sexta-feira, 22 de novembro de 2013

YANKEES, DONT"T GO HOME


Os marines estão chegando

Natural que em um desastre natural como este tufão nas Filipinas, a intervenção humanitária americana seja imediata. Os EUA têm uma história de afinidade no país (inclusive de colonização) e uma tradição de assistência global nestas circunstâncias que é compatível com seus recursos militares e logísticos. Os marines desembarcaram nas Filipinas e navios, inclusive um porta-aviões, aportaram para a missão de assistência. Aviões americanos despejam suprimentos e não bombas. E no solo, bandeiras americanas não são queimadas e não se escutam os gritos deyankees, go home. Por que ocorreria isto? Na quarta-feira, aviões militares americanos puderam distribuir 25 toneladas de biscoitos para sobreviventes famintos na devastada cidade de Tacloban.

Sem dúvida que esta assistência de emergência americana gera boa vontade e pontos políticos em países afligidos, pobres e ricos, mais ou menos hostis aos EUA. Apenas para ficar nas vizinhanças das Filipinas, foi assim no tsunami que atingiu a Indonésia em 2004 e no terremoto no Japão em 2011. E este empenho dos EUA acontece em meio a pressões por cortes orçamentários do Pentágono e pendores isolacionistas mesmo em casos de ajuda humanitária ou de um SOS.

De novo, não podemos ser ingênuos ou sentimentais. A corrida para ajudar tem impacto estratégico. Basta ver que no Japão houve a suavização da retórica contra as bases americanas no país. Afinal, este aparato foi crucial para ajudar depois do desastre em Fukushima. Nas Filipinas, em 1991, os americanos abandonaram uma imensa base naval na esteira de uma ferrenha mobilização nacionalista e a assistência agora no tufão deve reforçar o ímpeto para a presença militar dos EUA no país, em particular no combate a insurgentes islâmicos.

E vale lembrar que muitos outros países também estão dando uma mão. Por exemplo, equipes médicas da Bélgica, Noruega e Israel estão em ação. Em contraste ao vigor assistencialista dos EUA e demais países, existe o minimalismo chinês. Tudo bem, os chineses ainda são pobres, mas gostam de bravatear a segunda colocação no ranking de economias mundiais e seu impulso para o status de superpotência. Pequim, no entanto, se limitou a oferecer US$ 100 mil de ajuda às Filipinas. Em parte, é vingança pela posição mais desafiadora dos bem mais pobres e mais fracos filipinos para encararem os chineses em disputas por águas territoriais (atualização: na quinta-feira, os chineses anunciaram o incremento da ajuda).

Aliás, naquela região existe um clamor por proteção americana contra o tufão geopolítico chinês.
Por: Caio Blinder



Nenhum comentário: