Paul Krugman escreveu no The New York Times, de 7 de abril, que há uma escassez de comida no mundo, acompanhada de preços galopantes. Por causa disso, as pessoas pobres da África e de outros lugares estão famintas. Ele sugere que isso aconteceu principalmente pelas seguintes razões:
nova demanda por comida por parte da China
alta do preço do petróleo
tempo ruim em importantes áreas agrícolas (principalmente na Austrália)
redução de terras cultiváveis disponíveis para o plantio de alimentos - em prol do cultivo de biocombustíveis, com o propósito de fornecer fontes alternativas e (dizem) ambientalmente limpas, como o etanol
A solução que Krugman aponta para esses problemas é que entreguemos mais do nosso dinheiro para o governo, para que assim ele possa resolver o problema que o mercado é aparentemente incapaz de solucionar.
Agora, vamos ver o verdadeiro cenário:
Independente de alguém achar que os fatores listados acima têm um papel importante na escassez mundial de alimentos, existem de fato dois fatores de primordial importância relacionados aos custos e à escassez de alimentos, e Krugman não os menciona e talvez nem saiba deles.
Primeiro: a causa essencial de qualquer escassez é a ausência de um livre mercado, já que uma verdadeira escassez não tem como surgir em um ambiente de genuíno livre mercado. Ao contrário, mesmo que os preços dos bens aumentassem quando a oferta começasse a se reduzir, ainda assim esses bens em questão estariam sempre disponíveis a algum preço - e quanto mais alto fosse esse preço, mais a oferta aumentaria para se igualar à demanda, o que iria obviamente reduzir os preços. Se tivéssemos um livre mercado mundial, os alimentos seriam exportados de alguns países, como os EUA e a Europa, onde a comida é abundante, para os países onde ela está em falta. Isso aconteceria porque seria lucrativo enviar bens para áreas necessitadas como a África, onde escassezes estariam fazendo os preços subir.
O fato de isso não estar acontecendo agora só pode ser resultado de controles de preços feitos pelo governo (o que impede os preços de subirem nos países necessitados), de restrições comerciais, ou de alguma outra barreira governamental que impede as pessoas de conseguir o que elas querem. O Banco Mundial citou uma lista de 21 países que adotam controle de preços sobre artigos básicos. Todos nós nos lembramos das histórias sobre pessoas famintas na Etiópia na década de 1980, quando 3 milhões de pessoas estavam sofrendo de inanição. O que ninguém falou era que havia 60 milhões de pessoas na Etiópia na mesma época que não foram afetadas pela fome. O transporte de comida de uma parte do país, onde ela era abundante, para outra parte, afetada pela seca, foi impedida por um conflito entre o governo e grupos rebeldes perto da área castigada pela seca. Os incentivos econômicos foram inibidos por várias ações governamentais, como a retenção forçada de suprimentos de comida (para que os soldados rebeldes não tivessem acesso aos suprimentos), o controle de preços, o banimento em grande parte do país da venda de grãos por atacado, e a proibição da venda privada de produtos ou maquinarias agrícolas. Uma situação similar ocorreu no Zimbábue no início da década de 2000. O economista indiano Amartya Sen ganhou o Prêmio Nobel ao demonstrar que a maioria dos casos de fome é causada não pela escassez de comida, mas pelas intromissões imprudentes dos governos no funcionamento dos mercados.
O segundo fator que Krugman não menciona é que os altos preços dos alimentos são uma manifestação da atual inflação mundial de preços. Os governos de todos os países vêm imprimindo dinheiro a taxas muito altas nessa década. Enquanto que os EUA vêm expandindo sua oferta monetária a "apenas" 10-15% ao ano, muitos países têm impresso dinheiro a taxas que excedem 50 por cento ao ano. Esse dinheiro criado do nada, que até então estava em grande parte contido no mercado de ações, agora se espalhou para o mercado de commodities, de onde se derivam os preços dos alimentos. Dessa forma, como o dinheiro está agora sendo criado mais rapidamente do que alguns bens, os preços estão subindo.
Como outro exemplo desse fenômeno do aumento de dinheiro exceder o aumento da oferta de bens, podemos citar o aumento do preço do petróleo. Apesar de a imprensa e outros fóruns públicos atribuírem esse fenômeno à especulação, à ganância das empresas petrolíferas e ao aumento da demanda por petróleo por parte da China, a verdadeira causa é a crescente disparidade entre o dinheiro disponível e o petróleo disponível. Seguindo esse raciocínio, o aumento abrupto e generalizado dos preços - como o aumento dos preços dos imóveis, das ações e títulos, do petróleo, do ouro, das commodities, dos alimentos, etc. que vimos nessa década - seria matematicamente impossível caso não tivesse havido um aumento da oferta de dinheiro circulando na economia mundial. De fato, se a oferta de bens estivesse aumentando, como de fato está, e se ao mesmo tempo a quantidade de dinheiro tivesse permanecido estável, os preços obrigatoriamente iriam cair.
Mas não tenha dúvidas: por várias razões fundamentais ligadas à produção, à oferta e à demanda, há uma carência na oferta de algumas commodities em relação ao aumento da demanda real por elas. Ainda assim, essa carência de oferta não é a causa nem da ocorrência de escassezes nem do aumento extremado do preço mundial dos alimentos (mais de 80 por cento em três anos). Ademais, apesar de a produção de muitas commodities, como o trigo, estar estagnada ou mesmo declinante ao longo dos últimos anos, outras commodities tiveram aumentos contínuos em sua produção; outros grupos alimentícios como cereais, frutas, semoventes, peixes e frutos do mar tiveram sua oferta aumentada. Dados da The Food and Agriculture Organization, órgão da ONU, mostram que tanto a produção agrícola como a produção alimentícia per capita aumentaram continuamente desde 1990, e permaneceram estáveis desde 2000.[1] Em comparação, os preços das commodities estão subindo desde 1999.
Agora, de volta ao artigo de Krugman, podemos ver que as razões que ele cita para a escassez de alimentos e para o aumento de preços são ilógicas. Por exemplo, "nova demanda" por comida por parte da China teria necessariamente resultado não apenas nos próprios chineses produzindo mais comida para satisfazer esta demanda, mas também no resto do mundo fazendo o mesmo. (Na realidade, a China aumentou sua produção agrícola per capita em 22 por cento desde 2000). Dá realmente para imaginar que produtores mundiais de comida não teriam percebido essa demanda e tentado obter lucros satisfazendo-a? De fato, eles perceberam essa demanda e, desde então, vêm produzindo mais comida. A população chinesa está aumentando em apenas meio por cento ao ano. Como, então, poderiam os chineses repentinamente passar a necessitar 30 por cento a mais de comida por ano, em anos recentes? Mais ainda: como eles poderiam pagar por ela, mesmo se eles de fato tivessem esse desejo de mais comida?
Como um conceito, a palavra "demanda" é propensa a uma má interpretação porque usamo-la de várias maneiras diferentes. Eu posso ter uma demanda (desejo) por uma casa no sul da França para poder ter um lugar para ancorar o iate que eu também demando (desejo). Nesse caso, "demanda" é algo sem conseqüência porque eu não tenho os meios pelos quais pagar por esses itens. Uma demanda real pode afetar os preços apenas se houver um verdadeiro poder de compra, na forma de dinheiro, para apoiar essa demanda. Os consumidores chineses não podem demandar e, logo, pagar por um aumento do consumo de comida se não tiverem mais dinheiro, que só pode chegar ao bolso deles após ter sido impresso pelo seu banco central. Eles podem, de fato, ter um aumento efetivo da demanda real se produzirem mais bens e utilizá-los para pagar por mais comida, mas isso faria reduzir os preços, não aumentá-los.
Para ser claro, não são as empresas para as quais as pessoas trabalham que estão produzindo o dinheiro, pois as empresas não produzem o dinheiro com o qual elas pagam os salários de seus funcionários; elas produzem apenas bens. Para que as empresas tenham mais dinheiro (isto é, vender seus bens a preços maiores do que os do último ano) e possam, assim, pagar mais em termos salariais para seus funcionários, mais dinheiro deve ser criado pelo seu governo na forma de expansão creditícia.
Portanto, se houvesse de fato toda essa nova demanda por comida na China, como Krugman alega - e supondo-se que a quantidade de dinheiro circulando na economia fosse constante -, teria de haver necessariamente uma redução na demanda e nos preços de outros bens. Portanto, os chineses poderiam muito bem estar consumindo mais comida, mas esse aumento do consumo não seria o responsável pelo aumento (absoluto) dos preços e da escassez.
O que falar, então, sobre o tempo ruim? Não há dúvidas que condições meteorológicas adversas podem ter um papel importante no curto prazo. Mas, no longo prazo, se a Austrália sofre com um tempo ruim, mesmo que por cinco anos seguidos, outros países poderiam e iriam acelerar sua produção e aumentar a oferta. Como um exemplo, mais terra nos EUA seria convertida em plantações agrícolas. Uma escassez de comida em um país iria causar um aumento mundial nos preços temporariamente; mas o resultado disso, em uma situação de livre comércio, seria um aumento na produção e na oferta em outros países, o que iria derrubar novamente os preços. É possível que a ausência de um livre mercado tenha impedido isso de acontecer, mas é certo que a livre oferta e demanda iria impedir a possibilidade de uma emergência global.
Se houvesse condições meteorológicas ruins na maioria das regiões do mundo ao mesmo tempo, a oferta de comida iria de fato declinar, e os preços aumentariam. Mas em um livre mercado ainda assim não haveria escassez. E em um mundo onde a oferta de dinheiro é imutável, esse efeito seria temporário, já que os preços cairiam quando a oferta posteriormente aumentasse. Novamente, assim que o preço dos alimentos subisse, o preço de outros bens teria de cair. Um aumento sustentável dos preços de todos os bens só é possível quando há dinheiro novo sendo injetado na economia mundial.[2]
Quanto ao último argumento de Krugman, o de que as terras cultiváveis estão agora sendo usadas para o cultivo de matéria-prima para os biocombustíveis, trata-se de um ponto de interrogação. Em um livre mercado, se houvesse uma escassez de alimentos e se os inerentemente altos preços desses alimentos escassos enviassem um sinal ao mercado, a terra que estivesse sendo usada para qualquer outro item - biocombustíveis, estacionamentos, salas de cinema, casas, ou o que seja - seria convertida para usos agrícolas.
Se tivéssemos uma escassez sustentada de alimentos nos EUA, por exemplo, isso é o que iria ocorrer. De fato, a agricultura costumava representar 50 por cento do PIB no início do último século, mas hoje ela representa menos de um por cento. O uso da terra foi alterado para poder satisfazer mudanças na demanda. Mas se precisássemos de comida, poderíamos e iríamos expandir a agricultura novamente para aquele nível de 50 por cento. Em uma escala mundial, à medida que os preços dos alimentos subissem, a terra seria convertida para o uso mais lucrativo do plantio de alimentos ao invés do menos lucrativo cultivo de matéria-prima para biocombustíveis.
Apenas se os subsídios governamentais fossem altos o bastante para obscurecer esses sinais de mercado, ou se o governo obrigasse as companhias de energia a comprar matéria-prima (sendo que ambos esses casos ocorrem nos EUA), apenas assim a estrutura da produção agrícola poderia ser deformada de tal modo que não pudesse haver essa resposta de mercado. Similarmente, se o desenvolvimento de áreas agrícolas se tornou difícil por causa de regulamentações governamentais - como, por exemplo, para se proteger os atuais agricultores, que têm um lobby poderoso -, um aumento da produção torna-se algo bem mais problemático.
Em suma, a real causa do contínuo aumento dos preços dos alimentos é a impressão de dinheiro por parte dos governos por todo o mundo. E a real causa da atual escassez de alimentos é o impedimento do lucrativo comércio global de alimentos por causa das imprudentes políticas governamentais dos governos dessas mesmas pessoas que hoje estão famintas. Quaisquer outros motivos que expliquem uma redução da oferta a um nível maior do que o temporário só existem porque os governos impedem os mercados de funcionar.
Ignorar esses principais determinantes da atual escassez alimentícia do mundo significa propositadamente repudiar a lógica econômica - ou simplesmente ser ignorante em relação a ela.
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Notas
[1] Os dados vão até 2006.
[2] Alguém poderia argumentar que o fato de os preços dos alimentos estarem subindo mais rapidamente do que os preços de outros bens é uma revelação dessa exata ocorrência nesse nosso mundo de quantidades crescentes de dinheiro. Ou seja, isso refletiria diferenças relativas de preços. Esse efeito da diferença relativa de preços provavelmente está lá, mas este autor argumentaria que esse efeito explicaria apenas uma pequena porção da diferença relativa de preços. O efeito de um boom creditício ser canalizado para os mercados de commodities em geral será provavelmente o efeito predominante das diferenças de preço. Dizer que o efeito da diferença de preços relativos explica grande parte, ou toda a diferença de preços, requereria uma explicação de como os preços das ações e os preços imobiliários podem aumentar tão desproporcionalmente mais rápido do que outros bens normais por causa de uma redução na oferta, quando na verdade os preços aumentaram e a oferta sempre foi abundante. Em outras palavras, um aumento de preços acontece a todo o momento em outras áreas onde a oferta não é limitada.
Kel Kelly foi, durante 13 anos, corretor de Wall Street, analista de finanças e diretor de pesquisa para uma empresa de consultoria de organização listada na Fortune 500. Os resultados de suas análises financeiras já foram apresentados na CNBC Europa e nas edições online da CNN, Forbes, BusinessWeek e Wall Street Journal. Kel é formado em economia pela Universidade do Tennessee, possui MBA pela Universidade de Hartford e mestrado em economia pela Florida State University. Mora em Atlanta e é autor do livro The Case for Legalizing Capitalism.
Tradução de Leandro Augusto Gomes Roque
QUANDO TUDO O QUE SE ESCREVE TIVER SE DESFEITO EM FARRAPOS, QUANDO ATÉ MESMO OS MELHORES TIVEREM SE TORNADO APENAS VERBETES DE ENCICLOPÉDIA JAMAIS CONSULTADA, AS PALAVRAS DE UM PENSADOR AINDA ESTARÃO VIVAS PARA MOSTRAR, SOBRE RUÍNAS DOS TEMPOS, A PERENIDADE DO ESPÍRITO HUMANO.
quarta-feira, 13 de junho de 2012
DESCUBRA SE VOCÊ É UM PROTECIONISTA MERCANTILISTA
No século XVIII, a maioria dos países recorria a tarifas de importação como sua principal fonte de receita. Sendo a maior fonte de receita em uma época em que não havia imposto de renda — ou cuja coleta era muito difícil e complicada —, tarifas de importação faziam sentido do ponto de vista puramente tributário.
Mas os tempos passaram e vivemos hoje em uma época totalmente diferente. Tarifas de importação não mais são vistas como um mero instrumento de arrecadação. Hoje, sua função é bastante diferente. Tarifas sobre bens importados são ferramentas eficazes para se subsidiar aliados políticos, proteger empresários favoritos e, com isso, se praticar o capitalismo de estado — ou o mercantilismo.
Tarifas são impostos sobre a venda de bens importados. O protecionista mercantilista sabe que impostos mais altos sobre a venda de bens importados representam um subsídio às empresas nacionais. Por quê? Porque eles impedem que os estrangeiros possam utilizar preços baixos para concorrer contra a indústria nacional.
O protecionista, como todo mercantilista, quer reduzir a variedade de opções disponíveis para os consumidores nacionais. Ele quer subsidiar a indústria nacional permitindo que ela cobre preços mais altos do que aqueles praticados por produtores estrangeiros sem que isso acarrete consequências negativas para ela. A justificativa é que tal política irá enriquecer a nação.
Um mercantilista é o filósofo supremo do capitalismo de estado. O protecionismo é o filho bastardo do estado do estado intervencionista keynesiano. O keynesianismo é uma filosofia sobre gastos estatais criativos e mágicos e sobre endividamento público infinito. Assim como o mercantilismo.
Enriquecer uma nação por meio do aumento da tributação de seus consumidores é uma ideia estranha: "Tribute mais e enriqueça". Se você acha que isso soa a keynesianismo é porque é keynesianismo.
Aprovar leis contra pessoas que querem apenas fazer uma transação voluntária de bens é um ato de restrição ao comércio. Por que uma nação enriqueceria restringindo o comércio? Qual é a lógica de dizer que enviar um sujeito com uma arma e um distintivo com a tarefa de impedir que as pessoas voluntariamente comercializem com quem elas quiserem — por crerem que isso irá melhorar suas vidas — é uma atitude que aumentará a riqueza da nação? A ideia de maior riqueza não pressupõe a ideia de maiores oportunidades de comprar mais coisas do que antes? Sendo assim, como as pessoas estariam mais ricas com o governo deliberadamente restringindo o número de bens que elas podem comprar?
Protecionistas mercantilistas negam que a maior riqueza de um país esteja diretamente ligada à sua maior liberdade comercial. Eles argumentam o contrário: "Oportunidades reduzidas são as bases da riqueza. Quanto menos oportunidade você tiver para comercializar, mais rico você estará."
Se isso parece idiotice é porque é uma idiotice. Mas trata-se de uma idiotice amplamente disseminada e defendida, especialmente por intelectuais e membros da academia.
Estes mesmos também argumentam que, quanto mais impostos o governo coletar, mais rico o país ficará. De novo, você pode pensar que isso soa a keynesianismo. E é keynesianismo.
Combatendo a tirania com mais tirania
O mais incrível sobre os protecionistas mercantilistas é que eles são completamente impermeáveis à lógica econômica. Eles amam burocratas com armas e distintivos. Eles estão convencidos de que armas e distintivos são a base do crescimento econômico e da riqueza para todos. Eles realmente creem que, se o governo enviar um número razoável de burocratas com armas e distintivos para confiscar a riqueza alheia via impostos sobre bens importados, a nação ficará mais forte, mais rica e mais livre. Eles acreditam que mais impostos e menos liberdade de escolha tornam um país mais próspero.
Recentemente, recebi um email de um leitor que, embora não conheça, posso afirmar ser um protecionista mercantilista inveterado. Seu argumento é o preferido — aliás, o único — de todos os protecionistas ao redor do mundo. Eis um trecho:
Parece-me que o senhor, ao defender o livre comércio, ignora por completo o "conceito de nação" ou o nacionalismo. A questão não é que nossas indústrias sejam menos eficientes do que as indústrias estrangeiras; elas não são. O problema é que o governo impõe a elas uma carga tributária tão grande que faz com que elas passem a ser "ineficientes" contra a concorrência estrangeira. É o governo quem impõe "ineficiência" à indústria nacional. Portanto, para deixar as coisas com um maior nível de igualdade, o governo teria de remover estes fardos artificiais que ele criou. Mas enquanto isso não for possível, ele tem sim de impor tarifas iguais sobre os produtos estrangeiros para poder reequilibrar a situação.
Permita-me resumir o argumento do cavalheiro. (1) A indústria nacional não é ineficiente. (2) Ela é oprimida pelo governo, que a sobrecarrega de impostos. (3) Portanto, precisamos de um governo ainda maior, ainda mais intrusivo e com ainda maiores poderes tributários para retirar o fardo do governo sobre as indústrias.
Faz sentido? Ele é um protecionista mercantilista. Como todos os protecionistas mercantilistas, ele não consegue pensar direito. Ele adotou a ideia de que, ao se dar ainda mais poderes para o governo federal, os cidadãos poderão, magicamente, sobrepujar os efeitos de um governo federal muito poderoso. E ele defende tudo isso em nome do nacionalismo ou do "conceito de nação". (Clique aqui apenas se o seu estômago for resistente).
A seguir, apresentarei a você, leitor, um teste. Veja se você é um protecionista mercantilista. Se você não for capaz de seguir o raciocínio abaixo, você é um protecionista mercantilista.
Este Lado e Aquele Lado
Você mora de um lado da rua. No outro lado da rua mora João. João quer vender para você um item que você quer comprar.
Silva, seu vizinho de porta — e que, portanto, mora no mesmo lado da rua que você —, também vende um item parecido com este que João vende. Mas este item de Silva custa 20% mais caro.
Silva se aproxima de você e lhe diz que, pelo bem do "lado de cá" ou em nome do "conceito Deste Lado", temos de impor um imposto sobre vendas de pelo menos 25% sobre o item vendido por João. Afinal, não queremos perder a riqueza que há Deste Lado da Rua. Sem um imposto sobre a mercadoria de João, Aquele Lado irá ampliar sua presença Neste Lado.
Você rejeita a sugestão de Silva como sendo totalmente absurda e sem sentido. Você gosta do produto sendo vendido por João. É elegante. É barato. É um bom negócio. "Sai da minha frente, Silva." (Sempre que você compra algum bem, você está na realidade falando para todos os outros vendedores saírem da sua frente).
Silva, ao constatar que você é teimoso, irá atrás de Bruno, seu outro vizinho de porta, e irá alertá-lo sobre a terrível ameaça representada por Aquele Lado sobre o estilo de vida aqui Deste Lado. Ele não irá mencionar você, é claro. Ele está apenas defendendo Este Lado em nome da verdade, da justiça e do modo de vida Deste Lado.
Após isso, Silva vai para outra casa mais ao lado e destila a mesma cantilena para Pedro. Ele sugere que Pedro e Bruno se juntem a ele para aprovar uma lei impondo um imposto de 25% sobre a venda do produto de João. Se esta lei for aprovada, promete Silva, Este Lado será mais rico. Este Lado será mais forte. Este Lado será mais livre.
E a lei, então, é democraticamente aprovada. Ato contínuo, eles nomeiam um sujeito chamado Peçanha para impingir esta nova lei. Peçanha tem um distintivo. Peçanha tem uma arma. Peçanha se aproxima de você e o alerta que, se você comprar o item de João sem pagar uma tarifa de 25% para Este Lado, ele irá multá-lo em bem mais do que 25%. Ele defende Este Lado com grande entusiasmo, dado que a alternativa a este emprego tranquilo e poderoso seria a iniciativa privada. E ele jamais se saiu bem no setor privado — característica esta que ele compartilha com Silva.
Bruno irá agora comprar de Silva. Pedro também irá comprar de Silva. E Peçanha, que não tinha um emprego em tempo integral há anos, também está muito contente em comprar de Silva.
Como é que Este Lado está mais rico?
Por que as palavras "Este Lado" tornam você mais rico? Como é que o "conceito Deste Lado" faz de você alguém mais rico?
Qual é a mágica que a linha invisível que divide Este Lado e Aquele Lado faz, em termos econômicos?
Se você é um protecionista mercantilista, linhas invisíveis têm total sentido econômico. Elas representam uma oportunidade de se subsidiar seus agentes econômicos favoritos. Elas são uma desculpa perfeita para se praticar o capitalismo de estado, algo muito eficaz em uma democracia.
Os protecionistas mercantilistas protestam
"Olha só", diz o protecionista mercantilista. "Você está apenas tentando me ridicularizar com toda esta conversa sobre Este Lado e Aquele Lado".
E eu retruco: "Estou ridicularizando a lógica da sua posição. Você crê que uma linha invisível passando no meio da rua é algo economicamente relevante. Eu não."
Ele responde: "Eu não estou dizendo que uma linha invisível passando no meio da rua é economicamente relevante."
Eu respondo: "Você está dizendo que a linha invisível que contorna as bordas do país é economicamente relevante".
Ele responde: "Mas esta linha é sim economicamente relevante!"
Eu pergunto: "Por quê?"
Ele responde: "Porque as pessoas do outro lado daquela linha devem ficar do lado de lá da linha."
"Ok", eu respondo. "Mas e se eu contratar um intermediário daqui para ir até o outro lado da linha e me trazer alguns itens pelos quais estou pagando? O cara do outro lado da linha invisível continua do lado de lá, sem lhe incomodar."
"Não, não, não", se irrita o protecionista. "Aquela linha invisível é diferente. Ela defende a soberania e o Conceito de Nação".
Eu pergunto: "O que é 'Conceito de Nação'?"
Ele responde: "Este Lado — em grande estilo e escala."
Portanto, estamos discutindo sobre o tamanho da linha e a posição geográfica da linha. Mas o que o comprimento da linha e sua posição geográfica têm a ver com eu ter de pagar um imposto sobre a compra de uma mercadoria?
O protecionista, um pouco mais exasperado, diz: "Não entendo aonde você quer chegar. Enquanto você fica aí falando um monte de teoria incompreensível, tudo o que estou fazendo é defender o Conceito de Nação."
Protecionistas mercantilistas criam um termo em maiúsculas e pensam que apresentaram um argumento econômico lógico: "Conceito de Nação". Porém, quando eu também crio um termo em maiúsculas — "Este Lado da Rua" —, o protecionista mercantilista imagina que estou tentando confundi-lo.
Protecionistas se confundem facilmente.
O livre comércio nos deixa mais pobres
O remetente do email não se contentou apenas em invocar o conceito de nação. Ele veio destruindo. Ele invocou o antiquíssimo argumento mercantilista: "A liberdade de escolha nos deixa mais pobres; impostos sobre vendas nos tornam mais ricos". É óbvio que eles nunca utilizam o termo "liberdade de escolha". Isso explicitaria aquilo que eles querem aniquilar. Sendo assim, eles utilizam o termo "livre comércio". Ele escreveu:
O "livre comércio" gera, como efeito de longo prazo, a redução do nosso padrão de vida, de modo que, com o tempo, ficamos iguais a todo o resto do mundo. Não seria um objetivo nacional válido manter um elevado padrão de vida para nosso povo enquanto isso for possível?
Ele é o Silva. Ele olha para o outro lado da rua e vê João. Ele treme de medo. Ele vai até Bruno e diz isso:
O "livre comércio" gera, como efeito de longo prazo, a redução do nosso padrão de vida, de modo que, com o tempo, ficamos iguais a todo o resto do mundo. Não seria um objetivo válido para Este Lado da Rua manter um elevado padrão de vida para nosso povo enquanto isso for possível?
Bruno não está muito convencido. Ele olha para João e pensa: "Eu não ligo se João é rico ou pobre. Eu realmente gostaria de adquirir um daqueles produtos que ele vende. O preço é bom." Ato contínuo, Silva aumenta a pressão:
João explora os pobres. Os trabalhadores Daquele Lado são escravos. Eles não conseguem empregos que paguem salários decentes. É por isso que João consegue vender seus produtos a preços baixos. Você não quer ficar igual àqueles trabalhadores explorados, quer?
Bruno pensa um pouco mais a respeito deste raciocínio. E então tem uma ideia:
Temos de dar a todos aqueles trabalhadores escravizados uma chance de melhorarem suas vidas. João precisa de um pouco de concorrência. Por que não investimos algum dinheiro nos concorrentes de João? Desta forma, o concorrente poderá oferecer melhores salários.
Silva fica horrorizado com esta ideia. Ele já tem problemas demais apenas lidando com João.
Não, não, não. Isso faria com que todos aqueles trabalhadores vislumbrassem, ainda que de leve, uma vida melhor. E isso pioraria ainda mais a vida deles: o desapontamento. Eles não estão preparados para aumentos salariais. Eles precisam de mais tempo. A melhor coisa que podemos fazer é não nos tornarmos iguais a eles. Temos de fechar as fronteiras para todos os bens produzidos por escravos. Nosso objetivo não é reduzir a escravidão Daquele Lado. Nosso objetivo é preservar nossa liberdade Neste Lado.
Bruno fica pensativo. "Como você define liberdade?"
Silva responde:
Liberdade é o direito de cada homem Deste Lado se juntar ao vizinho e impor aumento de tarifas sobre bens produzidos Daquele Lado. Esta é a única maneira de continuarmos sendo prósperos.
Bruno pensa um pouco mais a respeito. "Então a melhor maneira de preservarmos nossa riqueza é limitando nossas escolhas." Silva diz que é isso aí.
Bruno tenta se aprofundar em seu raciocínio. "Então o caminho para a liberdade é reduzir as escolhas." Silva o assegura de que é exatamente isso.
"Sendo assim", diz Bruno, "a melhor maneira de não nos tornarmos escravos com poucas escolhas é criando leis que reduzam nossas escolhas."
Silva tem sérios problemas em seguir argumentos lógicos, mas até mesmo ele é capaz de sentir que a coisa está desandando e indo perigosamente para o lugar errado, muito embora ele não consiga saber exatamente para onde. Ele apenas sente que não quer prosseguir neste caminho. Sendo assim, ele muda sua linha de raciocínio. "Você tem de defender sua renda como trabalhador."
Bruno completa: "Restringindo minhas escolhas como consumidor."
Silva diz: "É isso aí, exatamente. E você também deve limitar as escolhas de todos os outros cidadãos consumidores."
Bruno diz: "Então, a melhor maneira de manter minha renda como produtor é reduzindo o número de vendas que as pessoas Daquele Lado podem me fazer, e também reduzindo o número de vendas que eu posso fazer para as pessoas Daquele Lado."
Silva responde: "Não se preocupe quanto à redução de vendas para Aquele Lado. Eles são todos um bando de escravos."
Bruno pergunta: "E por que eles são escravos?"
Silva tem a resposta certa: "Porque eles passaram a vida toda seguindo ordens dadas por pessoas com armas e distintivos."
Conclusão
O leitor seguiu meu raciocínio? Se sim, você provavelmente não é um protecionista mercantilista.
O leitor concorda com meu raciocínio? Se sim, então você definitivamente não é um protecionista mercantilista.
Protecionistas mercantilistas não gostam de argumentos econômicos que sejam claros. Eles consideram a clareza argumentativa um truque para confundir incautos. Eles creem que qualquer argumento que evolua passo a passo até uma conclusão é inerentemente inconfiável.
Eles preferem termos populares e de fácil apelo, os quais os levam a clamar por tarifas em nome da defesa destes termos por eles inventados. Tudo se resume a "Este Lado" e "Aquele Lado". Eles temem que o comércio com pessoas Daquele Lado irá nos empobrecer.
Um protecionista acredita que, se alguém na China descobrisse a cura para o câncer, a única maneira de proteger os cidadãos de seu país contra a concorrência desleal e a inevitável pobreza que isso geraria seria impondo uma tarifa de pelo menos 50% sobre a importação deste remédio. "Temos de dar ao nosso povo a chance de concorrer", diz ele. Não aos compradores da cura do câncer, é claro. Aos vendedores.
Se você acha que isso é um argumento ignaro, você não é um protecionista mercantilista. Você não crê que armas, distintivos e tarifas sobre importações tornam as pessoas de um dos Lados da linha invisível mais ricas. Mas tais coisas de fato tornam algumas pessoas mais ricas: (1) produtores ineficientes que podem agora vender a preços mais altos e não ir à falência em decorrência da perda de consumidores, e (2) pessoas que usam distintivos e carregam armas como meio de vida. Se você acha que estes dois grupos são devotos do "capitalismo de estado" e nada mais são do que "extorsores assalariados", você acertou a classificação das categorias.
Se você quer uma imagem visual, pense nas palavras de Don Corleone: "Fiz uma proposta que ele não podia recusar". Pense também no sujeito que acordou em sua cama ao lado de uma cabeça de cavalo decepada. Isso é o protecionismo mercantilista.
Gary North , ex-membro adjunto do Mises Institute, é o autor de vários livros sobre economia, ética e história. Visite seu website.
UM ATO DE DESESPERO
A partir de 1.º de agosto, o ex-presidente do PT, ex-ministro da Casa Civil e deputado cassado José Dirceu será julgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por formação de quadrilha e corrupção ativa. Pelo primeiro delito, poderá ser condenado a até três anos de prisão. Pelo segundo, a até 12. O então procurador-geral da República que o denunciou ao Supremo em 2005, Antonio Fernando de Souza, apontou Dirceu como "chefe da quadrilha" ou da "sofisticada organização criminosa" que produziu o mensalão, a compra sistemática de apoio de deputados federais ao governo Lula. A denúncia ao STF foi aceita por unanimidade. No ano passado, o atual procurador, Roberto Gurgel, ratificou o pedido de condenação de Dirceu e de 35 outros réus (dos 40 citados da primeira vez, 1 faleceu e outro fez acordo para ser excluído do processo; para 2 outros, um dos quais, Luiz Gushiken, colega de Dirceu no Ministério, Gurgel pediu a absolvição.
Dirceu alega inocência e se diz alvo histórico do "monopólio da mídia". A imprensa desejaria vê-lo destruído não pelos seus atos no governo Lula, mas pelo que decerto ele considera ser o conjunto da sua obra como o maior líder revolucionário socialista do Brasil contemporâneo, uma espécie atípica de Che Guevara que não fez guerrilha, escapou de ser eliminado e chegou ao poder graças à democracia burguesa. O julgamento que o aguarda, disse dias atrás aos cerca de mil estudantes presentes ao 16.º Congresso Nacional da União da Juventude Socialista, ligada ao PC do B, no Rio, será a "batalha final". Desde os tempos da militância estudantil, ele sempre se teve em alta conta. "Batalha final" é não só uma expressão encharcada de heroísmo, que pode ser usada da extrema direita à extrema esquerda, mas é consanguínea da "luta final" dos "famélicos da terra", nas estrofes da Internacional, o célebre hino revolucionário francês de 1871.
Do alto de sua autoestima e na vestimenta de vítima que enverga, até que faria sentido ele propagar que o julgamento no STF representará o momento culminante do confronto de proporções épicas que nunca se furtou a travar em defesa de seus ideais. Mas a arena que ele tem em mente é outra - e outros também os combatentes. "Essa batalha deve ser travada nas ruas também", conclamou, "se não a gente só vai ouvir uma voz pedindo a condenação, mesmo sem provas (a dos veículos de comunicação)." Em outras palavras, se a Justiça está sob pressão da mídia para condená-lo, que fique também sob pressão do que seria a vanguarda dos movimentos sociais para absolvê-lo. Se der certo, a voz do povo falou mais alto. Se não der, o veredicto da Corte está desde logo coberto de ilegitimidade, como se emanasse de um tribunal de exceção.
Em 2000, dois anos antes da primeira eleição de Lula, Dirceu conclamou o professorado paulista a "mais e mais mobilização, mais e mais greve, mais e mais movimento de rua", porque eles - os tucanos como o governador Mário Covas - "têm de apanhar nas ruas e nas urnas". Pouco depois, no dia 1.º de junho, o governador, já debilitado pelo câncer que o mataria no ano seguinte, foi covardemente agredido por manifestantes diante da Secretaria da Educação, no centro de São Paulo. Depois, Dirceu quis fazer crer que não incentivara o ataque: foi tudo "força de expressão". Não há, portanto, motivo para surpresa quando ele torna a invocar "as ruas". Na sua mentalidade ditatorial - em privado, desafetos petistas já o qualificaram de "stalinista irrecuperável" -, ele se esquece até do dito marxista de que a história se repete como farsa.
Como já se lembrou, o então presidente Collor conclamou a população a protestar contra a tentativa de destituí-lo. A população, especialmente os jovens, aproveitou para pedir o seu impeachment. Como também já se lembrou, hoje em dia os jovens nem sequer saem de casa em defesa de bandeiras mais nobres, a começar pelo repúdio à impunidade dos corruptos, que dirá para assediar o STF no caso do principal réu de um caso de corrupção comparável apenas, talvez, aos dos escândalos da República de Alagoas. Mas é óbvio que a tentativa rudimentar de intimidação repercutirá no tribunal. Se Dirceu não se deu conta disso é porque, como Lula já disse, ele está mesmo "desesperado".O Estado de S.Paulo - 13/06 Editorial
terça-feira, 12 de junho de 2012
CRISE DA GRÉCIA
Entenda a Crise da Grécia do Ponto de Vista da Administração Financeira
O problema da Grécia não é sair ou não do Euro.
O problema da Grécia, Espanha, Itália etc. é que as dívidas são todas governamentais.
Quando as dívidas são privadas, de empresas por exemplo, existem três níveis de garantias e proteção para banqueiros e investidores.
1. O empréstimo é contraído especificamente para uma atividade produtiva, exemplo, compra de uma máquina. Vide exemplo em www.debentures.com.br
2. A máquina e mais o prédio, talvez, são dados em garantia do empréstimo. Se não pagarem, toma-se a máquina e o prédio onde ela se alojava. Ou toma-se a empresa toda, que sob nova gerência poderá se tornar lucrativa novamente.
3. Toda a empresa tem Capital Social, digamos EU 100 milhões, que é o capital oferecido pelos capitalistas para a sociedade como um todo, e para garantir a estabilidade dos negócios. Mais um nível de proteção.
Se os empréstimos tivessem sido dados às empresas gregas, as empresas teriam se tornado mais produtivas, ou os banqueiros estariam agora colocando pessoas competentes para administrar estas empresas.
Em vez de ficar tudo parado esperando não se sabe o quê.
Só que os empréstimos foram dados para o Governo Grego, que gastou em aposentadorias de todos os tipos, gastos eleitorais de todos os tipos, e juros de empréstimos anteriores.
Neste caso não há máquinas que possam ser tomadas, nem gerentes ineficientes que possam ser substituídos.
Os Bancos não podem destituir o Governo Grego e colocar pessoas competentes no lugar, a "democracia" não permite isto. Os mesmos políticos que arruinaram a Grécia serão reconduzidos ao poder.
A Grécia e nenhum outro governo, diga-se de passagem, possui o conceito de Capital Social, ou um fundo Garantidor, ou um valor fixo de proteção.
Nas empresas, administradores deixam um claro aviso no Balanço.
"Nosso Capital Social é de EU 100 milhões, se houver algum problema aqui na empresa não pensem em recuperar mais do que isto, porque não tem."
Os EU 100 milhões seriam um colchão de segurança.
Se um Banco quiser emprestar EU 200 milhões, ele fica sabendo que se nós administradores fizermos bobagens e perdermos mais do que 50%, o Banco vai entrar com a diferença, não o Banco Central Europeu ou o povo Grego.
Administradores Econômicos, aqueles que administram países e não empresas, fariam tudo diferente.
1. Empréstimos tomados seriam sempre investidos em infraestrutura, tecnologia, financiamento a empresas, computadores, equipamentos, cujas taxas de retorno fossem maiores, bem maiores, do que as taxas de juros cobradas.
2. Todo ano faríamos um Demonstrativo listando o Total dos Empréstimos, e o Total dos Ativos comprados e dados em garantia.
Entre na internet e veja se o Governo Grego, Espanhol ou Italiano tem este demonstrativo.
3. Todo ano faríamos um Demonstrativo do Retorno dos Investimentos que nós fizemos, comparados com as taxas de juros que pagamos, mostrando se os investimentos foram rentáveis.
Como fazemos nas empresas para que vocês decidam nos manter no comando ou não, ou se deveríamos parar de tomar empréstimos.
4. Teríamos um Fundo Garantidor de montante fixo e pré determinado, avisando aos Banqueiros o nosso limite de comprometimento se tudo der errado.
Nenhum plano de austeridade teria de ser efetuado, nem haveria um compromisso ilimitado de pagar pelos erros de governos passados e atuais. Perderíamos o que colocamos no Fundo Garantidor, afetaria o passado, mas não o futuro.
Tudo isto é o Beabá da Administração, minha gente, que poderia ser muito mais aprofundado, se pudéssemos colocar em prática este mínimo.
A decisão é de vocês. Por Stephen kanitz
JURO SUBIU EM 54% NO MÊS DE MAIO
No mês de maio, os juros estabelecidos pelo Banco Central do Brasil aumentaram em 43% e ninguém noticiou.
Estão fazendo ainda matérias sobre a queda dos juros. Inacreditável!
Saber que os juros subiram 43% é muito importante para todos tomarem decisões corretas quanto aos planos de investimentos e aplicações financeiras.
Flutuações, para cima de 43% ou para baixo, são preocupantes porque mudam rapidamente o cenário econômico financeiro e geram instabilidade. O gráfico acima mostra a maluquice da nossa política monetária nominalista.
Um mês atrás, os juros oferecidos pelo Banco Central, depois do IR, era de 1,6%. (8,5% - 20% IR - 5,1% de inflação projetada)
Hoje está em 2,3%. Um aumento de 43% na taxa de juros em menos de um mês.
O que ocorreu foi a queda da estimativa da inflação de 5,1% para 4,5%, e a manutenção do "juro nominal" neste período.
Este é o problema do Nominalismo Econômico, nunca se sabe ao certo qual é o juro de um país.
Esta maluquice toda decorre do fato de que no Brasil estabelecemos o preço do dinheiro em termos nominais, e não em termos reais.
Usamos um sistema de coordenadas nominais e não reais.
A ciência econômica ainda não descobriu o que os contadores descobriram 500 anos atrás, a diferença entre regime de caixa e regime de competência.
"Juro" nominal é de fato o que entra (ou sai) do caixa, mas isto não significa que seja o "custo" do dinheiro.
Realistas usam o regime de competência, o que exclui a inflação que não é custo. É uma receita, mostra quanto sua dívida será mais fácil de ser paga no futuro.
Estou preparando um curso de 19 aulas para o KanitzVideo do YouTube, Finanças Para O Século XXI, onde mostro os grandes erros financeiros do século XX, e proponho algumas soluções, entre elas o Realismo Econômico. Aguardem. Por: Stephen Kanitz
segunda-feira, 11 de junho de 2012
O MAL ESSENCIAL DO BRASIL É O TAMANHO DO ESTADO
O MAL ESSENCIAL DO BRASIL É O TAMANHO DO ESTADO! OU: ATÉ O LIBERALISMO FOI ESTATIZADO NO BRASIL!
O Brasil precisa de mais transparência?
O Brasil precisa de mais democracia?
O Brasil precisa de menos corrupção?
O Brasil precisa de menos impunidade?
O Brasil precisa de mais vergonha na cara?
Então não tem jeito: o estado tem de diminuir! Dado o seu tamanho, é ingovernável segundo patrões mínimos de moralidade e decência. Temos a combinação do capeta, que nos coloca entre os países mais corruptos do mundo: um estado-empresário gigantesco, com cargos distribuídos segundo a conveniência do governo de turno. Aí alguém objeta: “E a China?” O que tem a China? Também disputa o topo no ranking da corrupção. Se, por aqui, a ascensão a cargos de comando se dá segundo a conveniência dos vários partidos que se associam para disputar o poder, por lá se dá segundo a lógica de ascensão no seio do partido único.
Analisem o noticiário. Não há um só escândalo no país que não nasça da organização mafiosa de entes privados para negociar com organizações mafiosas de entes estatais. Por que há menos casos de corrupção nos EUA? Não é só por causa da legislação e da mecânica processual, que pune com mais celeridade os vagabundos. É porque a chance de fazer negócios — e, portanto, negociatas — com o estado é muito menor. Inexistem estatais por lá. Não há uma PetroUSA ou uma EletroUSA a serem extorquidas ou a extorquir. Obama tem menos poderes imperiais do que Dilma Rousseff, é fato. O sistema político, que é, na prática, bipartidário, impede a fisiologia. Não há horário eleitoral gratuito a determinar alianças políticas (santo Deus!!!). Há quase 30 mil cargos federais de livre provimento no Brasil — nos EUA, não chegam a 9 mil; no Reino Unido, são apenas 300!!! Tudo isso, é verdade, diminui enormemente a chance de, como direi?, a má natureza humana se manifestar. Mas nenhum fato é tão importante quanto a existência de empresas estatais gigantescas que podem fazer a sua própria política — sob a inspiração do loteamento de cargos entre os partidos. Aí é o pior dos mundos.
Vejam o caso do financiamento do subjornalismo pistoleiro, um aspecto para o qual tenho chamado a atenção já faz alguns anos. Em que pais do mundo democrático bancos públicos financiariam páginas, eletrônicas ou de papel, cujo objetivo declarado é atacar aqueles que o partido do poder considera “inimigos”? Imaginem se órgãos federais nos EUA poderiam financiar a rede de difamação dos adversários de Obama… É um troço absolutamente impensável. Aqui, essa prática é escancarada.
Infelizmente, nos nove anos de governo petista, a cultura do estatismo se agigantou. E contra os fatos. Foi a privatização da Telebras que permitiu, por exemplo, o desenvolvimento acelerado da economia da informação. Não obstante, foi justamente a privatização da Telebrás o cavalo de batalha cavalgado pelo PT para satanizar o governo FHC. Nesse tempo, por intermédio da forte atuação do BNDES na fusão de grupos empresariais, sob o pretexto de criar players globais, o estado aumentou seus tentáculos também no setor privado. Dados os poderes imperiais do Executivo para regular a economia, a legislação tributária e fiscal pode eleger setores que serão beneficiados por incentivos e isenções fiscais.
O resultado desse modelo é um só: déficit de democracia. Por quê? Porque o aparelho estatal e o setor privado passam a orbitar, necessariamente, em torno do governo, dependentes de suas vontades. Volto aos EUA. Ainda que Obama quisesse, sei lá eu, punir empresas que financiam think tanks republicanos, ele não teria como fazê-lo porque não dispõe de instrumentos para tanto. O mesmo valia para Bush com as que financiavam os democratas. No Brasil, bastaria um telefonema — o preço da rebeldia pode ser a suspensão ou não-concessão de um financiamento.
Há um setor que escapa desse massacre estatal: a imprensa independente, que se financia no mercado. Não é de oposição; não é se situação. Não é de esquerda; não é de direita. Atenção! Poderia, sim, fazer as suas opções — a exemplo do que ocorre em todo o mundo democrático. Mas não tem sido essa a prática por aqui. Busca-se, de forma obsessiva, a neutralidade — avalio, vocês sabem, que, na média, os valores à esquerda triunfam (mas deixo isso para outro momento).
Não por acaso, o principal alvo do partido do poder, o PT, hoje em dia, é justamente essa imprensa independente, que consegue escapar ao controle estatal e não cede à chantagem do poder. Os petistas não se conformam com essa independência e falam de modo obsessivo em “controle social da mídia” — que é, na verdade, “controle partidário da informação”. Não conseguem aceitar uma forma de diálogo com a opinião pública que escape ao controle do estado — que, no caso, se confunde com o controle do próprio partido.
Então aparecem os Dirceus e os Bastos da vida para acuar a imprensa de ser “parcial”, de tentar impor a sua visão de mundo, de ser “opressiva” etc. Ou temos, a exemplo do que fez Eduardo Paes no encontro da Juventude Socialista, autoridades que empenham solidariedade justamente àqueles que, flagrados em falta, devem explicações à sociedade. Trata-se, em suma, de ações que buscam silenciar as poucas vozes que se fazem ouvir contra as imposições dos tais “donos do poder”.
Não há reforma política, eleitoral ou administrativa que nos conduza a um bom lugar enquanto o estado tiver esse tamanho e seus mandatários de turno puderem impor a sua vontade. Uma simples lei de acesso à informação vai para o brejo porque as estatais dizem que se trata de segredos empresariais. E onde estão, afinal de contas, os nossos liberais? Alguns deles estão lá, acafofados no Palácio, prestando vassalagem ao Poder Executivo.
Ou por outra: até o liberalismo foi estatizado no Brasil!
Por Reinaldo Azevedo
QUEM GOVERNA ESTE PAÍS?
As nações do Ocidente há muito temem a contaminação da ‘doença Americana’ – a invasão por parte dos juízes da autoridade que pertence ao povo e seus representantes eleitos. Estas nações estão aprendendo, talvez tarde demais, que este imperialismo não é uma doença Americana: é uma doença judicial que não conhece fronteiras. A moléstia aparece sempre que são dados aos juízes, ou estes se apossam do poder de reformar as decisões de outros ramos do governo – o chamado poder de revisão legal.
ROBERT H BORK
Coercing Virtue: The Worldwide Rule of Judges
O Brasil se encontra numa encruzilhada que costuma ser fatal às liberdades individuais: a total confusão entre as respectivas funções dos três poderes. Além disto, existe a anarquia gerada pelo poder da chamada ‘sociedade civil’, as minorias organizadas, em influenciar os poderes da República, inclusive o Judiciário, que deveria ser isento de influência popular para julgar conforme as Leis, e não sob o clamor e aplauso de parte mínima do povo.
A raiz desta situação se encontra no atabalhoado processo de ‘redemocratização’ que culminou numa Constituição fajuta – chamada cidadã! – uma colcha de retalhos que só poderia tornar o país ingovernável, como foi na República de Weimar, no breve intervalo republicano russo de fevereiro a outubro de 1917 e na Áustria na década de 30 até as ditaduras Dolfuss e Schuchnigg e o inevitável Anschluss.
Já no início da ‘democracia’ uma mentira que teve conseqüências trágicas: a oposição aos militares prometia eleições diretas, mobilizou milhões de idiotas úteis em passeatas e ‘atos públicos’ pelas ‘Diretas Já’ quando tudo já estava combinado no recesso dos gabinetes para a eleição indireta. Não se mente impunemente para o povo. Já se demonstrava que a democracia que se iniciava era de mentira, uma falsidade para ser aproveitada pelos demagogos e corruptos que se aboletavam nos palanques.
A constituição fajuta – e impunemente fraudada por Nelson Jobim - que hoje nos rege criou mecanismos incompatíveis entre si, além de um quarto poder: o nefasto ministério público, totalmente controlado pela única associação profissional com existência constitucional, a Ordem dos Advogados do Brasil. É um absurdo uma associação de profissionais ter existência na própria Constituição Federal, é o renascimento do Estado Corporativo de Mussolini, só que, na imitação brasileira, como sói, é de uma corporação só, a dos onipotentes advogados. É desta excrescência que nasceu o enorme poder dos Juízes. E, paradoxalmente, dos demais poderes e da luta entre eles.
Segundo a coluna ‘Panorama Político’ (Globo, 10/06/12) os dirigentes da OAB estão em pânico com a votação do projeto que acaba com o exame da ordem. Alegam que o mercado de 700 mil advogados será inundado com milhões de novos profissionais. Certamente seu temor é que estes milhões não se submetam à corriola do seu Ophir et caterva, que dirigiu recentemente um mimo aos Congressistas ao dizer que ‘o Congresso transformou-se num pântano’. Pode ser que seja, mas a sua OAB, seu Ophir, é um exemplo de moralidade?
A constituição de 1988 consagrou também o Estado Democrático de Direito. A introdução desta palavrinha deturpou totalmente o antigo e valioso conceito de Rule of Law, o império das leis, o Estado de Direito, onde governam as Leis, e não os homens.
Já Aristóteles apontava que a democracia tende a degenerar em olocracia, termo proposto por Políbio, que significa ditadura das massas controladas por demagogos. O termo indica o jugo imposto pelas multidões ao poder legítimo e à lei, fazendo valer os seus intentos acima de quaisquer determinações de Direito Positivo. Não creio que o Brasil corra este risco, Aristóteles não conseguiria prever a invenção gramsciana da ‘sociedade civil organizada’ e é esta que manda e desmanda no País, não as massas que sequer sabem bem o que está acontecendo. Um exemplo: o Brasil prepara-se para a pantomima chamada Rio+20. Só 22% têm uma vaga idéia do que seja esta palhaçada e só 16% já ouviram falar em ‘sustentabilidade’ ou ‘desenvolvimento sustentável’ e não sabem o que seja.
Alexander Tyler, já antes da Independência Americana advertia, se referindo à queda da democracia ateniense mil anos antes: Uma democracia não pode existir como uma forma permanente de governo. Só pode existir até que os eleitores descubram que podem votar por mais dinheiro do tesouro público para si mesmos. Deste momento em diante a maioria sempre votará nos candidatos que prometem a distribuição de mais dinheiro do tesouro público, tendo como resultado que uma democracia sempre acaba em razão de políticas fiscais frouxas, liberais e irresponsáveis e são seguidas por uma ditadura. O tempo médio de duração das grandes civilizações da história tem sido de duzentos anos. Estas nações evoluíram através da seqüência seguinte: da escravidão à fé espiritual, da fé espiritual para uma grande coragem, da coragem para a liberdade, da liberdade para a abundância, da abundância para o egoísmo, do egoísmo para a satisfação pessoal, desta para a apatia, da apatia para a dependência e desta de volta à escravidão.
Thomas Jefferson já advertia: não foi para criarmos uma tirania da maioria que fizemos uma revolução. Por esta razão os framers da Constituição Americana impuseram checks and balances para impedir a tirania: o Bill of Rights, a eleição indireta do Presidente, o Federalismo, concedendo aos Estados e ao povo, todas as prerrogativas que não fossem definidas na Constituição como sendo do Congresso, a necessidade das Emendas à Constituição serem aprovadas por no mínimo 35 legislativos Estaduais antes de adquirirem poder legal, etc.
Se a democracia é um risco na política, na Justiça é catastrófica! Quando um ex Presidente tenta chantagear um membro do STF, algo anda mal não só com o chantagista, mas também com a Suprema Corte.
Em primeiro lugar o STF vem se arrogando poderes legislativos que não são seus, como correu no casamento gay, nas cotas – com a ridícula atitude de um de seus Membros deixando sua cadeira para um falecido abolicionista - e principalmente no caso do aborto de anencéfalos, rasgando a Constituição que juraram defender. Mas julgar de acordo com o clamor popular tornou-se a regra nas Cortes brasileiras.
A lei seca inclui uma inconstitucionalidade retumbante: se ninguém pode ser obrigado a fazer prova contra si mesmo, por que se o sujeito que se recusa exatamente a isto, negando-se a usar o bafômetro, é punido com multa de quase mil reais, retenção da CNH e apreensão do veículo? Usar um privilégio legal reconhecido há dois mil anos é crime ou contravenção no Brasil?
O mesmo ocorre com a tal ‘ficha suja’: se ninguém pode ser julgado culpado sem processo transitado em julgado, por que uma simples suspeita sobre as contas, levantada por um Tribunal que, convenhamos, não é muito confiável, impede alguém de se candidatar?
Tudo isto acontece porque assim pede o que chamam clamor popular, que não passa de campanhas coordenadas por associações tipo OAB e ONGs fundadas às pressas e assinadas por menos do que 2% da população brasileira (no melhor dos casos).
Em segundo lugar um Ministro do Supremo jamais deveria aceitar convites para reuniões com ex Presidentes no escritório de um advogado fraudador da Constituição e que foi brindado com o cargo que Ministro da Justiça por FHC e da Defesa pelo ex Presidente em questão.
Ora, se as coisas estão assim, por que o Executivo também não se arrogaria direitos judiciários, como a Comissão da Verdade?
Bagunçou geral! Mas a situação é gravíssima! José Dirceu já está mobilizando contra o julgamento do mensalão a tropa de choque petista, o tal ‘levante popular da juventude’, o equivalente às Sturmabteilung (foto 1) ou talvez se assemelhem mais ao Heiwwehr (Guarda Nacional) austríaca (foto 2), país onde, segundo Carroll Quigley (Trajedy and Hope: a History of the World in Our Time) toda a moral política foi destruída, a integridade pública corrompida (...) e o campo foi deixado livre para slogans sem significado, vantagens materiais grosseiras, criticadas por piedosas expressões de falso moralismo, onde ninguém conhecia os verdadeiros pensamentos dos outros e ninguém podia confiar em ninguém.
Será este o legado da redemocratização? Será por isto que querem tucanos e petistas, condenar os militares por terem conduzido os negócios públicos de forma bem diferente? Será preciso satanizá-los para evitar a comparação?
Como se dizia antigamente: os tempos estão bicudos! Por: HEITOR DE PAOLA
CONTAR OS REFUGIADOS PALESTINOS?
A solução do conflito árabe-israelense requer o fim da farsa absurda e danosa da proliferação de refugiados palestinos fantasmas.
O âmago fétido e tenebroso da guerra árabe contra Israel, como já venho afirmando há muito tempo, não consiste nos conflitos sobre Jerusalém, postos de controle ou "assentamentos". Melhor dizendo, consiste nos assim chamados, refugiados palestinos.
Assim chamados pelo fato dos cerca de 5 milhões de refugiados legalmente reconhecidos, assistidos pela UNRWA ("Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina"), apenas 1 porcento serem realmente refugiados que se enquadram na definição da agência como "pessoas cujo local normal de residência era a Palestina entre junho de 1946 e maio de 1948, que perderam tanto seus lares como seus meios de sobrevivência em consequência do conflito árabe-israelense de 1948". Os outros 99% são descendentes daqueles refugiados ou o que eu chamo de refugiados fantasmas.
Pior: aqueles que estavam vivos em 1948 estão gradualmente morrendo e em cerca de cinquenta anos nenhum refugiado verdadeiro estará vivo, enquanto (extrapolando a partir de uma estimativa confiável do Refugee Survey Quarterly por Mike Dumper) os descendentes, refugiados fantasmas, já estarão na casa dos 20 milhões. Sem controle, sua população irá inchar como um balão até o final dos tempos.
Consequentemente esta questão é muito importante pelo fato do status de refugiado ter efeitos negativos: destrói a vida dos milhões de não refugiados, marginalizando-os e ao mesmo tempo incutindo um sonho irredentista, ilusório e vergonhoso, pior que isso, o status de refugiado eterniza-os como uma lança permanentemente apontada para o coração de Israel, ameaçando o estado judeu e desestruturando o Oriente Médio.
Em suma, a solução do conflito árabe-israelense requer o fim da farsa absurda e danosa da proliferação de refugiados palestinos fantasmas e assentá-los de forma permanente. 1948 já passou, está na hora de cair na real.
Tenho a satisfação de informar que, baseado em parte no trabalho realizado por Steven J. Rosen e por mim, do Middle East Forum no último ano, em 24 de maio o U.S. Senate Appropriations Committee aprovou por unanimidade uma emenda, potencialmente decisiva, embora limitada, no que tange os US$52,1 bilhões do orçamento fiscal de 2013 do Departamento de Estado e operações externas.
A emenda proposta por Mark Kirk (Republicano de Illinois) determina que o Departamento de Estado informe o Congresso sobre o uso dos fundos anuais do contribuinte americano no valor de US$240 milhões doados aos refugiados palestinos via UNRWA. Kirk questiona, quantos dos recebedores fazem jus à definição da UNRWA citada acima, para que sejam considerados verdadeiros refugiados? E quantos não fazem jus, sendo na realidade descendentes dos refugiados?
A emenda de Kirk não exige a eliminação, nem mesmo a redução dos benefícios fornecidos aos refugiados fantasmas. Apesar de sua natureza limitada, Kirk chama o requisito de informe um "divisor de águas". De fato, ele provocou o que um alto assistente do Partido Republicano no Senado classificou de "enorme oposição" do governo jordaniano e da própria UNRWA, causando o que Josh Rogin da revista Foreign Policy chamou de incontrolável batalha.
Por que a fúria? Porque se o Departamento de Estado fosse obrigado a diferenciar entre os verdadeiros refugiados palestinos e os refugiados palestinos fantasmas, os Estados Unidos e outros governos ocidentais (que juntos cobrem mais de 80 porcento do orçamento da UNRWA), poderiam acabar por decidir pelo corte dos fantasmas e com isso solapar a reivindicação deles ao "direito de retorno" a Israel.
Lamentavelmente, a administração Obama meteu os pés pelas mãos nessa questão. A carta do Subsecretário de Estado Thomas R. Nides se opondo a uma versão anterior da emenda de Kirk mostra total incoerência. De um lado, Nides declara que Kirk iria, ao obrigar o governo dos Estados Unidos "a apresentar um parecer público sobre o número e status dos refugiados palestinos … prejulgar e determinar o resultado desta delicada questão". Do outro, o próprio Nides atribui "algo em torno de cinco milhões de refugiados [palestinos]", juntando assim refugiados verdadeiros e refugiados fantasmas – prejudicando precisamente a questão que ele insiste em manter aberta. A declaração dos 5 milhões de refugiados não foi mero acaso, ao ser indagado, o porta-voz do Departamento de Estado Patrick Ventrell, confirmou que "o governo dos E.U.A. apóia" o princípio que nos norteia a "reconhecer os descendentes de refugiados como refugiados".
Além disso, prevendo uma "reação muito negativa [à emenda] dos palestinos e dos aliados na região, especialmente da Jordânia", Nides solicitou aos árabes que pressionem o Senado dos Estados Unidos, uma manobra barata, indigna do Departamento de Estado.
Através dos 64 anos da existência de Israel, um presidente americano após o outro resolveram solucionar o conflito árabe-israelense, no entanto, todos ignoraram o aspecto mais desagradável desse confronto – a propositada exploração da questão dos refugiados a fim de minar a própria existência do estado judeu. Bravo ao Senador Kirk e a sua equipe pela sabedoria e coragem de iniciar o esforço em abordar realidades desagradáveis, começando uma mudança que finalmente vai direto ao âmago do conflito.
ESCRITO POR DANIEL PIPES | 10 JUNHO 2012
INTERNACIONAL - ORIENTE MÉDIO
Publicado na National Review Online.
Original em inglês: Count Palestine Refugees?
Tradução: Joseph Skilnik
AS MELANCIAS TOTALITÁSRIAS SE ENCONTRAM NO RIO
As melancias totalitárias se encontram no Rio - e querem empobrecer você.
Um "ambientalista" é um socialista totalitário cujo objetivo verdadeiro é ressuscitar o socialismo e o planejamento centralizado da economia sob a desculpa de estar "salvando o planeta" do capitalismo e de suas 'consequências nefandas'. Ele é 'verde' por fora, mas vermelho por dentro, daí ser apropriadamente rotulado de "melancia".
Um conservacionista, em contraste, é alguém que está genuinamente interessado em solucionar problemas ambientais e ecológicos e em proteger animais e plantas e seus habitats. Ele não propõe que o governo force uma separação entre homem e natureza por meio da estatização da terra e de outros recursos, do confisco da propriedade privada, da proibição da criação privada de certos tipos de animais, da regulação do consumo de calorias etc. Ele não é um ideólogo socialista determinado a destruir o capitalismo. Ele não se manifesta publicamente dizendo ansiar para que um novo vírus surja e aniquile milhões de humanos, como fez o fundador da ONG "Earth First". Com alguma frequência, ele busca maneiras de utilizar as instituições do capitalismo para solucionar problemas ambientais. Há até um novo rótulo para tal pessoa: ambientoendedor. Ou ele também pode ser considerado um "ambientalista pró-livre mercado" que entende como direitos de propriedade, direito consuetudinário e mercados podem resolver vários problemas ambientais, como de fato já o fizeram.
À luz desta distinção entre um ambientalista e um conservacionista, "Melancias do Mundo, Uni-vos!" deveria ser o tema da próxima conferência ambientalista, a Rio +20, a ser realizada no Rio de janeiro a partir de 19 de junho. O encontro será dedicado a infindáveis maquinações sobre como criar uma economia mundial centralmente planejada (sob o controle dos burocratas da ONU), sempre tomando o cuidado de utilizar o mais novo eufemismo criado para designar um planejamento central socialista: "desenvolvimento sustentável".
Isto não significa que as Melancias do Mundo serão bem-sucedidas; significa apenas que elas são tão numerosas quanto moscas sobre um rebanho bovino, e que jamais irão desistir de sua quimera a respeito de uma economia mundial socialista e centralmente planejada, não importa o pesadelo que o socialismo tenha sido para milhões de pessoas ao redor de todo o mundo.
Embora a histeria ambientalista não seja algo realmente novo na história do mundo, poucos sabem quem realmente criou e estimulou a atual estratégia utilizada pelas melancias: seu inventor foi uma das eminências pardas do socialismo acadêmico, o falecido e famoso economista Robert Heilbroner.
Tudo começou em um ensaio publicado em 10 de setembro de 1990 na revista The New Yorker intitulado "Após o Comunismo". Escrito justamente durante o colapso mundial do socialismo — e durante a tardia constatação de que os governos socialistas ao longo do século XX haviam assassinado mais de 100 milhões de seus próprios cidadãos como parte do "preço" de se estabelecer o "paraíso socialista" na terra —, o ensaio de Heilbroner foi um grande mea culpa (ver o livro Death by Government, de Rudolph Rummel). Ele até mesmo chegou escrever as palavras "Mises estava certo" a respeito das inerentes falhas e contradições do socialismo, referindo-se aos escritos de Ludwig von Mises nas décadas de 1920 e 1930 que explicavam em grandes detalhes por que o socialismo jamais poderia funcionar como sistema econômico (além de seu livro Socialism, ver seu artigo seminal O cálculo econômico sob o socialismo).
Após admitir que ele próprio estava completamente equivocado ao longo de todo o último meio século, durante o qual ele havia dedicado toda a sua carreira acadêmica promovendo o socialismo nos EUA (o propósito dissimulado de seu livro The Worldly Philosophers, que fez dele um milionário), Heilbroner, com muito pesar, lamentou que "Não estou muito esperançoso quanto às chances de o socialismo continuar sendo considerado uma importante forma de organização econômica..." Enquanto grande parte do resto do mundo celebrava freneticamente a morte desta instituição diabolicamente cruel, Heilbroner estava aos prantos e de luto.
Porém, em vez de enfrentar a realidade de que todas as formas de socialismo são inerentemente más, cruéis e tirânicas, Heilbroner enfatizou que "o colapso das economias planejadas nos forçou a repensar o significado de socialismo". (Por estar escrevendo para a The New Yorker, Heilbroner, muito coerentemente, pressupôs que todos os leitores eram ideólogos socialistas como ele, daí o pronome oblíquo "nos"). Afinal, continuou ele, "o socialismo é uma descrição geral da sociedade em que gostaríamos que nossos netos vivessem." Porém, "o que restou, portanto," da "honorável denominação 'socialismo'?", perguntou Heilbroner.
O homem estava obviamente deprimido e desanimado com o fato de que a história havia demonstrado que sua carreira acadêmica havia sido uma completa fraude, mas ele não estava disposto a conceder derrota e admitir este fato. Tampouco estava ele dispoto a desistir de perpetrar os mesmos tipos de fraude que havia perpetrado durante todo o meio século anterior. Um novo subterfúgio deveria ser inventado, disse ele, para enganar ou acalentar o público, fazendo com que ele se mostrasse novamente disposto a adotar o socialismo. Isso poderia demorar um pouco, admitiu ele, mas se "nós" obtivermos êxito, "nossos bisnetos ou tataranetos poderão estar preparados para se submeter a arranjos sociais que nossos filhos e netos rejeitaram."
O subterfúgio sugerido por Heilbroner foi explicado por ele próprio da seguinte maneira: "Há, no entanto, uma outra maneira de olharmos para o socialismo. Tal maneira seria concebê-lo... como a sociedade que irá inevitavelmente surgir caso a humanidade tenha de lidar com ... o fardo ecológico que o crescimento econômico vem impondo ao ambiente." Em outras palavras, "nós" socialistas temos todos de nos transformarmos em melancias. Se um número suficientemente grande do público puder ser ludibriado por este subterfúgio, então o "capitalismo terá de ser monitorado, regulado e restringido de tal forma que seria difícil chamar esta nova ordem social de capitalismo".
Foi esta, portanto, a estratégia recomendada por Heilbroner em seu ensaio de 1990. Os socialistas teriam de mudar sua postura: em vez de acusar o capitalismo de ineficiência e desperdício, a nova estratégia seria acusá-lo de destruição ambiental e, consequentemente, criar inúmeras burocracias, regulamentações e leis com a explícita intenção de subverter totalmente as características do capitalismo a ponto de fazer com que, segundo os próprios socialistas, o novo arranjo social gerado não possa de modo algum ser considerado capitalismo.
E é exatamente isto o que será discutido no próximo evento ambientalista no Rio.
Thomas DiLorenzo é professor de economia no Loyola College, em Maryland e membro do corpo docente senior do Mises Institute. É o autor dos livros The Real Lincoln, Lincoln Unmasked, How Capitalism Saved America: The Untold History of Our Country, From the Pilgrims to the Present e, mais recentemente, Hamilton's Curse:How Jefferson's Archenemy Betrayed the American Revolution - And What It Means for Americans Today..
Tradução de Leandro Augusto Gomes Roque
BRASIL GASTA 2 BILHÕES NO HAITI
Brasil gasta seis vezes mais no Haiti do que com a Força de Segurança Nacional.
O que começou como uma operação emergencial de seis meses, com um custo previsto de R$ 150 milhões, completou no início deste mês oito anos de duração, a um preço de quase R$ 2 bilhões. A operação militar do Brasil no Haiti, iniciada em 1º de junho de 2004 como parte do plano do governo Lula para obter um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU, consumiu até agora mais de seis vezes o que foi gasto pelo governo federal com a Força Nacional brasileira entre 2006 e 2012. Além disso, equivale a cerca de dois anos de gastos do principal programa de segurança pública da União, o Pronasci.O valor de R$ 1,97 bilhão, já descontada a inflação do período, foi obtido pela Folha por meio da Lei de Acesso à Informação junto ao Ministério da Defesa.
A conta total é ainda maior, pois o ministério alegou não dispor de informações sobre auxílios, indenizações e outros benefícios previstos numa lei, criada após a entrada do Brasil no Haiti, que trata da remuneração de militares que atuam em missões internacionais de paz. Mais de 16 mil militares brasileiros estiveram no país desde 2004. Segundo o levantamento, uma boa parte do dinheiro gasto pelo Brasil no Haiti foi dirigida à modernização de equipamentos. O Brasil adquiriu veículos (R$ 162,3 milhões), explosivos e munições (R$ 24,3 milhões), armamentos (R$ 22 milhões) e embarcações e equipamentos para navios (R$ 18,1 milhões).
Uma parte dos gastos do Brasil no Haiti é reembolsada pela ONU, responsável pela missão de paz. Até outubro de 2010, foram R$ R$ 328 milhões, ou apenas 25% do total (o ministério não repassou números atualizados). Em nota, o ministério afirmou à Folha que os gastos estimulam a indústria militar brasileira. "A aquisição de material moderno para equipar os militares brasileiros permite, além da eficiência no emprego da tropa, fomentar a indústria de defesa brasileira e projetar o Brasil internacionalmente."
Um dos generais que lideraram a missão no Haiti disse, sob garantia de não ser identificado, que o Brasil "já devia ter pensado em sair" do país caribenho. O oficial reconhece que o Brasil não vai retirar suas tropas "tão cedo" e por uma razão política: a missão é usada como cartão de visitas do Brasil no exterior, como um exemplo de sucesso. (Da Folha de São Paulo)
40 ANOS DEPOIS DE WATERGATE, AS SUBVERSÕES DE NIXON
O adeus de Nixon na Casa Branca
No escândalo Watergate, vimos os baixos e altos da democracia americana. O presidente republicano Richard Nixon era o subversivo, mas o sistema democrático (imprensa, Judiciário e Congresso) fez a necessária faxina. Será uma semana para relembrar, pois em 17 de junho próximo serão os 40 anos do arrrombamento da sede do Partido Democrata, no edifício Watergate, em Washington. Dois anos mais tarde, Nixon renunciou (para escapar do impeachment), por seu papel na conspiração criminosa para obstruir a justiça.
Vamos dar a palavra para Bob Woodward e Carl Bernstein, que eram os jovens repórteres de primeira hora que investigaram o “caso policial e local” para o jornal The Washington Post e que ao longo do tempo tiveram papel-chave na queda de Nixon. Domingo, eles publicaram artigão num tiro de largada para a maratona dos 40 anos. A dupla enfatiza que hoje se sabe que foi muito pior do que pensava em 1972, graças à documentação que se acumulou nas últimas décadas.
Os jovens Woodward e Bernstein (no telefone)
Watergate, claro, foi apenas uma fatia da campanha de Nixon de espionagem política, sabotagem e outras atividades ilegais contra seus adversários reais e imaginários. Nas palavras de Woodward e Bernstein, o desrespeito à lei e a busca de segredos e sujeiras sobre os oponentes eram “princípios organizativos” que guiavam a presidência Nixon, mesmo antes de Watergate.
Woodward e Bernstein perguntam: o que foi Watergate? Foram as cinco guerras de Nixon. As guerras foram contra o movimento pacifista (Vietnã), a imprensa, o Partido Democrata, o sistema judicial e, finalmente, contra a história. Depois da renúncia em 8 de agosto de 1974, Nixon passou os últimos 20 anos de sua vida trabalhando de forma incansável para minimizar o escândalo (e seu papel nele) e assumir a respeitabilidade de estadista.
Com seu ódio, paranóia e autocomiseração, Nixon era autodestrutivo, algo que ele mesmo captou e advertiu no discurso de despedida para sua equipe e amigos na Casa Branca, quando refletiu sobre o perigo de odiar mais aqueles que te odeiam. Nixon tinha, vamos admitir, rasgos de estadista, mas a história não será caridosa. No seu verbete, o termo mais forte será escândalo Watergate e não sua visão geopolítica sobre como fazer o jogo de triangulação dos EUA com a Rússia e China, com a assistência do seu lugar-tenente Henry Kissinger.
Muitos conservadores não perdoam a traição do anticomunista Nixon por costurar a distensão com a Rússia de Brezhenev e reconhecer a China de Mao na Guerra Fria. Imagine, hoje em dia, o candidato presidencial republicano Mitt Romney ainda acha que a Rússia seja o maior inimigo geopolítico dos EUA. No final da vida, um consolo para Nixon era receber telefonemas do presidente democrata Bill Clinton, pedindo conselhos em política externa.
Nixon seria persona non grata no Partido Republicano de agora e não apenas pelos motivos suspeitos habituais. Em política doméstica, ele era parte de um consenso liberal no pós-guerra americano. Nixon não tinha problemas com um governo instrusivo e não só para espionar adversários, mas também por seu papel expansivo. Nixon apoiou ou acatou uma agenda doméstica bem à esquerda do Partido Republicano de agora e em muitos aspectos até do Partido Democrata.
Embora racista e antissemita, Nixon lutou por várias legislações por igualdade de direitos, fez de cotas raciais um arma potente contra a discriminação, aprovou maciços projetos de gastos públicos em infra-estrutura, recorreu ao controle de preços e salários contra inflação e assinou lei atrás de lei de proteção do meio-ambiente. Em oito anos (com o segundo mandato finalizado por Gerald Ford), os gastos sociais do governo cresceram anualmente, em termos percentuais, mais do que nos oito anos do período democrata de John Kennedy e Lyndon Jonhson.
Richard Nixon foi um presidente subversivo para uns e subversivo para outros. Por Caio Blinder
LULA CONFIRMA QUE...
Lula confirma que portadores da síndrome de Deus são muito parecidos com um Napoleão de hospício.
A arrogância do chefe da seita e a docilidade do rebanho reafirmam que a mais notável diferença entre um Napoleão de hospício e um líder político portador da síndrome de Deus está na reação das testemunhas confrontadas com surtos de grosso calibre: enquanto os enfermeiros providenciam a camisa-de-força e um sossega-leão, os devotos batem palmas e berram amém. A história informa que foi sempre assim. Assim tem sido com Lula e seus seguidores.
Depois da vitória de Dilma Rousseff em 2010, o maior dos governantes desde Tomé de Souza botou na cabeça que é mesmo onipresente, onisciente e onipotente. Quem transforma um neurônio solitário em presidente do Brasil pode fazer o que quiser, deduziu o mestre e concordaram os discípulos. Poderia, por exemplo, tornar-se o primeiro secretário-geral da ONU que não sabe falar sequer a língua do país onde nasceu. Ou ganhar o Prêmio Nobel da Paz com o apoio militante dos aiatolás atômicos e dos genocidas africanos.
Mas primeiro deveria livrar São Paulo do jugo dos tucanos, decidiu o intuitivo incomparável ao deixar a Presidência. Para pavimentar o caminho que levaria Antonio Palocci ao Palácio dos Bandeirantes, ordenou à sucessora que garantisse ao estuprador de sigilo bancário uma escala na Casa Civil. O plano infalível não durou seis meses. A descoberta do milagre da multiplicação do patrimônio escancarou as patifarias do consultor de araque, o reincidente acabou despejado do Planalto e hoje usa o direito de ir e vir para driblar camburões na planície.
O fiasco aconselhou o articulador genial a esquecer por uns tempos o governo paulista, mas não lhe reduziu a autoconfiança, nem a ansiedade pela anexação do território paulista aos seus domínios. Convencido de que quem elegeu um poste de terninho nem precisa suar em palanques para eleger um poste com topete, comunicou ao PT que o prefeito de São Paulo seria Fernando Haddad. Ele cuidaria pessoalmente de domar os recalcitrantes, silenciar os descontentes, alegrar os amuados, renovar o contrato com a base alugada e, de quebra, consolidar uma surpreendente parceria com o PSDB de Gilberto Kassab.
Deu tudo errado. Prematuramente aposentada pelo dono do partido, Marta Suplicy continua fora da campanha de Haddad. O PMDB lançou a candidatura de Gabriel Chalita. O PR e o PP avisaram que o acerto nacional não se estende aos municípios e se juntaram à coligação liderada pelo PSDB de José Serra. Kassab fechou exemplarmente a procissão de adversidades. Antes de reatar o noivado com Serra, apareceu numa festa do PT como convidado de honra e caprichou na piscadela para Dilma Rousseff. O SuperMacunaíma que passa a perna em todo mundo foi ostensivamente tapeado por Gilberto Kassab.
Lula achou que decidiria a disputa em São Paulo com meia dúzia de comícios. Neste junho, enquanto tenta submeter os interesses do PT à vontade do governador pernambucano Eduardo Campos, para celebrar um acordo com o PSB que amplie o espaço de Haddad no horário eleitoral, o campeão das urnas anda pedindo votos para o afilhado até em festa de batizado. Mergulhados na mudez dos nascidos para obedecer, os devotos contabilizam sem queixas os estragos causados por outros dois surtos do homem que mesmo depois do câncer insiste em confundir-se com Deus.
Um deles resultou na primeira CPI da história parida pelo próprio governo. Concebida para decretar a morte política de inimigos goianos, a CPI da Vingança também atrairia atenções até então monopolizadas pelo julgamento dos mensaleiros. Mais um fiasco. Sem a CPI do Cachoeira, Demóstenes Torres e Marconi Perillo dificilmente sobreviveriam às bandalheiras reveladas pela Polícia Federal. Graças ao que se transformou na CPI da Delta, ambos deverão afundar abraçados a Sérgio Cabral, Agnelo Queiroz, Fernando Cavendish e ao resto do bando enlaçado pelo polvo administrado por Fernando Cavendish. O segundo surto fez Lula acreditar que quem nomeia oito ministros vira presidente de honra do Supremo Tribunal Federal, com direito a antecipar ou adiar julgamentos e, em casos de alta periculosidade, fixar o resultado da votação.
Para não atrapalhar a campanha do PT, entendeu que o julgamento do mensalão deveria ocorrer só em 2013. Ordenou ao revisor Ricardo Lewandowski que retardasse a conclusão do relatório. Ordenou a Dias Toffoli que ignorasse os muitos motivos para declarar-se sob suspeição e votasse a favor dos culpados. Já começava a comemorar o sucesso da sequência de achaques quando o país ficou sabendo do que houve no desastroso encontro com Gilmar Mendes. Graças ao lobista trapalhão, o STF recuperou a agilidade. Lewandowski foi informado de que precisa terminar o serviço ainda neste mês. O julgamento vai começar em 1° de agosto. Até o fim de setembro, uma cadeia nacional de rádio e TV transmitirá ao vivo esse Big Brother Brasil da Bandidagem. Lula merecia ser convidado para apresentá-lo.
Em 2010, colérico com as críticas formuladas por Fernando Henrique Cardoso, o cacique incapaz de aceitar o convívio dos contrários avisou que, assim que deixasse o cargo, ensinaria ao antecessor como deve comportar-se um ex-presidente da República. De lá para cá, FHC manteve a postura digna de sempre. Lula está cada vez mais parecido com José Sarney e Fernando Collor. Por: Augusto Nunes
domingo, 10 de junho de 2012
O AUTOR ESQUECIDO
Jean Chardin, Journal, 1686
A ECONOMIA DAS FALÁCIAS
ESCRITO POR UBIRATAN IORIO | 07 JUNHO 2012
ARTIGOS - GOVERNO DO PT
ARTIGOS - GOVERNO DO PT
O governo brasileiro vem promovendo uma verdadeira marcha à ré em termos de intromissão nas liberdades individuais e econômica. A "coisa" chega a impressionar pela intensidade, pela atrocidade e — naturalmente — pela necedade (um eufemismo para burrice). Semanalmente, para não dizermos diariamente, somos surpreendidos por medidas governamentais que nos fazem pensar que voltamos à metade do século passado, àquele período em que ainda se acreditava que as teorias ditas "desenvolvimentistas" da Cepal poderiam produzir resultados bons. Haja paciência!
Neste artigo, vamos apenas mencionar algumas falácias que serviram de base para muitas dessas medidas, ressaltando a tristeza com que escrevemos isso, já que coisas assim deveriam fazer parte apenas de livros de história, para servirem como exemplo daquilo que não deve ser feito.
A primeira é a ideia de que A é pobre porque B é rico, A e B podendo ser pessoas, regiões, países, etnias, gêneros, etc. Tal bobagem, derivada da teoria da exploração de Marx, simplesmente desconhece (ou finge desconhecer) que a história é dinâmica. Conduz, por exemplo, à política externa do PT, que parece guiada por um pretenso teorema, segundo o qual o somatório das pobrezas seria igual à riqueza...
A segunda deriva da primeira. É a crença de que a tributação deve ser "progressiva", algo como um "corolário ou lema de Robin Hood"... Ora, todo e qualquer tributo nada mais é do que uma extorsão praticada por um agressor, no caso, o estado, contra cidadãos e empresas. Se você é rico, a agressão deverá ser maior do que se você for pobre, segundo os gênios que defendem essa teoria (e não são poucos). Se assim é, para que trabalhar ou empreender para ser rico, então? Mas essa pergunta não passa pela cabeça dos que acreditam nesse conto da floresta de Sherwood...
Estas duas primeiras falácias ilustram perfeitamente como é grande a ignorância a respeito das causas da riqueza, que são as recíprocas das causas da pobreza, bem como a absoluta falta de compreensão de que a economia não é um jogo de soma zero.
Uma terceira falácia é a ideia de que a legislação trabalhista e seus penduricalhos, como o salário mínimo, os encargos e os sindicatos protegem os trabalhadores, o que, em um governo que tem nos sindicalistas uma de suas bases de apoio, tem sido levado às últimas consequências. Na verdade, como escreveram Mises, Rothbard, Hayek e praticamente todos os austríacos, essa legislação apenas prejudica os trabalhadores, além de provocar desemprego.
A quarta é que políticas industriais seriam boas para o crescimento da economia. Ora, essas políticas nada mais representam do que escolhas, por parte dos que detêm o poder, de quais setores serão beneficiados e, consequentemente, de quais serão prejudicados. Além disso, partem do pressuposto teórico de que os burocratas são mais bem informados do que o processo de mercado, para ditarem quais setores são merecedores da ajuda do governo e quais devem ser punidos. Claramente, é um convite a lobistas, um desvio da função empresarial e um convite à corrupção.
A quinta é que o protecionismo é bom para enfrentar a concorrência estrangeira. Sem dúvida, esta é uma proposição que mostra que o mercantilismo está mais vivo do que nunca. Querem que você, consumidor, compre, digamos, um carro ou um computador produzido no Brasil, de qualidade duvidosa e preço exorbitante, quando poderia comprar um modelo importado, melhor e mais barato. Ou que voe em duas empresas que oferecem serviços precários e cobram caro, quando poderia voar em outras empresas estrangeiras, com serviços melhores e mais baratos. Sua opção restringe-se a: aceita uma balinha ou uma barra de cereais, senhor?
A sexta é que exportar é "bom" e importar é "ruim", tolice que equivale a afirmar que "vender é melhor do que comprar". Haja paciência para suportar tanta ignorância. Em artigo recente, Leandro Roque mostrou a situação ridícula criada pela Receita Federal, que resolveu intensificar a fiscalização nos aeroportos internacionais brasileiros, para evitar que tragamos produtos de "alta periculosidade para a segurança nacional", como computadores, camisas, vinhos e outros produtos de qualidade superior e que podem ser comprados a preços baixos no exterior. A falácia de que comprar é ruim e vender é bom é, pura e simplesmente, mais um exemplo de mercantilismo regado a teorias "macroeconômicas" de sabor keynesiano. Ou seja, duas bobagens em uma!Mamma mia, será que esses caras não conseguem perceber que países não compram e nem vendem nada? Que quem faz isso são pessoas físicas e empresas? E que, em transações livres, quem compra sai satisfeito, assim como quem vende? Ah, o déficit externo, dirão alguns... Caramba, que se dane o déficit (ou o superávit) externo das "contas nacionais", até porque, se a taxa de câmbio for flutuante, a tendência é que eles sejam eliminados!
Uma sétima falácia vem sendo usada para sustentar diversos pacotes do governo desde o segundo mandato de Lula: a de que as políticas de estímulos ao consumo seriam ótimas para o crescimento da economia e, de tabela, para esconjurar a maldita "crise internacional". Ora, assim como Esaú, que trocou os privilégios de sua primogenitura por um mero prato de lentilhas, essas políticas conseguem no máximo proporcionar um boomartificial, logo seguido por recessão ou por uma mistura de recessão com inflação, conforme a Teoria Austríaca dos Ciclos Econômicos (TACE) não se cansa de ensinar.
Uma derivada dessa falácia é a crença de que o governo é que deve determinar qual deve ser a taxa de juros. E que, se a presidente do país obrigar os bancos oficiais a reduzirem os juros (leia-se, a trabalharem no vermelho), os bancos privados também reduzirão suas taxas de juros. Aquela senhora de Brasília parece desconhecer, primeiro, as verdadeiras causas das altas taxas de juros no Brasil (déficit público, inadimplência, elevada taxa de recolhimento compulsório e altos impostos); segundo, que as taxas reais de juros não obedecem a comandos ou ordens de alguma "sargentona", mas sim a forças de demanda e oferta de fundos; e terceiro, que se pode perfeitamente levar um cavalo até a beira de um rio, mas não se pode obrigá-lo a beber água... Por fim, mostra também absoluto desconhecimento da TACE — o que não é de se estranhar. Juros artificialmente baixos hoje significam necessariamente juros altos amanhã, cara senhora!
Finalmente, a falácia mãe, a de que o estado deve ser o "indutor" do crescimento. Com certeza, os mercados são "burros" e os burocratas iluminados... para quem acredita nisso! Além disso, o conhecimento dos burocratas das circunstâncias de tempo e lugar é infinitamente superior aos dos agentes individuais... Ah, quanta pretensão! Não precisamos mais do que um argumento para rebater prontamente essa falácia: quando alguém lhe disser isso, reaja perguntando a seu interlocutor se ele conhece algum exemplo de economia que conseguiu se desenvolver sob a tutela do estado. Fale da antiga URSS, de Cuba, do caos que está vivendo a Venezuela, da ilusão que foi a Suécia. Enfim, há dezenas de exemplos para refutar essa bobagem estatista.
Dói saber que a economia do Brasil vem progressivamente, sob a batuta do PT, submergindo nessas falácias e nas políticas que elas geram. Vamos precisar, depois, de décadas para consertar tantas asneiras...
Estamos em plena era da economia das falácias. Sinceramente, eu não aguento mais!
NÓS E OS OUTROS
“Só no Brasil” — eis aí três palavras que todo brasileiro costuma ouvir, 365 dias por ano, a respeito de coisas que só acontecem por aqui, geralmente muito ruins, e que são desconhecidas no resto do mundo. Em geral começam como uma discreta trapaça no uso do dinheiro público, depois se transformam num hábito nacional e, no fim, acabam virando um maciço conto do vigário aplicado o tempo todo pelos governos — que, como viciados em drogas, não conseguem mais viver sem ele. É o que acontece, entre tantos outros pecados exóticos, com a “publicidade oficial”. Qualquer cidadão sabe muito bem do que se trata — são esses anúncios que governantes de todos os níveis, da alta administração federal a remotas prefeituras do interior, pagam (com dinheiro do orçamento, é claro) para publicar em jornais e revistas, no rádio e na televisão. Dizem, ali, quanto são bondosos, eficazes e trabalhadores — e mostram as obras de seus governos, reais ou imaginárias, como se estivessem fazendo um imenso favor à população que pagou por elas.
No ano passado, só o governo federal gastou mais de 3 bilhões de reais em “comunicação”
A maioria dessa publicidade, para não dizer toda, trata o contribuinte como um perfeito bobo alegre, pronto a acreditar em qualquer coisa que lhe dizem. Ainda recentemente, em São Paulo, o cidadão podia ver na TV, pago com o seu dinheiro, um anúncio do governo do estado que começava com a imagem de uma vaca, filmada de ré; a câmera se deslocava, então, para mostrar o que deveria ser uma rija lavradora, entregue à sua labuta de tirar, às 5 da manhã, o leite nosso de todo dia. Mas o que aparece é uma graça de garota, com umas botas de cano alto que poderiam ter saído de uma loja Hermes, jeans de grife e sob a luz do meio-dia, com as mãos a distância segurando as tetas do bicho. Ela diz, aí, que sua grande alegria na vida é saber que o leite tirado com o seu trabalho é distribuído pelo governo para crianças pobres etc. A única coisa real, no anúncio todo, é a vaca. Não há inocente aqui; todos os políticos, sem nenhuma exceção, fazem o mesmo quando estão no governo. Nesse assunto, ninguém critica ninguém, no conforto geral de saber que delitos coletivos nunca são realmente condenados. É assim que permanece viva, cada vez mais, a publicidade oficial — uma aberração só vista no Brasil. Dá para imaginar o governo da Itália, por exemplo, gastando fortunas na mídia para dizer “Itália — um país para todos”? Ou algo assim: “Prefeitura de Londres — antes não tinha, agora tem”? Não dá. O funcionário que sugerisse uma coisa dessas seria provavelmente encaminhado a uma instituição psiquiátrica.
Neste momento, com a campanha eleitoral, a coisa pega fogo. No ano passado, só o governo federal gastou mais de 3 bilhões de reais em “comunicação”, entre publicidade e patrocínios. Juntando a isso estados e prefeituras, o volume de gastos entra em mares nunca dantes navegados. Os políticos alegam que é pouco, diante do total de quase 90 bilhões aplicados no mercado publicitário brasileiro em 2011. Pode ser, mas o dinheiro não é deles — é do cidadão, e está sendo jogado no lixo para pagar os elogios que fazem a si próprios. Sua desculpa é que os governantes têm o dever de “informar a população” e “prestar contas” de como estão aplicando o orçamento. É uma piada. Não informam coisa nenhuma, e, na hora de prestar contas de verdade, fazem justamente o contrário: desligam a chave geral para deixar tudo o mais escuro possível.
Os órgãos de comunicação, sem dúvida, se beneficiam da publicidade oficial; nenhum deles é uma santa casa de misericórdia, e todos têm de pagar suas despesas. Mas a imprensa de verdade vive do apoio do seu público e dos anúncios privados que ele atrai, e não de verbas publicitárias do governo. Seu único mandamento, nessa história toda, é manter a própria independência. E os que não mantiverem? Problema deles. Veículos que, em troca de anúncios, só publicam o que interessa ao governo, e escondem tudo o que não interessa, têm de resolver isso com os seus leitores, ouvintes e espectadores; se eles desconfiarem que estão sendo enganados, podem ir embora. O certo, no fim de todas as contas, é que o governo não deveria pagar um único tostão para a mídia publicar sua propaganda. Eis aí mais uma coisa que nos separa, por exemplo, de um país como a Alemanha, onde publicidade oficial não existe. É que a Alemanha, coitada, é apenas a Alemanha. Já o Brasil é o Brasil — aqui há dinheiro de sobra para o governo jogar pela janela. Somos um país onde a população é riquíssima.Por: J.R. Guzzo
Fonte: Veja
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