terça-feira, 5 de junho de 2012

A EUFORIA COM O BRASIL ACABOU

A euforia com o Brasil acabou, afirma Henrique Meirelles. 

"As intervenções do governo em empresas incomodam." "Medidas picotadas podem inibir investimento", diz Armando Castela, economista entrevistado pela Valor, confirmando a tese de Meirelles. 
O que aconteceu com o governo Dilma? 
Investidores americanos e europeus, com problemas enormes internamente, preferiram tirar o dinheiro do Brasil e aplicar nos seus países. Por quê? 
Dilma está fazendo o que nós administradores chamamos de "micro-managing". 
Micro-managing é muito comum em empresas familiares e médias empresas, onde o dono palpita em tudo, administra o detalhe, quando seu talento está na visão do todo. 
São os bilhetinhos, são as discussões de coisas pequenas, que desmotivam e só atrapalham. 
Quem trabalha numa empresa média, familiar, administrada por amadores, e até por administradores "micro-managers", sabe o que estou falando. 
Administrar é ver o todo, a visão estratégica, o horizonte, não o dia a dia. 
O que os "desenvolvimentistas" chamam de "intervenções pontuais", nós chamamos de "micro managing", e normalmente dá errado. 
Pode até dar certo em pequenas empresas, deu certo na empresa de alfinetes de Adam Smith com 16 funcionários, mas não dá certo em empresas grandes e países. 


O Brasil perdeu o barco da história novamente, com os seguintes fatos. 


1. Prisão de forma bem noticiada de dois administradores da Chevron. Enquanto muita gente, e você sabe quem, está solta. 
2. Arrastões de restaurantes famosos de São Paulo, onde invariavelmente se encontram três ou quatro administradores estrangeiros pensando em investir no Brasil. 
3. Micro Managing governamental do Banco do Brasil, Petrobras, Caixa Econômica, Vale do Rio Doce, Eletrobras, que perderam em um ano 50% do seu valor, uma das maiores destruições de Patrimônio Público na história do Brasil. Perderam R$ 400 bilhões de reais de valor em menos de três anos. Dinheiro do Povo Brasileiro e alguns investidores estrangeiros que já se retiraram. 
4. Redução de Imposto para Automóveis e não para remédios, que aumentaria a força de trabalho em 1 milhão, e livrarias, que aumentaria o conhecimento do brasileiro em 1%. Nem terminaram a greve dos Professores das Federais, que faria outro tanto. Preferiram defender os sindicatos dos Metalúrgicos e não o sindicado dos Livreiros. Isto se chama Micro Managing. 
5. A criação do Super Cade, onde agora toda empresa que fatura R$ 70 milhões, uma mosca no ranking mundial, tem que se apreciada pelo Cade que, com suas equações de demanda e oferta irá dizer se tem risco para o consumidor ou não de uma fusão para torná-las competitivas ou monopolistas. 
Infelizmente Dilma, através de dois assessores que ficam nos bastidores, está "micro managing" a economia brasileira. 
Mexer em time que está ganhando, dá zebra. 
O ódio contra os administradores fica tão claro na entrevista de Meirelles, que gostaria que vocês lessem. Perguntam a certa altura se ele estava se tornando um "Conselheiro Profissional". 
A velha noção que nós administradores somos mercenários, e que vivemos destes nossos espíritos animais. 
Por isto, fecharam todas as escolas de administração neste país em 1945, último mês da ditadura Vargas. 
Meirelles irá entrar na história como o único Presidente do Banco Central a não trabalhar num Banco Comercial, e isto não é sequer mencionado na entrevista. 
Isto eu chamo de ética profissional, e não ganância profissional. 
Meirelles não é motivado pelos seus espíritos animais, e prefiro que ele seja um conselheiro de muitas empresas, do que funcionário de um banco que ele deveria ter supervisionado. Infelizmente, sem Meirelles o Brasil não será tudo aquilo que eu sonhei. 
Vamos ter que esperar 2045 e então abrir as Escolas de Administração, independentes das Escolas de Economia e Contabilidade, com um currículo Socialmente Responsável e começar com 100 anos de atraso para competir com India e China, até lá 75 anos na nossa frente. Por: Stephen Kanitz