domingo, 22 de outubro de 2017

A SUBVERSÃO DOS IDIOTAS


Ninguém aguenta mais ouvir falar da exposição do banco Santander em que todo tipo de perversão sexual era apresentado a crianças, acompanhado de “artes” como hóstias com palavrões escritos. O que eu venho apontar aqui, contudo, talvez seja um pouco diferente das reações médias, da indignação da direita à defesa confusa de um suposto direito de expressão da esquerda.

O que mais me chamou a atenção na exposição é o seu amadorismo. Na verdade, o jeitão dela era todo o de uma feira de ciências de colégio suburbano, com quadros com todo o jeitão de terem sido pintados por crianças de 12 anos (inclusive na pornografia) e maquetes de vulcão mal feitas, tudo com o objetivo de “passar um conteúdo” que valha uma nota. E qual era o conteúdo da exposição queer (termo que significava originalmente “esquisito”, mas que foi adotado como sinônimo de “homossexual”)? Era basicamente o que as pobres crianças de hoje aprendem na escola e na mídia desde a mais tenra idade, a herança orgulhosamente contracultural do Maio de 68: a desconstrução e a desmitificação. Sem jamais entender direito o que significa a Independência do Brasil, por exemplo, e sem que sejam postas por um instante que seja a pensar nas alternativas então possíveis, as crianças aprendem que dom Pedro estava montado numa mula e com diarreia, ou sei lá que besteira se venha a dizer. A história passa a consistir de uma sucessão de ridículos, de modo a “vacinar” as crianças contra a noção de autoridade, contra a admiração pelos feitos de nossos ancestrais etc. A literatura passa a celebrar a vida sexual dos escritores, em detrimento daquilo que os faz escritores: a sua arte. A geografia acaba parecendo a muçulmana, que divide o mundo entre “território da submissão” (o Islã) e “território da guerra” (todo o resto, como os europeus vêm descobrindo): os países mais desenvolvidos não são desenvolvidos, são monstruosos; os países pobres não estão em vias de desenvolvimento, e sim sendo estuprados pelos poderosos, que cometem o crime de comprar os produtos que produzimos. E por aí vai.

O termo técnico para essas tentativas de puxar o tapete sob toda a narrativa civilizacional e patriótica é “subversão”; lembro-me até hoje da minha avó observando, indignada, que alguns deputados cassados pelos militares batiam no peito por terem sido cassados por subversão, não por corrupção. Ora, a subversão é a pior forma de corrupção: é a corrupção ativa e direcionada contra o âmago da sociedade, contra aquilo que é partilhado por todos os cidadãos. A subversão significa justamente o ataque às bases da ordem social. E de Maio de 68 para cá estas bases são atacadas constantemente pelos mesmíssimos meios que deveriam se dedicar a mantê-las. As escolas, por exemplo, têm – ou deveriam ter – como missão precípua a manutenção da ordem social pela transmissão do conjunto de valores e conhecimentos que perfazem a herança cultural que cada membro da nossa cultura e civilização tem o direito de receber. Mas não. Elas, assim como a mídia, percebem-se hoje como “agentes de mudança”. Mudança rumo a quê, isso ninguém sabe. O que se sabe é que seria de alguma forma um dever, a quintessência mesmo do ensino paulofreiriano ou do jornalismo uspiano demolir todo sinal de civilização, toda ordem herdada dos ancestrais.

Daí imbecilidades como a tal exposição queer do Santander (ironicamente, uma instituição com nome de santo; nada mais tradicional), ou como o próprio festejar incessante do “trans” e do queer, do que não se encaixa, do que se nega a aceitar a realidade biológica e social. Não se trata de uma campanha em prol de algo, por mais que – por motivos puramente políticos e de propaganda – finja-se que seja. Não se está defendendo os direitos de quem quer que seja, mesmo porque direitos que são inventados na hora, inexistiam cinco anos atrás e rapidamente serão abandonados em favor de outros mais recentes dificilmente seriam direitos reais. O que se está fazendo é um ataque sistemático às bases mesmas da sociedade e da civilização – de qualquer civilização; não estou falando simplesmente da civilização ocidental, em cujos subúrbios estamos. E quando eu digo que é às bases, não exagero: o ataque visa coisas tão básicas quanto o masculino e o feminino, necessários para a própria reprodução da espécie; a noção hierárquica de superior e inferior, necessária para qualquer reta ordenação social; a noção ético-moral de certo e errado, necessária para o juízo das ações que nós mesmos encetamos. É a destruição da possibilidade mesma de sociedade que esses processos irracionais almejam. O que importa para quem entrou nessa barca foucaultiana é a desconstrução de paradigmas e a desmitificação de coisas que, no mais das vezes, de mitos não têm nada. Não é mito que homens sejam diferentes de mulheres. Aliás, esta é uma realidade maravilhosa, e o homem que tenta ativamente diminuir sua masculinidade, assim como a mulher que procura combater a sua feminilidade, estão tentando misturar água e óleo. É impossível. A masculinidade e a feminilidade estão inscritas em todas as células do corpo da pessoa, e não importam em nada os delírios identitários que alguém que misture desejos venéreos com identidade.

Mas mesmo assim, apesar de ser uma causa perdida desde o início, há gente boba o suficiente para – como bom aluninho, CDF, que leva uma maçã para a professora todos os dias – engolir sem pensar o bestialógico que se lhe apresenta como se fosse a mais suma sabedoria e seu mais reto dever. E são estes, os bons aluninhos, que aprendem desde cedo que o que faz um trabalho ganhar boa nota é a quantidade de subversão que ele traz em si. A geração que tinha 20 anos em Maio de 68 conseguiu perverter as seguintes, e hoje as melhores mentes da geração que hoje tem seus 20 e poucos se veem vivendo a ilusão de que a subversão é um dever cívico e uma ação nobre. O que começou como um levante dos jovens contra os velhos (“não confie em ninguém com mais de 30 anos” era um dos lemas de 68) tornou-se uma campanha de subversão encetada por velhos de 70 anos de idade usando a força dos bons meninos obedientes de 20.

Ora, o que é a subversão? Literalmente, a palavra significa “deitar abaixo, derrubar”. O objetivo do ensino e da programação televisiva hoje em dia é fazer com que o aluno deite abaixo, derrube qualquer coisa que lhe seja apresentada como digna de respeito. “Irreverente” tornou-se um elogio! Convenhamos, isso é a mais perfeita receita para a criação de uma sociedade anômica em que 60 mil homicídios por ano parecem normais. Festejar-se o que é diferente da regra implica necessariamente em festejar-se a criminalidade, o lucro obtido pela violência desordenada e todos os demais sinais de que o tecido civilizacional se esgarça, deixando vazar a escravidão aos sentidos mais perversos e básicos. A sociedade é substituída pelos desejos venéreos e demais formas de concupiscência que ela sabia ordenar para fins melhores. O Davi de Michelangelo dá lugar a desenhos infantis de copulação com cabras. Quando a História passa a ser a apresentação em flashes de um Pedro Álvares Cabral farsesco que não consegue se comunicar com os índios, seguido de um dom João VI que só se preocupava em comer franguinhos, por sua vez dando lugar a um filho mulherengo que teve uma diarreia e então proclamou a independência etc., o que se tem não é História do Brasil, “desmistificada” ou não. O que se tem é uma palhaçada da qual ninguém se orgulharia de fazer parte. E quando a isso se soma o festejo do bizarro, a entronização das sobrancelhas de lagarta da pobre Frida Kahlo, a celebração do drag queen etc., o que se tem é uma tentativa de demolir a sociedade sem que sequer se dê aos jovens o direito de conhecer esta mesma sociedade antes de demoli-la.

Vejamos, por exemplo, as brincadeiras pipi-cocô-meleca dos “artistas” – que na verdade nem mesmo arteiros seriam, na medida em que fazem o que fazem por tê-lo aprendido na escola – da exposição do Santander. Um, ou um coletivo deles, sei lá (minha paciência também tem limites, ainda que tremendamente elásticos), resolveu que seria uma ótima ideia comprar um monte de hóstias (feitas para a celebração da Missa) e escrever nelas “pipi-cocô-meleca”, ou o equivalente. Até os 12 anos daria para descontar e relevar. Eu mesmo já vi, numa escola invadida durante as férias, uma pichação “viva a punheta” num quadro-negro. Não é exatamente um atestado de maturidade, e esse tipo de “intervenção artística”, depois de completada a puberdade, fica difícil.

Mas a ideia é evidentemente tão somente épater les bourgeois, “espantar os burgueses”. Ora, isso não espanta mais absolutamente ninguém. “Viva a punheta”, como qualquer afirmação “pipi-cocô-meleca” feita por alguém que já faz a barba, é no máximo constrangedor. Os idiotinhas que fizeram a “arte” provavelmente nunca haviam nem sequer visto uma hóstia de perto. Só o que sabiam era que aqueles objetos tinham um fim precípuo, que eles negaram ao fazer deles objeto de uma simples e crua manifestação de ódio. A negação dos fins precípuos dos componentes de uma sociedade é a essência mesma da subversão.

O mesmo vale para todo o resto que se viu da tal exposição nas redes sociais. Desenhos medonhos de atos sexuais depravados serviriam para “desconstruir” a sexualidade, sem que em momento algum pareça passar pela cabeça desse pessoal que sexo serve basicamente para garantir que a raça humana não se extinga, o que não será impedido por injeções de esperma em meio a fezes. Macacões de astronauta com zíperes em lugares estratégicos serviriam para que as crianças “explorassem o gênero”, como se fosse preciso ou mesmo saudável levar as crianças a fazer algo em que em breve será preciso conter os adolescentes para que não passem dos limites em suas descobertas.

O que se tem, assim, nesta e noutras exposições do mesmo calibre, é simplesmente o material que ganharia uma boa nota na escola, a “desmitificação” ou “desconstrução” que, num nível de escola primária, uma professorinha cheia de brilho paulofreiriano nos olhos poderia achar bem feita. Algo que “assuste os burgueses”… de maio de 1968. Algo que solape as bases da sociedade humana (o masculino e o feminino, ergo a família, ergo as associações voluntárias, ergo os fins precípuos dos componentes sociais etc.), abrindo espaço para que o governo federal, o Google e o Facebook disputem a propriedade das almas dos cidadãos. Algo, em suma, que não existe senão como negação: negação dos sexos, da hierarquia, da existência de um bem ou de um justo. E quem lucra com isso, claro, são os poderosos. Mas aí já é tema para outro texto.

O problema da exposição não é o suposto incentivo à pedofilia; este é muito maior na onipresença do funk e na erotização da infância na televisão. Tampouco, menos ainda, seria ele a sugestão de zoofilia: desenhos tão malfeitos não levariam ninguém a fantasiar noites de amor com uma cabrita ou um porco-espinho. O problema dela é que ela é perfeita e completamente careta, mainstream e encaixada ao último detalhe num afã subversivo institucionalizado que os próprios “artistas” não têm capacidade de reconhecer. É uma imbecilidade de nível primário ou ginasiano.

O problema é que um banco – e as redes de tevê, e o próprio governo, para não falar de toda a academia em ciências humanas, as ONGs e o que mais houver – entrou nesta imbecilidade e tratou o pipi-cocô-meleca como arte, somando-se às forças que desejam a subversão apenas por acreditarem, sem muito exame, numa fantasia de que o que virá após a destruição desta sociedade seria indubitavelmente algo melhor. Adoraria estar de acordo com eles, mas, quando se vê que a produção humana após serem retirados os limites morais consiste em desenhos malfeitos de idiotas tendo relações genitais com animais, fica difícil. Por Carlos Ramalhete Publicado originalmente em Gazeta do Povo
Foto: Fredy Vieira/ Santander Cultural 

sábado, 21 de outubro de 2017

NOSSA SENHORA APARECIDA


Trezentos anos atrás, Deus mandou ao povo brasileiro um recado com muitíssimas camadas de significado – como, aliás, costumam ser as Suas mensagens – ao nos enviar a imagem de Nossa Senhora da Imaculada Conceição Aparecida, cuja festa comemoramos neste dia 12.

Como nos vem sendo lembrado pelo que ainda resta na imprensa de católico, ou ao menos de respeitoso à religião da maioria do nosso povo, a imagem foi encontrada em partes, com a cabeça separada do corpo. Ora, quando uma imagem sacra se quebra, ensina a tradição cristã que ela não pode ser jogada no lixo: ela pode ser enterrada, jogada em águas profundas ou queimada. No caso, trata-se de uma imagem de terracota, que não se conseguiria destruir pelo fogo. Assim, é extremamente provável que a imagem de Nossa Senhora da Conceição que apareceu aos pescadores tenha sido jogada no Rio Paraíba por alguém que a venerava anteriormente, justamente por ter-se quebrado. Assim temos o primeiro detalhe do complexo recado que Deus nos dá: a imagem de Sua mãe que Ele nos indica a venerar não é de modo algum uma “novidade”.

Comparemo-la, por exemplo, com a imagem da Virgem dos Milagres de Caacupé, padroeira do Paraguai, que foi esculpida por um converso nativo na madeira de um enorme pé de mate atrás do qual se refugiou de perseguidores pagãos que o desejavam matar. A Senhora Aparecida é como que um renascimento de uma imagem, não uma obra nova. Talvez tenha vindo de Portugal; ao menos sabemos que de lá veio a nossa Fé. O que de lá veio e se quebrou, todavia, renasce e volta a ser objeto de veneração no Brasil. Com isso percebemos a vocação cristã do nosso país, que tende a guardar o melhor da civilização ocidental que nos plasmou no momento em que, no local de sua origem, ela está em seus últimos estertores, sendo dominada pelos mesmos mouros que sempre foram seus inimigos figadais, sem ter mais filhos, sem ter mais Fé, sem ter mais nem sequer a percepção da grandeza de seu passado.

A imagem foi encontrada por pessoas pobres, pobres como a maioria de nosso povo. Eles estavam, contudo, a serviço da autoridade hierárquica: buscavam peixes para a festa de recepção do Conde de Assumar, governante da capitania de São Paulo e Minas. Tentaram aqui, tentaram ali, sem sucesso; quando, contudo, encontraram as duas partes da imagem, ela miraculosamente tornou-se imensamente pesada, de tal modo que não poderiam jogá-la fora novamente, mesmo se o quisessem. Foi então que, numa reminiscência clássica dos milagres do próprio Cristo, Cuja mãe a imagem representa, os pescadores encheram as redes com tantos peixes que temiam que o barco afundasse.

É uma lembrança divina de que a nossa sociedade, felizmente, é uma sociedade que respeita profundamente a hierarquia. Não somos uma sociedade igualitarista, e temos nítida noção dos deveres de estado tanto dos mais afortunados quanto dos menos, e sabemos claramente que cada um faz a sua parte na construção de um todo que é muito maior que a mera soma delas. Sem os pobres pescadores não seria possível o banquete oferecido ao conde; sem o conde não haveria a proteção social, e mesmo o emprego, que tinham os pescadores. Cada um cumpria a sua parte, e nesse todo hierárquico e bem ordenado surgiu miraculosamente, pelas mãos rudes dos mais pobres, a imagem da Mãe de Deus.

A cor escura dela provavelmente há de se dever, originalmente, à permanência no fundo do Rio Paraíba; a cerâmica porosa terá recebido e incorporado partículas escuras carregadas pela água. E a cor da Virgem, destarte, tornou-se em tudo semelhante à de tantas outras Virgens negras de enorme veneração em outras partes do globo, como Nossa Senhora de Montserrat na Espanha, Nossa Senhora de Jasna Gora na Polônia, Nossa Senhora de Bistrica na Croácia, Nossa Senhora de Altötting na Alemanha, ou Nossa Senhora dos Eremitas na Suíça. São imagens que nos lembram do Cântico dos Cânticos, em que a Amada diz que é negra, mas formosa. E assim é o Brasil: negro e formoso. Nossa população teve a graça de, desde seu princípio, ter-se composto pela mistura e mestiçagem absolutas, em princípio causada pela ausência de mulheres europeias e, em seguida, continuada pelo simples hábito, extremamente salutar em termos sociais e genéticos, de encontrar cônjuges de aparência distinta da própria. E assim o brasileiro ganhou sua cor morena que faz com que a imagem da Virgem Aparecida nos seja tão apropriada quanto as imagens da Virgem de olhos amendoados do Oriente distante: ela se fez ainda mais completamente uma de nós, afastando-se nisso da arte mais tradicional portuguesa, que, como em toda parte, tendia a fazê-la mais parecida com aquele povo, com a pele branca e os cabelos negros advindos da rica mestiçagem de godos, celtas e semitas que formou nossa pátria-mãe europeia.

E os milagres foram se sucedendo, arrastando multidões para venerar a imagem, tão pequena e simples. Foi-lhe então construída uma igreja, elevada a basílica em 1908 – a atual Basílica antiga, ainda em funcionamento a curta distância da gigantesca Basílica nova. A construção iniciou-se em 1834, mostrando-nos o quanto já havia crescido o culto salutar àquela pequena imagem em tão curto período de tempo, ao ponto de necessitar uma igreja de bom tamanho, e concluiu-se já com o Brasil sendo um país livre, logo após a Abolição da Escravatura. A coroa e o manto original da imagem foram doados pela própria princesa Isabel, em pagamento de promessa provavelmente relacionada ao seu grande feito: a assinatura da Lei Áurea. Assim a imagem da Senhora Aparecida viu-se duplamente ligada, pela data e pelo preito de vassalagem da princesa herdeira, à terminação da horrenda chaga da escravidão de seres humanos em nosso país.

Convém lembrar, nestes nossos tempos em que se busca reconstruir a história para favorecer um racismo que traz à mente o pior do século passado, que no Brasil – como aliás no mundo todo, com raras e desonrosas exceções – a escravidão não era diretamente ligada à cor da pele. As primeiras gerações de escravos brasileiros, por terem sido arrancados do seio da Mãe África, tinham certamente a pele mais escura. Muitas vezes, contudo, os portugueses amigavam-se com escravas e tinham filhos com elas, e estes raramente eram mantidos em cativeiro. Do mesmo modo, era possível a muitas categorias de escravos, notadamente aos então chamados “escravos de ganho”, que eram alugados pelo “dono” para prestação de serviços ou comércio, exercer atividade remunerada nas suas folgas, de modo a conseguir juntar dinheiro para comprar a própria liberdade. Tivemos até mesmo grandes senhores de escravos, com títulos de nobreza, com a pele negra retinta, da mesma cor daquela de muitos de seus servos, da mesma cor que o próprio Senhor escolheu para a imagem que no Brasil haveria de representar a Sua Mãe.

Em 1930, o papa Pio XI deu à Virgem Aparecida o título de Rainha e Copadroeira do Brasil. Nestes nossos tempos republicanos não se fala muito disso, mas o primeiro padroeiro do Brasil, que continua sempre a sê-lo, é São Pedro de Alcântara; ao dar à Senhora Aparecida o título de Copadroeira, não deixa de ter sido um recado à República ter-lhe sido dado também o título que de direito seria então da mesma princesa que lhe deu seu manto e sua coroa. É outro significado da Virgem Rainha que poderia nos passar oculto: após a sua mais meritória ação como governante provisória, a princesa Isabel foi expulsa da própria pátria, do país que libertara e que era seu direito governar; antes disso, ela foi ao santuário da Virgem Aparecida e, escolhendo esta apelação de Nossa Senhora da Imaculada Conceição, deu-lhe uma coroa, que não era a sua, e um manto, que não era o de seu pai. Ao ter roubada a coroa e o manto de governo, com o nefando golpe de Estado que deu início à República de que até mesmo Rui Barbosa sentiu vergonha, permaneceram no Brasil uma coroa e um manto que davam honras de monarca àquela que, uma geração depois, as teve confirmadas pelo decreto papal. Assim, de uma certa forma o título de Rainha do Brasil da Virgem Aparecida continua amorosamente o título e a obra da princesa que a coroou.

A imagem que temos hoje, todavia, não é exatamente a mesma imagem encontrada no fundo do rio pelos pescadores 300 anos atrás. Aquela, contudo, está toda contida nesta. A imagem sofreu em 1978, quando ainda abrigada na Basílica velha, o horrendo ataque de um iconoclasta protestante, que praticamente a moeu a marteladas. Levada para restauração, foi então praticamente reconstruída, usando todo o material – mais pó que peças – recuperado do chão da Basílica, aglomerado com uma cola forte e praticamente modelado na forma da imagem original. Assim, a imagem, como em muitos aspectos o Brasil, é uma reconstrução. Somos de certa forma uma reconstrução da sociedade ocidental, fora do que é comumente chamado Ocidente; somos uma reconstrução de Portugal, nas Américas; somos uma reconstrução das sociedades que nos compuseram, todas elas, de cada povo índio e cada povo imigrante, cada um cedendo à cultura geral aspectos da sua cultura de origem, e cada um recebendo dela novas riquezas, com tudo preso, aglomerado, por uma cultura brasileira que na verdade é apenas a cola que une os elementos de inúmeras culturas, assim como une e mistura os elementos genéticos trazidos de cada parte do globo, do longínquo Japão à fria Alemanha, da quente África ao Líbano generoso.

O ataque é uma das muitas razões pelas quais a imagem é fortemente protegida na Basílica nova, consagrada pelo papa São João Paulo II em 1980 e ainda em construção, tendo sido iniciada a obra em 1955. Esta é a maior igreja dedicada à Virgem Maria no mundo.

A romaria a Aparecida, tão comum em enorme parte de nosso país, é sempre uma experiência marcante. O amor do povo brasileiro por aquela que o próprio Cristo nos deu por Mãe enquanto pendia da Cruz enche aquele imenso espaço; as vozes em oração, os gestos de devoção e piedade, os ex-votos a perder de conta mostram-nos um povo dedicado a Deus, um povo que respeita e percebe nitidamente a importância e a beleza do sagrado. Curiosamente, como não poderia deixar de ser, é exatamente onde Deus faz Sua igreja que o Inimigo faz sua capelinha, e ao mesmo tempo que lá vemos enorme beleza, Fé capaz de arrastar montanhas e amor sem fim e incondicional, encontramos o pior do comércio de bugigangas chinesas; restaurantes que, por saberem que nenhum romeiro estará lá no dia seguinte, servem comida de péssima qualidade; além de desrespeitos gravíssimos à lei e à prática litúrgica da Igreja no interior da própria Basílica. Mas tudo isso empalidece diante da beleza que é estarmos ali, junto de tantos irmãos e irmãs de todos os tamanhos, cores, hábitos, fortunas e famílias, diante daquela imagenzinha tão singela, mas com tantas camadas de sentido, todas unânimes em nos indicar o amor de Deus pelo povo brasileiro, que tanto O ama de volta.

Viva Nossa Senhora Aparecida! 
Por Carlos Ramalhete 11/10/2017  Publicado originalmente em Gazeta do Povo 

domingo, 15 de outubro de 2017

O MUNDO DOS IDIOTAS TRANSVIADOS


Transvalorar para mutilar o tecido social...

Francisco de Goya - Saturno devorando um filho. Museu do Prado 


A perda dos valores , a destruição da sociedade e o niilismo que nos contamina.

No mundo dos idiotas transviados, o politicamente correto, o ativismo judicial, o supremacismo vitimizador, o biocentrismo fascista, a ideologia de gênero e tantas outras "bandeiras de luta", contribuem para o progressivo esgarçamento da ordem e a perda de valores que esteiam nossa civilização. Não constituem, porém, ações diversas. Configuram partes de uma mesma postura, niilista, destruidora e letal. 

A praga do Niilismo

A "transvaloração de todos os valores", para Nietzsche, é o derradeiro objetivo do niilismo. 

Niilista é aquele que considera infundados todos os valores e crenças, não havendo qualquer sentido ou utilidade na sua existência. 

Assim, para Nietzsche, a missão da nova moral consistiria na “transvaloração de todos os valores, em um desprender-se de todos os valores morais, e um confiar e dizer sim a tudo o que até aqui foi proibido, desprezado, maldito”(1). 

Nietzsche propunha a transvaloração por entender que não se podia confiar nos conceitos de moral tradicionalmente recebidos, uma vez impostos pela "ordem dominante" (judaico-cristã). Assim, a transvaloração seria o questionamento dos valores supondo-os transmitidos como absolutos.

Em “Genealogia da Moral: Uma Polêmica”, o filósofo alemão afirma: “não vejo ninguém que tenha ousado fazer uma crítica dos juízos de valores morais" (...). "Até o momento ninguém examinou o valor da mais famosa das medicinas chamada moral". (...). "Esse é justamente nosso projeto”(2).

Pura pretensão... Nietzsche imaginava diferir, mas não diferia em nada dos demais filósofos vanguardistas, contestatários de sua época e dos "reféns da vanguarda" que a ele se seguiram. 

Do Anarquismo ao Nazifascismo, da Comuna de Paris à Escola de Frankfurt, Marx, Nietzsche, Schumpeter, Sartre e Marcuse, tudo ganha a mesma coloração parda, indefinida, em prol da "destruição criativa", como condição para se alcançar o paraíso platônico.

"Eis o que devemos almejar: a crítica implacável de tudo quanto existe. Digo implacável em dois sentidos: a crítica não deve temer suas próprias conclusões, nem o conflito com os poderes a que se dirige", escrevera Karl Marx a um amigo em 1843, cinco anos antes do "Manifesto Comunista".*

Marx também não era original. Copiava (e mal) o que pregava a maçonaria italiana em 1822, no auge de sua batalha revolucionária contra a igreja católica, em prol do Estado Laico: "Para propagar a luz, é conveniente e útil dar impulso a tudo aquilo que proporciona a mudança. O essencial é isolar o homem de sua família, fazê-lo perder sua moral."(3) 

Na ebulição de novas ideias e constatações revolucionárias que marcaram o Século XIX, o vanguardismo terminou por condicionar a mudança das estruturas econômicas, sociais e políticas à adoção de uma postura niilista. Foi assim que o vanguardismo niilista contaminou a filosofia no Século XIX, orientou o radicalismo político no Século XX e parece estar formatando o caráter cínico e hipócrita das relações de Estado no Século XXI. 

O niilismo, definitivamente, é a praga na formação do homem moderno. 

O niilismo e os transviados

Graças ao bom Deus, essa doença vanguardista-niilista da transvaloração de todos os valores não contaminou cabeças iluminadas que, ao fim e ao cabo, em vários momentos dos últimos duzentos anos, trataram de "por a casa em ordem". 

É o caso do maior filósofo do Século XX, Karl Popper, que observou, em primeiro lugar, o fato de a instauração de regimes “salvadores” sempre exigir a selvageria de um movimento revolucionário para reformar toda a ordem existente “sem deixar pedra por virar”. 

Popper identificou a origem enviesada deste vanguardismo destruidor "de tudo o que está aí": Platão, sua engenharia social utópica de República - um convite ao totalitarismo. 

Essa engenharia social platônica em prol da utopia, visando "recriar" o ser humano, gerou todas as aberrações que custaram milhões de vidas no Século XX. Platão, reformatado, influenciou a formulação das visões niilistas que inspiraram os regimes totalitários e marcaram os conflitos mundiais. 

“Tanto Platão quanto Marx sonharam com uma revolução apocalíptica que transfiguraria radicalmente todo o mundo social”, afirmou Popper em "A Sociedade Aberta e Seus Inimigos".(4)

Utopias à parte, a experiência de vida e o inafastável conhecimento da história revelam: Sem valores a personalidade desaba. 

Não por acaso, a mutilação da personalidade propicia a destruição e o totalitarismo. É apanágio dos cínicos, dos homicidas, dos suicidas, dos totalitários. É atributo, também, dos militantes sem causa e do ativismo sem conteúdo.

Daí porque a transvaloração niilista traduz fielmente o momento atual por que passamos, de completa imbecilização das performances contestatárias que nos assaltam diuturnamente.

A transvaloração niilista está inoculada no nosso cotidiano nacional. Ela gera transvias comportamentais pretensamente contestatárias e reproduz agentes transviados. Motiva a agressão programada dos idiotas inoculados nas grandes mídias contra os "valores burgueses" da sociedade - valores que passam a ser taxados como "fobias sociais" e "moralismo repressor". 

Essa transvaloração de transidiotias se reflete na performance dos cuspidores de imagens, postados em frente ao MASP, que conspurcavam fotografias de políticos "golpistas" durante o processo de impeachment de Dilma Rousseff. Ela estána raiz das manifestações transgressivas da ideologia de gênero. Compõem também, o horizonte do pretensamente "asseptico" do "ativismo judicial", que desconstrói a Ordem a pretexto de reordená-la.

Não é fenômeno tupiniquim. Ocorre por certo no mundo todo. Das reações separatistas dos boquirrotos sem causa, passando pelo atirador a esmo da janelas do hotel em Las Vegas, até os supremacistas brancos, negros, gays, transgêneros, feministas e, também, feminicidas radicais terroristas, que massacram vítimas com requinte de crueldade em nome da paz e da harmonia do iluminado profeta de Alah...

Recentemente, nas redes sociais a professora e pedagoga Marilene Nunes vaticinou:

"Está tomando forma amplo processo de IDEOLOGIZAÇÃO da vida como nunca se viu antes em toda a história da humanidade. Seu objetivo é o de transformar a maneira como encaramos a vida e a vivemos. Suas pautas e agendas são: ecologismo, sexualidade, trabalho, educação e cultura. Sua tática, o uso da democracia pra impor privilégios como direitos, com base na demanda do DESEJO e, assim, detonar com os sistemas jurídicos das sociedades modernas."

Essa transvaloração de todos os valores, segundo a professora, pretende "a despersonalização do individuo pela rejeição da sua identidade sexual e bioemocional. Saturno está comendo seus filhos."(5)

Transidiotas exterminam nascituros para consolidar a liberdade

O efeito global dessa ação niilista destrutiva desconstrói a figura da autoridade, corrói a organização política da sociedade, deforma cognitivamente o caráter das novas gerações, fulmina a família como núcleo institucional, desacredita o regime democrático e transforma o pluralismo em condomínio de rancores, supremacismos de minorias barulhentas.

É nesse ambiente pulverizado, que operadores niilistas do direito ascendem à categoria de "aiatolás" da nova ordem "politicamente correta". Senão vejamos: 

Um exemplo definitivo é o voto do transvalorado ministro do Supremo Tribunal Federal Luis Roberto Barroso, em defesa do "direito ao aborto", sem causa, de nascituros com três meses de gestação : 

“A criminalização é incompatível com os seguintes direitos fundamentais: os direitos sexuais e reprodutivos da mulher, que não pode ser obrigada pelo Estado a manter uma gestação indesejada; a autonomia da mulher, que deve conservar o direito de fazer suas escolhas existenciais; a integridade física e psíquica da gestante, que é quem sofre, no seu corpo e no seu psiquismo, os efeitos da gravidez; e a igualdade da mulher, já que homens não engravidam e, portanto, a equiparação plena de gênero depende de se respeitar a vontade da mulher nessa matéria”. (6)

O entendimento é totalmente manipulado. Basta ler o que diz o art. 4º, 1. da Convenção Interamericana de Direitos Humanos (“Pacto de São José da Costa Rica”):

“Toda pessoa tem o direito de que se respeite sua vida. Esse direito deve ser protegido pela lei e, em geral, desde o momento da concepção. Ninguém pode ser privado da vida arbitrariamente”.

Como salienta o jurista Francisco Ilídio Ferreira Rocha:

“Reconhecendo o caráter constitucional dos textos convencionais que versam sobre Direitos Humanos, o Pacto de San José da Costa Rica é categórico ao dizer que ninguém poderá ser privado arbitrariamente da própria vida e a proteção da existência vital tem como marco inicial, em regra, a concepção.” (...) “Sendo assim, não só existe um critério adequado para firmar uma solução jurídica sobre o início da proteção da vida humana, mas também ele é decorrente de um texto convencional de elevada importância do qual o Brasil é signatário.”

Tal qual apontou o jornalista Felipe Moura Brasil (7), como todo niilista de esquerda, Barroso, quando não concorda com uma solução jurídica, diz que ela não existe.

Quem vai pagar por isso?

O exemplo acima, é demonstração cabal do potencial homicida da transvaloração de todos os valores, hoje travestida pelo manto do "politicamente correto". 

Como já apontado por mim em vários outros artigos, o ativismo judicial, o supremacismo vitimizador, o biocentrismo fascista, a ideologia de gênero e tantas outras "bandeiras de luta", não apenas contribuem para o progressivo esgarçamento da ordem de valores que esteia nossa civilização como, com certeza, matam... até mesmo quem não possui qualquer chance de se defender...

Ante essa perspectiva, a obra prima do compositor Lobão serve como mantra para os que ainda pretendem manter a sanidade nesse mundo de idiotas transviados: 

"Eu sei que já faz muito tempo que a gente volta aos princípios,
Tentando acertar o passo, usando mil artifícios. 
Mas sempre alguém tenta um salto, e a gente é que paga por isso. 
Fugimos para as grandes cidades, bichos do mato em busca do mito 
De uma nova sociedade, escravos de um novo rito.
Mas se tudo deu errado, quem é que vai pagar por isso? 
Eu não quero mais nenhuma chance, eu não quero mais revanche."

Os idiotas passam. Sempre passaram nos últimos dois séculos. Deixam, no entanto, um rastro de destruição, injustiça e morte. Terminam vencidos pela ordem natural da coisas.

A ordem natural das coisas não se deixa confundir pelo niilismo e não se altera pelas utopias. 

Fora do mundo dos idiotas transviados, a vida é plena de razão. Ela é plural, sofre mudanças e experimenta uma contínua evolução. Exige porém, sobretudo valores, e não dispensa o vetusto exercício didático da paciência.

Notas: 

1- NIETZSCHE, Friedrich. "Ecce Homo", in “Aurora”, § 1.
2- NIETZSCHE, Friedrich. No prefácio de "Genealogia da moral", § 2.
3- Carta de 18 de janeiro de 1822, citada por Crétineau-Joly, em L’Eglise romaine en face de la Révolution, t. II, pág. 104
4- POPPER, Karl. "A Sociedade Aberta e Seus Inimigos", p.180
5- NUNES, Marilene. Em https://www.facebook.com/marilene.nunes.7311/posts/1133248630143958
6- STF - HC 124306, Relator Min. MARCO AURÉLIO, Relator p/ Acórdão Min. ROBERTO BARROSO, Primeira Turma, julgado em 09/08/2016, publ. 17-03-2017
7- MOURA BRASIL, Felipe. "Os truques de Barroso e PSOL para legalizar o aborto", Revista Veja
*- LASSUS, Arnaud de. "A Escola de Frankfurt e a Revolução Cultural", in http://permanencia.org.br/drupal/node/5194

Por: Antonio Fernando Pinheiro Pedro, advogado (USP), jornalista e consultor ambiental. Sócio diretor do escritório Pinheiro Pedro Advogados. Integrante do Green Economy Task Force da Câmara de Comércio Internacional, membro do Instituto dos Advogados Brasileiros – IAB, das Comissões de Política Criminal e de Infraestrutura e Sustentabilidade da Ordem dos Advogados do Brasil – OAB/SP. É membro do Conselho Consultivo da União Brasileira de Advocacia Ambiental, Vice-Presidente Jurídico da Associação Paulista de Imprensa - API, Editor-Chefe do Portal Ambiente Legal e responsável pelo blog The Eagle View.

sexta-feira, 13 de outubro de 2017

Olavo de carvalho fala quem era realmente Che Guevara

Capítulo 2 - A Vila Rica - A Última Cruzada HD

Escravidão no Brasil | Paulo Cruz

QUANDO O BOM SENSO DE DONA REGINA CALOU OS INTELECTUAIS GLOBAIS

Os seres humanos já conseguem perscrutar um átomo até quase a sua última substância visível ou detectável, já saímos do globo terrestre em busca de novos mundos, novas possibilidades e até mesmo de novas vidas, tudo isso muito bem delineado em sistemas intrincados de cálculos e inferências lógicas. Entretanto, esses mesmos seres humanos inteligentíssimos, por vezes, relativizam coisas banais do dia a dia e minam os próprios princípios régios e universais que possibilitaram seu desenvolvimento científico e tecnológico. Como dizia Scott Randall Paine, comentando o pensamento de Chesterton: o cientista moderno “foi ensinado a fixar sua imaginação confusa nos bilhões de átomos sobre os quais se senta, e a esquecer a cadeira” (PAINE, 2008, p. 49).

Em nossa era o chamado senso comum se tornou sinônimo de inverdade ou de conhecimento sem bases confiáveis, mas podemos admitir que o senso comum é o conhecimento que mantém a sociedade minimamente organizada. Do direito natural apenas podemos ter intuições, inclinações e percepções primárias daquilo que é certo e errado, o “bom” só o conhecemos através da moral, que por sua vez não é passível de testes laboratoriais e revisões anatômicas. Entretanto, o senso comum que diz que matar um feto no ventre materno é um mau, não é impossível de ser racionalizado e defendido com premissas e conclusões lógicas.

Princípios como o da democracia e o da liberdade são conceitos sustentados por tradições, hábitos, e contratos sociais, e não por descobertas científicas e nem por algoritmos colossais — o que não invalida, por sua vez, a sua realidade e necessidade na humanidade. Ninguém em sã consciência negaria o princípio da liberdade de expressão como pilar de uma sociedade sadia, assim como não aprovaria que o seu filho de 4 anos mantivesse relações sexuais com o seu vizinho; ainda sim, tais verdades não passaram pelo crivo científico de Descartes e nem por nenhum laboratório da NASA para se tornarem princípios incontestes e basilares.
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E é bom afirmar: longe de mim querer contrapor ciência — ou conhecimento acadêmico — e senso comum, ambos são extremamente necessários e, justamente por serem necessários, devem conviver em harmonia. Há como intelectuais se nutrirem das benesses do senso comum, assim como as donas de casa da ciência moderna. O que eu exponho aqui é a importância do senso comum contra um intelectualismo ideológico; contra o conhecimento acadêmico utilizado de modo parcial e vadio.

Tendo isso em mente, a questão a ser debatida é: como os intelectuais progressistas sempre tendem à vergonha justamente por ostentarem um discurso de soberba academicista pautada num cientificismo de feira. Um fato extremamente ilustrativo aconteceu no programa Encontro, da Rede Globo. Dona Regina, uma senhora já idosa e por isso mesmo experiente, participou da plateia do referido programa, e, chamada a opinar sobre a temática da criança exposta ao homem nu no MAM (Museu de Arte Moderna), sem demora demonstrou sua insatisfação com o crime lá cometido, deixando, assim, uma gama de atores e pseudointelectuais globais num vexame vistoso diante das câmeras. Atores e atrizes esses que defendiam abertamente a exposição e o ato da mãe de expor a filha de 5 anos ao homem nu.

Como não é preciso nenhum doutorado em Harvard — nem um título de livre docência em Oxford — para notar o absurdo do abuso infantil que ali ocorreu, dona Regina deu sua opinião contrária à exposição da criança à nudez adulta, afirmando tão somente o óbvio, ou seja, que a criança não estava preparada para tal situação. Os participantes de palco do programa ficaram visivelmente irritados com a opinião da senhora; Bruno Ferrari, artista global, que visivelmente estava incomodado para não dizer enraivecido, questionou dona Regina sobre qual o absurdo que a criança foi exposta, a senhora voltou a responder com a lógica, com o senso comum básico que nos diz que uma criança de cinco anos não deve ser exposta à nudez o à pornografia.

Dona Regina mostrou em rede nacional aquilo que os intelectuais de TV não sabiam mais que existia, isto é: o senso básico de pudor, moral e ética. Princípios esses que gerenciam o mundo real, aquele mundo que fica fora dos sets de filmagens de novela, aquele mundo real que se ausenta das reportagens do Fantástico. Dona Regina escancarou para os artistas, principalmente para Andreia Horta, a principal debatedora de Dona Regina naquele breve momento, que o mundo fora da Rede Globo não é aquele palacete de miragens utópicas no qual os artistas se chafurdam ao gravarem suas novelas.

O senso comum, aquele conhecimento legado através das heranças e experiências históricas guardadas por tradições, conceitos filosóficos e sociais. Tal conhecimento é mais que um mero “sentimento” (senso), é uma constatação racional da realidade; é mais que meramente “comum”, é basilar, é primevo. O que Dona Regina trouxe para o mundo das fadas da Globo, foi a realidade, aquela realidade que extrapola as paredes dos museus progressistas e os portões do Projac.

O mundo da Dona Regina pode ser entendido como aquele em que as realidades duras do dia a dia pautam suas decisões e escolhas, o mundo de Andreia Horta e Bruno Ferrari parece ser aquele em que antes da realidade em si vem os escritos de seus gurus, militâncias e roteiros de novela; no primeiro temos a realidade tal como ela se apresenta, e noutro temos a apresentação daquilo que quer ser realidade. Tais artistas “têm o objetivo perfeitamente definido de destruir certas ideias que, na opinião deles, se tornam estreitas de mais para o mundo, e sem as quais, em nossa opinião, o mundo sucumbiria” (CHESTERTON, 1946, p. 25).

O senso comum de dona Regina é o direito pleno e democrático daqueles que ontem construíram os alicerces da civilização e hoje querem falar e ter suas opiniões levadas a sério. O senso comum é justamente isso, as vozes dos mais velhos em favor dos nascituros, a necromancia social que nos permite, entre outras coisas, contar com a sabedoria daqueles que conhecem melhor sobre o que é cuidar de uma casa ou de um país. O senso comum, por fim, é o porta-voz da moralidade social, é o filete de sanidade que mantém a comunidade humana minimamente possível. Se hoje mostramos um homem nu a uma criança de cinco anos, qual o impedimento moral e ético teremos a oferecer contra aquele que com essa criança queira se relacionar sexualmente? A moral social é uma porta que quando destrancada dificilmente será novamente fechada. Como conclusão, darei voz ao maior pensador do século XX, Gilbert Keith Chesterton, um homem que, sobre o senso comum, tinha um conhecimento num grau colossal:

“Não é fácil citar uma coisa da qual se possa dizer que dela depende toda a enorme complexidade da vida humana. Mas, se de alguma coisa depende, é dessa frágil corda estendida entre as colinas esquecidas do ontem e as invisíveis montanhas do amanhã. Neste fio solitário e vibrátil estão penduradas todas as coisas, desde o Armageddon até o almanaque, desde uma revolução bem sucedida até um bilhete de volta. E é esse fio solitário que o Bárbaro golpeia pesadamente com um sabre, que felizmente já está bastante embotado” (CHESTERTON, 1946, p. 25)

Uma sociedade deve ser julgada através do tratamento que ela oferece aos mais velhos e às crianças. No Brasil, aos velhos nós damos o desprezo e a indiferença; às crianças, por sua vez, oferecemos as portas da pedofilia escancaradas e a confusão sexual como brinquedos de berçário. A corda — senso comum — que jaz amarrada entre as colinas do ontem e as montanhas do hoje, estão sendo arrancadas por uma parte da população a fim de se confeccionar uma forca na qual todos nós seremos oferecidos em expiação artística no palco da bizarrice, se assim permitirmos.

Referências:

CHESTERTON, G. K. A barbaria de Berlim, Rio de Janeiro: Livraria Agir, 1946

CHESTERTON, G. K. Ortodoxia, Campinas: Ecclesiae, 2013

PAINE, Scott Randall. Chesterton e o universo. Brasília DF: Editora UNB, 2008
Por Pedro Henrique Alves, publicado pelo Instituto Liberal 
Do site: https://www.institutoliberal.org.br

quinta-feira, 12 de outubro de 2017

A IDEOLOGIA DE GÊNERO É O GÊNERO DA FARSA CRIMINOSA.


Mostra de "arte Queer" do Santander revela que está na hora de separar o joio do trigo nos movimentos pela diversidade sexual

Mostra "queer" no Centro Cultural Santander - Porto Alegre

"Liberdade de expressão não é um cheque em branco"
Ana Paula Henkel, sobre a exposição do Santander*


Ao custo (para o povo brasileiro) de aproximadamente 1 milhão de reais de renúncia fiscal, o Banco Santander patrocinou, em Porto Alegre, no seu Centro Cultural, uma mostra com desenhos pornográficos para crianças em idade escolar.

A mostra pretensamente artística tinha um nome sugestivo da polêmica que pretendia causar:
"Queermuseu - Cartografias da Diferença na Arte Brasileira".

Embora houvesse algumas obras de arte consagradas (e até históricas), misturadas à pura pornografia escatológica, o objetivo da mostra de forma alguma visava à cultura, à educação ou à exposição da arte engajada. O propósito da exposição era mesmo provocar, desconstruir e fazer proselitismo.

A curadoria da mostra foi descuidada. Não advertiu sobre o conteúdo da exposição, não estabeleceu idade mínima para visitação do espaço - dado o conteúdo ali à mostra e, também, não explicou efetivamente qual o objetivo do movimento inspirador da "cartografia da diferença", ali montada. 

Por conta disso, excursões de crianças em idade escolar e sem qualquer maturidade interagiram com conteúdo absolutamente impróprio, pornográfico e escatológico, fora da compreensão natural do que seja "arte" para o nível educacional pretendido com o evento, Cidadãos comuns foram impactados por blasfêmias e imagens explícitas de zoofilia, pedofilia, exploração sexual com conotação racista, sem extrair da experiência nada que não fosse agressão gratuita à própria dignidade. 

O clamor popular não tardou a surgir, com camapanha de boicote dos correntistas ao próprio banco que, então, com certeza movido pelos mais elevados interesses... resolveu encerrar o evento. 

Não sobrou pedra sobre pedra do desastre, que agora serve de mote para a grita de militantes da causa LGBT, e militontos sem causa. 

Não tardou que juristas, filósofos, contestatários, políticos e organizações sociais, manifestassem opiniões. Houve quem levantasse teses e imputasse ao "fascismo" o encerramento da equivocada mostra. Afinal, para ativistas sem rumo, até pedofilia travestida de arte serve de pretexto revolucionário ... 

De fato, expor crianças como objeto de lascívia e degradação não é arte. É proselitismo e perversão doentia. O Santander merecia mesmo uma nota ZERO.

Um detalhe determinante porém, passou desapercebido da discussão midiática. Esta é a razão do meu artigo.

A resposta à pergunta se o que foi exposto era arte provocativa ou provocação sem nenhuma arte, estava desde o início no próprio nome do evento: Queer.

Queer e o supremacismo vitimizador 

Queer é sinônimo de estranho, bizarro, inusual. Remete á situação desconfortável, ruim, e também pode denominar perversão sexual. Nos EUA, décadas passadas, era usado da mesma forma como se usa no Brasil alguns apelidos ofensivos para homossexuais, como "efeminado" ou "machona".

Talvez por isso mesmo, o termo "queer" ganhou espectro político. Talvez no nome esteja a raiz do movimento que hoje representa uma facção radical dentre várias que formam o movimento internacional supremacista- vitimizador. 

Já me referi antes a esse fenômeno*. O supremacismo vitimizador pretende o domínio ideológico agressivo das minorias sobre os aparelhos produtores de cultura da sociedade. Esse domínio é acobertado pelo Estado ao pressupor que pode "equilibrar o conflito assimétrico" favorecendo a expressão agressora minoritária. O resultado desse desequilíbrio, porém, reforça recalques, rancores e preconceitos de forma desastrosa. 

O tecido social das sociedades é construído organicamente. Ele é alimentado pelos valores morais cultivados pelos cidadãos comuns - com suas virtudes e misérias. É o senso comum o fator de equilíbrio social.

No entanto, graças ao supremacismo vitimizador, as relações sociais da cidadania vêm sofrendo impressionante esgarçamento. Os poucos movimentos de resistência são denunciados como preconceito e sofrem policiamento hipócrita das autoridades. 

Mas é esse o objetivo do movimento: destruir o senso comum, criminalizando-o, e inibir opiniões discordantes aos valores propugnados pelas minorias - cuja conduta apresenta crescente agressividade.

A ideia embutida na causa é impor aceitação incondicional dos valores distorcidos, como a nova regra a ser seguida - e não admitir qualquer tolerância crítica. Explico: o tolerante é aquele que discorda, mas não discrimina - é aquele que garante o debate e o pluralismo de valores e ideias no mundo democrático, compreendendo as diferenças e respeitando o senso comum - até mesmo para mudá-lo.

Para os supremacistas-vitimizadores, o tolerante é justamente o grande inimigo. Ele quebra o ciclo da violência, evita a confrontação e desmoraliza o discurso "politicamente correto", usado pelos supremacistas como canal de extravasamento de rancores, atitudes segregacionistas, ofensividade e recalques.

O tolerante, por não discriminar, deve ser incriminado pelo que pensa. Para tanto, sua opinião discordante será sempre rotulada pelos supremacistas como "fobia" - e a saída supremacista para o rótulo é justamente criminalizar a "fobia" e amordaçar a sociedade. O objetivo é reprimir o senso comum que esteia o tecido social. 

O movimento Queer é ramo deste supremacismo vitimizador. A teoria Queer tem íntima ligação com os movimentos libertários da contracultura e da revolução sexual, nos anos 60/70 - fortemente influenciados por Herbert Marcuse e Michel Foucault

O movimento Queer e a intolerância

O discurso Queer foi buscando via própria como teoria libertária nos anos 80, moldando-se como meio de afirmação gay, lésbico e feminista.

Porém, com o advento da supremacia das minorias no discurso politicamente correto, o movimento Queer ganhou notoriedade e permitiu-se rasgar a fantasia, transformando-se de "libertário" em "liberticida".

É preciso explicar o detalhe: os adeptos do movimento Queer resolveram "aprofundar" sua crítica á ideia de que o gênero é parte essencial do indivíduo. Posto isso, o movimento passou a combater a ciência e a negar a sexualidade biológica.

Os Queers negam as conquistas da ciência desengajada. Ignoram que a ciência constatou a natureza biológica da afetividade sexual, homo e hetero, sem descurar da distinção biológica de sexo.

Foi essa mesma ciência que compreendeu o fenômeno raríssimo da transsexualidade. Aliás, a natureza biológica da sexualidade e da afetividade foi a razão de ser dos movimentos de busca da tolerância para com a diversidade sexual no mundo moderno.

Os Queers, porém, não aceitam essa via. Ignoram a distinção sexual biológica para impor uma distinção determinada por impulsos comportamentais. Desumanizam o gênero humano, transferindo a noção de "gênero" para os comportamentos "desviantes", determinados por impulsos sexuais. Desconhecem a natureza da sexualidade para classificar "gêneros" pelo impulso comportamental do indivíduo - psicopata ou não. Esse detalhe diz tudo a respeito do que se pretende com a mostra do Santander.

Não se trata a mostra queer de arte em prol da tolerãncia e, sim, de proselitismo em favor da mais egocêntrica e recalcada intolerância.

Psicopatia militante 

O pensamento Queer busca diluir-se no movimento gay, mas não possui qualquer identidade com a vertente tradicional e democrática do combate ao preconceito contra homossexuais. 

O movimento gay firmou sua posição política de combate ao preconceito pautado pela ciência, mostrando a determinação biológica da atração sexual e do comportamento homoafetivo - razão da luta política pelo direito do indivíduo assumir sua real identidade.

Os queers dominam a chamada "ideologia de gênero", que despreza a ciência absolutamente. Eles buscam a supremacia política da ação "contra-natural" - como fenômeno exclusivamente comportamental, voluntário, ligado á "liberdade da psiqué". Posto isso, os queers expandem seu universo abrangendo TODO tipo de impulso sexual considerado "desviante".

Na verdade, como já dito, o movimento Queer confunde gênero com sexo e abole o último de forma a não distinguir sexos mas sim impulsos eróticos e comportamentais. Portanto, o queerismo é propositada e notoriamente marginal. Não propõe qualquer conciliação social ou "tolerância" para com diferenças, pois sua atividade se inclui nos processos sociais que sexualizam a sociedade como um todo, forçando unilateralmente a tolerância aos chamados "desvios de comportamento". 

Os Queers querem "heterossexualizar e/ou homossexualizar instituições, discursos e direitos" pela subversão da tolerância, priorizando comportamentos erotizados, obssessivos e compulsivos, ditados pela psiqué. Sua ideologia não é libertária e sim liberticida, sexista, comportamental, provocativa, movida pelo rancor social e pela apologia dos "desvios" como ação revolucionária. 

Segundo seus teóricos, o movimento Queer objetiva inverter a perspectiva social como qualquer outro movimento de cunho esquerdizóide. No entanto, propõe como estratégia revolucionária explicitar a sexualização da sociedade sob a ótica dos "socialmente estigmatizados".

Identificados os agentes da transformação, o movimento Queer prioriza identidades sociais "desviantes", que passa a considerar absolutamente normais. Sua noção de "cidadania" é baseada na identidade dos "sujeitos do desejo", que os queers classificam como legítimos e ilegítimos - sendo "ilegítimos" todos os que se firmam na conduta acorde com o senso comum, natural, seguindo vocação biológica. Neste rol de "ilegítimos", os queers incluem homossexuais com comportamento "familiar" ou "moralmente enquadrado na estrutura burguesa".

Os Queers desprezam gays e lésbicas que não lutam para a "mudança radical da sociedade". Também não consideram parte de seu movimento os transsexuais que buscaram a medicina visando um "enquadramento social". Consideram que estas "culturas sexuais", uma vez normalizadas, não mais apontam para a mudança social - tal qual entendem ocorrer com a conduta heterossexual...

É a subversão dos subvertidos. O movimento Queer pretende representar o sonho marcuseano do resgate puro da aliança entre a marginalidade e a intelectualidade contra toda a "ordem burguesa". Vai além: quer transformar a compulsão, a obsessão e a perversão em formas toleráveis de comportamento social. É assim que propugna a subversão revolucionária dos valores "burgueses".

Daí o interesse em privilegiar extremos comportamentais, como a travestilidade, a transgêneridade e a intersexualidade, "culturas sexuais não-hegemônicas" caracterizadas pela "subversão". Também objetiva, o movimento Queer, o "rompimento com normas socialmente prescritas de comportamento sexual e/ou amoroso" - leia-se: apologia à pedofilia, sadomasoquismo, zoofilia, etc... como "atos libertários".

O modus operandi do movimento é a "performance"... a apologia à psicopatia como forma de agressão. 

Foi nesse contexto "suavemente psicopata" que ocorreu a "mostra cultural do Santander". Foi um evento provocativo como são provocativas todas as performances queer em manifestações, as injúrias em locais públicos e os comportamentos absolutamente inadequados em recintos submetidos a alguma disciplina de convivência comum.

É preciso repetir. Não se trata de movimento democrático, pluralista ou "libertário". Pelo contrário, é radical, liberticida, preconceituoso, sexista e perverso - na mais ampla conotação que se possa dar ao termo.

O declínio da ideologia de gênero

Enquanto no Brasil somos obrigados a suportar os Queers por não sabermos diferenciar joio e trigo no ativismo homossexual - e nem o movimento parece sabê-lo - no mundo mais civilizado a coisa começa a mudar. 

Os países nórdicos já começaram a reagir ao movimento, que teve na região profunda influência, com resultados desastrosos.

Os governos da Suécia, Dinamarca, Finlândia e Islândia, determinaram a suspensão dos financiamentos até então concedidos ao Instituto Nórdico de Gênero, entidade promotora de ideias ligadas às chamadas “teorias de gênero“ - ponta de lança do movimento Queer.

A medida veio após a exibição, em 2010, do filme “Hjernevask” (“Lavagem Cerebral”), que questionava os fundamentos científicos dessas teorias – que, de fato, não passam de teorias sem comprovação empírica. No filme fica patente o comportamento anti-científico dos teóricos do gênero, que negam o fundamento biológico nas diferenças de comportamento entre homens e mulheres, afirmando que elas se devem meramente a construções sociais, enquanto cientistas mostram resultados de testes empíricos que constatam diferenças inatas nas preferências e comportamentos de homens e mulheres.

No vídeo, a “filósofa do gênero” Catherine Egeland, uma das entrevistadas, chega a afirmar que “não se interessa nem um pouco” por esse tipo de ciência e que “é espantoso que as pessoas se interessem em pesquisar essas diferenças” (!). A declaração selou o destino do "queerismo" em direção à incompatibilidade com o pluralismo e a democracia. 

É preciso, portanto, parar de confundir as bolas. O movimento Queer, apenas explicita melhor o funesto labirinto de conceitos e preconceitos que a ideologia de gênero pretende implantar na sociedade democrática.

Vamos por partes

A transexualidade orgânica é fenômeno muito raro. Diz respeito ao campo da medicina e demanda apoio da psiquiatria e da psicologia. O interesse do direito é de natureza civil, quanto à adoção da identidade.

Fenômeno absolutamente diverso é o homossexualismo - que nada tem de "raro" e cujo componente genético é hoje reconhecido pela medicina. Daí, portanto, demandar tutela na aceitação social.
Esses biotipos têm seu lugar na vida, tal qual os biotipos heterosexuais.

A desgraça da ideologia de gênero, e que revela sua periculosidade, foi pretender misturar fenômenos naturais com manifestações de caráter comportamental complexo, ligadas à libido, aliando manifestações artísticas, performáticas, estereótipos, distúrbios psicológicos e até psicopatias no mesmo discurso de "aceitação social".

Essa imensa bobagem militante, carregada de recalques, rancores, vitimizações, hipocrisias, ignorâncias e ma fé, vem reforçando preconceitos e ostentando estereótipos que esgarçam a fibra da tolerância social.

Assim...

O gênero humano é um só, composto de indivíduos de sexos opostos, masculino e feminino. Já a sexualidade pode ser determinada por fatores naturais, envolvendo atratividade por indivíduos do mesmo sexo, bem como pode incorrer em paradoxos afetos à medicina, como é o caso da transsexualidade. Fora isso, incorre-se no domínio vasto e complexo dos comportamentos compulsivos, obssessivos e dos hábitos extravagantes. Transformar e segregar este universo em "gêneros" é negar a natureza humana e desumanizar a sexualidade.

O documentário norueguês está chegando tarde ao Brasil...

Enquanto o documentário não vem, bancos precariamente administrados no campo da relação com a sociedade, como o Santander, patrocinam um movimento rancoroso e preconceituoso, pretextando combater o preconceito sexual, apoiados por uma mídia ignorante.

A mostra do Santander sofreu pela péssima comunicação e pela má fé em não explicitar a ideologia por trás do "Queermuseu". Submeteu estudantes de escolas públicas e inocentes desavisados a provocações pedófilas, cenas de zoofilia e de perversões provocativas, emolduradas ou esculpidas.

Não foi arte, foi proselitismo sob o pretexto de pregar "tolerância transgênero" e "liberdade de escolha". 

O problema, no entanto, é que segundo os organizadores da mostra queer, a "escolha", por ser comportamental, não guarda relação com o crescimento e o amadurecimento do ser humano, pode ser "conquistada" desde a tenra infância... ainda que prejudique para sempre a vida e a determinação biológica da criança. 

Fontes: 
Por: Antonio Fernando Pinheiro Pedro é advogado (USP), jornalista e consultor ambiental. Sócio diretor do escritório Pinheiro Pedro Advogados. Integrante do Green Economy Task Force da Câmara de Comércio Internacional, membro da Comissão de Direito Ambiental do Instituto dos Advogados Brasileiros – IAB e da Comissão Nacional de Direito Ambiental do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil – OAB. É Editor- Chefe do Portal Ambiente Legal, do Mural Eletrônico DAZIBAO e responsável pelo blog The Eagle View.

Brasil Paralelo Capítulo 2 - A Vila Rica - Brasil, A Última Cruzada

sábado, 7 de outubro de 2017

MUÇULMANOS AVISAM A EUROPA: "UM DIA, TUDO ISSO SERÁ NOSSO"

- O arcebispo de Estrasburgo, Luc Ravel, nomeado pelo Papa Francisco em fevereiro, declarou recentemente que "os muçulmanos devotos estão cansados de saber que a sua fertilidade é tal hoje, que eles a chamam de... a Grande Substituição. Eles afirmam de maneira tranquila e resoluta: "um dia, tudo isso, tudo isso, será nosso"...


- O primeiro-ministro da Hungria Viktor Orbán acaba de alertar para o perigo de uma "Europa muçulmanizada". Segundo ele, "a questão das próximas décadas é se a Europa continuará a pertencer aos europeus".

- "Nos próximos 30 anos, o número de africanos crescerá ultrapassando a marca de um bilhão de pessoas. É o dobro da população de toda a União Europeia... A pressão demográfica será gigantesca. No ano passado mais de 180 mil pessoas atravessaram o mar em barcos em péssimas condições, provenientes da Líbia. E isso é só o começo. De acordo com o representante da UE Avramopoulos, neste exato momento 3 milhões de migrantes estão a postos para entrarem na Europa". — Geert Wilders, parlamentar da Holanda e líder do Partido da Liberdade e Democracia (PVV).
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Esta semana, outro ataque terrorista islâmico teve como alvo a cidade espanhola de Barcelona. Como ela esteve por muitos anos sob o domínio muçulmano, é, portanto, assim como Israel, território que muitos islamistas acreditam estar no direito de reconquistar.

Ao mesmo tempo, longe da Espanha, escolas de ensino fundamental foram fechadas pelo governo quando o número de alunos caiu para menos de 10% da população. O governo está transformando os locais em asilos, para cuidar dos idosos em um país onde 40% da população têm 65 anos ou mais. Isso não é um romance de ficção científica. É o Japão, a nação com a maior concentração de idosos e a mais estéril do mundo, onde há a seguinte expressão popular: "civilização fantasma".

De acordo com o Instituto Nacional de População e Pesquisas de Previdência Social do Japão, por volta de 2040, a maioria das pequenas cidades japonesas verá a dramática queda de um terço até metade da população. Devido ao dramático decréscimo demográfico, muitas câmaras municipais japonesas não puderam mais operar, foram então fechadas. O número de restaurantes passou de 850 mil em 1990 para 350 mil nos dias de hoje, apontando para um "esgotamento da vitalidade". As previsões também sugerem que em 15 anos o Japão terá 20 milhões de casas abandonadas . Será este também o futuro da Europa?

Especialistas em demografia estão propensos a chamar a Europa de "Novo Japão". O Japão, no entanto, está lidando com a catástrofe demográfica com seus próprios meios, proibindo a imigração muçulmana.

"A Europa está cometendo suicídio demográfico, sistematicamente se depopulando, o que o historiador britânico Niall Ferguson chama de a maior redução sustentada da população europeia desde a Peste Negra ocorrida no século XIV", como George Weigel observou recentemente.

Ao que tudo indica, os muçulmanos da Europa estão sonhando em preencher esse vazio. O arcebispo de Estrasburgo, Luc Ravel, nomeado pelo Papa Francisco em fevereiro, declarourecentemente que "os muçulmanos devotos estão cansados de saber que a sua fertilidade é tal hoje, que eles a chamam de... a Grande Substituição. Eles afirmam de maneira tranquila e resoluta: "um dia, tudo isso, tudo isso, será nosso"...

Um novo estudo elaborado pelo instituto interdisciplinar de estudos italiano Centro Machiavelliacaba de revelar que, se as tendências atuais continuarem, por volta do ano 2.065, os imigrantes da primeira e segunda gerações ultrapassarão 22 milhões de pessoas, ou seja, mais de 40% da população da Itália. Na Alemanha, 36% das crianças menores de cinco anos são filhos de pais imigrantes. Em 13 dos 28 países membros da UE, mais pessoas morreram do que nasceram no ano passado. Sem a migração estima-se que as populações da Alemanha e da Itália diminuirão 18% e 16% respectivamente.

O impacto da queda livre demográfica é mais visível no que antes era chamada de "nova Europa", países do antigo bloco soviético, como Polônia, Hungria e Eslováquia, para que se possa distingui-los da "velha Europa", França e Alemanha. Esses países do leste europeu são agora os mais expostos à "bomba da depopulação", colapso devastador da taxa de natalidade que o analista e escritor sobre questões contemporâneas Mark Steyn chamou de "o maior problema da nossa época".

O jornal The New York Times perguntou porque, "apesar da diminuição da população, a Europa Oriental resiste em aceitar migrantes". A diminuição demográfica é exatamente a razão pela qual ela teme ser substituída pelos migrantes. Além disso, grande parte da Europa Oriental já teve o gostinho de ser ocupada pelos muçulmanos por centenas de anos, quando do domínio do Império Otomano e, todos estão bem cientes do que os aguarda se eles voltarem. Países em fase de envelhecimento temem que os valores hostis venham à tona se a população for substituída por outra jovem, estrangeira.

"Há hoje dois pontos de vista distintos na Europa a serem considerados (quanto ao declínio e envelhecimento da população)", o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán salientou recentemente. "Um é sustentado por aqueles que querem abordar os problemas demográficos da Europa por intermédio da imigração. E o outro, sustentado pela Europa Central - e, fazendo parte dela, a Hungria, tem como visão que devemos resolver nossos problemas demográficos lançando mão de nossos próprios recursos, mobilizando nossas próprias reservas, e - venhamos e convenhamos - renovando-nos espiritualmente". Orbán acaba de alertar para o perigo de uma "Europa muçulmanizada". Segundo ele, "a questão das próximas décadas é se a Europa continuará a pertencer aos europeus".

O primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, ressaltou recentemente: "nossa visão é que devemos resolver nossos problemas demográficos lançando mão de nossos próprios recursos, mobilizando nossas próprias reservas, e... venhamos e convenhamos - renovando-nos espiritualmente". (Imagem: David Plas/Wikimedia Commons)


A África também pressiona a Europa com uma bomba-relógio demográfica. De acordo com o parlamentar holandês Geert Wilders:

"Nos próximos 30 anos, o número de africanos crescerá ultrapassando a marca de um bilhão de pessoas. É o dobro da população de toda a União Européia... A pressão demográfica será gigantesca. Um terço dos africanos querem sair da Áfricae muitos querem ir para a Europa. Ano passado mais de 180 mil pessoasatravessaram o mar em barcos em péssimas condições, provenientes da Líbia. E isso é só o começo. De acordo com o representante da UE Avramopoulos, neste exato momento, 3 milhões de migrantes estão a postos para entrarem na Europa".

A Europa Oriental está definhando. A demografia já virou um problema de segurança para a Europa. Há menos pessoas para servirem nas funções militares e nos postos de bem-estar social. O presidente da Bulgária, Georgi Parvanov, de fato, convidou os líderes do país a participarem de uma reunião do Comitê Consultivo Nacional totalmente dedicado ao problema da segurança nacional. Houve uma época que os países da Europa Oriental temiam os tanques soviéticos, agora eles temem os berços vazios.

Segundo estimativas das Nações Unidas havia cerca de 292 milhões de habitantes na Europa Oriental no ano passado, 18 milhões a menos do que no início da década de 1990. O número é equivalente a toda a população da Holanda.

O jornal Financial Times chamou a situação na Europa Oriental como "a maior perda de população na história moderna". Sua população está diminuindo como nunca antes. Nem mesmo a Segunda Guerra Mundial, com os massacres, deportações e movimentos populacionais, chegou a tal abismo.

O caminho de Orbán - lidar com um declínio demográfico usando os próprios recursos do país - é o único jeito da Europa evitar que a previsão do Arcebispo Ravel de uma "grande substituição" se torne realidade. A imigração em massa provavelmente preencherá os berços vazios - mas a Europa então também se tornará somente uma "civilização fantasma", trata-se apenas de um tipo de diferente de suicídio.

Giulio Meotti, Editor Cultural do diário Il Foglio, é jornalista e escritor italiano.
APÊNDICE

A Romênia perderá 22% da população até 2.050, seguida pela Moldávia (20%), Letônia (19%), Lituânia (17%), Croácia (16%) e Hungria (16%). Romênia, Bulgária e Ucrânia são os países onde o declínio da população será mais drástico. Estima-se que a população da Polônia encolha em 2.050 para 32 milhões, em relação aos atuais 38 milhões. Cerca de 200 escolas foram fechadas, mas há crianças suficientes para preencherem as que ainda restam.

Na Europa Central, a proporção dos habitantes com "mais de 65 anos" aumentou em mais de um terço entre 1990 e 2010. A população húngara se encontra no ponto mais baixo em meio século. O número de pessoas diminuiu de 10.709.000 em 1980 para 9.986.000 milhões hoje. Em 2.050 haverá menos de 8 milhões de habitantes na Hungria e um em cada três habitantes terá mais de 65 anos. A Hungria de hoje conta com uma taxa de fertilidade de 1,5 filhos por mulher. Se excluirmos a população cigana, o número cai para 0,8, o mais baixo do mundo - motivo pelo qual o primeiro-ministro Orbán anunciou novas medidas para resolver a crise demográfica.

A Bulgária terá o declínio populacional mais célere do mundo entre 2015 e 2050. A Bulgária faz parte de um grupo de países que deverá diminuir a população em mais de 15% entre 2015 e 2050, juntamente com a Bósnia Herzegovina, Croácia, Hungria, Japão, Letônia, Lituânia, Moldávia, Romênia, Sérvia e Ucrânia. A população da Bulgária de cerca de 7,15 milhões de habitantes deverá cair para 5,15 milhões em 30 anos - uma queda de 27,9%.

Dados oficiais mostram que 178 mil bebês nasceram na Romênia. Em comparação com 1990 o primeiro ano pós-comunista, havia 315 mil nascimentos. No ano passado a Croácia teve 32 mil nascimentos, um declínio de 20% em relação a 2015. A depopulação da Croácia poderá chegar a mais de 50 mil pessoas por ano.

Quando a República Tcheca fazia parte do bloco comunista (como parte da Tchecoslováquia), sua taxa de fertilidade total se encontrava próxima da taxa de substituição populacional (2,1). Hoje é o quinto país mais estéril do mundo. A Eslovênia tem o PIB per capita mais alto na Europa Oriental, mas uma taxa de fertilidade extremamente baixa.
Por Giulio Meotti13 de Setembro de 2017
Tradução: Joseph Skilnik

quarta-feira, 4 de outubro de 2017

O QUE É DITO E O QUE NÃO É

Imagine a troca de experiências entre pessoas com uma bagagem literária muito grande. Elas possuem um monte de referências literárias em comum, de modo que ao trocar experiências elas parecem que estão tocando piano. E sempre que não conseguem expressar diretamente o que estão sentindo, elas recorrem a uma analogia literária. Escritores quando conversam entre si fazem isso o tempo todo. Eles têm muito mais bagagem de leituras feitas do que capacidade de expressão, assim como todo ser humano. Todos nós, como pertencemos à mesma espécie, temos potencialmente a capacidade para termos as mesmas experiências interiores. Mas você dificilmente terá a capacidade de expressá-las com palavras próprias. Então você deve usar os recursos que estão na cultura.


A conversa entre dois homens que estão culturalmente afinados está para a conversa entre duas pessoas incultas assim como uma ligação telefônica está para outra que foi feita para um número errado. Isso é o mesmo que dizer que pessoas incultas simplesmente não conversam. Os seus mundos interiores são incomunicáveis às vezes até para elas mesmas. Como elas não sabem dizer o que estão vivenciando, essa vivência não se registra na memória, porque a memória não pode registrar estados interiores sem um símbolo que os compacte. Isso é uma angústia terrível. Noventa e nove por cento das neuroses surgem porque a pessoa não sabe falar. Assim, a primeira função da educação é uma função libertadora; de você conseguir dizer, e dizendo você se exorciza. Para um homem inculto, qualquer conflito interno é único, singular, solitário e incomunicável. Já um homem que tem ao menos a cultura da literatura de ficção sabe que é o trilionésimo a ter os mesmos conflitos. Num meio inculto as pessoas estão muito isoladas. Elas só podem se comunicar numa faixa estreita de assuntos banais e pragmáticos. Nesse meio, a experiência interior se perde porque não há registro simbólico para gravá-las na memória ou se acumula numa massa de sentimentos confusos que isola as pessoas umas das outras. Basta isso para você entender que essa história de que o homem inculto é mais feliz é uma monstruosidade. O sofrimento indizível é um bilhão de vezes pior que o dizível.
 Por: Olavo de Carvalho 4 de setembro de 2017 - 16:03:46
Do site: http://diariofilosofico.midiasemmascara.org