domingo, 23 de setembro de 2012

CRIAÇÃO COLETIVA

Não, o ex-presidente Lula não perdeu o juízo como sugere em princípio o relato da pressão explícita sobre ministros do Supremo Tribunal Federal para influir no julgamento do mensalão, em particular da conversa com o ministro Gilmar Mendes eivada de impropriedades por parte de todas as partes. Lula não está fora de si. Está, isto sim, cada vez mais senhor de si. Investido no figurino do personagem autorizado a desrespeitar a tudo e a todos no cumprimento de suas vontades. E por que o faz? Porque sente que pode. E pode mesmo porque deixam que faça. A exacerbação desse rude atrevimento é fruto de criação coletiva e não surgiu da noite para o dia. A obra vem sendo construída gradativamente no terreno da permissividade geral onde se assentam fatores diversos e interesses múltiplos, cuja conjugação conferiu a Lula o diploma de inimputável no qual ele se encontra em pleno usufruto. Nesse último e bastante assombroso caso, produto direto da condescendência institucional – para dizer de modo leve – de dois ex-presidentes da Corte guardiã da Constituição: o advogado Nelson Jobim, que convidou, e o ministro Gilmar Mendes, que aceitou ir ao encontro do ex-presidente. Nenhum dos dois dispõe da prerrogativa da inocência. Podiam até não imaginar que Lula chegaria ao ponto da desfaçatez extrema de explicitar a intenção de influir no processo, aconselhando o tribunal a adiar o julgamento e ainda insinuar oferta de “proteção” ao ministro. Inverossímil é que não desconfiassem da motivação do ex-presidente que anunciou disposição de se dedicar diuturnamente ao desmonte da “farsa do mensalão” e provou isso ao alimentar a criação de uma comissão parlamentar de inquérito no intuito de embaralhar as cartas e embananar o jogo. Mas, apenas para raciocinar aceitemos o pressuposto da ingenuidade, compremos a versão do encontro entre amigos e consideremos natural tanto o convite quanto a anuência. À primeira questão posta – “é inconveniente julgar esse processo agora” –, à primeira pergunta feita pelo ex-presidente – “não tem como adiar o julgamento?” –, se o ministro Gilmar Mendes tivesse agradecido ao convite e polidamente se retirado, não teria ouvido o que viria a seguir, segundo o relato que fez depois ao presidente do STF, ao procurador-geral da República e ao advogado-geral da União. Narrativa esta que se pressupõe verdadeira. Se aceitarmos a versão do desmentido apresentada por Nelson Jobim teremos de aceitar a existência de um caluniador com assento no Supremo Tribunal Federal e de esperar contra ele algum tipo de interpelação. Tivesse dado por encerrado o encontro logo de início, o ministro Gilmar Mendes não teria ficado “perplexo com o comportamento e as insinuações despropositadas do presidente Lula”. Não teria ouvido alusões ao seu possível envolvimento com o esquema Cachoeira – razão da oferta de proteção na CPMI –, não teria escutado o ex-presidente chamar o ministro Joaquim Barbosa de “complexado”. Não teria testemunhado Lula desqualificar ao mesmo tempo o ex-ministro Sepúlveda Pertence e a ministra Cármen Lúcia ao sugerir a existência de uma cadeia de comando com a frase “vou falar para o Pertence cuidar dela”. É verdade que se tivesse ido embora o ministro Gilmar Mendes teria poupado a si um enorme constrangimento. Mas não daria ao País a oportunidade de saber que o ex-presidente tem acesso a informações de um inquérito na data da conversa (26 de abril) ainda protegido por sigilo de Justiça. Não saberíamos que Lula diz orientar a conduta do ministro Dias Toffoli – “eu falei que ele tem que participar do julgamento”– e que afirma acompanhar de perto os passos do ministro revisor do processo do mensalão, Ricardo Lewandowski – “ele só iria apresentar o relatório no semestre que vem”. Em suma, ninguém fica bem nessa história, mas Lula fica pior ao deixar que a soberba e o ressentimento o façam porta-voz do pior combate: a desqualificação das instituições. Entre elas o papel de ex-presidente da República.Por:DORA KRAMER, Estadão

PROMESSA CUMPRIDA

Quem já não conhece, para além de toda dúvida razoável, o enredo, os heróis, os vilões e a moral da história no script da novela que os sete membros da Comissão terão dois anos para redigir? 

 Nenhuma comissão investigadora com alguma idoneidade pode prometer, antecipadamente, "a verdade". Amigos e leitores perguntam o que penso da "Comissão da Verdade". Nem há muito o que pensar. Ao entregar à admiração pública essa criatura dos seus sonhos, a presidenta Dilma Rousseff prometeu "transparência", e confesso raramente ter visto coisa tão transparente, tão aberta à inspeção de seus mais íntimos segredos. Tão cândido é o despudor com que ela se apresenta que vai até um pouco além da obscenidade. A mais exaurida das imagens diria que desde a roupa nova do rei não se via nada igual. Mas, comparadas a este espetáculo, as vestes inexistentes de Sua Majestade têm a impenetrabilidade de uma burca. De um só lance, o sistema que nos governa rasga as vestes e, lançando às urtigas até o manto diáfano da fantasia, exibe ao mundo suas banhas, suas partes pudendas e suas entranhas com o devido conteúdo excrementício. O nome da porcaria já diz tudo. Nenhuma comissão investigadora com alguma idoneidade e honradez pode prometer, antecipadamente, "a verdade". No máximo, uma busca criteriosa, o respeito aos fatos e documentos e um esforço sincero de interpretá-los com isenção. Se antes mesmo de constituir-se a coisa já ostentava o rótulo de "a verdade", é porque seus membros não esperam encontrar pelo caminho aquelas incertezas, aquelas ambiguidades que são inerentes tanto ao processo histórico quanto, mais ainda, à sua investigação. Se têm tanta certeza de que o resultado de seus trabalhos será "a verdade", é porque sentem que de algum modo já a possuem, que nada mais têm a fazer do que reforçar com novos pretextos aquilo que já sabem, acreditam saber ou desejariam fazer-nos crer. E quem, ó raios, ignora que verdade é essa? Quem já não conhece, para além de toda dúvida razoável, o enredo, os heróis, os vilões e a moral da história no script da novela que os sete membros da Comissão terão dois anos para redigir? Quem não sabe que o produto final da sua criatividade literária será apenas o remake, retocado num ou noutro detalhe, de um espetáculo já mil vezes encenado na TV, nas páginas dos jornais e revistas, em livros e teses universitárias, em manuais escolares e em discursos no Parlamento? Se é certo que quem domina o passado domina o futuro, qualquer observador atento poderia prever, já nos anos 60, a conquista do poder pela esquerda revolucionária e a instauração de um sistema hegemônico que eliminaria de uma vez por todas a mera possibilidade de uma oposição "direitista" ou "conservadora". Sim, desde aquela época, quando os generais acreditavam mandar no País porque controlavam a burocracia estatal, a esquerda, dominando a mídia, o movimento editorial e as universidades, já tinha o monopólio da narrativa histórica e, portanto, o controle virtual do curso dos acontecimentos. Os militares, que em matéria de guerra cultural eram menos que amadores, nada perceberam. Imaginaram que a derrota das guerrilhas havia aleijado a esquerda para sempre, quando já então uma breve leitura dos Cadernos do Cárcere de Gramsci teria bastado para mostrar que as guerrilhas nunca tinham sido nada mais que um boi de piranha, jogado às águas para facilitar a passagem da boiada gramsciana, conduzida pelo velho Partidão, no qual os luminares dos serviços de "inteligência" militares só enxergavam um adversário inofensivo, cansado de guerra, ansioso de paz e democracia, quase um amigo, enfim. A história que a "Comissão da Verdade" vai publicar daqui a dois anos está pronta desde a década de 60. O simples fato de que os comissionados se comprometam a excluir do seu campo de investigações os crimes cometidos pelos terroristas já determina que, no essencial, nada na narrativa consagrada será alterado, exceto para reforçar algum ponto em que a maldade da direita e a santidade da esquerda não tenham sido realçadas com a devida ênfase. Com toda a evidência, não é possível a reconstituição histórica de delitos cometidos por uma tropa em combate sem perguntar quem ela combatia, por que combatia e quais critérios de moralidade, iguais para ambos os lados, eram vigentes na ocasião dos combates. O prof. Paulo Sérgio Pinheiro não entende essa obviedade, mas quando foi que ele entendeu alguma coisa? Os membros da Comissão enfatizam que os trabalhos da entidade "não terão caráter jurisdicional nem persecutório", que visarão apenas a reconstituir a "verdade histórica". Mas quem não enxerga que essa presunção já nasce desmascarada pelo fato de que, entre os incumbidos da missão historiográfica, não há um único historiador, nem unzinho: só juízes, advogados e – sem outra razão plausível fora a homenagem de praxe ao charme e à beleza da mulher brasileira – uma psicanalista. Já imaginaram um tribunal penal ou cível sem um único juiz, mas tão somente professores de História e um ginecologista? Juristas não têm treinamento profissional para a averiguação histórica de fatos, só para a sua posterior catalogação e avaliação legal. E é precisamente disso que se trata. Não é preciso pensar nem por um minuto para enxergar que a finalidade da coisa não é a verdade histórica, mas o julgamento, a condenação moral e publicitária, a humilhação dos acusados, preparando o terreno para um festival de punições sob o título cínico de "reconciliação". Tudo isso é óbvio, transparente à primeira vista. A promessa da presidenta, portanto, já está cumprida. Apenas, S. Ex.ª se esqueceu de avisar, ou de perceber, que o objeto visível por trás da transparência não é a verdade do passado, mas a do presente: não o que sucedeu entre militares e guerrilheiros nos anos 60-70, mas o que se passa nas cabeças daqueles que hoje têm o poder de julgar e condenar.Por: ESCRITO POR OLAVO DE CARVALHO Publicado no Diário do Comércio.

O CÉU É O LIMITE

Nunca concordei com a visão caricatural que atribui à esquerda o monopólio da "igualdade". Tudo depende de como entender a palavra. "Igualdade" será igualdade de todos perante a lei? Concordo. "Igualdade" será igualdade de tratamento para brancos ou negros no acesso a profissões e universidades? Também concordo. Como diria o reverendo Martin Luther King, os homens devem ser julgados pelo seu caráter, não pela cor da sua pele. O problema é que uma parte da esquerda quer julgar a cor da pele, não o caráter de um homem. Para essas patrulhas, o objetivo já não está em abolir situações de discriminação racial no acesso a profissões ou universidades. O objetivo agora é outro: voltar a discriminar racialmente de forma a garantir igualdade de resultados, e não apenas de oportunidades. Esse conceito de igualdade é um travesti do original. As cotas raciais, toleradas em universidades americanas (e, por decisão do Supremo Tribunal Federal, brasileiras também), são um bom exemplo. Desde logo porque elas começam por imitar o pior do pensamento racista: a diluição da identidade na pigmentação da pele de um grupo. Para um racista, não existe o João ou a Maria; não existe gente concreta, com vícios e virtudes concretos. O racista agrupa: para ele, só existem "negros", ou "brancos", ou "pardos". O grupo suplanta o indivíduo. Só o grupo é dotado de uma qualidade própria -ou, melhor dizendo, imprópria. Os defensores das "políticas afirmativas" são racistas invertidos. Para eles, também não há João ou Maria. E indivíduos não devem ser avaliados pelas qualidades pessoais. O que existe são grupos que devem ser discriminados positivamente: as qualidades particulares dos indivíduos que compõem esses grupos não interessam para nada. O resultado dessa despersonalização foi bem estudado por Thomas Sowell, sociólogo americano (e negro) que, durante três décadas, acompanhou as consequências das "políticas afirmativas" nos Estados Unidos e em outras regiões do mundo (Índia, Sri Lanka, Nigéria etc.). A principal obra de Sowell intitula-se, precisamente, "Affirmative Action Around the World: An Empirical Study" (políticas afirmativas pelo mundo: um estudo empírico), e a sentença do autor não é otimista: as vantagens dessas políticas são bem menores do que os prejuízos que elas causam. Para começar, as "políticas afirmativas" alimentam nos seus beneficiários a humilhante ideia de que eles voam com asas falsas. Ironicamente, o que começa por ser um instrumento favorável à "autoestima" rapidamente se converte num dano para essa mesma "autoestima". Mas o mais interessante é que essa percepção de fraude pessoal não se limita ao beneficiário dessas políticas. Ela estende-se igualmente à sociedade que o rodeia, gerando o tipo de hostilidade e ressentimento que se procurava combater. Uma vez mais, um instrumento favorável à "integração" também se transforma num mecanismo de exclusão. O resultado perverso de todos esses estigmas está na desistência ou, pelo menos, na menor exigência que o beneficiário exibe na sua formação intelectual: estudar para quê, quando existe um lugar na universidade que premia a cor da minha pele? E o inverso também acontece: de que vale o meu esforço quando eu tenho a cor da pele errada? Se a cor da pele é critério relevante de admissão universitária, todos os grupos sociais, sejam ou não beneficiados por "políticas afirmativas", perdem o estímulo para realizarem o seu máximo potencial. Como afirma Thomas Sowell, os defensores das "políticas afirmativas" acreditam que estão apenas a transferir benefícios de um grupo para o outro, corrigindo injustiças históricas. Na verdade, estão a cometer novas injustiças e a empobrecer a sociedade como um todo, privando-a dos melhores médicos, dos melhores engenheiros, dos melhores professores -independentemente da cor da pele. Para que o desastre fosse completo, ironiza Sowell, só faltava que os Estados Unidos começassem também a discriminar (negativamente) os alunos asiáticos que apresentam resultados acadêmicos superiores a brancos ou negros. E por que não? Quando as universidades deixam de ser lugares de excelência e viram laboratórios de fanatismo ideológico, o céu é o limite.Por: João Pereira Coutinho, Folha de SP

VEREADOR VOLUNTÁRIO



Vereador


Os jornais estão repletos com notícias do mensalão do governo Lula, onde R$ 120 milhões foram distribuídos a deputados da base aliada para cooperarem na aprovação governamental.

Mas existem mais 5.500 outros mensalões, onde R$ 7 bilhões ou mais são distribuídos anualmente para 59.000 vereadores.

O blog do Max explica o que está acontecendo:

"Você sabia que dos 191 países da ONU, o Brasil é dos poucos que paga salário aos seus vereadores em todas as cidades?"

"E que até 1977, apenas vereadores das capitais brasileiras recebiam remuneração?"

"Que na maioria absoluta dos outros países – em cidades de pequeno porte – o trabalho dos vereadores é voluntário?"

Por ser um trabalho voluntário, a Constituição de 1988 achou que pelo menos o município deveria cobrir as despesas com o cargo, tipo viagens, estadia quando iam a capital, que definiram como um "subsídio", bem diferente de salário.

VI - o subsídio dos Vereadores será fixado pelas respectivas Câmaras Municipais em cada legislatura para a subsequente, observado o que dispõe esta Constituição. 


Administradores já enxergarão um erro crasso de administração, permitir que o próprio interessado determine seu próprio subsídio. Isto é contra uma das leis da administração, ninguém pode atribuir a si o seu próprio salário, remuneração ou subsídio.

Por isto, os salários de vereadores no Brasil aumentam sem parar. Violam uma lei da administração. Se vereadores violassem uma das leis da Física, haveria gozação geral por parte da imprensa e da opinião pública em geral.

59.000 vereadores a R$ 9.000,00 de subsídio ao mês soma R$ 6,9 bilhões por ano, que pode chegar a R$ 15 bilhões, porque o limite é até 5% das receitas das Prefeituras.

Isto é 150 vezes mais do que o mensalão do PT, e todos os partidos participam anualmente, mas sobre isto há um silêncio total. 

Por isto, o PT realmente acredita que a mídia quer desestabilizar o seu governo, porque nada se fala dos demais 5.500 mensalões, somente o do PT de 120 milhões.

Se o STF optar pela absolvição da maioria, o que é provável, prevejo o ressurgimento da questão Controle Governamental da Imprensa, porque claramente ela ignora os verdadeiros problemas deste país.
Por: Stephen Kanitz

O TERRÍVEL APARTHEID ISRAELENSE




Os esquerdistas, incluindo os que são Judeus, os antissemitas de todos os matizes, como o grupo BDS (Boicote, Desinvestimento & Sanções) e os muçulmanos costumam alardear que o Estado de Israel cultiva oapartheid. Grande parte da população brasileira não tem informações reais sobre o sistema político israelense e acredita piamente nesta mentira. A historiadora Maria Luiza Tucci, Diretora do arquivo VirtualArqshoah Holocausto e Antissemitismo, do Laboratório de Estudos sobre Etnicidade, Racismo e Discriminação da USP afirma que o antissemitismo ainda é muito forte na população brasileira. A meu ver isto não apenas é verdade como tem se intensificado devido à ininterrupta propaganda antisionista e pró-Palestina e o predomínio da total ignorância sobre a verdadeira situação no Oriente Médio, agravada pelo cego apoio dos governos brasileiros de esquerda desde 1994 a uma suposta ‘causa palestina’. Bandeiras da ‘Palestina’ tremulam em todas as manifestações de esquerda, Lula visitou o Oriente Médio esnobando Israel, a diplomacia brasileira apoia o Irã e sua pretensão a armamentos nucleares e seu ódio aos Judeus que promete um novo Holocausto. O Brasil vota sistematicamente contra Israel nos foros internacionais, inclusive apoiando a Declaração de Durban de que o ‘Sionismo é uma forma de racismo’. O governo Dilma seguiu os passos de Lula se aliando a Ahmadinejad através de Chávez e Morales. A Venezuela é provavelmente a maior cabeça de ponte Islâmica na América do Sul.

Isto já vem de longa data: no governo Figueiredo o Brasil fechou acordos bilionários com o então ditador do Iraque, Saddam Hussein. Cargueiros 747 da Iraqi Airways visitavam semanalmente o aeroporto de Viracopos, então exclusivamente cargueiro, permanecendo longe do terminal em missões obviamente secretas e pelo menos duas vezes decolaram do Centro Tecnológico da Aeronáutica em São José dos Campos, na época comandado pelo Brigadeiro Sérgio Xavier Ferola, levando segundo a Isto É Dinheiro, urânio das minas de Poços de Caldas. Um comércio, mediado pelo Embaixador Paulo Tarso Flecha de Lima e comandado pelo Brigadeiro Hugo de Oliveira Piva que chegou a $30 bilhões de dólares. Então era Saddam, e não o Irã, que exigia os votos sistemáticos contra Israel para fazer negócios.

Em 2007 o Brigadeiro Ferola era Presidente do Centro de Estudos Estratégicos Sul-americanos e, segundo Graça Salgueiro, ‘entre 27 e 29 de outubro do ano passado (2006) seu Ferolla participou de um encontro fundacional do Bloco Regional de Poder Popular, na Bolívia do cocalero castro-comuno-chavista Evo Morales, cujo título era "Primeiro Encontro de Povos e Estados pela Libertação da Pátria Grande". Observe-se que não se discutia a soberania dos Estados Nacionais mas de uma só pátria, indivisa, pois o objetivo deste Bloco é o fim dos Estados Nacionais e a criação da "Pátria Grande". Faz todo sentido! É a Großdeutschland, aРОДИНА (Rodina), a Mãe Pátria de Todas as Rússias, o Grande Califado!

Não haja dúvida também que uma interpretação ‘caolha’ da Bíblia tem colocado muitos Cristãos contra os Judeus, e vice-versa. Enquanto os dois grupos não se entendem os inimigos da Civilização Ocidental,indubitavelmente judaico-cristã, comunistas, fascistas e muçulmanos – estes os mais importantes no momento – vão ceifando vidas dos dois lados em seus selvagens ataques a Israel e aos países ocidentais. Ostatus quo obtido com governos Árabes pragmáticos vem sendo sistematicamente destruído por uma “primavera” que já se transformou num inferno americano, o que é bem feito por terem escolhido o atual Presidente e ameaça se espalhar para Israel se o último, da Síria, cair, cercando o País de fronteiras inimigas.
COMO É O APARTHEID JUDEU?

A situação política dentro do Estado de Israel é bem diferente de umapartheid. No Knesset (Parlamento) existem parlamentares Árabes que pregam o ódio contra os Judeus e defendem a destruição de Israel, pois o sistema jurídico israelense defende intransigentemente a liberdade de expressão num grau de causar inveja aos brasileiros tomados por proibições de toda sorte baseada numa linguagem corrompida pelo ‘politicamente correto’. Aqui, o judiciário vergonhosamente apoia estaNewspeak - e mais, utiliza-a sem pejo! Se estamos longe da liberdade que os Judeus gozam em sua terra, imaginem os países islâmicos onde impera a intolerância e existe sim apartheid. Num dos países mais afetados pela invasão Muçulmana, a Inglaterra, o British Museum exibia em fevereiro deste ano uma mostra a respeito do Hajj, peregrinação a Meca, com um intenso sabor de propaganda. Na foto 1, na Arábia Saudita, a direção Arafat-Meca (Makkah) é proibida para não Muçulmanos. A presença de não muçulmanos em Meca ou Medina é punida com a morte. Imagine-se Roma proibida a não Cristãos ou Kyoto a não xintoístas ou o Ganges a não Hinduístas!



Foto 1



Para tentar desmistificar esta questão, se é que isto é possível já que o sentimento antisionista impera na mídia chapa branca, única fonte de informações da maioria da população, citarei duas reportagens da última edição (#115 - 09/2012) do jornal Visão Judaica com o qual tenho a honra de colaborar mensalmente. Antes chamo a atenção para o vídeo que publiquei no meu Blog sobre a mensagem de Rosh Hashaná das Forças de Defesa de Israel (Tzahal): notem a diversidade de pessoas e sotaques.



DOIS EXEMPLOS DE COMO SE DÁ A “DISCRIMINAÇÃO” EM ISRAEL


1. O atual Comandante do Batalhão de Reconhecimento no Deserto das Forças de Defesa (Tzahal), o Tenente-Coronel Wahid Al-Huzeil (foto 2), negro e muçulmano, é um herói condecorado que atuou decisivamentena frustração do ataque de terroristas no Sinai no último dia 5 de agosto. Anteriormente, em 2008, ainda como Sub-Comandante do Btl. foi condecorado pelo Estado Maior por sua atuação bem sucedida na mesma área, no cruzamento do Kibbutz Kerem Shalom. Al-Huzeil declarou: ‘Ficamos atentos aguardando e identificamos um veículo que acabou explodindo ao cruzar a fronteira. Tentamos capturar o segundo blindado e durante a operação trabalhamos em conjunto com as Forças Armadas e a Força Aérea. Finalmente conseguimos capturar o veículo, eliminando os terroristas e impedimos que atacassem e causassem baixas às nossas forças ou a civis inocentes’. (Leia também ocomunicado oficial da Tzahal).



Foto 2


2. O novo Embaixador de Israel em Oslo, Ishmael Khaldi (Foto 3) é Beduíno e Muçulmano e seu braço direito é um Cristão Árabe. Foi o primeiro Beduíno Vice-Cônsul e agora como Embaixador é o Muçulmano mais graduado do Ministério das Relações Exteriores. Nasceu em 1971 em Khawaled, uma aldeia próxima a Haifa tendo vivido até aos 8 anos numa tenda, cuidando de ovelhas. Os laços de sua família com os vizinhos Judeus datam da década de 20 quando chegaram os primeiros colonos Sionistas. É através desta aliança com Israel que seu povo está transcendendo o isolamento criado por suas tradições nômades.

Hoje é Bacharel em Ciências Políticas pela Universidade de Haifa e tem um Mestrado em Ciências Políticas e Relações Internacionais pela Universidade de Tel Aviv, foi policial, militar e analista político para aTzahal.



Foto 3 


Khaldi lançou um projeto chamado ‘Caminhando e Aprendendo com os Beduínos da Galiléia’ que levou milhares de jovens Judeus a Khawaled para conhecer a história e a cultura Beduína.

Árabes Cristãos e Muçulmanos estão presentes em todos os escalões superiores da administração israelense, e há também 9 Drusos, incluindo duas mulheres, que exercem suas funções em níveis diplomáticos elevados.


É ISTO QUE CHAMAM DE APARTHEID ISRAELENSE?

Por: Heitor de Paola

A FOLIA DO "BEM HELICÓPTERO"


Ben Bernanke provavelmente passará à história como o homem que teve a coragem de testar uma teoria além dos limites do razoável.

Estudou nos livros de Milton Friedman, quem mais investigou os efeitos positivos ou perniciosos das emissões de dinheiro na economia. E, como aluno destacado, está agora testando na prática o que antes era apenas uma hipótese de trabalho acadêmico. Friedman descreveu o processo inflacionário pela imagem radical de um helicóptero pairando sobre uma comunidade isolada em que a aeronave despeja uma grande quantidade de dinheiro para quem quiser pegar e usar. Evidentemente, o resultado final dessa história de ficção econômica é a inflação de todos os preços naquela comunidade.

Bernanke está disposto a testar a teoria do helicóptero de Friedman na vida real e muito além do limite razoável. A comunidade fictícia de Friedman passou a ser o território americano e o mundo. Meu professor em Chicago, Friedman descreveu a teoria do helicóptero num contexto em que buscava uma regra de ouro para a quantidade ótima de emissão de dinheiro numa economia de características simplificadas e sem sistema bancário alavancando a moeda básica emitida. Bernanke, ou "Ben Helicóptero", agora quer testar os limites da emissão descontrolada de dinheiro pelo Fed. Alguma chance disso dar certo? Por algum tempo, a impressão será que isso pode até funcionar bem.

A folia de Bernanke é querer reduzir a qualquer custo o nível de desemprego fazendo as pessoas gastarem mais. Para isso, ele recorre ao truque de gerar riqueza artificial, emitindo mais dinheiro, cuja circulação provocará de imediato uma alta de todos os preços de ativos expressos em dólares, pois os bancos venderão a Bernanke seus créditos problemáticos de hipotecas e irão à luta comprando tudo que seja especulativo, de fundos de commodities a papéis em bolsas, a moedas de países considerados seguros, imóveis e objetos raros ou exóticos, inclusive petróleo, trazendo elevação do custo de vida para o americano médio. Isso quebrará parte do efeito de sensação de aumento de riqueza que o pirotécnico Ben gostaria de provocar.

Aliás, você deverá estar se perguntando qual aumento de riqueza, afinal, Bernanke pretende se, tudo somado, ninguém terá ficado mais rico ou menos endividado. Só haverá mais papel pintado de dinheiro circulando na praça. De fato, o efeito de aumentar riqueza e bem-estar mediante emissões é temporário e quase sempre ilusório. Quando o entorpecimento provocado pela euforia da liquidez começa a cessar e a música para de tocar, nunca há cadeiras para todos se sentarem. Alguns perceberão que ficaram até mais pobres e que o dinheiro sem lastro é o culpado.

Nessa hora, sobrevirá a inflação e seus efeitos deletérios. Não sabemos se Bernanke ainda estará no cargo quando os desdobramentos finais de suas experiências inéditas acontecerem. Um economista raramente responde por seus atos. Muito menos em tribunais, por crimes cometidos contra o patrimônio ou a segurança pública. Os economistas têm a imunidade concedida aos comprovadamente loucos. Assim foi nos 20 anos de megainflação no Brasil. Nos EUA, não será diferente. Se fosse, o antecessor de Bernanke também estaria, hoje, respondendo a processo. Por: 
Paulo Rabello de Castro - BRASIL ECONÔMICO

MR. M. APRESENTA. A NOVA CLASSE MÉDIA

A imprensa estampou a incrível notícia: Mais de 100 milhões de brasileiros, ou seja, mais da metade da população já fazem parte da classe média. O estudo “Vozes da classe média”, da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) da Presidência da República, divulgou os dados para o espanto de muita gente.


Há só um pequeno detalhe: a pesquisa classifica como classe média os que vivem em famílias com renda per capita mensal entre R$ 291 e R$ 1.019 e tem baixa probabilidade de passar a ser pobre no futuro próximo. É isso mesmo. O leitor não está enganado. Para o governo, classe média é um casal sem filhos que ganha R$ 582 mensais, ou seja, menos até do que um salário mínimo!

Segundo o IBGE, o rendimento mensal domiciliar per capita do Brasil era R$ 668 em 2010. O Distrito Federal, oásis dos políticos, é o lugar mais rico, com renda per capita de R$ 1.404. O estado mais pobre, feudo particular dos Sarney, tinha renda per capita de R$ 319.

Ou seja, o governo diz que pertence à classe média brasileira qualquer um que ganha menos de um terço da média do rendimento nacional. O leitor entendeu? É da classe média qualquer um que recebe 70% do rendimento médio do estado mais pobre do país, o Maranhão. Não é incrível?

Não bastasse essa “mágica”, há outra: aproximadamente 80% dos novos integrantes da classe média brasileira são negros. Como o diabo está nos detalhes, eis o truque: pardo é negro! Como 40% dos brasileiros miscigenados se declaram pardos, eis que, em um passe de mágica, a maioria que entrou na nova classe média é de negros!

São coisas que só vemos no Brasil mesmo. O Mr. M. deveria ser convocado pelo governo para as Olimpíadas. Bastaria reduzir pela metade a distância da corrida dos 100 metros dos brasileiros que não teria Bolt que pudesse levar o nosso ouro. É só correr 100m em 50m! E, para o leitor, fica esta ótima notícia para o fim de semana: se você ganha mais de R$ 1.020 mensais, você é membro da classe alta brasileira! Você era rico e nem sabia... 
Por: Rodrigo Constantino, para o Instituto Liberal

GRITOS PRESIDENCIAIS NÃO OCULTAM FRACASSOS


A oposição viu em Dilma uma estadista que até romperia com Lula. Era fantasia. Lá está ela, demitindo ministro para ajeitar eleição, economia pífia ao fundo.

O sonho acabou. Sonho ingênuo, registre-se. Durante quase dois anos, a oposição -quase toda ela- tentou transformar Dilma Rousseff em uma estadista, como se vivêssemos em uma república. Ela seria mais "institucional" que Lula. Desejava ter autonomia e se afastar do PT. E até poderia, no limite, romper politicamente com seu criador.


Mas os fatos, sempre os fatos, atrapalharam a fantasia construída pela oposição -e não por Dilma, a bem da verdade.

Nunca na história republicana um sucessor conversou tanto com seu antecessor. E foram muito mais que conversas. A presidente não se encontrou com Lula para simplesmente ouvir sugestões. Não, foi receber ordens, que a boa educação chamou de conselhos.

Para dar um ar "republicano", a maioria das reuniões não ocorreu em Brasília. Foi em São Paulo ou em São Bernardo do Campo que a presidente recebeu as determinações do seu criador. Os últimos acontecimentos, estreitamente vinculados à campanha municipal, reforçaram essa anomalia criada pelo PT, a dupla presidência.

Dilma transformou seu governo em instrumento político-eleitoral. Cada ato está relacionado diretamente à pequena política. Nos últimos meses, a eleição municipal acabou pautado suas ações.

Demitiu ministro para ajeitar a eleição em São Paulo. Em rede nacional de rádio e televisão, aproveitou o Dia da Independência para fazer propaganda eleitoral e atacar a oposição. Um telespectador desavisado poderia achar que estava assistindo um programa eleitoral da campanha de 2010. Mas não, quem estava na TV era a presidente do Brasil.

É o velho problema: o PT não consegue separar Estado, governo e partido. Tudo, absolutamente tudo, tem de seguir a lógica partidária. As instituições não passam de mera correia de transmissão do partido.

Dilma chegou a responder em nota oficial a um simples artigo de jornal que a elogiava, tecendo amenas considerações críticas ao seu antecessor. Como uma criatura disciplinada, retrucou, defendendo e exaltando seu criador.

O governo é ruim. O crescimento é pífio, a qualidade da gestão dos ministros é sofrível. Os programas "estruturantes" estão atrasados. O modelo econômico se esgotou.
Edita pacotes e mais pacotes a cada quinzena, sinal que não tem um consistente programa. E o que faz a presidente? Cercada de auxiliares subservientes e incapazes, de Lobões, Idelis e Cardozos, grita. Como se os gritos ocultassem os fracassos.

O Brasil que ainda cresce é aquele sem relação direta com as ações governamentais. É graças a essa eficiência empresarial que não estamos em uma situação ainda pior. Mas também isso tem limite.

O crescimento brasileiro do último trimestre, comparativamente com os dos outros países dos Brics (Rússia, Índia e China) ou do Mist (México, Indonésia, Coreia do Sul e Turquia), é decepcionante. E o governo não sabe o que fazer.

Acredita que elevar ou baixar a taxa de juros ou suspender momentaneamente alguns impostos tem algum significado duradouro. Sem originalidade, muito menos ousadia, não consegue pensar no novo. Somente manteve, com um ou outro aperfeiçoamento, o que foi organizado no final do século passado.

E a oposição? Sussurra algumas críticas, quase pedindo desculpas.
Ela tem no escândalo do mensalão um excelente instrumento eleitoral para desgastar o governo, mas pouco faz. Não quer fazer política. Optou por esperar que algo sobrenatural aconteça, que o governo se desmanche sem ser combatido. Ao renunciar à política, abdica do Brasil.

MARCO ANTONIO VILLA, 55, é historiador e professor do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar)

UMA ANATOMIA DA LOUCURA DE LULA



Os deuses primeiro tiram a razão daqueles a quem querem destruir. “Quos volunt di perdere dementant prius.” Já lembrei aqui este adágio latino a Lula, mas ele, claro!, não me ouve. No que, do seu ponto de vista, faz muito bem! Se ouvisse, creio que não teria sido eleito presidente da República, porque eu, por óbvio, teria reprovado, como reprovo, os métodos a que recorreu para construir seu partido, para se eleger e para se manter no poder. E é assim não é de hoje — desde quando, ainda bem jovem, rasguei a minha filiação, apostando que ele chegaria ao poder. Foi quando criei a expressão “burguês do capital alheio” (eu ainda era de esquerda) — e, aí sim, tive uma antevisão: não será bom para as instituições e para a verdade dos fatos.

Em seus oito anos de mandato, Lula já havia depredado a história o bastante. Um dia, creio, a onda estupidificante petista na academia reflui, e se poderá, então, serenamente, narrar o que se deu. De todo modo, o Apedeuta encerrou seus oito anos de poder elegendo sua sucessora, o que é uma conquista e tanto. Uma aposentadoria política digníssima se lhe afigurava, com o mito relativamente preservado. MAS NÃO! O DIABO É QUE, NA CABEÇA DE LULA, SUA OBRA ESTÁ INCOMPLETA.

Ainda há no Brasil, vejam que ousadia!, quem lhe faça oposição intelectual — não me refiro aos partidos, não! — e quem não esteja disposto a se ajoelhar a seus pés. Ainda há no Brasil setores que ele considera recalcitrantes, que merecem a pecha de “golpistas” porque ousam não concordar com ele. Ainda há no Brasil, por exemplo, uma imprensa livre também no espírito, não apenas na letra da lei. Se o PT foi malsucedido no seu esforço de criar um mecanismo de censura, sabe, no entanto, que foi muito bem sucedido em tornar influentes alguns de seus valores, hoje bovinamente repetidos por franjas engajadas também da grande imprensa. Há dias, li em dois grandes jornais textos de “analistas” que afirmavam, por exemplo, literalmente, que “ninguém ganha com a guerra entra bandidos e polícia em São Paulo”. Ainda preciso escrever um texto só sobre esse assunto. Imaginem vocês… Quando alguém escreve essa enormidade, está a igualar os dois lados da suposta “guerra”, vislumbrando, então, a necessidade de uma “pax”; o que se está a pedir é uma solução negociada com os… bandidos! Mas não quero me desviar do foco.

Lula poderia estar exercendo dignamente o seu papel de ex-presidente — ele prometeu, como sempre, ser muito melhor do FHC nisso também… É o que vemos? Não! Dias antes de encerrar seu mandato, anunciou que ele próprio investigaria essa história de mensalão, sustentando ser uma grande tramoia da oposição. Passou a se articular freneticamente nos bastidores para impedir que o Supremo Tribunal Federal cumprisse seu papel. No encontro com um ministro, falou abertamente a língua da chantagem. Conversas de Marcos Valério, reveladas por reportagem de VEJA, informam que aquele que sempre esteve no controle do mensalão (segundo o publicitário), dava garantias que só poderiam sair da boca de um tirano. O Supremo estaria no bolso.

Em associação com José Dirceu e com outros “duros” do PT, armou a CPI do Cachoeira não para investigar falcatruas — o que seria meritório; mas está aí a Delta, protegida pelos petistas —, mas para intimidar a oposição e, de novo!, a imprensa. Lula apostou tudo na comissão. Era o seu bilhete premiado para as eleições de 2012 e de 2014! Não haveria de sobrar pedra sobre pedra dos oposicionistas, da imprensa livre, da Procuradoria-Geral da República — lembrem-se de que Collor foi o escalado para atacar Roberto Gurgel — e do próprio Supremo.

Dos bastidores, chegavam os ecos trevosos: “Não haverá julgamento! Isso irá para a 2013 e, de 2013, para nunca mais!”. Ao mesmo tempo, ainda que a presidente Dilma negue (e ela nega), o seu próprio governo passou a entrar no radar do lulismo. O Apedeuta não concordava com a ideia de uma “faxina ética”, na qual a presidente surfou. Isso fazia parecer que seu governo era condescendente (ora vejam!) com a corrupção.

O Babalorixá de Banânia, como sabem, havia prometido “desencarnar”, para empregar o verbo a que ele próprio recorreu, mas quê… Foi tomado, assim, por uma espécie, se me permitem, de paixão carnal do espírito. A história política de Lula também poderia ser contada a partir dos seus ódios. E poucos são capazes de odiar como ele. Ao longo de sua trajetória política, à diferença do que muitos pensam, não liquidou apenas adversários políticos, não! Também destruiu aliados. Para tanto, bastava-lhe ser contrariado. E, como ninguém, soube, desde os tempos de sindicato, usar as falhas alheias e as circunstâncias em benefício próprio e na construção de sua própria mitologia.

Lula poderia, reitero, estar curtindo a sua aposentadoria, mesmo depois do drama pessoal que viveu com a doença — e até por isso também —, mas ele não se entende fora do poder e da disputa pelo poder. Reparem que passou oito anos demonizando FHC, usando a estrutura do estado para atingir a reputação do antecessor. Como nunca, vimos uma máquina de publicidade oficial dedicada de modo contumaz à mentira. Lula tem menos prazer em vencer do que em derrotar o outro. Isso distingue, devo lembrar, um governante virtuoso de um tirano. E Lula só não é esse tirano porque as instituições que herdou não lhe permitiram. Ele as depredou e infiltrou nelas germens do mal — inclusive no Supremo —, mas não conseguiu subordiná-las a suas vontades.

Enlouquecendo
Tentou fazer da CPI a razia final contra o que resta de oposição e contra a imprensa. Não deu! Tentou destruir a reputação do procurador-geral da República. Não deu. Tentou macular a independência do Supremo. Não deu. Tentou se construir como a alternativa a Dilma (“caso ela não queira disputar a reeleição”, ele sugeriu…). Não deu. Tentou impedir o julgamento dos mensaleiros. Não deu. Tentou criar uma mentira sobre aqueles fatos escabrosos. Não deu. Tenta agora eleger Fernando Haddad em São Paulo para ter como chantagear depois o próprio governo Dilma. O jogo não está jogado, mas está difícil. Sai Brasil afora a vociferar contra candidatos a prefeito de partidos de oposição, numa espécie de guerra santa desesperada contra os dragões da maldade. O resultado, por enquanto ao menos, não é muito animador. Ainda que seu projeto paulistano dê certo — não parece que vá —, o PT pode sair dessa disputa municipal menor do que entrou.

E eu ousaria dizer que o principal culpado pelas dificuldades que o partido passou a enfrentar é Lula. Acostumado a jamais ser contestado — e pobre daquele que a tanto ousar —; incensado como dotado de uma intuição genial, que lhe teria sido transmitida pelo leite materno por mãe nascida analfabeta (a minha já nasceu citando Schopenhauer no original…); aplaudido por gente como Marilena Chaui como aquele que, ao falar, ilumina o mundo; recentemente reverenciado por Marta Suplicy como o próprio “Deus” (nada menos!), Lula foi perdendo a razão, caminho certo para a autodestruição.

É claro que ele não vai acabar. Continuará a ser uma pessoa influente na política e no PT por muito tempo. Mas é o mito que passa — e, nesse particular, sua loucura é um bem para o país — por um processo acelerado de corrosão. Talvez ainda se elegesse presidente no primeiro turno (em São Paulo, quem está na frente é Russomanno, afinal…), mas são as suas virtudes demiúrgicas junto a setores influentes da política que estão se esfarelando.

Lula errou feio. Errou quando decidiu emparedar o Supremo. Errou quando decidiu emparedar a imprensa livre. Errou quando decidiu usar uma CPI como instrumento de vingança. Errou quando decidiu que basta mandar para o eleitor obedecer. Errou quando decidiu ser um condestável da República, disputando influência com a própria presidente da República.

Errou feio, em suma, quando acreditou que, de fato, era Deus. E ele é apenas um homem, mais falível, em muitos aspectos, do que a esmagadora maioria. Afinal, o destino lhe sorriu e lhe foi dado governar um país por oito anos. Poderia ter seguido seu antecessor num particular: entregar instituições mais sólidas do que encontrou. Ele preferiu depredá-las de forma sistemática, contínua e dedicada.

Lula, quem diria?, ainda será o melhor biógrafo de Lula. A ambição desmedida do homem acabará por revelar os pés de barro do mito.Por Reinaldo Azevedo

O CHEFE DO MENSALÃO




O chefe do mensalão só poderia ter sido o mandão que sempre se meteu em tudo


Autoritário desde a infância, espaçoso desde a adolescência, mandão desde sempre, Lula só faz o que lhe dá na telha, só ouve quem lhe convém e só consulta os que estão prontos para dizer amém. Sozinho, o presidente de sindicato escolhia os parceiros de diretoria, negociava com os patrões, decretava o começo ou o fim da greve. Sozinho, o dono do PT decidiu que o vermelho seria a cor e a estrela seria o símbolo da seita, escolheu os fundadores do clube, distribuiu as carteirinhas de sócio, confiscou-as quando bem entendeu, promoveu-se a presidente de honra e, depois, nomeou-se candidato perpétuo ao Palácio do Planalto.

O presidente da República montou o ministério à sua imagem e semelhança, empregou e demitiu quem quis, intrometeu-se em assuntos que mal conhecia ou ignorava completamente, elegeu novos amigos de infância, afastou-se de velhos amigos da mocidade, proclamou-se consultor-geral das nações em crise e virou conselheiro do mundo.O ex-presidente é o mais feliz dos portadores da síndrome de Deus. Dá ordens à sucessora, indica ministros, dá palpites na economia, elogia o Brasil Maravilha de cartório, interfere na escalação do Corinthians e negocia a construção do Itaquerão. Fora o resto.

Desde o começo do ano, entre um ataque a FHC e um pontapé em José Serra, o Lula palanqueiro escolhe candidatos a prefeito, vereador ou síndico. Fechou negócio com Paulo Maluf, aposentou Marta Suplicy por antiguidade, botou na cabeça que Fernando Haddad deve governar São Paulo, arrumou confusão com o PSB, decidiu que Humberto Costa será o derrotado no Recife e Patrus Ananias merece naufragar em Belo Horizonte. Pelo andar da carruagem, o PT amargará o maior fracasso eleitoral desde a fundação. E nem assim os companheiros ousam discordar do intuitivo genial.

Quem manda é ele, o oráculo infalível, o guia incomparável, o Cara. Por isso se mete em tudo e deve ser ouvido por todos. É sempre dele a última palavra. Sem o aval do mestre, nada deve ser feito. No caso do mensalão, por exemplo, ele decidiu o que o Executivo e o Legislativo deveriam fazer para livrar da cadeia os culpados. E avisou que cuidaria de enquadrar os ministros do Supremo.

Não deu certo, comprovam a fila dos condenados e as revelações de Marcos Valério divulgadas por VEJA. O Lula retratado pelo diretor-financeiro do bando não surpreendeu ninguém. Assombrado pela roubalheira sem precedentes, ele continua fingindo que, pela primeira vez na vida, não soube de nada, não se envolveu em nada, não lhe contaram nada. Nem desconfiou do que ocorria na sala ao lado.

Conversa de gente com culpa no cartório. Quem o conhece sabe que, como sempre, também no esquema do mensalão o chefe foi Lula.Por: Augusto Nunes

COTAS: BELAS INTENÇÕES. RESULTADOS PERVERSOS


Antes que o leitor fique indignado e pule o artigo, por favor leia.


Sou a favor de políticas compensatórias para várias corrigir várias iniqüidade, sejam elas de passado remoto ou recente.

Governos, em geral tomam as piores decisões porque, quando o fazem, pensam a curto prazo, não analisam as consequências de médio e longo prazos, nem olham para os problemas com lentes do tipo “grande angular,” para ver quem vai de fato ser beneficiado ou prejudicado. Isso nos ensinou Henry Hazlitt em “Economia em uma lição”.

Tomam decisões ruins, também porque como o governo e os políticos nada produzem, apenas gastam o dinheiro dos outros (nosso), não importam nas decisões dele, nem o preço das decisões, nem a qualidade dos resultados da decisão. Isso nos ensinou Milton Friedman. A rigor, o único resultado que importa para os políticos é o resultado das próximas eleições. Para os burocratas que implementam as políticas só importam garantir o emprego e ter mais verbas.

Agora vai o desafio à sua criatividade. Depois que você terminar de ler o artigo, por favor me mande suas sugestões para resolver o problema e evitar os resultados perversos que vou apontar a seguir.

As universidades brasileiras estatais (vamos parar de chamá-las de públicas, por favor) até recentemente só admitiam alunos de classes média e alta, porque negros e pobres não tinham tido um ensino primário e secundário de boa qualidade.

O racismo e a discriminação social eram perfeitos: cortavam pobres, negros, índios, etc., na entrada da escola secundária. Como uma vez me disse um coronel negro do exército: “O racismo brasileiro é perfeito. Ele não precisa de lei. Corta na raiz.”

Pois bem, apesar disso tudo muitos negros e pobres foram, ao longo de muitas décadas e muito sacrifício, conseguindo passar do corte pela raiz e chegaram à porta da universidade, que estava, social e educacionalmente, fechada através do regime de vestibular (que justficava sua razão de existir porque havia mais candidatos do que vagas).

Agora vamos para a lente grande angular e mais complicada: quando havia poucos automóveis no Brasil (e poucas motos), o transporte público dos bairros ricos e de classe média era razoavelmente bom. O dos bairros pobres era ruim.

As escolas públicas primárias e secundárias sofriam do mesmo mal, se suas clientelas, por causa da localização, eram ricas e de classe média as escolas eram boas. Se eram para pobres as escolas eram ruins.

Virtudes privadas, vícios públicos: ainda que muitas pessoas limpa e honestamente se declarassem não racistas e não discriminatórias contra os pobres, no coletivo elas agiam como racistas e discriminadoras.


Como as sociedades politicamente democráticas que deixam o capitalismo funcionar, mesmo que só um pouco, como é o caso do Brasil, gradualmente, pobres e negros foram conseguindo passar da raiz, chegaram ao fim de seus cursos nas escolas secundárias. Que aconteceu? Começaram a entrar para as universidades. Primeiro, alguns conseguiam passar no vestibular. Depois, graças à política de cotas, passaram a entrar para as universidades. Resultado: os filhos dos ricos e da classe média começaram a abandonar as faculdades públicas. Que, como “viraram coisas para pobre” começaram a ser abandonadas não só pela clientela, mas também pelos governos.

O resultado financeiro para os ricos foi significativo. Antes não precisavam preocupar-se com pobres e negros na universidades estatais que eram gratuitas. Quando passaram a querer soluções educacionais de não compartilhamento nas universidades, passaram a ter que pagar pelo ensino universitário privado. Foi uma grande pancada numa das políticas mais regressivas dos governos brasileiros que garantiam ensino universitário grátis desde que o cidadão passasse no vestibular. Como passaram a entrar pessoas que não eram necessariamente “desejáveis,” do ponto de vista dos alunos de classes média e alta, estes começaram a buscar soluções nas universidades privadas e pagas.

Governos são maus, sempre. Não importa que governantes sejam bons individualmente. Como grupo, eles são maus porque não pensam nos resultados dos seus atos. Resultado, as universidades privadas começaram seletivamente a melhorar e as universidades públicas começaram a piorar (nem todas, justiça seja feita).

Por que aconteceu isso? Porque tudo o que é governamental e é para pobre é abandonado e torna-se ruim. Este é um fato da vida.

Com o transporte público aconteceu a mesma coisa. Com o crescimento da indústria automobilística o transporte público os ricos e a classe média passaram a usar o carro e o transporte público, como era para pobre piorou, dramaticamente.

E não há razão para imaginar que nas universidades vai ser diferente. A discriminação começa com os professores, que apesar de se dizerem ‘progressistas” não querem dar aulas para pobres e negros porque dizem que o rendimento não é o mesmo.

No caso das novas filiais de universidades estatais que estão sendo abertas em bairros pobres, as vagas de professores estão sendo preenchidas por professores novos e recém admitidos, porque os velhos professores preferem ficar encastelados nas suas confortáveis posições, nas sedes antigas,

Os pobres moram em bairros diferentes dos ricos. Em São Paulo e Brasília, isso é absolutamente claro. No Rio, os morros e as favelas cuidaram da exceção à regra. Pobres e ricos moram no mesmo bairro (mas em espaços diferentes).

Olhe o rabo da porca torcendo novamente: os professores antigos não querem sair de seus bairros confortáveis e engarrafar-se por horas a fio para chegar aos alunos em campi mais remotos e em zonas mais pobres. Então começam as crueldades da organização social. Como estão entrando muitos pobres e negros nas universidades estatais, ainda que eles estejam se saindo bem academicamente, estão incomdando a classe média e os ricos, mas têm mais dificuldades de acesso aos professores mais experientes porque estes preferiram evitar o contato com pobres e negros (porque os pobres e negros tendem a ir para os novos campi em áreas de baixa renda, porque é mais perto de onde moram os pobres).

Outra novidade: Empresas da área educacional estão abrindo mais e mais faculdades e universidades para atender a uma demanda crescente e naturalmente está concorrendo uma seleção econômica. Algumas destas estão melhorando sua qualidade (que desmente o mito brasileiro que faculdade particular tem que ser ruim) para atender aos ricos e à classe média que querem uma educação melhor e que “apostam”que a educação junto com os pobres e negros não será tão boa.

As pessoas são malvadas por fazerem isso? Não. Individualmente são boas, mas no agregado agem de maneira socialmente cruel.

Brasília, planejada por Lúcio Costa e Oscar Niemeyer é o maior exemplo brasileiro da falência da engenharia social de esquerda.

Já na construção criaram cotas. Nas superquadras morariam, juntos, ricos, médios e pobres. Os prédios foram construídos e distribuídos com este critério e para isso. Os prédios dos pobres eram menores, mais mal acabados, mais baixos e sem elevador. Os dos médios e dos ricos eram o inverso: maiores, mais bem acabados e com elevadores.

Em Brasília houve, no início, uma inversão da maldade intrínseca do projeto (de autoria de arquitetos e planejadores “de esquerda”). O pobres, rapidamente, perceberam que seus apartamentos, apesar de menores e piores tinham um valor maior por serem vizinhos imediatos dos ricos, passaram os apartamentos nos cobres e foram morar em casas mais confortáveis, mais longe da cidade. Ganharam no dinheiro, mas perderam tempo e conforto no transporte público escasso e ruim. Mas foi uma escolha deles.

Assim meu caro leitor, reafirmo que sou a favor de políticas compensatórias, só não sei se as cotas são a solução.

Apesar de não me cansar de dizer que devemos sempre ter medo de pessoas bem intencionadas, sobretudo quando em grandes grupos e, mais ainda, quando no governo, faço um apelo para mais ideias, criativas sobre o tema. Acredito na sabedoria de muitas pessoas bem intencionadas – fora do governo – para ajudar-me a encaminhar soluções para o problema. Não prometo resultados. Mas com mais ideias, talvez me torne mais sábio.

Por: Alexandre Barros    OrdemLivre.org

VITÓRIA DA ALEMANHA




A sorrateira e despercebida vitória da Alemanha sobre o Banco Central Europeu


eurozone-germany.jpg
Na primeira semana de setembro, o Banco Central Europeu (BCE) anunciou aquilo que vários ao redor do mundo esperavam que ele anunciasse: um plano que permitiria ao Banco "fazer todo o necessário" para dar sustentação ao euro. Sem nenhuma surpresa, as bolsas nos EUA e na Europa subiram vigorosamente em decorrência da sensação de que o BCE havia finalmente se juntado em definitivo ao Fed para que ambos coordenassem seus esforços de reflacionar suas respectivas economias por meio de uma infinita criação de dinheiro. 

Vários analistas e comentaristas econômicos saudaram a nova posição do BCE como se ela representasse uma fundamental e inegável derrota para o Bundesbank, o banco central alemão, ferrenho e inflexível defensor da austeridade monetária na zona do euro. 

A realidade, no entanto, parece ser um pouco diferente do que se imagina.

O novo plano do BCE contém várias concessões ao ponto de vista da Alemanha. Talvez a mais importante seja a revogação do objetivo anterior do BCE, que era o de 'estipular um teto' para os juros dos títulos dos países membros da zona do euro. Em vez do compromisso aberto de agir como um ilimitado "comprador de última instância", o que faria com que os juros dos títulos de países problemáticos se mantivessem artificialmente baixos, o novo plano agora estipula condições bem mais estritas e uma seletividade muito mais rigorosa para a compra de títulos — bem ao estilo alemão. 

Houve também várias outras grandes concessões à Alemanha. As principais:
Qualquer país membro da zona do euro que queira recorrer ao BCE para que este compre seus títulos no mercado secundário — ou seja, quando os títulos estão em posse do sistema bancário — terá de fazer um pedido formal por escrito. Naturalmente, tal requerimento público trará custos políticos, constrangimento, desconfiança e até mesmo uma mácula para o governo em questão. Considerando-se que os preços de ativos, como ações e títulos públicos, são influenciados pela percepção, tal pressão irá dissuadir vários países de recorrerem a esta medida.
Todo e qualquer país requerente terá de concordar em apresentar uma redução germânica em seus déficits e um completo programa de reestruturação econômica, ambos os quais provavelmente virão acompanhados de grandes custos políticos e uma grande dose de turbulência econômica no curto prazo.
O BCE irá comprar títulos no mercado secundário para ajudar países problemáticos somente se o Fundo Europeu de Estabilização Financeira e o Mecanismo Europeu de Estabilização Financeira, ambos os quais estão bastante carentes de recursos, se comprometerem a atuar em conjunto e utilizar seus fundos na operação. O Bundesbank há muito tempo vem afirmando que o BCE não deve ter carta branca para abusar de seu poder de criar dinheiro artificial. Sempre que isso for feito, os custos serão espalhados para o resto da Europa e também para o resto do mundo através do FMI.
O apoio do BCE será limitado à compra de títulos com vencimento máximo de três anos. Desnecessário dizer que nenhum membro problemático da zona do euro conseguirá resolver seu problema de endividamento excessivo caso se limite a tomar continuamente empréstimos de curto prazo na esperança de que esta ação do BCE irá ajudá-lo.
Todas as compras de títulos realizadas pelo BCE serão executadas exclusivamente no mercado secundário, desta forma realizando o objetivo alemão de fazer com que o BCE não permita que um país seja compulsoriamente obrigado a financiar diretamente qualquer outro membro da zona do euro (para entender como funciona esse financiamento involuntário, veja aqui).

Enquanto vários comentaristas econômicos conjeturaram que a Alemanha havia finalmente cedido às demandas keynesianas de dinheiro farto e barato de seus países vizinhos, a realidade parece indicar o contrário: a Alemanha foi especialmente bem-sucedida em impor sua vontade financeira ao resto da zona do euro.

Estas substanciais e importantes concessões feitas à Alemanha passaram amplamente despercebidas pela grande mídia. Longe de oferecer um alívio instantâneo aos países devedores da zona do euro, o novo pacote tornará mais provável uma austeridade de inspiração alemã. Esta austeridade, caso seja feita por meio da típica elevação de impostos — em vez do corte de gastos — fará com que a recessão na Europa continue, ao menos no curto prazo. Isso, por sua vez, fará com que os bancos centrais da Europa e de todo o continente americano continuem injetando dinheiro em suas economias. E isso pode ser bom para quem investiu em metais preciosos.

A continuidade da fraqueza econômica da Europa pode, por sua vez, estimular políticos europeus e até mesmo seus eleitores a aceitarem um controle político alemão cada vez maior em troca daquilo que poderá acabar sendo visto como um financiamento direto e 'redentor' da Alemanha. A principal implicação de curto prazo dessa vitória alemã será a continuidade da recessão caso a austeridade se dê por meio da elevação de impostos. Já os resultados de longo prazo do controle alemão do continente europeu são bem mais difíceis de prever.

Qualquer investidor ou mero curioso que queira tentar entender as maquinações políticas, econômicas e financeiras da zona do euro e da União Europeia faria bem em concentrar-se nas ações alemãs, as quais são frequentemente ocultadas pelos pronunciamentos do BCE. Muito frequentemente, as posições e ações que realmente importam são completamente negligenciadas pela grande mídia.

John Browne é consultor econômico sênior da Euro Pacific Capital, Inc., corretora de Peter Schiff. Formado na Harvard Business School, John tem experiência de 37 anos no mundo financeiro e empresarial, tendo trabalhado no Morgan Stanley & Co, no Barclays e no Citigroup, além de ter participado do conselho diretor de vários bancos e corporações internacionais.

MATRIOSKA



“Ninguém pode usar uma máscara por muito tempo: o fingimento retorna rápido à sua própria natureza.” (Sêneca)

Ganhei de presente uma daquelas bonecas russas que é a cara da presidente Dilma. Não seria minha escolha natural, mas não havia como trocar, então fui tentar apreciá-la. A impressão inicial que ela causou foi a de firmeza, alguém com bastante autoconfiança. Uma boa gestora, enfim.

Resolvi ver se tinha algo por trás daquela imagem, e qual não foi minha surpresa ao descobrir que era apenas uma camada superficial e oca! A presidente jamais tinha gerido coisa alguma com eficiência para colocar no currículo, só uma loja de produtos baratos que foi à falência. Mas nem tudo estava perdido.

A nova imagem que me saltava aos olhos era a de uma resoluta faxineira da ética. Agora sim, pensei, essa mulher corajosa vai bater de frente com todos os corruptos que circulam em volta do governo como moscas ao redor do mel.

Doce ilusão. Era apenas mais uma camada oca. Lembrei de que Erenice Guerra, ex-braço direito de Dilma e acusada de nepotismo, estava lá, bem ao lado da presidente, no dia de sua posse.

Todos os ministros (escolhidos por Dilma) que saíram no começo de seu mandato por escândalos de corrupção foram expostos pela imprensa. Não havia um combate ativo à corrupção por parte do governo.

Desiludido, arranquei mais esta camada fora, e consegui esboçar um sorriso. A nova figura tinha pinta de que, se não faria uma faxina ética, ao menos não iria compactuar com o fisiologismo de seu antecessor.

A empolgação durou pouco. Um bispo que só entende de fisgar crentes foi apontado como ministro da Pesca, e uma sexóloga “progressista”, ícone da tal esquerda caviar, foi brindada com o Ministério da Cultura em troca de apoio ao candidato a prefeito em São Paulo. Toma lá da cá, como sempre.

As camadas ocas iam sendo retiradas como uma cebola descascada, e lágrimas de desapontamento surgiam em meus olhos.

Mas pude vislumbrar na nova face uma ponta de esperança: aquela era a imagem de alguém disposta a enfrentar os grandes desafios para colocar nossa economia na rota do crescimento sustentável.

Esperei, em vão, pelas reformas estruturais, como a previdenciária, a trabalhista e a tributária. Nada. Parecia que o único instrumento conhecido pela presidente era o estímulo ao consumo por meio do crédito público. Trata-se de um modelo esgotado, pois o endividamento das famílias chegou ao seu limite. Resultado: crescimento medíocre, inflação elevada.

Triste, joguei fora esta camada, mas vi que talvez nem tudo estivesse perdido. Privatização! Era o que aquela nova imagem irradiava para a alegria de todos aqueles cansados da incompetência e da roubalheira nas estatais. Finalmente, comemorei. Antes tarde do que nunca! Mas o diabo está nos detalhes...

Dilma é do PT, e privatização não combina com o petismo. Fizeram tudo de forma acanhada, envergonhada e, portanto, repleta de equívocos.

O intervencionismo estatal ainda estaria presente em demasia, no financiamento, na regulação, na limitação do retorno ao investimento, na garantia de compras do que não tivesse demanda no setor privado. Enfim, uma onda de privatização com ares de estatização.

Com visível mau humor, tirei fora mais esta camada e me lembrei da caixa de Pandora: a esperança é a última que morre. Lá estava um rosto impávido, que passava a determinação de quem não teme enfrentar as máfias sindicais e os marajás do setor público.

Greves daqueles que já ganham bem mais que os trabalhadores da iniciativa privada e gozam de inúmeros privilégios, como estabilidade de emprego e auxílios até não poder mais? Nem pensar! Thatcher iria se incorporar em Dilma e desafiar essa gente que transformou o povo em refém.

A esperança pode ser a última que morre, mas ela também é mortal. O governo sucumbiu e os grevistas ganharam bons aumentos de salário, indexando sua renda à inflação que o próprio setor público produz com seus gastos excessivos.

Os gastos públicos sobem sem parar desde que o PT assumiu o poder. É a principal causa do tal Custo Brasil: falta dinheiro para investimento, impede redução dos impostos e pressiona a taxa de juros.

Melancólico, retirei feito um autômato aquela que parecia a última camada da minha matrioska. Que susto!

Confesso que tive até de pegar uma lupa para verificar se meus olhos não me traíam. Aquela pequena boneca não se parecia mais com a presidente Dilma. Olhei bem perto para confirmar: era a cara do ex-presidente Lula! Embaixo, em letras minúsculas, estava escrito: “Made in Russia.”

Por: Rodrigo Constantino, O Globo

PRIMAVERAS OU INVERNOS?


Um filme amador sobre a vida do profeta Maomé incendiou a sempre pacífica "rua árabe". O embaixador americano na Líbia foi morto. Embaixadas americanas no Oriente Médio foram atacadas. E até lanchonetes da Kentucky Fried Chicken tiveram a sua dose de violência e destruição.


Confesso: eu já almocei na KFC. Também tive vontade de a destruir depois de provar o menu da casa. Mas será que a qualidade do produto merece um ato tresloucado?

Escutei Barack Obama. Escutei Hillary Clinton. Escutei o secretário-geral da ONU, um nome impronunciável que não vou checar. Escutei toda gente que é gente e a sentença, sem surpresa, é a mesma: o filme é nojento, ofensivo, ignorante; mas nada disso justifica a violência que ele provocou.

Concordo com a segunda parte. Só não concordo com a primeira porque não sabia que Obama, Clinton, Ban Ki-moon (sim, chequei) e "tutti quanti" eram críticos de cinema.

É indiferente saber se o filme é bom ou mau, nojento ou refinado, ofensivo ou altamente elogioso para o islã. Não é função de nenhum chefe político tecer comentários sobre a qualidade do que se diz, faz ou pensa em países ocidentais, onde a liberdade de expressão é um valor sacramental.

E a liberdade de expressão comporta tudo: o repelente, o ofensivo, o ignorante, o sacrílego. Se existem fanáticos que não gostam desse modo de vida, o problema não é do Ocidente. O problema é dos fanáticos.

Claro que, para além da violência superficial que se espalhou pelo Oriente Médio, existem questões mais perversas: e se os atos dos fanáticos não estiverem apenas relacionados com o filme?

E se o ódio ao Ocidente for a verdadeira gasolina que faz arder esses atos? E se a Primavera Árabe, afinal, foi apenas uma forma de trocar velhos tiranos por novos?

A mídia ocidental, que cavalgou romanticamente a Primavera Árabe, recua de horror ante a possibilidade. Na Líbia do detestável Gaddafi, no Egito do detestável Mubarak, ou na Tunísia do detestável Ben Ali, só podem florescer democracias civilizadas, respeitadoras dos direitos humanos e onde a liberdade individual não tem preço.

Eis a suprema falácia do pensamento progressista, que o filósofo John Gray, em artigo recente para a BBC, destruiu sem piedade: o fato de derrubarmos um ditador não significa necessariamente que as alternativas serão melhores. E por quê?

Aqui, Gray faz o que melhor sabe: mamar forte no pensamento do seu pai espiritual, o historiador das ideias Isaiah Berlin (1909 - 1997).

No ensaio clássico "Dois Conceitos de Liberdade", que pode ser lido no livro "Estudos sobre a Humanidade" (Companhia das Letras), Berlin já tinha avisado que os valores mais importantes em política não podem ser confundidos uns com os outros.

Liberdade é liberdade, não é igualdade. Igualdade é igualdade, não é liberdade. Democracia é democracia, não é justiça.

Por outras palavras: o voto da maioria pode ser uma condição para a existência de regimes livres.

Mas pode também ser o contrário: uma forma de liquidar a liberdade individual. Basta que a maioria, por exemplo, opte por um regime baseado na sharia islâmica, e não pela Declaração Universal dos Direitos Humanos.

E essa perversão nem sequer é uma exclusividade do islã. Será preciso recordar que Adolf Hitler é o exemplo mais eloquente de alguém que usou a democracia para liquidar a democracia?

Hoje, no mundo islâmico, sabemos que ditaduras criminosas foram derrubadas. Mas também sabemos que islamitas tomaram o poder no Egito ou na Tunísia. E que várias facções, com vários graus de radicalismo fundamentalista, lutam pelo poder dentro de cada um desses países.

O que não sabemos nem escutamos são vozes liberais dentro do Egito ou da Tunísia defendendo regimes democráticos respeitadores dos direitos humanos e da liberdade individual.

Na década de 1960, perguntaram ao premiê chinês Zhou Enlai o que ele pensava sobre a Revolução Francesa de 1789. Resposta: "Ainda é muito cedo para dizer".

Faço minhas as palavras dele sobre as primaveras que podem virar invernos.

Por: João Pereira Coutinho, Folha de SP

A DESTRUIÇÃO DAS NOSSAS CHANCES DE CRESCER




Impressionante, como a Dilma em dois anos conseguiu incompatibilizar-se com todos os setores de infraestrutura deste país, prejudicando seriamente a nossa possibilidade de termos investimentos em infraestrutura. 

O Estado Brasileiro está falido há mais de 30 anos. Não consegue investir o necessário para garantir o nosso crescimento, apesar de retirar 40% em impostos da população, e ainda por cima controlar o BNDES, Eletrobrás, Petrobras, Infraero e assim por diante. 

É preciso de Parcerias Público Privadas, para que o setor Privado faça o que o Público teria obrigação de fazer. 

Nesta semana, por total desconhecimento dos princípios elementares de administração, ela afugentou milhares de investidores do setor de Energia Elétrica, que literalmente fugiram e venderam seus investimentos fazendo as ações das Cias. de Energia Elétrica despencarem entre 30% a 40%. 

Veja acima o gráfico desastroso das ações da CESP. 

Simplesmente, Dilma e seu principal assessor aumentaram o Custo de Capital destas empresas em 80%, como neste caso da CESP, para os próximos 20 anos. 

Ações de Cias. Elétricas são conhecidas como ações de viúvas. Viúvas não querem, nem podem, ter sustos como estes de perderem 30% da suas poupanças em dois dias. 

Cias. Elétricas sabem disto, e são notórias por darem dividendos certos e constantes, apropriadas para este tipo de investidor. Por isto cobram caro pelas suas ações, o que significa que conseguem um custo de capital barato. 

Em uma semana, Dilma e seu assessor conseguiram destruir os Fundos de Dividendos do Brasil, que jamais vão comprar no futuro ações de Cias. Elétricas, por 30 anos pelo menos. 

Até estes gestores morrerem, e uma nova geração que não estudou História da Administração Brasileira assumirem seus lugares. 

Como ocorreu com a famosa Moratória da Dívida Externa, dos Ministros Funaro e Sayad, que afugentou investimentos externos do Brasil por 20 anos, que só agora retornaram. 

Investir em energia, ferrovias, portos, infraestrutura, com as MPs e mudanças das regras do jogo e este "micromanagement", se tornou assunto arriscado. 

Não é mais para vocês, viúvas e investidores conservadores que aceitam remuneração mais baixa mas constante. 

Agora, só especuladores, oligarcas russos, e investidores que cobram caro, vão investir, se tanto, em infraestrutura em países e governos temperamentais como da DIlma. 

Em vez de reduzir o custo da capital, algo que vinha fazendo com elogios constantes meus nestes últimos tempos, ouvindo seu assessor predileto ela está inadvertidamente destruindo o futuro deste país. 

Coisa muito séria que a imprensa e os seus futuros eleitores por alguma razão não perceberam. Ainda. 

FED




O Banco Central americano quer realmente acabar com o dólar

XaiUx.gif
Vídeo de Ben Bernanke ainda criança

Com o anúncio, na semana passada, de que o Federal Reserve irá "aumentar sua política de acomodação monetária comprando títulos hipotecários a um ritmo de US$40 bilhões por mês", o presidente da instituição, Ben Bernanke finalmente — e decisivamente — jogou suas cartas na mesa. E confirmando aquilo que eu venho dizendo há anos, tudo o que ele tinha para apresentar no final era mais do mesmo: retórica e vácuo. 

Indo mais longe do que jamais fora até então, ele deixou claro que irá, de maneira permanente, amarrar a economia americana a uma estratégia perdedora. Como resultado, o dia 13 de setembro de 2012 pode ser considerado o dia em que os EUA finalmente jogaram a toalha.

Eis um esboço do plano do Fed: comprar centenas de bilhões de hipotecas anualmente com o intuito de reduzir os juros das hipotecas e, com isso, estimular os preços dos imóveis, desta forma encorajando as pessoas a construir e a comprar imóveis. A ideia por trás de tudo é repetir exatamente o mesmo erro consumista que causou a crise: sempre que seus imóveis se apreciarem, o indivíduo deverá ir ao banco e, utilizando como colateral a valorização do seu imóvel, conseguir uma linha de crédito para gastar com bens de consumo.

Adicionalmente, o Fed espera que esse dinheiro extremamente barato irá estimular os preços das ações de modo que Wall Street e demais compradores de ações se sintam mais ricos e saiam gastando desvairadamente. É claro que ninguém do Fed irá admitir que essa é a intenção, mas, em vez de construir uma economia baseada na produtividade, na produção e na acumulação de riqueza, Bernanke está tentando construir uma nova economia baseada na alavancagem, na confiança e em preços crescentes de ativos. Em outras palavras, o Fed prefere a ilusão do crescimento à reestruturação necessária para permitir o crescimento genuíno.

O problema que passou despercebido pelos jornalistas é que tal estratégia não tem nada de nova: ela já foi tentada antes e terminou em desastre. Foi uma política monetária frouxa o que criou a bolha imobiliária e a bolha do mercado de ações da última década, cujos estouros quase destruíram a economia americana. Aparentemente, para Bernanke e sua corte, "quase" ainda não é o bastante. É preciso mais. Por isso, eles estão de volta com tudo, ávidos para finalizar o serviço que ainda não conseguiram realizar. Mas, desta vez, eles estão portando armas de calibre muito maior. Não somente eles querem derrubar os juros das hipotecas para níveis históricos, como também irão comprar todas as hipotecas!

Ano passado, o Fed lançou a chamada "Operation Twist", a qual havia sido criada para reduzir as taxas de juros de longo prazo e, com isso, tornar mais plana a curva de rendimento dos juros [tecnicamente chamada de yield curveou até mesmo de 'estrutura a termo das taxas de juros']. Sem criar qualquer benefício real para a economia, a medida expôs os pagadores de impostos americanos, bem como todos os detentores de ativos denominados em dólares, aos riscos de se reduzir a data de vencimento de US$16 trilhões da dívida do governo americano. Tal reposicionamento serviu apenas para deixar o Tesouro ainda mais exposto às inevitáveis consequências dolorosas que ocorrerão quando houver um aumento nas taxas de juros. 

No entanto, as políticas anunciadas na semana passada causarão ainda mais estragos do que a "Operation Twist". Não tenha dúvidas: qualquer um que esteja em posse de dólares, de títulos do Tesouro americano, ou que esteja vivendo de renda fixa terá seu poder de compra roubado por estas ações.

Como previsto pela teoria, as rodadas anteriores de "afrouxamento quantitativo" (quantitative easing — QE), mero eufemismo para injeção de dinheiro na economia, nada fizeram para restaurar a economia americana ou para sequer colocá-la no caminho da recuperação real. O país está hoje mais endividado, com mais pessoas sem emprego, e com problemas fiscais muito mais sérios e profundos do que aqueles que existiam antes de o Fed embarcar neste caminho ruinoso. Tudo o que os defensores do ativismo monetário do Fed têm a dizer é que as coisas teriam sido piores sem os estímulos. Embora argumentos contrafatuais sejam difíceis de serem provados, não tenho dúvidas de que as coisas teriam de fato sido mais dolorosas no curto prazo caso as autoridades tivessem permitido que os desequilíbrios da economia se corrigissem sozinhos. No entanto, em troca desta dor de curto prazo, a economia americana já estaria hoje no caminho da recuperação real. Em vez disso, no entanto, preferiu-se sustentar um modelo artificial de endividamento e gastança que jogou o país para ainda mais longe dos fundamentos sólidos necessários para uma recuperação.

Em decorrência do fato de as iniciais de quantitative easing — QE — terem trazido à mente os famosos navios de cruzeiro Queen Elizabeth, várias pessoas compararam as medidas do Fed a embarcações gigantes que são carregadas e então lançadas ao mar. Porém, levando-se em conta os planos recém-anunciados, a analogia não mais se aplica. Dado que os novos compromissos assumidos pelo Fed são de duração declaradamente ilimitada, a nova rodada (a terceira) de quantitative easing pode ser mais corretamente comparada a uma esteira rolante que despeja dinheiro farto e barato na economia. A única variável que se altera é a velocidade em que a esteira irá se movimentar.

Felizmente, as toscas limitações desta única ferramenta que o Fed pode utilizar — imprimir dinheiro — estão se tornando mais explícitas para os mercados. Se formos nos ater às metáforas náuticas, o QE3 afundou antes mesmo de ter deixado o porto. A medida havia sido explicitamente planejada para reduzir as taxas de juros de longo prazo, mas estas aumentaram de maneira significativa imediatamente após o anúncio. Os investidores finalmente se deram conta de que um compromisso ilimitado de comprar títulos significa que a inflação e o enfraquecimento do dólar irão destruir quaisquer ganhos nominais porventura fornecidos pelos títulos. Como que para ressaltar este ponto, o anúncio do Fed também provocou uma acentuada venda de títulos do governo americano e de dólares, além de uma forte corrida para as commodities, especialmente para metais preciosos.

Considerando-se que as taxas de juros fixas das hipotecas de 30 anos já estão em seus mínimos históricos, há muito pouca confiança de que o novo plano será bem-sucedido em derrubá-las ainda mais, especialmente quando se leva em conta a disparada que ocorreu imediatamente após o anúncio. Em vez disso, é provável que Bernanke esteja tentando encorajar os proprietários de imóveis a trocar suas hipotecas de taxas de juros fixas por empréstimos de juros menores porém reajustáveis — o que liberaria mais dinheiro para o consumismo. Bernanke quer que os proprietários de imóveis façam eles mesmos um twist na curva de juros. Se ele obtiver êxito em sua tentativa, mais proprietários de imóveis ficarão vulneráveis a qualquer aumento futuro que porventura ocorra nas taxas de juros. E tal possibilidade, por si só, irá limitar ainda mais a capacidade e a vontade do Fed de aumentar os juros para combater a inflação de preços.

O objetivo do plano de Bernanke, como dito, é estimular o consumo por meio de um aumento nos valores dos imóveis e dos preços das ações. Mas ninguém parece estar levando em conta a possibilidade de que um QE infinito, em vez de elevar os preços dos imóveis, das ações e dos títulos, acabe elevando os preços dos alimentos, da energia e de outros bens de consumo. Se isso ocorrer, os consumidores americanos terão menos poder de compra em decorrência dos esforços de Bernanke, e não mais.

A decisão do Fed veio ao mesmo tempo em que a situação na Europa parece estar finalmente saindo do modo 'crise urgente'. Embora eu não creia que a decisão anunciada pelo Banco Central Europeu — de comprar mais títulos da dívida soberana de países problemáticos da União Europeia — irá funcionar no longo prazo, pelo menos estas medidas vieram com várias restrições impostas pelos alemães (para importantes detalhes sobre isso, veja o artigo de nosso analista econômico sênior, John Browne). Como consequência, imagino que a atenção dos investidores e compradores de moedas irá agora se voltar para os débeis fundamentos do dólar americano, e não mais para um potencial colapso do euro.

Enquanto isso, as implicações para aqueles que investem nos EUA já deveriam estar claras. O Fed irá tentar suscitar uma recuperação por meio da desvalorização do dólar. Ele não irá interromper ou alterar seu curso de ação. Se a economia americana não reagir às drogas, Bernanke irá simplesmente aumentar a dosagem. Com efeito, ele está tão convencido de que os americanos permanecerão dependentes do afrouxamento quantitativo, que ele explicitamente afirmou que não fechará as torneiras mesmo que as coisas visivelmente não melhorem. Em outras palavras, o dólar está condenado.

Peter Schiff 
é o presidente da Euro Pacific Capital e autor dos livros The Little Book of Bull Moves in Bear MarketsCrash Proof: How to Profit from the Coming Economic Collapse e How an Economy Grows and Why It Crashes.  Ficou famoso por ter previsto com grande acurácia o atual cataclisma econômico.  Veja o vídeo.  Veja também sua palestra definitiva sobre a crise americana -- com legendas em português 
Tradução de Leandro Roque