sexta-feira, 16 de novembro de 2012

SAIBA COMO A BICICLETA REVOLUCIONOU O SEXO E A GENÉTICA



Bicicleta | Foto: BBC
Bicicleta alterou padrões de comportamento do século 19, afirmam especialistas britânicos
Que invenção pode ter sido mais revolucionária para o sexo do que a pílula anticoncepcional, a camisinha ou o Viagra? Para um dos geneticistas mais renomados da Grã-Bretanha, a resposta é clara: a bicicleta.
Stephen Jones, professor do University College de Londres (UCL), uma das mais respeitadas instituições de ensino e pesquisa do país, destaca que a invenção da bicicleta foi o evento mais importante dos últimos 100 mil anos da história da evolução humana.
Para Jones, em entrevista ao programa da BBC Science Club, a bicicleta "fez com que os homens não se limitassem mais a encontrar sua companheira sexual na porta ao lado, mas, sim, transportar-se a aldeias vizinhas e manter relações sexuais com uma mulher do povoado ao lado".

Transporte barato e eficiente

Embora a bicicleta tenha sido inventada no início do século 19, não foi até pouco mais de um século atrás que se converteu em um fenômeno de massa.
Os primeiros modelos tinham rodas pesadas e pouco confiáveis, mas dois elementos transformaram a bicicleta em um dos milagres da tecnologia moderna: a corrente e as rodas com raios.
A roda com raios feitos de cabos de metal finos e esticados permitiu acelerar o funcionamento da bicicleta.
Biciletas | Foto: BBC
Invenção é a mais importante dos últimos 100 mil anos para a diversidade genética, diz cientista
Antes da criação da corrente dentada, as rodas eram acionadas por meio de pedais acoplados, o que obrigava contar com uma roda frontal de enorme tamanho, que acabava sendo incômoda e instável.
A corrente, além das marchas, permitiu que, com apenas uma volta do pedal, a roda se movesse várias vezes e assim foi como nasceram, há um século, as bicicletas "seguras para damas".
Dessa forma, essa maravilha da engenharia se converteu em um sistema de transporte barato, eficiente, e acessível a homens e mulheres de todas as classes sociais.

Mais 'paqueras' e menos piano

A imprensa da época na Grã-Bretanha reportou que a invenção mudou a forma de cortejo entre os jovens do final do século 19.
Nos jornais britânicos daqueles dias, é possível encontrar notícias de que a bicicleta reduziu a frequência do comparecimento de pessoas à igreja, criou novas tendências de cortejo entre os jovens e até mesmo provocou uma diminuição no uso do piano.
Mas, além das transformações sociais, a ciência destaca que a contribuição mais importante da bicicleta se refletiu nos nossos genes.
Stephen Stearns, professor de ecologia e biologia evolutiva da Universidade de Yale, nos Estados Unidos, defende que a bicicleta ampliou em 48 quilômetros a distância de 'paquera' dos homens ingleses no final do século 19.
Ele diz que a invenção estimulou ainda a pavimentação das ruas, o que facilitou, mais tarde, a incorporação do automóvel ao mundo do transporte.
Bicicleta | Foto: BBC
Bicicletas sem corrente eram mais pesadas; mecanismo facilitou a vida sobre duas rodas
Para os especialistas, deu-se assim o início a um processo de migração que dura até hoje.

Diversidade genética

Jones, do University College de Londres, ressalta que a distância entre o lugar de nascimento dos futuros cônjuges não parou de aumentar desde então.
O cientista pede aos leitores que se façam uma pergunta simples: Quão distante é a origem de seu marido/mulher em comparação com a dos seus pais?
"Se caminharmos por uma cidade como Londres hoje em dia, vemos uma variedade genética que não teríamos visto em outra época".
A bicicleta, segundo Jones, deu início assim a um caminho rumo à diversidade genética sem precedentes, algo que tem um papel primordial no desenvolvimento do nosso sistema imunológico – o que teve repercussões futuras cruciais para a humanidade.
"A diversidade genética é a base da evolução, se não a tivéssemos, ainda seríamos muito parecidos com os primatas", concluiu.

AINDA EXISTE O TRIPÉ MACROECONÔMICO?

O chamado tripé macro é composto pelo regime de metas de inflação, fiscais e pelo câmbio flutuante. Acho que ninguém pode por em dúvida que ele foi fundamental para consolidar a estabilização e o maior crescimento da economia.


Também não se pode por em dúvida que nos dois ou três últimos anos sua forma de operação vem mudando, ainda que se aceite que a estabilidade macro continue sendo vista como essencial.

A questão, portanto, é entender o que mudou, se as mudanças fazem sentido e quais poderão ser suas consequências.

Política monetária. Desde a introdução do tripé, sempre prevaleceu a proposição de que a estabilidade abre a porta do crescimento, que seria complementado por outras políticas; na versão atual, é explícita a ideia que o crescimento tem de ser ativamente buscado em todas as áreas e, neste sentido, não se deve apertar a política monetária para chegar ao centro da meta quando o crescimento no curto prazo anda mais fraco que o desejado, como agora, mesmo quando os sinais de que a inflação está subindo sejam bastante claros. É importante ressaltar que a alta recente da inflação vai muito além dos efeitos do choque agrícola do início do ano. Mais de 25% das categorias de preços do IPCA estão subindo mais de 10%, em doze meses (chamamos na MB de índice de difusão forte).

Pelas mesmas razões a meta central de inflação não deve ser reduzida, para ser mais parecida com a inflação mundial, no horizonte visível. A convergência para 4,5% pode se espalhar no tempo. Na prática, isto significa que uma inflação de 5,5%, como a prevista atualmente, está de bom tamanho, embora as autoridades não digam isso em público. Isso não quer dizer que o BC não se preocupe com a inflação, mas sim que o sistema de metas está sendo operado de forma diferente. Também acredito que, se a inflação ameaçar romper o teto da banda (6.5%), a taxa de juros subirá, como já ocorreu no passado recente.

Então, está tudo bem? Não creio.

Vejo dois grandes problemas: a inflação brasileira está firmemente ancorada neste patamar de 5%-6% há um bom tempo, com o preço dos serviços flutuando ao redor de 8%, neste caso como resultado direto do ganho real dos salários (mínimo e de mercado), resultante da escassez generalizada de mão de obra. Nesta estrutura, um choque de oferta tem mais efeito irradiador do que se imagina. É por isso que, no primeiro semestre, com a economia quase parada, a inflação não recuou.

Ao longo do tempo, os riscos são crescentes, e reforçados pelo segundo problema com o sistema atual: as frequentes intervenções diretas do executivo visando segurar elevações de certos preços, a chamada administração do índice. Por exemplo, no ano passado a inflação só ficou menor que o teto da meta em virtude do adiamento do reajuste dos cigarros. Neste ano, o mesmo ocorreu com o reajuste nas cervejas. Existe ainda a incerteza sobre o eventual encerramento das reduções temporárias de IPI de autos e outras utilidades domésticas, que implicariam em elevações de preços.

O problema aparece quando a administração do índice passa a introduzir distorções que gerem custos para a economia.

O caso atual mais gritante é o dos preços de gasolina e diesel, que obriga a Petrobrás a importar gasolina ao preço internacional e vendê-la aqui dentro mais barato, em razão do controle de preços. Isto está destruindo o fluxo de caixa da Petrobrás, comprometendo seu programa de investimentos e afetando até a oferta de combustíveis, como já coloquei aqui mais de uma vez. Para ganhar 0,2 ou 0,3 no índice de inflação corrente, o futuro da produção de óleo, gás e etanol está sendo prejudicada.

O pior é que, muitas vezes, a tentativa de compensar os efeitos das intervenções pode colocar mais problemas no sistema. Por exemplo, não tenho dúvida que o atropelo para colocar em prática a desejada redução no preço da energia elétrica em janeiro, de sorte a afetar o IPCA de fevereiro e março, tem tudo a ver com a abertura de espaço para algum reajuste dos combustíveis. A questão é que a pressa de mudar pode levar a consequências danosas para as decisões do setor elétrico e seu futuro, coisa que me parece altamente provável.

Câmbio. O mercado de câmbio perdeu muito da sua liquidez, desde a introdução do IOF. Nessas condições o BC é soberano, até porque, além das grandes reservas, também opera no mercado futuro. A cotação do dólar hoje lembra a história do carro pioneiro na produção em massa, o Modelo T: Henry Ford dizia que o veículo poderia ter qualquer cor, desde que fosse preta. Da mesma forma, o dólar no Brasil pode flutuar, desde que pertinho de dois reais, e assim deve continuar até onde a vista alcança ou quando o Banco Central mudar de ideia.

Política fiscal. A aparência é de continuidade, pois existem metas de superávit primário. Entretanto, o regime fiscal está sendo lentamente destruído, a começar das estatísticas: é interminável a lista de truques, que melhoram os números, mas escondem a verdadeira situação econômica. Uma lista rápida, embora incompleta, inclui: a consideração de depósitos judiciais como receita própria, a capitalização da Petrobrás (que transformou dívida em superávit primário), a reclassificação dos subsídios do programa Minha Casa, Minha Vida como investimento, os subsídios envolvidos nas capitalizações do BNDES e agora da Caixa, a consideração dos dividendos das estatais que, simultaneamente, recebem aportes de recursos em montantes maiores, a crescente utilização dos restos a pagar para "fechar" a estatística do superávit (que o excelente Mansueto Almeida chamou de orçamento paralelo). Como resultado, não se sabe exatamente qual é o resultado fiscal que faça sentido econômico. Só sei que ele é menor que o oficial, que o gasto é maior, e que o regime fiscal é pior.

É evidente que o tripé da política econômica está operando de forma diversa daquele do passado. O futuro vai dizer se foi bem-sucedido. De minha parte, acredito que esteja se consolidando um nível desconfortável de inflação, sem que o crescimento se mostre mais robusto. Ao contrário, estamos numa armadilha de crescimento baixo, assunto ao qual voltarei proximamente.Por: JOSÉ ROBERTO MENDONÇA DE BARROS O Estado de S.Paulo - 11/11

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

A CAMINHO DO BELGISTÃO


Sabe qual é a ironia da história? Os muçulmanos multiplicaram-se graças a defesa árdua do multiculturalismo pelos esquerdistas, que agora saem derrotados nas eleições justamente pelos islâmicos.


Não é de hoje que trazemos notícias preocupantes da Bélgica, hoje num processo de islamização cada vez mais crônico. Desde o ano passado temos denunciado as ações do 4ShariaBelgium, coisa que a mídia ocidental politicamente correta ignora propositalmente.

Agora, pelas vias da democracia, que quando manipulada é traiçoeira, o Partido Islâmico belga se fortalece cada vez mais, e conseguiu importante assentos parlamentares nas últimas eleições. E pasmem: eles chegaram ao poder, não fazendo-se de moderados, mas deixando claro que pretendem transformar a Bélgica em um estado islâmico.

O Partido Islâmico pretende, como primeiras medidas, fazer com que todos os restaurantes sirvam halal, o reconhecimento dos feriados islâmicos, o casamento com meninas (sim, pedofilia) e imposição da Sharia como parte da legislação.


Sabe qual é a ironia da história? Os muçulmanos multiplicaram-se graças a defesa árdua do multiculturalismo da parte dos esquerdistas, que agora saem derrotados nas eleições justamente pelos islâmicos. 


Outro fato interessante: os muçulmanos belgas são tão moderados que levaram ao poder aqueles que há anos vem ameaçando destruir a cultura da Bélgica. Eis a moderação. 


(Por Jaques Nunes, colaborador do blog De Olho na Jihad)

* * *

Bélgica: tradicional árvore de Natal pode ser banida para não ofender muçulmanos

 natal
Árvore de natal no Grote Markt


Em mais uma amostra do processo de suicídio ocidental, a tradicional árvore de natal que ficava todo ano exposta na Grote Markt, a praça central da capital da União Européia, será banida por ser considerada um símbolo (cristão) que pode ser ofensivo a outras crenças; em outras palavras, ofensiva aos muçulmanos. 

De todas as formas que a jihad é aplicada para atingir os infiéis, a jihad cultural é a mais perigosa e fatal. Nela não há armas, não há explosões, mas há destruição. Como dizia Muamar Kadafi "as armas dessa jihad são os ventres de nossas mulheres (no caso as muçulmanas)". Um país derrotado pela jihad cultural, a longo prazo, sofre mais danos do que se tivesse sofrido uma invasão militar, pois não haverá apenas mortes, mas a completa destruição da cultura local, e isso devasta para sempre.

Em 2010 escrevi um artigo para o De Olho na Jihad que tratava dos planos da Irmandade Muçulmana para conquistar os EUA, a partir de dentro. O plano é simples: os muçulmanos deveriam ser inseridos em todas as camadas da sociedade, principalmente nos meio jurídicos, legisltativos e na política, para trabalharem para o triunfo do Islã por meio de pequenas ações. Com a integração dos muçulmanos na sociedade ocidental, seria destruída a imagem do Islã violento, tornando possível levar o islamismo e seus ideais a todos. Podemos notar que essa estratégia tem sido levada a cabo por toda a Europa, com um detalhe a mais, a imigração desenfreada com o apoio da esquerda.

O sheik Abu Imran, do grupo 4ShariaBelgium, declarou: "em breve, a Bélgica vai desmoronar. Vamos fazer da Bélgica um estado islâmico".

Vemos que os planos islamitas estão se concretizando, não só na Bélgica, mas em todo o velho continente.


(Por Jefferson Nóbrega, editor do blog Candango Conservador com informações do Brussel Nieuws.)

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

A INFLAÇÃO INFINITA NÃO É O BASTANTE


bernanke-5-dollar-bill-face.jpg
Já que ninguém parece se importar com o fato de que o Titanic está se enchendo de água, por que não abrir outro buraco no casco? Este parece ser o modus operandi do Federal Reserve sob o comando de Ben Bernanke. Após o anúncio do QE3 (também rotulado de "QE infinito") ter criado mais uma rodada de tagarelice na mídia a respeito de uma "inevitável" recuperação econômica, o Comitê de Política Monetária do Fed decidiu levar o conceito de infinidade um pouco mais além. A última medida envolve a rolagem dos títulos de longo prazo comprados pelo Fed durante aOperação Twist, desta maneira mais do que duplicando o valor original do QE3 (US$40 bilhões mensais) para um influxo mensal de US$85 bilhões, dinheiro esse que será criado do nada a partir de dezembro. Eu rotulo essa operação de "QE3 Mais" — agora com mais inflação!

Inflação por qualquer outro nome

Caso você já tenha perdido as contas de todos os diferentes estratagemas criados pelo Fed com o intuito de distorcer a economia, aqui vai uma recapitulação da Operation Twist: o Fed vende títulos do Tesouro com vencimento de três anos ou menos e utiliza esse dinheiro arrecadado para comprar títulos de prazo mais longo. Ao comprar títulos de longo prazo, ele atua para reduzir os juros desses títulos. Esse "twist" [torção] de seu portfólio tem o intuito de fazer com que a economia americana pareça estar mais forte e que a inflação de preços pareça estar menor do que realmente está.

O Fed alega que a Operation Twist é neutra em termos de inflação monetária porque o seu balancete permanece constante, isto é, ele não comprou mais ativos (apenas trocou títulos de menor maturação por títulos de maior maturação) e não aumentou seus passivos (não emitiu moeda para comprar esses títulos). No entanto, tal processo continua enviando sinais distorcidos para os agentes de mercado, que podem agora tomar emprestado a juros mais baixos para financiar projetos de prazo mais longo pelos quais não há demanda legítima. Eu já havia dito ano passado quando a Operation Twist foi anunciada e continuarei dizendo: taxas de juros baixas são parte do problema, e não a solução.

Intervenções nunca são neutras

Assim como o Fed utilizou seu poder de manipular os juros para fazer com que as empresas pontocom e depois o setor imobiliário parecessem investimentos de longo prazo viáveis, ele está hoje utilizando o QE3 Mais para ocultar o precipício fiscal com o qual o governo americano irá se defrontar no futuro próximo. 

À medida que o Fed expande o prazo médio de vencimento dos títulos em seu portfólio, ele vai se prendendo cada vez mais à inflação monetária que ele próprio criou na esteira da crise do crédito de 2008, tornando cada vez mais difícil retroceder e retirar toda essa liquidez da economia. Naquela época, prometeu-se que o Fed iria "desfazer" toda essa injeção monetária quando chegasse a época certa. Mas como ele fará isso agora? Títulos de vencimento mais longo reduzem a qualidade e a liquidez do balancete do Fed, fazendo com que o prometido "pouso suave" seja muito mais difícil de ser alcançado.

O Fed não pode continuar imprimindo de maneira indefinida sem que os preços ao consumidor disparem. De várias formas, isso já começou a ocorrer nos EUA. É só olhar para o preço da gasolina ou para o preço de um hambúrguer. Se o Fed ainda tem a esperança de manter estes preços sob controle, inevitavelmente chegará o dia em que ele terá de vender seu portfólio de títulos de longo prazo. Ao passo que títulos de curto prazo podem ser facilmente vendidos, títulos de longo prazo terão de ser vendidos a preços extremamente baixos, o que significa juros bastante altos, gerando efeitos devastadores sobre a curva de juros. Não será sequer possível escolher entre taxas de juros um pouco menores hoje em troca de taxas de juros um pouco maiores no futuro.

A questão é que Bernanke & Cia. se recusam a confessar que os EUA estão fundamentalmente insolventes. Tal recusa é um incentivo extremamente forte para se continuar suprimindo as taxas de juros até que uma mega crise os obrigue a isso. 

Adicionalmente, quando os juros finalmente voltarem a subir — tal subida sendo ainda mais forte por causa das vendas de títulos que terão de ser feitas pelo Fed —, o Fed terá enormes prejuízos em seu portfólio, pois os títulos em sua posse agora valerão menos. O que isso acarretará? Graças a uma nova lei federal, prejuízos incorridos pelo Fed agora são um passivo que deve ser coberto diretamente pelo Tesouro americano, isto é, pelos pagadores de impostos dos EUA.

É claro que o Fed se recusa a aceitar esta realidade. Mesmo que uma dolorosa correção seja necessária, nenhum indivíduo quer que isso realmente aconteça quando ele está no comando das coisas. Sendo assim, Bernanke irá se limitar a continuar proferindo suas falas bem ensaiadas: o dinheiro continuará fluindo até que haja uma "melhora substantiva" no desemprego.

Bernanke realmente acredita nisso?

Até mesmo Bernanke deve saber que não haverá uma "melhora substantiva" no curto prazo. Eu havia dito, ainda antes do anúncio do QE3, que uma nova rodada de estímulos seria a única maneira de Bernanke assegurar seu emprego. Porém, recentes especulações garantem que ele realmente irá sair de seu cargo assim que seu mandato terminar em janeiro de 2014. Talvez ele seja mais esperto do que imaginei. Ele deixará um tijolo no acelerador de uma economia que se direciona velozmente para um precipício fiscal, e pulará assim que ela estiver próxima da beira do penhasco. Quem quer que assuma o assento, terá de juntar os cacos e arcar com a culpa pela crise que Bernanke e seu antecessor inflamaram.

Peter Schiff 
é o presidente da Euro Pacific Capital e autor dos livros The Little Book of Bull Moves in Bear MarketsCrash Proof: How to Profit from the Coming Economic Collapse e How an Economy Grows and Why It Crashes.  Ficou famoso por ter previsto com grande acurácia o atual cataclisma econômico.  Veja o vídeo.  Veja também sua palestra definitiva sobre a crise americana -- com legendas em português 
Tradução de Leandro Roque

POR QUE PRIVATIZAR A PETROBRAS

Nenhum outro setor da economia desperta tantas paixões e controvérsias quanto o do petróleo. A Petrobras é motivo de orgulho para muitos brasileiros – e pesquisas recentes mostram que quase 80% da população é contra a privatização da estatal que explora nosso “ouro negro”. Em quase todos os debates, os argumentos são os mesmos: é preciso proteger nossas riquezas naturais, o governo precisa cuidar de um setor tão estratégico. “O petróleo é nosso”, dizem os nacionalistas.

É claro que o petróleo é fundamental para a economia moderna. Ele é a energia que faz a roda da economia girar. Mas será que isso é suficiente para considerá-lo tão diferente assim dos demais produtos? Será que é uma justificativa para preservar uma estatal quase monopolista? Mais ainda: assumindo que o petróleo é mesmo especial e, portanto, estratégico, será que devemos manter um recurso tão importante sob os cuidados do Estado?

Ao contrário do que muita gente acredita, a privatização da Petrobras não apenas não faria mal algum ao país, como tornaria um setor estratégico mais eficiente e daria aos brasileiros o que eles merecem: a posse de suas riquezas naturais. Não vamos esquecer o alerta do economista americano Milton Friedman (1912-2006): “Se o governo assumisse a gestão do Deserto do Saara, em cinco anos faltaria areia por lá”.

Nos Estados Unidos, o país mais rico do mundo, houve um crescimento incrível do setor petrolífero a partir da competição de várias empresas privadas, desde a primeira prospecção feita por Edwin Drake, na Pensilvânia, em 1859. A Standard Oil, criada por John D. Rockfeller, maior empresário do ramo, era uma máquina de fazer dinheiro e gerar empregos. Seu grupo ficou tão grande que o governo americano decidiu fatiá-lo em 1911. Assim, surgiram as empresas que dominam até hoje essa área nos EUA. Elas concorrem em igualdade de condições com empresas estrangeiras como British Petroleum, Shell, Lukoil, a própria Petrobras e várias outras. O mercado funciona – e nenhum país considera o petróleo mais estratégico que os EUA.

No Brasil, o Estado nunca deixou o setor de petróleo funcionar livremente. Um dos pensadores brasileiros que mais lutaram contra o monopólio e o controle estatal da Petrobras foi o economista e ex-ministro Roberto Campos (1917-2001). Em sua autobiografia, A lanterna na popa, vemos sua batalha inglória para trazer mais racionalidade para o debate, contra grupos de interesse muito bem organizados e um nacionalismo ideológico mal calibrado.

Apelidado de Bob Fields por seus detratores, Campos nunca foi um “entreguista”. Ao contrário. Queria apenas a adoção de um modelo de exploração do petróleo que fosse mais vantajoso para os brasileiros. Para ele, deixar empresas privadas, nacionais ou estrangeiras, competir no setor seria a melhor forma de beneficiar o próprio povo brasileiro. “Mais importante que as riquezas naturais são as riquezas artificiais da educação e da tecnologia”, afirmava. Infelizmente, uma barreira ideológica impedia a escolha desse modelo. Como disse Campos, “os esquerdistas, contumazes idólatras do fracasso, recusam-se a admitir que as riquezas são criadas pela diligência dos indivíduos, e não pela clarividência do Estado”.

A POLÍTICA DO ÓLEO (Foto: Diego Vara/Ag. RBS/Folhapress, Arquivo EM/D.A Press, Folha Press, Acervo/Sindipetro RJ,  Ricardo Stuckert/PR e divulgação)

    No governo FHC, ocorreu uma profissionalização maior na Petrobras. Infelizmente, isso acabou com a chegada do PT ao poder, em 2003. Em vez de o governo manter um quadro mais técnico, políticos como José Dutra e Sérgio Gabrielli assumiram a presidência.

A presidente Dilma reverteu isso em parte, empossando Graça Foster no comando da estatal no início de 2012, mas os resultados ainda não se refletiram nos números da empresa. O crescimento da produção total de óleo e gás da Petrobras desde que o PT assumiu o governo, em 2003, foi medíocre. A empresa, em seus planos estratégicos de cinco anos, costuma prometer aos analistas um crescimento acima de 5% ao ano na produção. De janeiro de 2003 a janeiro de 2012, a produção cresceu somente 2,4% ao ano – um resultado lamentável. Só que, para chegar a esse resultado ainda medíocre, ela teve de investir cerca de R$ 100 bilhões apenas em exploração e produção. Alguém acha realmente que essa montanha de recursos em mãos privadas teria levado a um resultado pior?

Para agravar a situação, boa parte desse programa de investimento teve de ser financiada no mercado, aumentando o endividamento da empresa, pois a geração própria de caixa não era suficiente para viabilizá-lo. A Petrobras, que tinha R$ 26,7 bilhões de dívida líquida em 2007, acumulava um endividamento líquido superior a R$ 130 bilhões no fim do primeiro semestre de 2012 – um aumento de 400% em menos de cinco anos. Eis aí algo que cresce a taxas elevadas na Petrobras, ao contrário da produção. Isso mesmo depois do enorme aumento de capital que promoveu, de R$ 100 bilhões – uma operação no mínimo controversa, que diluiu a participação dos acionistas minoritários, na qual o governo usou até os ativos do pré-sal da União para reforçar sua fatia na empresa.

Se comparada a seus pares internacionais, a rentabilidade da Petrobras nos últimos 12 meses está muito abaixo da média. Para ser mais exato, o retorno sobre o patrimônio líquido da “nossa” estatal foi um terço da média global do setor. E seu uso político custa cada vez mais aos milhões de investidores. No segundo trimestre de 2012, a Petrobras divulgou o primeiro prejuízo em 13 anos. Perdeu R$ 1,35 bilhão, fruto principalmente da enorme defasagem dos preços dos combustíveis e da alta do dólar em relação ao real. O fato de o preço do combustível não seguir as forças de mercado no Brasil representa enorme perda de eficiência do setor.

Em 2011, os cerca de 80 mil funcionários da estatal custaram para a empresa mais de R$ 18 bilhões. Isso dá uma média anual de custo acima de R$ 230 mil por empregado. Claro que há gente séria e qualificada ali, mas estes não teriam nada a perder com uma gestão privada focada no lucro. Ao contrário: como já cansamos de ver, os empregados mais eficientes que permanecem nas empresas privatizadas costumam melhorar bastante de vida. Naturalmente, a turma encostada e sem capacidade para ganhar o que ganha fica apavorada com a ideia de privatizar e colocar um fim na vida mansa. São esses que fazem de tudo para preservar o statu quo e a caixa-preta em torno da estatal.

Qualquer reformista encontrará enorme pressão dos grupos reacionários interessados em preservar privilégios e mamatas na Petrobras. Boa parte do próprio corpo de funcionários reagirá contra mudanças. O ex ministro Antônio Dias Leite chegou a cunhar a expressão “República Independente da Petrobras” para se referir à estatal. São muitos bilhões em jogo e muito poder para o governo simplesmente focar na maior eficiência da empresa e nos interesses dos consumidores. Parece natural a luta permanente pela captura da empresa por feudos políticos.

A Petrossauro, como a chamava Roberto Campos, possui infindáveis tetas para atrair vários grupos de interesse distintos. Como se costuma dizer, o melhor negócio do mundo é uma empresa de petróleo bem administrada, e o segundo melhor negócio do mundo é uma empresa de petróleo mal administrada. Mesmo ineficiente e palco de abusos políticos, a Petrobras gera enorme quantidade de caixa, despertando o olho grande de muita gente, que passa a defender sua manutenção como estatal.

O fundo de pensão da Petrobras agradece, recebendo quantias relativas aos dividendos dos acionistas jamais vistas na esfera privada. Os membros poderosos dos sindicatos agradecem, protegendo seu emprego da livre concorrência. Os empresários corruptos agradecem, podendo fechar ótimos negócios com a estatal graças ao suborno, e não à eficiência de seus serviços e produtos. Silvinho “Land Rover” Pereira e outros tantos como ele estão aí como prova.

Artistas engajados que cedem à doutrinação ideológica comandada pelo governo também agradecem, pois recebem verbas para o avanço da “cultura nacional” sem qualquer critério de mercado, ou seja, de preferência dos consumidores. De 2008 a 2011, a estatal destinou a bagatela de R$ 652 milhões a patrocínios culturais. É uma montanha de dinheiro capaz de transformar o mais liberal dos artistas num ferrenho defensor da estatização. Bastou a nova gestão de Graça Foster dar sinais de que poderia cortar a verba cultural em 2012 que a reação foi imediata e estridente.

Os políticos regozijam se também, podendo usar uma empresa gigantesca para leilão de votos e cabide de emprego. Como fica claro, toda uma cadeia da felicidade é alimentada pela Petrobras. No pôquer, há uma máxima que diz: “Se você está no jogo há 30 minutos e ainda não sabe quem é o pato, então você é o pato”. Se você, estimado leitor, não faz parte dessa farra toda que mama nas tetas da Petrobras, pode estar certo de que faz parte do grupo dos que pagam a conta. Bem-vindo ao clube.

Mesmo ineficiente e palco de abusos políticos, a Petrobras gera enorme caixa e desperta o olho grande de muita gente

O governo ainda usa a empresa como instrumento de política econômica, mantendo os preços artificialmente baixos para não aumentar a inflação. Para piorar, aplica cota nacionalista na compra de insumos importantes, na tentativa de estimular a indústria nacional. O problema é que isso afeta o caixa da empresa. Como o programa de investimentos é enorme, a rentabilidade mais baixa destrói o valor da empresa, prejudicando seus milhões de acionistas. Numa nota em sua coluna de 15 de julho de 2012, o jornalista Ancelmo Gois, de O Globo, revelou: “Um ex diretor da Petrobras diz que os R$ 360 milhões gastos com a P 59, na Bahia, dariam para comprar duas plataformas no exterior. O ‘Bolsa Navio’ já tem dez anos. Ou seja, o tempo passa, o tempo voa, e nossa indústria naval nunca fica competitiva”.


Resultado: a Petrobras foi o “patinho feio” da Bolsa nos últimos anos. Segundo consta no próprio relatório anual de 2011 da empresa, as ações da Petrobras tiveram queda de 15% nos últimos cinco anos, em comparação a uma alta de quase 30% no Índice Bovespa, que reflete o desempenho das principais ações negociadas nos pregões. A Petrobras chegou inclusive a perder por alguns dias o posto de maior empresa latino-americana por valor de mercado para a colombiana Ecopetrol, bem menor que a estatal brasileira. Detalhe: o patrimônio da Ecopetrol é sete vezes menor que o da Petrobras. Como milhões de pequenos investidores tornaram se acionistas da Petrobras por meio do FGTS no passado recente, o descaso e a incompetência das últimas gestões trouxeram perdas significativas para inúmeros brasileiros, inclusive de classes mais baixas, e também para os investidores estrangeiros que apostaram na empresa.

O valor de mercado da Petrobras oscila bastante e caiu muito nos últimos anos. Atualmente, ele está na faixa dos R$ 250 bilhões. A União é dona de quase metade do capital total, sem contar o BNDES. Mesmo considerando a perda de valor por causa da incompetência estatal, a Petrobras valeria uns R$ 120 bilhões para o povo brasileiro.

Isso daria quase R$ 10 mil para cada uma dos 13 milhões de famílias assistidas pelo Bolsa Família, por exemplo. Que tal doar ações da Petrobras para essa gente? Será que essas pessoas mais pobres preferem repetir que o petróleo é nosso, ou receber um título ou um cheque desse valor para fazer o que bem entender com os recursos?

Da próxima vez que o leitor escutar por aí que “o petróleo é nosso”, talvez fique mais claro o que eles realmente querem dizer com isso. Sim, o petróleo é mesmo deles, e não seu ou meu. Talvez devêssemos sair às ruas gritando “o petróleo é vosso” e demandando nossa parte. Se o petróleo for de fato nosso, do povo brasileiro, então é simples resolver a questão: basta o Estado distribuir para cada brasileiro (ou para a faixa mais pobre) sua parte da empresa, por meio de vales ou ações. Cada um poderá, então, sentir se efetivamente dono de um pedaço da Petrobras e fazer com sua parte o que lhe aprouver. Afinal, o petróleo é nosso ou não é?

Ineficiência estatal (Foto: Reprodução/Revista ÉPOCA)


Esse texto é um extrato do capítulo “O petróleo deve ser nosso”, do livro Privatize já (editora Leya) 

terça-feira, 13 de novembro de 2012

TEMPOS SOMBRIOS, TEMPOS PETISTAS

Luiz Inácio Lula da Silva está calado. O que é bom, muito bom. Não mais repetiu que o mensalão foi uma farsa. Também, pudera, após mais de três meses de julgamento público, transmitido pela televisão, com ampla cobertura da imprensa, mais de 50 mil páginas do processo armazenadas em 225 volumes e a condenação de 25 réus, continuar negando a existência da "sofisticada organização criminosa", de acordo com o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, seria o caso de examinar o ex-presidente. Mesmo com a condenação dos seus companheiros - um deles, o seu braço direito no governo, José Dirceu, o "capitão do time", como dizia -, aparenta certa tranquilidade.


Como disse o ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), Lula é "um sujeito safo". É esperto, sagaz. Conseguiu manter o mandato, em 2005, quando em qualquer país politicamente sério um processo de impeachment deveria ter sido aberto. Foi uma manobra de mestre. Mas nada supera ter passado ao largo da Ação Penal 470, feito digno de um Pedro Malasartes do século 21.

Mas se o silêncio público (momentâneo?) de Lula é sempre bem visto, o mesmo não pode ser dito das articulações que promove nos bastidores. Uma delas foi o conselho para que Dilma Rousseff não comparecesse à posse de Joaquim Barbosa na presidência do STF. Ainda bem que o bom senso vigorou e ela vai ao ato, pois é presidente da República, e não somente dos petistas. O artífice de diversas derrotas petistas na última eleição (Recife, Belo Horizonte e Campinas são apenas alguns exemplos) continua pressionando a presidente pela nomeação de um "ministro companheiro" na vaga aberta pela aposentadoria de Carlos Ayres Brito. E deve, neste caso, ser obedecido.

O ex-presidente quer se vingar do resultado do julgamento do mensalão. Nunca aceitou os limites constitucionais. Considera-se vítima, por incrível que pareça, de uma conspiração organizada por seus adversários. Acha que tribunal é partido político. Declarou recentemente que as urnas teriam inocentado os quadrilheiros. Como se urna fosse toga. Nesse papel tem apoio entusiástico do quarteto petista condenado por corrupção ativa, peculato, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. Eles continuam escrevendo, dando entrevistas, participando de festas e eventos públicos, como se nada tivesse acontecido. Ou melhor, como se tivessem sido absolvidos.

O que os petistas chamam de resistência não passa de um movimento orquestrado de escárnio da Justiça. José Dirceu, considerado o chefe da quadrilha por Roberto Gurgel, tem o desplante de querer polemizar com o ministro Joaquim Barbosa, criticando seu trabalho. Como se ele e Barbosa estivessem no mesmo patamar: um não fosse condenado por corrupção ativa (nove vezes) e formação de quadrilha e o outro, o relator do processo e que vai assumir a presidência da Suprema Corte. Pior é que a imprensa cede espaço ao condenado como se ele - vejam a inversão de valores da nossa pobre República - fosse uma espécie de reserva moral da Nação. Chegou até a propor o financiamento público de campanha. Mas os petistas já não o tinham adotado?

Outro condenado, João Paulo Cunha, foi recebido com abraços, tapinhas nas costas e declarações de solidariedade pelos colegas na Câmara dos Deputados. Já José Genoino pretende assumir a cadeira de deputado assim que abrir a vaga. E como o que é ruim pode piorar, Marco Maia, presidente da Câmara, afirmou que a perda de mandato dos dois condenados é assunto que deve ser resolvido pela Casa, novamente desprezando a Constituição.

O julgamento do mensalão desnudou o Partido dos Trabalhadores (PT). Sua liderança assaltou o Estado sem pudor. Como propriedade do partido. Sem nenhum subterfúgio. Os petistas poderiam ter feito uma autocrítica diante do resultado do julgamento. Ledo engano. Nada aprenderam, como se fossem os novos Bourbons. Depois de semanas e semanas com o País ouvindo como seus dirigentes se utilizaram dos recursos públicos para fins partidários, na semana que passou Dilma (antes havia se reunido com o criador por três horas) recebeu no Palácio da Alvorada, residência oficial, para um lauto jantar, líderes do PT e do PMDB. A finalidade da reunião era um assunto de Estado? Não. Interessava apenas aos dois partidos. Fizeram uma analise das eleições municipais e traçaram planos para 2014. Ninguém, em sã consciência, é contrário a uma reunião desse tipo. O problema é que foi num prédio público e paga com dinheiro público. Imagine o leitor se tal fato ocorresse nos EUA ou na Europa. Seria um escândalo. Mas na terra descoberta por Cabral, cujas naus, logo vão dizer, tinham a estrela do PT nas velas, tudo pode. E quem protesta não passa de golpista.

Nesta República em frangalhos, resta esperar o resultado final do julgamento do mensalão. As penas devem ser exemplares. É o que o STF está sinalizando na dosimetria do núcleo publicitário. Mas a Corte sabe que não será tarefa nada fácil. O PT já está falando em controle social da mídia, nova denominação da "censura companheira". Não satisfeito, defende também o controle - observe o leitor que os petistas têm devoção pelo Estado todo-poderoso - do Judiciário (qual, para eles, deve ser a referência positiva: Cuba, Camboja ou Coreia do Norte?). Nesse ritmo, não causará estranheza o PT propor que a Praça dos Três Poderes, em Brasília, tenha somente dois edifícios... Afinal, "aquele" terceiro edifício, mais sóbrio, está criando muitos problemas.

O País aguarda o momento da definição das penas do núcleo político, especialmente do quarteto petista. Será um acerto de contas entre o golpismo e o Estado Democrático de Direito. Para o bem do Brasil, os golpistas mensaleiros perderam. Mais que perderam. Foram condenados. E serão presos.

MARCO ANTONIO VILLA - HISTORIADOR; É PROFESSOR DO DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS (UFSCAR) - O Estado de S.Paulo

QUEM SEREMOS NO FUTURO?

Acabo de assistir uma palestra do inventor e futurista Ray Kurzweil, que está passando uns dias na minha universidade nos EUA. Kurzweil ficou famoso por suas várias invenções, desde sintetizadores que podem simular sons de piano e outros instrumentos, até um software para cegos que transforma texto em voz. Escreveu vários best-sellers, onde explora como o avanço exponencial da tecnologia transformará profundamente a sociedade, redefinindo não só o futuro mas a própria noção do que significa ser humano.


Segundo Kurzweil, a revolução não só já começou como avança rapidamente em direção a um ponto final, "a Singularidade", quando máquinas e seres humanos formarão uma aliança que poderá nos tornar seres super-humanos. Ele prevê que chegaremos lá em 2045.

Segundo Kurzweil, em 2020 computadores serão poderosos o suficiente para simular o cérebro humano. Baseando seus argumentos numa lei empírica chamada "Lei dos Retornos Acelerados", em 25 anos o progresso da internet, a velocidade de processamento de dados, o acesso a bancos de dados, criarão tecnologias bilhões de vezes mais poderosas do que as que temos hoje. Por exemplo, os computadores da década de 70 eram um milhão de vezes mais caros e mil vezes menos eficientes do que o que temos hoje em nossos celulares, totalizando um aumento de bilhões de vezes em eficiência de computação por real. Ele prevê que em 2029 teremos entendido o funcionamento do cérebro humano, ao menos o suficiente para simularmos seu funcionamento em computadores que, à esta altura, serão bem mais poderosos do que nossos cérebros.

A singularidade, no caso da física dos buracos negros, de onde Kurzweil tomou sua inspiração, é um ponto além do qual não sabemos o que pode ocorrer. É onde as leis que usamos para descrever as propriedades da matéria, do espaço e do tempo deixam de fazer sentido. Isto não significa que é impossível compreender a singularidade, mas apenas que não temos as ferramentas teóricas para fazê-lo.

Já no caso da inteligência artificial, fica bem mais difícil prever o que poderá ocorrer. Toda tecnologia pode ser usada para o bem ou para o mal. Se, como Kurzweil, somos otimistas e vemos que a humanidade, em média, tem se beneficiado com o avanço tecnológico (vivemos mais e matamos melhor; mas matamos menos), a singularidade trará uma nova era na evolução da inteligência, onde o corpo será supérfluo: o que importará será a informação que nos define. Afinal, somos matéria arranjada segundo um plano, e este plano é uma sequência de instruções, ou seja, um programa.

Se podemos armazenar estas instruções, em princípio podemos recriá-las em qualquer máquina, como numa realidade virtual superavançada. Imagine um personagem do videogame Sims que é tão sofisticado que se considera vivo. Seremos ele. A realidade, tal qual a percebemos, pode ser simulada; basta mais informação, mais detalhes, mais velocidade de processamento. Se é este o nosso futuro, é bom começarmos a pensar nas suas várias consequências. E nos certificar que nossa informação terá um backup que não falhará ou poderá ser destruído por forças malignas. Por: Marcelo gleiser

A "PRIMAVERA ÁRABE" E O INIMIGO ISRAELENSE

Será que os ataques israelenses do passado se equiparam às atuais atrocidades cometidas por alguns estados árabes contra seu próprio povo?



Trinta e nove anos atrás, no dia 6 de outubro de 1973, estourou a terceira dentre as guerras mais importantes entre os árabes e Israel. A guerra durou apenas 20 dias. Os dois lados estiveram engajados em duas outras importantes guerras, a de 1948 e a de 1967.

A guerra de 1967 durou apenas seis dias. Mas essas três guerras não foram as únicas confrontações entre árabes e israelenses. Desde 1948 até nossos dias, muitos confrontos têm ocorrido. Alguns deles foram pequenos embates e muitos deles foram batalhas graves, mas não houve guerras tão importantes quanto as três citadas acima. O conflito árabe-israelense é o conflito mais complicado que o mundo já experimentou. No aniversário da Guerra de 1973 entre árabes e israelenses, muitas pessoas no mundo árabe estão começando a fazer muitas perguntas sobre o passado, o presente e o futuro, com respeito ao conflito árabe-israelense.

Umas das perguntas feitas agora é: qual foi o verdadeiro custo dessas guerras para o mundo árabe e seu povo? E a pergunta intrigante que nenhum cidadão árabe quer fazer é: qual foi o verdadeiro custo do não-reconhecimento de Israel em 1948 e por que os estados árabes não gastaram seus recursos com educação, cuidados com a saúde e com infraestrutura em vez de gastá-los em guerras? Mas, a pergunta mais difícil de todas, que nenhum cidadão árabe quer ouvir, é se Israel é o verdadeiro inimigo do mundo árabe e do povo árabe.

Decidi escrever este artigo depois que vi fotografias e li relatos sobre uma criança morrendo de fome no Iêmen, sobre o incêndio de um antigo mercado em Aleppo, na Síria, sobre o Sinai subdesenvolvido no Egito, sobre carros-bomba no Iraque e prédios destruídos na Líbia. As fotos e as reportagens foram mostradas na rede de comunicações Al-Arabiya, que é o sistema de notícias mais assistido e mais respeitado no Oriente Médio.

O que há de comum entre todas as coisas que vi é que a destruição e as atrocidades não são cometidas por um inimigo externo. A fome, a matança e a destruição nestes países árabes são cometidas pelas mesmas mãos que deveriam proteger e edificar a unidade desses países, além de salvaguardar os povos dessas nações. Portanto, a pergunta agora é: Quem é o verdadeiro inimigo do mundo árabe?

O mundo árabe gastou centenas de bilhões de dólares e perdeu dezenas de milhares de vidas inocentes lutando contra Israel, o qual considerava seu inimigo jurado de morte, um inimigo cuja existência nunca reconheceu. O mundo árabe tem muitos inimigos e Israel deveria estar no fim da lista. Os verdadeiros inimigos do mundo árabe são a corrupção, a falta de uma boa educação, a falta de bons cuidados com a saúde, a falta de respeito pela vida humana, e, finalmente, o mundo árabe teve muitos ditadores que usaram o conflito árabe-israelense para subjugar seu próprio povo.

As atrocidades desses ditadores contra seu próprio povo são muitíssimo piores do que todas as guerras árabe-israelenses juntas.

No passado, conversamos sobre os motivos pelos quais alguns soldados israelenses atacam e maltratam os palestinos. Também vimos aviões e tanques israelenses atacarem os países árabes. Mas, será que esses ataques se equiparam às atuais atrocidades cometidas por alguns estados árabes contra seu próprio povo?

Na Síria, as atrocidades estão além da imaginação de qualquer pessoa. E, não são os iraquianos que estão destruindo seu próprio país? Não foi o ditador da Tunísia que teve a coragem de furtar 13 bilhões de dólares dos pobres tunisianos? E como pode uma criança morrer de fome no Iêmen, se aquela é a terra mais fértil de todo o mundo? Por que os grandes cérebros iraquianos iriam embora do Iraque, um país que ganha mais de 110 bilhões de dólares em exportação de petróleo? Por que os libaneses fracassam em governar um dos menores países do mundo? E o que foi que fez os estados árabes começarem a afundar no caos?

No dia 14 de maio de 1948, foi declarado o Estado de Israel. E apenas um dia depois, em 15 de maio de 1948, os árabes declararam guerra contra Israel para tomar de volta a Palestina. A guerra terminou em 10 de março de 1949. Ela durou nove meses, três semanas e dois dias. Os árabes perderam a guerra e a chamaram de Nakbah (guerra catastrófica). Os árabes não ganharam nada e os palestinos se tornaram refugiados.

E, em 1967, os árabes, liderados pelo Egito sob o governo de Gamal Abdul Nasser, entraram em guerra contra Israel e perderam mais terra palestina e fizeram mais refugiados palestinos, que agora estão à mercê dos países que os hospedaram. Os árabes chamaram a essa guerra de Naksah (revés). Os árabes nunca admitiram a derrota nessas duas guerras e a causa palestina tornou-se ainda mais complicada. E agora, com a interminável "primavera árabe", o mundo árabe não tem tempo para os refugiados palestinos ou para a causa palestina, porque muitos árabes são, eles mesmos, refugiados e estão debaixo de constantes ataques de suas próprias forças armadas. Os sírios estão indo embora de seu país, não porque os aviões israelenses estão soltando bombas sobre eles. É a Força Aérea Síria que os está bombardeando. E agora, os muçulmanos árabes iraquianos, os mais inteligentes cérebros, estão indo embora do Iraque para o Ocidente. No Iêmen, a mais triste tragédia humana do mundo está sendo escrita pelos iemenitas. No Egito, o povo do Sinai está abandonado.

Finalmente, se muitos dos estados árabes estão em tal desordem, o que aconteceu ao inimigo jurado deles (Israel)? Israel tem hoje as instalações para pesquisas mais avançadas, as melhores universidades e a mais avançada infraestrutura. Muitos árabes não sabem que a expectativa de vida dos palestinos que vivem em Israel é muito maior que a de muitos países árabes e que eles gozam de muito mais liberdade social e política do que muitos de seus irmãos árabes. Mesmo os palestinos que vivem sob a ocupação israelense na Margem Ocidental e na Faixa de Gaza desfrutam de mais direitos políticos e sociais do que em alguns lugares no mundo árabe. Um dos juízes que mandou o ex-presidente israelense para a cadeia não era israelense-palestino?

A "primavera árabe" mostrou ao mundo que os palestinos são mais felizes e estão em melhores condições do que seus irmãos árabes que lutaram para libertá-los dos israelenses. Agora é a hora de parar com o ódio e as guerras e começar a criar melhores condições de vida para as futuras gerações árabes. (www.arabnews.com - www.Beth-Shalom.com.br)

Por: Abdulateef Al-Mulhim é um comodoro da reserva da Marinha Saudita que vive na Arábia Saudita. Publicado na revista Notícias de Israel.

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

A COR DO GATO



“Não importa se o gato é preto ou branco, desde que cace os ratos”. A linha célebre, pronunciada em 1961 por Deng Xiao-ping, produziu um gato furta-cor, que exerce efeitos ideológicos hipnóticos sobre a direita ultraliberal e a esquerda pós-soviética. Milton Friedman enxergou na China (e no Chile de Pinochet) um laboratório de ensaios para a doutrina da liberdade econômica absoluta, não limitada pela teia de direitos sociais e prerrogativas sindicais tecida no Ocidente. A esquerda irreformável, por sua vez, enxerga na China uma nova alternativa ao capitalismo, um contraponto aos Estados Unidos e um modelo ideal de concentração de poder nas mãos do Estado. Hoje, o gato chinês encontra-se diante de uma encruzilhada histórica: para continuar a caçar os ratos, ele precisa reinventar-se, frustrando seus admiradores nos dois pólos do espectro político.

A economia é o desafio número um. A fórmula do capitalismo de Estado propiciou um salto impressionante do PIB per capita, de cerca de US$ 1.000 em 1992 para quase US$ 8.400 em 2011, inscrevendo a China entre os países de média renda e resgatando milhões de camponeses da esfera da miséria. Contudo, o “milagre” realizou-se a partir de um patamar inicial muito baixo e na moldura favorável da expansão global financiada à base de crédito e endividamento. O ciclo da “acumulação primitiva” está se fechando no compasso do aumento dos custos do trabalho. Fábricas começam a se transferir das províncias litorâneas para o interior, em busca de mão-de-obra mais barata. As economias americana e europeia não são capazes de continuar a absorver o excedente chinês de poupança produtiva. Na China, encerrou-se a era do crescimento anual de dois dígitos e, para evitar uma trágica retração, a liderança que assume o poder tem a missão arriscada de buscar um novo equilíbrio por meio do estímulo à demanda interna.

A demografia é o segundo desafio. Sob a “política do filho único”, a China desviou-se da curva normal de transição demográfica. Nas últimas quatro décadas, a política antinatalista reduziu o incremento populacional em 300 milhões de pessoas. Em termos absolutos, a população chinesa começará a declinar antes de 2030. A idade média dos chineses aproxima-se de 35 anos. A proporção de idosos, com mais de 60 anos, saltará de 12,5% em 2010 para 20% em 2020. Na ausência de um sistema abrangente de seguridade social, o fenômeno gera poupança familiar compulsória, improdutiva e de longo prazo, comprimindo o consumo potencial. Jamais, na história, um país envelheceu antes de enriquecer. A redução da população ativa já se iniciou e experimentará aceleração. Verifica-se oferta insuficiente de mão-de-obra em algumas regiões e, de modo geral, a tendência ao envelhecimento contribui para o aumento dos custos do trabalho.


A questão da liberdade é o fio subterrâneo que interliga os desafios da economia, da demografia e da ecologia. Em 1989, a Primavera de Pequim, na Praça da Paz Celestial, foi suprimida a bala. Em seguida, com o relançamento das reformas econômicas, Deng Xiao-ping conseguiu firmar um contrato social temporário por meio do qual os chineses trocaram a demanda de liberdade pela expectativa de aumento sustentado dos níveis de renda e consumo. Hoje, quase um quarto de século depois, o intercâmbio tornou-se inviável, pois a liberdade converteu-se em condição tanto para a estabilidade quanto para a prosperidade.O terceiro desafio é ambiental – ou, precisamente, socioambiental. A matriz energética chinesa baseia-se no carvão mineral, responsável por 66% do consumo total. A queima de carvão em termelétricas tradicionais provoca elevadas emissões de gases de estufa e contamina o ar das cidades e regiões industriais. Nas periferias urbanas e nas áreas de extração mineral, a contaminação dos cursos fluviais e dos solos atinge níveis alarmantes. A construção de hidrelétricas, rodovias e ferrovias causa remoções em massa de populações e acende fogueiras de desespero. A imagem lendária de coesão social e disciplina confuciana nunca correspondeu à realidade chinesa. Atualmente, porém, o país conhece extensiva turbulência fragmentária, que se manifesta na forma de milhares de motins locais.

Greves operárias riscam, ano após ano, o cenário da China. Mais recentes são os protestos da nova classe média, que é o atual alicerce social do Partido Comunista. Na cidade portuária de Ningbo, jornadas de revolta provocaram o congelamento de um projeto de expansão de um complexo químico. Antes, em julho, manifestações de massa bloquearam a construção de uma refinaria de cobre em Shifang e de um duto de esgoto em Qidong. Na era das mídias sociais, os microblogs perfuram a muralha da censura estatal e descerram o véu que recobre a corrupção desenfreada no círculo interno do poder. Há três meses, sites oficiais republicaram um relatório destinado a altos dirigentes do Partido que alerta para a hipótese de “tumultos sociais generalizados ou revolução violenta”.

A expressão “armadilha da renda média” circula nos textos analíticos dos acadêmicos ligados à elite dirigente. Superada a etapa da “acumulação primitiva”, a China só evitará uma prolongada estagnação se engendrar um ciclo de expansão baseado no consumo interno, no investimento privado doméstico, na concorrência e na inovação. Tudo isso depende de segurança jurídica, direitos de propriedade, redes de proteção social, mecanismos de fiscalização do governo e vigência das liberdades públicas básicas. No fundo, o Partido está diante do supremo desafio de sabotar o sistema totalitário que assegura sua hegemonia.

O ex-primeiro-ministro Zhu Rongji, um visionário, pediu a realização de eleições competitivas para a direção do Partido. Ele sabe que já é hora de subverter a lição de Deng: a cor do gato tem importância crucial. Por: : Demétrio Magnoli Fonte: O Globo, 08/11/2012

A IMPORTÂNCIA DE UMA VISÃO DE FUTURO

"Nosso maior problema como prisioneiros de guerra", diz Viktor Frankl no seu livro "O Significado da Vida", "era não ter uma visão de futuro". 


Ao contrário de presos comuns, não havia para o prisioneiro de guerra uma data certa para a liberdade. 

Isto gerava consequências trágicas. 

Muitos prisioneiros de guerra achavam que seriam libertados antes do Natal de 1944, porque as Forças Inglesas e Americanas já haviam desembarcado na Normândia. 

Mas o Natal passou e a guerra somente acabaria em Junho de 1945. 

Decepcionados e desiludidos, centenas de prisioneiros morreram logo depois do Natal, sem explicação, numa frequência duas vezes o estatisticamente normal. 

Simplesmente desistiram de viver por acharem que não tinham mais futuro. Erraram por alguns meses. 

Nos últimos 30 anos, nossos filhos têm sido bombardeados pelos nossos intelectuais, imprensa e professores universitários que nosso país não tem futuro. 

Nos inúmeros textos escritos por intelectuais para as comemorações dos 500 anos do Descobrimento em vez de olharmos para um futuro a fazer, usaram a ocasião para mostrar que nem passado tínhamos. 

Intelectuais nos lembraram que somos um país de corruptos por termos sido colonizados por desterrados e criminosos, mas nunca revelam que nossas Universidades Públicas contratam mais professores de Sociologia e Política do que professores de Auditoria e Fiscalização. 

A USP tem um único professor de Auditoria e dezenas de professores de Filosofia e Sociologia, um que virou até Presidente do Brasil. 

Perdemos a nossa Visão de Futuro em 1964, quando imperava que a visão de futuro era a do administrador, do advogado, do engenheiro, do empresário, do empreendedor. 

Para estes, o futuro é para ser feito, com suor, lágrimas e trabalho, não simplesmente previsto com "modelos estatísticos". 

O futuro é nosso para ser criado da forma que desejamos, não "esperado" num Deus que o dará pela bola de cristal. 

Mas a Revolução de 1964 colocou no poder mais de 600 acadêmicos especializados em previsões, que controlam o país até hoje. 

O Japão e a Alemanha do pós guerra não pautaram sua reconstrução em previsões econométricas porque sequer tinham mais uma economia para ser prevista. 

Decidiram construir seu novo futuro ao ponto que suplantaram seus vencedores, a Inglaterra e os Estados Unidos, tal o poder desta postura perante o futuro. 

Precisamos resgatar a visão de futuro dos engenheiros, dos carpinteiros, empreendedores, advogados e administradores e rejeitar de vez a visão niilista dos previsores do futuro, que preveem o futuro da volatilidade, do câmbio, do juro para poder especular, e das previsões de curto prazo que levam a nada. 

Ficamos tão preocupados com as marolas que esquecemos de ver as ilhas do horizonte. 

Administradores muitas vezes quebram a cara não conseguindo fazer o que pretendiam, nem sempre criam empresas de sucesso como gostariam. 

Mas a favor dos administradores, eles têm o mérito de ter pelo menos tentado. 

Tentado fazer, em vez de simplesmente tentado prever, sentados em cátedras acadêmicas com suas redomas de vidro. 

Única forma de devolver aos nossos filhos um sentido para suas vidas é mostrar que existe uma outra visão de mundo, de ação construtiva e não de especulação que gerou a enorme crise de 2008. 

Afinal, o futuro é para ser feito não para ser previsto. Por: Stephen Kanitz



QUEM MANDA NO MUNDO?

Nas minhas leituras de juventude, mais de quatro décadas atrás, poucas perguntas me impressionaram como aquela que dá título à segunda parte de La Rebelión de las Masas, de José Ortega y Gasset: “Quién manda en el mundo?”

O filósofo não a formulava em sentido metafísico, onde poderia ser respondida por algo como “Deus”, “o acaso”, “a fatalidade”, mas em sentido geopolítico, e chegava à conclusão de que era uma lástima a Europa ter perdido seu posto de liderança, cedendo a vaga para a Rússia e os Estados Unidos.

A resposta parecia deslocada da pergunta. Estados, nações, governos e continentes não mandam. Quem manda são os indivíduos e grupos que os controlam. Antes da geo-política vem a política tout court. E aí tudo se complica formidavelmente. É fácil perceber quais Estados ou países predominam sobre os outros. Mas descobrir quem realmente manda num Estado ou país – e através dele manda nos outros -- é um desafio intelectual mais atemorizante do que o pode imaginar o analista político usual.

O verbo “mandar” vem do latim manus dare: quem manda empresta os seus meios de ação (sua “mão”) para que outros realizem algo que ele pensou. Um governante dá ordens a seus subordinados, mas, examinando bem, você verá que só raríssimos governantes, na História – um Napoleão, um Stálin, um Reagan –, foram eles próprios os criadores das idéias que realizaram. Os primeiros teóricos do Estado moderno acertaram na mosca quando inventaram a expressão “poder executivo”: em geral o homem de governo é o executor de idéias que ele não concebeu nem teria a capacidade – ou o tempo -- de conceber. E os que conceberam essas idéias foram os mesmos que deram a ele os meios de chegar ao governo para realizá-las. Quem são eles?

Aplicando a pergunta ao caso específico dos Estados Unidos, o sociólogo Charles Wright Mills, um dos mentores daNew Left, publicou em 1956 o livro que viria a se tornar um clássico: The Power Elite, “A Elite do Poder”. A resposta que ele encontrou tomava a forma de uma trama complicadíssima de grupos, famílias, empresas, serviços secretos oficiais e extra-oficiais, seitas, clubes, igrejas e círculos de relacionamentos pessoais ostensivos e discretos, incluindo amantes e call girls. A classe política, que culminava na pessoa do governante nominal, aparecia aí como a espuma na superfície de águas obscuras. Mills estava, obviamente, na pista certa. Mas ele morreu em 1962 e não teve a ocasião de presenciar um fenômeno que ele mesmo ajudou a produzir: a New Left tornou-se ela própria a elite do poder e perdeu todo interesse em “transparência”. Ao contrário: esmerou-se na opacidade ao ponto de colocar um completo desconhecido na presidência do país mais poderoso do mundo e cercá-lo de um muro de proteção que bloqueia toda tentativa de descobrir quem ele é, o que fez, com quem anda e que interesses representa. Se você quer ter uma idéia do que anda fazendo a elite do poder nos EUA, tem de buscar informação na outra ponta do espectro ideológico: os conservadores são os atuais herdeiros da tradição de estudos inaugurada por Wright Mills.

Graças a eles é que hoje a elite globalista fabiana, núcleo vivo do poder por trás de praticamente todos os governos do Ocidente, se tornou visível na sua composição e em detalhes do seu modus operandi ao ponto da quase obscenidade, tornando involuntariamente cômica a insistência de alguns em chamá-la de “poder secreto”. Clique no Google as expressões “Council on Foreign Relations”, “Bilderberg”, “Trilateral” e similares, e obterá mais informações do que seus neurônios poderão processar pelos próximos dez anos -- informações cujo nível de credibilidade varia desde a prova científica até a rematada invencionice.

Em compensação, pouco ou quase nada se sabe das fontes profundas do poder na Rússia, na China e nos países islâmicos. Mesmo as descrições que temos da classe dirigente visível nessas regiões do globo são esquemáticas e superficiais, sem comparação possível com o meticuloso Who’s Who da elite ocidental. Isso explica-se facilmente pela diferença de acesso às fontes de informação. Uma coisa é pesquisar em arquivos e bibliotecas ocidentais, sob a proteção das leis e instituições democráticas, podendo até, nos EUA, furar a barreira da má-vontade oficial por meio do Freedom of Information Act. Coisa totalmente diversa é tentar adivinhar o que se passa por trás das muralhas impenetráveis do establishment russo-chinês.

Nem a KGB nem os serviços secretos da China jamais deram acesso a pesquisadores independentes. Mesmo os arquivos do Partido Comunista da URSS voltaram a fechar-se após um breve período de tolerância, motivado não por algum súbito amor à liberdade, mas pela convicção ilusória, logo desmentida, de que os pesquisadores ocidentais eram majoritariamente simpáticos ao regime soviético.

No mundo islâmico, por baixo da classe dirigente e da barafunda de grupos terroristas estende-se uma rede inabarcável de organizações esotéricas, algumas milenares, cujo poder de influência é enormemente variado de país para país e de época para época. Essas organizações, que constituem o núcleo espiritual do Islam, a garantia profunda da sua unidade civilizacional e, a longo prazo, a condição de possibilidade da expansão islâmica mundial, continuam perfeitamente desconhecidas pelos analistas políticos ocidentais, jornalísticos ou mesmo acadêmicos.

A diferença de visibilidade entre os grandes esquemas globalistas em disputa é fonte de erros catastróficos na descrição do conflito de poder no mundo. Em artigos vindouros explicarei alguns desses erros. 
Por Olavo de Carvalho Publicado no Diário do Comércio.

domingo, 11 de novembro de 2012

CONSCIÊNCIA É A PALAVRA DE ORDEM PARA GASTAR O DÉCIMO TERCEIRO SALÁRIO




O fim do ano está chegando e com ele o décimo terceiro salário também. É nesta época do ano que os consumidores se empolgam e gastam mais do que deveriam. A consequência do consumo não pensado são os endividamentos. Para não começar 2013 com dívidas, algumas orientações são indispensáveis. Conforme o economista Dimas Estevam, uma dica crucial para que o consumidor tenha controle do dinheiro é sempre anotar aquilo que gastou, está gastando ou vai gastar.



“É como orientação de uma nutricionista, na qual você come aquilo que você colocou no prato, sem direto a repetição. Com o dinheiro também deve ser assim, a população tem que gastar aquilo que está no orçamento, o que está no papel. Assim o consumidor tem maior controle e uma boa visualização do gasto”, ensina.

Dimas explica que a população peca na compra de pequenos artigos. “Para comprar uma casa, um carro, por exemplo, o pessoal acaba se planejando. Já na compra pequena as pessoas não têm noção, eles vão comprando uma coisa aqui, outra ali. São gastos menores de R$ 10, R$ 50 reais, mas que no fim do mês pesam”, ressalta.

Estes gastos, na maioria das vezes, são destinados para artigos supérfluos, que não há necessidade de compra. Estevam chama atenção para o consumismo imposto sempre nos fins de ano. “As pessoas têm a ideia de comprar, comprar e quanto mais caro o artigo comprado mais o presenteado vai ficar feliz. Outra questão é em relação ao dia-a-dia corrido, que as pessoas enfrentam na atualidade, ou seja, a ausência de um amigo para com o outro, ou mesmo de um pai para um filho é justificado com um presente”, destaca. 

O 13º salário é visto como um dinheiro a mais, de acordo com o economista, quando o conceito deveria ser outro. “Este dinheiro é para ser poupado e utilizado com consciência e responsabilidade já que janeiro e fevereiro são dois meses de muitos gastos, como IPTU, IPVA, matrículas de escolas, compra de materiais escolares, entre outras contas”, pontua. O economista alerta para um dos grandes vilões da atualidade, o cartão de crédito. “Há quem consiga se controlar, e há quem não. Como é um dinheiro virtual, as pessoas só vão gastando, com o pagamento em dinheiro as pessoas sentem mais no bolso e são mais precavidas. O ideal mesmo é anotar tudo para manter o controle e não se perder nas contas”, reforça. 

Anotar não é o costume da assistente administrativo de Sandra Volpato. "Neste período gasto um terço com presentes e o resto uso para as festas de fim de ano e não anoto nada. Mesmo assim consigo ficar tranquila com as minhas finanças”, garante. Por: Douglas Saviato