sábado, 2 de junho de 2012

O PROBLEMA DA GRÉCIA É OUTRO! IGUAL AO DO BRASIL

O mundo está cansado de ler análises de acadêmicos, uns sugerindo que a Grécia saia do Euro, tipo Paul Krugman, e outros sugerindo que fique mas não acate as demandas da Alemanha, por exemplo. 

Este lenga lenga da Grécia já dura quase dois anos, e já são pelo menos quatro anos que seus problemas são conhecidos. 

Digamos que você é um Eike Batista, disposto a investir. Responda a uma destas questões. 

1. Você investiria na Grécia sabendo que ela decidiu não sair do Euro, e já faz seis meses que está seguindo o prometido? 

 2. Você investiria na Grécia sabendo que ela já saiu do Euro, e já se passaram os piores seis meses e as coisas estão melhorando? 

 3. Você investiria na Grécia não sabendo se ela fica ou sai do Euro, e lendo todas estas análises pró e contra? 

O problema da Grécia é que ela não toma decisões. 

E quem não toma decisões permite que problemas acumulem, não só para si, mas para os outros, como agora a Espanha. 

A inércia de um único país com menos que 2% do PIB da Europa, está começando a contaminar os 98% restantes. Por quê? 

 A Grécia também é gerida por amadores e acadêmicos perfeccionistas que preferem tomar decisões 100% certas, mesmo que demorem quatro anos, do que tomar decisões 80% certas, e rapidamente, correndo o risco de não analisar uma saída academicamente perfeita.  

O Brasil vem acumulando problemas, minha gente, como a Grécia. 

 Como faz falta um Henrique Meirelles neste governo, que pelo jeito abandonou o seu sonho de ser político. Dilma está agora consultando acadêmicos que acham que o Brasil é a fabrica de alfinetes da época de Adam Smith, onde uma intervenção aqui e ali de fato funcionava. 

Acontece que a economia brasileira é muito mais complexa do que isto, e intervir sem entender direito as consequências não previstas é um crime administrativo. Investidores internacionais estão fugindo em pânico do Brasil, razão desta queda de 69.000 para 53.000 pontos da Bolsa. 

A prisão dos executivos da Chevron, a ajuda parcial à Ford e GM, o SuperCade, o BNDES, estão mostrando que seremos novamente um país comandado não por regras éticas, mas por caprichos acadêmicos de desenvolvimentistas que nunca trabalharam na vida, mas sabem tudo do assunto. Por: Stephen Kanitz

sexta-feira, 1 de junho de 2012

A GRANDE CHANCE DO PLANETA

Sendo mais velhos, estivemos envolvidos na vida pública por um longo período. Sabemos que mudanças levam tempo. Mas nosso otimismo está sendo testado pela falta de urgência na reta final para a Rio+20, este mês. O encontro é uma oportunidade histórica de traçar um futuro sustentável. Mas, neste momento, há uma real chance de esta oportunidade ser desperdiçada. Os países estão divididos sobre meios e fins. A situação causa profunda preocupação. O sucesso, ou o fracasso, da Rio+20 terá profundas repercussões: definirá as aspirações de 3,5 milhões de jovens e dará forma ao mundo que deixaremos às futuras gerações. Foi, é claro, na primeira Cúpula da Terra, há 20 anos, no Rio, que nossa geração de líderes admitiu que focar apenas no crescimento econômico não era mais possível. Num notável rompimento com o passado, reconheceu-se que, num mundo de recursos finitos, o desenvolvimento teria de ir junto com o progresso social e a proteção ao meio ambiente, respeitando o direito de cada país se desenvolver. Nas últimas duas décadas, a ideia do desenvolvimento sustentável revolucionou o pensamento de milhões. O entendimento de nossa responsabilidade comum ajudou a levar 189 líderes mundiais a concordar, em 2000, com a Declaração do Milênio, que abriu caminho às Metas de Desenvolvimento do Milênio. Em muitos países, testemunhamos ação determinada para reduzir a poluição e investir em energia renovável. Quanto mais aprendemos, mais entendemos a gravidade do desafio. E ainda não vimos a necessária coragem e vontade política para transformar boas intenções em ação coletiva efetiva. O resultado de nossa inação está por toda parte. Padrões insustentáveis de produção e consumo continuam a impor demanda excessiva sobre recursos naturais, como a água. A desigualdade entre os países, e dentro deles, aumenta. Crise financeira e preços elevados dos alimentos ampliam o desafio: uma em cada sete pessoas não tem o bastante para comer hoje. A Rio+20 dá aos líderes internacionais a oportunidade de se reunirem para acelerar o progresso das duas últimas décadas. Em primeiro lugar, precisamos aprender com o sucesso das Metas de Desenvolvimento do Milênio. O esforço deve ser intensificado nos anos que restam até 2015. Em segundo, é necessário achar formas de manter o desenvolvimento sustentável no topo da agenda global. Acreditamos que a criação de um conselho, com posição proeminente na ONU, um mandato claro, capacidade e autoridade, poderia fazer a diferença. Em terceiro, a iniciativa energia Sustentável para Todos, do secretário-geral da ONU, requer apoio mais decisivo. A poluição continua sendo um dos maiores problemas mundiais de saúde pública. Precisamos de investimentos para reduzir o uso de combustíveis baseados no carbono e aumentar a eficiência energética. Finalmente, o verdadeiro desenvolvimento sustentável se articula com progresso mais rápido em direção à igualdade de gêneros. Em todo o mundo, as mulheres ainda enfrentam barreiras que as impedem de exercer em plenitude seu papel em nossas economias, parlamentos e sociedades. Se desperdiçamos metade do talento e do potencial mundial, simplesmente não podemos ter sucesso. É nossa responsabilidade - como empresas, membros da sociedade civil e indivíduos - ajudar o crescimento de nossas economias de uma forma que beneficie a todos e salvaguarde o planeta para as futuras gerações. Mas apenas os governos, juntos, podem criar condições para que os esforços sejam bem-sucedidos. Esta é a razão pela qual a Rio+20 é um momento para coragem e visão. Por:FERNANDO HENRIQUE CARDOSO é ex-presidente do Brasil e GRO HARLEM BRUNDTLAND foi primeira-ministra da Noruega.

ATO FALHO

A coisa mais óbvia do mundo é que o golpe de 1964 no Brasil nunca teria acontecido se o presidente João Goulart não tivesse se acumpliciado a Fidel Castro nos seus planos de revolução continental. Um precedente histórico sangrento pode ilustrar a deformidade mental que inspira os trabalhos da Começão de Dinheiro Público, a que um lance de humorismo macabro deu o nome de "Comissão da Verdade". O mundo inteiro sabe do genocídio ruandês ocorrido em 1994, quando, segundo a versão consagrada, a maioria de raça hutu matou a tiros, facadas e machadadas 75% da minoria tutsi – mais de um milhão de pessoas. No curso do morticínio, os tutsis também cometeram crimes, mas o Tribunal Penal Internacional decidiu não investigá-los, sob o pretexto edificante de que estavam previamente justificados como reações compreensíveis da minoria oprimida à violência da maioria agressora. Resultado: os hutus e principalmente seus comandantes militares entraram para os anais da crueldade universal como autores únicos e exclusivos de um massacre despropositado, politicamente inútil e moralmente abjeto. Bernard Lugan, o maior historiador de assuntos africanos que o Ocidente já conheceu, atualmente professor da Universidade de Lyon, trabalhou como consultor do Tribunal e publicou dois livros a respeito da tragédia ruandesa, subscrevendo a narrativa oficial. Decorridos treze anos da sentença, Lugan teve acesso a uma documentação mais completa e, num exemplo raro de coragem e honradez intelectual, confessou que ele e o Tribunal estavam completamente errados: 1) Quem começou a briga foi o general tutsi Paul Kagame, que mandou explodir com dois mísseis soviéticos o avião em que viajava o presidente ruandês Juvenal Habyarimana e, por meio de um golpe de Estado, se fez presidente de Ruanda com o apoio de uma minoria eleitoral ínfima. 2) O massacre não foi iniciativa unilateral dos hutus, mas um conflito generalizado em que as duas facções combatentes agiram de maneira igualmente criminosa: no fim das contas, morreram 600 mil tutsis e 500 mil hutus. A denominação mesma de "genocídio" acaba se revelando inadequada para descrever os acontecimentos, mais propriamente definidos, portanto, como genuína guerra civil. 3) Na confusão que se seguiu ao assassinato do presidente Habyarimana, os militares hutus não cederam a nenhuma tentação de golpe de Estado, mas fizeram o possível para manter a ordem constitucional, acabando por perecer como vítimas de um legalismo abstrato que, naquelas condições, se revelou incapaz de controlar a fúria popular. 4) A minoria tutsi havia governado Ruanda pacificamente durante séculos, amparada num prestígio de casta que a maioria aceitava sem reclamar. Foi a ONU que introduziu à força o critério democrático do "governo da maioria", quebrando de repente a ordem tradicional e desencadeando a crise que culminaria na guerra civil. O resultado final do conflito foi a derrota da democracia impossível e o retorno ao velho sistema africano do governo de casta... com o apoio da própria ONU. 5) A pressão do movimento anticolonialista internacional, em que a URSS e os EUA se deram as mãos, numa estratégia conjunta para a destruição das potências coloniais europeias, forçou o exército francês a se retirar de Ruanda em dezembro de 1993, deixando o país à mercê de tropas nacionais obviamente incapazes de manter a ordem: quatro meses depois, começava a guerra civil, que jamais teria acontecido se os soldados franceses ainda estivessem ali presentes. Ao recusar-se a investigar os crimes cometidos pelos tutsis, a ONU não fez senão camuflar, sob a infalível retórica humanitária , a sua própria parcela de responsabilidade – a maior de todas, sem dúvida -- na produção do morticínio. Se puderem, leiam Rwanda: Contre-Enquête sur le Genocide, Toulouse, Éditions Privat, 2007, onde o grande historiador se revela também um grande homem. Mutatis mutandis, a coisa mais óbvia do mundo é que o golpe de 1964 no Brasil nunca teria acontecido se o presidente João Goulart não tivesse se acumpliciado a Fidel Castro nos seus planos de revolução continental, chegando a acobertar as guerrilhas que já em 1963 estavam em plena atividade no Nordeste brasileiro, orientadas diretamente desde Cuba e sob a direção local do chefe das Ligas Camponesas, Francisco Julião. Quando exclui do seu campo de investigações os crimes cometidos pela esquerda terrorista, a “Comissão da Verdade”, que não passa de uma vulgar equipe de propaganda a serviço da esquerda dominante, busca varrer para baixo do tapete fatos essenciais que, divulgados como merecem, desfariam em pó a lenda de que as guerrilhas nacionais foram uma reação "democrática" ao regime militar instalado no País em abril de 1964 – quase um ano depois de descoberta a guerrilha de Julião. Ao inaugurar a porcaria, o ex-ministro José Carlos Dias, que tem uma longa folha de serviços prestados à esquerda revolucionária, incorreu num ato falho freudiano quando declarou: "Não seremos os donos da verdade, mas seus perseguidores obstinados." O verbo "perseguir" tem às vezes a acepção de "buscar", porém mais frequentemente significa, segundo o dicionário Caldas Aulete, "atormentar, castigar, punir, fazer violência". A Comissão, portanto, já começou a mostrar serviço. Perseguida e acossada, a verdade histórica não tem ali a menor chance de prevalecer.ESCRITO POR OLAVO DE CARVALHO Publicado no Diário do Comércio.

JURISTAS LEGALIZAM CHUVA

A Comissão de Juristas do Senado, que discute mudanças no Código Penal, aprovou ontem proposta para descriminalizar o porte de drogas para consumo próprio. Pelo texto, não haveria mais crime se um cidadão fosse flagrado usando entorpecentes. Atualmente, a conduta ainda é considerada crime, mas sujeita à aplicação de penas alternativas. É o que leio nos jornais. Os doutos senhores, ao que tudo indica, acabam de declarar que a chuva é legal. Em todas as metrópoles do país, zumbis fumam crack a céu aberto, muitas vezes com a presença complacente da polícia, e uma Comissão de Juristas vem agora propor a descriminalização das drogas. O senhores juristas incorrem no mesmo ridículo das passeatas da maconha, que pretendem legalizar o que há muito é permissível. A lei que criminalizava o uso das drogas desde há muito virou letra morta e só agora os legisladores parecem ter percebido a mudança. Nada de novo tenho a dizer sobre o assunto. Ano passado, a Veja nos trazia a surpreendente revelação de que drogas eram consumidas livremente no principal prédio da Universidade de Brasília, inclusive em salas de aula. O site publicava um vídeo com flagrantes de uma festa organizada por alunos da Biologia, onde cerca de 3.000 pessoas participavam do evento, que teve a apresentação de bandas de rock. “Um breve passeio era suficiente para constatar a disseminação da droga no local. Jovens não se preocupavam em esconder a prática e preparavam cigarros de maconha na frente de todos. Grupos usavam salas de aula para dividir os entorpecentes. Tudo dentro do Instituto Central de Ciências (ICC), o prédio-símbolo da universidade. “A Polícia Militar não foi vista no mal iluminado câmpus Darcy Ribeiro, localizado a quatro quilômetros do Congresso Nacional. Em greve, agentes de segurança da universidade também não incomodaram os usuários. Dois porteiros do prédio pareciam cochilar. Não havia qualquer controle que impedisse a presença de menores de idade no local”. Desde há muito as drogas vêm sendo consumidas livremente nas universidades de todo o país. Os campi constituem verdadeiros templos onde os drogados buscam refúgio. Os alunos da USP, sem ir mais longe, preferem arriscar-se a assaltos e estupros a serem perturbados pela presença da polícia. A universidade, no Brasil, é o foco disseminador de duas pragas, as drogas e o marxismo. Isso sem falar em outros males gálicos, como o estruturalismo, lacanismo, desconstrutivismo. Estes, pelo menos não tão letais. As drogas se popularizaram no Brasil através da universidade. Nos tempos em que vivi na Fronteira gaúcha, maconha ou cocaína eram coisas da capital. Bastou a universidade chegar lá e as ruas foram tomadas, à noite, por bandos de jovens drogados. Que o digam Dom Pedrito, Bagé, Livramento. Assim como a universidade, a droga chegou na Campanha para ficar. No final dos anos 50, droga era coisa de marginais. Lembro de ter visto reportagem na revista Cruzeiro, em que um repórter deixava crescer a barba para infiltrar-se junto a presidiários. Na época, antes ainda da tomada do poder em Cuba por Castro e Guevara, barba era distintivo de bandido. Era preciso descer ao “tenebroso mundo do crime” para se conhecer os meandros do mundo da droga. A maconha era conhecida como a erva do diabo. Só tornou-se coisa de gente fina quando passou a ser consumida pelos universitários americanos. Com um nome que indicava sua procedência mexicana, marijuana. Com os Woodstocks e Beatles e roqueiros da vida, a cannabis ganhou status acadêmico. Não por acaso o fumacê brasiliense era animado por bandas de rock. Rock e drogas sempre andaram juntos. Como pretendem as autoridades combater as drogas quando o país recebe de braços abertos Beatles, Rolling Stones et caterva, os grandes difusores internacionais das drogas? Obviamente, nenhum dos alunos que participaram da festa regada a drogas na UnB foi desligado da universidade. Como não foram desligados da PUC de São Paulo, nem da Estácio de Sá no Rio, nem da USP, nem da UFSC ou da UFRGS, nem da Urcamp ou da Funba. Curta é a memória das gentes. Droga se tornou uma questão de equilíbrio social. Pelo jeito ninguém mais lembra quando, em 2003, Anthony Garotinho, então secretário de Segurança do Rio de Janeiro, ficou seriamente preocupado com o caos social decorrente do fim do tráfico: "Imagine se nós conseguíssemos fechar todas as bocas-de-fumo por uma semana e não fosse vendido um papelote de cocaína ou um grama de maconha? O que aconteceria com 700 mil pessoas depois de três dias sem usar droga, em crise de abstinência?” Toda política de repressão às drogas tem redundado em rotundo fracasso. Nos fins de semana em São Paulo – ou em qualquer capital do país – é mais fácil encontrar um baseado do que um melhoral. Que esperam as autoridades para legalizar o consumo de drogas? Ora, direis, então se não se pode combater o roubo e o assassinato, legalize-se tanto o roubo como o assassinato. O argumento não procede. O assassinato tira uma vida, o roubo subtrai bens. A droga não tira nada de ninguém. É o que se chama de crime sem vítima. Não faltará quem argumente que vítima sempre há, no caso o usuário. Pode ser. Mas suicídio não está tipificado como crime em nosso Código Penal. Se suicídio não é crime, porque criminalizar a pressa com que uma pessoa se suicida? A douta Comissão do Senado sugeriu, porém, uma ressalva para a hipótese do uso de drogas. A pessoa poderá responder a processo caso consuma "ostensivamente substância entorpecente em locais públicos, nas imediações de escola ou outros locais de concentração de crianças ou adolescentes ou na presença destes". Nessa hipótese, o usuário ficará sujeito a cumprir uma pena alternativa, se for condenado. A pena envolveria uma advertência sobre os efeitos do consumo de drogas, prestação de serviços à comunidade ou medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo. Alguém vai proibir raves ou shows de rock no país, que reúnem multidões de adolescentes? Duvido. Na última Virada Cultural organizada pela prefeitura paulistana, a droga correu nas ruas de São Paulo. Proibirá um dia a prefeitura a distribuição generalizada de drogas que ela própria patrocina? Os doutos juristas decidiram que, pela proposta, o simples fato de ser realizada venda de uma substância entorpecente seria considerado tráfico de drogas. — Se a pessoa é surpreendida vendendo, não importa a quantidade, é tráfico — disse o relator. Pelo jeito, estão propugnando a distribuição gratuita de drogas. Como comprar se não há quem venda? A elite de nossos juristas está agindo como formigas enlouquecidas ante um temporal, que já nem sabem para onde vão.Por Janer Cristaldo

SOBRIEDADE

Só não há uma crise institucional no país porque a presidente Dilma está tratando a disputa entre o ex-presidente Lula e o ministro do Supremo Gilmar Mendes de maneira equilibrada, sem envolver o governo. Da mesma maneira, o presidente do Supremo, Ayres Britto, está cuidando de não dar ao fato a dimensão que ele realmente tem, na tentativa de esvaziar suas consequências. O ministro Gilmar Mendes foi apenas o que denunciou a manobra de Lula para adiar o julgamento do mensalão, mas pelo menos outros dois ministros do Supremo estiveram com Lula nos últimos meses: o ministro revisor Ricardo Lewandowski e o ministro Dias Toffoli. E Lula, no relato da conversa por Gilmar Mendes, revelou o que tratou com os dois. Considero a essência do relato do ministro verdadeira, pois só os ingênuos podem acreditar que Lula convidasse um ministro do Supremo para um encontro sem que o assunto principal fosse o julgamento do mensalão. Outros, que fingem acreditar na versão edulcorada de que a reunião foi uma conversa de amigos sobre generalidades, são militantes petistas, empenhados no mesmo movimento de Lula: constranger o Supremo a adiar o julgamento do mensalão, ou pôr em dúvida o seu resultado. Junto a Toffoli, Lula defendeu a tese de que ele deveria participar do julgamento, quando setores jurídicos consideram que deveria se declarar impedido, pois boa parte de sua carreira foi feita no PT. De 1995 até 2000 foi assessor parlamentar da Liderança do PT na Câmara. Nas campanhas presidenciais de Lula em 1998, 2002 e 2006, foi o advogado do partido. Foi subchefe para Assuntos Jurídicos da Casa Civil de 2003 a 2005, durante a gestão de José Dirceu, acusado pela Procuradoria Geral da República de ser o chefe da quadrilha do mensalão. Em 2007 assumiu a Advocacia Geral da União a convite de Lula, de onde saiu para ser ministro do Supremo. Além de todo esse currículo petista, a namorada de Toffoli foi advogada de mensaleiros. Lula se referiu a Lewandowski, dizendo que ele somente entregaria seu voto de revisor, sem o qual o processo não pode entrar em julgamento, no segundo semestre, mas está sendo pressionado a entregá-lo este mês. Como esteve com Lewandowski recentemente, depreende-se que Lula soube dessa mudança de atitude do revisor do mensalão através do próprio, cuja família tem relação de amizade com a da ex-primeira-dama dona Marisa, em São Bernardo do Campo. O estrago está feito pelo voluntarismo de Lula, que não sabe fazer outra coisa a não ser politizar todas as relações. Um julgamento no Supremo tem, na visão de Lula, só um lado, o do prejuízo que pode causar aos seus projetos políticos. Ele não está preocupado do ponto de vista institucional com as consequências do mensalão, e muito menos com a preservação do Supremo, mas teme que o PT seja atingido nas urnas em caso de condenação de seus membros mais importantes envolvidos no processo, como Dirceu, Genoino ou João Paulo Cunha. Lula não apenas não ‘desencarnou’ do papel de presidente como está encarnando outro personagem, o do soberano que tudo pode Assim como primeiro pediu desculpas ao país pelo que acontecera, em cadeia de TV, para depois afirmar que o mensalão sequer existiu, sendo tentativa de golpe contra seu governo, Lula agora desmente o que prometeu ao sair do Planato. Disse que “desencarnaria” do papel de presidente e não se meteria em política, em crítica à atuação do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Pois Lula não apenas não “desencarnou” do papel de presidente como está encarnando outro personagem, o do soberano que tudo pode. Nunca esteve tão ativo politicamente, apesar de seu estado físico evidentemente precário. Como a confirmar que tudo para ele é política, ontem a única referência que fez aos últimos acontecimentos foi oblíqua, dizendo que tem “muita gente” que não gosta dele e que precisa “tomar cuidado” com essa “minoria”. Isso para explicar que falaria em pé para que não dissessem que estava doente. Como se fosse possível, e até desejável, unanimidade em torno de sua figura política, ou que os que são contra ele lhe desejam mal. Tanto Dilma quanto Ayres Britto tiveram a sensatez de não alimentar a disputa pública em que se envolveram Lula e um ministro do Supremo. Ambos presidem Poderes que estão em confronto devido a uma atitude desastrada do expresidente Lula, que mais uma vez demonstra que não tem os cuidados que deveria com a separação e o equilíbrio de poderes, tentando usar sua força política para constranger ministros do STF. Em vários momentos de seu governo, ele agiu assim, notadamente durante as campanhas eleitorais. A presidente Dilma, descrita normalmente como uma pessoa de pavio curto, está se revelando uma hábil política no exercício da Presidência da República. Ao reverenciar as políticas sociais do presidente Lula, ela ressaltou o aspecto positivo da sua liderança política, deixando de lado as questões polêmicas em que anda se envolvendo. A homenagem teve a justa medida de demonstrar sua solidariedade em um momento em que a liderança de Lula está fragilizada, por seus gestos temerários, e a lucidez de não envolver o governo no episódio. O governador do Rio, Sérgio Cabral, não tem razão para se indignar com a ilação de que a quebra de sigilo da empreiteira Delta pode justificar sua convocação para a CPI do Cachoeira. Ele criou as condições para que essas ilações não sejam irresponsáveis, pois sua relação pessoal com Fernando Cavendish quando este era o presidente da Delta dá uma sensação de promiscuidade entre opúblico e o privado que seu próprio governo critica no recentíssimo código de ética. O Código da Alta Administração determina que funcionários do alto escalão devem guardar“distância social conveniente no trato com fornecedores de materiais ou contratantes de prestação de serviços ao Estado, abstendo-se, tanto quanto possível, de frequentar os mesmos lugares e de aparentar intimidade”.Por: Merval Pereira Fonte: O Globo, 31/05/2012

A ECONOMIA DAS FALÁCIAS

O governo brasileiro vem promovendo uma verdadeira marcha à ré em termos de intromissão nas liberdades individuais e econômica. A "coisa" chega a impressionar pela intensidade, pela atrocidade e — naturalmente — pela necedade (um eufemismo para burrice). Semanalmente, para não dizermos diariamente, somos surpreendidos por medidas governamentais que nos fazem pensar que voltamos à metade do século passado, àquele período em que ainda se acreditava que as teorias ditas "desenvolvimentistas" da Cepal poderiam produzir resultados bons. Haja paciência! Neste artigo, vamos apenas mencionar algumas falácias que serviram de base para muitas dessas medidas, ressaltando a tristeza com que escrevemos isso, já que coisas assim deveriam fazer parte apenas de livros de história, para servirem como exemplo daquilo que não deve ser feito. A primeira é a ideia de que A é pobre porque B é rico, A e B podendo ser pessoas, regiões, países, etnias, gêneros, etc. Tal bobagem, derivada da teoria da exploração de Marx, simplesmente desconhece (ou finge desconhecer) que a história é dinâmica. Conduz, por exemplo, à política externa do PT, que parece guiada por um pretenso teorema, segundo o qual o somatório das pobrezas seria igual à riqueza... A segunda deriva da primeira. É a crença de que a tributação deve ser "progressiva", algo como um "corolário ou lema de Robin Hood"... Ora, todo e qualquer tributo nada mais é do que uma extorsão praticada por um agressor, no caso, o estado, contra cidadãos e empresas. Se você é rico, a agressão deverá ser maior do que se você for pobre, segundo os gênios que defendem essa teoria (e não são poucos). Se assim é, para que trabalhar ou empreender para ser rico, então? Mas essa pergunta não passa pela cabeça dos que acreditam nesse conto da floresta de Sherwood... Estas duas primeiras falácias ilustram perfeitamente como é grande a ignorância a respeito das causas da riqueza, que são as recíprocas das causas da pobreza, bem como a absoluta falta de compreensão de que a economia não é um jogo de soma zero. Uma terceira falácia é a ideia de que a legislação trabalhista e seus penduricalhos, como o salário mínimo, os encargos e os sindicatos protegem os trabalhadores, o que, em um governo que tem nos sindicalistas uma de suas bases de apoio, tem sido levado às últimas consequências. Na verdade, como escreveram Mises, Rothbard, Hayek e praticamente todos os austríacos, essa legislação apenas prejudica os trabalhadores, além de provocar desemprego. A quarta é que políticas industriais seriam boas para o crescimento da economia. Ora, essas políticas nada mais representam do que escolhas, por parte dos que detêm o poder, de quais setores serão beneficiados e, consequentemente, de quais serão prejudicados. Além disso, partem do pressuposto teórico de que os burocratas são mais bem informados do que o processo de mercado, para ditarem quais setores são merecedores da ajuda do governo e quais devem ser punidos. Claramente, é um convite a lobistas, um desvio da função empresarial e um convite à corrupção. A quinta é que o protecionismo é bom para enfrentar a concorrência estrangeira. Sem dúvida, esta é uma proposição que mostra que o mercantilismo está mais vivo do que nunca. Querem que você, consumidor, compre, digamos, um carro ou um computador produzido no Brasil, de qualidade duvidosa e preço exorbitante, quando poderia comprar um modelo importado, melhor e mais barato. Ou que voe em duas empresas que oferecem serviços precários e cobram caro, quando poderia voar em outras empresas estrangeiras, com serviços melhores e mais baratos. Sua opção restringe-se a: aceita uma balinha ou uma barra de cereais, senhor? A sexta é que exportar é "bom" e importar é "ruim", tolice que equivale a afirmar que "vender é melhor do que comprar". Haja paciência para suportar tanta ignorância. Em artigo recente, Leandro Roque mostrou a situação ridícula criada pela Receita Federal, que resolveu intensificar a fiscalização nos aeroportos internacionais brasileiros, para evitar que tragamos produtos de "alta periculosidade para a segurança nacional", como computadores, camisas, vinhos e outros produtos de qualidade superior e que podem ser comprados a preços baixos no exterior. A falácia de que comprar é ruim e vender é bom é, pura e simplesmente, mais um exemplo de mercantilismo regado a teorias "macroeconômicas" de sabor keynesiano. Ou seja, duas bobagens em uma! Mamma mia, será que esses caras não conseguem perceber que países não compram e nem vendem nada? Que quem faz isso são pessoas físicas e empresas? E que, em transações livres, quem compra sai satisfeito, assim como quem vende? Ah, o déficit externo, dirão alguns... Caramba, que se dane o déficit (ou o superávit) externo das "contas nacionais", até porque, se a taxa de câmbio for flutuante, a tendência é que eles sejam eliminados! Uma sétima falácia vem sendo usada para sustentar diversos pacotes do governo desde o segundo mandato de Lula: a de que as políticas de estímulos ao consumo seriam ótimas para o crescimento da economia e, de tabela, para esconjurar a maldita "crise internacional". Ora, assim como Esaú, que trocou os privilégios de sua primogenitura por um mero prato de lentilhas, essas políticas conseguem no máximo proporcionar um boom artificial, logo seguido por recessão ou por uma mistura de recessão com inflação, conforme a Teoria Austríaca dos Ciclos Econômicos (TACE) não se cansa de ensinar. Uma derivada dessa falácia é a crença de que o governo é que deve determinar qual deve ser a taxa de juros. E que, se a presidente do país obrigar os bancos oficiais a reduzirem os juros (leia-se, a trabalharem no vermelho), os bancos privados também reduzirão suas taxas de juros. Aquela senhora de Brasília parece desconhecer, primeiro, as verdadeiras causas das altas taxas de juros no Brasil (déficit público, inadimplência, elevada taxa de recolhimento compulsório e altos impostos); segundo, que as taxas reais de juros não obedecem a comandos ou ordens de alguma "sargentona", mas sim a forças de demanda e oferta de fundos; e terceiro, que se pode perfeitamente levar um cavalo até a beira de um rio, mas não se pode obrigá-lo a beber água... Por fim, mostra também absoluto desconhecimento da TACE — o que não é de se estranhar. Juros artificialmente baixos hoje significam necessariamente juros altos amanhã, cara senhora! Finalmente, a falácia mãe, a de que o estado deve ser o "indutor" do crescimento. Com certeza, os mercados são "burros" e os burocratas iluminados, para quem acredita nisso! Além disso, o conhecimento dos burocratas das circunstâncias de tempo e lugar é infinitamente superior aos dos agentes individuais... Ah, quanta pretensão! Não precisamos mais do que um argumento para rebater prontamente essa falácia: quando alguém lhe disser isso, reaja perguntando a seu interlocutor se ele conhece algum exemplo de economia que conseguiu se desenvolver sob a tutela do estado. Fale da antiga URSS, de Cuba, do caos que está vivendo a Venezuela, da ilusão que foi a Suécia. Enfim, há dezenas de exemplos para refutar essa bobagem estatista. Dói saber que a economia do Brasil vem progressivamente, sob a batuta do PT, submergindo nessas falácias e nas políticas que elas geram. Vamos precisar, depois, de décadas para consertar tantas asneiras... Estamos em plena era da economia das falácias. Sinceramente, eu não aguento mais! Por: Ubiratan Jorge Iorio é economista e professor de UERJ.

LULA: MAIS UM RETRATO

Estou republicando este artigo que saiu n'O Globo de 13 de julho de 2010. 

 Obsessão pelo poder :

Como é sabido, o Partido dos Trabalhadores nasceu em 1980. Contudo, muito antes da sua fundação, foi precedido de um amplo processo de crítica das diversas correntes de esquerda realizada na universidade e no calor dos debates políticos. A ação partidária, os sindicatos e as estratégias políticas adotadas durante o populismo (1945-1964) foram duramente atacados. Sem que houvesse um contraponto eficaz, fez-se tábula rasa do passado. A história da esquerda brasileira estaria começando com a fundação do PT. O ocorrido antes de 1980 não teria passado de uma pré-história eivada de conciliações com a burguesia e marcada pelo descompromisso em relação ao destino histórico da classe trabalhadora. O processo de desconstrução do passado permaneceu durante vinte anos, até o final do século XX. As pesquisas universitárias continuaram dando o sustentáculo "científico" de que o PT era um marco na história política brasileira, o primeiro partido de trabalhadores. O estilo stalinista de fazer história se estendeu para o movimento operário. Tudo teria começado no ABC. Mas não só: a história do sindicalismo "independente" teve um momento de partida, a eleição de Luís Inácio Lula da Silva para a presidência do sindicato dos metalúrgicos de São Bernardo, em 1975 (na posse, estava presente o governador Paulo Egydio, fato único naquela época). Toda história anterior, desde os anarquistas, tinha sido somente uma preparação para o surgimento do maior líder operário da história do Brasil. A repetição sistemática de que em São Bernardo foi gestada uma ruptura acabou ganhando foro de verdade científica, indiscutível. Lula tinha de negar e desqualificar a história para surgir como uma espécie de "esperado", o "ungido". Não podia por si só realizar esta tarefa. Para isso contou com o apoio entusiástico dos intelectuais, ironicamente, ele que sempre desdenhou do conhecimento, da leitura e da reflexão. E muitos desses intelectuais que construíram o mito acabaram rompendo com o PT depois de 2003, quando a criatura adquiriu vida própria e se revoltou contra os criadores. Mas não bastou apagar o passado. Foi necessário eliminar as lideranças que surgiram, tanto no sindicato, como no PT. E Lula foi um mestre. Os que não se submeteram, aceitando um papel subalterno, acabaram não tendo mais espaço político. Este processo foi se desenvolvendo sem que os embates e as rupturas desgastassem a figura de líder inconteste do partido. Ao dissidente era reservado o opróbrio eterno. A permanência na liderança, sem contestação, não se deu por um choque de ideias. Pelo contrário. Lula sempre desprezou o debate político. Sabia que neste terreno seria derrotado. Optou sempre pela despolitização. Como nada tinha escrito, a divergência não podia percorrer o caminho tradicional da luta política, o enfrentamento de textos e ideias, seguindo a clássica tradição dos partidos de esquerda desde o final do século XIX. Desta forma, ele transformou a discordância em uma questão pessoal. E, como a sua figura era intocável, tudo acabava sem ter começado. A vontade pessoal, fortalecida pelo culto da personalidade, fomentado desde os anos 70 pelos intelectuais, se transformou em obsessão. O processo se agravou ainda mais após a vitória de 2002. Afinal, não só o Brasil, mas o mundo se curvou frente ao presidente operário. Seus defeitos foram ainda mais transformados em qualidades. Qualquer crítica virou um crime de lesa-majestade. O desejo de eliminar as vozes discordantes acabou como política de Estado. Quem não louvava o presidente era considerado um inimigo. Os conservadores brasileiros - conservadores não no sentido político, mas como defensores da manutenção de privilégios antirrepublicanos - logo entenderam o funcionamento da personalidade do presidente. Começaram a louvar suas realizações, suas palavras, seus mínimos gestos. Enfim, o que o presidente falava ou agia passou a ser considerado algo genial. Não é preciso dizer que Lula transformou os antigos "picaretas" em aliados incondicionais. Afinal, eles reconheciam publicamente seus feitos, suas qualidades. E mereceram benesses como nunca tiveram em outros governos. É só esta obsessão pelo poder e pelo mando sem qualquer questionamento que pode ser uma das chaves explicativas da escolha de Dilma Rousseff como sua candidata. Marco Antonio Villa é historiador.

quinta-feira, 31 de maio de 2012

O ESTUPRO DE MENDOCA

A coisa foi mais ou menos assim: Mendoca, uma moça muito requisitada por seus poderes de vidente e pela força de sua opinião, recebeu um convite para visitar uma senhora aposentada muito rica que necessitava consultar-lhe sobre assuntos de mulher, amenidades como a educação dos filhos e também assuntos mais sérios, como a vantagem do tarô sobre as runas. O que Mendoca não sabia é que esta senhora, a famigerada Nelsona, tinha uma atividade oculta no submundo: alugava quartos para encontros secretos. Ao chegar na casa de Nelsona, Mendoca fora enfiada numa das alcovas sórdidas e lá dentro, a esperá-la, com a boca salivando antevendo o estupro, estava Calamar. Este famoso bandido, o Calamar, tinha hábitos contrastantes em sua personalidade. Esforçava-se por apresentar fachada respeitável, de ser visto como boa praça, simpático, e a maioria das pessoas compravam seu disfarce, mas tinha uma perversão que o dominava na calada da noite: era um estuprador compulsivo, amava o risco e gostava de testar seu poder de simulação que julgava ilimitado. Havia estuprado anteriormente todo um convento de freiras prostitutas em Brasília e seus companheiros coniventes foram pegos e estavam para ser presos. Entraram no convento numa Land Rover dirigida pelo temido facínora Zé Desceu. Os companheiros de Calamar não o deixavam esquecer que não pagariam sozinhos pelo estupro. Mendoca fazia parte de uma confraria de videntes que, em seu poder de antever as coisas, já sabia o destino dos meliantes companheiros e diante disso, Calamar que estava desesperado, teve mais uma de suas ideias geniais, aquelas que só os desesperados têm: resolveu esconder um estupro com outro. Saltou como um polvo sobre a doce Mendoca, estendendo seus tentáculos vermelhos em forma de estrela sobre a pobre criatura, ameaçou espalhar que ela viajara a Pomerode, cidade de origem germânica, com um apontador de jogo do bicho se não ficasse quieta e parasse de ver coisas. Mendoca, que não era boba, imediatamente, cerca de um mês depois, começou a gritar e fazer escândalo. Como todo estuprador, Calamar fez cara de paisagem, que não sabia de nada; “Até broxa eu sou.”, teria dito. Nelsona, claro, negou que houvesse estupro. Sua atuação de alcoviteira não poderia chegar aos ouvidos das outras videntes e revelar seus ofícios da penumbra, ainda mais que já chefiara a confraria. Tentou abafar os gritos de Mendoca usando inclusive um sino que surrupiara no início de sua longa carreira. Juventude faz cada coisa, mas o tempo é senhor da amnésia. A verdade é que Mendoca tirou disso tudo uma lição que deverá ser entendida por toda a sua confraria: MOÇA DIREITA NÃO DEVE DAR CONSULTORIA EM PUTEIRO. Por: Jackson Busato

PARÁBOLAS ITALIANAS

Entre 12 e 20 de maio, Veneza hospedou a America's Cup -a competição dos catamarãs que são, hoje, a Fórmula 1 da navegação a vela. Houve regatas em mar aberto e outras na bacia de São Marcos. Milhares de iates e barcos mais ou menos luxuosos se reuniram para assistir às regatas de perto, no meio do mar. Mas quem fez mesmo a festa foi a polícia financeira italiana, que, ao longo da semana, parou e controlou mais de 1.400 embarcações, constatando irregularidades fiscais em 135. Um exemplo que repercutiu na imprensa local foi o de um barco de 14 metros (valendo R$ 350 mil), cujo dono, em sua última declaração de renda, dissera ganhar menos de R$ 15 mil por ano. Como o atual governo considera que um dos grandes vícios italianos é a evasão fiscal, só resta celebrar a ação da polícia financeira. No entanto, na semana de regatas, alguns venezianos mais humildes, donos de barcos pequenos (que aqui são o equivalente de um carro popular 1.0), arredondaram seu fim do mês alugando assentos a quem quisesse passar o dia no mar, no meio das competições. A polícia financeira fez que não viu. Mas alguns desses venezianos, na hora do almoço, serviram a seus clientes um refrigerante e um sanduíche. Nesse caso, a polícia os parou e multou, por servirem bebidas e comida sem a necessária licença (como se tivessem aberto restaurantes flutuantes). Outra parábola. O senhor Mário, meu vizinho, é incomodado pela presença crescente de trabalhadores clandestinos, sobretudo chineses, nos restaurantes e cafés de nossa rua. Ele suspeita que até alguns pequenos empreendedores sejam imigrantes ilegais. Na hora em que saio para comprar o jornal, Mário está lá, na esquina, para comentar: "Você viu? No bar lá mais adiante, é uma família inteira...". Há, na sua inquietude, uma parte de xenofobia e há também uma preocupação com as consequências fiscais do trabalho clandestino: se ninguém paga as contribuições obrigatórias, de onde virá o dinheiro para as aposentadorias? Sem contar que os clandestinos aceitam salários de fome e estragam o mercado... Mário gostaria de denunciar os clandestinos do bar perto de nossa casa. Pelas declarações do governo atual, ele seria assim um cidadão consciente, e não um dedo-duro. Note-se, aliás, que a Comissão da União Europeia critica o governo italiano por não estar fazendo tudo o que deveria para sair da crise e, especialmente, para acabar com a evasão fiscal e com a economia informal e clandestina. Em contrapartida, eis outro fato de crônica local. Na semana passada, um vilarejo do Vêneto foi etapa do "Giro d'Italia". O bar ao lado da chegada da famosa competição do ciclismo mundial conheceria assim um de seus "grandes" dias; para esse dia, o casal que possui e administra o pequeno estabelecimento pediu ajuda a dois parentes próximos. Pois bem, a polícia financeira multou o casal por ter usado trabalho informal e o obrigou a empregar formalmente os dois parentes por, no mínimo, um mês. O casal declarou falência e colocou o ponto à venda. A primeira moral dessas histórias se aplica (em parte) ao Brasil: a Itália está perseguindo evasão fiscal e trabalho informal como se fossem os grandes responsáveis pela crise atual. A história é outra: que a gente ache isso edificante ou não, a evasão fiscal e o trabalho informal foram ingredientes cruciais da receita do crescimento italiano depois da Segunda Guerra, porque também foram as reações que a sociedade inventou contra um Estado gigantesco e, muitas vezes, parasita e corrupto. Tratar a evasão fiscal e a informalidade como uma praga é ingênuo; tratá-los como a ÚNICA praga italiana significa proteger um Estado arcaico contra todas críticas e reformas possíveis. O outro sentido dessas histórias é mais geral e diz que talvez regras e normas nunca mereçam ser absolutas. Mais um exemplo. No dia da final da America's Cup, domingo retrasado, não muito longe da bacia de São Marcos, enquanto os catamarãs competiam, dois corpos de pescadores profissionais boiavam na água. Proibidos de pescar a menos de três milhas da costa e tendo perdido seu barco de pesca por causa de uma multa, sobrou aos dois, para tentar ganhar o pão para suas famílias, encarar o largo numa casca de noz. Proibir a pesca perto da costa é certo e ecologicamente necessário. Mas, como disse antes, talvez as regras nunca mereçam ser absolutas. Por: Contardo Calligaris, Folha de SP

CANDIDATO A D. PEDRO III

Cinco dias de silêncio demonstraram que o candidato a D. Pedro III aprendeu a lição de D. João VI: ‘Quando não se sabe o que fazer, é melhor não fazer nada’ 
 Sem contar o período de tratamento contra o câncer na laringe, ressalva o comentário de 1 minuto para o site de VEJA, Lula só emudeceu por mais de três dias em 2005, quando explodiu o escândalo do mensalão, e em julho de 2007, depois do acidente com o avião da TAM na pista de Congonhas. Abalroado pela descoberta de que virou achacador de ministros do Supremo Tribunal Federal, o mais falante presidente da história perdeu deliberadamente a voz no último sábado, assim que começou a ser distribuída a edição de VEJA. “Quando não se sabe o que fazer, é melhor não fazer nada”, vivia recomendando D. João VI. O candidato a D. Pedro III resolveu ouvir o conselho do avô do imperador que rebatizou de “Dom Predo” num comício em que prometeu para 2010 a transposição das águas do Rio São Francisco ─ que continuam onde sempre estiveram. “O silêncio de Lula está impressionantemente, absurdamente ensurdecedor”, espanta-se Sérgio Vaz no artigo reproduzido na seção Feira Livre. O cronista Paulo Sant’Ana, em sua coluna no jornal Zero Hora, ficou intrigado com a inovadora reação do palanque ambulante: em vez de berrar que está indignado, o ex-presidente valeu-se do bisonho comunicado divulgado pelo Instituto Lula para comunicar ao país que está indignado. “Diz a nota que ele está indignado”, escreveu Paulo Sant’Ana nesta quarta-feira. “Quem está indignado não escreve uma nota dizendo que está indignado. Quem está indignado fica indignado. E vem para a televisão dar murros na mesa e na tela e gritar que está indignado”. A indignação silenciosa grita que Lula é culpado. Os milhares de minutos de silêncio registram a despedida do estrategista genial que nunca existiu. Nascido e criado na imaginação dos devotos, o mito do intuitivo infalível, tão consistente quanto o Brasil Maravilha do cartório, sucumbiu aos dois últimos disparos do canhão sem mira. Ambos deveriam levar os inimigos à capitulação e livrar do camburão a tropa de mensaleiros. Ambos vão provocando estragos e baixas no exército liderado pelo general trapalhão. O primeiro tiro foi a instauração da CPI do Cachoeira. Além de desviar para o Congresso os holofotes concentrados no julgamento do mensalão, a CPI seria o instrumento perfeito para que Lula se vingasse do governador Marconi Perillo e do senador Demóstenes Torres. Nesta quarta-feira, Perillo entrou na lista de depoentes, mas ao lado do companheiro Agnelo Queiroz, governador do Distrito Federal. Logo chegará a vez do governador Sérgio Cabral, condenado ao mergulho no pântano pela aprovação da quebra do sigilo bancário da construtora Delta. O segundo tiro foi a intensificação do assédio aos ministros do Supremo. O disparo que deveria adiar o julgamento dos mensaleiros só serviu para apressá-lo. Louco por um microfone, Lula emergiu da mudez nesta quarta-feira, num comício improvisado em Brasília. Recuperou a fala mas perdeu um pedaço da memória: não consegue lembrar-se do que houve neste fim de maio. Tratou de uma penca de assuntos, menos do que interessa. Não tocou no nome de Gilmar Mendes, passou ao largo do STF e esqueceu o mensalão. O surto de amnésia conveniente talvez seja interrompido nesta quinta-feira, durante a entrevista prometida ao apresentador Ratinho, do SBT. Caso lhes reste algum juízo, os réus do mensalão vão torcer para que a audiência do programa fique perto do traço. Se muita gente ouvir a discurseira forjada para justificar o injustificável, os sinais de perigo poderão multiplicar-se. Dependendo do que Lula disser, a turma de José Dirceu será obrigada a sair do desespero para afundar no pânico.Por: Augusto Nunes

Do tribalismo à transparência

O registro é de Tony Judt, em “Passado imperfeito: um olhar crítico sobre a intelectualidade francesa no pós-guerra” (1992): “Toda uma geração de intelectuais franceses foi tragada pelo vórtice do comunismo. Seu engajamento político trouxelhes um pesado custo moral. Não podemos ler sem constrangimento sua ambivalência moral e sua leniência diante do sofrimento humano e da violência comunista. Escreveram e disseram muitas coisas surpreendentemente tolas. Por que defenderam posições tão estúpidas? Como permaneceram tão preeminentes e respeitados? O que os cegou às coisas que estavam diante de seus próprios olhos? Interesso-me por sua notável falta de preocupação com a ética pública ou com a moralidade política. Este livro é um ensaio sobre a irresponsabilidade intelectual, um estudo sobre a condição moral da intelligentsia na França do pós-guerra.” A formação de uma tribo ideológica e sua parcialidade inescrupulosa em avaliações relativas a questões de justiça, de moralidade, de terror e de violação dos direitos individuais sofre agora um julgamento da História. O mesmo olhar histórico haverá um dia de se derramar sobre nossas práticas políticas contemporâneas. A condescendência com malfeitos, quer no julgamento do mensalão, quer nas investigações da CPI do Cachoeira, poderá ser futuramente condenada como cumplicidade. A transparência nos assuntos públicos é uma exigência da Grande Sociedade Aberta em construção A reunião de homens em grupos é biologicamente compreensível. Nossos congressistas seguem práticas milenares. “O tribalismo é um atributo fundamental da condição humana. Nesse sentido, todos os grupos modernos descendem de bandos de hominídeos primitivos. Defendem-se visceralmente de grupos rivais. Lutam por supremacia”, explica o notável biólogo naturalista Edward O. Wilson, em “A conquista social da Terra” (2012). Ambas as tribos, os intelectuais franceses no pós-guerra e nossos atuais congressistas brasileiros, admitiremos, trabalhavam com as melhores intenções. Lá em nome da solidariedade, aqui da governabilidade, mas sempre em busca de uma sociedade melhor. O problema é que não bastam as boas intenções quanto aos fins. Os meios são também importantes, como bem demonstrado por experimentos totalitaristas à “esquerda” e à “direita”. Lei de Acesso à Informação, Comissão da Verdade, CPI do Cachoeira e julgamento do mensalão: a transparência nos assuntos públicos é uma exigência da Grande Sociedade Aberta em construção.Por: Autor: Paulo Guedes Fonte: O Globo, 18/05/2012

quarta-feira, 30 de maio de 2012

A DOENÇA HOLANDESA E A PUNIÇÃO DO SUCESSO

Tem-se afirmado que o Brasil pegou a doença holandesa, ou seja, o efeito de descobertas ou aumento de preços de recursos naturais, que valorizam a taxa de câmbio e por isso acarretam desindustrialização. A ideia foi criada pela revista The Economist em 1977, inspirada no surgimento das reservas de gás da Holanda. Pesquisas acadêmicas comprovaram que ocorre a valorização cambial, mas não ficou claro se tal doença causa desindustrialização ou redução do crescimento econômico. Na Holanda, o boom da exportação de gás valorizou a taxa de câmbio. Ao mesmo tempo, a indústria têxtil e de vestuário praticamente desapareceu e a produção de veículos e navios diminuiu. Foi daí que veio a doença holandesa. Mas, segundo José Alexandre Scheinkamn, “o desempenho da indústria holandesa nas décadas de 70 e 80 não foi muito diferente daquele da Alemanha ou da França, parceiros comerciais que compartilhavam muitas das outras características da Holanda, mas que não beneficiaram de descobertas de recursos naturais”. No Brasil, diz-se que a valorização cambial decorrente da expansão das exportações de commodities evidenciaria a tese da doença holandesa e da desindustrialização. Nada disso tem comprovação. Em sua tese de doutoramento em economia pela USP (2009), Cristiano Ricardo Siqueira de Souza mostrou que a indústria cresceu 38,8% entre 1999 e 2008, apesar da valorização cambial. Na maior parte do período, o emprego industrial cresceu mais do que o de serviços. “A observação de diversas variáveis ligadas ao crescimento de produção, emprego, produtividade e salário não mostrou evidências claras de possíveis sintomas da doença holandesa no Brasil.” Os ganhos no comércio exterior foram, de fato, uma das principais fontes de valorização cambial. Tais ganhos vieram da maior demanda da China e de outros mercados emergentes por commodities e da grande competitividade do Brasil, derivada dos avanços em tecnologia tropical e de extração e transporte de minérios, da estabilidade macroeconômica e da melhoria de gestão. Hoje, produzir e exportar carne, frango, soja, celulose e outras commodities é atividade complexa, com elevado poder de irradiação para o restante da economia. Movimenta-se extensa cadeia de bens e serviços: máquinas e equipamentos, crédito, melhoramento genético, fertilizantes, rações, medicamentos, armazenagem, ferrovias, portos, rodovias e assim por diante. Estudo recente do FMI indicou que booms de exportação que valorizam a taxa de câmbio não são necessariamente negativos. A valorização é uma consequência não intencional dos ganhos de comércio e da abundância de recursos externos, mas não se pode duvidar de seus resultados positivos. “O melhor seria aproveitar as vantagens do boom e simultaneamente lidar com suas indesejáveis consequências." Não há evidências, diz o FMI, de que a doença holandesa prejudique o crescimento. O estudo, que faz uma ampla resenha da literatura sobre o assunto, pode ser acessado na internet (http://www.imf.org/external/pubs/ft/wp/2010/wp10271.pdf). O aumento das exportações de commodities reflete o sucesso do agronegócio e da mineração. A decorrente valorização cambial agrava a perda de competitividade da indústria, mas não é a causa principal dessa perda. Outros fatores relevantes são o péssimo sistema tributário, a deteriorada infraestrutura, o aumento dos custos trabalhistas da mão de obra e sua baixa qualificação, e os juros altos. Tudo isso neutraliza ou reduz os ganhos de competitividade derivados de avanços tecnológicas e de gestão nas empresas. Seria necessário, assim, adotar medidas para aumentar a produtividade da economia, particularmente na indústria. A lista de reformas com tal objetivo é conhecida. O desequilíbrio provocado pelo êxito do agronegócio e da mineração seria revertido por ganhos de competitividade dos outros segmentos. O país galgaria um patamar mais alto de crescimento. A proposta dos que afirmam que pegamos a doença holandesa é tributar as exportações de commodities. O efeito da valorização cambial seria compensado pela punição do sucesso. O equilíbrio seria restabelecido pela redução do patamar. Pode? Por: MAÍLSON DA NÓBREGA Revista Veja

RECICLAGEM, CONSERVAÇÃO, SUSTENTABILIDADE E REALIDADE

A reciclagem adquiriu um status moral quase que inquestionável, em grande parte porque crianças e adolescentes, doutrinados pela propaganda ambientalista continuamente regurgitada pelas escolas e universidades, chegam às suas casas munidos de informações falaciosas e as utilizam para intimidar seus pais. Não seria exagero algum dizer que mais de 70% da juventude quer que seus pais reciclem. Porém, aqui vai meu humilde conselho aos pais: não se envergonhem e não se deixem intimidar! Joguem fora todo e qualquer lixo. Não há nenhuma virtude em reciclar algo que o mercado não está disposto a lhe pagar. Se reciclagem fosse realmente uma necessidade premente, tal ato teria um enorme preço de mercado, e as pessoas seriam pagas para incorrer em tal atividade. O que nossas crianças e adolescentes estão aprendendo nada mais é do que ideologia esquerdista, sem nenhum respaldo em fatos ou na ciência. Um dos argumentos utilizados em prol da reciclagem é que o mundo está ficando sem aterros sanitários, pois o espaço para eles estaria acabando. Os meios de comunicação se esmeram em propagandear, principalmente em canais voltados para o público infantil, imagens sombrias de cidades soterradas sob seu próprio lixo. É exatamente isto o que se passa por educação ambientalista no mundo atual. Porém, a realidade é que não há e nem nunca houve qualquer escassez de espaço para a construção de aterros. Se houvesse de fato tal escassez, o preço de mercado para tal espaço seria tão astronômico, que as pessoas estariam demolindo suas próprias casas para construir aterros em seus lugares. Ato contínuo, elas iriam embolsar o lucro e comprariam mansões. No entanto, a verdade é que se todo o lixo sólido a ser produzido nos próximos mil anos fosse concentrado em um único lugar, ele ocuparia apenas 114 quilômetros quadrados — o equivalente a 0,001% de toda a área dos EUA. E o que dizer sobre a tão propalada alegação de que a reciclagem, principalmente a de papel, irá "salvar a vida" de várias árvores? Toda criança tem este mantra na ponta da língua. O papel, afinal, é feito da madeira das árvores. Por que não produzir papel novo utilizando papel antigo e, assim, evitar que mais árvores sejam derrubadas? Simplesmente porque não é assim que funciona a lógica econômica. A oferta sempre será comandada pela demanda. Se amanhã repentinamente pararmos de utilizar trigo para fazer pão, haveria menos trigo no mundo daqui a um ano. A oferta de trigo cairia drasticamente. Não mais haveria incentivos de mercado para se cultivar trigos, seus preços despencariam e o cultivo de trigo seria uma atividade totalmente deficitária. Da mesma forma, se todo o mundo parasse de comer frango, a população de frango diminuiria, e não aumentaria, como supõem quase todos os ambientalistas. A mesma lógica se aplica à relação entre papel e árvores. Se pararmos de utilizar papel, menos árvores seriam plantadas. Não haveria incentivos de mercado para a conservação de florestas. Na indústria papeleira, 87% das árvores utilizadas são plantadas para a produção de papel. Isto significa que, de cada 13 árvores que seriam "salvas" pela reciclagem, 87 jamais seriam plantadas. É exatamente por causa da demanda por papel que o número de árvores plantadas no mundo aumentou nos últimos 60 anos. Eis, portanto, uma lição incômoda para os ambientalistas: se o seu objetivo é maximizar o número de árvores, não recicle papel. Outra lição: se você quer aumentar o número de árvores, defenda o capitalismo e a propriedade privada. Quando se é dono da sua própria terra, há vários incentivos econômicos para se cuidar muito bem desta sua terra. Sua preocupação é com a produtividade de longo prazo. Assim, o proprietário de uma floresta, por exemplo, irá permitir que uma madeireira ceife apenas um número limitado de árvores, pois ele não apenas terá de replantar todas as que foram ceifadas, como também terá de deixar um número suficiente para a colheita do próximo ano. Outras declarações feitas por defensores da reciclagem são igualmente problemáticas. Reciclar não poupa recursos. Pelo contrário, desperdiça recursos valiosos. Em geral, reciclar é mais caro do que construir aterros, com a única exceção para esta regra sendo o alumínio. As crianças também são doutrinadas a acreditar que reciclar irá reduzir a poluição. Mas a elas não é dito que o processo de reciclagem é, em si, extremamente poluente. A reciclagem de jornais, por exemplo, requer que a tinta velha utilizada nos jornais seja retirada das páginas. Este é um processo quimicamente intensivo que gera enormes quantidades de lixo tóxico. Muito mais "ambientalmente saudável" seria simplesmente jogar os jornais fora. Adicionalmente, um programa de coleta de recicláveis exige o uso de caminhões diferentes dos caminhões utilizados para a coleta de lixo comum. Isto, por sua vez, significa mais caminhões circulando diariamente (ou semanalmente) nas cidades. E isto, por sua vez, significa mais poluição do ar. Em Nova York, por exemplo, após instituir a reciclagem compulsória, a prefeitura teve de acrescentar duas coletas adicionais por semana. Já em Los Angeles, a prefeitura teve de duplicar sua frota de caminhões de lixo. Mas o fato é que os recicladores têm uma agenda muito mais ambiciosa do que aquela com que doutrinam as crianças e os adolescentes. No livro Waste Management: Towards a Sustainable Society, seus autores, O.P. Kharband and E.A. Stallworthy, chegam a reclamar que as construtoras descartam pregos envergados e que os hospitais utilizam seringas descartáveis. "O chamado 'padrão de vida'", concluem os autores, "terá de ser reduzido". Eis aí o real objetivo da elite defensora de programas compulsórios de reciclagem. E, tragicamente, esta redução no padrão de vida já foi alcançada em várias cidades que construíram monstruosas e caras fábricas de reciclagem, o que levou a desperdícios inacreditáveis, impostos mais altos, e prefeituras financeiramente estropiadas. A realidade econômica do debate ambientalista Debates sobre questões ambientais nada mais são do que debates sobre como estamos precificando o futuro. Em economês, diz-se que estamos atribuindo ao futuro um valor presente muito descontado. Questões sobre "o mundo que estamos deixando para nossos filhos" e reclamações sobre a suposta miopia das gerações atuais são, em última instância, alegações de que estamos precificando o futuro de maneira incorreta e inapropriada — ou, mais especificamente, que estamos descontando acentuadamente o valor presente do futuro. Em seu livro The Armchair Economist, Steven Landsburg apresentou um excelente ponto sobre a alegação de que temos de conservar a terra para as gerações futuras. Ele pergunta como podemos saber com total certeza se nossos filhos e netos irão preferir uma floresta a toda a renda e riqueza que seriam geradas por, digamos, um estacionamento ou um shopping. E a resposta é que nós simplesmente não sabemos, pois, novamente recorrendo ao economês, é impossível fazer comparações interpessoais de utilidade. Mas podemos utilizar o princípio da preferência temporal para nortear nossas decisões. Alguns dizem que não podemos precificar o futuro de maneira tão baixa — ou que, se o fizermos, deveríamos descontar seu valor presente de uma maneira extremamente ínfima. Tais pessoas argumentam que, ao fazermos nossos cálculos ambientais de hoje, as gerações futuras deveriam ser incluídas nele e consideradas como tendo o mesmo peso da geração atual. Certo, mas qual a consequência real e lógica de tal postura? Ora, se realmente fizermos isso para todos os assuntos envolvendo o ambiente, então qualquer questão sobre a proteção do planeta irá se tornar irrelevante por causa de um fato incômodo e perturbador já apontado pelo economista Walter Block: em algum momento futuro, o sol irá desaparecer, e o planeta com o qual estamos tão preocupados hoje irá simplesmente desaparecer. E isso é um fato para o qual não há alternativas. Logo, se estamos tão preocupados com a preservação das espécies, e se já sambemos de antemão que, um dia, o planeta Terra irá inevitavelmente desaparecer, então temos de buscar um conjunto de ideias radicalmente distintas e uma abordagem radicalmente diferente da atual maneira de se pensar o ambiente. Temos de levar em conta que haverá um momento em que o principal problema ambiental a ser enfrentado pela humanidade não será como reduzir a poluição da terra, do ar e do mar, mas sim como sair deste planeta ou como alterar sua posição no sistema solar, duas tarefas que estão muito além das fronteiras da nossa atual capacidade tecnológica, mas que podem ser alcançadas, pelo menos em princípio. Uma solução para este inevitável problema seria o acúmulo de recursos e capital, algo que requer um nível muito maior de criatividade e engenho humano, e uma divisão do trabalho muito mais acentuada que a atual, de modo que as pessoas possam se concentrar nos problemas e desafios gerados por uma viagem interplanetária. Isto significa que seriam necessárias mais pessoas habitando o planeta, e elas teriam de ser muito mais ricas do que são hoje, e teriam de enriquecer de maneira bem mais acelerada, pois isso liberaria o recursos necessários para solucionar todos estes problemas. Embora isto — aumento populacional e enriquecimento acelerado — seja algo que vá exatamente contra as ideias ambientalistas convencionais, trata-se exatamente da consequência lógica de se dizer que as gerações futuras devem ser consideradas como tendo o mesmo valor da nossa geração atual. A tese de que não devemos dar ao futuro — e às gerações futuras — um valor presente descontado implica que todos os outros problemas atuais devem ser relegados a segundo plano, dando-se prioridade ao urgente problema de como impedir a inevitável extinção humana que irá ocorrer quando o sol morrer. Conclusão À primeira vista, o objetivo de se reciclar mais e de se conservar mais pode parecer muito apropriado, até mesmo desejável. No entanto, os defensores de tais práticas não possuem as informações econômicas necessárias para se tomar as decisões corretas nestas questões, pois não há direitos de propriedade claramente definidos sobre os recursos naturais escassos. Não há propriedade privada sobre aterros sanitários e não há livre mercado para a reciclagem de lixo. Adicionalmente, como mostra o exemplo de Block, se realmente nos importamos com as gerações futuras, se dermos a ela exatamente a mesma importância que damos a nós mesmos e, consequentemente, se estamos dispostos a nos sacrificar por ela — pois, afinal, damos a ela o mesmo valor que damos a nós mesmos —, então o inevitável fato de que o sol irá morrer um dia significa que, em vez de estarmos hoje preocupados com a reciclagem de lixo, deveríamos, isto sim, estar preocupados em construir colônias planetárias, exatamente como no seriado Battlestar Galáctica. Quem for contra isso, ou achar que se trata de um exagero, então tal pessoa realmente não está preocupada com as gerações futuras que presumivelmente irão habitar a terra daqui a vários bilhões de anos. Recicladores e ambientalistas não são cidadãos melhores ou mais bem intencionados. São apenas mal informados. Quer salvar árvores e diminuir a poluição? Enfie seus papeis em uma grande sacola plástica e jogue-a fora. Colaborou para este artigo Art Carden. Por: Roy Cordato, vice-presidente para pesquisas e acadêmico residente da John Locke Foundation. É também pesquisador adjunto do Mises Institute. Tradução de Leandro Roque

"OS BONS COMPANHEIROS"

De “caçador de marajás" Fernando Collor transfigurou-se em caçador de jornalistas, Na CPI do Cachoeira, seu alvo é Policarpo Jr., da revista VEJA, a quem acusa de associar-se ao contraventor "para obter informações e lhe prestar favores de toda ordem". Collor calunia, covardemente protegido pela cápsula da imunidade parlamentar. Os áudios das investigações policiais circulam entre políticos e jornalistas — e quase tudo se encontra na internet. Eles atestam que o jornalista não intercambiou favores com Cachoeira. A relação entre os dois era, exclusivamente, de jornalista e fonte — algo, aliás, registrado pelo delegado que conduziu as investigações. Jornalistas obtêm informações de inúmeras fontes, inclusive de criminosos. Seu dever é publicar as notícias verdadeiras de interesse público. Criminosos passam informações — verdadeiras ou falsas — com a finalidade de atingir inimigos, que muitas vezes também são bandidos. Jornalistas obtêm informações de inúmeras fontes, inclusive de criminosos. Seu dever é publicar as notícias verdadeiras de interesse público. Criminosos passam informações – verdadeiras ou falsas – com a finalidade de atingir inimigos, que muitas vezes também são bandidos. O jornalismo não tem o direito de oferecer nada às fontes, exceto o sigilo, assegurado pela lei. Mas não tem também, o direito de sonegar ao público notícias relevantes, mesmo que sua divulgação seja do interesse circunstancial de uma facção criminosa. Os áudios em circulação comprovam que Policarpo Jr. seguiu rigorosamente os critérios da ética jornalística. Informações vazadas por fontes diversas, até mesmo pela quadrilha de Cachoeira, expuseram escândalos reais de corrupção na esfera federal. Dilma Rousseff demitiu ministros com base nessas notícias, atendendo ao interesse público. A revista em que trabalha o jornalista foi a primeira a publicar as notícias sobre a associação criminosa entre Demóstenes Torres e a quadrilha de Cachoeira — uma prova suplementar de que não havia conluio com a fonte. Quando Collor calunia Policarpo Jr., age sob o impulso da mola da vingança: duas décadas depois da renúncia desonrosa, pretende ferir a imprensa que revelou à sociedade a podridão de seu governo. A vingança, porém, não é tudo. O senador almeja concluir sua reinvenção política inscrevendo-se no sistema de poder do lulopetismo. Na CPI, opera como porta-voz de José Dirceu, cujo blog difunde a calúnia contra o jornalista. Às vésperas do julgamento do caso do mensalão, o réu principal, definido pelo procurador-geral da República como “chefe da quadrilha, engaja-se na tentativa de desqualificar a imprensa — e, com ela, as informações que o incriminam. O mensalão, porém, não é tudo. A sujeição da imprensa ao poder político entrou no radar de Lula justamente após a crise que abalou seu primeiro mandato. Franklin Martins foi alçado à chefia do Ministério das Comunicações para articular a criação de uma imprensa chapa-branca e, paralelamente, erguer o edifício do “controle social da mídia”. A sucessão, contudo, representou uma descontinuidade parcial, que se traduziu pelo afastamento de Martins e pela renúncia ao ensaio de cerceamento da imprensa. Dirceu não admitiu a derrota, persistindo numa campanha que encontra eco em correntes do PT e mobiliza jornalistas financiados por empresas estatais. Policarpo Jr. ocupa, no momento, o lugar de alvo casual da artilharia dirigida contra a liberdade de informar. No jogo da calúnia, um papel instrumental é desempenhado pela revista Carta Capital. A publicado noticiou falsamente que Policarpo Jr. teria feito “200 ligações" telefônicas para Cachoeira. Em princípio, nada haveria de errado nisso, pois a ética nas relações de jornalistas com fontes não pode ser medida pela quantidade de contatos. Entretanto, por si mesmo, o número cumpria a função de arar o terreno da suspeita, preparando a etapa do plantio da acusação, a ser realizado pela palavra sem freios de Collor. Os áudios, entretanto, evidenciaram a magnitude da mentira; o jornalista trocou duas, não 200, ligações com sua fonte. A revista não se circunscreveu à mentira factual. Um editorial, assinado por Mino Carta, classificou a suposta “parceria Cachoeira-Policarpo Jr.” como "bandidagem em comum". Editoriais de Mino Carta formam um capítulo sombrio do jornalismo brasileiro. Nos anos seguintes ao AI-5, o atual diretor de redação de Carta Capital ocupava o cargo de editor de VEJA, a publicação em que hoje trabalha o alvo de suas falsas denúncias. Os editoriais com a sua assinatura eram peças de louvação da ditadura militar e da guerra suja conduzida nos calabouços. Um deles, de 4 de fevereiro de 1970, consagrava-se ao elogio da “eficiência" da Operação Bandeirante (Oban) braço paramilitar do aparelho de inteligência e tortura do regime, cuja atuação “tranquilizava o povo”. O material documental está disponível no blog do jornalista Fábio Pannunzio (www.pannunzio.com.br), sob a rubrica “Quem foi quem na ditadura". Na VEJA de então, sob a orientação de Carta, trabalhava o editor de economia Paulo Henrique Amorim. A cooperação entre os cortesãos do regime militar renovou-se, décadas depois, pela adesão de ambos ao lulismo. Hoje, Amorim faz de seu blog uma caixa de ressonância da calúnia de Carta dirigida a Policarpo Jr. O fato teria apenas relevância jurídica se o blog não fosse financiado por empresas estatais: nos últimos três anos, tais fontes públicas transferiram bem mais de 1 milhão de reais para a página eletrônica, distribuídos entre a Caixa Econômica Federal (R$ 833000), o Banco do Brasil ( R$ 147 000), os Correios (R$ 120000) e a Petrobras (que, violando a Lei da Transparência se recusa a prestar a informação). Dilma não deu curso à estratégia de ataque à liberdade de imprensa organizada no segundo mandato de Lula. Mas, como se evidencia pelo patrocínio estatal da calúnia contra Policarpo Jr., a presidente não controla as rédeas de seu governo ao menos no que concerne aos interesses vitais de Dirceu. A trama dos bons companheiros revela a existência de um governo paralelo, que ninguém elegeu.Por: Demétrio Magnoli Revista Veja

REPÚBLICA DE BANANAS

"Vês, pois, que, onde tudo está sob o poder de uma facção, não se pode dizer que existe República." (Cipião) 

 Quando o então presidente Lula terminou seu segundo mandato, ele declarou que seria sua nova prioridade “provar” que o “mensalão” não passou de uma farsa. Não sendo possível provar isso, uma vez que o “mensalão” claramente existiu e está bem documentado, restou ao ex-presidente apelar para subterfúgios que tentam reescrever a história e jogar fumaça no julgamento dos acusados pelo Supremo Tribunal Federal. O último episódio desta cruzada imoral foi também o mais abjeto de todos. Segundo o ministro Gilmar Mendes relatou à revista “Veja”, Lula teria solicitado um encontro com este por intermédio do ex-ministro Nelson Jobim, aliado político do ex-presidente. Gilmar Mendes jamais deveria ter aceitado tal convite. Mas o fato é que aceitou e, segundo seus relatos, foi vítima de constrangimento e até ameaça velada por parte de Lula. O que foi comentado sobre este encontro, se verdadeiro na íntegra, representa um absurdo, um total desprezo pelos valores republicanos. Dada a trajetória de Lula, confesso que não fico nada surpreso com o conteúdo da conversa. O sindicalista sempre encarou a democracia como um simples meio para chegar ao poder, e uma vez lá, não foram poucas as tentativas de enfraquecer as principais instituições republicanas do país. Conforme revelou Gilmar Mendes, Lula teria solicitado uma espécie de acordo com o ministro. A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga Carlinhos Cachoeira, criada pela pressão do próprio Lula por interesses políticos e pessoais, seria suspensa em troca da postergação do julgamento do “mensalão”. Lula teria usado chantagem para convencer Gilmar Mendes, mencionando a viagem para Berlim que o ministro fez em companhia de Demóstenes Torres. Sendo tudo isso verdade – e não há porque duvidar do ministro Gilmar Mendes –, trata-se de um escândalo de proporções gigantescas para a nossa frágil República. Lula realmente parece ignorar as lições do Barão de Montesquieu, principal iluminista responsável pela moderna divisão dos poderes. Para o ex-presidente, o país pode ser tratado como seu quintal, como uma espécie de feudo onde os poderes Legislativo, Executivo e Judiciário se misturam por completo. Tal divisão de poderes foi idealizada justamente para combater o arbítrio do governo, comum na época das monarquias absolutistas tão condenadas pelo próprio Montesquieu. Se o governante se sente no direito de legislar e julgar, além de executar, então o céu é o limite para seus mandos e desmandos. Lula, mesmo fora do cargo de presidente, parece ter deixado sua popularidade subir à cabeça, e não enxerga mais limites constitucionais aos seus desejos. Espera-se que a lei imponha tais limites. Um dos mais importantes pilares de uma República constitucional que preza o império das leis é justamente um Judiciário independente. Governos autoritários sempre tentaram controlar a Corte Suprema. Foi o caso de Roosevelt nos Estados Unidos, cujo programa “New Deal” era claramente inconstitucional, e o meio encontrado para driblar este inconveniente foi expandir a quantidade de ministros para diluir os opositores. Dos 11 ministros do STF, já são seis apontados pelo governo petista. Uma das indicações mais controversas foi a de José Antônio Dias Toffoli, por ser conhecido simpatizante do PT e ter trabalhado para membros do partido. Além desta afinidade, sua namorada é advogada de alguns “mensaleiros”. Um mínimo de bom senso e de apreço republicano faria com que o ministro se declarasse impedido de julgar o caso. A decisão ainda não foi tomada, mas o ex-presidente Lula teria dito, na reunião com Gilmar Mendes, que Toffoli tem que participar do julgamento. Como cobrar imparcialidade assim? Será que Lula pensa que estamos em Cuba? Outro importante pilar de uma república saudável é a ampla liberdade de imprensa. Não por acaso o que resta de nossa imprensa livre tem sido alvo constante dos petistas. Assim que Gilmar Mendes colocou a boca no trombone sobre este nefasto encontro com Lula, o “bunker” virtual dos petistas disparou inúmeras mensagens tentando colocar em dúvida a honra do ministro, levantando suspeitas de uma parceria com a revista “Veja” em interesses obscuros. O ataque, para esta gente, é a melhor defesa. Já sobre o encontro em si e o que foi revelado dele, o ex-presidente preferiu não se manifestar. É muito triste e também preocupante ver o modo como alguns petistas, incluindo o ex-presidente Lula, tratam as instituições republicanas de nosso país. Se dependesse somente deles, já seríamos uma legítima República das Bananas. Não estamos livres deste destino, como a vizinhança latino-americana pode atestar. Mas enquanto isso, que eles saibam que ainda há quem lute pela República neste país! "Vês, pois, que, onde tudo está sob o poder de uma facção, não se pode dizer que existe República." (Cipião) Quando o então presidente Lula terminou seu segundo mandato, ele declarou que seria sua nova prioridade “provar” que o “mensalão” não passou de uma farsa. Não sendo possível provar isso, uma vez que o “mensalão” claramente existiu e está bem documentado, restou ao ex-presidente apelar para subterfúgios que tentam reescrever a história e jogar fumaça no julgamento dos acusados pelo Supremo Tribunal Federal. O último episódio desta cruzada imoral foi também o mais abjeto de todos. Segundo o ministro Gilmar Mendes relatou à revista “Veja”, Lula teria solicitado um encontro com este por intermédio do ex-ministro Nelson Jobim, aliado político do ex-presidente. Gilmar Mendes jamais deveria ter aceitado tal convite. Mas o fato é que aceitou e, segundo seus relatos, foi vítima de constrangimento e até ameaça velada por parte de Lula. O que foi comentado sobre este encontro, se verdadeiro na íntegra, representa um absurdo, um total desprezo pelos valores republicanos. Dada a trajetória de Lula, confesso que não fico nada surpreso com o conteúdo da conversa. O sindicalista sempre encarou a democracia como um simples meio para chegar ao poder, e uma vez lá, não foram poucas as tentativas de enfraquecer as principais instituições republicanas do país. Conforme revelou Gilmar Mendes, Lula teria solicitado uma espécie de acordo com o ministro. A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga Carlinhos Cachoeira, criada pela pressão do próprio Lula por interesses políticos e pessoais, seria suspensa em troca da postergação do julgamento do “mensalão”. Lula teria usado chantagem para convencer Gilmar Mendes, mencionando a viagem para Berlim que o ministro fez em companhia de Demóstenes Torres. Sendo tudo isso verdade – e não há porque duvidar do ministro Gilmar Mendes –, trata-se de um escândalo de proporções gigantescas para a nossa frágil República. Lula realmente parece ignorar as lições do Barão de Montesquieu, principal iluminista responsável pela moderna divisão dos poderes. Para o ex-presidente, o país pode ser tratado como seu quintal, como uma espécie de feudo onde os poderes Legislativo, Executivo e Judiciário se misturam por completo. Tal divisão de poderes foi idealizada justamente para combater o arbítrio do governo, comum na época das monarquias absolutistas tão condenadas pelo próprio Montesquieu. Se o governante se sente no direito de legislar e julgar, além de executar, então o céu é o limite para seus mandos e desmandos. Lula, mesmo fora do cargo de presidente, parece ter deixado sua popularidade subir à cabeça, e não enxerga mais limites constitucionais aos seus desejos. Espera-se que a lei imponha tais limites. Um dos mais importantes pilares de uma República constitucional que preza o império das leis é justamente um Judiciário independente. Governos autoritários sempre tentaram controlar a Corte Suprema. Foi o caso de Roosevelt nos Estados Unidos, cujo programa “New Deal” era claramente inconstitucional, e o meio encontrado para driblar este inconveniente foi expandir a quantidade de ministros para diluir os opositores. Dos 11 ministros do STF, já são seis apontados pelo governo petista. Uma das indicações mais controversas foi a de José Antônio Dias Toffoli, por ser conhecido simpatizante do PT e ter trabalhado para membros do partido. Além desta afinidade, sua namorada é advogada de alguns “mensaleiros”. Um mínimo de bom senso e de apreço republicano faria com que o ministro se declarasse impedido de julgar o caso. A decisão ainda não foi tomada, mas o ex-presidente Lula teria dito, na reunião com Gilmar Mendes, que Toffoli tem que participar do julgamento. Como cobrar imparcialidade assim? Será que Lula pensa que estamos em Cuba? Outro importante pilar de uma república saudável é a ampla liberdade de imprensa. Não por acaso o que resta de nossa imprensa livre tem sido alvo constante dos petistas. Assim que Gilmar Mendes colocou a boca no trombone sobre este nefasto encontro com Lula, o “bunker” virtual dos petistas disparou inúmeras mensagens tentando colocar em dúvida a honra do ministro, levantando suspeitas de uma parceria com a revista “Veja” em interesses obscuros. O ataque, para esta gente, é a melhor defesa. Já sobre o encontro em si e o que foi revelado dele, o ex-presidente preferiu não se manifestar. É muito triste e também preocupante ver o modo como alguns petistas, incluindo o ex-presidente Lula, tratam as instituições republicanas de nosso país. Se dependesse somente deles, já seríamos uma legítima República das Bananas. Não estamos livres deste destino, como a vizinhança latino-americana pode atestar. Mas enquanto isso, que eles saibam que ainda há quem lute pela República neste país! Por:Rodrigo Constantino, Revista VOTO

LULA

Este artigo (que estou republicando) saiu n'O Globo de 25 de outubro de 2011. Poderia ter saído ontem.(vou republicar, ao longo da semana, outros artigos que escrevi sobre o ex-presidente) 

 Lula para sempre MARCO ANTONIO VILLA O Globo - 25/10/2011 

 Luiz Inácio Lula da Silva não é um homem de palavra. Proclamou diversas vezes que, ao terminar o seu mandato presidencial, iria se recolher à vida privada e se afastar da política. Mentiu. Foi mais uma manobra astuta, entre tantas que realizou, desde 1972, quando chegou à diretoria do sindicato de São Bernardo, indicado pelo irmão, para ser uma espécie de porta-voz do Partidão (depois de eleito, esqueceu do acordo). A permanente ação política do ex-presidente é um mau exemplo para o país. Não houve nenhuma acusação de corrupção no governo Dilma sem que ele apoiasse enfaticamente o acusado. Lula pressionou o governo para não "aceitar as pressões da mídia". Apresentou a sua gestão como exemplo, ou seja, nunca apurou nenhuma denúncia, mesmo em casos com abundantes provas de mau uso dos recursos públicos. Contudo, seus conselhos não foram obedecidos. Não deve causar estranheza este desprezo pelo interesse público. É típico de Lula. Para ele, o que vale é ter poder. Qualquer princípio pode ser instrumento para uma transação. Correção, ética e moralidade são palavras desconhecidas no seu vocabulário. Para impor a sua vontade passa por cima de qualquer ideia ou de pessoas. Tem obtido êxito. Claro que o ambiente político do país, do herói sem nenhum caráter, ajudou. E muito. Ao longo do tempo, a doença do eterno poder foi crescendo. Começou na sala de um sindicato e terminou no Palácio do Planalto. E pretende retornar ao posto que considera seu. Para isso, desde o dia 1 de janeiro deste ano, não pensa em outra coisa. E toda ação política passa por este objetivo maior. Como de hábito, o interesse pessoal é o que conta. Qualquer obstáculo colocado no caminho será ultrapassado a qualquer custo. O episódio envolvendo o ministro do Esporte é ilustrativo. A defesa enfática de Orlando Silva não dependeu da apresentação de provas da inocência do ministro. Não, muito pelo contrário. O que contou foi a importância para o seu projeto presidencial do apoio do PCdoB ao candidato petista na capital paulista. Lula sabe que o primeiro passo rumo ao terceiro governo é vencer em São Paulo. 2014 começa em 2012. O mesmo se repetiu no caso do Ministério dos Transportes e a importância do suporte do PR, independentemente dos "malfeitos", como diria a presidente Dilma, realizados naquela pasta. E, no caso, ainda envolvia o interesse pessoal: o suplente de Nascimento no Senado era o seu amigo João Pedro. O egocentrismo do ex-presidente é antigo. Tudo passa pela mediação pessoal. Transformou o delegado Romeu Tuma, chefe do Dops paulista, onde centenas de brasileiros foram torturados e dezenas foram assassinados, em democrata. Lula foi detido em 1980, quando não havia mais torturas. Recebeu tratamento privilegiado, como mesmo confessou, diversas vezes, em entrevistas, que foram utilizadas até na campanha do delegado ao Senado. Nunca fez referência às torturas. Transformou a casa dos horrores em hotel de luxo. E até chegou a nomear o filho de Tuma secretário nacional de Justiça!! O desprezo pela História é permanente. Estabeleceu uma forte relação com o símbolo maior do atraso político do país: o senador José Ribamar da Costa, vulgo José Sarney. Retirou o político maranhense do ocaso político. Fez o que Sílvio Romero chamou de "suprema degradação de retrogradar, dando, de novo, um sentido histórico às oligarquias locais e outorgando-lhes nova função política e social". E pior: entregou parte da máquina estatal para o deleite dos interesses familiares, com resultados já conhecidos. O desprezo pelos valores democráticos e republicanos serve para explicar a simpatia de Lula para com os ditadores. Estabeleceu uma relação amistosa com Muamar Kadafi (o chamou de "amigo, irmão e líder") e com Fidel Castro (outro "amigo"). Concedeu a tiranos africanos ajuda econômica a fundo perdido. Nunca - nunca mesmo - em oito anos de Presidência deu uma declaração contra as violações dos direitos humanos nas ditaduras do antigo Terceiro Mundo. Mas, diversas vezes, atacou os Estados Unidos. Desta forma, é considerável a sua ojeriza a qualquer forma de oposição. Ele gosta somente de ouvir a sua própria voz. Não sabe conviver com as críticas. E nem com o passado. Nada pode se rivalizar ao que acredita ser o seu papel na história. Daí a demonização dos líderes sindicais que não rezavam pela sua cartilha, a desqualificação dos políticos que não aceitaram segui-lo. Além do discurso, usou do "convencimento" financeiro. Cooptou muitos dos antigos opositores utilizando-se dos recursos do Erário. Transformou as empresas estatais em apêndices dos seus desejos. Amarrou os destinos do país ao seu projeto de poder. Como o conde de Monte Cristo, o ex-presidente conta cada dia que passa. A sua "vingança" é o retorno, em 2014. Conta com a complacência de um país que tem uma oposição omissa, ou, na melhor das hipóteses, tímida. Detém o controle absoluto do PT. Usa e abusa do partido para fortalecer a sua capacidade de negociação com outros partidos e setores da sociedade. É obedecido sem questionamentos. Lula é uma avis rara da política brasileira. Nada o liga à nossa tradição. É um típico caudilho, tão característico da América Hispânica. Personalista, ególatra, sem princípios e obcecado pelo poder absoluto. E, como todo caudilho, quer se perpetuar no governo. Mas os retornos na América Latina nunca deram certo. Basta recordar dois exemplos: Getúlio Vargas e Juan Domingo Perón.Por: Marco Antonio Villa Postado por Villa em 30/05/2012

"A DECADÊNCIA DO OCIDENTE":

No curto século 21, China e ruína causada pela finança mudam relações de poder velhas de mais de 200 anos A gente hoje dá de barato o poder e a força econômica da China, como se a importância chinesa fosse tão evidente e antiga quanto uma pirâmide egípcia. Mas o elefante chinês entrou na sala faz pouco tempo. Foi mais ou menos na época em que parecia triunfante o que a esquerda chama de "neoliberalismo". Foi na mesma época em que os Estados Unidos espalhavam exércitos pela Ásia. Quando americanos e europeus espezinhavam os "emergentes" a dizer que, sem abertura comercial e "reformas" (as deles), iríamos à breca. Isso ainda após o fracasso das reuniões da OMC de Seattle (1999) e Gênova (2001) e da derrota midiática que a rua impôs à ideia de liberalização comercial. Era então a época em que a maioria dos economistas-padrão se congratulava pela sua ciência, que fora capaz de produzir o que seria chamado de "grande moderação" (flutuação econômica menos violenta, menos inflação, mais crescimento). A moderação era uma bolha e em parte uma fraude; a inflação baixa e os fundos para a bolha da "estabilidade" vinham da China. No ano 2000, a economia da China equivalia à da Itália; era algo menor que a da França (com o PIB medido em dólares correntes, na taxa de câmbio nossa de cada dia). Se considerado o poder de compra relativo de cada moeda, a China já era então o dobro da França ou da Itália. Mas então a gente não se dava conta do tamanho chinês. Muitos sábios diziam que o milagre chinês era bolha, "insustentável", que o país nem teria tempo de posar de novo Japão, que continua rico, mas estagnou e abdicou de suas aspirações de predominância mundial lá no início dos anos 1990. Índia e China equivaliam a 10,8% da economia mundial em 2000. Os europeus do G7 (Alemanha, França, Reino Unido e Itália), a 15,5% (à medida que leva em conta o poder de compra relativo das moedas, em dólares "PPP"). Índia e China deverão terminar este ano com 20,8% do PIB mundial, ante 11,6% dos europeus. O trio Brasil, China e Índia supera o duo anglo-saxão, EUA e Reino Unido. De 2000 a 2012, a economia chinesa terá crescido uns 247%. A indiana, 147%. A brasileira, meros 57%, mas à frente dos 26% dos EUA, dos 18% de França e Alemanha. Dos 11% do Japão, dos 6% da Itália. Os EUA estancaram o terrorismo, mas não puseram ordem no Iraque. Os exércitos ocidentais dão o fora do Afeganistão por estafa, inépcia, fracasso e falta de dinheiro. Mesmo para derrubar ditaduras no norte da África quase faltou poder de fogo às forças aéreas da Europa. A finança ainda manda no mundo, mas o mercadismo desmoralizou-se como ideologia. Morreu a Alca, a área de livre comércio das Américas. Note-se que, ainda em 2002, os americanos diziam ao Brasil que, sem Alca, teríamos vinit@uol.com.br comerciar com a Antártida. Desde 2000, porém, o comércio entre Brasil e China cresceu 33 vezes (para US$ 77 bilhões) e superou os negócios entre Brasil e EUA (US$ 59,7 bilhões, dados de 2011). Sim, nós aqui queremos consumir tanto quanto e como os americanos. Sim, é melhor ser infeliz em Paris. Sim, a ditadura chinesa é repulsiva. Não se trata disso aqui. Mas de dizer que a China virou o mundo do avesso em uma década -a China era o bug do milênio, do ano 2000. Ou enfim eles vão quebrar?Por:Vinicius Torres Freire FONTE: FOLHA DE S. PAULO

terça-feira, 29 de maio de 2012

LULA, JOBIM E GILMAR

Da trágica reunião de Lula, Gilmar e Jobim é possível extrair algumas conclusões: 

 1. É um absurdo um ex-ministro do STF continuar advogando. É óbvio que uma causa que ele possa defender será vista de forma distinta pelos seus antigos pares (e será procurado por clientes justamente por causa disso, independentemente do valor - certamente "salgado" - dos seus honorários). Além do que, como juiz, teve acesso privilegiado a um conjunto de informações sigilosas e que poderia, em tese, ser usado para favorecer um eventual cliente. Um ministro, quando designado para cargo tão importante, deveria entender que está servindo ao país. Caso considere o salário "baixo", basta recusar a escolha; 

 2. É inadmissível um juiz ir ao escritório de um advogado, quando o correto (e ético) é justamente o inverso; 

 3. Conversar com Lula em um escritório de advocacia é anti-ético e imoral, pois Lula é o "réu oculto" do processo do Mensalão, como é sabido; 

 4. Toda esta confusão poderia ser evitada se o STF não demorasse tanto para dar andamento ao processo. A denúncia foi aceita em 2007!! 

 5. Também o processo já poderia ter sido julgado se o ministro Joaquim Barbosa tivesse realizado mais rapidamente o seu trabalho; 

 6. A demora do revisor (ministro Lewandovski) é, no sentido jurídico, inexplicável; 

 7. As pressões de Lula junto aos diversos ministros (Tófolli, Carmén Lúcia, Ayres Brito, Lewandovski) são imorais, baixas, dignas de uma república bananeira e de um ex-presidente que nunca entendeu a importância do cargo que exerceu; 

 8. Como um ministro do STF conversa com um cidadão que diz a todo momento que o processo é uma farsa e que o Mensalão nunca existiu? 

 9. A relação promíscua dos Poderes também explica este triste episódio; 

 10. No Brasil vivemos um simulacro de república.

Atenção: seu futuro chefe pode estar de olho no seu Facebook

Na hora de preencher uma vaga, recrutadores costumam espiar os perfis dos candidatos nas redes sociais. Saiba como usá-las de forma inteligente para garantir o seu emprego O LinkedIn mudou a forma como as pessoas procuram emprego 15 regras para turbinar sua carreira nas redes sociais Seja ativo no LinkedIn O site reune mais de 161 milhões de perfis de profissionais ao redor do mundo. Só aqui no Brasil, são mais de 7 milhões de pessoas cadastradas. Faça a sua página completa e mantenha o conteúdo sempre atualizado, pois isso irá aumentar a sua visibilidade no Google. Procure recomendações e depoimentos de seus antigos professores, chefes ou colegas, para aumentar sua credibilidade. Ao mesmo tempo, participe ativamente da seção de perguntas e respostas. Descreva bem as suas competências e experiências. Dizer que é especialista não é suficiente, já que pode significar várias coisas diferentes. É importante que você detalhe aquilo que faz, para que as pessoas possam ter uma ideia correta de todas as suas capacidades e atribuições. Compartilhe prêmios recebidos, interesses e atividades extra-curriculares. Esse tipo de informação, bem dosada, ajuda a empresa a avaliar a personalidade do candidato e saber se ele se encaixa na vaga oferecida. Use o Twitter com inteligência Apesar de não ser considerada uma rede social voltada para a busca de emprego, se bem utilizada, pode ajudar a construir uma boa imagem profissional. Use o Twitter para recomendar leituras interessantes relacionadas a sua área, como livros ou reportagens. Também vale indicar filmes e viagens. Mostre para o seu recrutador que você é bem informado e está atento ao que acontece no noticiário. Use o Twitter também para expressar seu ponto de vista, com muito cuidado. Postar análises e comentários construtivos e embasados mostra ao recrutador que o candidato sabe se comunicar. Evite exageros no Facebook Pesquisa feita pela Reppler, consultoria especializada em gerenciamento de imagem nas mídias sociais, mostra que o Facebook é a rede social mais olhada pelos recrutadores na hora de preencher uma vaga. Para detectar aspectos positivos ou negativos dos candidatos, 76% utilizam o Facebook, 53% preferem o Twitter e 48%, o LinkedIn. Por isso, tome alguns cuidados. Evite fotos com pouca roupa, em situações constrangedoras ou consumindo bebidas alcoólicas. Também preste atenção ao português: um erro pode estragar suas possibilidades de conquistar uma vaga. Especialistas recomendam ainda que o internauta fuja de comunidades que indiquem maus comportamentos, como "Eu já trabalhei bêbado" ou "Eu odeio trabalhar". Por fim, lembre-se: nada nas mídias sociais é privado. Mesmo que o seu perfil seja bloqueado, amigos podem ter acesso a fotos ou informações que podem ser compartilhadas com outros. Encare o Facebook como uma rede social mais informal, mas evite exageros. Por:Leticia Bragaglia, do Economia & Negócios