o escritor americano Daniel Greenfield: a ironia das mulheres celebrarem sua própria opressão é tanto de cortar o coração como de estupefazer.
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Dias após o Estado Islâmico ter conquistado a cidade de Sirte na Líbia há dois anos, apareceram gigantescos outdoors na fortaleza islamista, alertando as mulheres que elas deveriam usar hijabs para esconderem o corpo todo e nada de perfume. Entre outras coisas esses "mandamentos da sharia em relação à hijab" incluíam o uso de tecido grosso e opaco e que a hijab não "lembrasse trajes de infiéis".

Dois anos mais tarde, as três cidades mais importantes da Europa - Londres, Paris e Berlim - estão seguindo a mesma moda da sharia.

Paris disse Au revoir aos anúncios "machistas" em outdoors. A Câmara Municipal de Parisanunciou a proibição depois que a prefeita socialista Anne Hidalgo salientou que a medida denotava que Paris estava "mostrando o caminho" na luta contra o machismo. O prefeito de Londres, Sadiq Khan, também proibiu anúncios que promovam "expectativas não realistas no tocante à imagem do corpo e da saúde das mulheres". Agora Berlim está planejando proibir imagens onde as mulheres são retratadas como "lindas mas fracas, histéricas, idiotas, loucas, ingênuas ou governadas pelas emoções". O escritor e jornalista do jornal Der Tagesspiegel, Harald Martenstein, afirmou que é possível que a orientação "tenha sido incorporada do manifesto do Talibã".

A ironia é que esta onda de moralidade e "virtude" vem de cidades governadas por políticos esquerdistas desinibidos, que durante anos fizeram campanha a favor da liberação sexual.

Há uma razão para esta campanha grotesca que proíbe essas imagens. Essas cidades possuem consideráveis populações muçulmanas e classe política - a mesma que promove freneticamente o multiculturalismo obrigatório - que deseja agradar o "Islã". Virou tema de discussão "feminista" defender a conduta da sharia, como faz Linda Sarsour. A consequência é que hoje em dia pouquíssimas feministas se atrevem a criticar o Islã.

Isso está acontecendo em todos os lugares. Cidades holandesas estão "orientando" suas funcionárias a não usarem mini saias. Foi implantado horários somente para mulheres nas piscinas públicas suecas. Escolas alemãs estão enviando cartas aos pais pedindo que as crianças evitem usar "trajes vistosos".

O primeiro a sugerir a proibição de cartazes e propaganda que "reduzam mulheres ou homens a objetos sexuais" foi o Ministro da Justiça da Alemanha Heiko Maas, social-democrata.

"A exigência de cobrir o corpo das mulheres ou domesticar os homens", enfatizou o líder do Partido Liberal Democrata Christian Lindner, "é algo comum nos círculos de líderes religiosos islâmicos radicais, mas não vindo do Ministro da Justiça da Alemanha".

Em 1969 a Alemanha estava sufocada devido a uma celeuma sobre a introdução nas escolas do "Sexualkundeatlas", um "atlas" sobre a ciência sexual. Agora, a meta é dessexualizar a sociedade alemã. O jornal Die Welt comenta:

"Graças ao ministro da Justiça, Heiko Maas, finalmente ficamos sabendo porque, na Passagem do Ano Novo, na Estação Central de Trens de Colônia, cerca de mil mulheres foram vítimas de violência sexual: por causa da publicidade machista. Muitas modelos erotizadas, muita pele nua em nossos outdoors, muitas bocas eróticas, muitas mini saias em revistas de moda, muitos traseiros rebolantes e seios volumosos na publicidade televisiva. Mais um passo na direção da "submissão".

Em vez de mamilos e nádegas, Die Welt conclui: "devemos exortar o uso da burca ou do véu como faz a Sra. Erdogan?"

As mesmas elites alemãs que sugerem a proibição de outdoors "machistas" censuraram os detalhes aterrorizantes dos ataques sexuais em massa em Colônia. Enquanto isso, uma mesquita liberal em Berlim, que proibiu as burcas e abriu as portas aos homossexuais e às mulheres sem véus, encontra-se agora sob proteção da polícia devido às ameaças dos supremacistas muçulmanos.

As elites europeias estão adotando o padrão de dois pesos e duas medidas: eles se orgulham em organizar uma exposição de um crucifixo cristão mergulhado em urina e mais que depressa capitulam às demandas muçulmanas de censurar caricaturas do Profeta Maomé. As autoridades italianas fizeram esforços hercúleos a fim de evitar que o presidente do Irã, Hassan Rouhani, tivesse um vislumbre da nudez de esculturas milenares dos Museus Capitolinos de Roma.

Parece que o Ocidente está fascinado pelos véus islâmicos. Ismail Sacranie, fundador da Modestly Active, fabricante e designer de burquínis, disse ao jornal New York Times que 35% de suas clientes não são muçulmanas. Aheda Zanetti, libanesa que reside na Austrália, que inventou o burquíni, afirma que 40% das suas vendas são para mulheres não muçulmanas. O público ocidental, que romanceia o islã, está, ao que tudo indica, absorvendo a devoção à Lei Islâmica (Sharia). The Spectator disse que isso é "um novo puritanismo" e "o porquê de certas feministas serem solidárias com o Islã".

Parafraseando o escritor americano Daniel Greenfield: a ironia das mulheres celebrarem sua própria opressão é tanto de cortar o coração como de estupefazer.

A Europa poderá logo logo ter que se retratar diante da prefeita de Colônia, Henriette Reker. Ela foi duramente criticada -- vituperada até -- por aconselhar mulheres a "manterem distância" de estranhos para evitarem ataques sexuais.

Se o Ocidente continuar traindo os valores democráticos de liberdade individual no qual se baseia a civilização ocidental, os fundamentalistas islâmicos, como aqueles que impuseram o uso de burcas às mulheres líbias, começarão a impô-las às mulheres do Ocidente. Eles podem até começar com as elites feministas que primeiramente fizeram a revolução sexual para emancipar as mulheres na década de 1960 e que agora estão apaixonadas por uma roupa obscurantista que esconde as mulheres em uma prisão portátil.

Se o Ocidente continuar traindo o valor democrático da liberdade individual, os fundamentalistas islâmicos, como aqueles que impuseram burcas às mulheres líbias, farão o mesmo com as mulheres do Ocidente. (Foto Alexander Hassenstein/Getty Images)







Por: Giulio Meotti, Editor Cultural do diário Il Foglio, é jornalista e escritor italiano. 20 de Agosto de 2017
Original em inglês: Europe's Cities Absorb Sharia Law
Tradução: Joseph Skilnik  Do site: https://pt.gatestoneinstitute.org

sexta-feira, 4 de agosto de 2017

A revolução iraniana (parte 1 de 3)

A SUPREMACIA DOS CELERADOS

Quando a imagem de uma foto resume todas as respostas...

Para quem não entende o porquê do Rio estar no atoleiro em que se encontra, basta ver a imagem...

Não se trata apenas da corrupção, da violência urbana, do tráfico de drogas. Trata-se da lassidão moral de todos os personagens da paisagem carioca. Trata-se da desconexão ética, social e familiar de gerações de tolos levianos criados na cultura do hedonismo. Trata-se da estética da malandragem e do ódio militante contra o trabalho, a humildade e a honestidade.

A imagem é atemporal. Vale para ontem e vale para hoje. A crítica não faz qualquer diferenciação social. Vale para o celerado da foto, vale para o playboy do posto 9, que costuma fazer o mesmo gesto para a mesma autoridade. Afinal, essa estética da malandragem está disseminada em todas as classes sociais. Ela não discrimina..

O cinismo é a regra na sociedade carioca e o preço dessa escolha está aí, no gesto e nas expressões contidas na imagem da foto.

Mas não é mais um problema regional. Esse cancro já ganhou escala nacional. 

A podridão é retroalimentada pela criminalidade em simbiose com uma larga cepa de agentes culturais ideologicamente contaminados, que replicam o modelo fétido Brasil afora, por meio da radiodifusão, da arte, da educação e da política.

Há razões históricas, antropológicas, e sociais que até explicam a escolha dos celerados. Aliás, todos os malefícios decorrem dessas escolhas.

Há hipócritas que justificam as escolhas vitimizando os celerados. Aliás, há toda uma imensa burocracia que incentiva a hipocrisia a partir do Poder Público, desmotivando o civismo, ridicularizando o patriotismo e substituindo a educação pela cultura torta das incorreções "politicamente corretas". 

O povo brasileiro, em sua imensa, mansa e tristemente pacífica maioria, não escolheu o atoleiro moral. Porém, vota e contribui para a manutenção dos cartórios que legitimam a podridão. Contribui para o atoleiro por não ter alternativas na conjuntura - mas pouco faz para alterar a conjuntura. 

Em verdade, a questão sempre foi, é e será conjuntural. Vivemos uma espiral viciosa em direção à entropia - inefável e carregada de "ismos" salvacionistas.

A conclusão é inevitável. Somos todos vítimas da supremacia cultural dos celerados morais, sobretudo porque somos dóceis... e só resolveremos isso se reagirmos, de forma dura e eficaz.

Não há outra saída. Só haverá algum conserto se o aprendizado ocorrer pela dor... pelo sangue e pelo resgate da Justiça.
Por: Antonio Fernando Pinheiro Pedro, advogado (USP), jornalista e consultor ambiental. Sócio diretor do escritório Pinheiro Pedro Advogados. Integrante do Green Economy Task Force da Câmara de Comércio Internacional, membro do Instituto dos Advogados Brasileiros – IAB e das Comissões de Política Criminal e Infraestrutura da Ordem dos Advogados do Brasil – OAB/SP. É Vice-Presidente da Associação Paulista de imprensa - API, Editor-Chefe do Portal Ambiente Legal e responsável pelo blog The Eagle View.
Do site: http://www.theeagleview.com.br


POR QUE DEVEMOS CALAR O AIATOLÁ?


O sábio liberal Karl Popper (1902-1994) – austríaco que testemunhou de perto os males do totalitarismo – deixou aos defensores da liberdade uma lição valiosíssima, que ficou conhecida como “Paradoxo da Tolerância”.

Popper ensinou que se formos de uma tolerância desmedida para com todos, paradoxalmente, estaremos sabotando nossos próprios esforços em manter o Ocidente livre e tolerante.

Porque a tolerância ilimitada permitirá (e, na verdade, incentivará) o florescimento descontrolado dos intolerantes. E os intolerantes, por sua vez, erradicarão os tolerantes e, com eles, a própria tolerância.

“Devemos, portanto, em nome da tolerância, reivindicar o direito de não tolerar os intolerantes”, advogou Popper. O alerta foi dado em 1945, ano da publicação da sua obra magistral: “A Sociedade Aberta e Seus Inimigos”.

Hoje a Europa é a realização da profecia de Popper: ameaçada pelos bárbaros intramuros do fascismo islâmico que se aproveitaram das portas abertas e da permissão para manter a Sharia em seus guetos intocáveis.

Porque devemos calar o aiatolá
São Paulo recebeu nesta quinta-feira (28) o aiatolá Mohsen Araki, que tem fortes e conhecidas ligações com o Hezbollah, organização terrorista que prega a destruição do Estado de Israel.

O aiatolá é um antissemita sujo que tenta camuflar seu antissemitismo com um discurso falso de luta pelos direitos dos palestinos. Ele não se importa com os palestinos! Ele os usa para pregar o ódio contra os judeus e Israel.

Além disso, de acordo com o jornalista Claudio Tognolli, Mohsen Araki está ligado a atentados contra alvos judaicos no início dos anos 90, na Argentina:

Araki está conectado, segundo a PF, aos atentados na Argentina contra a embaixada de Israel – ocorrido em 1992 e que deixou 29 mortos – e a associação judia AMIA – de 1994, com 85 mortos – que continuam sem esclarecimento.

Os dois ataques ocorridos em Buenos Aires contra a comunidade judia, a maior da América Latina, e registrados durante o mandato do presidente Carlos Menem (1989-1999), ressurgiram na mídia com o assassinato do promotor encarregado, Alberto Nisman.

Esse rato sujo do antissemitismo entrou em nosso País sem nenhuma restrição e agora está aqui em São Paulo, à convite do Centro Islâmico no Brasil, para irradiar seu discurso de ódio sem nenhum receio.

Pois o aiatolá deve ser IMPEDIDO de falar. Se não pelos meios legais, que parecem ter falhado, por meio de atos de desobediência civil daqueles que sabem os riscos que estamos correndo ao abrir tal precedente.

Como bem escreveu Claudia Wild, “a visita da pústula em questão será monitorada pela Polícia Federal a pedido do Ministério da Justiça, depois dos mais variados protestos”.


“Entretanto, esta figura nefasta não deveria ser aceita nem para colocar os pés no país. Se observarem o disposto na lei de Segurança Nacional, esta seria a atitude do governo; impedir sua entrada no território nacional.”

O velho Popper sempre esteve certo. Agora o Brasil será cada vez mais submetido ao teste no qual a Europa tragicamente fracassou, resultando em ondas de mortes e terror.

Os intolerantes não podem ser tolerados ou bem vindos!
Por: Thiago Cortês, jornalista. Do site: midiasemmascara.org

segunda-feira, 31 de julho de 2017

A IGREJA ANGLICANA "SAI DO ARMÁRIO" E CAMINHA PARA A EXTINÇÃO


Quanto mais se esforça para adaptar-se ao mundo e ao politicamente correto, mais fiéis perde a Igreja Anglicana. Quanto mais relativismo, menos adeptos.

O relativismo moral foi o solvente mais corrosivo para a Igreja Anglicana, que perdeu nas últimas décadas a metade de seus fiéis. A gota d'água tem sido a ideologia de gênero: quanto mais ela "sai do armário", menor é o número de seus fiéis. E é chamativo o fato de que muitos deles se convertam ao catolicismo. O que ocorre é que, quanto mais o anglicanismo se esforça por adaptar-se ao mundo e ao politicamente correto, mais fiéis o abandonam. Quanto mais relativismo, menos adeptos. E o coroamento deste processo é a ideologia de gênero.

A única serventia da ordenação de "bispas" ou de serviços religiosos para transsexuais tem sido afugentar muitos fiéis. Em 30 anos, a comunidade fundada no século XVI pelo impudico Henrique VIII perdeu a metade de seus fiéis. E o vazamento continua…

A hierarquia anglicana, em todo o caso, exigiu que Governo do Reino Unido proibisse as terapias para quem deseja modificar uma atração homossexual indesejada.

Os líderes anglicanos consideram que "não há espaço no mundo moderno" para que uma pessoa procure voluntariamente ajuda profissional para deixar de ser homossexual. O arcebispo anglicano de York, John Sentamu, manifestou-se de maneira clara a favor da proibição: "Só poderei dormir tranquilamente quando proibirem esta prática." O bispo de Liverpool, Paul Bayes, afirmou que a orientação LGBTI não é nem crime nem pecado: "Não precisamos levar as pessoas para terapia se elas não estão doentes."

A proposta foi finalmente aprovada por 298 votos a favor, 74 contra e 26 abstenções provenientes dos três "estados", formados por bispos, clérigos e leigos, do sínodo da Igreja da Inglaterra.
Serviços religiosos especiais para transsexuais

O sínodo geral da Igreja Anglicana exigiu ainda, por uma ampla maioria de 285 votos a 78, que os bispos proporcionem serviços religiosos específicos para as pessoas transsexuais.

A proposta consiste em elaborar "materiais litúrgicos" que possam ser utilizados com o propósito de "reafirmar o seu longo, angustiante e muitas vezes complexo processo de transição".

De acordo com o jornal The Guardian, ao longo dos 75 minutos em que foi debatida a questão, nenhum dos presente expressou a ideia de que o sexo é determinado biologicamente.
Antecedentes

Longe, porém, de atenuar o êxodo de fiéis, o que a ideologia de gênero faz é acentuá-lo. Com efeito, a Igreja Anglicana vem tomando há várias décadas uma série de decisões que, além chocar-se com a tradição cristã em geral, parecem cada vez mais alinhadas aos preceitos do relativismo.

Por isso, os anglicanos permitem desde 1995 que as mulheres exerçam a função de "sacerdotisas"; desde 2000, que os divorciados celebrem novas núpcias religiosas; e desde 2004 que as sacerdotisas ocupem o cargo de "bispas". Em 2003, seus irmãos episcopais dos Estados Unidos ordenaram o primeiro bispo abertamente homossexual da comunidade anglicana.
Êxodo para o catolicismo

Não deixa de ser significativo que uma parte expressiva dos anglicanos que abandonam essa religião volte para Roma. O número de comunidades anglicanas que solicitaram em 2005 plena comunhão com a Igreja Católica Romana não foi pequeno: representava por volta de 400.000 fiéis.

O pedido foi feito por meio dos chamados Ordinariatos Anglocatólicos, que se formalizaram com a Constituição Apostólica " Anglicanorum Cœtibus", de Bento XVI.
A uma geração da extinção

Lorde Carey, arcebispo de Canterbury entre 1991 e 2002, já tinha advertido em 2015 que "a Igreja da Inglaterra encontra-se a uma geração da extinção".

Em 1983, havia no Reino Unido 16,5 milhões de anglicanos. Esta cifra reduziu-se à metade em apenas 30 anos e a assistência semanal aos serviços religiosos caiu para menos de um milhão de pessoas, ou seja, por volta de 1,4% da população.
Por Nicolás de Cárdenas | Fonte: Actuall | Tradução: Equipe CNP
Tags: Protestantismo, Liberalismo Do site: https://padrepauloricardo.org

domingo, 30 de julho de 2017

DONA IZAURA, SEU PAPAGAIO E O ECO-FASCISMO

Não há sustentabilidade onde impera a arrogância covarde...


Dona Izaura e seu papagaio. O que dizer de um ente público que encara afeto como crime?...

Dona Izaura Dantas é uma senhora de 94 anos. Ela vive só, em companhia de um cãozinho e de seu papagaio, que lhe faz companhia há 22 anos na cidade de Cajazeiras, na Paraíba.

Em qualquer lugar do mundo, Dna. Izaura seria objeto de admiração pela longevidade e de respeito pelo carinho dedicado aos seus dois animais de estimação, que lhe fazem companhia.

O Papagaio de Dona Izaura tem nome, Leozinho.

Leozinho é um papagaio verdadeiro - não se trata de uma afirmação e sim do nome da espécie.

O papagaio verdadeiro é uma ave muito divertida e alegre. É também temperamental e carente emocionalmente. Essa carência afeta seu humor, mas também é componente importante no seu histórico de aproximação e convivência social com o ser humano, ao longo dos séculos. Há casos de papagaios que conviveram muitas décadas com o seu dono - afinal, um papagaio vive em torno de 80 anos.

Papagaios, uma vez domesticados, precisam ter alguém por perto quase sempre, caso contrário podem desenvolver problemas de saúde como a depressão. Desenvolvem simbiose relacional com os humanos e mimetizam comportamentos. São capazes de aprender a falar, identificam ritmos e gostam de dançar quando uma música toca. Nem todos os papagaios, obviamente, chegam a tamanho nível de socialização ou mimetismo - há uma grande porcentagem que não se sociabiliza. No entanto, o Leozinho de Dona Izaura está entre os perfeitamente sociáveis e integrados ao convívio com humanos.

Porém, se essa relação é festejada há séculos, inclusive nos grandes clássicos da literatura juvenil, no Brasil ela foi criminalizada.

Por aqui, a pretexto de combater um grande mal - o contrabando de animais silvestres - nossos iluminados legisladores optaram não apenas por "tirar o sofá da sala" - criminalizando a posse do animal, como também trataram de empoderar nossa cartorial, desumana e obtusa burocracia, com instrumentos administrativos capazes de torturar culpados, incautos e inocentes.

Assim, em 2010, a agência ambiental do governo federal, o IBAMA, após receber "uma denúncia anônima", invadiu a casa de Dona Izaura com seus bravos fiscais fardados, para apreender o pássaro Leozinho. Chamaram o circo armado de... "resgate" (?).

Tratada como se fosse uma marginal criminosa, Dona Izaura teve uma forte crise de hipertensão - não falecendo por conta da assistência médica e dos sobrinhos, que trataram de recorrer à Justiça.

Uma medida cautelar, emitida por um juiz federal não contaminado pela sanha biocentrista, sustou a apreensão, salvando a vida de Dona Izaura e de Leozinho - que obviamente havia entrado em depressão.

Apesar da insistência dos "bravos" burocratas ambientalistas, a sentença foi mantida pelo Tribunal Regional Federal, no Recife, e, surpreendentemente, pelo Superior Tribunal de Justiça, em Brasília.

É certo que pela lei, a posse de animais silvestres em cativeiro, sem autorização do IBAMA, é crime e infração administrativa. Porém, desde o nascedouro desta norma jurídica, todos os operadores do direito com um mínimo de humanidade têm se debruçado sobre a questão para ponderar que a norma há de ter aplicação criteriosa, examinando-se cada caso como se único fosse - tamanhas as peculiaridades da simbiose cultivada entre os animais domesticados e seus donos - que transcende para muito além da letra fria da lei.

"Mesmo sendo crime a posse do animal, a melhor interpretação da lei deve evitar um dano ainda maior: o animal não vai se adaptar e dona Izaura pode ter um pico de pressão", disse o advogado João de Deus Quirino Filho, que representa a família de Dona Izaura, reproduzindo o entendimento assente na Justiça.

Mas os próceres do biocentrismo fascista não descansam. O IBAMA, como se nada mais tivesse a fazer que não perseguir a velhinha do papagaio, apresentou recurso ao Ministro Og Fernandes, relator do processo no STJ, para que este reconsidere sua decisão provisória e submeta o caso ao plenário. A pressurosa ecoburocracia entende que no plenário do STJ, o aparato biocentrista (que tem raízes fincadas no colegiado) se apresente, para consolidar a desumanidade praticada. 

Como em todo fascismo, o aparato burocrático engajado pretende informar didaticamente ao País que, de agora em diante, seres humanos e animais silvestres estão condenados à segregação social e afetiva.

O tribunal regional constatou que o papagaio "está totalmente adaptado ao ambiente doméstico e não há indícios de maus-tratos". Falta, porém, o STJ analisar as mesmas circunstâncias.

Por trás dessa verdadeira demonstração de desumanidade, há o espectro sinistro do biocentrismo fascista, verdadeira praga ideológica que contamina hostes ambientalistas dentro e fora do Poder Público.

Biocentristas ou eco-fascistas são capazes de, em nome de uma posição idealizada do que seja "proteger o meio ambiente", afastar um animal domesticado do ambiente em que vive há décadas, para "devolvê-lo a seu habitat" ou entregá-lo a um zoológico, ainda que saibam que isso poderá provocar a morte da ave ou agravar os problemas de saúde de sua dona.

De fato, a lei ambiental não foi feita para permitir desumanidades ou premiar gente que usa o desamor como forma de conduta administrativa ou judicial...

Nota ZERO para o IBAMA.

Vida longa à união de Dona Izaura e Leozinho.

Morte ao biocentrismo fascista!
Por: Antonio Fernando Pinheiro Pedro,advogado (USP), jornalista e consultor ambiental. Sócio diretor do escritório Pinheiro Pedro Advogados. Integrante do Green Economy Task Force da Câmara de Comércio Internacional, membro do Instituto dos Advogados Brasileiros – IAB e das Comissões de Política Criminal e Infraestrutura da Ordem dos Advogados do Brasil – OAB/SP. É Vice-Presidente da Associação Paulista de imprensa - API, Editor-Chefe do Portal Ambiente Legal e responsável pelo blog The Eagle View.
Do site: http://www.theeagleview.com.br/

sábado, 29 de julho de 2017

A EUROPA ORIENTAL OPTA PELA CIVILIZAÇÃO OCIDENTAL

- "A maior diferença é que na Europa, política e religião estão separadas uma da outra, mas no caso do Islã é a religião que rege a política" — Zoltan Balog, Ministro de Recursos Humanos da Hungria.


- Não é por acaso que o presidente Trump escolheu a Polônia, um país que lutou contra o nazismo e o comunismo, para conclamar o Ocidente a mostrar um tantinho de disposição em sua luta existencial contra o novo totalitarismo: o Islã radical.

- "Possuir armas é uma coisa, estar disposto a usá-las é outra coisa totalmente diferente". — Professor William Kilpatrick, Boston College.
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Em um discurso histórico diante de uma exultante multidão polonesa, precedendo o início da reunião dos líderes da Cúpula do G20, o presidente dos EUA, Donald Trump descreveu a luta do Ocidente contra o "terrorismo islâmico radical" como forma de proteger "nossa civilização e nosso modo de vida". Trump perguntou se o Ocidente tinha a determinação de sobreviver:

"Temos a necessária convicção de nossos valores a ponto de defendê-los a qualquer custo? Temos o devido respeito pelos nossos cidadãos a ponto de proteger nossas fronteiras? Temos o desejo e a coragem suficientes de defender a nossa civilização diante dos que querem subvertê-la e destruí-la?"

A pergunta de Trump poderá ressoar na Europa Oriental, lugar escolhido por ele para proferir seu eloquente discurso.
Presidente Donald Trump discursando em Varsóvia, Polônia, de fronte do monumento em homenagem ao Levante de Varsóvia de 1944 contra os alemães, em 6 de julho de 2017. (Imagem: Casa Branca)

Depois que um homem-bomba assassinou 22 pessoas na saída de um show em Manchester, incluindo dois poloneses, a primeira-ministra da Polônia, Beata Szydło, destacou que a Polônia não seria "chantageada" a aceitar milhares de refugiados segundo as diretrizes do sistema de quotas da União Europeia. Ela urgiu os legisladores poloneses no sentido de protegerem o país e a Europa dos flagelos do terrorismo islâmico e do suicídio cultural:

"Europa, para onde você está indo? Levantem-se dos joelhos e da letargia ou vocês irão chorar todos os dias a morte de seus filhos.

Dias mais tarde, a União Europeia anunciou que começaria os procedimentos com o intuito de punir a Polônia, Hungria e República Checa por se recusarem a aceitar migrantes conforme a determinação de um programa criado pela Comissão Europeia em 2015.

Após o discurso de Szydło, Zoltan Balog, Ministro de Recursos Humanos da Hungria, declarou:

"O Islã é uma cultura e uma religião de grande importância, que devemos respeitar, mas a Europa tem uma identidade diferente e é indubitável que as duas culturas não têm condições de coexistir sem conflitos... A maior diferença é que na Europa, política e religião são separadas uma da outra, mas no caso do Islã é a religião que rege a política".

É por esta razão que Viktor Orban foi tachado de "inimigo interno da Europa" -- porque ele disse com todas as letras, para não deixar dúvidas, o que o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, jamais dirá: "devemos manter a Europa cristã".

Os discursos proferidos pelas autoridades de Visegrad - grupo europeu formado pela República Tcheca, Polônia, Hungria e Eslováquia - são apenas dois exemplos das profundas divisões ideológicas entre os países da Europa Ocidental e os da Europa Central e Oriental.

Há uma acentuada propensão dos líderes de Visegrad em retratar o Islã como uma ameaça civilizacional à Europa cristã. Se de um lado a Europa Ocidental tem se distanciado drasticamente pela opinião pública e severamente restringida pelas leis da UE, na Europa Oriental as mais recentes pesquisas de opinião revelam que o cristianismo continua tão robusto e patriótico como sempre. É por isso que Trump chamou a Polônia de "nação devota". É por isso que as revistas católicas dos EUA perguntam abertamente se há um "despertar cristão" na Europa Oriental. A Eslováquia aprovou uma lei para evitar que o Islã se torne uma religião estatal oficial.

Para começar, esses países da Europa Central e Europa Oriental estão cônscios que o multiculturalismo da Europa Ocidental tem sido a receita para os ataques terroristas. Conforme observa Ed West do The Spectator:

"Não são todos os países da Europa. A Europa Central, principalmente a Polônia, Hungria e a República Checa, permanecem em grande medida salvos da ameaça terrorista, apesar da Polônia, mais especificamente, ser um ator da OTAN no Oriente Médio. É precisamente pelo fato das razões para isso serem tão óbvias, é que não se pode mencioná-las. A percentagem muçulmana da Polônia representa 0,1% da população, cujo maioria pertence a uma comunidade tártara estabelecida há muito tempo, a da Grã-Bretanha é 5%, da França 9% e de Bruxelas 25%, sendo que essas cifras estão em franco crescimento".

O que é, supostamente, "óbvio" é que a Polônia e a Hungria não são atingidas por ataques terroristas islâmicos porque estes países têm pouquíssimos muçulmanos, ao passo que na Bélgica e no Reino Unido acontece o inverso. Provavelmente a Europa estaria mais segura se tivesse seguido o exemplo da Europa Oriental.

A Europa Oriental mostra maior entendimento da cultura ocidental do que a própria Europa Ocidental. Esses países do leste também têm sido bem mais generosos à OTAN, baluarte de sua independência e segurança. A cultura e a segurança andam de mãos dadas: se você levar a sério a sua própria cultura e civilização, você estará disposto a defendê-las.

Um breve olhar para os dispêndios militares dos membros da OTAN em relação ao PIB mostra que a Polônia cumpre com sua obrigação de pagar 2% do Produto Interno Bruto, diferentemente de todos os países da Europa Ocidental. Apenas cinco dos 28 membros da OTAN - os EUA, Grécia, Polônia, Estônia e Reino Unido - contribuem com os 2%. E a França? E a Bélgica? E a Alemanha? E a Holanda?

"Ao contrário da maioria de seus pares da OTAN e da Europa", Agnia Grigas, membro sênior do Atlantic Council, esclareceu: "a Polônia tem ao longo das duas últimas décadas visto a defesa como uma questão prioritária e, como resultado, emerge lenta e de forma contínua como bastião da segurança europeia". A Polônia - diferentemente da Bélgica, Itália e outros países europeus - não é um "penetra" e sim um parceiro confiável, aliado dos EUA. A Polônia mostrou lealdade aos Estados Unidos, tanto no Afeganistão como no Iraque, onde suas tropas lutaram contra os talibãs, além de ajudarem a derrubar Saddam Hussein.

Não é por acaso que o presidente Trump escolheu a Polônia, um país que lutou contra o nazismo e o comunismo, para conclamar o Ocidente a mostrar um tantinho de disposição em sua luta existencial contra o novo totalitarismo: o Islã radical.

"O Ocidente continuará desfrutando da vantagem militar por um bom tempo ainda, mas possuir armas é uma coisa, estar disposto a usá-las é outra coisa totalmente diferente", assinalou William Kilpatrick, professor do Boston College. "O Ocidente é forte militarmente, mas fraco ideologicamente. Falta-lhe confiança civilizacional".

É por esta razão que é crucial que a Europa Oriental continue a ser uma voz forte de dissidência ao projeto da UE. Ela poderia prover a confiança cultural que falta, tão acentuadamente, aos burocratas europeus - falta esta cujo custo é a própria Europa.
Por: Giulio Meotti, Editor Cultural do diário Il Foglio, é jornalista e escritor italiano.Original em inglês: Eastern Europe Chooses to Keep Western Civilization
Tradução: Joseph Skilnik  Do site: https://pt.gatestoneinstitute.org

sexta-feira, 28 de julho de 2017

A ALMA CHINESA ASPIRA À HIERARQUIA SOCIAL, À TRADIÇÃO E AO REQUINTE


Refeição chinesa tradicional.

Mao Tsé-Tung, fundador do comunismo chinês, disse outrora que uma revolução não é um banquete: todas as formas de feiura e de crime estavam legitimadas na revolução niveladora do comunismo.

Ele agiu em consequência, arrasando o passado cultural chinês, sua hierarquia social, os requintes de sua arte e as “superstições” das religiões, com ódio especial ao catolicismo, apesar de Mao ter sido formado em escola de jesuítas.

Mas sendo “a alma humana naturalmente cristã”, como disse Tertuliano, todo ser humano aspira no fundo à beleza, à perfeição e, em suma, ao catolicismo.

As conveniências de expansão da revolução comunista chinesa exigiram um abrandamento da ditadura miserabilista. 

Então a China virou potência industrial e comercial. Com uma consequência indesejada pelo marxismo: setores dela passaram a usufruir de algumas vantagens da civilização ocidental, outrora cristã.

E o fundo da alma chinesa voltou a se manifestar: ela quer a beleza, a boa ordem, o requinte e o luxo, inclusive no lar. Quer um serviço de mesa impecável para os dias de festa e o vinho servido em taças.

Quaisquer que sejam as restrições que se lhe possam fazer, a série televisiva “Downton Abbey” foi um detonante desses anelos profundos da alma chinesa.

E os “novos ricos” da China, rudes e pouco refinados, foram tomados pela saudade da velha escola de educação e requinte. Enquanto os estilos comunistas estão associados à morte, os modelos ocidentais fazem furor.

Já tivemos ocasião de falar dos bons modos no relacionamento público.

Escola para mordomos em Chengdu. 

Estudantes Liu Janmin e Zhang Ling acertam a boa disposição dos copos.

Agora o jornal “The New York Times”,sempre associado às causas degradantes da Revolução Cultural, teve de tratar da demanda na China, de serviços de mordomos locais formados na escola das mansões britânicas, popularizados por “Downton Abbey”.

As agências e escolas de formação de mordomos vêm operando na China há mais de uma década. E o número de candidatos cresceu marcadamente nos anos recentes. A maioria é chinesa e muitos são mulheres.

A Academia Internacional de Mordomos da China, por exemplo, foi inaugurada em 2014, em Chengdu, cidade do sudoeste habitualmente coberta pela neblina. Talvez essa seja uma analogia com Londres, mas é secundário.

O presidente chinês, Xi Jinping, está engajado numa campanha radical contra a desigualdade social e cultural e o abandono da filosofia marxista, niveladora das categorias sociais.

Ele vocifera contra a corrupção e o esbanjamento que, por certo, abundam em proporções descomunais no socialismo de Estado.

Mas os mordomos encontram cada vez mais empregos, como símbolos do bom gosto e do requinte a que aspiram inúmeros chineses enriquecidos recentemente. 

Muitos dos formados na academia vão trabalhar em restaurantes, hotéis e centros de negócios luxuosos, onde os que não podem pagar um mordomo particular vão sonhar um momento com algo assim.

Luo Jinhuan, por exemplo, trabalhou de mordomo em Xangai e Pequim, após aprender o ofício na Holanda.

Os promotores da nova onda afirmam que “Downton Abbey” ajudou a reavivar um novo interesse pelo serviço requintado, restabelecendo as pontes com o serviço da velha escolha da China.

“Comecei a entender a profissão depois de ver ‘Downton Abbey’”, disse Xu Shitao, nascida em Pequim há 34 anos, que toma aulas na academia de Chengdu.

Ela e seus companheiros de aula perceberam que ser mordomo na vida real é árduo, mas nem por isso pensam desistir. 

Aprendendo a servir a champagne na Academia Internacional de Chengdu

Levaram uma manhã inteira praticando servir o vinho e a água.

“Estica-te, serve, para cima, gira, para trás, limpa. Tenta esticar mais o braço”, ordenava Christopher Noble, instrutor americano auxiliado por seu indispensável tradutor. “Tu tens que entender que estás fazendo um balé”.

Os patrões chineses esquecem com frequência o que é um verdadeiro dono de casa. E tratam seus mordomos como lacaios para qualquer coisa.

Mas isso é contra a ideia tradicional do mordomo, que é a de um respeitado administrador do lar. 

As dificuldades não tiram a vontade de adotar uma função serviçal, rodeada intrinsecamente de dignidade e respeito.

“Muitos de nossos milionários são ricos de primeira geração – outrora se dizia ‘parvenus’ou ‘nouveaux riches’ – e não têm acumulada uma longa historia familiar”, explicou Yang Linjun, 22 anos, aluno na academia de mordomos de Chengdu.

Yang Linjun gostaria servir nobres tradicionais, de famílias afidalgadas, após séculos de cultura transmitida de pai para filho. A nobreza dos patrões dignifica e eleva seus servidores e Yang sente isso na própria pele.
Por Luis Dufaur Escritor, jornalista,conferencista depolítica internacional,sócio do IPCO,

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Do site:http://pesadelochines.blogspot.com.br

quarta-feira, 26 de julho de 2017

O OCASO DO EMPREGO DOMÉSTICO E A BUROCRACIA IMBECIL


Com a crise, as empregadas domésticas estão sendo demitidas em massa, graças às medidas implementadas pela burocracia para a proteção delas...

Debret revisitado pelo Le Mond Diplomatique, quando da edição das normas sobre trabalho doméstico

"Fizeram-nos acreditar que sem Estado somos incapazes de criar arte, que qualquer coisa que carregue o nome “social” é bom, ignorando os mais de sete milhões de famintos, os mais de 12 milhões de desempregados e que apenas 8% da faixa etária trabalhadora compreendem e se expressam plenamente através das letras e dos números.
Achamos lucro pecaminoso e a estabilidade de um emprego público ideal e atraente porque, afinal, o Estado, essa entidade grandiosa e onipresente e potente, é responsável por todos os nossos sucessos e fracassos — pessoais e sociais."
(Herança Imbecil - Thiago Mourão - O Globo)

Por décadas, fetichistas da unanimidade fizeram hordas de mentes frágeis acreditarem, piamente, que a relação de trabalho privada representava a luta de classes e o "patrão" personificava a figura do inimigo da sociedade. 

Imbuídas, então, das "melhores intenções", as frágeis mentes incrustadas na burocracia do Estado implementaram normas legais visando "proteger" os empregados indefesos dos horríveis patrões. Visando, também, prevenir a exploração do homem pelo homem, os paladinos da justiça social também editaram regras que, praticamente, inviabilizaram a figura do empregador, com exceção óbvia do Estado (afinal, os imbecis precisavam ser remunerados...). 

O resultado é o que aí está: um país que detém, sozinho, 98% das ações trabalhistas em curso no mundo, um funcionalismo público responsável por dez por cento do número de aposentados e dois terços do déficit público da previdência, milhões de desempregados e parte do restante "subempregado", um judiciário que custa ao cidadão mais do que aufere em prol de quem alega proteger, e um serviço público com os maiores salários do planeta e uma das menores taxas de eficiência do mundo. 

Embora o quadro revelado seja óbvio, é preciso, ainda, desenhá-lo, porque não basta explicar tamanha a estultice cultivada no seio da sociedade dita "pensante" brasileira. 

Vamos começar pela mãe de todas as idiotias tupiniquins: a academia. 

Outro dia, me deparei com uma tese respeitável cujo resumo se presta a introduzir o nosso assunto neste artigo. Vejamos: 

"O trabalho doméstico é imprescindível para a manutenção da vida humana. Entretanto, o histórico de desempenho desse ofício vem acompanhado por complexos processos de discriminações negativas, motivadas, sobretudo, pelos sistemas de classificação de classe, raça e gênero. A presente pesquisa analisa os debates desenvolvidos nas cinco audiências públicas de discussão da Proposta de Emenda à Constituição nº 478-A, realizadas entre outubro de 2011 e maio de 2012. A referida proposta versou sobre a equiparação das trabalhadoras domésticas às demais categorias urbanas e rurais e foi aprovada dia 02 de abril de 2013, dando corpo à Emenda Constitucional 72, que estabeleceu a alteração do parágrafo único do artigo 7º da Carta Magna e ampliou os direitos das trabalhadoras domésticas. Vale ressaltar que esse processo de extensão de direitos foi denominado, por muitos, de segunda abolição. Diante ao exposto e à observação da importância do trabalho doméstico para a reprodução da sociedade e dos sistemas econômicos e políticos e de sua tardia regulamentação, este estudo propõe considerar como a imagem social da trabalhadora doméstica é constituída por diferentes grupos presentes nos debates analisados. Buscando, ainda, desvendar o que as discussões acerca do trabalho doméstico podem dizer sobre as estruturas de conformação da sociedade, de um modo geral. Verifica-se que a fixação de quadros construídos sob a égide do eurocentrismo colonial/moderno continua a influir nos direcionamentos políticos do Estado e no arcabouço jurídico brasileiro, e, consequentemente nos desenhos sociais das trabalhadoras domésticas e na atribuição de não valor às atividades por elas desempenhadas. (PALAVRAS-CHAVE: trabalhadoras domésticas; PEC 478-A; EC 72; segunda abolição; colonialismo)." (sic...)

O original de Debret - assim a burocracia ainda enxerga as relações de trabalho no Brasil

Pois bem, o mesmo sistema de conceitos ideológicos que inspirou a pesquisa acadêmica introduzida em causa, também fez o regime econômico brasileiro retroagir aos tempos da pré-revolução industrial, reduzindo o Brasil a mero exportador de commodities. 

Não podia ser diferente. Embora as relações sociais e econômicas tenham evoluído no Brasil urbano, a visão esquerdizóide, rural, e cartorial ainda contamina academia, governo e justiça, como se o quadro pintado por Debret retratasse a realidade contemporânea sem qualquer retoque. Foi sob essa visão primária da sociedade que o quadro econômico involuiu, especialmente no governo de Dilma Rousseff. 

A taxa de desemprego atingiu níveis catastróficos de dois dígitos, levando autoridades como o ex-diretor do Departamento de Emprego do Ministério do Trabalho e Previdência, Rodolfo Peres Torelly, em 2015, informar à imprensa que "o emprego formal está desabando". 

De fato, a taxa de desocupação continua em alta e o Brasil tem agora, oficialmente, 14,2 milhões de desempregados - segundo dados do trimestre encerrado em março de 2017, número 14,9% superior ao trimestre imediatamente anterior (outubro, novembro e dezembro de 2016) – o equivalente a 1,8 milhão de pessoas a mais desocupadas.

Um dado, no entanto, chamava a atenção quando a crise econômica começava a se abater sobre o já desgastado governo Dilma, em 2015 : “O que tem segurado a taxa de ocupação nesse patamar é o setor de serviços domésticos e a pessoa que vai trabalhar por conta própria, com recolhimento para a Previdência ou não”, avaliava o ex-diretor Torelly. 

No ano de 2015, só o trabalho doméstico, no período, havia criado 200 mil novas vagas. 

No entanto, como anotara Flavia Vinhaes, economista da coordenadoria de Trabalho e Emprego do IBGE, o fenômeno se tratava de "uma nova reorganização da mão de obra, com substancial perda de carteira assinada, que obriga as pessoas a migrarem para outras ocupações mais instáveis”.

Para a burocracia de Estado, portanto, o emprego doméstico era sinônimo de "perda" de mão de obra em relação à produtividade. 

Nem tudo estava perdido para a burocracia. Em junho de 2015, entrou em vigor a lei complementar 150, que regulamentou a ampliação dos direitos trabalhistas das empregadas domésticas discutidos durante a tramitação da emenda constitucional 72, a chamada PEC das Domésticas. As trabalhadoras passaram a ter direito a hora-extra, FGTS, INSS, adicional noturno, seguro por acidente de trabalho, além dos benefícios do INSS, como aposentadoria e salário-maternidade.

De fato, logo após a lei entrar em vigor, o governo registrou um aumento na formalização das domésticas - motivado em grande parte pelo temor da fiscalização, estimulada pela mídia agressiva que estigmatizava a figura das patroas como as inimigas do novo Brasil desenhado pela propaganda do governo Dilma. 

Porém, com o agravamento da crise econômica, e a crise de transição do governo, a propaganda deu lugar á triste realidade dos fatos e o volume de trabalhadoras com carteira assinada começou a cair.

O equívoco na raiz da questão é evidente pois, para o famigerado "patrão", serviço doméstico é despesa e não lucro, porquanto não integra regime produtivo, e sim a manutenção do lar. Aliás, por isso, é um trabalho "doméstico"... 

Com a desaceleração da economia, as despesas de manutenção sofrem o inevitável corte. Não por outro motivo, no primeiro semestre de 2017, o total de empregadas domésticas com carteira assinada diminuiu de 1,57 milhão para 1,2 milhão, segundo os registros do e-social da Receita Federal, que faz o controle da arrecadação do FGTS e do INSS, entre outros tributos, do empregador e da trabalhadora.

Foram encerrados 379 mil registros, ou seja, uma queda de 24% no volume de empregos domésticos. 

De acordo com o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), a taxa geral de desemprego no país está em 10,7%. Isso significa dizer que, o que antes era o bastião da estabilidade nos períodos de crise - o emprego doméstico - atingiu O DOBRO da taxa de desemprego geral do Brasil.

"Quando o trabalhador de um outro setor é demitido uma das primeiras providências para conter os custos da casa é demitir a empregada. Então é um setor muito suscetível à crise. Mas a avaliação é que a lei foi muito positiva e trouxe dignidade e garantia de direitos para as trabalhadoras", disse Mario Avelino, presidente do Instituto Doméstica Legal.

A frase de Avelino reproduz o mantra da mitologia burocrática brasileira: "todos devemos reconhecer as benesses pretendidas, embora saibamos que o resultado concreto foi um desastre..."

A horda de "refugiadas laborais", em busca de sobrevivência, partiu para a atividade de diarista - dessa forma, buscam manter direitos previdenciários garantidos com a adesão ao MEI, programa de formalização do microempreendedor individual. Porém, em relação à massa de desempregados domésticos, o volume é ridículo, somente 27.610 diaristas encontram-se inscritas no MEI. 

Nos últimos seis meses, o volume de empreendedores autônomos no MEI cresceu 8,05%, passando de 5,8 milhões (em dezembro de 2015) para 6,1 milhões agora em junho de 2017. "Quem era doméstica agora está virando diarista até a crise passar e o mercado de trabalho melhorar", disse o pressuroso sindicalista Avelino.

Enquanto a liderança sindical procura extrair pelos do ovo da crise econômica para sustentar um discurso sem qualquer emprego prático, a horda de desempregados engorda com a nova safra de vítimas da regulamentação irresponsável - tudo em prol de uma burocracia que massacra o que resta da economia do país e, agora, avança para dentro das casas dos cidadãos. 

No "hall da Justiça" dos grandes operadores do organismo social brasileiro, mais uma vez, haverá aquela típica declaração: "A operação foi um sucesso. Porém, devido às circunstâncias, o paciente morreu..."

O quadro de Debret, revisitado pelo Le Mond Diplomatique, revela mais que o que pretendia a reportagem. As relações de trabalho se modernizaram, inclusive no ambiente doméstico. Porém, a visão preconceituosa, cartorialista e colonial sobre essas relações, permaneceram iguais no paquidérmico Poder Público brasileiro. 

Triste ocaso do emprego doméstico. Mais uma herança lamentável da nossa burocracia imbecil. 
Fontes: 
http://noticias.r7.com/economia/uma-em-cada-cinco-domesticas-com-carteira-assinada-perdeu-o-emprego-em-2016-20062016
http://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2017-04/ibge-total-de-desempregados-cresce-e-atinge-142-milhoes

Por: Antonio Fernando Pinheiro Pedro, advogado (USP), jornalista e consultor ambiental. Sócio diretor do escritório Pinheiro Pedro Advogados. Integrante do Green Economy Task Force da Câmara de Comércio Internacional, membro do Instituto dos Advogados Brasileiros – IAB e das Comissões de Política Criminal e Infraestrutura da Ordem dos Advogados do Brasil – OAB/SP. É Vice-Presidente da Associação Paulista de imprensa - API, Editor-Chefe do Portal Ambiente Legal e responsável pelo blog The Eagle View.
Do site: http://www.theeagleview.com.br