segunda-feira, 27 de outubro de 2014

O CHAMADO A SALVAR O MUNDO

Hoje vou propor duas teses. Mas, antes, diria aos inteligentinhos que, como vamos falar de coisa séria (os jovens, uma gente que prezo muito), eles, os inteligentinhos, devem ir pegar sua merenda balanceada e brincar no parque, e deixar a gente grande conversar.


Muitos leitores me perguntam o que seria um inteligentinho. Explico: quando você diz "não existe almoço de graça", o inteligentinho diz que você disse que "os mais pobres não têm direito à felicidade". Quando você diz que "as mulheres não suportam homens fracos", a inteligentinha diz que você disse que "as mulheres devem ficar em casa lavando louça". Em suma: mentem.

A primeira tese é que temos estragado a cabeça dos mais jovens há cerca de quarenta anos. Inventamos essa coisa de que eles "devem mudar o mundo"(uma invenção da publicidade dos anos 60 pra vender jeans, com a nobre e sincera intenção de gerar empregos), e isso atrapalha bastante a vida deles.

A propósito, não estou sendo irônico quando digo que a publicidade é sincera. Aliás, no mundo dos idiotas do bem, a publicidade é um dos últimos redutos de sinceridade.

"Salvar o mundo" obriga aos mais jovens terem opiniões sobre tudo, principalmente sobre coisas complexas como economia (quando só conhecem a mesada ou a grana do estágio e não são responsáveis por nada de fato), relacionamento homem-mulher (quando acabaram de entrar no "mercado dos sofrimentos afetivos" e mal sabem o que é amar no mundo real), geopolítica (quando muito, se tem dinheiro, fazem intercâmbio na Austrália ou viajam via ONGs superlegais para fazer trabalho social em Madagascar por três meses antes da pós em Nova York).

E, o mais importante: esses jovens cheios de "causas pra mudar o mundo" fogem da obrigação de arrumar o quarto se escondendo atrás de discursos sobre o mundo, construídos por professores de história ou filosofia cuja única glória é pregar para adolescentes entediados com um mundo que é sempre cinza e confuso. Além, claro, do tédio com o casamento sem saída dos seus pais.

Muitas vezes, esse jovens chamados à jihad light, elegem causas de butique como "libertar os animais do jugo dos carnívoros", seguindo o filósofo Peter Singer e seu conceito de "especismo", cunhado no livro "Animal Liberation", feito sob medida pra estudantes de classe média alta nova-iorquinos e paulistanos. Gente muito "democrática" que gostaria de colocar fora da lei o menu dos outros. A busca da pureza ainda vai nos matar a todos.

Mas, chama a atenção a forma muitas vezes violenta, ainda que num primeiro momento marcada apenas pela violência verbal, das manifestações desses jovens chamados às formas de jihad light.

Sabe-se que muitos dos jovens ocidentais que têm aderido a grupos fundamentalistas são recrutados pelas redes sociais e seu chamado a "mudar o mundo". O tédio assola essa moçada que ganha mesada dos pais ou do Estado.

Eis minha segunda tese de hoje: é um erro achar que haja uma distância gigantesca entre os aderentes da jihad light e da hard (sendo esta a que os leva a violência explícita), do ponto de vista dos afetos confusos deste tédio jovem.

No caso específico dos meninos, um detalhe deve nos chamar atenção na adesão crescente ao chamado "para mudar o mundo" dos grupos religiosos fundamentalistas do Oriente Médio.

Muitos meninos, equivocadamente, penso eu, sentem que não há espaço pra eles num mundo civilizado em que a masculinidade é vista como sintoma social a ser suprimido via a transformação de todo e qualquer comportamento masculino em "machismo".

Muitos meninos temem acabar a vida cuidando de bebês e tendo que parecer meninas para poderem existir.

Acho isso um equívoco, mas negar a existência do fato (que os meninos estão se sentindo acuados por um mundo que os quer feminilizar a todo custo) é outro equívoco.

Os jovens aderentes aos grupos fundamentalistas violentos são movidos pelos mesmos sentimentos dos nossos jovens que querem salvar o mundo: a busca da pureza na vida. É hora de pararmos de mandar esses meninos e meninas salvarem o mundo.

Por: Luiz Felipe Pondé Publicado na Folha de SP

sábado, 25 de outubro de 2014

VOCÊ ACREDITA?

Você acredita? Gráfico do Ibovespa Futuro mostra quem será o próximo presidente - InfoMoney 
Veja mais em: http://www.infomoney.com.br/mercados/analise-tecnica/noticia/3653498/voce-acredita-grafico-ibovespa-futuro-mostra-quem-sera-proximo-presidente

IGNORANTES DO BEM

A nova elite vermelha não protagonizou casos de corrupção. Ela criou, sob a propaganda da bondade, um sistema de corrupção

O Sudeste decidirá a eleição presidencial mais disputada da história recente. E o Rio de Janeiro poderá ser o fiel da balança. O fator decisivo para esse resultado será a famosa tradição carioca de ser oposição — que ultimamente tem se transformado em oposição a favor.

Os ânimos estão exaltados, mas é o destino do país que está sendo decidido palmo a palmo. Demarcada a fronteira da estupidez, ninguém precisa se envergonhar de ser aguerrido. E ninguém precisa se envergonhar do voto que escolher. A não ser que esse voto esteja baseado em premissas hipócritas. Aí é o caso de se envergonhar.

Boa parte do eleitorado carioca resolveu fazer poesia numa hora dessas. Na falta de miragem nova, muita gente boa embarcou na toada de que a disputa entre Dilma e Aécio é um confronto esquerda x direita — a esquerda sendo o bem, e a direita o mal, claro. Muitos repetem até que é uma espécie de reedição do embate Lula x Collor. Só três hipóteses podem explicar a defesa dessa tese: distração, ignorância ou desonestidade.

Em 1989, o Brasil tinha sua primeira eleição direta para presidente depois da ditadura. Collor era identificado com as elites que sustentaram o regime militar. O voto contra Collor, portanto, era um voto contra o autoritarismo. O que as crianças do balneário não querem perceber é que esse filme passou há um quarto de século. E o autoritarismo mudou de lugar.

Arrancado do poder por corrupção, Collor hoje apoia Dilma. Mas isso é o de menos (por incrível que pareça). Dilma e todo o PT apoiam, desinibidamente, os condenados pelo escândalo do mensalão. É como se os presidentes das associações de medicina apoiassem Roger Abdelmassih, o devorador de gestantes. Dilma Rousseff, a candidata do bem contra o mal, apoia pelo menos meia dúzia de governos autoritários na América do Sul e no Oriente Médio, oferecendo-lhes até colaboração econômica — com o dinheiro dos progressistas que votam no PT contra o autoritarismo. Quando Mahmoud Ahmadinejad massacrou manifestantes de oposição, Lula socorreu o ditador iraniano declarando que aquilo era normal, como “briga entre flamenguistas e vascaínos”.

Os progressistas com alma de oposição têm todo o direito de votar em Dilma. Só não fica bem fingirem que estão votando contra as elites reacionárias e autoritárias, sentindo-se humanos e sensíveis. O que há de mais reacionário, autoritário, insensível e desumano no país hoje é o assalto ao Estado brasileiro. Não só o do mensalão, mas o da fraude que o governo Dilma instituiu na contabilidade pública: maquiagem dos balanços para esconder déficits e gastar mais — com uma máquina sem precedentes que acomoda os companheiros e simpatizantes.

Quem são hoje, 25 de outubro de 2014, as elites que se organizam para sugar o que é do povo? Não, meu caro progressista do bem, não dá mais para você olhar no espelho e dizer que é a “direita conservadora” — ou qualquer desses apelidos feios para quem não usa a estrelinha vermelha. A elite egoísta e predadora hoje é essa que você ajudou a vitaminar, achando que estava votando num livro de García-Marquez, numa canção de Chico Buarque ou num poema de Neruda. Traficaram o seu romantismo, caro eleitor de esquerda, e o transformaram na maior indústria parasitária que este país já viu.

O doleiro acaba de revelar que Dilma e Lula sabiam do esquema de saque à Petrobras. O que você fará diante disso, caro progressista do bem? Colocará para tocar um disco de Mercedes Sosa? Ou fechará os olhos e ficará repetindo para si mesmo que casos de corrupção existem em todos os governos? Não, meu caro, a nova elite vermelha não protagonizou casos de corrupção. Ela criou, sob a propaganda da bondade, um sistema de corrupção.

O mensalão foi montado dentro do Palácio do Planalto pelo principal ministro de Estado, fazendo uma transfusão de dinheiro público para o partido do presidente. O tesoureiro desse partido, condenado e preso, foi sucedido por outro tesoureiro que está no centro do escândalo do petrolão. Esse outro, João Vaccari Neto, é o homem forte da campanha de Dilma Rousseff. Será que o doleiro ainda precisa lhe dizer, prezado e orgulhoso eleitor de esquerda, que todos os seus heróis sabiam de tudo? Ou mais claramente: que eles arranjaram um jeito esperto de transformar a política em meio de vida?

São 12 anos de erosão nas contas públicas, o que qualquer economista sério atesta. Gastança sem critério (ou com os critérios acima descritos) que travam o crescimento e geram inflação. Traduzindo: empobrecimento. O país resiste com seu fôlego próprio, mas não há programa assistencial que compense: todos perderão.

O PT está tomando providências: some com os indicadores que fazem mal à sua propaganda — como acaba de fazer com os dados do Ipea sobre a miséria. É a mesma tecnologia da contabilidade criativa. Uma usina de versões, que faz a presidente da República atolar em sua própria fala ao vivo. Um vexame, caro eleitor do bem, um show de impostura.

Exija respeito pela sua escolha na urna. Mas procure um jeito honesto de se orgulhar dela.

Por: Guilherme Fiuza é jornalista  Publicado em O Globo



A BOLSA E A VIDA

Conceitualmente, O Bolsa Família não nasceu com Lula, nem com FHC, mas no laboratório político do Banco Mundial. O "objetivo abrangente" de redução da pobreza, proclamado em 1991 por Lewis Preston, presidente do banco, seria alcançado por meio de políticas focadas de transferência de renda. Era uma resposta estratégica ao pensamento de esquerda, concentrado em reformas sociais, e um programa de ação para o ciclo aberto pela queda do Muro de Berlim. FHC a adotou sem o entusiasmo dos conservadores, encarando-a como um emplastro civilizatório que não substituiria iniciativas fortes do Estado nas esferas da educação e da saúde. Lula não só a abraçou como serviu-se dela para ancorar eleitoralmente seu sistema de poder.


Quando Lula fulminou o Bolsa Escola com o epíteto de "bolsa esmola", operava no registro tradicional do pensamento de esquerda. Na hora da chegada ao poder, sob a inspiração de José Graziano da Silva, perseverou naquele registro e lançou o Fome Zero, que não era um programa de transferência de renda. Graziano analisara de modo realista os rumos da formação do complexo capitalista do agronegócio, em duas obras significativas, publicadas na década de 1980, mas sonhava com o florescimento de uma agricultura familiar autônoma. No esquema do Fome Zero, sob o amparo estatal, pequenos produtores locais forneceriam os alimentos para a mesa dos pobres. O Bolsa Família surgiu dos escombros do Fome Zero.

O experimento utópico do Fome Zero nem decolou. No início, seus escassos críticos sofreram o bombardeio ideológico de acadêmicos de esquerda encantados com o lulismo. Contudo, depois de 388 dias de inércia, Lula demitiu Graziano do Ministério Extraordinário e promoveu o giro pragmático que conduziria à unificação dos programas de transferência de renda de FHC (a "bolsa esmola") no Bolsa Família. Naquele momento, cessaram as resistências de esquerda à estratégia conservadora de combate à pobreza e, no lugar delas, emergiu o coro dos contentes, a proclamar a aurora de uma nova era.

Lula descobriu uma virtude político-eleitoral da expansão das transferências diretas de renda: o impulso ao consumo popular (de material de construção, eletrodomésticos e celulares) propiciava-lhe a chance de congelar a agenda de reformas na educação e na saúde públicas. O Bolsa Família tornou-se o núcleo de um conjunto de políticas focadas que abrangem, notadamente, o crédito consignado e as bolsas do ProUni. Nas eleições, o espectro da supressão dos benefícios monetários passaria a figurar como linha de ataque permanente do PT contra qualquer adversário. Simplificado ao extremo, o tema tão decisivo do combate à pobreza convertia-se em monopólio de um partido.

Os tucanos sentiram o golpe, girando em círculos à procura de uma resposta. Desorientados, chegaram a ensaiar, nos piores momentos, a reprodução da primitiva réplica original de Lula. O prumo começou a ser reencontrado por Aécio Neves, que anunciou o compromisso de entalhar o programa na pedra da lei, fazendo-o "política de Estado, não de governo". Transferir o Bolsa Família do campo minado da disputa partidária para o das políticas públicas nacionais será um passo adiante, do ponto de vista da disputa eleitoral democrática. Mas, do ponto de vista conceitual, ainda estaríamos atrás do patamar atingido no governo FHC.

"Vemos as filhas do Bolsa Família transformarem-se nas mães do Bolsa Família", alertou Eduardo Campos meses antes de sua morte trágica, para indagar: "Queremos vê-las transformando-se em avós do Bolsa Família?". O círculo da pobreza e da dependência não pode atravessar gerações, sob pena de darmos razão ao Lula ancestral que clamava contra o "bolsa esmola". Já é tempo de avançar além da receita do Banco Mundial, rumo à qualificação dos direitos sociais universais. A bolsa não é a vida. 

Por: Demétrio Magnoli Publicado na Folha de SP

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

POLÍTICA, CORRUPÇÃO E PIZZA

Dito de forma direta, o que quero dizer hoje é: ninguém está nem aí para corrupção em política. Nenhum estrato social. Nem rico, nem pobre, nem culto, nem artista, nem inteligentinho. Pega bem dizer que se está, mas é pura afetação de salão. Coisa de burguês. A prova é que com ou sem Petrobras, no final, será servida uma grande pizza.

Escândalos se acumulam (e não me refiro apenas aos bolivarianos atualmente no poder), mas ninguém está nem aí. Justificativas sustentam toda e qualquer defesa de políticos ou partidos corruptos ou suspeitos de corrupção. A democracia tem uma dimensão circense e as eleições são seu clímax.

Sim, são afirmações céticas. O senso comum pensa que ser cético é duvidar da existência de Deus. Isso é ceticismo de criança. Qualquer um duvida da existência de Deus. Quem se leva muito a sério por isso é que é meio bobo.

E a razão pra ninguém estar nem aí para corrupção é que nossa relação com a política não é racional, como dizem que é. Somos mais facilmente racionais quando compramos pão francês do que quando pensamos em política. "Consciência política" é tão fetiche quanto "carma".

Não existe essa tal de consciência política, mas sim simpatias, empatias, interesses, taras, fanatismo que travestimos de "consciência política".

A única racionalidade possível na política é a de Maquiavel, que continua sendo o filósofo da política mais sério até hoje: a razão da política é a conquista e manutenção do poder a qualquer custo.

Desde o século 18 e a falsa afirmação de que a política redimirá o mundo (pecado do suíço Rousseau), abriu-se um novo "mercado" das mentiras políticas: aquele que diz que a política pode ser "ética".

A democracia tem uma vocação para a retórica, já dizia Platão. Mas, reconheçamos, não há regime melhor. Nela, o circo das "escolhas éticas" se acumulam ao sabor do marketing e das justificativas do que preferimos.

Não votamos racionalmente. Votamos porque (na melhor das hipóteses) algum candidato ou partido concorda, mais ou menos, com a "pequena" teoria de mundo que temos.

Alguns de nós tem mais tempo e condição de trabalhar suas "pequenas" teorias. Outros vão a seco e votam em quem eles acham que vai aumentar o poder de compra deles (dane-se a corrupção) ou quem mais se encaixa na visão de "um mundo melhor" (maior fetiche da política dos últimos 250 anos) deles (dane-se a corrupção).

Se acreditamos que a economia seja uma ciência do comportamento humano que deve levar em conta coisas como "quem tem o que todo mundo quer ganha mais" tendemos a crer que devemos levar em conta as "leis de mercado". Quem crê que devemos "buscar formas mais humanas de produção e igualdade" não crê nas "leis de mercado", mas sim que elas foram inventadas pelos que gostam de explorar os mais fracos.

Mas, como a democracia é um regime baseado numa economia do ressentimento, quem crê em "leis de mercado" é malvado e quem afirma que elas podem ser negadas se quisermos fazer o mundo melhor é visto como gente legal.

Se acho um candidato "fodão", arrumo razões pra votar nele. Se acho que o Brasil precisa de um modo de vida "x", arrumo alguém que pareça concordar comigo. Se acho o candidato alguém comprometido com a "justiça social", ele pode até roubar. Se busco santos, direi: o Brasil precisa de um choque de sinceridade na política.

A crença de que exista racionalidade na política é tão necessária para a maioria das pessoas hoje quanto Deus é necessário para uma porrada de gente. Os não-religiosos creem que olham o mundo de modo mais racional porque não acreditam num ser invisível entre tantos outros. Mas, acreditar que exista uma coisa chamada "consciência política" é também um ato de fé.

Suecos votam para garantir seu tempo livre. Americanos para defender seu quintal. Argentinos por masoquismo. Franceses para garantir a aposentadoria. Ingleses já não sabem se são pós-cristãos ou neomuçulmanos.

E brasileiros votam porque querem mais Estado nas suas vidas. Mais Bolsa Família e mais bolsa empresário. Em mil anos rirão de nossa fé na democracia.' 

Por: Luiz Felipe Pondé Publicado na Folha de SP

BOLSA FAMÍLIA - O ENGODO DO SÉCULO


Quem paga o bolsa família são os próprios nordestinos.










Quem paga o bolsa família é o próprio beneficiado. O engodo do século.

Não é o Sudeste que paga o bolsa família do Nordeste, como a direita vive espalhando.

Não são os “esforçados” que pagam o sustento dos “preguiçosos” como muitos do PSDB estão afirmando.

Quem paga o bolsa família são os próprios nordestinos.

E não são os nordestinos ricos, são os nordestinos pobres.

Aliás são os próprios beneficiários do bolsa família. Trata-se do golpe de marketing do século, que a imprensa tucana sequer divulga.

Basta ler a lei que criou o bolsa família.

LEI No 10.836, que cria o Programa Bolsa Família e dá outras providências.

§ 3o Serão concedidos a famílias com renda familiar mensal per capita de até R$ 120,00, o benefício variável no valor de R$ 18,00.

Só que quem recebe R$ 120,00 paga 40% de impostos, a carga tributária, ou seja R$ 48,00, em IPI, ICMS, INSS, etc…

E o governo devolve R$ 18,00 destes R$ 48,00 e se gaba de tê-los tirado da pobreza.

Mentira.

O governo os levou R$ 30,00 mais próximos da pobreza.

Brilhante! 

Por: Stephen Kanitz

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

FORA PT!

A socialização dos meios de produção se transformou no maior saque do Estado brasileiro em proveito do partido e de seus asseclas

Estamos vivendo o processo eleitoral mais importante da história da República. Nesta eleição está em jogo um mandato de 12 anos. Caso o PT vença, estarão dadas as condições para a materialização do projeto criminoso de poder –expressão cunhada pelo ministro Celso de Mello no julgamento do mensalão.

Em contrapartida, poderemos pela primeira vez ter uma ruptura democrática –pelo voto– com a vitória da oposição. Isso não é pouco, especialmente em um país com a tradição autoritária que tem.

O PT não gosta da democracia. Nunca gostou. E os 12 anos no poder reforçaram seu autoritarismo. Hoje, o partido não sobrevive longe das benesses do Estado. Tem de sustentar milhares de militantes profissionais.

O socialismo marxista foi substituído pelo oportunismo, pela despolitização, pelo rebaixamento da política às práticas tradicionais do coronelismo. A socialização dos meios de produção se transformou no maior saque do Estado brasileiro em proveito do partido e de seus asseclas de maior ou menor graus.

Lula representa o que há de mais atrasado na política brasileira. Tem uma personalidade que oscila entre Mussum e Stálin. Ataca as elites –sem defini-las– e apoia José Sarney, Jader Barbalho e Renan Calheiros. Fala em poder popular e transfere bilhões de reais dos bancos públicos para empresários aventureiros. Fez de tudo para que esta eleição fosse a mais suja da história.

E conseguiu. Por meio do seu departamento de propaganda –especializado em destruir reputações–, triturou Marina Silva com a mais vil campanha de calúnias e mentiras de uma eleição presidencial.

Dilma nada representa. É mera criatura sem vida própria. O que está em jogo é derrotar seu criador, Lula. Ele transformou o Estado em sua imagem e semelhança. Desmoralizou o Itamaraty ao apoiar terroristas e ditadores. Os bancos e as estatais foram transformadas em seções do partido. Nenhuma política pública foi adotada sem que fosse tirado proveito partidário. A estrutura estatal foi ampliada para tê-la sob controle, estando no poder ou não.

A derrota petista é a derrota de Lula. Será muito positiva para o PT, pois o partido poderá renovar sua direção e suas práticas longe daquele que sempre sufocou as discussões políticas, personalizou as divergências e expulsou lideranças emergentes. Mas, principalmente, quem vai ganhar será o Brasil porque o lulismo é um inimigo das liberdades e sonha com a ditadura.

Daí a importância de votar em Aécio Neves. Hoje sua candidatura é muito maior do que aquela que deu início ao processo eleitoral.

Aécio representa aqueles que querem dar um basta às mazelas do PT. Representa o desejo de que a máquina governamental esteja a serviço do interesse público. Representa a disposição do país para voltar a crescer –de forma sustentável– e, então, enfrentar os graves problemas sociais. Representa a ética e a moralidade públicas que foram pisoteadas pelo petismo durante longos 12 anos.

Cabe aos democratas construir as condições para a vitória de Aécio. Não é tarefa fácil. Afinal, os marginais do poder –outra expressão utilizada no julgamento do mensalão– tudo farão para se manter no governo. Mas o país clama: fora PT!
Por: MARCO ANTONIO VILLA, 59, historiador, é professor aposentado da Universidade Federal de São Carlos e autor de “Década Perdida – Dez Anos de PT no Poder” (Record), entre outros

UMA TREMENDA MOLECAGEM!


Uma das chaves do sucesso de Lula é a coragem de dizer o que lhe apetece – às favas a verdade.

Lula (Imagem: Felipe Rau / Estadão Conteúdo / AE)

Qual Lula é o verdadeiro?

O bem educado que aparece no programa de propaganda eleitoral de Dilma na televisão, defende os 12 anos de governos do PT e, ao cabo, sorridente, pede votos para reeleger sua sucessora?

Ou o moleque de rua que pontifica em comícios país a fora, sugerindo, sem ter coragem de afirmar diretamente, que Aécio é capaz, sim, de dirigir embriagado, agredir mulheres e se drogar?

O segundo é o mais próximo do verdadeiro Lula. Digo por que o conheço desde quando era líder sindical. Lula é uma metamorfose ambulante. Não foi ninguém quem o disse, foi ele quem se rotulou assim.

A esquerda tudo perdoaria a Lula desde que chegasse ao poder. Chegou, cavalgando-o. Uma vez lá, se corrompeu. Quanto a ele... Não sabia de nada. Nunca soube.

Justiça seja feita a Lula: por desconhecimento de causa e preguiça, ele jamais compartilhou as ideias da esquerda. Assim como ela se aproveitou dele, Lula se aproveitou dela. Um casamento não por amor, mas por interesse.

Na primeira reunião ministerial do seu governo em 2003, Lula se irritou com um ministro e desabafou: “Toda vez que me guiei pela esquerda me dei mal”.

Retifico: ele não disse que se deu mal. Usou um palavrão. Nada demais para o sujeito desbocado que nunca pesou o que diz. Grossura nada tem a ver com infância pobre.

Lula é um sucesso do jeito que é. Mudar, por quê? Todos admiram sua astúcia. Muitos se curvam à sua sabedoria. E outros tantos temem ser apontados como desafetos do retirante nordestino que se deu bem.

Uma das chaves do sucesso de Lula é a coragem de dizer o que lhe apetece – às favas a verdade.

No último sábado, em comício em Belo Horizonte, Lula disse que nunca foi grosseiro com adversários.

Textualmente: “Não tive coragem de ser grosseiro contra Collor, Serra, Alckmin, Fernando Henrique. Pega uma palavra minha chamando candidato de mentiroso e leviano”. É fácil.

Lula chamou Sarney de ladrão. E Itamar Franco de filho da puta.

Resposta de Itamar em maio de 2003: “Gostaria de saber o que aconteceria se a situação fosse inversa, ou seja, se esse indivíduo arrogante e elitista fosse o presidente da República e alguém lhe chamasse disso. (...) Minha mãe se chamava Itália Franco. Mas fosse um filho da p., certamente teria por ela o mesmo amor filial”.

Você pensa que Lula ficou constrangido com a resposta de Itamar? Foi ao velório dele. Assim como foi ao velório de Ruth Cardoso, mulher de Fernando Henrique. Chorando, lançou-se aos braços do ex-presidente.

Pouco antes da morte de Ruth, a Casa Civil da então ministra Dilma montara um dossiê sobre despesas com cartão de crédito do casal FH. Depois, a ministra se desculpou.

Lula não é homem de se desculpar. Nem mesmo quando trata um assessor a pontapés. Como governador de Minas Gerais, no auge do escândalo do mensalão, Aécio lutou para que o PSDB não pedisse o impeachment de Lula. Conseguiu.

Mais tarde, Lula tentou convencê-lo a aderir ao PMDB para disputar a presidência com o seu apoio. Aécio não quis.

De volta ao comício de Belo Horizonte.

Antes de Lula falar, foi lida a carta de uma psicóloga acusando Aécio de espancar mulheres e de ser megalomaníaco. Ele ainda foi chamado de "coisa ruim", "cafajeste" e "playboy mimado".

Por fim, a plateia foi ao delírio ao ouvir Lula dizer sobre o comportamento de Aécio em debates: “A tática dele é a seguinte: vou partir para a agressão. Meu negócio com mulher é partir para cima agredindo”.
Por: Ricardo Noblat   Publicado no site: http://noblat.oglobo.globo.com/

terça-feira, 21 de outubro de 2014

SOBRE O FUTURO DA EUROPA

Dentro de uma geração ou duas, os Estados Unidos haverá de perguntar: quem perdeu, Europa? Eis aqui o discurso pronunciado por Geert Wilders, do Partido para a Liberdade, da Holanda, pronunciado no Hotel Four Seasons de New York, ao apresentar uma Aliança de Patriotas e anunciar a Conferência para enfrentar a Jihad em Jerusalém.


Estimados amigos. Agradeço-lhes muito haver-me convidado. Vim aos Estados Unidos com uma missão. Nem tudo anda bem no Velho Mundo. Existe um tremendo perigo espreitando. E é muito difícil ser otimista. É muito possível que já estejamos transitando pelas últimas etapas da Islamização da Europa.

Isto já não é somente um perigo claro e atual para o futuro da Europa em si, senão uma ameaça à América e à mera sobrevivência de todo o mundo ocidental. Os Estados Unidos são o último bastião da civilização ocidental, enfrentando uma Europa islâmica.

Em primeiro lugar lhes descreverei a situação em terras da Europa mesma. E depois, lhes direi algumas coisas sobre o Islam. E para encerrar, lhes contarei uma reunião realizada em Jerusalém.

A Europa que vocês conhecem está mudando. Provavelmente, vocês há tenham visto os marcos. Porém, em todas estas cidades, às vezes, a apenas umas poucas quadras do destino que levam vocês como turistas, existe outro mundo. É o mundo da sociedade paralela que a migração massiva muçulmana criou.

Através de toda Europa está surgindo uma nova realidade: bairros inteiros de muçulmanos onde pouquíssimas pessoas nativas residem ou sequer são vistas. E no caso de sê-lo ou morar lá, muito possivelmente se arrependam. Isto se aplica também à polícia.

É o mundo das cabeças envolvidas em lenços, onde as mulheres caminham escondidas em toldos que deformam suas figuras, empurrando carrinhos de bebês e levando outras crianças pela mão. Seus esposos, ou se vocês preferem “seus amos”, caminham na frente a alguns passos de distância. Há mesquitas em praticamente cada esquina. Os negócios mostram cartazes escritos em letras que NÃO posso ler.

Em nenhum lugar poderão ver que se esteja desenvolvendo alguma atividade econômica. Estes são os guetos muçulmanos controlados por fanáticos religiosos.

Estes são bairros muçulmanos, e estão surgindo em todas as cidades da Europa como se fossem fungos. Estes são os blocos de edifícios construídos de tal forma que possam ser territorialmente controlados em grandes porções da Europa, rua por rua, bairro por bairro, cidade por cidade.

Através de toda a Europa há agora milhares de mesquitas. Contam com congregações muito maiores do que as que outras igrejas têm. E em cada cidade européia já existem planos para a construção de “super-mesquitas” que não farão senão converter em pigmeus todas as outras igrejas da região. Não resta dúvida, a mensagem é: NÓS REINAMOS.

Em algumas das escolas primárias de Amsterdã já nem se mencionam as granjas, porque se assim fizessem, significaria mencionar o porco, e isso seria insulto para os muçulmanos. Muitas das escolas estatais na Bélgica e Dinamarca servem somente alimentos “halal” a seus alunos.

Na Amsterdã que alguma vez foi tolerante, agora se castiga os gays corporalmente da parte dos muçulmanos exclusivamente. As mulheres que não são muçulmanas devem ouvir que as chamem de “putas, putas!”. As antenas de satélites não apontam para as estações de TV, senão para as estações do país de origem.

Na França às/as professoras(os) da escola se lhes recomenda não introduzir autores que possam ser considerados ofensivos para os muçulmanos, inclusive Voltaire e Diderot, e o mesmo está sucedendo cada vez com mais força a respeito de Darwin. A história do holocausto já não se pode ensinar porque os muçulmanos se ofendem.

Na Inglaterra, os tribunais “sharia” passaram a ser parte oficial do sistema legal britânico. Muitos bairros da França são agora áreas por onde nenhuma mulher pode caminhar sem cobrir a cabeça. Na semana passada um homem quase morre após ter recebido um feroz golpe por parte de muçulmanos em Bruxelas. Asseguro-lhes que poderia continuar relatando histórias como estas durante horas e horas. Histórias sobre a islamização. 

Um total de 54 milhões de muçulmanos vivem agora na Europa. A Universidade de San Diego recentemente calculou que não menos de 25% da população européia será muçulmana em apenas os próximos 12 anos a contar de agora. E Bernard Lewis prognostica que haverá uma maioria muçulmana para quando finalize este século.

Porém, estas são nada mais que cifras e as cifras não seriam uma ameaça se os migrantes muçulmanos mostrassem que estariam dispostos a se integrar adequadamente com a sociedade que os acolhe. Mas mal dão mostras de desejar tal coisa.

O Centro de Investigações Religiosas informou que a metade dos muçulmanos franceses considera que sua lealdade para com o Islam é muito mais importante do que sua lealdade para com a França. Um terço dos franceses muçulmanos NÃO rechaçam os ataques suicidas.

O Centro Britânico pela Coesão Social informou que um terço dos estudantes britânicos muçulmanos são a favor da instauração do califado em nível mundial. Os muçulmanos exigem o que eles chamam de “respeito”. E é assim que nós lhes damos nosso respeito: temos feriados nacionais muçulmanos aprovados, que já se vêm observando em nosso próprio país.

O Promotor Geral do nosso país, que é uma democracia cristã, está disposto a aceitar a sharia nos Países Baixos, se constata-se que há uma maioria muçulmana. Já temos membros do gabinete nacional que possuem passaportes do Marrocos e da Turquia.

As exigências muçulmanas estão sendo apoiadas por comportamentos ilegais, que vão desde delitos menores de violência indiscriminada, como por exemplo a que se aplica contra motoristas de ambulâncias e ônibus, até greves e protestos menores.

Em Paris registraram-se fatos deste tipo nos subúrbios de menores recursos, chamados de “banlieus”. Eu me refiro pessoalmente a estes atores denominando-os “colonizadores”, porque é isso o que são. Não vêm para se integrar à nossa sociedade. Vêm para que nossa sociedade se integre ao seu Dar-al-Islam. Portanto, só podem ser qualificados como “colonizadores”. 

Muita dessa violência de rua que lhes relato é dirigida quase que exclusivamente contra os não-muçulmanos e o objetivo é forçar a que muita gente abandone seus bairros, suas cidades, seus países. Além disso, os muçulmanos estão dispostos a tudo para que ninguém os ignore.

A segunda coisa que vocês devem conhecer é a importância que tem o profeta Mohamed. Seu comportamento é um claro exemplo para todos os muçulmanos e de modo algum poderá ser criticado. Agora bem, se Mohamed tivesse sido um homem de paz, digamos como Ghandi ou a Madre Teresa - ambos aliados - não existiria nenhum problema.

Porém, resulta que Mohamed foi um chefe guerreiro, assassino de massas, pedófilo, que teve muitas esposas, tudo ao mesmo tempo. A tradição islâmica nos relata como lutava nas batalhas, de que maneira assassinava seus inimigos ou executava seus prisioneiros de guerra.

Foi Mohamed em pessoa quem executou a tribo judaica de Banu Qurayza. Seu pensamento é que: se é bom para o Islam, está tudo bem. E se é mau para o Islam, está tudo mal.

Não se deixem enganar com isso de que o Islam é uma RELIGIÃO. Certamente que têm um deus e também um depois-de, e 72 virgens. Mas em sua essência o Islamismo é uma ideologia política. É um sistema que fixa regras detalhadas para a sociedade e a vida de cada indivíduo. O Islamismo pretende ditar leis que dizem respeito a todos os aspectos de nossas vidas. Islamismo significa SUBMISSÃO TOTAL.

O Islamismo não é compatível com a liberdade e a democracia porque sua meta é somente a “sharia”. Se vocês querem comparar o Islamismo com qualquer coisa, comparem-no com o comunismo ou o nacional-socialismo, que são todas ideologias totalitárias.

Agora vocês já sabem por que Winston Churchill, quando falava do Islam, se referia a eles como “a força mais retrógrada em todo o mundo”, e por que comparava o famoso livro “Mein Kampf” com o Corão. O público em geral aceitou de bom grado a narrativa palestina.

Este pequeno país, situado sobre uma defeituosa linha divisória da jihad, frustra o avanço territorial do Islam. Israel está enfrentando as linhas de avanço da jihad, como Kashmir, Kosovo, as Filipinas, o sul da Tailândia, Darfur no Sudão, Líbano e Aceh na Indonésia. Do mesmo modo como o que sucedeu com Berlim Oriental durante a Guerra Fria.
Por: Geert Wilders
Tradução: Graça Salgueiro






domingo, 19 de outubro de 2014

'TÔ RECLAMANDO DO QUÊ?

Sou sócio e diretor de uma empresa de transportes e serviços logísticos, em atividade há 20 anos, que emprega mais de 500 funcionários (todos de acordo com a CLT, sem artifícios). Em 2013, a empresa faturou mais de R$ 120 milhões. No mesmo período, “contribuiu” (bonita palavra) com exatos R$ 14.979.773,03 em impostos e tributos diretos. A quantia seria triplicada se considerasse toda a cadeia de impostos indiretos, taxas e contribuições. Detalhe: sou pequeno demais para ser amigo do rei (ou do BNDES) e grande demais para receber as (justas) benesses reservadas aos súditos.

Para tocar esse negócio, trabalho com 15 lideranças na matriz, entre diretores e gerentes, mais 11 gestores que comandam nossas filiais Brasil afora (e bota “fora” nisso…). Esse time todo consome mais da metade do seu tempo resolvendo problemas que não deveriam existir. Por exemplo: a burocracia absurda e o apetite voraz dos governos, todos eles – federal, estaduais e municipais, sejam quais forem os partidos ou a ideologia dos governantes — unidos num objetivo comum: ARRECADAR.

Neste momento eu paro e penso: para onde vai a nossa (somadas a minha e a sua) contribuição, visto que a segurança não existe, a saúde já era e a educação vai mal (pra todos, inclusive para a elite que é míope e egoísta). Sem falar na infraestrutura, que no segmento onde opero, dependente de estradas e portos, é de dar vergonha. Para fechar esse primeiro balanço arrecadação X benefícios, lembro “dela”, a corrupção, operada justamente pelos mesmos agentes que arrecadam muito e devolvem pouco.

Quando estou quase desistindo (não só como empresário, mas como brasileiro), lembro que uma parcela dessa contribuição vai para programas sociais que estão tentando erradicar a miséria, combatendo a fome e ampliando o acesso a moradias minimamente dignas a uma imensa parcela da população. Esses avanços se refletem na melhoria do IDH e na redução da taxa de pobreza. São fatos esses inegáveis. Levando em conta tudo isso, e considerando que “dirijo uma empresa com 20 anos, R$ 120 milhões de receitas e blá, blá, blá…”, alguém pode pensar: tá reclamando do quê?

Tô reclamando porque nunca esteve tão caro manter um negócio com um nível de produtividade atualmente horrível. Lembra da educação? Pois é, o brasileiro é tão ignorante quanto improdutivo. Lembra da infraestrutura? As estradas não têm mais buracos por falta de espaço. Lembra da segurança? Nossos motoristas também não…

Tô reclamando porque nunca esteve tão caro pagar pela burocracia ridícula que domina nossas instituições públicas,. Recebi mais de R$ 2 milhões em multas no Rio de Janeiro porque não constavam nas notas fiscais dos clientes as placas dos nossos caminhões (se você souber como fazer isso, me ensine). Também recolho taxas absurdas,. No Rio Grande do Sul, por exemplo, um conjunto de licenças ambientais, além de demorar meses para sair, custa mais de R$ 220 mil (se alguém souber pra que servem essas licenças, me diga).

Tô reclamando porque isso tudo ainda acontece numa economia que não empata em crescimento sequer com as “potências” vizinhas, como Paraguai e Bolívia.

Tô reclamando porque essa conta não fecha. Quanto mais se arrecada, menos a economia cresce. Arrecada-se com voracidade de um leão e se devolvem os ossos para serem roídos pelo assistencialismo, que só faz garantir a perpetuação desse sistema perverso, através de um voto quase literalmente “comprado”.

Por fim, tô reclamando porque neste sistema, que transforma a pobreza em profissão, o remédio vai acabar por matar o paciente. Ou aprendemos que podemos criar um modelo em que a troca capital/trabalho se dá de forma construtiva, em que o que se dá (bolsas, casas etc.) implica receber algo me troca (voto não vale), ou todo mundo vai pro buraco. Empresários e miseráveis, todos juntos.

Não invista seu tempo respondendo a mim. Faça como eu e tente deixar de lado a ideologia. Reflita profundamente sobre se não a hora do próprio PT voltar para a oposição e se reinventar, colocando pra fora aqueles que dele se aproximaram com o único objetivo de roubar um pouco mais esse organismo moribundo que virou nossa economia. E também os que brigam pelo poder a qualquer custo e a qualquer preço, com reflexos letais para o conjunto da nossa sociedade.

Bom domingo pra nós todos! Por: Osvaldo D. Castro Jr.

COMUNISMO SÓ FUNCIONA NA MISÉRIA

Karl Marx falhou: como cientista e até como profeta. Esse fracasso já foi referido em coluna (Será que Deus existe?). Mas faltou acrescentar um pormenor: Marx nem sequer previu que a sua "luta de classes" seria substituída por uma perpétua "imitação de classe".


O proletariado não desejava destruir o sistema capitalista. Pelo contrário: desejava antes participar nele, imitando a burguesia –nos seus hábitos e gostos– e desfrutando dos mesmos confortos materiais que só o capitalismo permite.

Se dúvidas houvesse, bastaria olhar para os confrontos em Hong Kong, com os manifestantes a exigir respeito pelas eleições de 2017 na ilha. Pequim ficou em estado de alerta.

Entendo: em 1989, o PC chinês contemplou a desagregação do comunismo na Europa com horror. Consta até que o líder de então, Deng Xiaoping, terá ficado assustado com os fuzilamentos sumários do encantador casal Ceausescu, na Roménia.

O colapso da União Soviética, pouco depois, deixou o aviso: não bastava reprimir uma população miserável, como aconteceu na Praça de Tiananmen. Era preciso responder aos anseios da população, o que significava abrir as portas a um "capitalismo de Estado" controlado.

Fatalmente, o PC chinês ignorou a maior fraqueza da teoria marxista: o capitalismo, e mesmo o "capitalismo de Estado", não se limita a matar a fome e a permitir carros ou roupas de grife.

Cedo ou tarde, a emergência de uma classe média significa também que as massas desejam mais: coisas intangíveis como liberdade, participação política e até o direito de governar.

Em Hong Kong, essas reivindicações podem ser explicadas (e reforçadas) pela tradição de liberdade que já existia antes da devolução britânica em 1997.

Mas, como informa a revista "The Economist", essas reivindicações são já sentidas em todo o país –de tal forma que uma das prioridades do regime nesses dias foi ocultar da população continental a "Revolução dos Guarda-Chuvas" de Hong Kong.

Durante décadas, vários especialistas sobre a China formularam a questão clássica: será possível ter uma sociedade capitalista sem o tipo de liberdades de uma sociedade democrática?

As imagens de Hong Kong são a primeira e promissora resposta. E são também uma confirmação histórica: para o comunismo funcionar, é importante que uma sociedade seja mantida rigorosamente na miséria. 
Por: João pereira Coutinho Publicado na Folha de SP

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

POLÍTICA E PSICOLOGIA AMERICANA

Somos incapazes de admitir que estamos sob ataque. 


A percepção da verdade sobre o ambiente real, especialmente um entendimento da personalidade humana e seus valores, deixa de ser uma virtude durante os chamados tempos “felizes”; os céticos ponderados são considerados intrometidos [...]. Isso, por sua vez, leva a um empobrecimento do conhecimento psicológico, da capacidade de diferenciar as propriedades da natureza e da personalidade humana, e da habilidade para moldar criativamente as mentes. O culto ao poder, então, suplanta aqueles valores mentais tão essenciais à manutenção da lei e da ordem por meios pacíficos. O enriquecimento ou a involução de uma nação em relação à sua visão de mundo psicológica pode ser considerado um indicador de quão bom ou ruim será o seu futuro.
Andrew M. Lobaczewski, em 'Ponerologia: Psicopatas no poder'.

A política americana trata-se das mentiras que contamos a nós mesmos enquanto nação. Geralmente, nossos políticos não nos oferecem um menu de soluções, mas sim um menu de auto-enganos. Eles nos dizem o quão inovadores somos, o quão poderosos somos e quão poderosa nossa união é. Que estamos morrendo enquanto sociedade é algo que eles não nos dizem; porquanto, a instituição familiar está morrendo, e tanto a paternidade quanto a maternidade estão sob ataque; e o mais frio dos monstros — o Estado — está assumindo o controle de tudo e de todos. Chamaram isso de esperança e mudança [hope and change]. Mas em todo lugar, como diz o poema, a “cerimônia da inocência está afogada” [ceremony of innocence is drowned].

Em outros ensaios eu sugeri que o conservadorismo havia se tornado ofício para agentes funerários políticos cujo trabalho é fazer que o defunto pareça mais bonito do que era quando estava vivo. Enquanto isso, o liberalismo [NT.: a esquerda americana] participa de uma aventura neurótica — um nada em busca do nada, uma fraqueza incapaz de condenação ou de um resistente anseio por ordem e autoridade, visto que não possui qualquer um desses. É essa fraqueza que melhor caracteriza nosso estado interior; em termos políticos é como se fosse um vazio da alma que se dá por meio de uma compaixão fabricada para uma humanidade sofredora. É uma fraude do começo ao fim. E aqueles que acreditam nela são tanto perpetradores quanto vítimas.

Em recente entrevista que fiz com Lew Moore, o ex-gerente de campanha de Ron Paul, podemos entrever um sistema político em crise através dos olhos de um profissional esperançoso, embora preocupado. Embora devamos evitar exageros, nossa trajetória política definitivamente possui uma semelhança com as nações e estados fracassados do passado. “Há uma escassez de crianças”, escreveu o historiador grego Políbio no século II a.C. “As bibliotecas estão como caixões, permanentemente fechadas”, escreveu Amiano Marcelino no século IV d.C. A família se degenera, o verdadeiro ensino entra em declínio e dá lugar ao falso.

Vemos que hoje a família está com problemas e que a taxa de natalidade está em queda. Quanto a nossa cultura intelectual, considere o estado das nossas universidades. Não achamos uma instituição buscando a verdade na mesma intensidade em que estão propagando o politicamente correto. O que se vê aí é um limitado culto de pessoas que, odiando a si mesmas, acabam se tornando agitadores, marxistas, ambientalistas e inimigos secretos da sociedade e criadores de políticas que visam promover seus amigos (e, por conseguinte, suas visões distorcidas). Evidentemente há pessoas normais trabalhando nas universidades, mas elas não fazem mais parte da paisagem. Na maior parte dos campi há uma tendência para influências subversivas. Thomas Sowell os descreveu como pessoas que “não necessitam consultar a história ou qualquer outro processo de validação além do consenso dos seus pares intelectuais, que por sua vez seguem a mesma disposição ao discutir questões intelectuais”.

É de fato uma loucura quando as pessoas gastam boa parte do seu dinheiro para que suas crianças sejam doutrinadas pelos inimigos do próprio sistema capitalista que antes de tudo possibilitou esse tipo de ensinamento. Andrew Lobaczewski argumenta em seu livro ‘Ponerologia: Psicopatas no poder’ que estamos no meio de um ciclo de histeria cujo cumprimento compreende uma crescente imoralidade e cegueira psicológica que necessariamente culminam na seleção de maus líderes políticos e no ensinamento de ideias ruins nas universidades. Sob um próspero regime, “fatores subconscientes” acabam por vir à tona enquanto decaímos através de pensamentos prazerosos. A eliminação inconsciente dos dados inconvenientes acaba por se tornar rotina. Esse é o resultado de um estado histérico que se enraíza quando a paz e a prosperidade tornam os homens suaves. Como explica Lobaczewski, “os processos de geração do mal são intensificados em todas as escalas sociais, [...] até que tudo se converta em épocas “ruins” (de fato é o que estamos vendo).

Assim, a vitória e a prosperidade engendrada por Cipião, levou Roma até as depredações de Júlio César. A paz e a prosperidade do império de Augusto levaram aos crimes de Calígula e Nero. Os prósperos reinos de Antonino Pio e Marco Aurélio levaram à degenerescência de Cômodo e à sombria tirania de Alexandre Severo. Vemos aí períodos de um estoicismo iluminado alternando com períodos de hedonismo tirânico. Tal ideia não deveria ser estranha a nós. Estamos vivendo nela.

Durante o último século, a grande praga do comunismo infectou o mundo: fez-se contagiante pela prosperidade das classes governantes e pela impensada arrogância das pessoas que veem apenas oportunidade e se abstêm de ver o perigo. A ideia otimista de que as pessoas são “boas” foi refutada por várias vezes. O absurdo impudente que se passa como discurso político ainda não foi corrigido porque nossa prosperidade sobreviveu. O experimento socialista da ordem do dia, entretanto, deve resultar em uma terrível calamidade. A União das Repúblicas Socialistas Soviéticas foi o erro mais longo da história e custou dezenas de milhões de vidas. A China comunista não é diferente. Não obstante, a esquerda americana ainda sonha em “poder para o povo” e em sanar as desigualdades econômicas; segue-se então que um terrível derramamento de sangue eventualmente ocorrerá (seja por meio de uma traição do país arquitetada por forças socialistas externas ou internas — ou mesmo uma combinação dos dois).

Nos países em que já se tentou o socialismo pleno, foi possível experimentar um tipo de lavagem cerebral parecido com o que se exerce nas faculdades hoje. Pessoas de pensamento reto foram exterminadas em vários lugares que estiveram sob o jugo comunista. Aqui na América, conforme aproximamos cada vez mais de um Estado de tipo comunista, acabamos por nos encontrar em uma posição intermediária. Algumas carreiras têm chegado ao fim, não porque essas pessoas sejam comunistas, mas sim porque elas são anticomunistas. Uma guerra virtual pelo controle das nossas instituições está sendo travada, e o lado patriota está perdendo pouco a pouco. Mas nossa vida está boa, as prateleiras estão cheias e assim ninguém se preocupou em tomar uma ação efetiva. Enquanto nossa prosperidade continuar, faremos pouco caso da sorrateira fronteira vermelha. Faremos vistas grossas para a destruição da paternidade e da maternidade. Faremos vistas grossas para o fim da família e para a corrupção das igrejas. Faremos vistas grossas para a socialização do sistema de saúde. Faremos vistas grossas para os comunistas na universidade. Faremos vistas grossas para os comunistas no Congresso, na Casa Branca e no Judiciário. Se estamos vivendo bem, por que causar rebuliço?

É o hedonismo que nos tornou estúpidos e perversos. E enquanto não sofrermos o cataclismo total, ninguém irá querer saber de verdadeiras soluções. A Europa sofreu foi destruída e teve perdas maciças durante a última guerra mundial, com centenas de cidades em ruínas e milhões de civis mortos. O nazismo (ou nacional-socialismo) foi o culpado. Isso foi muito bom, mas a culpa não se estendeu longe o bastante, então agora teremos de sofrer outra Guerra Mundial por causa do socialismo internacional. O regime comunista chinês já está se preparando para a guerra, e o presidente daquele país disse para seus generais ficarem de prontidão. Do artigo citado:

Xi Jinping ordena que o Exército da Libertação Nacional (ELN) esteja pronto para a batalha. A mídia estatal usa duras palavras como ‘inabalável’, ‘inflexível’ e ‘intransigente’. Um acadêmico da área de defesa alerta que a nação se prepara para a Terceira Guerra Mundial. Um major-general da ativa do ELN faz pouco do Japão e diz que pode ‘ensinar uma lição’ a eles com um terço das suas forças.

Ao mesmo tempo, a Rússia pretende posicionar armasnucleares táticas na recém anexada Crimeia. Assim, a Rússia não apenas toma o território de um vizinho, mas sela a conquista com o inquebrável selo nuclear. Diz-se que essa movimentação de armas nucleares é uma violação do acordo de 1997 entra a Rússia e a OTAN. Ainda assim, o governo americano continuará a falar de desarmamento nuclear. E os Estados Unidos continuarão a enfraquecer suas forças. Com efeito, esse ainda é o plano.

“A sabedoria predominante, que quase nunca é sábia, diz que o exército não terá problemas com corte de pessoal, pois já se passou por isso antes”, escreve o General aposentado do Exército em um artigo publicado pelo DefenseOne. “Isso está errado. Na qualidade de quem serviu como Chefe de Gabinete do Exército durante a era de cortes pós-Guerra Fria, eu posso dizer, inequivocamente, que desta vez será pior”. A seguir, o Gen. Gordon observou: “estamos testemunhando uma confluência de eventos que criaram riscos de defesa e segurança que devem ser reconhecidos e abordados”.

Mas eles não serão, pois o inimigo está intra-muros.

Os danos causados por nossos inimigos no 11 de setembro foram suficientes para os propósitos de correção intelectual e moral. Por alguns dias ou semanas, nossa psique coletiva começou a entrever o perigo ao qual corríamos, mas depois voltamos a ser relapsos e hedonistas, e o shopping center ganhou um novo significado na nossa vida. Como observou Lobaczewski, “a América [...] tem alcançado o ponto mais baixo pela primeira vez em sua curta história. [...] O sentimentalismo dominante nas esferas individual, coletiva e política, assim como a seleção subconsciente e a substituição das informações no raciocínio, estão [...] direcionando para um egoísmo individual e da nação como um todo.”

Esse egoísmo também pode ser chamado de “narcisismo”. Como argumentou Jean Twenge em Generation Me, os Estados Unidos tornaram-se mais narcisistas após 1964. Vários fatores contribuíram para isso, mas é seguro dizer que a prosperidade americana é uma causa central. O narcisista produzido a partir dessa prosperidade foi descrito em uma das histórias de Agatha Christie como envolto em uma armadura quase impenetrável. Era tão impenetrável que várias flechas simplesmente ricocheteavam. E um homem envolto de tal armadura pode não saber que ele está sob ataque, ela explicou. Ele pode estar lento demais para ver, para ouvir e para perceber um inimigo perigoso. Boa parte da nossa condição pode ser descrita assim. A cultura narcisista americana acredita ser invulnerável. Somos incapazes de admitir que estamos sob ataque. Sobre esse estado de coisas, o narcisista mestre Sam Vaknin explicou: “A ironia é que os narcisistas, que se consideram conhecedores do mundo, perspicazes, entendidos, hábeis, eruditos e astutos, são na verdade mais ingênuos que a maioria das pessoas medianas. Isso acontece porque o narcisista é um impostor; ele mesmo é uma falsidade, sua vida é uma confabulação e seu senso de realidade faltante. Narcisistas vivem num mundo próprio de fantasia em que eles são o centro do universo, são admirados, temidos, reverenciados e respeitados por sua onipotência e onisciência”.

Ah, como caem os gigantes!

O regime americano de shopping center não está em apuros porque os ricos exploram os pobres. Ele está em apuros porque o hedonismo corrente produz uma rede ainda mais vasta de falsificações que causam efeitos sociais patológicos. Que a comunidade de inteligência americana em geral fracassou, é coisa que ainda não se entendeu; que o sistema bancário em geral fracassou, é coisa que ainda não se entendeu; que o sistema político está em vias de um fracasso generalizado, é coisa que ainda não se entendeu. Na minha entrevista com Lew Moore, ex gerente de campanha de Ron Paul, tivemos um vislumbre desse fracasso (se soubermos como olhar). No atual sistema político, as questões e os problemas mais importantes devem ser evitados e a verdade não deve — e não pode — ser dita.
Por: Jefrrey NyquistPOR  Tradução: Leonildo Trombela Junior 



quinta-feira, 16 de outubro de 2014

POR QUE DILMA MENTE?

Numa época de mentiras universais, dizer a verdade é um ato revolucionário. Se George Orwell estivesse por ai, seria prontamente acusado de terrorismo eleitoral.

Enquanto insistirem em falar mentiras sobre os “neoliberais”, cumprirei o compromisso de falar verdades sobre o governo.

Há dois elementos constrangedores envolvendo o governo Dilma: a incompetência e a desonestidade intelectual - essa última conhecida popularmente como hábito da mentira.

Inventam o que querem para evitarem a mudança de endereço. Abaixo listo as dez mentiras que mais me incomodam, cujas implicações ao seu patrimônio podem ser substanciais.

Restrinjo-me a questões de economia e finanças. Não imagino que a mitomania limite-se a essa área, mas prefiro manter-me no escopo, por uma questão de pertinência desta newsletter.

Ao não reconhecer os erros, mantém-se a rota errada da política econômica. Bateremos de frente com uma crise financeira em 2015.

1. “A crise vem de fora.”

Esse é o discurso oficial para justificar a recessão técnica em curso no Brasil. O que os dados podem nos dizer sobre isso? Comecemos do mais simples: o crescimento econômico do Governo Dilma será, na média, dois pontos percentuais menor àquele apresentado pela América Latina. Nos governos Lula e FHC, avançamos na mesma velocidade dos vizinhos.

Indo além, há de se lembrar que a economia mundial cresceu 3,9% em 2011, 3% ao ano entre 2012 e 2013, e deve emplacar mais 3,6% em 2014. Nada mal.

Comparando com o pessoal mais aqui ao lado especificamente, Chile, Colômbia e Peru, exatamente aqueles que adotaram políticas econômicas ortodoxas e perseguiram uma agenda de reformas na América Latina, cresceram 4,1%, 4,0% e 5,6% ao ano, entre 2008 e 2013.

Enquanto isso, a evolução média do PIB brasileiro na administração Dilma deve ser de 1,7% ao ano.

A retórica oficial, desprovida de qualquer embasamento empírico, continua ser de que a crise vem de fora. Aquela marolinha identificada pelo presidente Lula, lá em 2008, seis anos atrás, ainda deixando suas mazelas.

2. “A política neoliberal vai aumentar o desemprego.”

Não há como desafiar o óbvio de que o produto agregado (PIB) depende dos fatores de produção, capital e trabalho. Ora, com o PIB desabando por conta da política econômica heterodoxa, cedo ou tarde bateremos no emprego.

Podemos não conseguir precisar qual a exata função de produção, ou seja, de como o PIB se relaciona com o nível de emprego, mas não há como contestar a existência de relação entre as variáveis.

O crescimento econômico da era Dilma é o menor desde Floriano Peixoto, governo terminado em 1894, subsequente à crise do encilhamento. Há uma transmissão óbvia desse comportamento para o emprego.

Os dados do Caged de maio apontaram a menor geração de postos de trabalho desde 1992. Em sequência, junho foi o pior desde 1998. E julho, o pior desde 1999. O dado de setembro, recém divulgado, foi o pior desde 2001. 

Quem vai gerar desemprego é a nova matriz econômica - não o fez ainda simplesmente porque essa é a última variável a reagir (e a única que ainda não foi destruída).

3. “A oposição quer acabar com o reajuste do salário mínimo.”

Essa é uma mentira escabrosa por vários motivos. O primeiro é trivial: o candidato da oposição (embora pareça haver dois, há apenas um) já se comprometeu, em dezenas de oportunidades, em manter a política de reajuste de salário mínimo.

Ademais, quando Dilma se coloca como a protetora do salário mínimo, está simplesmente contrariando as estatísticas. O aumento real do salário mínimo foi de 4,7% ao ano entre 1994 e 2002, de 5,5% ao ano entre 2003 e 2010, e de 3,5% ao ano entre 2011 e 2013.

Ou seja, o reajuste do mínimo na era Dilma é inferior àquele implementado por Lula e também ao observado no período FHC. Ainda assim, Dilma se coloca como o bastião em favor do salário mínimo.

4. “A política neoliberal proposta pela oposição vai promover arrocho salarial.”

Esse ponto, obviamente, guarda relação com o anterior. Destaquei-o mesmo assim porque denota a doença de ilusão monetária ou uma tentativa descarada de enganar a população.

Arrocho salarial já vem sendo promovido pela atual política econômica, por meio da disparada da inflação. O salário nominal, o quanto o sujeito recebe em reais no final do mês, não interessa per se. O relevante é como e quanto esse numerário pode ser transformado em poder de compra - isso, evidentemente, tem sido maltratado pela leniência no combate à inflação.

Precisamos dar profundidade mínima ao debate. Se você consegue aumentos sistemáticos de salário acima da produtividade do trabalhador, a contrapartida óbvia no longo prazo é a inflação, que acaba reduzindo o próprio salário real.

O que os “neoliberais” querem é perseguir aumentos de produtividade maiores e duradouros. Isso permitiria dar incrementos de salário substanciais, sem impactar a inflação.

Caso contrário, aumentos do salário nominal serão corroídos pela inflação.


5. “O Brasil quebrou três vezes.”

O Brasil quebrou uma única vez, em fevereiro de 1987, no governo Sarney, quando foi decretada a suspensão do pagamento dos juros da dívida externa.

Quebrar é uma definição explícita e até mesmo técnica, ligada à moratória, o que é bem diferente de recorrer ao FMI, grosso modo um acesso a um dinheiro barato, sem mito ou fábula.

Durante o governo FHC, houve três empréstimos do FMI: i) durante a transição do câmbio fixo para flutuante entre 1998 e 1999; ii) durante a crise de 2001, ano especialmente difícil por conta da quebra (verdadeira) da Argentina; e iii) em 2002, por conta da chegada ao poder de Lula, que impusera aos mercados grande incerteza e, por conseguinte, enorme fuga de capitais.

Bom, mas como verdades não são o forte da campanha, logo ouviremos de novo sobre as três vezes que o Brasil (não) quebrou.


6. “A política monetária foi exitosa.”

A frase foi proferida por Alexandre Tombini, presidente do Banco Central, em seminário nos EUA sobre política monetária. A inflação brasileira já estourou o teto da meta, de 6,50% em 12 meses, ignorando o princípio básico de um sistema de metas, em que o centro do intervalo deve ser perseguido. A banda de tolerância de dois pontos existe apenas para abarcar choques exógenos.

O IPCA de setembro aponta variação de 6,75% em 12 meses, estourando o limite superior do intervalo.

Transformamos o teto no nosso objetivo e represamos cerca de dois pontos de inflação através do controle de preços de combustíveis, energia e câmbio.

Esse é o tipo de êxito que esperamos da política econômica?


7. “Precisamos de um pouco mais de inflação para não perder empregos.”

Para ser justo, a frase, ao menos que seja de meu conhecimento, não foi dita ipsis verbis por nenhum membro do Governo. Entretanto, a julgar pelas decisões e diretrizes de política monetária, parece permanecer o racional da administração petista.

O velho trade-off entre inflação e crescimento, em pleno século XXI?

Bom, antes de entrar no debate acadêmico, pondero que poderia até ser verdade se houvesse, de fato, crescimento. Conforme supracitado, não é o caso.

Ignorando esse fato e fingindo que vivemos crescimento econômico pujante, a questão sobre o trade-off entre inflação e crescimento parece apoiar-se numa discussão tacanha sobre a Curva de Phillips.

O debate até faria sentido se estivéssemos nos idos de 1970. Dai em diante, Friedman, Phelps e outros destruíram o argumento de mais inflação, mais emprego.

A partir da síntese de 1976, naquilo que ficou batizado de crítica de Lucas, com trabalhos posteriores sobretudo de Kydland e Prescott, a fronteira do conhecimento passou a incorporar a ideia de que o trade-off entre inflação e desemprego existe apenas a curtíssimo prazo.

Ao trabalhar com uma inflação sistematicamente mais alta, rapidamente voltamos a um novo equilíbrio, com nível de preços maior e o mesmo nível de emprego original.

E, sim, o espaço aqui está aberto para o pessoal da Unicamp rebater o argumento de Lucas (professor Belluzzo incluindo, sem nenhum tipo de enfrentamento aqui; convite educada e genuinamente a um derbi das ideias). Criticam-nos por ouvir apenas a oposição e ignoram que eles declinam nosso convites - só pode haver vozes governistas e/ou heterodoxas em nossos eventos se elas aceitarem participar, certo? Lembre-se: fizemos o convite ao competente Nelson Barbosa, que, infelizmente, não pode comparecer por incompatibilidade de agenda.


8. “As contas públicas estão absolutamente organizadas. O superávit primário, embora menor do que em 2008, é um dos maiores do mundo. Dizer que há uma desorganização fiscal é um absurdo.”

A preciosidade foi dita pelo ministro Guido Mantega em entrevista ao jornal Valor. O superávit primário do setor público não é somente menor àquele de 2008. No primeiro semestre, foi o menor da história, em R$ 29,4 bilhões. 

Agosto marcou o quarto mês consecutivo de déficit primário, de modo que o acumulado está em R$ 10,2 bilhões. 

O superávit acumulado no ano até agosto é de 0,3% do PIB, enquanto a promessa do governo (para segurar o rating) é entregar 1,9% do PIB.

Essa é a herança que a “absoluta organização das contas públicas está nos deixando.”

9. “Nunca foi feito tanto pelo pobre neste país.”

Intuitivamente, você já poderia desconfiar da afirmação quando pensa na inflação, que é um fenômeno essencialmente ruim para as classes mais baixas. Os abastados têm um estoque de riqueza aplicada em ativos que remuneram acima da inflação. Logo, estão em grande parte protegidos. A inflação é um instrumento clássico de concentração de riqueza.

Mas há de ser além da simples intuição, evidentemente. Estudos mais recentes indicam que, depois de 10 anos consecutivos em queda, a desigualdade de renda no Brasil parou de cair de forma estatisticamente significativa em 2012. Documento IPEA n 159 é categórico em dizer que a concentração de renda no Brasil cai sistematicamente até 2012; a partir daí, há dúvidas.

O índice de Gini apresenta queda marginal entre 2011 e 2012, enquanto as curvas de Lorenz dos dois anos estão sobrepostas, indicando, grosso modo, estagnação na melhora.

Ainda mais problemático, estudo encomendado pelo IPEA a partir de dados do Imposto de Renda mostra concentração de renda entre 2006 e 2012 - em 2012, os 5% mais ricos do País detinham 44% da renda; em 2006, o percentual era de 40%.

A política econômica heterodoxa não cresce o bolo e também não o distribui de forma mais equitativa.

10. “A oposição faz terrorismo eleitoral.”

Se você compactua com um dos nove pontos anteriores, você é um terrorista eleitoral, egoísta e interessado apenas em si mesmo. Provavelmente, é financiado por um dos candidatos de oposição.

Enquanto isso, a situação acusa a candidata oposicionista de homofóbica e de semelhanças com Fernando Collor. Sim, ele mesmo, parte da base de apoio da....situação.

Seríamos nós, analistas e economistas, os terroristas?

Essa é a herança que fica para 2015. Você tem dois caminhos a adotar: o primeiro é esperar as consequências materiais dessa gestão desastrosa sobre seu patrimônio, e o segundo é começar a se mexer, de modo a proteger ou até mesmo aumentar suas economias.

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Mas não é só isso. Assinando agora, você tem acesso a:

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3 - Dicas de investimento para além do alcance do governo brasileiro e formas lucrativas de se aplicar no exterior, com um guia completo de como fazê-lo do ponto de vista operacional;

4 - Sugestões precisas para se proteger da inflação;

5 - Relatório profundo sobre Petrobras e sobre o que fazer com suas ações - no meu entendimento, trata-se do material mais rico já produzido sobre a empresa, feito pelo meu sócio Roberto Altenhofen, nosso analista de petróleo & gás;

6 - Análise abrangente sobre o desarranjo do setor elétrico brasileiro, com formas de se ganhar dinheiro a partir da crise do segmento;

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8 - Apresentação do ativo mais valioso do mundo em tempos de crise, algo que pode salvar você e sua família, sem importar o quão ruim a situação possa ficar.


Então, quanto custaria todo esse conteúdo? Por quanto você pode começar?

Pois bem…a assinatura de um ano da série custa apenas R$ 238,80, podendo ser dividida em 12 parcelas mensais de R$ 19,90. Pagando à vista, sai por R$ 191,04.

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Por que tão barato?

Em termos práticos, desenhamos um preço que permita que você simplesmente experimente nosso produto, para ver se ele realmente se adequa à sua pretensão.

Além disso, quero que o conteúdo seja acessível a milhares de pessoas, de modo a potencializar seu poder econômico. Estou convicto de que, em conjunto, os leitores que acompanharem a série e aplicarem suas ideias protegerão milhares de reais em patrimônio, e ganharão outros milhões. Muito mais do que eu faria sozinho.

É por isso que, através dessa carta, nós estamos oferecendo a assinatura tão barata.

Fique à vontade para ponderar essa oferta, e você verá que não há risco algum. Isso porque, durante os primeiros 30 dias, caso você leia meu material e, por alguma razão, entenda que ele não atende a seu perfil, você será reembolsado em 90% de seu custo. Cobramos 10% de taxa apenas para cobrir nossos custos operacionais.

Em outras palavras, ao concordar com os termos aqui apresentados, você estará apenas aceitando experimentar meu trabalho para ver se gosta.

Eu espero que você considere minha oferta seriamente. Do fundo do coração, tenho convicção de que esta será uma das melhores decisões financeiras que você tomará em toda sua vida.

Para começar, simplesmente clique no link abaixo, que vai levá-lo a uma página para confirmar sua assinatura. Sua ordem será processada imediatamente, e você terá acesso a todo esse meu trabalho na mesma hora.

Por: Felipe Miranda   e-mail felipe.miranda@empiricus.com.br 

Empiricus Research

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quarta-feira, 15 de outubro de 2014

JEAN TIROLE, O PRÊMIO NOBEL, E A CRESCENTE MATEMATIZAÇÃO DA ECONOMIA

Tirole-Nobel.jpgEis uma notícia realmente "chocante": o Prêmio Nobel de Economia de 2014 não foi concedido — como chegou a ser cogitado fervorosamente por alguns austríacos — a Israel Kirzner. Em vez disso, o prêmio foi dado a Jean Tirole, um engenheiro, matemático e economista francês. E também, como não poderia deixar de ser, um keynesiano.


Antes, um adendo: o grande empreendedor sueco Alfred Nobel nunca patrocinou nenhum prêmio para a ciência econômica, e o comitê criado em sua homenagem (com o patrimônio que ele deixou) nunca concedeu nenhum prêmio desse tipo até hoje. No entanto, existe um "Prêmio para as Ciências Econômicas em Memória de Alfred Nobel". Mas ele é patrocinado pelo Banco Central da Suécia. Desde 1969, este prêmio também vem sendo concedido anualmente no início de outubro.

Jean Tirole ganhou o prêmio por seu trabalho sobre "A Ciência de Domar Empresas Poderosas". Por maior que seja seu brilhantismo, Tirole é apenas mais um economista neoclássico convencional cuja noção de concorrência, eficiência e bem-estar econômico está distante galáxias da de Kirzner.

Plus ça change, plus c'est la même chose.

Tirole ganhou o prêmio por ter criado novos métodos — utilizando a teoria dos jogos — que visam a aperfeiçoar a regulação de indústrias dominadas por poucas empresas grandes, as quais detêm "poder de mercado". Tirole, de uma maneira nada criteriosa, simplesmente aceita a antiga e arraigada visão neoclássica de que empresas "oligopolistas" cometem uma imperdoável transgressão contra a eficiência econômica ao serem capazes de "influenciar os preços, a quantidade e a qualidade" dos produtos nos mercados em que elas operam. E elas conseguem fazer isso porque conseguem planejar a produção tomando por base as expectativas das decisões de suas poucas concorrentes.

Em outras palavras, Tirole simplesmente descobriu — e acreditou se tratar de uma falha de mercado — que, no mundo real, as empresas não operam de acordo com as fictícias hipóteses da teoria da concorrência perfeita, segundo a qual cada empresa é infinitesimamente pequena e incapaz de alterar, nem que seja de forma minúscula, o preço ou a qualidade de seu produto em relação aos seus milhares e ínfimos concorrentes — concorrentes esses que, ainda segundo a teoria, a empresa em questão não leva em conta quando toma suas próprias decisões de produção.

Ampliando esse efeito da "falha de mercado" do oligopólio está o intolerável fato de que as empresas dominantes sabem mais sobre o produto que estão vendendo do que a agência reguladora responsável por regular aquele mercado. Essa é apenas mais uma versão do problema da "informação assimétrica", segundo o qual cada empreendedor está — Deus nos proteja! — mais intimamente familiarizado com as características do produto que ele produz e vende do que os consumidores desse produto.

Em todo caso, ao utilizar a teoria dos jogos e a teoria dos contratos, Tirole foi capaz de inventar "um engenhoso arranjo de contratos de produção" entre o regulador e as empresas dominantes para solucionar o problema da informação assimétrica ao mesmo tempo em que concede às empresas um incentivo para produzir e cortar custos. Simultaneamente, o modelo inventado por Tirole impede que essas empresas tenham "lucros excessivos — que são ruins para a sociedade".

Ou seja, Tirole ganhou o Prêmio Nobel por ter inventado complexas soluções técnicas para um pseudo-problema que os austríacos há muito tempo já sabiam e já ensinaram a respeito: sempre haverá empresas dominantes em um determinado segmento de mercado justamente porque uma economia de mercado é dinâmica (e não estática, como prega a teoria da concorrência perfeita) e guiada pela concorrência entre empreendedores ávidos para auferir lucros, os quais eles obtêm ao saberem antecipar e servir as demandas dos consumidores, as quais estão em contínua mudança.

Ainda em 1962, Murray Rothbard já havia demonstrado que a teoria dos jogos era inaplicável para a questão do oligopólio, isso em uma época em que a teoria dos jogos ainda era uma misteriosa disciplina em gestação, conhecida apenas por um punhado de economistas matemáticos. Como argumentou Rothbard:

A consideração relevante não é a pequena quantidade de empresas ou a hostilidade ou amizade entre elas. Os economistas que discutem oligopólio em termos que são mais aplicáveis a jogos de pôquer ou a táticas de guerrilha militar estão totalmente equivocados. O objetivo fundamental de um empreendimento é servir o consumidor para obter ganhos monetários; e não fazer algum tipo de "jogo" com seus concorrentes. 

Os eventuais aumentos ou reduções de preços que porventura venham a ocorrer em indústrias "oligopolistas" não representam uma forma misteriosa de guerrilha, mas sim um nítido processo de se tentar encontrar um equilíbrio de mercado. Esse mesmo processo, com efeito, ocorre em qualquer outro mercado, inclusive nos mercados "não-oligopolistas" de produção de trigo ou de morango. 

Nesses mercados, o processo aparenta ser mais "impessoal" simplesmente porque as ações de cada empresa não são tão importantes ou tão claramente visíveis quanto são nas indústrias mais "oligopolistas". [...] 

E, em situações de oligopólio, as rivalidades e os sentimentos de cada indústria em relação às suas concorrentes podem até ser analisadas de um ponto de vista mais dramático e teatral; porém, em termos puramente de análise econômica, são irrelevantes.

Quanto a "informações assimétricas", Ludwig von Mises e F.A. Hayek já demonstraram há muito tempo que, longe de serem uma "falha de mercado", esse fenômeno é justamente uma condição fundamental para a própria existência de mercado. 

Afinal, quem sabe mais sobre construção de imóveis: incorporadoras ou compradores de imóveis? Quem sabe mais sobre o serviço de fornecimento de carne para supermercado: pecuaristas ou consumidores de carne? Quem sabe mais sobre fabricação de automóveis: engenheiros automotivos empregados em montadoras ou compradores de carros? Quem sabe mais sobre produção e venda de vestuário: fabricantes e distribuidoras de roupas ou compradores de roupas?

Esse ponto foi enfática e eloquentemente expressado por William Anderson neste artigo:

Uma "assimetria de informação" ocorre quando a informação necessária para que compradores e vendedores cheguem ao "equilíbrio" não está igualmente distribuída entre todos os participantes de mercado. Um bom exemplo é o mercado de carros usados.

De acordo com um ditado popular sobre o mercado de carros usados, quando alguém compra um carro usado, ele "está comprando os problemas de outra pessoa". Os compradores de carros usados possuem muito menos informação do que os vendedores. O que parece ser um bom carro no estacionamento da revendedora pode perfeitamente acabar se revelando uma tremenda barca furada tão logo o novo proprietário o estiver dirigindo no centro da cidade. [...]

Por causa dessa incerteza, compradores serão mais relutantes a pagar bem por um determinado carro usado, sendo que, caso eles de fato soubessem com certeza que o carro que estão comprando não é um limão, estariam dispostos a pagar mais. Em consequência dessa relutância em se pagar mais, os vendedores retirarão seus melhores carros do mercado, dado que consideram que os preços oferecidos são inadequados. Isso, por sua vez, induz os compradores a oferecer preços ainda menores, já que, com os melhores carros fora do mercado, as chances de se adquirir um limão aumentam substancialmente. Essa espiral descendente ameaça destruir esse mercado por completo.

A solução apresentado pelos economistas seguidores dessa teoria é que o governo imponha novas regulamentações ao mercado. A regulamentação, argumentam eles, obriga todos os lados a fornecerem todas as suas informações. [...]

Em primeiro lugar, o livre mercado possui meios para fornecer informações para aqueles que delas precisam. Por exemplo, empresas frequentemente oferecem todos os tipos de suporte aos seus produtos para mostrar que elas creem que seus produtos são dignos de serem adquiridos. Elas oferecem garantias e concedem reembolso para proteger os consumidores contra eventuais defeitos e para garantir que eles fiquem satisfeitos. Se os compradores de carros querem ter mais informações sobre carros usados, por que eles não conseguiriam obtê-la? Há várias maneiras de isso ser feito.

Tenho um conhecido que é especialista em assuntos automotivos. Frequentemente ele é chamado por seus amigos, e por amigos de seus amigos, para acompanhá-los até uma revendedora para analisar os carros lá vendidos. Ele leva consigo algumas ferramentas para testar a qualidade do carro e constatar a veracidade das informações fornecidas pelo vendedor. Dentre outras coisas, ele leva um ímã o qual ele desliza ao longo do carro para descobrir se a lataria já foi danificada e se o vendedor utilizou alguma substância à base de fibra de vidro para cobrir os amassados. Especialistas como esse meu amigo podem ser livremente contratados para ir às revendedoras e "equalizar" um pouco a assimetria de informações.

Ademais, vale notar que o mercado de carros usados nunca entrou em colapso em nenhum lugar do mundo (ao menos, não nas economias razoavelmente desenvolvidas). Em vários locais, inclusive, ele é ainda mais dinâmico do que o mercado de carros novos. Outra pergunta que vale ser feita é: por que se pressupõe que os vendedores dos melhores carros, ao estabelecerem seus preços, não irão levar em conta a falta da informação dos compradores?

É quase impossível encontrar uma transação na qual os indivíduos possuam exatamente as mesmas informações. Assimetrias de informações estão presentes em todos os lugares, e nenhum critério aceitável já foi proposto para separar as assimetrias "aceitáveis" das "inaceitáveis". 

No mais, empreendedores já criaram na internet vários websites em que consumidores fornecem suas opiniões sobre vários produtos e serviços, atribuindo notas aos vendedores destes produtos e serviços. Há também vários websites em que vendedores e potenciais compradores se "encontram" e fazem ofertas, expandindo desta forma a concorrência e abrindo novos mercados para todos que quiserem participar.

Em outras palavras, as pessoas sabem criar maneiras de lidar com a questão da imperfeição das informações, as quais são, por si sós, uma mercadoria escassa e valiosa. Negar tal fato é se negar a examinar as transações que ocorrem no mundo real.

O ponto é que todas as informações sobre todos os produtos e serviços existentes são inevitavelmente assimétricas. E tem de ser assim em economias capitalistas bem-sucedidas por causa da divisão do conhecimento e do trabalho que há na sociedade. Se todos nós possuíssemos informações simétricas sobre tudo, nenhum empreendimento existiria. Não é possível e nem desejável que todos os indivíduos possuam informação simétrica.

De resto, o Nobel concedido a Tirole apenas comprova que a teoria dos jogos se tornou uma linguagem dominante não apenas para questões de organização industrial, mas também para a "economia do setor público", para as finanças corporativas, e para várias outras áreas da economia. Era inevitável que o prêmio fosse para Tirole e não para Israel Kirzner, cuja visão de concorrência como um processo dinâmico de rivalidade ao longo do tempo é oposta à de Tirole.

Por: Joseph Salerno, vice-presidente acadêmico do Mises Institute, professor de economia da Pace University, e editor do periódico Quarterly Journal of Austrian Economics.
Tradução de Leandro Roque