quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

A SANTA MÁFIA

Dia após dia a história se desenrola. Nestes quase doze anos de governo petista me vem à mente uma definição de Raymond Queneau: “a história é a ciência da infelicidade dos homens”. Não que tenhamos tido uma história edificante, mas me refiro à sordidez, à imoralidade, à corrupção galopante, ao teatro de mentiras e, especialmente ao escândalo descortinado pela máfia do mensalão, considerada santa pelos próprios mafiosos.

Entretanto, contra tudo e contra todos, numa luta insana para fazer justiça, pela primeira vez em nossa história a cúpula do mais poderoso partido foi parar na cadeia. Esse feito inédito se deveu à tenacidade, à coragem e à competência de um cidadão de origem humilde, negro que nunca recorreu a cotas, o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Joaquim Barbosa. Insultado por petistas hidrófobos, que têm como tática desqualificar e intimidar quem não reza por sua cartilha, o ministro Barbosa já entrou para a história com honra e gloria, ao contrário dos péssimos exemplos que se veem, a começar pelo ex-presidente Lula da Silva que melhor seria ser chamado de presidente, pois é quem manda e desmanda na sua grei mafiosa como poderoso chefão beneficiário de todos os vícios detectados pelo STF.

Infelizmente, o ministro Barroso recém-chegado ao STF abriu caminho para os embargos infringentes, chicanas protelatórias ao infinito com intuito de livrar a máfia de suas penas. E o ministro Celso Mello votou a favor dos tais embargos possibilitando a José Dirceu que já foi chamado de chefe da quadrilha, a José Genoíno o moribundo do ano e a Delúbio Soares autor de famosa piada de salão, o regime semiaberto em vez do fechado. Ano que vem a situação do trio pode melhorar bastante, uma vez que o próximo presidente do STF será o ministro Lewandowski. Quanto aos auxiliares de Dirceu, da base aliada ou ligados ao seu gerente do mensalão, Marcos Valério, deverão mofar na cadeia.

Escapou em fuga rocambolesca, escafedendo-se para a Itália, Henrique Pizzolato, também pertencente à “família”. Homem forte de Lula da Silva no Banco do Brasil e exímio autor de dossiês falsos contra inimigos, função comum a petistas aloprados, deve estar seguro junto à Berlusconi como aqui está o inimputável Cesare Battisti, assassino e terrorista italiano protegido de Lula da Silva.

Como aparecerão nos futuros livros de história as fotos de Dirceu e Genoíno de punho erguido, simbolizando o comunismo? Serão considerados heróis ou cínicos a rir debochadamente dos eleitores que não se cansam de eleger bandidos para representá-los? Se a história for escrita por intelectuais petistas prostituídos à causa a dupla vai ficar bem na foto.

Privilégios na prisão, revoada de parlamentares companheiros à Papuda para prestar solidariedade aos seus iguais, apoio total do PT aos pobrezinhos dos condenados, presos políticos do seu próprio partido e julgados injustamente por juízes indicados por seus presidentes, lamúrias sem fim e a surrada tese da vitimização e da culpa das elites e da mídia, no momento é bastante para santificar a máfia do mensalão.

Destaque-se José Dirceu que já arrumou emprego num hotel da elite em Brasília, o St. Peter, graças à amizade com o dono, companheiro que já foi devidamente beneficiado pelo governo em agradecimento ao favor prestado à “família”. Assim, no luxo e no conforto o chefe da quadrilha vai ser “gerente administrativo” com salário de R$ 22.000,00 e poderá continuar a fazer lobby, quem sabe na suíte presidencial.

Á exemplo dos paraguaios que boicotaram a entrada de senadores em shoppings, restaurantes, postos de gasolina e táxis por não terem suspenso a imunidade de um de seus pares, Victor Bocato, acusado de falcatruas, ninguém deveria mais se hospedar no tal hotel. Mas no Brasil isso seria querer muito.

Menos afortunado Genoíno não obteve o que queria com a encenação mambembe de infarto, os constantes chiliques, a nauseante choradeira. Médicos da Universidade de Brasília e da Câmara atestaram que ele não sofre de cardiopatia grave. Mas, enquanto Genoíno choraminga deputados solidários se articulam para evitar sua cassação. De fato, a bancada da Papuda tende a aumentar.

Enquanto a história vai acontecendo Dilma Rousseff segue em vertiginosa campanha fazendo o diabo, como disse que faria. Pesquisa do Ibope mostra que se a eleição fosse hoje ela ganharia em primeiro turno. Talvez, ganhe mesmo em 2014. Os eleitores estão otimistas, contentes com a inadimplência, realizados com a inflação alta, maravilhados com os juros que voltaram aos dois dígitos. Lula da Silva dirá que mesmo depois de quase 12 anos de governo petista tudo é culpa do Fernando Henrique. Como não existe oposição todos acreditarão piamente e os homens farão história buscando alegremente no voto sua infelicidade.

Por: Maria Lucia Victor Barbosa é socióloga.

Publicado em 28/11/2013 no blog www.maluvibar.blogspot.com.br

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

"CREIO PORQUE É ABSURDO"

Uma minoria esclarecida pergunta um tanto perplexa: por que um tipo como Lula da Silva, pelego sindical, sujeito sem instrução, dono de palavreado grosseiro e atitudes constrangedoras faz tanto sucesso? Ele foi eleito presidente da República, reeleito, elegeu uma senhora que não consegue juntar de forma coerente dois parágrafos, um “poste” que está levando o Brasil para o buraco mais profundo da economia. Agora Lula “decretou”: Dilma será reeleita e fim de papo.


Não duvido. Há mais de um ano em campanha esta senhora dispõe da máquina presidencial que lhe faculta todo e qualquer poder financeiro e político, em detrimento dos minguados recursos de outros candidatos se com ela comparados. Tudo justificado como se a compra descarada de votos fosse a mais pura arte de governar. Rousseff “faz o diabo” conforme prometeu sob o comando do “presidento” Lula da Silva.

Provavelmente foi do “presidento” e não da “presidenta”, já que o raciocínio dela é tardo, a ideia dos médicos estrangeiros, notadamente os cubanos entre os quais alguns brasileiros sem-terra que foram estudar na Ilha do sanguinário companheiro Fidel Castro. Os cubanos serão tratados como escravos já que receberão uma espécie de bolsa sem nenhum direito trabalhista. Boa parte do que deveriam receber irá para El Comandante e para onde mais só Deus sabe. Estranho tratamento dado a trabalhadores pelo governo do Partido dos Trabalhadores. Em todo caso, isso faz parte da campanha e fez com que aumentasse a popularidade da senhora Rousseff. Quando começar a morrer gente o PT culpará os Conselhos Médicos, apesar de que agora é o Ministério da Saúde que dá o revalida.

Muito êxito também obtiveram os rompantes nacionalistas da governanta contra a espionagem norte-americana. Ela foi à ONU, espinafrou o presidente Obama e afirmou que não iria visitá-lo se ele não pedisse desculpas e prometesse nunca mais fazer aquela coisa tão feia. Só faltou Rousseff mandar Obama ajoelhar no milho para se penitenciar. Isso levaria o povo ao delírio. Afinal, somos latino-americanos e odiamos o Grande Satã Branco, apesar de nossas idas constantes aos Estados Unidos para comprar, passear, estudar, tratar da saúde. E se é chique ser de esquerda desconheço milhões pessoas indo à Cuba para comprar charutos.

De todo modo, o piti da senhora Rousseff ficou meio esquisito quando foi noticiado que o Brasil também espionou diplomatas da Rússia, do Irã, do Iraque, uma sala alugada pela Embaixada Americana em Brasília e franceses. A governanta justificou tais atos como constitucionais e “espionagem preventiva”.

Não foi mencionado que se mais não fizemos foi porque não possuímos a tecnologia avançada dos Estados Unidos, país que se notabiliza em todos os avanços graças, inclusive, ao grande número de judeus que lá moram e que fazem evoluir para a humanidade um espetacular desenvolvimento em todas as áreas científicas.

Mas voltemos à pergunta inicial que envolve também a ascensão de inúmeros trastes como o finado Hugo Chávez ou do seu sucessor, Nicolás Maduro, farsante de quinta categoria ao qual teremos que doar até papel higiênico, na medida em que tudo falta no Socialismo do Século 21.

Lula, o chibante, foi sempre bafejado pela sorte. Dono de uma verborragia de repentista, no pouco tempo em que trabalhou como metalúrgico conseguiu empolgar operários e agradar patrões. Assim, chamou atenção do PT que precisava de seu proletário para justificar a ideologia de esquerda da burguesia intelectual que organizou o partido, tornado seita pela fé dos militantes. O PT fez de Lula seu Mussolini de Terceiro Mundo e com ele, depois de inúmeras tentativas, chegou lá de onde não pretende mais sair. Coisa fácil uma vez que não existe nenhum tipo de oposição no país.

Mas há algo mais por trás do borbulhante sucesso de tipos como Lula: a mentira e a linguagem pervertida, próprias da propaganda comunista, em que pese o “presidento” e seus “mandarins” viver como abastados capitalistas.

Conforme O Livro Negro do Comunismo, “as palavras pervertidas aparecem como uma visão deslocada que deforma a perspectiva de conjunto: somos confrontados a um astigmatismo social e político”. “A impressão primeira permanece e graças a sua incomparável potência propagandista, amplamente baseada na perfeição da linguagem, os comunistas utilizaram toda a força das criticas feitas aos seus métodos terroristas para retorná-las contra essas próprias críticas, reunindo, a cada vez, as fileiras de seus militantes e simpatizantes na renovação do ato de fé comunista”. “Assim, eles reencontraram o princípio primeiro da crença ideológica, formulada por Tertuliano em sua época: ‘Creio porque é absurdo”.

Qualquer semelhança com as técnicas usadas pelo PT não é mera coincidência.

Por: Maria Lucia Victor Barbosa é socióloga. Publicado em 09/11/2013 no blog 

AINDA A EDUCAÇÃO GREGA

Onde quer que tenha surgido uma classe intelectual e dirigente capaz, apta para as mais altas tarefas da inteligência e da vida política, a educação que a preparou seguiu em linhas gerais o modelo grego.


Platão aprovava o adestramento dos jovens na técnica dos debates, mas achava que o modo pelo qual os sofistas a ensinavam arriscava corromper os alunos, viciando-os em contestar tudo e qualquer coisa e fazendo deles discutidores vazios que, confiantes no poder ilimitado da refutação, acabavam por não acreditar mais em nada. Tornavam-se contestadores cínicos e carreiristas amorais:

“Os muito jovens, quando tomam gosto pelas argumentações, usam delas como de um jogo, recorrendo a elas sempre com um intuito de controvérsia, e, a exemplo daqueles que os refutaram por completo, eles mesmos refutarão outros, obtendo prazer, como cãezinhos novos, em nos puxar e dilacerar com argumentos, cada vez que nos aproximamos deles... Quando, no entanto, houverem refutado um grande número de pessoas e grande número de pessoas os tiver refutado com uma queda brutal e rápida, ei-los que chegam a não acreditar em mais nada daquilo em que acreditavam antes. Ora..., o homem de mais idade não consentirá em tomar parte nesse delírio, mas imitará antes aquele que consente em dialogar e em buscar a verdade, em vez de imitar aquele que, na controvérsia, joga um jogo pelo prazer de jogar.” (A República, VII, 539 b2-c8.)

A arte de fazer da discussão um método para a investigação da verdade em vez de um simples jogo ou de um meio de subir na vida, foi precisamente o que Sócrates introduziu na educação grega e que Platão aperfeiçoou sob o nome de dialética. O público que se dirigia a Sócrates para aprender essa arte não se constituía, pois, de crianças nem de adolescentes, mas de adultos jovens e mesmo não tão jovens que já haviam passado pelas duas etapas iniciais da educação grega: a formação literária e artística e o adestramento para as discussões públicas. Com Sócrates eles aprendiam um tipo de discussão em que já não se tratava de vencer um adversário, mas de confrontar idéias e hipóteses diversas e conflitantes com a finalidade de encontrar os princípios comuns que davam a razão de todas elas e assim avançavam um passo em direção à verdade do objeto discutido. Esse exercício era tão alheio à busca de vitórias sofísticas, que tanto podia ser realizado em grupo quanto individualmente, tanto em voz alta como em pensamento.

Aristóteles apreciava a dialética socrático-platônica e a empregou abundantemente nas suas investigações filosóficas, julgando-a mesmo o único instrumento científico viável nos assuntos novos e inexplorados, onde não se dispõe de nenhum princípio ou premissa geral e se trata precisamente de buscá-los pela primeira vez. A sistematização aristotélica da dialética no livro dos Tópicos constitui, historicamente, a primeira formulação geral daquilo que mais tarde viria a chamar-se “método científico”.

No entanto, Aristóteles descobriu que no fundo das confrontações dialéticas existia um critério subjacente, não formulado, para a aferição da coerência dos discursos. Toda discussão dialética visava a encontrar as premissas, os princípios fundantes para o estudo desta ou daquela questão, premissas ou princípios dos quais se pudesse então tirar conclusões válidas. Mas, de um lado, a dialética não tinha por si nenhum meio de distinguir se essas premissas eram absolutamente verdadeiras ou eram apenas mais razoáveis do que aquelas das quais a discussão havia partido. De outro lado, todo o esforço dialético era guiado por um ideal de coerência discursiva que a própria dialética não chegava a explicitar. O que Aristóteles fez foi então tornar explícitas as exigências contidas nesse ideal e formular o conjunto de regras que se devia seguir para atingi-lo. Foi essa arte que ele denominou analítica, mais tarde chamada “lógica”.

Aristóteles ensinava essa arte no Liceu, a escola que ele fundou e que era uma espécie de upgradeespecializado da Academia platônica. Os alunos que vinham aprender lógica com ele já chegavam, portanto, com todo o preparo que haviam recebido nas três etapas anteriores: a formação literária e artística, o adestramento sofístico para as discussões públicas e a dialética socrático-platônica.

Essa breve narrativa mostra que tanto a história da evolução da educação grega quanto a gradação das etapas do aprendizado seguido por cada novo aluno já continham, implicitamente e na prática, a escala dos graus de credibilidade que Aristóteles formularia na sucessão dos discursos poético, retórico, dialético e lógico-analítico, à qual dei o nome de “teoria dos quatro discursos”. Essa coincidência de escalaridade entre a evolução histórica de uma cultura e a estrutura das etapas do aprendizado em cada aluno individual sugere que a ordem interna da educação grega é mesmo um modelo ideal, no sentido em que sugeri acima.

Onde quer que tenha surgido uma classe intelectual e dirigente capaz, apta para as mais altas tarefas da inteligência e da vida política, a educação que a preparou seguiu em linhas gerais o modelo grego. A administração colonial britânica é um exemplo. A série quase inteira dos presidentes americanos é outro. A partir do momento em que as escolas negligenciam a transmissão dos valores universais e permanentes e caem na esparrela de querer infundir nas crianças o culto do que é mais recente e passageiro – sob o nome pomposo de “conquistas avançadas da ciência e da técnica” ou qualquer outro – o resultado é sempre decadência, barbárie, estupidez generalizada. A educação brasileira é o exemplo mais nítido.

Por: Olavo de carvalho Publicado no Diário do Comércio.

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

ELO MAIS FRACO


Encontrando o elo fraco do esquerdismo OU Como atingir a religião política com mais eficácia

A maior inspiração para o paradigma neo-iluminista vem do neo-ateísmo. Nunca escondi isso. Também jamais omiti a heurística por trás da criação deste novo paradigma: (1) Existem crenças no mundo, (2) Estas crenças podem ser avaliadas por sua validade, (3) Em caso delas não serem válidas, elas podem ser avaliadas quanto ao impacto na vida dos descrentes, (4) Se os proponentes da crença ainda se tornam absolutistas e não toleram críticas dos discordantes, isso cria um agravante para o sistema de crenças em análise, (5) A responsabilidade da denunciação desta crença é de seus oponentes. Esses cinco passos resumem toda a obra militante de Richard Dawkins, Sam Harris, Daniel Dennett e afins.

A partir desta conclusão óbvia, baseada em uma reconstrução do neo-ateísmo, podemos, enfim, olhar as crenças que falam sobre fatos do mundo. Qualquer uma delas. Acreditar que há um vampiro que lhe visitará à noite não é diferente de acreditar que o estado inchado é confiável. Ambas as crenças falam sobre fatos do mundo, e, por isso, devem ser avaliadas por sua validade ou não. Mais ainda: podemos questionar se é “moral” que alguém possa nutrir esta crença ou não. Um amigo me disse: “Luciano, não é correto avaliar a religião política pela mesma ótica da religião tradicional, pois a primeira é feita para mudanças sociais, e a segunda para mudança espiritual”. Isso não passa de desculpa esfarrapada, pois em ambos os casos temos afirmações sobre o mundo, que podem ser válidas ou não, e, se aceitas, estas afirmações podem impactar os descrentes da mesma forma. Não há uma regra lógica que nos leve a exonerar a religião política do mesmo escrutínio e denunciação assertiva feita contra a religião tradicional. Pelo contrário: o empilhamento de corpos da religião política nos obriga moralmente a questioná-la de maneira ainda mais contundente do que os neo-ateus questionam a religião tradicional.

Em um nível ainda mais profundo, devemos entender os sistemas morais que surgem a partir destas crenças da religião política. Quais valores se derivam deste sistema de crenças? Esses valores são úteis para nós? Em uma análise científica da moralidade, será que devemos aceitar os valores humanos derivados de crenças da esquerda? Por exemplo: se Trotsky criou a moral que rege a vida de todo adepto da extrema-esquerda, colocando o ato de mentir como lícito se for para benefício de seu grupo, será que devemos tolerar esse valor? Não, não devemos. Devemos comunicar, para aqueles que estão ao nosso lado, aos neutros (e aos religiosos políticos que querem se converter) a respeito de como este valor surgido das crenças de esquerda é podre.

E como podemos fazer isso? Novamente, temos que retornar aos neo-ateus, e assim podemos entender que um sistema de crenças popular depende de alguns fatores: um conjunto de ideias que se multiplica, e pessoas que aceitam e podem multiplicar essas ideias.

O elo fraco desta cadeia é geralmente uma pessoa que acredita de verdade nas crenças inseridas por outras pessoas nele. Logo, não falamos dos esquerdistas beneficiários, que são os estrategistas políticos que sabem que o esquerdismo é uma mentira do início ao fim. Estes mentirosos profissionais não se sentirão abalados se demolirmos sua crença. Ao invés disso, eles criarão novos truques para desmoralizar aqueles que denunciarem todas as fraudes do esquerdismo. Falamos, então, dos esquerdistas funcionais, os crentes “de verdade” no esquerdismo.

Mais uma vez a receita de sucesso deve ser aprendida com os neo-ateus. Sam Harris dizia para ridicularizar os religiosos em público, mas sua ênfase, em especial, era para os ataques aos religiosos de menor conhecimento teológico. Uma nova geração de leitores de William Lane Craig é, com certeza, menos vulnerável à ridicularização. Mas os crentes mais humildes certamente não conseguiam se safar dos ataques. Humilhados em público, a cada sessão de ridicularização, eles eram expostos como “um exemplo da fragilidade argumentativa cristã”. Em outras palavras, isso é atacar o elo mais fraco de uma cadeia.

A regra é clara: quer queira, quer não queira, um esquerdista funcional que não é um exímio engenheiro de truques ainda é um esquerdista, e, portanto, pode ser duramente ridicularizado em público por suas crenças injustificadas e perigosas. Como ele é um funcional, possui apego legítimo às suas crenças injustificadas, e se sentirá abalado quando ridicularizado em público por causa daquilo que crê. Em suas respostas emocionais, torna-se ainda mais vulnerável.

Desafiar esquerdistas no Facebook ou em quaisquer ambientes pode se tornar, enfim, uma ação estratégica caso reconheçamos que há um valor intrínseco em atacarmos argumentativamente os representantes de uma crença injustificada.

É claro que não podemos abandonar as outras formas de ataque ao esquerdismo. Muito pelo contrário. O que defendo é que devemos priorizar o ataque aos esquerdistas funcionais, ou os esquerdistas mais humildes que acreditam de verdade no esquerdismo, como uma ação estratégica para não perdermos a oportunidade de ridicularizar um esquerdista em público.

E não precisamos ter pena: mesmo que o esquerdista seja honesto em suas crenças, ele propaga fraudes intelectuais que seus líderes beneficiários inseriram em sua mente. Ou seja, ele é um transmissor de fraudes mesmo que ache que suas fraudes não são fraudes. Em todo o caso: o perigo é o mesmo. Ademais, neste caso ainda é moralmente justificado ridicularizar o esquerdista funcional pelo fato dele não ter tido racionalidade e ceticismo suficientes para rejeitar sua crença.

Em outras palavras, você pode atingir o elo mais fraco do esquerdismo sem o menor peso de consciência. Por: Luciano Henrique

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

REPUTAÇÃO SERÁ MOEDA NO MUNDO PÓS-FINANCEIRO

Joshua Klein, 39, se descreve como "hacker" de tudo.


Mestre em tecnologia interativa pela Universidade de Nova York, está lançando nos EUA "Reputation Economics" (economia da reputação, em tradução livre; Palgrave Macmillan), em que prenuncia a substituição das moedas por um comércio em plataformas com sistemas de troca que passam longe das finanças.

Nesse mundo pós-financeiro, em que a privacidade é comercializada, afirma o consultor de firmas como Microsoft e Oracle, a reputação atestada por pares ou por especialistas ganha, cada vez mais, valor de dinheiro --cobiçada por aqueles que querem vender ou trocar mercadorias, serviços ou interesses.

Folha - O sr. diz que a privacidade não é mais um direito e que há formas de lucrar abrindo mão dela. Como vê as revelações do ex-técnico de segurança do governo americano Edward Snowden sobre vigilância governamental?

Joshua Klein - É interessante ver a reação das pessoas ao volume de informações monitoradas. De muitas formas, o que o governo faz é uma extensão do que tínhamos permitido às empresas fazer.

Se você usa Gmail, já deu ao Google o direito de analisar todos os seus e-mails: com quem você fala, com que frequência, sobre o quê, que palavras usa, quantos pronomes ou adjetivos emprega, todos os documentos.

Todos os "serviços gratuitos" fazem isso --o Facebook faz, o Twitter, a Amazon-- porque permite que vendam de forma mais eficaz. O problema é que as pessoas não são realmente conscientes de que fizeram esse acordo.

Há possibilidade de voltarmos ao tempo em que as pessoas ainda tinham privacidade?

Estamos num momento de virada como sociedade. Sabíamos que havia algo estranho nesse acordo: estávamos ganhando quantidades imensas de tecnologia de graça --ou que pensávamos ser de graça-- em troca de nos dispormos a ver publicidade.

Mas esse não é o acordo de fato. O acordo é que as pessoas nos dão essas coisas e, em retribuição, temos que comprar outras. E essas empresas farão tudo para serem o mais eficazes possível e nos venderem o que puderem.

Acredito que as pessoas começaram a tomar consciência ao verem o governo fazê-lo, pois se ergueu o espectro do Grande Irmão. Vender é algo com contornos bem definidos. O problema é que esses dados podem ser usados para outras coisas.

Não há como mudar a forma de agir na internet?

Se as pessoas admitirem que fizeram um contrato faustiano e começarem a usar criptografia e forem mais cuidadosas com os contratos de licença que assinam... Se gente o bastante fizer isso, as empresas começarão a pensar: "Para termos acesso aos dados, temos que fazer um acordo aberto, mais claro".

Se isso acontecer, então, sim, vamos ver mudança. As empresas vão aceitar que os indivíduos tenham mais responsabilidade e controle sobre suas coisas. Mas acho que o mais provável é que uma minoria de pessoas faça isso --e elas terão acesso a menos serviços ou terão de pagar mais caro por eles.

E veremos mais abusos dos dados coletados.

Há uma frase de Andrew Lewis, no blog comunitário MetaFilter, sobre a internet: "Se você não está pagando pelo produto, você é o produto que está sendo vendido".

[Risos] Sim. O objetivo da grande maioria dos serviços on-line hoje não é fornecer algo divertido ou interessante. Isso é acessório. O objetivo real é vender de forma eficaz.

"Reputation Economics" também reflete isso?

Um dos pontos do livro é que estamos estabelecendo plataformas, hoje, que possibilitam sistemas de troca livre das finanças. Por outro lado, as empresas grandes são cada vez mais eficientes em ganhar nosso dinheiro.

Daí a precificação hiperdinâmica: você entra on-line para comprar queijo, a empresa que vende o queijo reconhece que você tem um blog sobre isso e dá um desconto de 30%, na esperança de que você compre e depois diga algo bom do queijo.

Os indivíduos precisam agora escolher: Querem só ficar com o que é dado? Ou querem ferramentas e tecnologias que permitem que gerenciem seu valor? Creio que veremos mais da última, mas não estou certo ocorrerá.

A edição registra que você fez trabalhos para a comunidade de inteligência. O que foi?

Foi sobretudo pelo Escritório do Diretor de Inteligência Nacional, que fez um programa tipo "think tank" [centro de estudos] em que muitos colaboramos, num retiro de um mês. Foi interessante por permitir contato com algumas das mentes mais brilhantes da NSA [agência de segurança nacional], CIA [agência de inteligência dos EUA] e um "insight" sobre as capacidades que têm ou tinham.

Desde então, todos ganhamos uma consciência muito maior do que se trata [devido às revelações de Snowden].

O mais importante foi ver que aquilo tinha enorme potencial, não totalmente conhecido. Em relação ao trabalho de consultoria que presto para empresas, ficou claro que o mercado baseado em "big data" se tornaria cada vez maior. A questão já era, então, qual o efeito disso sobre o indivíduo.

O livro destaca que "quem você conhece" vale mais, hoje, do que "o que você possui".

O que isso aponta é que, cada vez mais, as plataformas on-line estão permitindo obter informações de reputação sobre as pessoas. Se eu quiser descobrir se devo emprestar meu carro a você, posso dar um Google e ver se você é digno de confiança.

Esse tipo de informação de reputação levou ao surgimento de uma economia de reputação on-line, que está mudando como os indivíduos compartilham valor.

Ou seja, o compartilhamento não é mais só financeiro. A economia de reputação me permite descobrir a pessoa para quem a troca é útil. Esse tipo de situação agora está disponível por todas essas plataformas on-line.

Esse é um aspecto. Outro é que as pessoas têm cada vez menos capacidade de alavancar suas finanças. Os sistemas financeiros vêm com problemas há muito tempo, as maiores economias do mundo estão se debatendo, então as pessoas começam a perceber: "Ei, posso entrar no Skillshare, começar a ensinar as pessoas este hobby de mergulho e conseguir dinheiro".

Ou: "Só uso meu carro nos fins de semana, eu posso inscrevê-lo no [site] Rideshare e ter pessoas que me paguem para usá-lo na semana".
Divulgação 
O consultor de tecnologia Joshua Klein

Você entende "hacking" como quebrar regras, em geral. O novo livro reflete essa ideia?

Sim e não. Uma das coisas que abordo é o "momento Napster" das finanças. Há um bocado de mudanças tecnológicas acontecendo agora, algumas beneficiam indivíduos, outras, empresas e outras concorrem entre si.

Onde entra a palavra "hacking"? Por exemplo, quando o Napster foi derrubado pela RIAA [Associação Americana da Indústria Fonográfica], a internet como um todo não se convenceu de uma hora para outra de que não podia mais baixar músicas de graça.

Em vez disso, foi inventado o protocolo BitTorrent [para transferência de grande volume de dados entre usuários].

Quando a RIAA começou a derrubar sites de BitTorrent, surgiram clubes de compartilhamento de arquivos e uma criptografia melhor. Essas são forças de "hacking" que sempre tivemos: as mudanças serão apoiadas e reforçadas pelas comunidades on-line, sejam ou não legais ou desejáveis pelo ambiente regulatório e financeiro.

Em "Hacking Work", de 2010, você apoia romper regras para alcançar resultados melhores nas empresas privadas.

Em todas as empresas às quais dei consultoria sobre inovação e como usar tecnologia de maneira mais eficaz e mudar modelos de negócio, via que implantar mudança ou evolução numa organização é quase impossível, porque a cultura é reativa.

Com o passar do tempo, a empresa vai ganhando uma série de regras que limitam as pessoas. Parte do que você encontra nas "start-ups" [empresas iniciantes] que as torna tão eficientes é não terem, ainda, regras. Elas fazem tudo o que for necessário para serem eficientes.

O livro não sugere jogar tudo que se sabe fora. Ele propõe encontrar instâncias específicas em que você está sendo impedido de ser mais efetivo e focar métodos alternativos para quebrar o molde e termais sucesso, ajudando a empresa e até sua carreira.

Sua série de TV para o National Geographic, "The Link", de 2012, é transmitida aqui. Ela explora conexões entre diferentes saltos tecnológicos pela história. Qual é o vínculo entre a série e o novo livro?

O programa influenciou o livro, no sentido de estarmos num momento incomum da história em que algumas mudanças terão efeitos enormes e inesperados. Estamos começando a desenvolver modelos pré-financeiros para comércio, como [a moeda virtual obtida com a cessão de poder de processamento do seu computador] Bitcoin ou o [site para aluguel e sublocação direta de apartamentos para temporadas] Airbnb.

Nos próximos 5 ou 20 anos, veremos boa parte dos dois terços da humanidade que ainda não estão na internet aparecerem on-line, e eles vão querer usar métodos mais flexíveis de comércio. Essas pessoas estão hoje em grande parte no chamado "mercado negro", que gira US$ 10 trilhões.

Nos próximos 20 anos, esse será o método majoritário de comércio do planeta.

O que acontece quando a economia do mundo é ocupada, de uma hora para outra, por uma população que não usa instrumentos financeiros tradicionais? Ela vai alavancar uma série de plataformas que, hoje, são bonitinhas e divertidas. Não sabemos como será, mas sabemos que pode ser muito desestabilizador.

RAIO-X

NOME
Joshua Klein, 39

OCUPAÇÃO
Conferencista e consultor de tecnologia

LIVROS
"Reputation Economics", 2013; "Hacking Work", 2010 (sem tradução no Brasil)

DIÁRIO DA EUROPA

1.
O Papa Francisco publicou a sua exortação evangélica e o jornalismo progressista (e preguiçoso) aplaudiu em delírio. Parece que o Papa tinha lançado um ataque devastador ao capitalismo, propondo uma via revolucionária - ou, pelo menos, bolivariana, para que o mundo pudesse seguir o excelso caminho da Venezuela de Maduro. 

Com a devida vénia aos alucinados, fui ler a exortação. E, com surpresa, verifiquei que em 220 páginas, o Papa dedica umas 10 ao estado actual da economia. E para dizer o quê? 

Simplesmente, o que qualquer cristão aprende desde os tempos da catequese: que temos obrigações para com os pobres e excluídos; que o mercado livre não resolve todos os problema sociais; que o dinheiro, por mais importante que seja, deve estar ao serviço da ética e do ser humano. 

E, pormenor fundamental, que mal vai o mundo quando permitimos que os mercados e a especulação financeira tiranizem todas as relações pessoais. 

Escusado será dizer que subscrevo cada palavra de Francisco. E, mais ainda, subscrevo cada palavra precisamente porque defendo o mercado livre. Isso significa duas coisas. 

Em primeiro lugar, e tal como afirma Francisco, que o mercado só funciona quando existe uma cultura de responsabilidade e valores morais a servi-lo (ler Adam Smith). 

E, em segundo lugar, que confundir uma "economia de mercado" com uma "sociedade de mercado" é não entender o papel importante, porém especificamente instrumental, da primeira como "sistema de liberdade natural" (Adam Smith novamente). 

Francisco relembrou a ouvidos modernos a mensagem da Igreja desde tempos antigos. O espanto orgásmico que escorreu por aí não diz nada sobre o Papa; mas diz muito sobre a ignorância evangélica de quem só agora aterrou na Doutrina Social da Igreja. 

2.
Já ninguém lê Bertrand de Jouvenel. Que pena. No século 20 europeu (e sobretudo francês), é difícil encontrar um filósofo que tenha analisado tão bem a forma como o Estado foi concentrando áreas cada vez maiores de poder sobre a vida dos indivíduos. 

O fenómeno começou na Idade Média quando as monarquias absolutas começaram por arrasar com a autoridade do baronato medieval. Continuou depois na Idade Moderna, quando os revolucionários franceses, longe de derrubarem a monarquia absoluta, acabaram por se apropriar dos seus mecanismos de controlo e violência (Tocqueville já tinha dito o mesmo). 

E continuou no século 20, quando os estados totalitários se tornaram, precisamente, totalitários. E hoje? 

Hoje, depois do fim das utopias, talvez exista a ilusão de que o Estado não é mais o "Minotauro" que Bertrand de Jouvenel tanto temia. Mas isso não passa de uma ilusão: sob a capa do "bem comum", o Estado continua a deter um poder sobre a vida dos indivíduos que seria impensável até para um rei absolutista como Louis 13. 

Se dúvidas houvesse, bastaria ler o que se passou no Reino Unido: conta o "Sunday Telegraph" que uma imigrante italiana grávida foi anestesiada à força para que os médicos pudessem retirar a criança do ventre. Motivo? 

Os "serviços sociais", preocupados com a saúde mental da mãe, consideraram que uma cesariana forçada era no melhor interesse de todos. A criança, hoje com 15 meses, continua numa instituição do Estado. A mãe apelou para a justiça. Vários juristas dizem que o caso é "insólito", para usar um eufemismo. 

Não, não é "insólito". É apenas a conclusão lógica de um processo de abuso autoritário crescente em que até o corpo de cada um não está a salvo das garras do Estado. 

3.
E por falar em corpos: no Antigo Egipto, nenhuma mulher jovem e bonita que morresse precocemente era entregue ao cangalheiro da época. As famílias sabiam que, antes das cerimónias fúnebres propriamente ditas, era preciso deixar apodrecer o corpo um bocadinho antes que o mesmo fosse parar às mãos de um homem. 

Passaram 5 mil anos. Os faraós desapareceram da paisagem. Mas é sempre bom saber que, na vizinhança do Oriente Médio, ainda há quem se preocupe com os cadáveres femininos. 

Leio na "Veja" que um mufti da Arábia Saudita, por exemplo, decidiu proibir os médicos, em geral, e os médicos legistas, em particular, de tocarem ou autopsiarem o corpo nu de uma mulher. O serviço só pode ser feito por outras mulheres. 

Pessoalmente, não sei se a proibição do mufti se explica por respeito puritano face às mulheres mortas - ou por desconfiança paranóica face aos homens demasiado vivos. 

Mas alguém devia explicar ao mufti que, aberração por aberração, existe sempre a hipótese de também existirem mulheres (vivas) para quem o corpo de uma mulher (morta) pode ter os seus encantos.Por: João Pereira Coutinho  Folha de SP

domingo, 8 de dezembro de 2013

O VALOR DOS VALORES

Aspecto importante da produtividade de um país, que não se mede em infraestrutura, ambiente de negócios, nível técnico dos trabalhadores e empresários ou nível de investimento. Falo da matriz cultural da produção. 


Em visita recente à Alemanha, fiquei mais uma vez impressionado pelo grau de organização, limpeza e qualidade da produção visto desde a feira livre até a empresa de alta tecnologia. O que me chamou mais a atenção foram o entusiasmo e a satisfação de executar um bom trabalho. 

É um círculo virtuoso: na medida em que cada um trata os demais com eficiência e cortesia, também recebe bom tratamento. 

Apesar de ter origem cultural diferente, o Brasil tem feito grandes progressos nessa direção. Tive duas experiências muito gratificantes que mostram isso. 

A primeira foi a construção da operação brasileira de uma multinacional que atingiu os melhores índices de eficiência, qualidade e satisfação do cliente na comparação com o resto do mundo. Depois, no setor público, dirigindo o Banco Central, tive experiência semelhante com equipe de colaboradores engajada e eficiente, que se orgulhava, valorizava muito o trabalho e, por meio dele, a si mesma. 

Embora tenhamos caminhado muito na valorização da qualidade e da produtividade, é preciso um grande avanço para elevar o nível de renda ao padrão dos países
desenvolvidos. 

Tive primeira visão mais crítica da questão quando li há muitos anos o diário de Charles Darwin sobre sua volta ao mundo nos anos 1830, na qual desenvolveu a teoria da evolução. 

Ao passar pelo Brasil, o que mais chamou sua atenção foi o conceito de que homem de bem era o que se dedicava às coisas nobres, como as artes, e não às coisas "menores",
como o trabalho, visto como atividade de escravos ou mal-intencionados. Mal-intencionado era todo aquele que quisesse ganhar dinheiro almejando o lucro, fosse comerciante ou agricultor. 

De lá para cá, o país evoluiu muito com o fim da escravidão, a urbanização, as ondas migratórias, a massificação educacional e a ocupação produtiva do interior. Hoje o Brasil busca produtividade e conta com uma classe de trabalhadores e com empreendedores cientes do valor do trabalho. 

Porém resiste em setores importantes uma visão arcaica contra o lucro e a meritocracia. Ter consciência de que ela é fruto de raízes culturais ultrapassadas contribui para seguir o processo de valorização da cultura do empreendedorismo, da meritocracia, da remuneração segundo a produtividade de cada um. 

Quanto mais esses valores prevalecerem, mais perto estaremos do desenvolvimento que buscamos para todos. 

Por: Henrique meirelles Folha de SP

MENTIR, CONSPIRAR, TRAIR

O PT nem inventou a corrupção nem a inaugurou no Brasil. Mas só o partido ousou, entre nós, transformá-la numa categoria de pensamento e numa teoria do poder. E isso faz a diferença. O partido é caudatário do relativismo moral da esquerda. Na democracia, sua divisa pode ser assim sintetizada: "Aos amigos tudo, menos a lei; aos inimigos, nada, nem a lei". Para ter futuro, é preciso ter memória. 


Eliana Tranchesi foi presa em 2005 e em 2009. Em 2008, foi a vez de Celso Pitta, surpreendido em casa, de pijama. Daniel Dantas, no mesmo ano, foi exibido de algemas. Nos três casos, e houve uma penca, equipes de TV acompanhavam os agentes federais. A parceria violava direitos dos acusados. Quem se importava? Lula batia no peito: "Nunca antes na história deste país se prendeu tanto". Era a PF em ritmo de "Os Ricos Também Choram". 

Ainda que condenados em última instância, e não eram, o espetáculo teria sido ilegal. Ai de quem ousasse apontar, como fez este escriba (os arquivos existem), o circo fascistoide! Tornava-se alvo da fúria dos "espadachins da reputação alheia", era acusado de defensor de endinheirados. Procurem um só intelectual petista --como se isso existisse...-- que tenha escrito uma linha contra os exageros do "Estado repressor". Ao contrário! Fez-se, por exemplo, um quiproquó dos diabos contra a correta 11ª Súmula Vinculante do STF, que disciplinou o uso de algemas. "A direita quer algemar só os pobres!", urravam. 

Até que chegou a hora de a trinca de criminosos do PT pagar a pena na Papuda. Aí tudo mudou. O gozo persecutório cedeu à retórica humanista e condoreira. Acusam a truculência de Joaquim Barbosa e a espetacularização das prisões, mas não citam, porque não há, uma só lei que tenha sido violada. Cadê o código, o artigo, o parágrafo, o inciso, a alínea? Não vem nada. 

Essa mentalidade tem história. Num texto intitulado "A moral deles e a nossa", Trotsky explica por que os bolcheviques podem, e devem!, cometer crimes, inaceitáveis apenas para seus inimigos. Ele imagina um "moralista" a lhe indagar se, na luta contra os capitalistas, todos os meios são admissíveis, inclusive "a mentira, a conspiração, a traição e o assassinato". 

E responde: "Admissíveis e obrigatórios são todos os meios, e só eles, que unam o proletariado revolucionário, que encham seu coração com uma inegociável hostilidade à opressão, que lhe ensinem a desprezar a moral oficial e seus democráticos arautos, que lhe deem consciência de sua missão e aumentem sua coragem e sua abnegação. Donde se conclui que nem todos os meios são admissíveis". 

O texto é de 1938. Dois anos depois, um agente de Stalin infiltrado em seu séquito meteu-lhe uma picaretada no crânio. Sinistra e ironicamente, a exemplo de Robespierre, ele havia escrito a justificativa (a)moral da própria morte. Vejam ali. Conspirar, mentir, trair, matar... Vale tudo para "combater a opressão". Só não é aceitável a infidelidade à causa. Pois é... 

José Dirceu quer trabalhar. O "consultor de empresas privadas" não precisa de dinheiro. Precisa é de um hotel. Poderia fazer uma camiseta: "Não é pelos R$ 20 mil!". Paulo de Abreu, que lhe ofereceu o, vá lá, emprego, ganhou, nesta semana, o direito de transferir de Francisco Morato para a avenida Paulista antena da sua Top TV, informou Júlia Borba nesta Folha. O governo tomou a decisão contra parecer técnico da Anatel, com quem Abreu tem um contencioso razoável. Dizer o quê? Lembrando adágio famoso, os petistas não aprenderam nada nem esqueceram nada. 

Aos amigos, tudo, menos a lei. Aos inimigos, José Eduardo Cardozo e Cade. É a moral deles. 

Por: Reinaldo Azevedo Folha de SP

O CRIME DE MAQUIAVEL

Maquiavel: O nome é todo um programa. E "maquiavélico" é adjetivo que dispensa apresentações. 

Quando acusamos alguém de maquiavelismo, não precisamos acrescentar mais nada. O sujeito é imoral, hipócrita, mentiroso, potencialmente violento. Uma mistura de Charles Manson com Hannibal Lecter, digamos. Estaremos a ser injustos com o florentino? 

Estamos, sim, responde Michael Ignatieff. Ponto prévio: Ignatieff, um excelente filósofo, andou uns tempos perdido (ou será iludido?) na política canadense. Liderou o Partido Liberal. Disputou eleições. Perdeu. Como normalmente acontece com os filósofos que flertam com a política e são desiludidos por ela, regressou agora aos livros. 

Em boa hora: na revista "The Atlantic", Ignatieff celebra os 500 anos de "O Príncipe" (escrito em 1513) e oferece uma das mais preciosas explicações para o desconforto que Maquiavel sempre provocou nas gerações posteriores. 

Uma empreitada dessas já tinha sido iniciada por Isaiah Berlin no clássico "The Originality of Machiavelli", que Ignatieff obviamente conhece como biógrafo "oficial" de Berlin. 

No ensaio, Berlin começava por listar as múltiplas interpretações que foram sendo urdidas sobre a obra e o autor ("um manual para gangsters", disse Leo Strauss; "um humanista angustiado", disse Benedetto Croce; "um homem de gênio", disse Hegel). 

E depois, como é usual nos ensaios mais "escolásticos" de Berlin, o próprio acrescentava a sua interpretação a respeito: o que perturba em Maquiavel não é a defesa da dissimulação ou da violência. Ele não foi o primeiro. Não será o último. 

O problema é que Maquiavel mostrou a incompatibilidade absoluta entre duas moralidades distintas na conduta de um político: a moralidade pagã e a moralidade cristã. 

Eis a "originalidade" de Maquiavel: quem deseja ser um bom cristão, cultivando as virtudes típicas do cristianismo (perdão, benevolência, compaixão etc.), o melhor que tem a fazer é afastar-se da política. Essas virtudes são boas em si mesmas (Maquiavel nunca negou isso, ao contrário do que se imagina). Mas elas são boas na vida privada dos indivíduos, não na defesa da comunidade. 

Em política, são as virtudes pagãs (força, disciplina, magnanimidade etc.) que garantem a sobrevivência do Estado. 

Ignatieff aceita o essencial dessa explicação. Mas acrescenta um ponto decisivo que está ausente do ensaio de Berlin e que me parece o mais importante: Maquiavel perturba-nos tanto, 500 anos depois, porque existe em nós a intolerável suspeita de que ele pode ter razão. 

Vivemos em sociedade. Desfrutamos de um mínimo de ordem. Queremos ser poupados ao crime e à violência de forma a perseguir os nossos interesses ou ambições. 

Mas, ao mesmo tempo, recusamos sequer a hipótese de que muitos dos nossos "ganhos civilizacionais" possam ser mantidos por políticos que "sujam as mãos" e não têm insônias com isso. 

Cuidado: não falo de políticos que "sujam as mãos" em proveito próprio. Essa hipótese seria intolerável para um patriota como Maquiavel. Falo de qualquer líder, em qualquer democracia, que muitas vezes usa a dissimulação, a mentira ou a brutalidade para que as insônias não nos perturbem a nós. 

Ignatieff dá um exemplo, apenas um entre mil: o momento em que Barack Obama invadiu o Paquistão para capturar e matar Bin Laden. O que diriam os Evangelhos dessa operação? E o que dizemos nós, ao saber que o mundo tem um terrorista a menos --o mais temível e procurado deles? 

Maquiavel, falando para a Florença do seu tempo, falou também para as Florenças de todos os tempos. E limitou-se a mostrar o "backstage" do nosso teatro cotidiano. No palco, tudo é luz e fantasia. Atrás do palco, existem muitas vezes situações de trevas em que, em nome do bem comum, o Príncipe tem de cometer males inevitáveis. 

No fundo, talvez o problema de "O Príncipe" não esteja no texto propriamente dito, mas no efeito que ele teve sobre a imagem virtuosa que gostamos de cultivar sobre nós próprios. 

Alguém dizia que os seres humanos nunca suportaram demasiada realidade. O crime de Maquiavel, 500 anos depois, foi ter insultado a nossa vaidade com esse excesso de realidade. Por: João Pereira Coutinho  Folha de SP

"A SOMBRA DE KISSINGER"


Para Obama, o foco deve se deslocar do Oriente Médio para a China, o que requer uma distensão com Teerã

Agora sabemos que o acordo nuclear não foi um raio no céu claro, mas o fruto de um ano de negociações bilaterais secretas entre os EUA e o Irã, em encontros furtivos em Mascate que contaram com a assistência logística do sultão Qaboos, de Omã. O acordo derivou de uma série de circunstâncias inesperadas, mas também de uma visão estratégica que tem a marca inconfundível da realpolitik. É, apenas, por ora, um acerto tático. Contudo, sinaliza uma brusca reacomodação das placas tectônicas da geopolítica do Oriente Médio. Daí, a fúria indiscreta de Israel e a cólera circunspecta dos sauditas.

Visão estratégica: Barack Obama prometeu engajar-se em negociações diretas com o Irã no discurso inaugural de seu primeiro mandato, em 2009. A iniciativa inscrevia-se na moldura da projetada retirada das forças americanas do Iraque e, mais amplamente, no conceito de um "giro estratégico" da política global de Washington em direção à Ásia. O enfraquecimento geral dos Estados árabes provocado pela onda de insurreições da chamada "primavera árabe" acentuou a convicção de que, na ausência de tropas americanas, a estabilidade do Oriente Médio depende de uma nova relação com o Irã. O acordo nuclear adquire sentido apenas nesse contexto.

Circunstâncias inesperadas: as negociações em Mascate ganharam impulso com a ascensão do moderado Hasan Rowhani à presidência do Irã, no início de agosto, mas quase descarrilharam semanas depois, sob o impacto do ataque químico na Síria. O advento de Rowhani e a nova disposição negociadora do Líder Supremo Ali Khamenei refletiram a eficácia das sanções internacionais articuladas pelos EUA. As palavras de Obama sobre a "linha vermelha", de 2012, foram formuladas como pretexto para circundar as pressões por uma intervenção na Síria --mas, ironicamente, arrastaram o presidente para o olho do furacão quando Bashar al-Assad ultrapassou a fronteira fatal. A decisão crítica de recuar na última hora representou um duro revés tático e feriu fundo a credibilidade americana --mas salvou o objetivo estratégico. O acordo nuclear desenhou-se naquele instante.

"Munique, Munique!", gritam os israelenses, acusando os EUA de repetirem a rendição ignominiosa de Chamberlain e Daladier diante de Hitler em 1938. É um paralelo tão previsível e fácil quanto falso. O acerto transitório com o Irã congela posições, abrindo um espaço para as negociações substanciais, mas contém o dispositivo crucial das inspeções, que faltava na peça propagandística encenada em 2010 por Ahmadinejad com a cumplicidade do turco Erdogan e de nosso Lula. Os EUA não sonham com a hipótese impossível de eliminação do programa nuclear iraniano, mas com um acordo que conserve Teerã dois passos antes da obtenção de uma bomba. Washington joga suas fichas num sistema de punições e incentivos, oferecendo ao Irã um lugar destacado nas mesas em que se decidirá o futuro da Síria e do Iraque. A sombra de Henry Kissinger, o estrategista dos governos Nixon e Ford, projeta-se sobre a diplomacia de Obama.

Numa era de retração, marcada pelo desastre no Vietnã, Kissinger afastou os EUA da tradição wilsoniana, formulando políticas ancoradas no conceito de equilíbrio de poder e operando a difícil transição americana de uma posição de hegemonia para a de liderança. Obama inclinou-se pelo intervencionismo liberal na Líbia e foi erroneamente acusado de insistir no cruzadismo neoconservador na "guerra ao terror", mas o vetor de sua política global é uma versão adaptada do realismo de Kissinger. No horizonte do presidente, o foco deve se deslocar do Oriente Médio para a China, um movimento que requer a distensão com Teerã.

"Munique!", alvoroçaram-se, por razões distintas, tanto os liberais quanto os neoconservadores diante da distensão de Nixon com Moscou e Pequim. Não era "Munique", como não é agora.Por: Demétrio Magnoli  Folha de S P

sábado, 7 de dezembro de 2013

"A AGONIA DO COLESTEROL"

Se reduzir os níveis de colesterol não confere proteção, por que insistir nas estatinas?


Nunca me convenci de que essa obsessão para abaixar o colesterol às custas de remédio aumentasse a longevidade de pessoas saudáveis.

Essa crença --que fez das estatinas o maior sucesso comercial da história da medicina-- tomou conta da cardiologia a partir de dois estudos observacionais: Seven Cities e Framingham, iniciados nos anos 1950.

Considerados tendenciosos por vários especialistas, o Seven Cities pretendeu demonstrar que os ataques cardíacos estariam ligados ao consumo de gordura animal, enquanto o Framingham concluiu que eles guardariam relação direta com o colesterol.

A partir dos anos 1980, o aparecimento das estatinas (drogas que reduzem os níveis de colesterol) abafou as vozes discordantes, e a classe médica foi tomada por um furor anticolesterol que contagiou a população. Hoje, todos se preocupam com os alimentos gordurosos e tratam com intimidade o "bom" (HDL) e o "mau" colesterol (LDL).

As diretrizes americanas publicadas em 2001 recomendavam manter o LDL abaixo de cem a qualquer preço. Ainda que fosse preciso quadruplicar a dose de estatina ou combiná-la com outras drogas, sem nenhuma evidência científica que justificasse tal conduta.

Apenas nos Estados Unidos, esse alvo absolutamente arbitrário fez o número de usuários de estatinas saltar de 13 milhões para 36 milhões. Nenhum estudo posterior, patrocinado ou não pela indústria, conseguiu demonstrar que essa estratégia fez cair a mortalidade por doença cardiovascular.

Cardiologistas radicais foram mais longe: o LDL deveria ser mantido abaixo de 70, alvo inacessível a mortais como você e eu. Seríamos tantos os candidatos ao tratamento, que sairia mais barato acrescentar estatina ao suprimento de água domiciliar, conforme sugeriu um eminente professor americano.

Pois bem. Depois de cinco anos de análises dos estudos mais recentes, a American Heart Association e a American College of Cardiology, entidades sem fins lucrativos, mas que recebem auxílios generosos da indústria farmacêutica, atualizaram as diretrizes de 2001.

Pasme, leitor de inteligência mediana como eu. Segundo elas, os níveis de colesterol não interessam mais.

Portanto, se seu LDL é alto não fique aflito para reduzi-lo: o risco de sofrer ataque cardíaco ou derrame cerebral não será modificado. Em português mais claro, esqueça tudo o que foi dito nos últimos 30 anos.

A indústria não sofrerá prejuízos, no entanto: as estatinas devem até ampliar sua participação no mercado. Agora serão prescritas para a multidão daqueles com mais de 7,5% de chance de sofrer ataque cardíaco ou derrame cerebral nos dez anos seguintes, risco calculado a partir de uma fórmula nova que já recebe críticas dos especialistas.

Se reduzir os níveis de colesterol não confere proteção, por que insistir nas estatinas? Porque elas têm ações anti-inflamatórias e estabilizadoras das placas de aterosclerose, que podem dificultar o desprendimento de coágulos capazes de obstruir artérias menores.

O argumento é consistente, mas qual o custo-benefício?

Recém-publicado no "British Medical Journal", um artigo baseado nos mesmos estudos avaliados pelas diretrizes mostrou que naqueles com menos de 20% de risco em dez anos as estatinas não reduzem o número de mortes nem de eventos mais graves. Nesse grupo seria necessário tratar 140 pessoas para evitar um caso de infarto do miocárdio ou de derrame cerebral não fatais.

Ou seja, 139 tomarão inutilmente medicamentos caros que em até 20% dos casos podem provocar dores musculares, problemas gastrointestinais, distúrbios de sono e de memória e disfunção erétil.

A indicação de estatina no diabetes e para quem já sofreu ataque cardíaco, por enquanto, resiste às críticas.

Se você, leitor com boa saúde, toma remédio para o colesterol, converse com seu médico, mas esteja certo de que ele conhece a literatura e leu com espírito crítico as 32 páginas das novas diretrizes citadas nesta coluna.

Preste atenção: mais de 80% dos ataques cardíacos ocorrem por conta do cigarro, vida sedentária, obesidade, pressão alta e diabetes. Imaginar ser possível evitá-los sentado na poltrona, às custas de uma pílula para abaixar o colesterol, é pensamento mágico. 
Por: Drauzio Varella Folha de SP

PUXA-SACOS DE LADRÕES

No Brasil, não há presos políticos, mas políticos presos. A diferença entre uma coisa e outra é a que existe entre a ditadura cubana, que o governo petista financia, e a democracia, que o petismo difama. Se, no entanto, houvesse, a carcereira seria Dilma Rousseff. Ela pode fazer o STF sair com a toga entre as pernas. Basta evocar o inciso 12 do artigo 84 da Constituição: "Compete privativamente ao presidente da República (...) conceder indulto e comutar penas, com audiência, se necessário, dos órgãos instituídos em lei". Também vale para "presidentas". 


Paulo Vannuchi, um devoto da democracia à moda Carlos Marighella, comparou a condenação de José Dirceu à extradição de Olga Benário. É? Foi o STF que autorizou o envio para a Alemanha nazista de uma judia comunista. O fascistoide Getúlio Vargas, hoje herói das esquerdas, poderia ter impedido o ato obsceno. Deu de ombros. Que Dilma não cometa o mesmo erro e liberte a súcia de heróis. Ironia não tem nota de rodapé --ou vira alfafa. 

Está em curso um processo inédito de satanização do Judiciário. A sanha difamatória, na semana em que se comemora o Dia da Consciência Negra, não poupa nem a cor da pele de Joaquim Barbosa. Racistas virtuosos acham que ele se comporta como um "negro de alma branca". Lula lhe teria feito um favor, e ele não beija a mão de nhonhô... 

Protestar contra os três dias de regime fechado para José Genoino é do jogo. Intimidar o Judiciário é delinquência política. A doença do petista é real; a construção do mártir é uma farsa. No dia da prisão, ele recusou exame médico preventivo no IML. Era parte da pantomima do falso herói trágico. Barbosa não cometeu uma só ilegalidade. A gritaria é fruto da máquina de propaganda do PT, que se aproveita da ignorância específica de jornalistas. Não são obrigados a saber tudo; o problema, em certos casos, é a imodéstia... 

Um dos bons fundamentos do cristianismo é amar o pecador, não o pecado. Fiel à tradição das esquerdas, o PT ama é o pecado mesmo. O pecador é só o executor da tarefa em nome da causa. Leiam a peça "As Mãos Sujas", de Sartre, escrita antes de o autor se tornar um comunista babão. É esquemática, mas vai ao cerne do surrealismo socialista. 

Alguns de nossos cronistas precisam ler. Outros precisam ler Padre Vieira. No "Sermão do Bom Ladrão", ele cita a descompostura que Alexandre Magno passou num pirata. O homem responde ao Lula da Macedônia: "Basta, senhor, que eu, porque roubo em uma barca, sou ladrão, e vós, porque roubais em uma armada, sois imperador?" Vieira emenda: "Assim é. (...) o roubar com pouco poder faz os piratas, o roubar com muito, os Alexandres." 

Na quarta, reportagem de Flávia Foreque, no site da Folha, foi ao ponto. Um grupo de deputados do PT visitou os varões de Plutarco na Papuda. Parentes de presos sem pedigree ideológico começaram a xingar os petistas: "Puxa-saco de ladrões!". A deputada Marina Sant'Anna (PT-GO) quis dialogar. Sem sucesso. A mulher de um dos piratas resumiu: "Qual é a diferença [entre presos do mensalão e os demais]? Só porque tem nível superior, porque roubou do povo?" Vieira via diferença, sim. Os bacanas são mais covardes. 

Indulto já, presidente! Até porque, entrando no 12º ano de governo e com mensaleiros em cana, o PT descobriu a precariedade das prisões. Este ano vai terminar com uma queda de 34,2% no valor destinado ao Plano Nacional de Apoio ao Sistema Prisional: R$ 238 milhões, contra R$ 361,9 milhões em 2012. Nas cadeias, só havia piratas "pobres de tão pretos e pretos de tão pobres". Agora há os Alexandres vermelhos, mas não de vergonha. 

Por: Reinaldo Azevedo Folha de SP twitter.com/reinaldoazevedo

"SINAIS ALARMANTES"

Finalmente se fez justiça no caso do mensalão. Escrevo sem júbilo: é triste ver na cadeia gente que em outras épocas lutou com desprendimento. Eles estão presos ao lado de outros que se dedicaram a encher os bolsos ou a pagar suas campanhas à custa do dinheiro público. Mais melancólico ainda é ver pessoas que outrora se jogavam por ideais ─ mesmo que controversos ─ erguerem os punhos como se vivessem uma situação revolucionária, no mesmo instante em que juram fidelidade à Constituição. Onde está a revolução? Gesticulam como se fossem Lenines que receberam dinheiro sujo, mas o usaram para construir a “nova sociedade”. Nada disso: apenas ajudaram a cimentar um bloco de forças que vive da mercantilização da política e do uso do Estado para se perpetuar no poder. De pouco serve a encenação farsesca, a não ser para confortar quem a faz e enganar seus seguidores mais crédulos.


Basta de tanto engodo. A condenação pelos crimes do mensalão deu-se em plena vigência do Estado de Direito, num momento em que o Executivo é exercido pelo Partido dos Trabalhadores (PT), cujo governo indicou a maioria dos ministros do Supremo. Não houve desrespeito às garantias legais dos réus e ao devido processo legal. Então, por que a encenação? O significado é claro: eleições à vista. É preciso mentir, autoenganar-se e repetir o mantra. Não por acaso, a direção do PT amplifica a encenação e Lula diz que a melhor resposta à condenação dos mensaleiros é reeleger Dilma Rousseff… Tem sido sempre assim, desde a apropriação das políticas de proteção social até a ideia esdrúxula de que a estabilização da economia se deveu ao governo do PT. Esqueceram as palavras iradas que disseram contra o que hoje gabam e as múltiplas ações que moveram no Supremo para derrubar as medidas saneadoras. O que conta é a manutenção do poder.

Em toada semelhante, o mago do ilusionismo fez coro. Aliás, neste caso, quem sabe, um lapso verbal expressou sinceridade. “Estamos juntos”, disse Lula. Assumiu meio de raspão sua fatia de responsabilidade, ao menos em relação a companheiros a quem deve muito. E ao país, o que dizer?

Reitero, escrevo tudo isso com melancolia, não só porque não me apraz ver gente na cadeia, embora reconheça a legalidade e a necessidade da decisão, mas principalmente porque tanto as ações que levaram a tão infeliz desfecho como a cortina de mentiras que alimenta a aura de heroicidade fazem parte de amplo processo de alienação que envolve a sociedade brasileira. São muitos os responsáveis por ela, não só os petistas. Poucos têm tido a compreensão do alcance destruidor dos procedimentos que permitem reproduzir o bloco de poder hegemônico; são menos numerosos ainda os que têm tido a coragem de gritar contra essas práticas. É enorme o arco de alianças políticas no Congresso cujos membros se beneficiam por pertencerem à “base aliada” de apoio ao governo. Calam-se diante do mensalão e das demais transgressões, como se o “hegemonismo petista” que os mantém fosse compatível com a democracia. Que dizer, então, da parte da elite empresarial que se ceva dos empréstimos públicos e emudece diante dos malfeitos do petismo e de seus acólitos? Ou da outrora combativa liderança sindical, hoje acomodada nas benesses do poder?

Nada há de novo no que escrevo. Muitos sabem que o rei está nu e poucos bradam. Daí a descrença sobre a elite política reinante na opinião pública mais esclarecida. Quando alguém dá o nome aos bois, como, no caso, o ministro Joaquim Barbosa, que estruturou o processo e desnudou a corrupção, teme-se que, ao deixar a presidência do STF, a onda moralizante dê marcha à ré. É evidente, pois, a descrença nas instituições. A tal ponto que se crê mais nas pessoas, sem perceber que por esse caminho voltaremos aos salvadores da Pátria. São sinais alarmantes.

Os seguidores do lulopetismo, por serem crédulos, talvez sejam menos responsáveis pela situação a que chegamos do que os cínicos, os medrosos, os oportunistas, as elites interesseiras que fingem não ver o que está à vista de todos. Que dizer, então, das práticas políticas? Não dá mais! Estamos a ver as manobras preparatórias para mais uma campanha eleitoral sob o signo do embuste. A candidata oficial, pela posição que ocupa, tem cada ato multiplicado pelos meios de comunicação. Como o exercício do poder se confundiu, na prática, com a campanha eleitoral, entramos já em período de disputa. Disputa desigual, na qual só um lado fala e as oposições, mesmo que berrem, não encontram eco. E sejamos francos: estamos berrando pouco.

É preciso dizer com coragem, simplicidade e de modo direto, como fizeram alguns ministros do Supremo, que a democracia não se compagina com a corrupção nem com as distorções que levam ao favorecimento dos amigos. Não estamos diante de um quadro eleitoral normal. A hegemonia de um partido que não consegue deslindar-se de crenças salvacionistas e autoritárias, o acovardamento de outros e a impotência das oposições estão permitindo a montagem de um sistema de poder que, se duradouro, acarretará riscos de regressão irreversível. Escudado nos cofres públicos, o governo do PT abusa do crédito fácil que agrada não só aos consumidores, mas, em volume muito maior, aos audaciosos que montam suas estratégias empresariais nas facilidades dadas aos amigos do rei. A infiltração dos órgãos de Estado pela militância ávida e por oportunistas que querem beneficiar-se do Estado distorce as práticas republicanas.

Tudo isso é arquissabido. Falta dar um basta aos desmandos, processo que, numa democracia, só tem um caminho: as urnas. É preciso desfazer na consciência popular, com sinceridade e clareza, o manto de ilusões com que o lulopetismo vendeu seu peixe. Com a palavra as oposições e quem mais tenha consciência dos perigos que corremos.

Por: Fernando Henriue Cardoso O Estadão

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

PERDIDO

O deficit externo brasileiro atingiu quase US$ 68 bilhões de janeiro a outubro deste ano, US$ 28 bilhões acima do registrado no mesmo período do ano passado, caminhando para ultrapassar com folga US$ 80 bilhões (pouco menos que 4% do PIB) neste ano, bem acima da previsão mais recente do BC, que ainda sugere um número na casa dos US$ 75 bilhões.


A maior parte desse aumento reflete a queda abrupta do saldo comercial, que passou de US$ 17,4 bilhões positivos nos dez primeiros meses do ano passado para US$ 1,8 bilhão negativo em 2013.

É, como sempre, difícil apontar uma única causa por trás do fenômeno. Vários fatores contribuíram para o resultado, da queda dos preços de commodities à contabilização tardia das importações de petróleo realizadas no ano passado, passando pela continuidade de incentivos à demanda interna, mesmo em face de indicações cada vez mais claras de que a economia opera muito mais próxima à sua capacidade máxima do que supõe a vã imaginação dos nossos gestores de política econômica.

Os dados, porém, sugerem que a piora dos preços externos desempenhou papel de menor peso na redução do saldo comercial.

Estimo que, caso os preços dos produtos exportados tivessem se mantido inalterados, as exportações aumentariam pouco mais de US$ 3 bilhões entre janeiro e setembro, ao invés de cair US$ 3 bilhões, como de fato ocorreu, uma diferença de US$ 6 bilhões. Por outro lado, sob as mesmas condições, as importações cresceriam US$ 17 bilhões no ano, cerca de US$ 2,5 bilhões a mais do que o efetivamente observado.

Dois problemas, contudo, complicam os cálculos. Um é a contabilização de importações de petróleo realizadas no ano passado, mas registradas apenas em 2013. Caso todo o aumento observado se deves- se a isso, haveria uma superestimação das importações da ordem de US$ 5 bilhões até setembro.A diferença de preços, portanto, explica a queda de US$ 3,5 bilhões do saldo até setembro, um valor nada desprezível, mas bem menor que a redução de US$ 17 bilhões observada na balança comercial do período.

Por outro lado, a Petrobras realizou exportações fictas de plataformas de exploração de petróleo (foram vendidas e alugadas de volta) de cerca de US$ 3 bilhões no mesmo período, de forma que o resultado líquido das operações extraordinárias fica ao redor de US$ 2 bilhões.

Há, portanto, uma redução da ordem de US$ 12 bilhões no saldo comercial que não pode ser atribuída nem à alteração de preços nem a fatores pontuais tais quais os mencionados acima. Resta, assim, analisar o descompasso entre demanda e oferta domésticas.

Como tenho insistido aqui, quando a produção, principalmente de manufaturados, sofre constrangimentos à sua expansão, seja por força do encarecimento da mão de obra, seja pelos gargalos de infraestrutura, a tendência é que as importações cresçam à frente das exportações para atender a demanda interna em expansão. Já nos setores em que as importações não têm papel relevante a desempenhar, são os preços que reagem, o que explica, por exemplo, a elevada inflação de serviços.

Isso resulta, em larga margem, da política deliberada de aumento da demanda doméstica por meio do gasto público, incluindo a expansão do crédito oficial. O descontrole fiscal está, portanto, na raiz dos dois desequilíbrios observados no país: a inflação alta e o elevado (e crescente) deficit externo.

A contabilidade criativa pode mostrar o que o governo quiser, mas não muda a natureza do fenômeno. Da mesma forma, de nada serve o governo comparar seus números (criativos) aos de outros países. Lá o problema é tipicamente insuficiência de demanda interna; aqui sofremos com gargalos de oferta.

Enquanto a natureza distinta do problema não for compreendida, continuaremos à busca de desculpas, mas sem uma ideia clara de como tratar os desequilíbrios visíveis da economia brasileira. Por: Alexandre Schwartsman

Fonte: Folha de S. Paulo, 27/11/2013

O DESEJO DE "REDISTRIBUIR RIQUEZA" É UMA FANTASIA

Alguns temas abordados por Ludwig von Mises ainda em suas primeiras obras, há quase 100 anos, se tornaram ainda mais intelectualmente instigantes hoje do que eram naquela época, quando ainda estavam começando a ser discutidos.

Um desses temas é a questão da redistribuição de riqueza. Mises, adepto do individualismo metodológico, sempre iniciava suas análises olhando para o indivíduo, e não para amplos agregados econômicos. Na questão da redistribuição de renda, Mises diferenciou os indivíduos que têm bens daqueles que não têm. Em específico, ele faz uma distinção entre bens de capital e bens de consumo. 

Bens de capital são os fatores de produção; são os bens que produzem outros bens e que também auxiliam os seres humanos em suas tarefas e, consequentemente, tornam o trabalho humano mais produtivo. Já os bens de consumo, como o próprio nome diz, são todos os itens para consumo final — como alimentos, roupas, cadeiras, televisões —destinados a satisfazer as necessidades humanas.

Bens de consumo beneficiam amplamente apenas uma pessoa de cada vez. Um indivíduo usufrui os benefícios trazidos por uma determinada camiseta apenas enquanto ele a está vestindo. Bens de capital — o maquinário que produz as camisetas — geram benefícios para uma enxurrada de consumidores de uma só vez.

Por que, então, ainda há essa fixação marxista em relação ao, por exemplo, gerenciamento estatal de empresas geradoras de energia elétrica, quando se sabe que seus consumidores têm apenas eletricidade? Mises observou que um consumidor não precisa ser o dono das instalações para ter eletricidade.

Tendo isso em mente, como o sentido convencional de distribuição de riqueza mudaria se excluíssemos os bens de capital dessa questão? Por exemplo, nos EUA, 1% população é dona de 38% da riqueza, dados de 2001. (No Brasil, 1% é dona de 13.3%). Como ficaria essa distribuição de riqueza se os bens de capital forem excluídos? O mais provável atualmente é que 95% da riqueza do 1% mais rico da população esteja atualmente ligada aos direitos de propriedade sobre esses bens de capital. Logo, a distribuição de riqueza entre os consumidores é muito mais acirrada do que os acadêmicos imaginam. Todos têm acesso a água corrente, telefones, comida e televisão. É isso que interessa para um padrão de vida.

Mises nos ajuda a perceber que a ideia de obter igualdade pela redistribuição de riqueza nada mais é do que fantasia. Você não pode redistribuir bens de consumo; como poderiam milhões de mulheres vestir o mesmo casaco de pele, as mesmas jóias e regalias, ou os mesmos sapatos que estão no armário de Imelda Marcos? Como poderiam milhões de homens ficar dentro da banheira de hidromassagem de Hugh Hefner? Um pedaço de pão não pode ser repartido infinitamente por várias bocas.

Da mesma maneira, você não pode fatiar um fogão em pedaços e dividir estas fatias igualitariamente entre as pessoas — e ainda esperar que o fogão funcione. Você tem de respeitar a integridade de todos os bens de capital para que eles funcionem. Uma central elétrica teria de ser triturada em átomos e repartida em pequenos envelopes para se obter uma distribuição igualitária.

Por sua natureza, bens de capital também não podem ser redistribuídos entre as pessoas de uma forma que resulte em igualdade e maior riqueza. A redistribuição de riqueza, se levada a sério, significa necessariamente acompleta e absoluta destruição de riqueza. Socialismo é niilismo, nada mais do que a destruição de valores.

Os comunistas nunca obtiveram êxito em distribuir riqueza igualitariamente. Isso é inerente à natureza da riqueza. Como a riqueza não pode ser subdivida entre as massas (somente a propriedade da riqueza pode), eles confiscam a riqueza alheia para benefício da própria camarilha. Todo o resto fica à míngua, morrendo de fome. É assim que a integridade da riqueza faz impor a realidade quando confiscada. Os socialistas não brigam para ser donos do ar; eles brigam para tomar o controle desta estação de rádio, daquela impressora, deste automóvel, oudaquele pedaço de carne estragada. A redistribuição de riqueza é criminalidade pura e ela exige um grau ainda maior de criminalidade após o confisco, como lobos brigando por uma carcaça ou rufiões eliminando seus cúmplices.

E, ainda assim, centenas de milhões de pessoas continuam achando que a redistribuição de riqueza irá gerar ganhos pessoais. Quando um político difunde por seu rebanho a ideia de "espalhar a riqueza para todos", o que os eleitores imaginam? No mundo perfeito, eles entenderiam que a riqueza deixaria de existir, mesmo que ela fosse confiscada e meticulosamente redistribuída — e caso realmente entendessem assim, o político será devidamente ridicularizado ainda em seus discursos. A diferença entre um político populista ser venerado e ser chutado para fora do palanque em que discursa está no eleitorado ser educado por essa pequena fatia de racionalidade misesiana.

Mises abordou a distinção entre bens de capital e bens de consumo no debate sobre redistribuição; essa percepção é extremamente valiosa no atual mundo em que vivemos. O debate sobre o cálculo econômico no mundo socialista já acabou, mas a noção de que a riqueza pode ser redistribuída e ainda continuar existindo não é amplamente reconhecida como uma contradição. Espalhar coercivamente a riqueza para todos gera apenas a sua destruição.

Redistribuição de riqueza é uma expressão contraditória. Esse fato reduz em cinzas o ímpeto do estado assistencialista. O estado de bem-estar social é um rematado destruidor de riqueza.

O capitalismo resulta em ampla propriedade dos meios de produção porque a propriedade privada é a sua característica distintiva. Somente em uma economia capitalista, em que os direitos de propriedade podem ser subdivididos em ações e livremente comercializados, pode uma ampla propriedade sobre os bens de capital manter inalterado seu caráter de riqueza. Nesse arranjo, as pessoas voluntariamente vendem sua propriedade; os novos proprietários adquirem os direitos de propriedade sobre os bens de capital. Há um genuíno mecanismo capitalista permitindo que isso aconteça. Quase todo mundo pode comprar ações dos meios de produção sob o capitalismo. Ninguém tem de morrer. Nenhum sangue é derramado.

Onde no socialismo pode você, ó nobre camponês, reivindicar sua fatia das escolas públicas, dos Correios ou das prisões? Não existe um mecanismo similar que permita a você ser dono da siderúrgica, da montadora, da mina, dos bancos e dos parques que foram todos estatizados — e não sobra muito da mina ou da siderúrgica após elas terem sido estatizadas.

Acabe com os direitos de propriedade privada e toda a riqueza desaparece. Voltamos à era da pilhagem de todos sobre todos e da privação mutuamente garantida. É isso que os governos e todos os que odeiam o mercado realmente querem. Um slogan honesto para um sistema de saúde pública universal seria "uma nação, a mesma seringa".

Os redistributivistas não acreditam na fantasia de que redistribuir riqueza traz igualdade de resultados. Eles apenas querem que você acredite nisso.

Por: Hans F. Sennholz (1922-2007) foi o primeiro aluno Ph.D de Mises nos Estados Unidos. Ele lecionou economia no Grove City College, de 1956 a 1992, tendo sido contratado assim que chegou. Após ter se aposentado, tornou-se presidente da Foundation for Economic Education, 1992-1997. Foi um scholar adjunto do Mises Institute e, em outubro de 2004, ganhou prêmio Gary G. Schlarbaum por sua defesa vitalícia da liberdade.

Tradução de Leandro Roque