domingo, 23 de abril de 2017

A PREVIDÊNCIA FOI DEFICITÁRIA DESDE O COMEÇO


A Previdência Foi Deficitária Desde o Primeiro Dia

Fico abismado com a ignorância desses professores que saem a campo dizendo que não há deficit na Previdência.

E dos jornalistas que os entrevistam.

A Previdência começou deficitária desde o primeiro ano de vida.

A lei Eloy Chaves de 1923 concedeu de imediato aposentadorias a todos que tivessem 50 anos de idade, justamente os velhos que nada haviam contribuído.

“Art. 12. Aposentadoria ao empregado ou operário que tenha prestado, pelo menos, 30 anos de serviço e tenha 50 anos de idade.”

Daí o deficit inicial da Previdência, por incluir quem não havia contribuído um único centavo.

Deficit que somente foi se agravando ano após ano.

No ano seguinte, milhares de velhos que haviam contribuído somente um ano também se aposentaram com salários integrais.

E assim por diante, até chegarmos ao deficit atual de R$ 560 bilhões por ano.

Deficit previsível desde 1923.

Deficit escondido por todos os nossos Ministros da Fazenda.

Deficit que somarão um total R$ 15 trilhões nos próximos 30 anos, por baixo.

E tem imbecil que ainda acha que os aposentados atuais não têm um problema.

O de provavelmente morrerem de fome porque essa dívida é impagável, e portanto não será paga.

Em vez de nossas contribuições serem investidas por 30 anos, para que tivéssemos recursos financeiros para arcar com essa previsível obrigação no futuro, nossos Ministros da Fazenda as usaram para “cobrir o deficit”.

Em vez de investir em empresas e debêntures de longo prazo.

Por isso nossos juros são estratosféricos.

Suas contribuições foram literalmente roubadas por todos os nossos Ministros da Fazenda do Brasil, como forma de financiar o deficit que eles até hoje dizem que não existe.

Pena que nunca estudaram, nem nossos intelectuais, a Administração Responsável Das Nações. Por: Stephen Kanitz Do site: blog.kanitz.com.br 

sábado, 22 de abril de 2017

VAMOS RESOLVER "DA MANEIRA INGLESA"

Participei ontem de uma pequena reunião em Londres no Legatum Institute, reconhecido mundialmente pela publicação anual do The Legatum Prosperity Index, em que a atração principal foi uma palestra de sir Roger Scruton. Inesquecível. 


Scruton é pessoalmente o que se espera de um conservador inglês: ironia que beira o cinismo, humor sofisticado, um leve pedantismo e mais cultura, inteligência e bom senso do que em quase todos os departamentos de humanas das universidades atuais somados. É uma lenda viva e não conheço um único livro dele que não mereça ser lido. 

O tema do encontro foi “Que Instituições Importam e Como Restaurar a Confiança Nelas?”, parte da série “Transformação Cultural” promovida pelo instituto. Na platéia, representantes da nobreza britânica lado a lado com alguns universitários, jornalistas, professores e até um brasileiro, um rapaz de Natal (RN) que mora na Califórnia e que se apresentou antes do início da palestra como alguém que escolheu cursar filosofia por causa da estrela principal da noite. 

Logo na abertura, ele já fez uma ironia sobre o Legatum Institute ser um think tank conservador: “é bom estar falando num evento de direita, ao menos aqui a divergência de opiniões é permitida e tolerada”. Ele diz que vivemos sob “censura” e que é um dos principais problemas a serem combatidos hoje. Triste realidade. 

Scruton presenteou o grupo com sua habitual sabedoria e seu olhar atento e original sobre as questões mais importantes do momento, especialmente aqui na Inglaterra. Para o filósofo, os atuais problemas que a sociedade britânica enfrenta hoje devem ser resolvidas “do jeito britânico”, com bom senso e liberdade de expressão, confrontado idéias até se chegar a uma decisão. 

Ele está particularmente incomodado com a maneira como a Inglaterra e o Ocidente são comparados com modelos utópicos de sociedade supostamente perfeitas e não com a realidade atual do mundo. A acusação de “islamobofia”, o “xingamento da moda”, despreza a realidade sobre a quantidade de imigrantes muçulmanos foram recebidos recentemente no país e do esforço britânico em acomodar essas pessoas da melhor maneira possível. Ouvi estas palavras num momento em que Londres tem um prefeito muçulmano. 

Um pequeno resumo do que foi dito por um dos maiores intelectuais do mundo. 

1. “Prosperidade” como medida de tudo 

Scruton conta que David Cameron, ex-primeiro-ministro que convocou o plebiscito sobre o Brexit, só conseguia discutir o assunto em termos econômicos, sempre trazendo “especialistas” para ameaçar os eleitores com os piores cenários caso optassem pela saída na União Européia. Para sua surpresa e indignação, qualquer outra discussão política fora da economia parece ter sido varrido para fora do mapa e só interessaria entender o que dá mais dinheiro e o que não dá. 

Scruton lembra que parte do que é viver numa democracia é estar sob um governo de adversários políticos, de um governo que parte do eleitorado votou contra. Como construir uma sociedade em que não há nada mais que una a população além do dinheiro? Se um país é apenas um aglomerado de indivíduos sem qualquer ligação, sem o “nós”, o que é capaz de fazer com que tenham laços de compromissos sociais e confiança mútua nas instituições e na própria nação? 

2. Patriotismo x Nacionalismo 

Para o filósofo, a idéia de que toda a explicação sobre as causas da Segunda Guerra serem atualmente atribuídas ao “nacionalismo” e que a maneira de evitar guerras é abolir as nações é simplesmente absurda. O sentimento abjeto de superioridade racial dos nazistas não pode ser usada para manchar o nome do bom e velho patriotismo, do apreço pela história do país e das suas tradições. 

3. O “direito comum” (Common Law) 

Boa parte da palestra foi investida na explicação das bases do “direito comum” ou common law, tradição inglesa baseada na resolução de conflitos pessoais e locais que vai, aos poucos, sendo incorporada ao arcabouço legal do país. Este é um dos temas recorrentes de Scruton e pode ser visto em vários de seus livros, com destaque para o fundamental Pensadores da Nova Esquerda

Quando a lei é entendida como uma consolidação do que emerge naturalmente na sociedade ao longo das gerações e não como uma canetada arbitrária de legisladores e juízes, ela é o reflexo direto da sabedoria acumulada por um povo e está em total harmonia com ele, formando os alicerces para que governados possam consentir com os poderes dos governantes e suas decisões. 

Scruton evidentemente se orgulha de falar pelo país que criou a idéia de monarcas que respondem às leis e por elas podem ser até destituídos de suas coroas. O império é das leis (naturais) e não dos homens e seus humores. 

4. Proibir e Permitir 

A idéia central de um sistema baseado no direito comum é que tudo é permitido até que haja uma lei proibindo especificamente, o que é um fenômeno raríssimo num mundo em que tudo é proibido até que o governo permite. A sociedade dos alvarás, carimbos, permissões e autorizações restritas não é o que o Reino Unido entende por um sistema legal democrático e saudável. 

Scruton alfinetou a esquerda britânica e seu braço político, o Partido Trabalhista, por querer adotar o sistema nada britânico de colocar o governo como supremo decididor de tudo, até quem pode ou não fazer filantropia. Ele diz que na Alemanha você precisa de permissão da polícia até para se mudar e que isso é tudo menos a maneira como ingleses vivem e construíram sua sociedade. 

5. “Islamofobia” 

Scruton evidentemente rejeita os rótulos jogados pela esquerda para a sociedade ocidental e inglesa, os que “dizem que tudo que é britânico é racista”. O filósofo é enfático ao lembrar do esforço genuíno da sociedade britânica em acomodar os muçulmanos da “melhor maneira possível” e que quem acusa a Inglaterra de “islamofóbica” não costuma discutir a “cristofobia” em países islâmicos, preferindo falar de modelos utópicos de sociedade e não do mundo real. “Que tal dar uma olhada em como os países vizinhos estão lidando com a situação? Será que a Inglaterra está mesmo atrás deles em termos de tolerância e aceitação?” 

Neste momento, Scruton volta ao sistema legal britânico, “uma lei de homens e não um revelação divina”. Ele lembra que “lei de homens pode ser mudada, pode ser adaptada para melhor acomodar as demandas sociais com o tempo, pode ser questionada e melhorada, o que é impossível com leis entendidas como divinas”. Scruton sugere que leis como a da Sharia são incompatíveis com uma sociedade secular como a britânica e este assunto precisa ser enfrentado com urgência e com coragem. 

6. Muçulmanos radicais na Inglaterra 

Outro ponto levantado foi a simpatia de parte da comunidade muçulmana britânica com os jihadistas e com o ISIS. Scruton disse que isto deve ser resolvido “da maneira inglesa”, com debates francos e abertos sobre o assunto com “estes jovens que precisam dizer o que pensam e entender se a Inglaterra é o melhor lugar para eles”. 

Scruton acredita que é preciso um debate público e aberto, sem medos ou censura, sobre o tema. Se alguém acha que quem não é muçulmano merece ser morto, que tem sentimentos destrutivos em relação a quem não tem a mesma fé, precisa ser confrontado intelectualmente e, eventualmente, ser avaliado sob a ótica de sua aceitação sobre o arcabouço legal e social da sociedade britânica. 

7. Pessimismo 

Scruton se diz um “pessimista”, dizendo que evidentemente os pessimistas são os que podem estar sempre se surpreendendo positivamente, como ele mesmo em relação ao resultado do Brexit. Ele é o autor do ótimo As Vantagens do Pessimismo, um dos meus preferidos dele. 

8. Cristianismo e política 

Ao ser perguntado sobre as bases cristãs da sociedade ocidental e de como deveriam ser resgatadas para sua sobrevivência, Scruton deu uma resposta que passeou entre o sarcasmo e o cinismo. Ele se assumiu como cristão e que reconhece as evidentes contribuições cristãs para as bases culturais e civilizacionais da Inglaterra, mas que o iluminismo teria conseguido separar igreja e estado numa maneira que ele considera fundamental para o ordenamento social e jurídico do país atualmente. 

Scruton foi sarcástico ao elogiar a igreja anglicana dizendo que ela “acabou por diluir com o tempo e se tornar irrelevante” em assuntos de estado, o que para ele é o ideal. Em tempos de Papa Francisco, não é uma postura incomum entre conservadores. Ao ouvir uma citação de T. S. Eliot sobre o assunto, Scruton tira um sarro do poeta dizendo que ele não era exatamente um pensador político “muito ágil”, tirando risos da platéia. 

9. Aprender com a experiência soviética 

O filósofo faz uma leitura curiosa sobre como a experiência soviética pode ensinar lições sobre como seduzir os jovens em relação ao conservadorismo. Para ele, como qualquer autor de direita era proibido na URSS, ler e discutir estas idéias era um “ato revolucionário, rebelde”, o que é naturalmente atrativo para jovens. É um ponto que o analista americano Bill Whittle sempre repete. 

10. A pergunta “de esquerda” 

Quando chegou o momento das perguntas e respostas, uma senhora aparentemente esquerdista disse que ele estava sendo condescendente demais com os britânicos e que a sociedade é cheia de problemas. Ele respondeu que é claro que a sociedade é imperfeita e deve sempre melhorar, mas “com quem estamos sendo comparados?” É o argumento definitivo. 

Na minha conversa particular com ele, quando fui apresentado ao filósofo por Nick Chance, ele ironizou dizendo que sempre recebe emails de brasileiros dizendo “por favor, venha aqui e nos salve”. Ele disse que já está em conversações para ir ao Brasil. 

Sua visita nunca foi tão necessária como agora.
Publicado originalmente em http://www.gazetadopovo.com.br



A entrevista que você jamais irá ver na TV - Alexandre Garcia entrevista...

NOSSOS INTELECTUAIS QUE NADA PRODUZEM

Todo país precisa de pessoas pensantes de várias disciplinas para, juntas, encontrarem soluções para os nossos problemas.

Os Estados Unidos devem muito a seus “think tanks“, como Brookings Institute, NBER, Russell Sage Foundation, muitos criados em 1910 e que contribuíram para o desenvolvimento do país.

Leiam The Idea Brokers, de James A. Smith.

Talvez seja por isso que o Brasil está à deriva, sem rumo e sem projeto.

Pesquisem os sites de nossas principais universidades e procurem as “soluções para a corrupção

ou “soluções para os juros altos”

ou “soluções para a questão da Previdência”

ou “soluções para fazer o Brasil crescer”.

Quando muito encontraremos “papers” de um professor ou outro, raramente uma solução multidisciplinar.

Nem temos um termo como “think tank” em português.

Não se encontram soluções onde não se ouvem profissionais de direito, contabilidade, administração, demografia, medicina, atuária.

Só para citar as áreas que deveriam se reunir para uma Reforma da Previdência, por exemplo.

Nenhum atuário foi sequer entrevistado ou convidado na GloboNews.

Somente ouvimos as mentiras de intelectuais de Esquerda, economistas dizendo que não há deficit, cientistas políticos afirmando que o problema são as empresas devedoras.

Nossa imprensa de esquerda nem sabe entrevistar uma equipe, somente intelectuais trabalhando sozinhos.

Entre nos sites da USP e seu Instituto de Estudos “Avançados” ou nas Universidades Federais, e veja se estamos recebendo sugestões em troca dos bilhões que gastamos em “pesquisa”.

O Plano Real não foi criado numa Universidade com o concurso de psicólogos, contadores de custos, administradores, advogados, publicitários, como deveria ter ocorrido.

O Plano Collor, o mais dramático dos planos, foi elaborado às pressas por três economistas enfurnados num hotel.

O cerne do conceito de universidade é justamente congregar intelectuais num mesmo lugar ou “universo”, para que eles pesquisem e proponham soluções em conjunto.

Se fosse para todos ficarem enfurnados em suas faculdades ou departamentos, não necessitaríamos de universidades.

Quando eles assinam algo em conjunto, são sempre abaixo-assinados a favor do Lula ou artigos que não vão além da crítica.

Ou com platitudes como “precisamos aumentar os gastos com a educação”.

Nossos intelectuais de esquerda têm muita dificuldade para desenvolver trabalhos em grupo, sempre reina uma fogueira das vaidades só.

A grande maioria da esquerda é no fundo individualista, egocêntrica, vaidosa e persegue seus interesses pessoais de pesquisa.

Não é esse tipo de intelectual que o Brasil desesperadamente necessita.

Precisamos de intelectuais de Direita nas Universidades.

Que acreditem na cooperação, na pluralidade de ideias vindas de várias especialidades, não somente de economistas e sociólogos.

Um recente estudo da OCDE mostra que o Brasil é o país que mais gasta com universidades e não tem o retorno que deveria.

Essa flagrante omissão em especificar soluções multidisciplinares, em entrar nos detalhes, a tendência de ser simplesmente contra alguma coisa, não justifica o que gastamos, verdadeiras fortunas.

Se dependermos desses intelectuais de esquerda jamais sairemos desse marasmo.

Você que é Professor de Universidade de Direita, estamos cansados com sua omissão, sua falta de coragem de se manifestar, seu desprezo com os nossos problemas.

Se você é um professor de Direita, mas calado, mexa-se. Crie as propostas sensatas que precisamos.

Ou será que não há essa tal pluralidade de pensamento nas nossas Universidades?

Caso contrário vocês serão privatizados e depois demitidos.

E aí jamais teremos as pesquisas e soluções que precisamos porque o objetivo desses donos de Faculdades, como um Ricardo Galindo, é o lucro trimestral e realizar mais um IPO.

Portanto, mexam-se ou vocês serão mexidos. 
Por: Stephen kanitz. Do site: blog.kanitz.com.br

sexta-feira, 21 de abril de 2017

EMPRESAS DEVEDORAS NÃO RESOLVEM O ROMBO DA PREVIDÊNCIA


Fico triste quando vejo que jovens de esquerda mentem para poder ganhar uma discussão, em vez de usar a ciência.

O rombo da Previdência é de R$ 540 bilhões por ano. É uma fortuna, bem maior do que esses R$ 180 bilhões noticiados pela direita, e os R$ zero, noticiados pela esquerda.


Essa lista de devedores do INSS que circula por aí não soma nem 100 bilhões, representa somente o rombo de meio ano de deficit, não dos 30 anos até você se aposentar.

Portanto usam um argumento verdadeiro, mas pífio.

Cientificamente pífio, só para lhe enganar. Se todas pagarem o INSS, 99% do rombo continua.

E tem mais. 80% dessa dívida para com o INSS são juros e correção monetária de dívidas de empresas que já quebraram.

Vide as “massa falida”, a VASP, a Transbrasil, a Gazeta Mercantil e outras.

Se essas empresas sequer pagaram os valores originais, jamais pagarão os valores corrigidos, estando inclusive inativos. A Varig nem voa mais.

Empresas como Bradesco e Prefeitura de São Paulo estão contestando atuações do INSS indevidas, e metade delas ganharão o pleito.

Por que jovens de esquerda mentem, se eles mesmos irão um dia querer se aposentar?

O problema da Previdência não são os inadimplentes.

O problema é que todas as contribuições que você depositou sumiram, foram usadas para outras despesas.

Adivinhem por quem?

Se você não está lutando por uma Reforma da Previdência, pelo menos você deveria estar lutando para parar de ser roubado, por você sabe quem.

Apoie o Projeto do MBL que exige que seus depósitos sejam feitos na sua conta do FGTS para você pelo menos poder controlar, e nunca mais ser roubado.
Por: Stephen Kanitz  Do site: http://blog.kanitz.com.br/

AINDA VIVEMOS NO MUNDO DE HITLER

Mais de sete décadas após sua morte, parece impossível escapar do fantasma de Adolf Hitler


Hitler: sua nefasta sombra permanece sobre o mundo Arquivo

Na Inglaterra, uma antiga disputa a respeito dos supostos comentários de um ex-líder do Partido Trabalhista associando Hitler e o Sionismo foi reacendida semana passada. Durante uma guerra de palavras com líderes europeus mês passado, o presidente turco Recep Tyyip Erdogan disse que os políticos holandeses e alemães são nazistas dos tempos modernos. E, na terça-feira (11), Hitler apareceu proeminentemente na espantosa gafe do secretário de imprensa da Casa Branca, Sean Spicer.

É importante que o horror do Holocausto e dos massacres executados pela máquina de guerra de Hitler permaneça na consciência global. Hitler e os nazistas, por muitas razões óbvias, ainda fornecem o sombrio parâmetro para o pior que a política e a humanidade podem se tornar. Mas é melhor deixar de lado a tentação de invocá-lo para marcar algum ponto político.

De fato, a Casa Branca de Trump e muitos de seus entusiastas na extrema-direita europeia atual se ressentem profundamente das analogias com o fascismo que seus oponentes por vezes atiram contra eles. Confrontados com o legado tóxico do ultranacionalismo ocidental, eles insistem que seus movimentos populistas de direita representam algo de totalmente novo, uma virada histórica. Mas eles não podem afastar tão facilmente a sombra do passado.
Gafe histórica

Sean Spicer, secretário de imprensa da Casa Branca: gafe históricaAFP

O que nos traz novamente ao principal porta-voz do presidente Donald Trump. Na terça-feira – o primeiro dia do feriado judeu da Páscoa – Spicer cometeu um incrível erro não provocado quando lhe perguntaram sobre a resposta dos Estados Unidos ao suposto uso de armas químicas pelo presidente sírio, Bashar al-Assad.

Spicer buscou condenar ainda mais enfaticamente as ações de Assad sugerindo que nem mesmo Hitler tinha usado armas químicas durante a Segunda Guerra Mundial – ignorando, ao que pareceu no momento, que milhões de judeus e outros foram mortos com gás nos campos de concentração nazistas.

“Sabe, você tinha alguém tão desprezível quanto Hitler que não se rebaixou ao ponto de usar armas químicas”, disse Spicer. “Então, se você for a Rússia, precisa se perguntar: esse é um país e um regime ao lado do qual você quer se colocar?”

O ponto que Spicer tinha esperanças de fazer – sublinhando novos relatórios de inteligência dos Estados Unidos de que a Rússia buscou encobertar o uso recente de ataques com armas químicas por Assad – se perdeu em um desnorteado kit de imprensa. Spicer recebeu uma chance de arrumar essa bagunça, mas seu esclarecimento ergueu mais sobrancelhas.

A transcrição de meus colegas captura o quão desconcertante o momento foi para todos, inclusive Spicer.

Acho que quando se trata de gás sarin, não houve – ele não estava usando o gás em seu próprio povo da maneira como Assad está fazendo. Quero dizer, houve, claramente. Entendo seu ponto, obrigado. Obrigado, aprecio isso. Não houve no... Ele trouxe para dentro dos centros de Holocausto, entendo isso. O que estou dizendo é que o jeito que Assad o usou. Ele entrou nas cidades, o atirou em pessoas inocentes, no meio das cidades, foi trazido – assim como seu uso. E aprecio o esclarecimento aqui. Essa não foi a intenção.SEAN SPICER secretário de imprensa da Casa Branca

Essa, é claro, não é a primeira gafe de Spicer, mas há alguns trechos chocantes para se pinçar da salada de palavras acima. Primeiro há a problemática inferência de que judeus alemães e outros mortos por gás nas mãos de Hitler não eram “seu próprio povo”. Depois há a desajeitada rotulação dos campos de concentração como “centros de Holocausto” e a implicação de que aqueles mortos lá de alguma forma não eram igualmente “inocentes”. E, finalmente, há a questão que permanece: em que momento qualquer parte disso pareceu fazer sentido como uma metáfora apropriada?

A reação foi rápida, e o Twitter fez a festa.

Spicer então se saiu com três versões diferentes de um pedido de desculpas, jurando que “de maneira alguma estava tentando diminuir a natureza horrenda do Holocausto”. Mais tarde ele continuou sua turnê de desculpas na CNN, mas tropeçou nas palavras lá novamente, dizendo que não queria distrair as pessoas dos planos de Trump para o Oriente Médio e sua agenda de “desestabilizar a região”.

O Twitter do programa da CNN “The Situation Room” tuitou: “Você sabia que havia câmaras de gás onde os nazistas massacravam pessoas? ‘Sim, estou claramente ciente disso’, diz Spicer.”
Descuidados e mal orientados, não ideológicos

É claro que isso é tudo um tanto tolo. Mas bizarramente não é um incidente isolado da Casa Branca de Trump, que já fez uma bagunça com mensagens sobre o Holocausto e a prevalência do antissemitismo nos Estados Unidos e em outros países. O círculo mais próximo de Trump inclui figuras como o chefe de estratégia Stephen K. Bannon, que no passado foi acusado de difundir discurso antissemita, e Sebastian Gorka, que se recusa a renunciar à sua ligação com uma organização húngara antissemita e de filiação nazista.

Em defesa de Spicer, seus comentários foram descuidados e mal orientados, não ideológicos. Mas o mesmo não pode ser dito a respeito dos aparentados do presidente do outro lado do oceano.
Passado sombrio da França

Marine Le Pen, a candidata a presidente de extrema-direita que está determinada a ganhar uma corrida acirrada na França, causou controvérsia ao argumentar que seu país não precisa mais compartilhar a culpa do Holocausto, se referindo especificamente a um incidente em 1942 quando milhares de judeus foram reunidos e detidos em Paris e depois despachados para morrer.

“A França esteve enlameada nas mentes das pessoas por anos. De fato, nossas crianças são ensinadas a terem toda razão para odiá-la, a olharem apenas para os aspectos mais sombrios de sua história”, Le Pen disse em comentários que provocaram censura do ministro do Exterior de Israel. “Quero que eles se orgulhem de serem franceses novamente.”

Críticos dizem que seu partido, Frente Nacional, está crivado de negadores do Holocausto e simpatia neofascista pelo regime francês de Vichy, colaboracionista dos nazistas. Seu principal oponente, o centrista independente Emmanuel Macron, devolveu: “Madame LePen cometeu um grave erro político e histórico. Essa é a verdadeira face da extrema-direita francesa, contra a qual luto.” Le Pen também vê sua fortuna condenada pelo fantasma de Hitler.
Por: Ishaan Tharoor  Publicado originalmente no jornal The Washington Post  13/04/2017
Do site: http://www.gazetadopovo.com.br/ideias/ainda-vivemos-no-mundo-de-hitler-15pakrbblu6rgyq8equa88gmr

quarta-feira, 19 de abril de 2017

Olavo de Carvalho | Nova Era, vegetarianismo, origem esotérica da teoria...

O IMPÉRIO ROMANO É AQUI

Governantes e os legisladores do passado administraram de forma trágica as finanças públicas, cuja situação atual agride a lógica mais elementar de economia e finanças


Estudar História é uma das melhores formas de aprender. Quase tudo o que ocorre atualmente de alguma forma já ocorreu no passado. Se formos capazes de aprender com os erros dos outros, o conhecimento da história nos permite, pelo menos em tese, evitar a repetição dos erros. A situação de crise que o Brasil vive guarda semelhanças com a ascensão e queda do Império Romano.

Os romanos desenvolveram eficiente tecnologia para conquistar e tributar outros povos. Nisso residiu a base de seu império. Embriagada pelo sucesso, Roma criou imensa burocracia estatal e encheu de vantagens e privilégios os políticos e os burocratas. Tudo bancado por impostos extorsivos. Isso levou os povos conquistados a migrarem de seus territórios para a capital do império.

Roma começou a crescer demasiadamente, e os líderes romanos passaram a temer por revoltas da massa urbana em razão da falta de trabalho, alimento e moradia para todos. A solução encontrada foi dar comida e diversão ao povo. Cresceram os centros de entretenimento, entre eles o Coliseu. A população da cidade passou a exigir mais comida e diversão (pão e circo). Quanto mais os problemas se agravavam, mais o governo crescia e a burocracia e os impostos aumentavam, sob o jugo de exércitos opressores.

Roma criou imensa burocracia estatal e encheu de vantagens e privilégios os políticos e os burocratas

A vida no campo não fazia mais sentido, e a população abandonava a zona rural rumo às cidades atrás de pão e circo de graça. A produção rural começou a decrescer, os impostos diminuíam, os gastos com o exército e a burocracia não paravam de aumentar, e o império baixou lei proibindo os trabalhadores de deixarem suas terras, sob severas punições a eles e suas famílias. Não deu certo. Roma não resolveu seus problemas, e o Império Romano entrou em declínio.

Como não resolvemos nossos problemas – incluindo a falência da Previdência Social, a privada e a pública –, a história está se repetindo aqui, e o colapso financeiro está anunciado. Até a maior potência mundial, os Estados Unidos, vem trilhando essa estrada: o país está endividado, a burocracia estatal inchada, a moeda nacional enfraquecida, a pobreza aumentando... enfim, é o Império Romano sendo revivido.

O estudo que o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) acaba de publicar, sobre o déficit de R$ 77,2 bilhões na Previdência dos servidores dos estados, é assustador. É um rombo equivalente a 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB) do país. O estudo mostra que, nos últimos dez anos até 2015, o total de servidores estaduais aposentados cresceu 38% enquanto o total na ativa caiu 4%, e os salários cresceram em média 50% contra 21% no setor privado.

Doze estados deram aumentos superiores a 60%, e o campeão é o Ceará, com 78%. Como as aposentadorias dos servidores inativos são vinculadas aos salários dos servidores ativos, os gastos com pessoal explodiram, sem que isso beneficiasse a população. O rombo previdenciário é enorme. Os estados foram excluídos do projeto de reforma da Previdência em tramitação no Congresso Nacional, o que deixa dúvidas se irão fazer alguma reforma.

Por falta de educação financeira ou por demagogia política (ou ambas), os governantes e os legisladores do passado administraram de forma trágica as finanças públicas, cuja situação atual agride a lógica mais elementar de economia e finanças. Mesmo que o conserto comece agora, a recuperação será tarefa de várias gerações. Uma coisa é certa: o declínio do Império Romano não ensinou nada aos governantes brasileiros, salvo raras e honrosas exceções.
Por: José Pio Martins, economista, é reitor da Universidade Positivo. 
Do site: http://www.gazetadopovo.com.br/opiniao/artigos/oimperio-romano-e-aqui-5p9kur31edqsqwd4lzod7qhir

terça-feira, 18 de abril de 2017

MUDANÇA DE CLIMA


É a presença de dois discursos absurdos, um de cada lado, que torna quase impossível haver políticas sérias de redução de poluição sem redução da qualidade de vida

O clima está mudando, e não sei se posso esperar que as águas de março fechem o verão. Só o que sei é que está mudando, como aliás sempre esteve; clima não é coisa fixa, e o Saara já foi floresta. Quando eu era mais novo dizia-se que viria uma era glacial em breve. O terrorismo era grande. Depois mudaram para aquecimento global, para minha tristeza; por questão de gosto particular eu me sinto muito melhor numa era glacial, confortavelmente fresquinho, em vez de suando em bicas num verão permanente.

A mania atual é declarar, com uma certeza que não se tem para com a previsão do tempo para dali a dois dias, que a mudança climática – seja ela para mais frio ou mais quente, ou para outras direções inimaginadas até agora – é causada pelo homem. Aí é que eu traço uma linha. Confesso que não consigo nem acreditar que o homem consiga causar uma mudança climática, nem que consiga impedi-la. Também acho absurda a poluição, também acho completamente sem sentido que as pessoas peguem o carro para ir até a esquina, mas daí a dizer que a mudança de clima, cujo sentido ainda nem se sabe com certeza, é certamente decorrente disso, ou dos flatos das vacas, ou do que seja, requer-se uma firmeza de fé que eu não tenho.

Não consigo nem acreditar que o homem consiga causar uma mudança climática, nem que consiga impedi-la veja também

Ainda há, e são perigosos por razões evidentes, resquícios dos mesmos desenvolvimentistas do século passado que nos deram os rios coloridos que pegavam fogo e outros absurdos de poluição. Ainda há quem ache, economicistamente, que, se alguém tem dinheiro para ir de carro à esquina, é seu direito fazê-lo. Aqui no Brasil são poucos, e em geral apenas repetem alguns elementos do discurso de seus mestres na direita americana sem prestar-lhe muita atenção.

Mas temos aqui muitos seguidores do ecologismo radical da esquerda americana, que prega não apenas que a mudança climática ora em curso é antropogênica, como que ela tem de ser revertida, como se isso fosse possível, pela redução drástica e súbita da poluição por carbono. Ora, as árvores não estão de acordo; é do carbono presente no ar que elas se alimentam. Já o que alimenta o ecologismo mais radical é um anti-humanismo, que percebe a presença do homem no mundo como uma praga a eliminar ou, ao menos, a diminuir brutalmente. Para justificar o injustificável qualquer desculpa serve, inclusive a mudança climática.

É a presença de dois discursos absurdos, um de cada lado, que torna quase impossível haver políticas sérias de redução de poluição sem redução da qualidade de vida. A pluma de poluição das capitais brasileiras alcança centenas de quilômetros campo adentro, dependendo de onde sopra o vento, e esta não é uma situação tolerável. Mas tampouco devemos voltar à idade da pedra lascada. No meio é que está a virtude.
Por : Carlos Ramalhete  Do site: http://www.gazetadopovo.com.br

domingo, 16 de abril de 2017

O LEGADO DE RATZINGER

Neste domingo de Páscoa, Joseph Ratzinger, o papa emérito Bento XVI, completa 90 anos. O filho mais famoso da Baviera desde o rei Ludwig II (aquele que mandou construir o castelo de Neuschwanstein) deu ao mundo e à Igreja inúmeras contribuições teológicas, das quais destaco dez.

Aprendemos, com Ratzinger, que a Igreja não é uma loja de armarinhos mal gerenciada tentando arrumar mais clientes. Que, desde o seu começo, o cristianismo sempre se entendeu com uma “religião do Logos”, uma religião de acordo com a razão. Que a Última Ceia não foi uma dessas refeições que Jesus teve com “publicanos e pecadores”. Que os santos foram todos pessoas cheias de imaginação, não burocratas. E que a única apologia realmente efetiva do cristianismo se resume aos santos que a Igreja produziu e à arte que surgiu em seu seio – e um teólogo que não ama a arte, a poesia, a música e natureza pode ser perigoso.

A verdade também foi uma grande preocupação sua. Ratzinger ensinou que a verdade não é determinada pela opinião da maioria; que o Estado não é, em si mesmo, fonte de verdade ou moralidade; e que a ausência da verdade é a maior doença de nossa época.

Nesta época de relativismo cultural, a verdade é vista como um conceito antiquado e até opressivo

Outro tema que o motivou foi o da consciência. Segundo Ratzinger, é inquestionável que se deve sempre seguir os ditames da consciência, ou pelo menos não agir contra eles. Mas isso é bem diferente de considerar que a avaliação da consciência (ou o que se acredita ser essa avaliação) está sempre correta – se fosse assim, isso significaria que não há verdade, pelo menos em assuntos de moral e religião, que são os fundamentos da nossa própria existência.

Por que destacar essas dez contribuições? Porque, nesta época de relativismo cultural, a verdade é vista como um conceito antiquado e até opressivo. Da mesma forma, a bondade não é mais uma propriedade objetiva do caráter e das ações humanas. A bondade virou sinônimo de “politicamente correto”. No mundo artístico, a vulgaridade é mais prestigiada que a beleza. A vulgaridade é vista como criativa; a beleza aborrece, é “burguesa”.

Essa transformação nos valores foi o projeto de Friedrich Nietzsche. No século passado, ela foi assumida pela geração de intelectuais marxistas europeus dos anos 60, que viram nela um modo mais atraente de dar sentido à própria existência, em vez de ficarem lutando por melhorias nas condições de vida da classe trabalhadora. Para entender a situação da Igreja nos países outrora cristãos, é preciso conhecer esse projeto nietzschiano e sua adoção pelos intelectuais da Nova Esquerda de 1968.

Bispos e padres educados nas faculdades católicas de Teologia, em vez do ambiente das grandes universidades seculares, quase nunca entendem a guerra no meio da qual se encontram. Mas Ratzinger/Bento não apenas conhece a guerra, ele se formou nesse caldeirão. Seus escritos são a melhor formulação de uma estratégia para defender o humanismo da Encarnação nesses tempos de niilismo.

Quando uma nova geração surgir, em rebelião aberta contra a engenharia social da era atual e desejando uma ecologia humana que respeita tanto Deus quanto a natureza, a obra de Joseph Ratzinger será o “tesouro proibido” que dará a essa juventude criativa e rebelde o acesso ao capital cultural de séculos de cristianismo.
Por: Tracey Rowland, professora adjunta do Instituto João Paulo II para o Matrimônio e a Família, em Melbourne (Austrália), é autora de A fé de Ratzinger e membro da Comissão Teológica Internacional. Tradução: Marcio Antonio Campos. Publicado originalmente na Gazeta do Povo http://www.gazetadopovo.com.br/opiniao/artigos/olegado-de-ratzinger-46vsh6qlrkzavu43b55h394j7

sábado, 15 de abril de 2017

FALSAS MULHERES

O fenômeno de engenharia social mais espantoso em séculos é a invenção do transgênero


Provavelmente o fenômeno de engenharia social mais espantoso em séculos é a invenção do transgênero. Sempre houve rapazes e moças com trejeitos mais identificados com o sexo oposto, mas nunca passara pela cabeça de ninguém que realmente pertencessem a ele. Em coisa de um ou dois anos, todavia, a mídia obrigou à aceitação de toda uma fantasia segundo a qual alguns rapazes seriam moças e certas moças seriam rapazes. Ora, alguém que julgue a sério pertencer ao sexo oposto precisa é de ajuda sincera, não de ver sua fabulação confirmada pelos “antenados”.

Este fenômeno de mídia é, primordialmente, um ataque ao feminino, a todas as mulheres. A condição feminina, com seus mistérios lunares, sua fertilidade, sua capacidade de gerar alimento para o próprio filho e, de várias outras maneiras, de acolher o próximo é única e intrinsecamente diferente da condição masculina, projetiva e protetora. Uma “mulher trans” na verdade é um rapaz vestido de moça; seios falsos implantados podem parecer seios verdadeiros, mas não o são. É uma fantasia, como sempre se percebeu claramente nessa época de reversão cultural que é o carnaval. É engraçado, e ao mesmo tempo triste. Triste, e ao mesmo tempo profundamente desrespeitoso para com as mulheres, ainda que esses blocos de carnaval possam ser percebidos como uma brincadeira infantil e imatura típica de homens.

Este fenômeno de mídia é, primordialmente, um ataque ao feminino, a todas as mulheres veja também

Fora do carnaval, a reação instintiva mais perigosa para os travestis é a indignação ao ver a condição feminina ultrajada de tal maneira. A mulher atrai o homem; quando um homem se sente atraído por alguém que ele crê ser uma mulher e descobre que a tal “mulher” não o era, é comum que haja até mesmo reações desordenadas e violentas (mas nunca justificadas). Travestis que trabalham na noite sabem disso, e normalmente são bons de briga – muito mais que a maior parte dos demais homens.

Mas eis que hoje a mídia nos obriga a engolir mais esta humilhação das mulheres: homens participando de esportes coletivos – e, claro, enchendo-se de vitórias e medalhas –, homens adentrando o banheiro feminino, o último santuário em que as mulheres podiam ficar sozinhas; homens, em suma, ridicularizando a mulher ao apresentar uma farsa e exigir que ela seja tratada como se verdade fosse.

Para piorar, a natural indignação de qualquer um que ame as mulheres é tratada como “discurso de ódio”, havendo até mesmo apelos à sua criminalização numa tentativa de eliminar liminarmente a oposição. O bom senso já ficou para trás.
Por : Carlos Ramalhete  Do site: http://www.gazetadopovo.com.br

LONDONISTÃO: 423 MESQUITAS, 500 IGREJAS FECHADAS

- Os multiculturalistas britânicos estão alimentando o fundamentalismo islâmico. Os muçulmanos não precisam se tornar maioria no Reino Unido, eles precisam apenas islamizar gradualmente as principais cidades. A mudança já está acontecendo.


- Personalidades britânicas continuam abrindo a porta para a introdução da sharia. Um dos principais juízes da Grã-Bretanha, Sir James Munby, ressaltou que o cristianismo não influencia mais os tribunais e que os tribunais devem ser multiculturais - ou seja: mais islâmicos. Rowan Williams, ex-arcebispo de Canterbury e o Chefe de Justiça Lord Phillips também sugeriram que a lei britânica deveria "incorporar" elementos da Lei Islâmica (Sharia).

- As universidades britânicas também estão promovendo a lei islâmica. As diretrizes acadêmicas "alto-falantes externos em instituições de ensino superior", estabelecem que 'grupos religiosos ortodoxos' podem separar homens e mulheres durante os eventos. Na Queen Mary University of London, as mulheres tiveram que usar uma entrada separada e foram obrigadas a sentar em uma sala sem poderem fazer perguntas ou levantar as mãos, igualzinho ao que acontece em Riad e em Teerã.
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"Londres é mais islâmica do que muitos países muçulmanos juntos", de acordo com Maulana Syed Raza Rizvi, um dos pregadores islâmicos que lideram o "Londonistão", nome dado pela jornalista Melanie Phillips à capital inglesa. Não, Rizvi não é um extremista de direita. Wole Soyinka, Prêmio Nobel de Literatura, foi menos cortês, ele chamou o Reino Unido de "fossa dos islamistas".

"Os terroristas não suportam o multiculturalismo de Londres", ressaltou o prefeito da cidade Sadiq Khan após o recente ataque terrorista que deixou mortos e feridos em Westminster. A verdade é o inverso: os multiculturalistas britânicos estão alimentando o fundamentalismo islâmico. Acima de tudo, Londonistão, com suas 423 novas mesquitas, está sendo construído sobre as tristes ruínas do cristianismo inglês.

A Hyatt United Church foi comprada pela comunidade egípcia para ser transformada em mesquita. A St Peter's Church foi transformada na mesquita Madina. A Brick Lane Mosque foi construída em cima de uma antiga igreja metodista. Não são somente os imóveis são convertidos, as pessoas também o são. O número de convertidos ao Islã dobrou; muitas vezes esses convertidos abraçam o Islã radical, como aconteceu com Khalid Masood, o terrorista que atacou Westminster.

O jornal Daily Mail publicou fotos de uma igreja e de uma mesquita separadas poucos metros uma da outra no coração de Londres. A Igreja de San Giorgio, projetada para acomodar 1.230 fiéis, contava com apenas 12 pessoas para celebrar a missa. Na Igreja de Santa Maria, havia 20.

A mesquita ao lado, a Brune Street Estate enfrenta um problema diferente: a superlotação. O pequeno salão pode acomodar somente 100 pessoas. Na sexta-feira os fiéis precisam ficar na rua para poderem rezar. Pelo andar da carruagem, o cristianismo na Inglaterra está se tornando uma relíquia, enquanto o Islã será a religião do futuro.

Em Birmingham, a segunda maior cidade britânica, onde residem muitos jihadistas que orquestram os atentados, uma minarete islâmica domina o céu. Há petições para permitir que mesquitas britânicas convoquem, por meio de alto-falantes, os fiéis para a oração islâmica três vezes ao dia.

Em 2020, segundo estimativas, o número de muçulmanos que participarão de cultos chegará no mínimo a 683.000, enquanto o número de cristãos que participarão da missa semanal despencará para 679.000. "O novo cenário cultural das cidades inglesas já chegou. O cenário cristão, homogeneizado da religião do Estado está batendo em retirada", ressaltou Ceri Peach da Universidade de Oxford. Ao passo que quase a metade dos muçulmanos britânicos tem menos de 25 anos, um quarto dos cristãos estão acima dos 65. "Daqui a 20 anos haverá mais muçulmanos devotos do que cristãos praticantes", salientou Keith Porteous Wood, Diretor da National Secular Society.

Desde 2001, 500 igrejas de Londres das mais diferentes doutrinas foram transformadas em casas particulares. Nesse mesmo período mesquitas britânicas foram proliferando. Entre 2012 e 2014 a proporção de britânicos que se consideravam anglicanos caiu de 21% para 17%, uma retração de 1,7 milhões de pessoas, enquanto que, de acordo com uma sondagem conduzida pelo respeitado NatCen Social Research Institute, o número de muçulmanos saltou quase um milhão. Paroquianos estão decrescendo a uma taxa que em uma geração o número de fiéis praticantes será três vezes menor do que a dos muçulmanos que vão regularmente à mesquita às sextas-feiras.

Demograficamente falando a Grã-Bretanha está adquirindo cada vez mais um semblante islâmico em lugares como Birmingham, Bradford, Derby, Dewsbury, Leeds, Leicester, Liverpool, Luton, Manchester, Sheffield, Waltham Forest e Tower Hamlets. Em 2015 um estudo mostrou que o nome mais comum na Inglaterra era Mohammed, incluindo as variações ortográficas como Muhammad e Mohammad.

As cidades mais importantes contam com gigantescas populações muçulmanas: Manchester (15,8%), Birmingham (21,8%) e Bradford (24,7%). Em Birmingham a polícia acaba de desmantelar uma célula terrorista, há também uma probabilidade maior de um bebê nascer no seio de uma família muçulmana do que no seio de uma família cristã. Em Bradford e Leicester metade das crianças são muçulmanas. Os muçulmanos não precisam se tornar maioria no Reino Unido, eles precisam apenas islamizar gradualmente as principais cidades. A mudança já está acontecendo. "Londonistão" não é um pesadelo de maioria muçulmana, é um híbrido cultural, demográfico e religioso no qual o cristianismo declina e o Islã avança.


Milhares de muçulmanos participam de um culto ao ar livre em Birmingham, Inglaterra, 6 de Julho de 2016. (Imagem: captura de tela de vídeo Ruptly)


Conforme Innes Bowen assinala no The Spectator, apenas duas das 1.700 mesquitas na Grã-Bretanha de hoje seguem a interpretação modernista do Islã, comparada aos 56% nos Estados Unidos. Os wahhabitas controlam 6% das mesquitas no Reino Unido, enquanto o controle fundamentalista Deobandi chega a 45%. Segundo uma pesquisa do Knowledge Center um terço dos muçulmanos do Reino Unido não se sentem como "parte da cultura britânica".

Londres também está repleta de tribunais da sharia. Há oficialmente 100 desses tribunais. O advento deste sistema jurídico paralelo foi possível graças à British Arbitration Act e ao sistema Alternative Dispute Resolution. Estes novos tribunais se baseiam na rejeição da inviolabilidade dos direitos humanos: os valores de liberdade e igualdade que são a base do Direito Inglês.

Personalidades britânicas continuam abrindo a porta para introdução da sharia. Um dos principais juízes da Grã-Bretanha, Sir James Munby, ressaltou que o cristianismo não influencia mais os tribunais e que os tribunais devem ser multiculturais - ou seja: mais islâmicos. Rowan Williams, ex-arcebispo de Canterbury e o Chefe de Justiça Lord Phillips também sugeriram que a lei britânica deveria "incorporar" elementos da Lei Islâmica (Sharia). O establishment cultural britânico está rapidamente capitulando diante dos fundamentalistas islâmicos ao aceitarem suas exigências.

As universidades britânicas também estão promovendo a lei islâmica. As diretrizes oficiais "alto-falantes externos em instituições de ensino superior" da universidade publicados pela Universities UK, estabelecem que 'grupos religiosos ortodoxos' podem separar homens e mulheres durante os eventos. Na Queen Mary University of London, as mulheres tiveram que usar uma entrada separada e foram obrigadas a sentar em uma sala sem poderem fazer perguntas ou levantar as mãos - como acontece em Riad e em Teerã. A Sociedade Islâmica na London School of Economics realizou uma festa de gala na qual as mulheres e os homens ficaram separados por um painel de sete metros.

Após o ataque à revista satírica francesa Charlie Hebdo, o chefe do MI6, Sir John Sawers, recomendou a autocensura e "certa moderação" ao falar sobre o Islã. O embaixador britânico na Arábia Saudita, Simon Collis, se converteu ao Islã e realizou a peregrinação à Meca, o hajj. Ele agora se chama Haji Collis.
O que está por vir?
Por: Giulio Meotti, Editor Cultural do diário Il Foglio, é jornalista e escritor italiano.9 de Abril de 2017
Tradução: Joseph SkilnikDo site: https://pt.gatestoneinstitute.org

sexta-feira, 14 de abril de 2017

O VERDADEIRO HAMAS: LAMENTO, PESSOAL!

- O Hamas afirma, dia e noite, em árabe, a verdadeira história. Na realmente, os oficiais do Hamas são muito claros e diretos quando se dirigem ao seu povo em árabe. No entanto, alguns analistas ocidentais e israelenses não querem ser incomodados pelos fatos.


- Certos relatos sugerem que os líderes do Hamas Khaled Mashaal e Ismail Haniyeh são os que pressionam para que haja mudanças no estatuto do movimento. No entanto, mesmo que Mashaal e Haniyeh tenham êxito em sua missão, não há nenhuma garantia de que o braço armado do Hamas concorde com isso.

- O Hamas também negou que tenha a intenção de cortar seus laços com a Irmandade Muçulmana. "Os relatos têm como objetivo prejudicar a imagem do Hamas aos olhos do mundo", esclareceu um alto funcionário do Hamas. Ele também negou que o Hamas estivesse planejando abandonar a luta armada contra Israel em favor de uma "resistência" popular pacífica.
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O que o Hamas quer dizer quando diz que "aceita" um estado palestino independente na Cisjordânia, Faixa de Gaza e Jerusalém Oriental, sem reconhecer o direito de Israel de existir?

É um sinal de moderação e pragmatismo por parte do movimento terrorista extremista islâmico? Ou é apenas mais uma artimanha destinada a enganar a todos, especialmente os ocidentais crédulos a acreditarem que o Hamas abandonou a estratégia de destruir Israel em favor de uma solução de dois Estados?

Relatos recentes sugerem que o Hamas está se preparando para "declarar um estado palestino baseado nas fronteiras de 1967".

Segundo os relatos, o Hamas também está contemplando alterar seu estatuto de modo que não inclua referências antissemitas. O estatuto, elaborado em agosto de 1988, contém passagens e caracterizações antissemitas da sociedade israelense como nazistas quanto à sua crueldade. Os mesmos relatos também afirmam que o estatuto revisto do Hamas também irá afirmar que o movimento terrorista não faz parte da Irmandade Muçulmana.

Há analistas em Israel e no Ocidente que têm interpretado esses relatos como sinal de que o Hamas está finalmente endossando uma política de pragmatismo em relação a Israel e aos judeus. Eles estão particularmente animados no tocante à suposta intenção do Hamas de declarar (em seu estatuto revisto) que o conflito visa "apenas o sionismo e a ocupação e não os judeus ao redor do mundo".

A julgar pelas análises publicadas por alguns cronistas e "especialistas" em assuntos palestinos nos últimos dias, poder-se-ia concluir que o Hamas está prestes a fazer uma mudança dramática em sua malévola ideologia. Lamentavelmente, no entanto, os fatos sugerem o contrário.

Com ou sem mudanças, o movimento não tem nenhuma intenção de abandonar a sua jihad de destruir Israel e matar judeus.

A divulgada guinada na política do Hamas é ilusória. O Hamas afirma, dia e noite, em árabe, a verdadeira história. Na realidade os oficiais do Hamas são muito claros e diretos quando se dirigem ao seu povo em árabe. No entanto, alguns analistas ocidentais e israelenses não querem ser incomodados pelos fatos.

Quando o Hamas fala em "aceitar" um estado palestino nas fronteiras pré-1967 sem reconhecer o direito de Israel de existir, ele está na verdade dizendo: "dê-nos um estado para que possamos usá-lo como plataforma de lançamento para destruir Israel".

A bem da verdade, Ismail Radwan, alto funcionário do Hamas, não deixa margem para ambiguidades quando ele explica este posicionamento. O Hamas, ressalta ele , não se opõe ao estabelecimento de um estado palestino nas "fronteiras" de 1967, isso não significa que "iremos reconhecer a ocupação sionista, deixando claro que toda a terra palestina pertence às gerações palestinas e islâmicas". Ele também repetiu a oposição do Hamas a qualquer tipo de negociação com Israel.

O líder do Hamas Mahmoud Zahar também foi rápido em refutar as afirmações de que seu movimento estava disposto a aceitar a solução de dois estados. Defendendo a intensificação da "intifada" contra Israel, Zahar assinalou que o objetivo do Hamas era o de "libertar toda a Palestina".

O Hamas também negou que tenha a intenção de cortar os seus laços com a Irmandade Muçulmana. "Os relatos têm como objetivo prejudicar a imagem do Hamas aos olhos do mundo", esclareceu um alto funcionário do Hamas. Ele também negou que o Hamas estivesse planejando abandonar a luta armada contra Israel em favor de uma "resistência" popular pacífica.

Certos relatos sugerem que os líderes do Hamas Khaled Mashaal e Ismail Haniyeh são os que pressionam para que haja mudanças no estatuto do movimento. No entanto, mesmo que Mashaal e Haniyeh tenham êxito em sua missão, não há nenhuma garantia de que o braço armado do Hamas concorde com isso.

A recente eleição interna e secreta do Hamas contemplou a ascensão de Yahya Sinwar como principal líder do movimento na Faixa de Gaza. Sua eleição é vista como indício da crescente influência do braço armado do Hamas. Sinwar, um assassino condenado, foi solto da prisão israelense há alguns anos. A ascensão de Sinwar ao poder é também um sinal de que o Hamas está enveredando em direção a mais extremismo e mais terrorismo e se preparando para a próxima guerra com Israel.

O braço armado do Hamas tem uma história bastante inconsistente no tocante às diretivas dos líderes políticos do movimento. Por exemplo: as recorrentes tentativas de Mashaal e Haniyeh de acabar com as diferenças com a Autoridade Palestina de Mahmoud Abbas (AP) têm sido repetidamente frustradas pelo braço armado do Hamas e de outros líderes do movimento, acima de tudo por Zahar.

Lembremo-nos por um momento dos comícios anuais realizados pelo braço armado do Hamas na Faixa de Gaza. Nesses comícios os terroristas mascarados do Hamas lembram ao mundo que seu verdadeiro objetivo é "libertar toda a Palestina".


Milicianos armados do Hamas em uma parada com um lançador de foguetes montado em um veículo em Gaza, agosto de 2016. (Imagem: captura de tela de vídeo PressTV)


Em uma dessas manifestações, Zahar anunciou que o Hamas já conta com um exército cuja missão é "libertar toda a Palestina". Continuando ele ressaltou: "com a graça de Deus, esse exército chegará a Jerusalém".

O Hamas continua engajado em todas as formas de terrorismo contra os israelenses. Não há nenhum sinal de que o movimento esteja disposto a endossar uma resistência pacífica e popular contra Israel. O oposto sim é que está valendo: O Hamas nunca perde uma oportunidade de esclarecer que continua a incentivar o terrorismo contra Israel. A última assertiva disso veio esta semana quando o Hamas, por meio de um de seus porta-vozes, Abdel Latif Al-Kanou, emitiu um comunicado louvando um esfaqueamento contra dois policiais israelenses em Jerusalém. Saudando o ataque como uma "operação heróica", o porta-voz realçou que a "intifada" contra Israel irá continuar.

Esta não é a primeira vez que o Hamas fala em "aceitar" um estado palestino nas fronteiras pré-1967.

No passado alguns funcionários do Hamas, ao que consta, teriam dito que não descartam a possibilidade de seu movimento um dia aceitar uma ideia dessas. Mas declarações dessa natureza sempre vieram no contexto do esforço do Hamas de sair de seu crescente isolamento na Faixa de Gaza.

Os últimos relatos sobre a inconsistência quanto ao anúncio de mudanças no estatuto do Hamas também deve ser visto no contexto do esforço contínuo do movimento em acabar com seu isolamento. Mas não é nada mais do que uma cortina de fumaça para ludibriar a comunidade internacional para que acredite que o movimento está disposto a abrandar suas intenções assassinas.

O que então está por trás dessa hipócrita "mudança de opinião"?

Relatos segundo os quais a Administração Trump está analisando a possibilidade de considerar a Irmandade Muçulmana um grupo terrorista. Com certeza o Hamas está simplesmente procurando dar a impressão de que está indo na direção da moderação. Em outras palavras, o Hamas está pronto para mentir - pelo menos em inglês - sobre a sua independência em relação à Irmandade Muçulmana.

Preocupante é que ainda há certos ocidentais que já estão divulgando esse engodo tático de dissimulação do Hamas como se fosse uma "grande guinada" na ideologia e nos planos do movimento. O fato, no entanto, é que o Hamas continua sendo uma organização terrorista que não irá abandonar os planos de eliminar Israel e matar o maior número possível de judeus . Aqui vai uma dose da realidade assassina: o Hamas procura ampliar seu controle para a Cisjordânia como parte do plano de destruir Israel. Ele quer que Israel dê mais terras aos palestinos para elas possam ser usadas como plataformas de lançamento para jogar os judeus no mar. Assim é o Hamas, gostem ou não.
Por: Bassam Tawil, um pesquisador estabelecido no Oriente Médio. 5 de Abril de 2017
Original em inglês: The Real Hamas: Sorry, Folks!
Tradução: Joseph Skilnik Do site: https://pt.gatestoneinstitute.org

quarta-feira, 12 de abril de 2017

INTELECTUAIS E ANTISSEMITISMO: A TRADIÇÃO MILENAR

- Até a sua morte em 2105 o Professor Robert Wistrich ocupou a Cadeira Neuberger de História Europeia e História Judaica Moderna na Universidade Hebraica de Jerusalém e foi Diretor do Centro Internacional de Estudos sobre o Antissemitismo da Universidade Vidal Sassoon.

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- "O antissemitismo que grassava na elite intelectual da antiguidade pagã começou em Alexandria há mais de 2.000 anos. Este tipo de antissemitismo - particularmente aquele existente nas culturas mais elevadas, ou seja: Egito, Grécia e Roma - tinha como foco as questões que pareciam ter uma ressonância perene. Em especial a acusação de que os judeus eram antissociais. Eles não comiam nem bebiam como seus vizinhos como era costume do ethos Mediterrâneo. Esta acusação milenar de exclusivismo e isolacionismo dos judeus forneceu uma infraestrutura sobre a qual inúmeras acusações mais graves foram sendo elaboradas ao longo dos milênios.

- "O papel do antissemitismo dos intelectuais persistiu através dos séculos. Os fundadores da Igreja, particularmente no Século IV da era cristã, estabeleceram as bases ideológicas sobre as quais foram desenvolvidas a demonização dos judeus, do judaísmo e do povo judeu. Eles tacharam, de maneira explícita, os judeus como os assassinos de Cristo, um povo deicida. Isso remonta ao início do Novo Testamento. Os únicos intelectuais da Europa cristã durante o período da Idade Média eram os clérigos. Por mais de mil anos muitos dos teólogos mais proeminentes doutrinavam desprezo em relação ao povo judeu. Após a Segunda Guerra Mundial o autor judeu francês Jules Isaac descreveu isso em detalhes".

"A percepção do caráter hipoteticamente satânico dos judeus persistiu por toda a Idade Média. Mais tarde, nesse mesmo período os judeus, literalmente, se tornaram uma generalização demoníaca. Quase tudo o que eles faziam era interpretado como algo de extraordinária malícia e perversidade. O reformador da Igreja Martinho Lutero era um homem de considerável capacidade intelectual. Suas acusações contra os judeus estão entre as mais violentas da história da difamação antissemita.

"No mundo católico, evangélico e da Igreja Ortodoxa Oriental, o antissemitismo se tornou um fenômeno generalizado. Os judeus foram definidos pelas igrejas como agentes do diabo e inimigos da religião. Esta demonização gerou um ethos pós-cristão, racionalista, adquirindo uma nova vitalidade secular. Por exemplo, o Iluminismo do Século XVII levantou a bandeira da revolta contra a igreja estabelecida. Ele (Iluminismo) proclamou a soberania da razão, da humanidade e da 'tolerância' universal. No entanto continuou mergulhado na tradição antissemita de antes. Seus proponentes intelectuais transformaram seu antissemitismo numa visão contrária à própria Igreja Católica. Era a abordagem voltairiana às cidadelas da 'superstição' e, em particular, à Igreja Católica e às Escrituras Sagradas. Isto se traduziu em um ataque total contra a Bíblia Hebraica, o povo judeu e o judaísmo como fonte de tudo o que havia de errado. Ele e outros filósofos franceses do Século XVIII proclamaram que o crime capital dos judeus era que eles tinham inventado Deus e o monoteísmo, a pior coisa que já aconteceu à civilização. Em outras palavras, o pecado dos judeus não foi ter crucificado Cristo e sim terem sido os responsáveis por seu nascimento.

"Todos os grandes filósofos idealistas alemães do Século XVIII, de Kant a Fichte e Hegel, eram antissemitas. Assim também eram os proeminentes intelectuais que os seguiram ou que foram contrários a eles, como Schopenhauer, Nietzsche e o jovem Karl Marx. Nietzsche e Kant eram menos antissemitas do que os demais. Esta tradição atingiu o ponto culminante com Martin Heidegger, que muitos consideram o maior filósofo do Século XX. Seu comprometimento com o nazismo era profundamente arraigado, influenciando sua atitude em relação aos judeus.

"Entre os herdeiros das tradições do Iluminismo se encontravam os primeiros socialistas franceses do Século XIX. Com raras exceções eles lançaram as bases do antissemitismo francês do final do Século XIX. Entre eles se encontravam Charles Fourier, Pierre-Joseph Proudhon - fundador do anarquismo e uma figura embrionária do movimento operário francês - e Alphonse Toussenel. A principal figura do antissemitismo francês na época do caso Dreyfus foi o semi-intelectual Edouard Drumont, autor do Best Seller La France Juive (A França Judaica). Com cerca de 100 edições, o livro deixou para trás todos os outros livros em voga no Fin-de-siècle na França.

"Karl Marx , o grande rival e antagonista de Proudhon escreveu que os marxistas sempre incluíam no panteão de suas obras a Zur Judenfrage (A Respeito da Questão Judaica). Entre as inúmeras pérolas de inspiração intelectual em seu trabalho encontram-se frases como: 'dinheiro é o deus mundano dos judeus', ou 'o mundo cristão atual na Europa e na América do Norte atingiram o ápice desse tipo de fenômeno e se tornaram totalmente judaizados'.

"O antissemitismo não é de nenhuma maneira a única província do ignorante e do inculto. Movimentos de massa como o nazismo e muitas formas de fascismo, nacionalismo e alguns tipos de socialismo têm entre seus componentes principais o anti-intelectualismo. No entanto, esses movimentos que são tanto anti-intelectuais quanto antissemitas, também têm uma base intelectual. Entre os inspiradores do fascismo europeu havia pensadores como George Sorel, Giovanni Gentile, Ernst Jünger, Oswald Spengler e muitos outros. 'Os Professores de Hitler', usando a frase de Max Weinreich, ajudaram a preparar o terreno para o genocídio dos judeus perpetrado pelos nazistas.

"A demonização intelectual dos judeus continua até o presente, apesar das mudanças radicais que tiveram lugar na história europeia intelectual, social e política. Deslegitimar Israel está hoje na moda entre as elites cultas da Europa. Inúmeros escritores, artistas, proeminentes jornalistas e acadêmicos estão na vanguarda fazendo comparações odiosas do sionismo em relação ao nazismo e Israel em relação à Alemanha de Hitler. O Prêmio Nobel português José Saramago era apenas um entre muitos. No entanto, todos eles se encaixam em uma longa tradição dos intelectuais de ódio aos judeus".
Por Manfred Gerstenfeld   Manfred Gerstenfeld entrevista Robert Wistrich
3 de Abril de 2017
Original em inglês: Intellektuella och Antisemitism: En Tusenårig Tradition
Tradução: Joseph Skilnik Do site:https://pt.gatestoneinstitute.org