quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

COM A MORTE DE FIDEL, MUDA ALGUMA COISA EM CUBA?


Na festa dos 90 anos, Fidel já era um espectro de si mesmo.

Tudo naquela ilha sempre foi mistério, segredo de Estado, desde que se instalou o regime comunista até a causa mortis do maior genocida das Américas.

Finalmente, Fidel Castro morreu, aos 90 anos. Segundo anunciou em cadeia de rádio e televisão o ditador hereditário Raúl Castro, o falecimento se deu na noite do dia 25 de novembro e a partir das 06:00 horas do dia 26 até as 12:00 do dia 4 de dezembro Cuba entraria em Luto Nacional. Durante a vigência desse luto, proibiu-se qualquer atividade e espetáculo público, a rádio (sim, lá só há uma estação!) e a televisão foram obrigadas a manter uma programação “informativa, patriótica e histórica”. Até a saudação de “bom-dia”, “boa-tarde” e “boa-noite” foi suprimida dos noticiários por ser considerado “ofensa grave” diante do ilustre defunto.

Chamou fortemente minha atenção que o velório não tenha se dado com o defunto exposto no caixão como sempre ocorre com essas personalidades comunistas, mas o corpo foi cremado na manhãzinha do sábado só para familiares e depois as cinzas foram postas numa urna onde os escravos da ilha foram obrigados a visitar e chorar. Não havia livro de condolências. Cada cubano foi obrigado a fazer um juramento de dar continuidade ao projeto comunista implantado por Fidel ao descer da Sierra Maestra e depois assinavam um documento, para controle do G2.

Muita gente se questionou se essa morte de fato ocorreu na data citada, que “coincidia” com os 60 anos da partida do iate Granma do México para Cuba, onde tudo começou. Por que o corpo não foi apresentado aos visitantes? Seriam dele mesmo, as cinzas? Tudo naquela ilha sempre foi mistério, segredo de Estado, desde que se instalou o regime comunista até a causa mortis do maior genocida das Américas. TODAS as informações que saem na imprensa são manipuladas pela nomenklatura, de modo que não há meios de checar a veracidade do que dizem.

A imprensa internacional pró-Castro saiu alardeando que, com Raúl e sua “abertura econômica”, Cuba entraria num novo período mais flexível. Desinformação pura. Raúl sempre foi mais tirânico do que Fidel, chegando mesmo a ser considerado o “cérebro” por trás de todas as crueldades do regime. E foi o que se observou desde que Fidel passou o cetro, em 2006. A repressão recrudesceu absurdamente e a vida do cubano “a pé” não melhorou nada, apesar do reatamento das relações diplomáticas e comerciais com os Estados Unidos que, apesar disso, continuam sendo vistos como o maior inimigo dos cubanos.

Raúl anunciou que em 2018 vai deixar o poder e evidentemente vai passar o bastão para alguém da dinastia Castro. Há muitas especulações, porém, deve ser alguém que dê continuidade ao projeto revolucionário comunista do seu criador, agora definitivamente morto, Fidel.

Por ordem de proximidade familiar e importância temos: Alejandro Castro Espín, único filho homem de Raúl, com 51 anos, coronel do Ministério do Interior e conhecido como o temido responsável pelos serviços de inteligência e contra-inteligência. Quando da visita de Obama a Cuba, foi visto no Palácio da Revolução, meses depois de levar pessoalmente as estratégicas negociações com Vladimir Putin. Outras figuras cotadas são o neto Raúl Guillermo Rodríguez Castro e o ex-genro de Raúl, o poderoso general-de-brigada Luis Alberto Rodríguez López-Callejas.

Raulito, como é conhecido, é não só o neto favorito como seu assistente e principal guarda-costas, leva uma década junto a seu avô, quase como uma figura invisível. Outros apontam Miguel Díaz-Canel, primeiro vice-presidente do Conselho de Estado, 56 anos, que surpreendeu o mundo quando Raúl Castro decidiu colocá-lo à frente do governo, acima de seus velhos companheiros de Sierra Maestra. É o primero civil nascido na revolução capaz de herdar o poder em 2018 com uma carreira construída no seio do Partido Comunista.

Fidel Castro e Ernesto 'Che' Guevara: dois monstros abjetos deixaram o mundo melhor com suas ausências.

De todo modo, qualquer que seja o indicado tudo sinaliza a que nada vai mudar. Assim como não mudou com o afastamento de Fidel, nem com a abertura com os Estados Unidos. Fidel finalmente deixa este mundo com as carpideiras sinistras lembrando o seu “legado heróico”, mas o que deixa de fato este monstro é um rastro de sangue, dor e miséria em uma ilha paradisíaca que ele soube destruir e subjugar como se fosse o legítimo dono da vida e da morte de cada um dos infelizes 11 milhões de habitantes. Já foi tarde! A história não o absolverá!
(Para o jornal Inconfidência.)
Por: Graça Salgueiro, jornalista e psicóloga, é especialista em política latino-americana e autora do livro O Foro de São Paulo - A Mais Perigosa Organização Revolucionária das Américas. É colunista do Mídia Sem Máscara e apresenta o programa Observatório Latino, na Rádio Vox.Do site: http://www.midiasemmascara.org/

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