sexta-feira, 25 de novembro de 2016

DONALD TRUMP DÁ FORÇA AO MOVIMENTO ANTI-ESTABLISHMENT DA EUROPA

- Os Estados Unidos acabam de se libertar do politicamente correto. Os americanos expressaram o desejo de continuarem sendo um povo livre e democrático. Agora é a vez da Europa. Podemos e faremos o mesmo"! — Geert Wilders, parlamentar holandês, Presidente do Partido da Liberdade (PVV), ora sendo julgado na Holanda no tocante à liberdade de expressão.


- "Ao que tudo indica 2016 será o ano de duas grandes revoluções políticas. Eu achei que o Brexit era algo grande, mas cara, isso parece que vai ser maior ainda" — Nigel Farage, membro do Parlamento Europeu e líder do Partido da Independência do Reino Unido.

- "A classe política está sendo vilipendiada em grande parte do Ocidente, os institutos de pesquisa de opinião estão falidos e a imprensa ainda não acordou para ver o que está acontecendo no mundo" — Nigel Farage.

- "Em uma democracia, quando as pessoas se sentem ignoradas e desprezadas, elas encontram um meio de serem ouvidas. Esta votação é a consequência da revolta da classe média contra uma elite dominante que quer enfiar goela abaixo como ela deve pensar." — Laurent Wauquiez, líder do partido de oposição francês Os Republicanos.
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A vitória eleitoral de Donald Trump caiu como uma bomba no establishment político e midiático da Europa, que teme que a onda de transformação política em andamento nos Estados Unidos dará novas forças aos partidos populistas da Europa.

Políticos anti-establishment, muitos dos quais estão bem colocados segundo sondagens para as próximas eleições europeias, esperam que a ascensão de Trump irá influenciar os eleitores europeus a votarem na chapa deles em número recorde.

Ao tecer comentários sobre a vitória de Trump o legislador holandês Geert Wilders ressaltou: "os Estados Unidos acabam de se libertar do politicamente correto. Os americanos expressaram o desejo de continuarem sendo um povo livre e democrático. Agora é a vez da Europa. Podemos e faremos o mesmo"!

Mais de uma dozena de eleições serão realizadas na Europa nos próximos doze meses, começando pelo 2º turno da eleição presidencial austríaca marcada para 4 de dezembro. As pesquisas apontam que Norbert Hofer do Partido da Liberdade, anti-imigração austríaco, está a caminho de vencer a corrida presidencial.

No mesmo dia os italianos irão votar em um referendo sobre a reforma da constituição. Observadores dizem que a vitória de Trump tornará mais difícil para o primeiro-ministro italiano Matteo Renzi, um dos poucos líderes mundiais a endossarem Hillary Clinton, sair vitorioso. Eles salientam que o apoio aberto da Renzi a Clinton irá prejudicar as relações da Itália com os Estados Unidos. Renzi afirmou que renunciará caso seja voto vencido no referendo que pede a diminuição do papel do senado. A maioria das pesquisas de opinião mostra que o "não" está na frente. Renzi diz que a medida irá simplificar a tomada de decisões, mas os opositores dizem que irá reduzir os "checks and balances".

As eleições gerais que serão realizadas na República Checa, França, Alemanha e Holanda, estão programadas para 2017, países da UE onde os candidatos anti-establishment estão pondo em xeque a ordem estabelecida.

Políticos dos principais partidos e a mídia tentaram desacreditar os líderes populistas tachando-os de neonazistas e xenófobos por serem contrários à migração em massa, multiculturalismo e à ascensão do Islã na Europa. Se Donald Trump conseguir mostrar que é capaz de governar os Estados Unidos e produzir resultados positivos, especialmente em relação ao crescimento da economia e reduzir a imigração ilegal, o establishment político europeu terá uma tarefa muito mais árdua em estigmatizar os dissidentes.

Políticos anti-establishment da Europa, como o líder Geert Wilders (esquerda) do Partido da Liberdade da Holanda e o líder Nigel Farage (direita) do Partido de Independência do Reino Unido, enalteceram Donald Trump e esperam que a ascensão de Trump irá influenciar os eleitores europeus a votarem na chapa deles em número recorde.

O que se segue é uma série de reações oficiais europeias em relação à vitória eleitoral de Trump. Políticos anti-establishment comemoram a vitória de Trump e os políticos do establishment, em sua maioria, divulgaram comunicados pró-forma de felicitações, cordiais, porém formais e distantes.

Áustria. O líder do Partido da liberdade, Heinz-Christian Strache, felicitou Trump no Facebook. Ele salientou:

"Pouco a pouco os políticos de esquerda e o establishment corrupto e fora de sintonia está sendo punido pelos eleitores e retirados do poder. Isso é positivo porque os mandatos vêm do povo. A grande mídia austríaca, que se posicionou contra Trump por semanas a fio e prematuramente declarou Hillary Clinton a vencedora, ficou desconcertada pelo voto do eleitorado".

Bélgica. O partido populista Vlaams Belang (Interesse Flamengo) felicitou Trump e disse que a sua vitória inesperada poderia ser replicada na Europa. O presidente do partido Tom Van Grieken tuitou: "a eleição nos EUA mostra novamente o quão distantes os políticos estão do povo". Em outro tuíte, ele salientou: "a ascensão de Trump não é um fenômeno isolado. Na Europa também, cada vez mais eleitores querem uma mudança de verdade".

Grã-Bretanha. A Primeira Ministra Theresa May realçou:

"Eu gostaria de parabenizar Donald Trump, após uma árdua campanha, por ele ter sido eleito o próximo presidente dos Estados Unidos. A Grã-Bretanha e os Estados Unidos mantêm um relacionamento duradouro e especial, baseado nos valores da liberdade, democracia e empreendedorismo. Nós somos e continuaremos sendo parceiros fortes e próximos no comércio, segurança e defesa."

Nigel Farage, líder do Partido da Independência do Reino Unido, que com sucesso fez campanha no referendo a favor do "Brexit" para que a Grã-Bretanha saísse da União Europeia, disse que a vitória de Trump não o surpreendeu. Ele tuitou:

"Ao que tudo indica 2016 será o ano de duas grandes revoluções políticas. Eu achei que o Brexit era algo grande, mas cara, isso parece que vai ser maior ainda".

Ele também tuitou: "eu entrego o manto a @RealDonaldTrump! Meus parabéns. Você venceu uma campanha com coragem".

Falando à ITV, Farage salientou: "a classe política está sendo vilipendiada em grande parte do Ocidente, os institutos de pesquisa de opinião estão falidos e a imprensa ainda não acordou para ver o que está acontecendo no mundo".

República Checa. O Presidente Milos Zeman ressaltou que a eleição do Trump foi uma vitória sobre a "manipulação da mídia". Ele salientou:

"Eu gostaria de parabenizar cordialmente Donald Trump. Eu, um dos poucos políticos europeus, declarei apoio público a este candidato porque concordo com suas opiniões sobre migração, bem como sua luta contra o terrorismo islâmico. Eu admiro a conduta pública de Donald Trump. Ele fala sem rodeios, às vezes impositivamente, mas de maneira compreensiva e evita o que muitas vezes é chamado de politicamente correto".

União Europeia. O Presidente da Comissão Europeia Donald Tusk destacou:

"A Europa e os Estados Unidos simplesmente não tem outra opção a não ser cooperar o mais estreitamente possível. Ouvi com atenção o chamamento do presidente eleito Trump para a união dos americanos. Eu, no nosso caso, gostaria de fazer o chamamento para a união dos europeus e a união transatlântica. Não acredito que algum país hoje possa ser grande no isolamento. Acredito porém que os Estados Unidos e a Europa podem, devem e irão trabalhar juntos. É de nosso interesse comum. Temos que reconhecer que este trabalho requererá grandes esforços de ambos os lados. A UE é um parceiro forte e confiável e assim permanecerá. Esperamos o mesmo dos Estados Unidos e de seu novo presidente".

França. O Presidente François Hollande tuitou: "o povo americano se pronunciou. Elegeu Donald Trump. Parabenizo-o. Também penso em Hillary Clinton".

O embaixador francês nos Estados Unidos, Gérard Araud, tuitou: "este é o fim de uma era. Depois do Brexit e desta votação, tudo é possível. O mundo está se desintegrando diante dos nossos olhos". Mais tarde, ele apagou o tuíte.

O ex-primeiro-ministro Dominique de Villepin, ressaltou: "o que está acontecendo nos EUA poderá acontecer na França".

O ex-primeiro-ministro Jean-Pierre Raffarin ressaltou: "os limites da razão desapareceram com o Brexit, a principal lição para a França é a de que Le Pen pode vencer".

Laurent Wauquiez, líder do partido de oposição Os Republicanos, enfatizou: "em uma democracia, quando as pessoas se sentem ignoradas e desprezadas, elas encontram um meio de serem ouvidas. Esta votação é a consequência da revolta da classe média contra uma elite dominante que quer enfiar goela abaixo como ela deve pensar."

A líder do partido Frente Nacional, Marine Le Pen, tuitou: "felicitações ao novo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e ao povo americano livre!"

O pai de Le Pen, Jean-Marie Le Pen, fundador do partido, tuitou: "hoje, os Estados Unidos, amanhã a França".

Alemanha. A Chanceler Angela Merkel, que não mencionou o nome de Trump admoestou o presidente eleito no tocante a valores:

"A Alemanha e os Estados Unidos estão unidos por valores: democracia, liberdade, respeito ao Estado de direito, dignidade humana independentemente da sua origem, cor da pele, religião, gênero, orientação sexual ou opiniões políticas. Eu ofereço uma estreita cooperação com o futuro presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, com base nesses valores".

O Vice-Chanceler Sigmar Gabriel foi menos elegante. Ele assinalou:

"Trump é o prenúncio de um novo movimento internacional autoritário e machista. Ele também serve de alerta para nós. Nosso país e a Europa precisam mudar se quisermos combater o movimento internacional autoritário".

O Ministro das Relações Exteriores Frank-Walter Steinmeier ressaltou:

"Esperamos não enfrentar uma instabilidade ainda maior na política internacional. Durante a sua campanha, Trump criticou não apenas a Europa, mas também a Alemanha. Acredito que devemos nos preparar para uma política externa americana menos previsível. Temos de nos preparar para uma situação na qual os Estados Unidos estarão inclinados a tomar muito mais vezes decisões por conta própria.

"Eu não quero dourar a pílula: nada será mais fácil e muito vai ser mais difícil. Assim como nós alemães aprendemos muito no passado com nossos amigos americanos, agora nós devemos encorajar nossos amigos americanos a permanecerem fiéis às antigas parcerias e conosco".

A Ministro da Defesa Ursula von der Leyen salientou: a vitória de Trump foi um "choque enorme" e "não foi um voto para ele, mas sim contra Washington, contra o establishment". Ela acrescentou:

"É claro que nós europeus, como aliados na OTAN, sabemos que, se Donald Trump se tornar presidente, ele irá perguntar: qual a sua contribuição para esta aliança? Mas nós também gostaríamos de saber qual é a sua posição nesta aliança?"

O Ministro da justiça Heiko Maas tuitou: "o mundo não vai acabar. Mas ficará mais louco".

A líder do partido populista Alternative für Deutschland (AfD), Frauke Petry, previu que a vitória de Trump resultará em uma mudança política na Europa também. No Facebook ela ressaltou:

"Chegou a hora das pessoas nos Estados Unidos, que estão descontentes, não mais votarem no establishment político. Enquanto 93% dos eleitores em Washington DC votaram em Clinton a fim de manterem suas próprias estruturas de poder, a maioria dos eleitores em todo o país optaram por um novo começo político, uma recuperação econômica para a classe média que vem sendo castigada e o fim da divisão do país que ainda é o mais poderoso do mundo.

"O resultado da eleição é encorajador para a Alemanha e para a Europa porque Trump realmente tem as cartas na mão para conduzir uma mudança política radical. Felicito Donald Trump pela vitória eleitoral e por esta oportunidade histórica..."

"Assim como fizeram os americanos, os cidadãos da Alemanha devem ter a coragem de ticar a cédula de votação e mostrar nas urnas que não ficarão complacentes. A opinião deles conta, mesmo que a correção política dê a impressão de ter elevado o consenso decretado ao nível de uma nova doutrina".

Beatrix von Storch, membro da AfD no Parlamento Europeu, salientou:

"A vitória de Trump é um sinal claro de que os cidadãos do mundo ocidental querem mudança política. Isto veio como uma surpresa só para o establishment. Nos EUA, assim como na Alemanha, os cidadãos querem viver dentro de fronteiras seguras, menos globalização e uma política que aja com bom senso no tocante aos problemas de seu próprio país."

Hungria. O Primeiro Ministro Viktor Orbán ressaltou no Facebook: "que ótima notícia. A democracia ainda está viva."

Itália. O fundador do Movimento 5 estrelas anti-establishment, Beppe Grillo, comemorou a vitória de Trump. Ele salientou:

"Esta é a prova de que estes milhões de demagogos não são o povo, são jornalistas, intelectuais, ancorados a um mundo que não existe mais. Há semelhanças entre esses eventos nos Estados Unidos e o nosso movimento... Nós iremos governar e eles perguntarão: mas como eles conseguiram? Eles canalizaram a fúria coletiva".

Holanda. O legislador holandês Geert Wilders ressaltou:

"Os Estados Unidos recuperaram a soberania nacional, a identidade, recuperaram a própria democracia, é por isso que eu chamo isso de revolução".

"Agora há um líder, apesar de todo o negativismo espalhado acerca dele pela elite política e pela imprensa que tem apenas uma preocupação a saber: o interesse nacional dos eleitores dos Estados Unidos que estão preocupados com a imigração, que estão preocupados com a perda de emprego em consequência da globalização, que estão preocupados com a islamização da sociedade. E ele tende a dizer a verdade e convencer as pessoas de que se começarem a agir tudo é possível, e acredito que o evento histórico de 8 de novembro também irá ter um efeito enorme sobre a política europeia.

"A lição para a Europa é a seguinte: o que os Estados Unidos podem fazer, nós também podemos."

Em um ensaio publicado pela Breitbart, Wilders assinalou:

"Ontem o povo americano deixou bem claro que ele não quer seguir os passos da Europa Ocidental. Ele não quer desistir de seu país. Ele quer preservar a sua nação, suas liberdades, sua prosperidade. Eles sentiram que havia chegado a hora da libertação.

"Os eleitores americanos não querem continuar sendo representados por políticos que não levam as suas preocupações a sério. Eles sentiram que Donald Trump foi o único a escutá-los...

"Os Estados Unidos acabam de se libertar do politicamente correto. Os americanos expressaram o desejo de continuarem sendo um povo livre e democrático. Agora é a vez da Europa. Podemos e faremos o mesmo"!

Por: Soeren Kern é colaborador sênior do Gatestone Institute sediado em Nova Iorque. Ele também é colaborador sênior do European Politics do Grupo de Estudios Estratégicos / Strategic Studies Group sediado em Madri.  15 de Novembro de 2016

Tradução: Joseph Skilnik Do site: https://pt.gatestoneinstitute.org

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