sábado, 7 de julho de 2012

VOCÊ CONHECE MESMO O PT?



O Foro de São Paulo tem avançado em praticamente todos os campos em que se dispôs a atuar e, com exceção de algumas incansáveis iniciativas ainda isoladas (e constantemente ignoradas pelos veículos de informação e o público geral), sua própria existência tem passado despercebida.

O Partido dos Trabalhadores governa oficialmente o Brasil desde 2003, quando Lula foi eleito presidente. Em dez anos, nunca antes da história deste país viu-se tanto desmando, tanto desbunde, tanto desbrio, tanto descalabro, tantos desvios de verbas e de caráter. O PT teve a proeza de destronar da vida pública de modo praticamente definitivo todas aquelas características que eram vistas, desde os idos da Grécia clássica, como essenciais para o exercício da política: verdade, hombridade, maturidade, honra e honestidade. Se antes aqueles que se desviavam dessa linha-mestra eram vistos como incidências abjetas na vida política brasileira, hoje o próprio desvio é que se transformou em linha-mestra.
Por mais que se repise essa constatação, há grande resistência por parte de uma multidão (para não dizer manada) de gente bem-intencionada, excessivamente ingênua e facilmente enganável, em admitir que, na última década, o nosso país piorou sob todos os aspectos – político, econômico, social, jurídico e cultural. O PT ainda é diuturnamente tratado como a grande vítima das próprias impropriedades que cometeu, como se os planos meticulosamente traçados para se obter e manter o poder no Brasil fossem ora apenas deslizes cometidos por uma minoria aloprada, ora métodos tortos cujo objetivo era apenas garantir o bem do povo ao se buscar a perpetuação do partido no governo.

Há um sem-número de documentos emitidos pelo próprio PT que indica de maneira incontestável o projeto de poder do partido. O radicalismo socialista troglodítico foi substituído por um radicalismo socialista sofisticado, cheio de finesse e com ares de alta intelectualidade, mas o objetivo continua sendo um e o mesmo: enredar a nação em seus tentáculos pegajosos indefinidamente. Esse afã pelo poder não é um “privilégio” apenas do Partido dos Trabalhadores aqui no Brasil: diversos outros partidos, organizações, institutos e que tais, aqui e lá fora, possuem o mesmo objetivo, e, ao contrário do que a insistência extraordinariamente estúpida de um exército de analistas e experts garante, esse objetivo é perseguido de modo muito bem articulado a nível internacional. A própria existência de uma organização como o Foro de São Paulo é, de per si, prova cabal desse fato.

Aliás, o próprio documento preparado pelo PT para o XVIII Encontro do Foro de São Paulo, que ocorre em Caracas ao longo dessa semana, é mais uma peça que explicita, naquela típica linguagem melifluamente “progressista e de esquerda”, os objetivos do PT. Todas as citações que aqui farei são traduções livres de trechos do documento do partido, que foi divulgado em língua hispânica.

O primeiro grande destaque do documento é a defesa da necessidade de se instrumentalizar organizações variadas da sociedade civil para que o PT continue no comando da nação. Nesse sentido, o documento afirma que “o PT terá de dedicar-se com mais empenho a organizar as camadas populares, em particular os trabalhadores assalariados, em sindicatos, movimentos populares urbanos e rurais, associações femininas, movimentos de juventude, instituições desportivas e culturais, e em um sem-número de formas criadas por iniciativa das classes e camadas populares.” Quem aponta isso é o próprio presidente nacional do partido, Rui Falcão, que complementa:

Somente com a participação ativa dessas camadas populares, o PT e o governo poderão vencer as resistências que os setores conservadores, na sociedade, no Congresso e inclusive em setores do aparato do Estado, interpõem às reformas indispensáveis ao plano de desenvolvimento econômico e social que façam do Brasil um país verdadeiramente soberano, independente, e com um povo material e culturalmente avançado.
Notem que “PT” e “governo” são utilizados como se fossem a mesma coisa, partes indissociáveis do mesmo organismo. Esse tom é mantido ao longo de todo o documento: o Partido dos Trabalhadores é visto indisfarçavelmente como o único membro legítimo do governo – ou seja, o PT é o governo. Essa visão é acompanhada sempre e em toda parte pela defesa da superioriedade moral do partido, uma vez que ele é o único que pode tornar o Brasil “culturalmente avançado”.
O PT – que, à guisa de personagem orwelliana, será doravante denominado apenas por Partido, com maiúscula – não objetiva, entretanto, o governo, e quem lembra isso muito bem é Iole Ilíada, secretária de relações internacionais do Partido. A conquista do governo não garante a conquista do poder – algo que, segundo Gramsci, dependia da correlação de forças (rapporti di forze) entre burguesia e proletariado. O objetivo do Partido no governo seria, portanto, atuar na alteração da correlação de forças, ou seja, “deslocar a burguesia como classe hegemônica e dominante” e “transferir poder (em suas várias formas: político, econômico, cultural etc.) às classes trabalhadoras”. O Partido, como já se desconfiava, não está no governo para melhorar a vida da população e trabalhar efetivamente para o desenvolvimento nacional: “vale a pena ser governo quando a esquerda é capaz de usar sua presença como um fator de deslocamento da correlação de forças a favor dos trabalhadores”. E Iole é enfática: “Não se trata aqui de pensar em uma alteração da correlação de forças que gradualmente nos conduza do capitalismo ao socialismo, mas em um processo de acumulação de forças que, em algum momento, pode tornar possível a ruptura desejada.”
Há um nome que define muito bem a “ruptura desejada” que o Partido tanto almeja: revolução. Não falamos aqui daquela revolução tradicional, com sublevação armada e derramamento de sangue, ao modo das revoluções francesa e russa, mas de revolução cultural, estrutural, gramsciana. Continua Iole:
O reconhecimento dessa falta de transferência efetiva de poder aos trabalhadores é importante porque a presença da esquerda no governo pela via eleitoral, por mais que a queiramos duradoura, pode ser transitória. Isso faz com que seja necessário que as mudanças se convertam em transformações estruturais, de difícil reversão por parte de governos de direita que nos possam suceder. Mais ainda, tal reconhecimento é importante para ampliar a consciência e a capacidade de organização, intervenção social e luta dos trabalhadores, de modo que a acumulação de forças possa apontar para a necessidade de conquistar não apenas o governo, mas também o poder.
Extrapolando o contexto nacional, o partido reafirma em quase todos os parágrafos do documento ao XVIII Encontro do Foro de São Paulo seu compromisso com a integração regional – não de países, não de nações, mas de organizações “progressistas e de esquerda”, de modo a formarem uma plataforma comum com engrenagens bem azeitadas que girem na sincronia necessária para tingir de rubro todo o subcontinente. Renato Simões, secretário de movimentos sociais do Partido, explica como isso é visto (e quisto) pelo Partido:
Em sua grande maioria, os partidos progressistas e de esquerda da América Latina se organizam no Foro de São Paulo, cuja influência política vem crescendo, ano após ano, para suas responsabilidades partidárias, seja como membros de governos eleitos, seja como as principais forças de oposição a governos neoliberais. [...]

Em vários países, os movimentos sociais buscam avançar em sua organização, superando fragmentações e pulverizações marcadamente impostas pela hegemonia neoliberal. Eles buscam eixos políticos mais nítidos e unificados para incidir na correlação de forças na sociedade e frente aos governos nacionais. No Brasil, há um importante esforço no sentido de consolidar a CMS – Coordenação dos Movimentos Sociais, que hoje integra os movimentos sociais mais representativos do país. [...]

A recente instalação de uma Comissão de Movimentos Sociais junto ao Grupo de Trabalho do Foro de São Paulo mostra que estamos atentos aos desafios de consolidar estruturas próprias para o diálogo partidário com os governos e movimentos sociais. Como disse a companheira Dilma Rousseff em seu discurso ao Diretório Nacional do PT, antes de assumir a presidência da República, em um terceiro período de governo é essencial aceitar as relações entre o Partido, o Governo e os Movimentos Sociais, trincheiras de uma mesma luta, espaços estratégicos para um mesmo projeto, essencial para a transformação de nossa sociedade.

Uma vez mais, tocamos aqui na simbiose orgânica necessária para a conquista do poder no Partido e sua manutenção: comandar o governo e cooptar os movimentos sociais. O que se busca é a pura instrumentalização ideológica de todos os meios disponíveis para que o Partido tenha controle total e irrestrito sobre a nação. Essa conclusão não é fruto de um delírio que brota de uma mente conservadora (e, portanto, patologicamente perturbada), mas apenas de simples interpretação de texto: é isso o que está escrito, e de modo claro e cristalino.

No entanto, a conquista da hegemonia, dentro da visão gramsciana que permeia o Partido integralmente, só se pode dar de modo seguro e duradouro através da atuação de intelectuais orgânicos – “intelectuais que, além de especialistas na sua profissão, que os vincula profundamente ao modo de produção do seu tempo, elaboram uma concepção ético-política que os habilita a exercer funções culturais, educativas e organizativas para assegurar a hegemonia social e o domínio estatal da classe que representam (Gramsci, 1975, p. 1.518). Conscientes de seus vínculos de classe, manifestam sua atividade intelectual de diversas formas: no trabalho, como técnicos e especialistas dos conhecimentos mais avançados; no interior da sociedade civil, para construir o consenso em torno do projeto da classe que defendem; na sociedade política, para garantir as funções jurídico-administrativas e a manutenção do poder do seu grupo social” (SEMERARO, 2006). 

Como garantir, então, que haja tais intelectuais orgânicos que, ao longo das décadas, atuem para a conquista e a manutenção do poder por parte do Foro de São Paulo? Carlos Henrique Árabe, secretário de formação do Partido, relembra que, durante o XV Encontro do Foro de São Paulo, no México, ocorreu a primeira reunião de escolas e fundações do FSP, que apontou para a necessidade de “abordagem, vinculação, intercâmbio e cooperação entre as fundações, universidades, escolas de formação e outras entidades educacionais e de treinamento dos partidos integrantes do Foro de São Paulo, nas áreas de investigação, formação e divulgação.” O objetivo central eleito pelas organizações que participaram dessa reunião foi a criação da Escola Latinoamericana de Formação Política, uma universidade internacional do Foro de São Paulo para a formação de quadros partidários, lideranças de ONGS e movimentos sociais e, de modo particularmente especial, intelectuais orgânicos.

O Foro de São Paulo tem avançado em praticamente todos os campos em que se dispôs a atuar e, com exceção de algumas incansáveis iniciativas ainda isoladas (e constantemente ignoradas pelos veículos de informação e o público geral), sua própria existência tem passado despercebida. O assessor especial da Presidência da República para assuntos internacionais, Marco Aurélio Garcia, um dos artífices do documento do Partido para o encontro do FSP, faz questão de lembrar: “As mudanças profundas que vêm experimentando nossos países há anos, sobretudo onde as esquerdas estão no governo, são resultado de dinâmicas internas, evidentemente. No entanto, elas também são consequências de um processo político coletivo que teve no Foro um lugar privilegiado.”

A UNASUL (União das Nações Sul-Americanas), a CELAC (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos), a Telesur, a ALBA (Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América), todas essas iniciativas foram gestadas no ventre do Foro de São Paulo. Todas as ações desses grupos são unívocas e convergem para o mesmo objetivo: o controle total do subcontinente americano por uma verdadeira camarilha de genocidas em potencial. Quando se atam os elos soltos, que aparentemente nada tem a ver uns com os outros, vê-se com clareza quão bem se encaixam e como a corrente que formam é coesa e aprumada. E é justamente a ausência de qualquer esforço em larga escala para divulgar os planos do Foro de São Paulo que faz do (ingrato) trabalho daqueles que se propõem a monitorar os passos desse grupo algo tão precioso e necessário. E é um trabalho que precisa melhorar: devemos aumentar a capilaridade do fluxo de informações sobre o Foro de São Paulo e estimular outras iniciativas (dentro e fora do Brasil) que objetivem ao desmascaramento do grupo.
Já escrevi em outros textos e volto a afirmar: estamos em guerra. Cedo ou tarde, ela baterá com força à nossa porta, e, aí, já não poderemos fazer mais nada.
 Por: Felipe Melo 

NADA A DECLARAR

No inverno de 1077, o imperador Henrique IV fez a peregrinação a Canossa, curvando-se perante o papa Gregório VII, que o excomungara. Quase um milênio depois, Lula conheceu a sua Canossa, peregrinando com Fernando Haddad a tiracolo até o jardim da mansão de Paulo Maluf, que expôs publicamente sua troca de afagos com a dupla petista. O cargo federal entregue por Dilma Rousseff a um protegido de Maluf não foi o preço, mas apenas a parcela de superfaturamento cobrada pelo minuto e meio de tempo de TV que o PP vendeu ao candidato lulista à Prefeitura de São Paulo. Conhecedor do valor das obsessões, Maluf impôs a Lula a quitação da dívida por um gesto de humilhação maior que o experimentado pelo soberano do Sacro Império: o papa, afinal, dispunha de poder incomparavelmente superior ao do fugitivo da Interpol. 

Luiza Erundina suportaria a aliança com o PP, mas não tolerou a "forma" - a simbologia - que cercou o compromisso. Ela se retirou da chapa à Prefeitura e acusou Lula de uma traição "a princípios". É um recurso de autoilusão, tão patético quanto suas declarações anteriores, que invocavam a "luta pelo socialismo" para justificar sua parceria com Haddad. O "princípio" exclusivo de Lula são os interesses de seu sistema de poder. O lulismo já celebrou Jader Barbalho, José Sarney e Fernando Collor: o congraçamento com Maluf se inscreve numa linha de coerência e só pode surpreender observadores que se ausentaram do planeta durante a última década. 

Antonio Donato, coordenador da campanha de Haddad, reagiu ao episódio criticando uma suposta incoerência de Erundina, não de Lula: "Quem quer mudar o Brasil se preocupa com o conteúdo, e não com a forma". O seu "realismo", difundido entre os dirigentes petistas, vai muito além do "realismo" de José Serra, que queria a aliança com o PP (e se aliou com Valdemar Costa Neto, o réu do mensalão que comanda o PR), mas não se sujeitou à exigência de avalizar publicamente a figura de Maluf. Donato está dizendo que a Canossa de Lula vale a pena, se contribui em algo para um projeto de poder já esvaziado de qualquer sentido substantivo de mudança. 

Todo o incidente seria apenas tedioso, não fosse a circunstância de que Erundina ficou só no seu protesto quixotesco. Os intelectuais de esquerda que apoiam Haddad não ergueram a voz para questionar, analisar ou explicar o gesto de Lula. Nos dias seguintes à humilhação do jardim, descortinou-se um resultado de dez anos de poder lulista: a morte da crítica de esquerda. 

Antonio Cândido, Gabriel Cohn e Eugênio Bucci preferiram nada declarar. Mario Sergio Cortella sugeriu "tocar em frente", após uma "fase de reflexão", mas não ofereceu nenhuma "reflexão". Paul Singer justificou o silêncio como um dever político: "Não tenho interesse em tornar pública qualquer opinião. Vai ficar entre mim e mim mesmo". Marilena Chauí optou por emular o antigo ministro da Justiça da ditadura, Armando Falcão, cujo célebre "nada a declarar" veiculava seu rancor contra a imprensa: "Não vou dar entrevista, meu bem. Não acho nada. Nadinha. Até logo". 

Ouvi, informalmente, de uma das "intelectuais tucanas" que se converteram aos encantos da candidatura de Haddad, uma versão da justificativa medíocre posta em circulação por dirigentes petistas: "Maluf por Maluf, Serra também queria". Emir Sader, que dubla como intelectual, mas opera, efetivamente, como militante, expressou o sentido pragmático do denso silêncio geral: "O fundamental é derrotar a 'tucanalha' em São Paulo. Eu posso gostar ou não do Maluf, mas vou fazer campanha para o Haddad do mesmo jeito". 

Não é verdade que os intelectuais de esquerda jamais criticaram Lula ou o PT. A crítica existia, pública e intensa, antes da chegada de Lula ao Planalto. Continuou depois, até o "mensalão", um pouco mais amena, dirigida contra a escolha de José Alencar para a vice-presidência e as "políticas mercadistas" de Henrique Meirelles no Banco Central. Os intelectuais de esquerda justificaram sua adesão ao governo Lula sob a premissa de que, aos poucos, o lulismo se moveria para a esquerda, rompendo a teia de "alianças pragmáticas" indispensáveis no início do "processo". A profecia não se cumpriu - e, ao contrário, o lulismo se identificou cada vez mais com os aliados conservadores. A crítica, contudo, experimentou progressiva rarefação, até desaparecer. 

Quanto mais o lulismo se adapta à ordem tradicional, menos é criticado pelos intelectuais de esquerda. A equação, superficialmente paradoxal, solicita explicação. Uma sedutora hipótese de solução é imaginar que tais intelectuais estão imbuídos pelo nobre sentimento de "patriotismo partidário". Instado a se subordinar às decisões de um partido comunista que transitava para o controle de Stalin, o dissidente Trotsky invocou a marcha da História rumo ao Futuro: "Certo ou errado, é o meu Partido. Não se pode ter razão contra o Partido ou fora dele". Singer quase repetiu Trotsky - e deve ter pensado na frase do revolucionário russo ao pronunciar a sua, destituída de cores épicas. 

A hipótese, porém, não tem sustentação lógica ou histórica. Trotsky não era um intelectual acadêmico, mas um dirigente bolchevique. Na Rússia, desenrolava-se uma revolução social na moldura da crise geral europeia aberta pela Grande Guerra, não uma eleição municipal no quadro da democracia. A explicação prosaica para a renúncia à crítica é que os intelectuais de esquerda brasileiros encontraram seus lugares à sombra da frondosa árvore do poder lulista. Eles se acostumaram com os benefícios profissionais e, sobretudo, com as "rendas de prestígio" auferidas pela proximidade do governo. No terceiro mandato lulista, e diante da perspectiva de um quarto, interiorizaram como hábitos as normas de elogiar os poderosos e sustar, na hora certa, a inclinação à crítica. A evidência disso é obra de Maluf.Por: DEMÉTRIO MAGNOLI O ESTADÃO - 05/07

O PARAGUAI, A LEI E A DESORDEM

A Constituição paraguaia diz que um presidente pode ser afastado de seu cargo por "mau exercício das funções", se uma maioria parlamentar qualificada decidir fazê-lo. O impeachment de Fernando Lugo, pronunciado em 36 horas, seguiu tal receita. O pretexto utilizado pela maioria parlamentar que o derrubou foi o sangrento confronto entre policiais e sem-terra ocorrido pouco antes, durante a desocupação de uma fazenda. 

É nas crises que se avalia a qualidade dos líderes políticos. Lugo não passou pelo crivo da crise. O estadista paraguaio reagiu de modo ambíguo ao "impeachment expresso". Após o voto da Câmara, disse que respeitaria a deliberação final, do Senado, e enviou advogados para fazer a sua defesa. Depois de tudo, pronunciou um discurso de despedida no qual afirmou que a democracia paraguaia foi "golpeada" - e retirou-se sugerindo que apoiaria "protestos pacíficos" contra a decisão. A oscilação confundiu seus partidários - mas, de qualquer modo, apenas 5 mil pessoas protestavam em Assunção. 

O legalismo da maioria parlamentar foi manchado pela celeridade do processo: como registrou Lugo, seu afastamento demorou menos que o tempo de análise de um recurso contra multa de trânsito, destruindo o direito à defesa. Em editorial, O GLOBO minimizou a importância do caráter sumário do impeachment, enquanto o colunista Merval Pereira qualificou o diagnóstico de que se violou o "devido processo legal" como "questão de interpretação". Há algo de errado quando os princípios gerais do direito são tratados como adornos dispensáveis, quase fúteis. A violação permanente de tais princípios é o método empregado pelos governos de Vladimir Putin e de Hugo Chávez para, "legalmente", asfixiar as liberdades políticas e fraudar a democracia. Nota oportuna: na Rússia e na Venezuela, a cúpula do Judiciário também avaliza, docilmente, a "legalidade" dos atos dos donos do poder. 

O episódio paraguaio deve ser caracterizado como um golpe parlamentar vestido nos andrajos das leis de uma democracia oligárquica. A Constituição do país permite a deposição de um presidente com base em "acusações" de ordem exclusivamente política. O texto constitucional funciona como ferramenta crucial de controle do poder pela elite política tradicional, cuja representação é a maioria parlamentar. Há diferenças significativas entre a deposição de Lugo e a de Manuel Zelaya, em 2009. Contudo, no Paraguai, como em Honduras, o sistema de poder oligárquico faz do presidente eleito um mero despachante dos interesses da elite tradicional organizada no parlamento. 

Lugo era um presidente de esquerda, mas a esquerda jamais chegou ao poder no Paraguai. O governo do "bispo dos pobres" inscreve-se, como elemento de uma certa desordem, na transição paraguaia deflagrada pelo encerramento da ditadura de Alfredo Stroessner, em 1989. O regime ditatorial, que se estendeu por 35 anos, exprimia a hegemonia do partido Colorado. Na longa transição ainda em curso, a elite política molda um sistema pluripartidário de revezamento no poder. O componente dissonante é a emergência de movimentos sociais, especialmente dos sem-terra, num país de grandes propriedades rurais em trajetórias desiguais de modernização. 

Uma estranha aliança entre os movimentos sociais e o Partido Liberal, de centro-direita, propiciou o triunfo de Lugo, em 2008, e a ruptura de 61 anos de hegemonia colorada. O presidente de esquerda equilibrava-se entre os movimentos sociais e a coalizão de governo, carecendo quase totalmente de base parlamentar própria. No Congresso, dependia do apoio inconstante do Partido Liberal e dos humores mutáveis da União dos Cidadãos Éticos (Unace), nome improvável de uma dissidência colorada reunida em torno do ex-general golpista Lino Oviedo. 

O golpe parlamentar do impeachment decorreu da cisão da aliança entre os liberais e o presidente, nas circunstâncias traumáticas criadas pelo tiroteio entre os sem-terra e policiais. As eleições presidenciais estão marcadas para abril de 2013. O Partido Liberal, do agora presidente Federico Franco, calcula que o exercício direto do poder lhe propiciará a vitória, possivelmente em coligação com Oviedo. Os colorados imaginam que o estilhaçamento definitivo da aliança entre a esquerda e os liberais assegurará o seu próprio triunfo. 

As reações latino-americanas ao "impeachment expresso" traduzem a desunião da Unasul. Sob o influxo da Venezuela, o "bloco bolivariano" almeja promover o isolamento completo do governo de Franco - mas os países da Alba têm escassa influência sobre o Paraguai. A Argentina, esquecida de seus próprios interesses nacionais, opera quase como um peão de Chávez, o que complica o cenário do Mercosul, no qual deve agir o Brasil. As reticências brasileiras refletem um realismo geopolítico que escapa à compreensão de Cristina Kirchner.  

No episódio da destituição de Zelaya, o governo Lula participou, com disfarçada relutância, da aventura tragicômica conduzida por Chávez. A irrelevância do Brasil no tabuleiro do istmo centro-americano propiciou o exercício da irresponsabilidade, que rendeu frutos junto às correntes petistas seduzidas pelo brilho falso do "socialismo bolivariano". O Paraguai, porém, não é Honduras: a história, a fronteira, Itaipu e os "brasiguaios" não permitem a transformação do país em campo de folguedos ideológicos. O governo Dilma transita na vereda estreita que passa entre os abismos das sanções econômicas, que provocariam perigosa instabilidade no vizinho estratégico, e da condescendência passiva, que desmoralizaria a cláusula democrática do Mercosul consagrada no Protocolo de Ushuaia. 

O imperativo do realismo diplomático é um problema do governo. Por outro lado, a defesa das liberdades e da democracia exige que se chame as coisas pelo nome delas, sem duplicidade ou eufemismos. Hoje, é Assunção; amanhã, Caracas. Por: Demétrio Magnoli

DEMOCRACIA NA AMÉRICA SO SUL: PERGUNTAS INCÔMODAS

Por que a destituição do presidente Fernando Lugo mereceu resposta tão contundente dos países da região, quando agressões, se não à lei, ao menos ao espírito da convivência democrática, foram recebidas com silêncio obsequioso por parte dos que hoje se insurgem contra "o golpe das elites paraguaias"? 

Seria o impeachment de Lugo mais grave do que o desrespeito de Hugo Chávez aos resultados do referendo de dezembro de 2007? Esqueceram-se de que no ano seguinte o presidente venezuelano promoveu, por decreto, parte das mudanças rejeitadas pela maioria do eleitorado do país naquela que Chávez considerou "una victoria de mierda" das oposições ao seu governo? 

Seria mais grave o rito sumário que marcou a destituição de Lugo do que a aprovação da nova Constituição da Bolívia, em novembro de 2007, num quartel militar cercado por tropas e militantes fiéis a Evo Morales, sem a presença dos parlamentares da oposição? Seria o ato do Congresso paraguaio mais grave do que a decisão tomada por Rafael Correa, no início de seu mandato, permitindo à futura Assembleia Constituinte, onde estava seguro de ter a maioria, dissolver o Parlamento recém-eleito, onde se encontrava em minoria? 

Por que tanta presteza em condenar o Paraguai, quando há anos se assiste sem protesto algum à sistemática deformação das instituições democráticas na Venezuela sob o rolo compressor de Chávez, processo replicado em maior ou menor medida na Bolívia e no Equador? O que representa maior ameaça à democracia na região, um episódio confinado às fronteiras nacionais do mais pobre país da América do Sul ou a vocação expansiva da "revolução bolivariana", cujo epicentro é um país com uma das maiores reservas de petróleo do mundo e um líder com recursos e disposição para pisotear o princípio da não intervenção nos assuntos domésticos de outros países? 

Para justificar tão surpreendente zelo com a pureza do espírito democrático se elaborou às pressas a teoria de que a destituição de Lugo representaria o ensaio local de uma nova modalidade encontrada pelas elites da região para se livrar de governos nacional-populares. A ideia de que o "neogolpismo" é uma espécie de hidra, com várias cabeças, serve aos interesses maiores de Chávez, Correa e Evo. Presta-se a legitimar o acosso a que submetem os seus adversários internos, tratados como inimigos do povo e lacaios da elite, quando não fantoches do "império" (os Estados Unidos). Nada como inflar ou fabricar ameaças para justificar arbitrariedades. Não foi para se defender dos supostos planos de invasão americana que Chávez armou uma milícia popular sob seu comando direto, com a distribuição de milhares de fuzis, sem que tal aberração merecesse sequer um reparo dos zelosos democratas de hoje? 

Também na Argentina se vê a captura do Estado por um grupo político que atribui a si próprio um papel redentor do povo e da nação, confrontando adversários como quem combate inimigos. Comum a todos esses líderes redentores é a utilização do discurso maniqueísta povo versus elite, o que não os impede de ser ou pretender ser, além de heróis do povo, chefes de uma nova elite que se vai erguendo politicamente e enriquecendo financeiramente sob as asas de seus governos. 

Há mais do que afinidades políticas na aliança entre esses quatro líderes políticos. Existe entre eles uma ampla zona cinzenta em que se misturam negócios, assistência governamental e financiamento de campanha. Morales financiou o programa "Bolívia Cambia, Evo Cumple" (e sabe-se lá o que mais) com recursos transferidos por Chávez sobre os quais nem este nem aquele prestam contas a ninguém. Em meio à primeira campanha de Cristina Kirchner para a presidência, uma mala com US$ 800 mil em dinheiro vivo foi encontrada em mãos de um empresário próximo ao governo chavista, num avião fretado em que viajavam funcionários de alto escalão da petroleira venezuelana, PDVSA, e da estatal argentina de energia, Enarsa. Cinco anos e três juízes depois, a Justiça argentina ainda não esclareceu o caso. 

Que Chávez, Evo, Correia e Cristina se lancem à condenação do Paraguai não é difícil de entender. Mais complicado é compreender a posição do Brasil. Marcamos diferença importante ao não embarcar na canoa das sanções econômicas. Mas patrocinamos a manobra oportunista que permitiu incorporar a Venezuela ao Mercosul na esteira da suspensão do Paraguai. 

O Brasil perdeu uma oportunidade para marcar, sem alarde, fisionomia própria em matéria de compromisso com a democracia na região. Bastava não aceitar o ingresso da Venezuela nessas circunstâncias. De pouco vale ter mais da metade do PIB da região se na hora de exercer liderança política nos apequenamos. 

Presidentes deixam sua marca na política externa em horas assim. Dilma poderia ter-se diferenciado de seu antecessor, sempre solicito no apoio político aos companheiros da vizinhança. Mas isso suscitaria comparações com Lula e irritaria o PT. 

A questão não é só de política externa. Vale ler o artigo assinado pelo secretário-geral do partido, Elói Pietá, publicado no site oficial da legenda logo após o impeachment de Lugo. A chamada do artigo é eloquente: "Mesmo com toda a sua força e grandeza, o Brasil também sofreu as tentações de um golpe do Congresso Nacional contra o Presidente Lula". Sobre o "neogolpismo das elites" o secretário-geral explica: "As elites ricas, onde hoje não controlam o Executivo, voltaram a ter no Parlamento Nacional seu principal ponto de sustentação institucional. Além disso, através da poderosa mídia privada, seu principal guia ideológico e voz junto ao povo, elas continuamente instigam a opinião pública contra os governos populares". 

A decisão brasileira de punir o Paraguai para premiar a Venezuela é tributária dessa visão de mundo. Uma é inseparável da outra.SERGIO FAUSTO O Estado de S.Paulo - 07/07

APÓS UM ATAQUE ISRAELENSE CONTRA O IRÃ



Os mulás enfrentam sérias limitações quanto a capacidade de retaliação, incluindo vulnerabilidade militar e necessidade premente em não aumentar o número de inimigos externos.

Como irão os iranianos responder a um ataque israelense contra a sua infraestrutura nuclear? As respostas a esta previsão têm grande importância, que afetam não apenas a decisão de Jerusalém, mas também o quanto outros países estão trabalhando para evitar um ataque israelense.
Os analistas costumam apresentar o que seria a melhor das hipóteses a favor da política de contenção e dissuasão (alguns comentaristas chegam a ponto de saudar um Irã nuclearmente armado) e ao mesmo tempo prever a pior das hipóteses em consequência de um ataque. Preveem que Teerã fará tudo que estiver ao seu alcance para revidar, como terrorismo, sequestros, ataques com mísseis, combates navais e o fechamento do Estreito de Hormuz. Estas previsões ignoram dois fatos: nenhum dos ataques anteriores de Israel contra países inimigos que estavam construindo armas atômicas, Iraque em 1981 e Síria em 2007, resultaram em retaliação e uma análise do histórico da República Islâmica do Irã desde 1979 aponta para uma avaliação "mais comedida e menos apocalíptica—ainda que preocupante—sobre a provável consequência de um ataque preventivo".
Estas são as palavras de Michael Eisenstadt e Michael Knights do Washington Institute for Near Eastern Policy, que apresentam um excelente guia para os possíveis cenários em "Beyond Worst-Case Analysis: Iran's Likely Responses to an Israeli Preventive Strike." O levantamento por eles realizado sobre o comportamento iraniano nas últimas três décadas levou-os a compreender que três princípios centrais irão provavelmente moldar e limitar a resposta de Teerã a um ataque israelense: insistência quanto à reciprocidade, cautela em não criar inimigos gratuitamente e o desejo de impedir futuros ataques israelenses (ou americanos).
Os mulás, em outras palavras, enfrentam sérias limitações quanto a capacidade de retaliação, incluindo vulnerabilidade militar e necessidade premente em não aumentar o número de inimigos externos. Estabelecidas estas linhas de orientação, Eisenstadt e Knights avaliam oito possíveis ações iranianas, cada uma deverá apreciar o mérito e ao mesmo tempo ter em mente a alternativa – a saber, das armas nucleares estarem sob controle dosislamistas apocalípticos:
  • Ataques terroristas a alvos israelenses, judaicos e americanos. Provável, mas com destruição limitada.
  • Sequestro de cidadãos americanos, especialmente no Iraque. Provável, mas com impacto limitado, como nos anos de 1980 no Líbano.
  • Ataques contra americanos no Iraque e no Afeganistão. Alta probabilidade, principalmente por meio de milícias, mas com destruição limitada.
  • Ataques com mísseis contra Israel. Provável: alguns mísseis do Irã passarão pelas defesas israelenses, levando a mortos e feridos na casa de algumas centenas, mísseis do Hisbolá, limitados em número devido a considerações internas do Líbano. Improvável: Envolvimento do Hamas, pelo fato de ter-se distanciado de Teerã, do governo Sírio que luta pela sobrevivência contra forças de oposição cada vez mais fortes e possivelmente também das forças armadas turcas. Como um todo, é improvável que ataques com mísseis farão estragos devastadores.
  • Ataques contra países vizinhos. Provável: terrorismo, por ser passível de ser negado. Improvável: ataques com mísseis, visto que Teerã não deseja criar novos inimigos.
  • Confrontos com a marinha americana. Provável: contudo, dado o equilíbrio de forças, com estrago limitado.
  • Espalhar secretamente minas no Estreito de Hormuz. Provável, causaria uma escalada nos preços do petróleo.
  • Tentativa de fechar o Estreito de Hormuz. Improvável: difícil de ser alcançado e potencialmente muito danoso aos interesses iranianos, pois precisam do estreito para o comércio.
Os autores também avaliam três efeitos colaterais de um ataque israelense. Sim, os iranianos poderão se aglutinar em torno do governo como resultado imediato do ataque, mas no longo prazo Teerã "poderá ser censurado por ter tratado a questão nuclear de um modo que levou ao confronto militar". A assim chamada via árabe prevê eternamente a retaliação em resposta a ataques militares externos, porém nunca retalia; os prováveis tumultos entre os xiitas do Golfo Pérsico serão contrabalançados por muitos árabes aplaudindo silenciosamente os israelenses. Quanto a abandonar o Tratado de Não Proliferação e iniciar abertamente e com ímpeto o programa de armas nucleares, embora "altamente provável", quanto mais os iranianos retaliarem, mais complicado será para eles obterem as peças para o programa.

Levando tudo isso em conta, os perigos são graves mas não cataclísmicos, administráveis, mas não devastadores. Eisenstadt e Knights esperam um curto período de reações iranianas de alta intensidade, seguidas por um "conflito prolongado de baixa intensidade que poderá durar meses ou até anos" – como o já existente entre Irã e Israel. Um ataque preventivo israelense, concluem eles, ainda que seja uma "iniciativa de alto risco, que carrega consigo o potencial de escalação no Levante ou no Golfo, … não será o evento apocalíptico que alguns prenunciam".
Esta análise expõe de forma convincente que o perigo de armas nucleares caírem nas mãos dos iranianos é de longe muito maior do que o perigo de um ataque para evitar que isto aconteça.
ESCRITO POR DANIEL PIPES | 03 JULHO 2012
INTERNACIONAL - ORIENTE MÉDIO

Publicado no The Washington Times.

Original em inglês: After an Israeli Strike on Iran

Tradução: Joseph Skilnik

PSICÓLOGOS E PSICOPATAS

O que leva alguém a defender mutações jurídico-políticas tão monstruosas quanto aquelas aqui mencionadas não é nenhum impulso sexual, seja homo, seja hetero. É a psicopatia pura e simples. 

Não creio que a atração erótica entre pessoas do mesmo sexo seja antinatural e não vejo mesmo nenhum motivo, em princípio, para classificá-la como doença. Também é fato que o termo "homossexualismo" não corresponde a um fenômeno homogêneo e sim a uma variedade de impulsos, desejos e comportamentos, numa gama que vai desde a repulsa ao outro sexo até a completa identificação com ele.

Se na linguagem da propaganda condutas tão díspares são reduzidas artificialmente à unidade de símbolos ideológicos, com valores opostos conforme as preferências de quem os use, isso não é motivo para que os profissionais da saúde mental se deixem levar por idêntica histeria semântica e, violando a regra mais básica da técnica lógica, tirem conclusões unívocas de termos equívocos. 

Resta, ademais, um fato incontornável: como toda e qualquer outra conduta sexual humana, o homossexualismo, em toda a diversidade das condutas que o termo encobre, nem sempre emana de um desejo sexual genuíno. Pode, em muitos casos, ser uma camuflagem, uma válvula de escape para conflitos emocionais de outra ordem, até mesmo alheios à vida sexual. É possível e obrigatório, nesse caso, falar de falso homossexualismo, de homossexualismo neurótico ou mesmo psicótico, para distingui-lo do homossexualismo normal, nascido de um autêntico e direto impulso erótico. 

A proibição de dar tratamento psicológico a pacientes que sintam desconforto com a sua vida homossexual resulta num impedimento legal de distinguir entre esses dois tipos de conduta especificamente diferentes, entre o mero impulso sexual e a sintomatologia neurótica, equalizando, portanto, homossexualismo e doença. 

Por outro lado, essa diferença, em cada caso concreto, não pode ser estabelecida a priori, mas só se revela no curso da psicoterapia mesma. É previsível que, uma vez removido o conflito profundo, o interesse pela prática homossexual diminuirá ou desaparecerá nos portadores de homossexualismo neurótico, ao passo que os homossexuais normais continuarão a sê-lo como antes. 

A proibição de distingui-los resulta, portanto, em encobrir a neurose sob uma carapaça de proteção legal, fazendo do Estado o guardião da doença em vez de guardião da saúde. 

A proposta de consagrar aquela proibição em lei revela, nos seus autores, a incapacidade de fazer distinções clínicas elementares, e esta incapacidade, por sua vez, nos dá a prova incontestável de uma incultura científica e de uma inépcia profissional suficientes para justificar que essas pessoas sejam excluídas da corporação dos psicólogos. A autoridade desses indivíduos para opinar em questões de psicologia é, rigorosamente, nenhuma. 

Porém há ainda algo de mais grave. A proposta da proibição acima mencionada vem no contexto de um movimento criado para proibir e punir como "crime de homofobia" toda opinião adversa à conduta homossexual, independentemente da linguagem serena ou inflamada, polida ou impolida, racional ou irracional com que essa opinião se expresse. Pareceres científicos, juízos filosóficos e ensinamentos doutrinais das religiões são assim nivelados, como delitos, aos insultos mais grosseiros e às manifestações mais ostensivas de preconceito e discriminação. 

Com toda a evidência, nenhuma palavra contra a conduta homossexual neurótica ou sã será permitida. Ao longo de toda a História, nenhuma outra conduta humana gozou jamais de tão vasto privilégio, de tão abrangente proteção. Nenhuma esteve jamais imunizada por lei contra a possibilidade de críticas. 

Não o é, por exemplo, nenhuma conduta política. Não o é nenhuma qualidade humana, por mais excelsa e respeitável. Não o é a genialidade artística ou científica, a honestidade impoluta ou mesmo a santidade. Não o é a vida pública ou privada de quem quer que seja. Não o é nem mesmo a conduta usual de um casal heterossexual, frequentemente criticada como sintoma de trivialidade e falta de imaginação. Não o é, por fim, o próprio Deus, contra o qual se dizem e se escrevem, livremente e sem medo de punição, toda sorte de barbaridades. 

A proteção legal que se reivindica para o homossexualismo é tão claramente megalômana, tão desproporcional com os direitos de todas as demais pessoas e grupos, que resultará em fazer dessa conduta um domínio – o único domínio – separado da vida e superior a ela, intocável, inacessível às opiniões humanas. 

A proposta é tão inequivocamente demencial que o simples fato de que a mídia e o Parlamento cheguem a discuti-la a sério já é prova de que boa parte da sociedade – justamente a parte mais falante e ativa – perdeu o senso inato da distinção não só entre o normal e o patológico, mas entre realidade e fantasia. 

Segundo o grande psiquiatra polonês Andrzei Lobaczewski (Political Ponerology, 2007), isso acontece justamente quando os postos de liderança estão repletos de personalidades psicopáticas, as quais, com suas ações temerárias e sua fria insensibilidade às emoções normais humanas, acabam, quando triunfantes, por espalhar na população em geral um estado de confusão atônita, de falta de discernimento e, no fim das contas, de estupidez moral. 

Homossexuais podem ser pessoas normais e saudáveis? É claro que podem. Mas o que leva alguém a defender mutações jurídico-políticas tão monstruosas quanto aquelas aqui mencionadas não é nenhum impulso sexual, seja homo, seja hetero. É a psicopatia pura e simples. 

Mais que incompetentes e indignos de exercer a profissão de psicólogos, os apóstolos de tais medidas são mentes deformadas, perigosas, destrutivas, cuja presença em altos postos é uma promessa segura de danos e sofrimentos para toda a população. Por: Olavo de Carvalho Publicado no Diário do Comércio.

EXPANSÃO ARTIFICIAL DE CRÉDITO

A relação entre expansão artificial do crédito e degradação ambiental 


Teóricos que defendem soluções de livre mercado para o ambiente já demonstraram que a melhor maneira de se preservar a natureza é estendendo a criatividade empreendedorial e os princípios do livre mercado para todos os recursos naturais, o que requer a completa privatização destes e uma correta definição e defesa dos direitos de propriedade que pertencem a eles. Sem estes direitos, todos eles baseados na propriedade privada, o cálculo econômico se torna impossível, a correta alocação de recursos escassos para as aplicações mais demandadas é impedida e todos os tipos de comportamentos irresponsáveis são encorajados, o que leva ao consumo e à destruição injustificados de vários recursos naturais. 

Não obstante, estes teóricos conservacionistas pró-livre mercado até hoje seguem ignorando uma outra grande causa do uso ineficiente e improdutivo dos recursos naturais: a expansão artificial do crédito que os bancos centrais orquestram e ciclicamente injetam nos sistemas econômicos por meio dos sistemas bancários, os quais, por operarem com o privilégio de utilizar reservas fracionárias, intensificam e ampliam ainda mais esta expansão artificial do crédito. 

Toda expansão creditícia artificial desencadeia, em sua fase inicial, uma bolha especulativa que pode ser caracterizada por uma "exuberância irracional". Esta fase da expansão creditícia provoca uma série de desequilíbrios e descoordenações na economia real, fazendo com que vários projetos e empreendimentos de longo prazo que antes da expansão do crédito se mostravam desvantajosos se tornem agora, por causa da queda dos juros, aparentemente (muito) lucrativos. 

E um dos resultados mais ignorados deste fenômeno é a desnecessária pressão que ele gera sobre todos os recursos naturais. Árvores que até então não deveriam ser derrubadas se tornam extremamente desejadas por madeireiras, cuja matéria-prima está agora sendo demandada por vários setores imobiliários. Por causa do boom na construção civil, a produção de cimento aumenta exponencialmente, o que por sua vez exige um aumento na produção de alumina, de sílica, de óxido de ferro e de magnésio, os quais são queimados juntos em um forno e pulverizados, transformando-se em seguida em concreto. Para aumentar a extração de minerais, várias montanhas e vales são explorados e perfurados mais atabalhoadamente, sempre com urgência para se suprir a crescente (e artificial) demanda. O aumento artificial da renda, gerado pelo crédito fácil, estimula uma maior demanda por uma gastronomia mais requintada, o que estimula a pesca predatória e uma maior quantidade de abate de animais. A criação de gado, uma atividade que os ambientalistas dizem ser extremamente poluidora, se expande. A atmosfera é poluída. Os rios são contaminados. Além dos minerais, aumenta-se também a prospecção de petróleo e gás com o intuito de se completar projetos excessivamente ambiciosos para os quais simplesmente não haverá demanda assim que eles ficarem prontos, dado que os consumidores estarão mais endividados e sua renda não terá aumentado com se previa inicialmente. 

No final deste ciclo, quando a expansão creditícia — que não pode se perpetuar para sempre — for interrompida, o mercado inevitavelmente irá impor o desejo dos consumidores e todos estes empreendimentos que até então pareciam lucrativos revelar-se-ão um grande desperdício. Vários bens de capital produzidos durante o período da euforia se tornam ociosos, revelando que sua produção foi um erro e um esbanjamento desnecessário (o que os fez ser distribuídos incorretamente no tempo e no espaço) porque os empreendedores se deixaram enganar pela abundância do crédito, pela facilidade de seus termos e pelos juros baixos estipulados pelas autoridades monetárias. 

O resultado de tudo isso é que o ambiente é danificado desnecessariamente, uma vez que, no final, o padrão de vida dos consumidores não aumentou em nada. Pelo contrário, aliás: os consumidores estão agora relativamente mais pobres em decorrência de todos estes investimentos errôneos e insustentáveis que foram empreendidos em decorrência da expansão artificial do crédito, investimentos estes que imobilizaram capital e recursos escassos para seus projetos, recursos estes que agora não mais estão disponíveis para serem utilizados em outros setores da economia. No geral, a economia está agora com menos capital e menos recursos escassos disponíveis. Na Espanha, por exemplo, há hoje um milhão de casas vazias, sem compradores. Capitais e recursos escassos foram desperdiçados na construção destes imóveis, capitais e recursos que poderiam estar hoje sendo aplicados em outros setores da economia espanhola. 

É assim que a expansão do crédito, além de afetar toda a economia, ainda degrada desnecessariamente o ambiente. 

Esta extremamente sucinta análise nos leva a uma óbvia conclusão: amantes da natureza, além de defender a privatização de todos os recursos naturais, deveriam também defender um sistema monetário de livre mercado, o qual não comporta um banco central manipulando e expandindo a oferta monetária e o crédito para atender aos desejos de curto prazo dos políticos. Em suma, um sistema monetário baseado em um padrão-ouro puro. Este seria o único arranjo capaz de erradicar as recorrentes expansões econômicas artificiais e insustentáveis e suas subsequentes crises financeiras e recessões, ciclo este que tanto mal faz ao ambiente, à humanidade e a todo o processo de cooperação social. 

Jesús Huerta de Soto professor de economia da Universidade Complutense de Madri, é o principal economista austríaco da Espanha. Autor, tradutor, editor e professor, ele também é um dos mais ativos embaixadores do liberalismo clássico no mundo. Ele é o autor da monumental obra Money, Bank Credit, and Economic Cycles.

UMA NOVA POLÍTICA AGRÍCOLA

Após o enriquecimento no meio urbano, chegou a hora de o campo também colher os frutos do avanço do país O Brasil transformou-se em um dos três maiores produtores e exportadores de produtos agropecuários do mundo em menos de 40 anos. Essa transformação foi resultado da combinação de empreendedorismo privado, apoio do Estado (por meio do crédito rural) e difusão da pesquisa agronômica. As políticas públicas de apoio à produção rural, contudo, permaneceram as mesmas da década de 1970. 

O Plano Agrícola e Pecuário 2012/13, lançado na semana passada, deve ser visto como um marco divisório. Reduziu juros, aumentou recursos para custeio e investimento e abriu novos e amplos caminhos que poderão fazer toda a diferença para o agronegócio brasileiro. 

A primeira e mais profunda mudança de rumo na política agrícola do país é o aumento substancial do seguro rural. O volume era muito modesto e não cobria mais de 5% de nossa área plantada. O governo agora eleva substancialmente as dotações, permitindo que o Brasil possa ter cerca de 20% da área plantada coberta por seguro. Até 2015, esperamos ter 50% da área coberta. Sem dúvida, uma mudança de paradigma. 

Ainda precisaremos desenvolver modelos que assegurem não só a cobertura contra eventos climáticos, mas também contra as variações extremas de preço, que tanto punem a atividade rural. A indústria pode regular a sua produção a qualquer momento. Na agricultura, se entre o plantio e a colheita mudam as condições de mercado, o produtor não tem como se proteger. Nos países onde o seguro agrícola está acima de 80% da área plantada, como nos Estados Unidos, o crédito público foi substituído pelo crédito privado, pois o risco de financiar um produtor com seguro agrícola é praticamente zero. 

Nesse novo modelo, as operações de crédito ocorrerão com maior transparência. Uma central única de riscos permitirá aos agentes financeiros conhecer com mais segurança o nível de endividamento dos tomadores de crédito e, nesse ramo, mais conhecimento significa juros menores. 

Outra iniciativa que merece destaque é a criação de uma instituição com a função de coordenar e de fomentar a extensão rural no país. Mais de 3,5 milhões de produtores rurais (cerca de 70% do setor) vivem praticamente da agricultura de subsistência, nos limites da situação de pobreza. Enquanto na economia urbana um número cada vez maior de brasileiros ascende à classe média, na zona rural o progresso não alcança a grande maioria. Ao contrário, a classe média do campo está sendo comprimida. 

Sabemos que o ativo que determina o nível de renda no mundo moderno é o conhecimento. E esse conhecimento não pode continuar distribuído de modo desigual entre os brasileiros do campo. É preciso dar a todos condições iguais de acesso a insumos tecnológicos modernos, democratizando o conhecimento produzido por pesquisadores país afora, em especial na Embrapa, nas nossas excelentes universidades rurais e em um número cada vez maior de empresas privadas -que nos deram a agricultura de precisão, o etanol de segunda geração e as técnicas de baixa emissão de carbono, por exemplo. 

Parece ter chegado a hora de recriar, de forma moderna, baseados em meritocracia, os sistemas de extensão rural no Brasil. O governo federal merece nosso aplauso por essa iniciativa de longo alcance. 

A participação do custo da alimentação na renda do trabalhador da cidade caiu de mais de 40% para 17%, nas últimas décadas. Essa diferença virou eletrodomésticos, educação para os filhos, carro, casa própria. Impulsionou as classes mais baixas da população urbana para a classe média. 

Chegou a hora de o campo também colher os frutos do crescimento do Brasil. O seguro agrícola vai diminuir o risco, ampliando a capacidade de produção e o tamanho da classe média rural. Extensão e assistência técnica reduzirão o abismo entre os que praticam a boa gestão e os que nem sequer a conhecem, tirando milhões de agricultores da pobreza. 

Confio em que estamos iniciando um círculo virtuoso, fruto da união de produtores e do governo, que estão dando as mãos para construir um Brasil mais igual e mais justo. KÁTIA ABREU, 50, senadora (PSD/TO) e presidente da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil)

A VERGONHOSA POLÍTICA EXTERNA BRASILEIRA


Dilma é protagonista do episódio mais vergonhoso da política externa brasileira em quase 10 anos de governo petista: incitamento a um golpe militar! Ou: Venezuela de Chávez no Mercosul traz o narcotráfico para o bloco

Eládio Aponte: era juiz da Corte de Jutiça da Venezuela e confessa: protegia o narcotráfico a mando de Chávez e de militares venezuelanos
Eládio Aponte era presidente do Tribunal Superior de Justiça da Venezuela e confessa: protegia o narcotráfico a mando de Chávez e de militares venezuelanos
Na política externa, Dilma Rousseff chegou a emitir alguns sinais benignos na relação com o Irã. Chegou-se a imaginar que o país pudesse ter se reconciliado com a racionalidade e com os fundamentos universais da democracia. Que nada! Oito anos do megalonaniquismo de Celso Amorim no Itamaraty não levaram o país a um papel tão vergonhoso quanto o desempenhado na crise paraguaia.
Sim, senhores! Dona Dilma Rousseff, aquela que deu posse à Comissão da Verdade, aquela que não perde a chance de exaltar seus “camaradas” de luta — todos eles, como ela própria, empenhados então em instalar no Brasil uma ditadura comunista, aquela que tentou punir militares da reserva porque expressaram um descontentamento (e o fizeram dentro da lei), esta mesma Dilma Rousseff pôs as suas digitais no que foi nada mais, nada menos do que o incitamento a um golpe militar no Paraguai. A safra de esquerdistas latino-americanos no poder não descarta, então, apelar às forças uniformizadas, não é? Desde que os tanques estejam a favor da “boa causa”: a deles!
As revelações feitas agora pela cúpula do governo uruguaio não deixam a menor dúvida: Dilma não foi apenas uma das articuladoras da suspensão do Paraguai do Mercosul. Ela também foi a principal artífice do golpe — este na esfera diplomática — que aprovou o ingresso da Venezuela no grupo. A presidente brasileira atuou para acolher um governo que, dias antes, havia se reunido com a cúpula militar paraguaia para incitar uma quartelada.
Se os generais do Paraguai tivessem feito o que lhes recomendou Chávez, a Constituição do país teria sido rasgada. Fernando Lugo teria sido mantido no poder pelos tanques, e a nossa presidenta certamente estaria chamando a solução, agora, de “democrática”. VEJA Online havia revelado em primeira mão a tentativa de quartelada chavista. Os filmes que vieram a público não deixam a menor dúvida.
O Apedeuta e seu Megalonanico tentaram desestabilizar Honduras também. Naquele caso, no entanto, tentou-se criar um levante popular em favor de Manuel Zelaya. Ocorre que o povo hondurenho não queria o malucão de volta, como o paraguaio não quer o retorno do bispo “pegador”. Desta feita, a coisa chega a ser mais asquerosa porque se tentou uma solução que já foi, digamos assim, um clássico na América Latina: a quartelada!
NarcotráficoA cúpula do governo de Hugo Chávez está infiltrada pelo narcotráfico, e muitos de seus generais são parceiros da Farc. Não se esqueçam de que armamento pesado das forças venezuelanas já foram encontrados com os narcoguerrilheiros. No dia 5 de maio, José Casado informava no Globo:
Desde a última quarta-feira, o nome do venezuelano Eladio Ramón Aponte Aponte reluz na lista “vermelha” da Interpol, a pedido do governo de seu país.
(…)
A vida de Aponte, de 63 anos, mudou seis semanas atrás. Era um homem da lei. Virou foragido da Justiça. Era um dos pilares do governo Hugo Chávez. Tornou-se o “inimigo número um” caçado pelos chavistas. Era presidente do Tribunal Superior de Justiça - a Suprema Corte venezuelana. Agora é um delator da DEA, a agência antidrogas dos Estados Unidos.
Ele confessou cumplicidade com uma rede sul-americana de narcotráfico. E admitiu ter manipulado processos judiciais para favorecer traficantes cujos negócios — contou — eram partilhados com alguns dos mais graduados funcionários civis e militares do governo Chávez.
Citou especificamente: o ministro da Defesa, general de brigada Henry de Jesús Rangel Silva; o presidente da Assembleia Nacional, deputado Diosdado Cabello; o vice-ministro de Segurança Interna e diretor do Escritório Nacional Antidrogas, Néstor Luis Reverol; o comandante da IVa Divisão Blindada do Exército, Clíver Alcalá; e o ex-diretor da seção de Inteligência Militar, Hugo Carvajal.
O juiz Aponte Aponte conheceu a desgraça em março, quando seu nome foi descoberto na folha de pagamentos de um narcotraficante civil, Walid Makled. Convocado para uma audiência na Assembleia Nacional, desconfiou. Na tarde de 2 de abril, ajeitou papéis em uma caixa, deixou o tribunal e entrou em um táxi. Rodou 500 quilômetros até um aeroporto do interior, alugou um avião e aterrissou na Costa Rica. Ali, pediu para entrar no sistema de proteção que a agência antidrogas dos EUA oferece aos delatores considerados importantes.
Três semanas atrás, o juiz-delator reapareceu em uma entrevista ao canal Soi TV, da Costa Rica, contando em detalhes como é feita a manipulação de processos judiciais para livrar da prisão traficantes vinculados a personalidades do governo.
Deu como exemplo um caso no qual está envolvido um ex-adido militar venezuelano no Brasil, o tenente-coronel Pedro José Maggino Belicchi. Segundo o juiz-delator, Maggino Belicchi integra a rede militar que há anos utiliza quartéis da IVª Divisão Blindada do Exército da Venezuela como bases logísticas para transporte de pasta-base e de cocaína exportadas por facções da Farc, a narcoguerrilha colombiana. O tenente-coronel foi preso em flagrante no dia 16 de novembro de 2005, com outros militares, transportando 2,2 toneladas de cocaína em um caminhão do Exército (placa EJ-746).
Na presidência da Suprema Corte, Aponte Aponte diz ter recebido e atendido aos apelos da Presidência da República, do Ministério da Defesa e do organismo venezuelano de repressão a drogas para liberar Magino Belicchi e os demais militares envolvidos. Faz parte da rotina judicial venezuelana, ele contou na entrevista à televisão da Costa Rica.
O general Henry de Jesus Rangel Silva, citado pelo juiz-delator, comandou a Quarta Divisão Blindada, uma das unidades mais importantes do Exército venezuelano. Desde 2008, ele figura na lista oficial de narcotraficantes vinculados às Farc colombianas e cujos bens e contas bancárias estão interditados pelo governo dos Estados Unidos. Em janeiro, o presidente Hugo Chávez decidiu condecorá-lo em público e promovê-lo ao cargo de ministro da Defesa. “Rangel Silva é atacado”, justificou Chávez em discurso.
(…)
EncerroÉ essa gente que Dilma Rousseff e Cristina Kirchner estão levando para o Mercosul.
Por Reinaldo Azevedo

sexta-feira, 6 de julho de 2012

MULHERES GANHAM 30% A MENOS DO QUE OS HOMENS?

Corre de tempos em tempos uma lenda urbana de que empresas, "corporações" e empresários deliberadamente discriminam mulheres e pagam 30% a menos pelo mesmo trabalho feito por uma mulher do que pagam para um homem. 

São pesquisas feitas por Universidades sérias, por sociólogos, antropólogos e economistas do trabalho. O que impressiona é como estas pesquisas são aceitas pela imprensa mundial, sem pestanejar. 

Por isto, insisto que todo jornalista faça um MBA para poder fazer as perguntas relevantes antes de sair publicando pesquisas por aí. 

Um MBA perguntaria de cara: Por que as empresas pagariam 42% a mais para contratar um homem quando uma mulher faria a mesma coisa, por um preço bem menor? 

Nem sabem calcular estes 42%. De onde veio, você sabe? Não continue se não souber. Matricule-se. 

E o que é mais impressionante, mais 42%, uma estatística muito mais forte jornalisticamente e mais chamativa do que menos 30%. 

Um salário de R$ 1.000 dividido por R$ 700 é igual 42% minha gente, muito mais chamativo do que R$ 700 dividido por R$ 1.000 - 1, que é 30%. 

Os defensores da causa feminista não são bons em números, e isto é preocupante. 

Voltando à questão. Por que empresários gananciosos, ávidos de lucros, imbuídos de espíritos animais segundo estas mesmas economistas, contratariam só homens pagando 42% a mais? 

Se existisse este tal espírito animal, administradores prefeririam ser rodeados somente de mulheres e não homens, evitando 42% de custos adicionais. 

Fico muito assustado quando vejo um Obama e um Congresso Brasileiro passarem leis baseadas em pesquisas como estas, que não tem nem pé nem cabeça. 

O que está de fato acontecendo? 

Vejamos a profissão de taxistas. 

Mesma profissão, mesmas ruas, mesmas horas de trabalho, e de fato mulheres ganham 15% a menos do que homens. 

Isto porque mulheres preferem não fazer o período noturno com a bandeira 2 suplementar, que varia de cidade em cidade. 

Engenheiras da Petrobras ganham menos do que seus companheiros porque elas preferem não trabalhar nas plataformas marítimas, onde se ganham várias vantagens extras, em troca de ficar longe da família. 

Mulheres tendem a evitar posições de risco. Homens solteiros são mais atirados e mais estressados, por sinal. 

Em contrapartida, mulheres vivem 9% mais do que os homens, o que por sinal aumenta o custo atuarial de se contratar uma mulher. 

Mulheres possuem várias vantagens trabalhistas devido à gravidez, meses onde ela recebe mas não trabalha. Isto aumenta o custo de se contratar uma mulher, custo que deveria ser dividido com o marido e não somente com a empresa, mas não o é. 

Uma mulher que tenha 3 a 4 filhos, pode custar 9% a mais do que um homem, por meses trabalhado. 

Do ponto de vista econômico, o consumidor não está disposto a pagar 9% a mais pelos produtos da empresa X, só porque as funcionárias decidiram ter mais filhos do que as funcionárias de uma empresa chinesa. 

Em 2007, a Academia de Administração Americana publicou uma pesquisa de uma economista do trabalho, Francine Blau, onde ajustando por anos de estudo, cargo, raça, indústria e ocupação, mulheres ganhavam 91% do que ganhavam os homens. Ou seja, 9% a menos e não 30%. 

Empresas americanas pagam sim 10% a mais para contratar um homem do que uma mulher, porque assim evitam pagar maiores custos atuariais, custos com gravidez, creches obrigatórias, e assim por diante. 

Portanto, acredito que o mercado ajusta o preço entre mulheres e homens, segundo estas diferenças de custos, e não por machismo corporativo. 

Eu sempre preferi contratar uma mulher mesmo com o mesmo salário, o que já é uma discriminação neste caso a favor. Subordinado macho é sempre uma encrenca a mais. 

Na realidade, os 9% de diferença de salários são custos adicionais impostos por leis feitas por pessoas que nunca trabalharam numa empresa na vida. 

Ou talvez, seja uma conspiração de jornalistas masculinos. 

Ao publicarem que mulheres ganham 30% a menos, elas aceitarão ganhar 20% a menos, como jornalistas, de bom grado. Assim, eles pagam menos e ficam rodeados de mulheres. 

Brilhante!     Por: Stephen kanitz

SAUDADES DO BARÃO

Saudades do Barão: o Itamaraty virou correia de transmissão dos caudilhos. Depois das últimas trapalhadas do Itamaraty (especialmente apoiando a suspensão do Paraguai e a entrada pela janela da Venezuela no Mercosul), creio que vale republicar o artigo "Saudades do Barão" que saiu na "Folha de S. Paulo" de 4 de outubro de 2009. Seria bom aproveitar as próximas eleições e, pela primeira vez, transformar a política externa em tema eleitoral AS TRAPALHADAS na condução da crise de Honduras sintetizam de forma cristalina a ação do Itamaraty nos últimos sete anos. É um misto de voluntarismo com irresponsabilidade. Algumas vezes, Celso Amorim mais parece um líder estudantil do que ministro das Relações Exteriores. O Brasil não tem nenhuma vinculação histórica com a América Central. Contudo, o governo brasileiro insistiu em ter participação direta na crise hondurenha. Queria demonstrar liderança regional numa área historicamente de influência norte-americana. Como uma espécie de recado do "cara" para Barack Obama, comunicando que o Brasil era a nova potência da região. Potência sem "marines", mas com muita retórica e bazófia. Claro que tinha tudo para dar errado, como se, em um filme de faroeste, John Wayne fosse substituído por Oscarito. A aventura alcançou o ápice quando Zelaya chegou à embaixada brasileira. Minutos depois, recebeu a adesão de centenas de seguidores. Logo o local virou um acampamento. A tradição latino-americana se impôs. Muitos discursos, acusações, traições e atos de valentia sem nenhuma consequência prática. E tudo isso na embaixada brasileira, território nacional. Quando o governo hondurenho cercou o prédio, o ato foi considerado autoritário. Imagine o que faria Fidel Castro se um líder anticastrista entrasse na embaixada brasileira em Havana e de lá insuflasse a população cubana à rebelião... Celso Amorim declarou diversas vezes que lá em Honduras estava sendo jogada a sorte da democracia na América. Não era possível transigir com princípios democráticos e legais. Era necessário não retroceder. Estranhamente, essa determinação não é aplicada na América do Sul. Mais ainda quando nossos vizinhos agem deliberadamente contra os interesses brasileiros, violando tratados, leis e contratos. Tivemos o caso das refinarias da Petrobras na Bolívia, que foram tomadas abusivamente pelo governo local. Tivemos a insistência paraguaia impondo a revisão do tratado de Itaipu 15 anos antes do seu término. Tivemos as sucessivas violações do tratado do Mercosul realizadas pela Argentina e as abusivas medidas adotadas pelo governo equatoriano contra empresa brasileira. A tudo isso o governo Lula assistiu passivamente. Não moveu um dedo. Pelo contrário, concordou com as arbitrariedades, desmoralizou as gestões anteriores do Itamaraty e, assim, abriu caminho para que amanhã um governo resolva, de moto próprio, descumprir um tratado ou acordo. A simpatia política com os governos chamados bolivarianos e subserviência a eles chegou ao ponto da absoluta irresponsabilidade. A Colômbia, que tem tentado estabelecer uma política de cooperação com o governo Lula para melhorar a fiscalização da fronteira, é sistematicamente tratada com hostilidade, inclusive nos fóruns regionais. Já a Venezuela, que disputa claramente espaço político com o Brasil e que não perde uma oportunidade para debilitar os interesses brasileiros na região (como durante a encampação das refinarias da Petrobras na Bolívia), é tratada como aliada, mesmo tendo uma política externa agressiva, sustentada por fabulosas compras de modernos armamentos. E, como o que está ruim pode piorar, a Venezuela vai entrar no Mercosul. A diplomacia brasileira tentou por todos os meios ter presença diretiva em vários organismos internacionais e no Conselho de Segurança da ONU. Como necessitava de votos, considerou natural ignorar graves violações dos direitos humanos em vários países (como o genocídio de Darfur), apoiou ditadores (como Muammar Gaddafi) e até fez campanha para um aspirante a diretor-geral da Unesco notabilizado por declarações de cunho antissemita. Mesmo assim, os candidatos brasileiros foram derrotados, e a estratégia fracassou. O presidente Lula transformou o Itamaraty em uma espécie de Íbis, clube de futebol pernambucano celebrizado pelo número de derrotas. O Brasil precisa ter papel relevante nos organismos e nas negociações internacionais. Disso ninguém discorda. Mas a maturidade econômica do país não condiz com uma política externa inconsequente. Não é com base em aventureirismo que o país vai ser respeitado. E muito menos servindo de cavalo de troia de bufões latino-americanos. Um dos grandes desafios para o século 21 brasileiro é a construção de uma política externa global, que enfrente os desafios da nova ordem internacional. Um bom caminho para dar início a essa discussão é aproveitar a próxima eleição e, pela primeira vez, transformar a política externa em tema eleitoral.Por: MARCO ANTONIO VILLA