Entenda a Crise da Grécia do Ponto de Vista da Administração Financeira
O problema da Grécia não é sair ou não do Euro.
O problema da Grécia, Espanha, Itália etc. é que as dívidas são todas governamentais.
Quando as dívidas são privadas, de empresas por exemplo, existem três níveis de garantias e proteção para banqueiros e investidores.
1. O empréstimo é contraído especificamente para uma atividade produtiva, exemplo, compra de uma máquina. Vide exemplo em www.debentures.com.br
2. A máquina e mais o prédio, talvez, são dados em garantia do empréstimo. Se não pagarem, toma-se a máquina e o prédio onde ela se alojava. Ou toma-se a empresa toda, que sob nova gerência poderá se tornar lucrativa novamente.
3. Toda a empresa tem Capital Social, digamos EU 100 milhões, que é o capital oferecido pelos capitalistas para a sociedade como um todo, e para garantir a estabilidade dos negócios. Mais um nível de proteção.
Se os empréstimos tivessem sido dados às empresas gregas, as empresas teriam se tornado mais produtivas, ou os banqueiros estariam agora colocando pessoas competentes para administrar estas empresas.
Em vez de ficar tudo parado esperando não se sabe o quê.
Só que os empréstimos foram dados para o Governo Grego, que gastou em aposentadorias de todos os tipos, gastos eleitorais de todos os tipos, e juros de empréstimos anteriores.
Neste caso não há máquinas que possam ser tomadas, nem gerentes ineficientes que possam ser substituídos.
Os Bancos não podem destituir o Governo Grego e colocar pessoas competentes no lugar, a "democracia" não permite isto. Os mesmos políticos que arruinaram a Grécia serão reconduzidos ao poder.
A Grécia e nenhum outro governo, diga-se de passagem, possui o conceito de Capital Social, ou um fundo Garantidor, ou um valor fixo de proteção.
Nas empresas, administradores deixam um claro aviso no Balanço.
"Nosso Capital Social é de EU 100 milhões, se houver algum problema aqui na empresa não pensem em recuperar mais do que isto, porque não tem."
Os EU 100 milhões seriam um colchão de segurança.
Se um Banco quiser emprestar EU 200 milhões, ele fica sabendo que se nós administradores fizermos bobagens e perdermos mais do que 50%, o Banco vai entrar com a diferença, não o Banco Central Europeu ou o povo Grego.
Administradores Econômicos, aqueles que administram países e não empresas, fariam tudo diferente.
1. Empréstimos tomados seriam sempre investidos em infraestrutura, tecnologia, financiamento a empresas, computadores, equipamentos, cujas taxas de retorno fossem maiores, bem maiores, do que as taxas de juros cobradas.
2. Todo ano faríamos um Demonstrativo listando o Total dos Empréstimos, e o Total dos Ativos comprados e dados em garantia.
Entre na internet e veja se o Governo Grego, Espanhol ou Italiano tem este demonstrativo.
3. Todo ano faríamos um Demonstrativo do Retorno dos Investimentos que nós fizemos, comparados com as taxas de juros que pagamos, mostrando se os investimentos foram rentáveis.
Como fazemos nas empresas para que vocês decidam nos manter no comando ou não, ou se deveríamos parar de tomar empréstimos.
4. Teríamos um Fundo Garantidor de montante fixo e pré determinado, avisando aos Banqueiros o nosso limite de comprometimento se tudo der errado.
Nenhum plano de austeridade teria de ser efetuado, nem haveria um compromisso ilimitado de pagar pelos erros de governos passados e atuais. Perderíamos o que colocamos no Fundo Garantidor, afetaria o passado, mas não o futuro.
Tudo isto é o Beabá da Administração, minha gente, que poderia ser muito mais aprofundado, se pudéssemos colocar em prática este mínimo.
A decisão é de vocês. Por Stephen kanitz
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