quinta-feira, 28 de junho de 2012

USO DE AGROTÓXICOS SEGUE DESCONTROLADO

As políticas públicas de fiscalização do comércio e uso consciente de agrotóxicos não estão atingindo o resultado desejado na agricultura brasileira. Apesar dos programas federal e estaduais para o controle do produto nas lavouras, o Brasil é o maior mercado de agrotóxicos do mundo. De acordo com informações da Associação Nacional de Defesa de Vegetal (Andef), que representa os fabricantes, o setor movimentou US$ 8,4 bilhões em 2011, crescimento de 16,3% em relação a 2010 – US$ 7,3 bilhões. O fator preocupante é que parte do comércio é inadequado e indiscriminado. Segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), os índices de monitoramento do uso do agroquímico no país se mantiveram constante nos últimos anos. Cerca de 30% dos alimentos analisados apresentam indicações de que o produto foi utilizado fora das normas da bula. Além disso, em média, cinco mil pessoas apresentam intoxicação anualmente. Resultados que provam que as políticas públicas não estão atingindo os resultados desejados. Referência Paraná exporta software que controla emissão de receitas O Paraná, um dos estados que mais utiliza o produto, é exemplo nacional no controle na comercialização de agrotóxicos. O Sistema de Monitoramente do Controle e Uso de Agrotóxicos (Siagro) está sendo “exportado”, de forma gratuíta, para outros estados como Rondônia, Brasília e Ceará. O Mapa paga os custos de viagem, hospedagem e alimentação dos técnicos . “O software do Paraná é um exemplo e está sendo levado para outras partes do país”, afirma Luis Eduardo Pacifici Rangel, coordenador geral de agrotóxicos do Ministério. Implantado em janeiro de 2010, o programa permite que os fiscais da Seab façam o rastreamento do uso do produto nas 370 mil propriedades rurais do estado. “Se um produtor comprar agrotóxico para a soja fora da época saberemos e vamos mandar o fiscal para verificar se ele não vai usar o produto no alface”, adverte o fiscal João Miguel Tosato, da Seab. “As coisas não mudaram muito nos últimos anos. Durante o monitoramento, nós encontramos agrotóxicos não autorizados e acima da média nos alimentos”, lamenta Luis Eduardo Pacifici Rangel, coordenador geral de agrotóxicos do Mapa. “Estamos construindo novos programas com participação dos estados para punir o agricultor que utilizar de forma incorreta.” O coordenador aponta a enorme quantidade de propriedades rurais no país – oito milhões - como um dos principais desafios da fiscalização. “Nós não temos pessoal suficiente. Então, contamos com o processo de denúncia da sociedade”, aponta. Para o fiscal do Departa­men­­­to de Fiscalização Sa­­nitária (Defis) da Secretaria da Agricultura e do Abas­­tecimento (Seab) do Paraná João Miguel Tosato existe a necessidade imediata da padronização do sistema de fiscalização. Atualmente, cada um dos 27 estados tem uma forma distinta de realizar o controle da venda e uso do produto. “A discrepância é muito grande e os estados estão em descompasso”, diz o fiscal. Uso familiar 
 Apesar do grande número de propriedades rurais no Brasil, o problema do uso indevido dos agrotóxicos está concentrado nas pequenas lavouras, principalmente as familiares. De acordo com o coordenador do Mapa, os grandes agricultores, que consomem 80% do produto colocado no mercado, fazem de forma correta e consciente, até porque contam com a assessoria de profissionais e técnicos capacitados. “Cerca de 20% do mercado [pequenas propriedades] causam 70% do problema”, aponta Rangel.Por: CARLOS GUIMARÃES FILHO

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